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Resumo II - Direito Civil

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DIREITOS DA PERSONALIDADE (CC Arts. 11 ao 21)
Para satisfação de suas necessidades, o homem posiciona-se num dos pólos da relação jurídica, compra, vende, empresta, contrai matrimônio, faz testamento etc. Desse modo, em torno de sua pessoa o homem cria um conjunto de direitos e obrigações que denominamos patrimônio que é a projeção econômica da personalidade.
O homem não deve ser protegido somente em seu patrimônio, mas, principalmente, em sua essência (dto. à vida, saúde, boa-fé, moral, etc.).
Aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções.
Características dos Direitos da Personalidade.
Sendo direitos congênitos à pessoa, em suas projeções física, mental e moral, os direitos da personalidade são dotados de certas características particulares.
Assim, os direitos da personalidade são:
a) Absolutos = O caráter absoluto dos direitos da personalidade se materializa na sua aplicação a todos, irradiando efeitos em todos os campos e impondo à coletividade o dever de respeitá-los.
O caráter absoluto esta ligado à indisponibilidade, ou seja não permite ao titular do direito renunciá-lo ou cedê-lo em benefício da coletividade.
Tanto que não se permite no direito pátrio a prática da eutanásia, aborto, suicídio.
b) Generalidade = Os direitos da personalidade são outorgados a todas as pessoas, simplesmente pelo fato de existirem.
c) Extrapatrimonialidade = Uma das características mais evidentes do direito da personalidade é a ausência de valor pecuniário, avaliado objetivamente, ainda que sua lesão gere efeitos econômicos.
Mas, isto não impede que em caso de violação, possam ser economicamente quantificados.
d) Indisponibilidade = A expressão genérica indisponibilidade dos direitos da personalidade, pelo fato de que abrange tanto a intransmissibilidade quanto a irrenunciabilidade mencionadas no art. 11 do CC. (Ler). 
A indisponibilidade significa que nem por vontade própria do indivíduo o direito pode mudar de titular, o que faz com que os direitos da personalidade sejam alcançados a um nível diferenciado dentro dos direitos privados.
e) Irrenunciabilidade = Os direitos personalíssimos não podem ser abdicados. Ninguém deve dispor de sua vida, da sua intimidade, da sua imagem.
f) Intransmissibilidade = Não se admite a cessão, venda de um direito de um sujeito para outro, pois não se pode separar a honra a intimidade de um indivíduo.
Os direitos da personalidade são direitos que devem permanecer ligados ao próprio titular, e o vínculo que a ele os liga atingem o máximo de intensidade.
Apenas excepcionalmente é que se pode admitir a transmissibilidade de alguns poderes relacionados a certos direitos da personalidade.
g) Imprescritibilidade = Deve ser entendida no sentido de que inexiste um prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo não uso.
Não se deve condicionar a sua aquisição ao decurso do tempo, uma vez que, segundo a melhor doutrina, são inatos, ou seja, nascem com o próprio homem.
h) Impenhorabilidade = Regra geral o direito de personalidade é impenhorável, pois, como já visto, eles não são valorados objetivamente (não tem o quanto estabelecido na lei).
No entanto, apesar dos direitos de personalidade jamais puderem ser penhorados, não há qualquer impedimento legal na penhora dos seus créditos correspondentes.
i) Vitaliciedade = Os direitos da personalidade são inatos e permanentes, acompanhando a pessoa desde seu nascimento até sua morte. Destaque-se porém, que há direitos da personalidade que se projetam além da morte do indivíduo.
Classificação dos Direitos da Personalidade 
Para sua análise, consideramos conveniente classificá-los com base na tricotomia: Corpo / Mente / Espírito.
Classificação dos Direitos da Personalidade de acordo com a proteção à:
Vida e Integridade Física (corpo vivo, cadáver, voz).
Integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo).
Integridade Moral (honra, imagem, identidade pessoal).
Obs. Esta relação não deve ser considerada taxativa, mas apenas uma reflexão sobre os principais direitos personalíssimos, mesmo porque qualquer enumeração jamais esgotaria o rol dos direitos da personalidade, em função da constante evolução da proteção aos valores fundamentais do ser humano.
a) DIREITO À VIDA: A vida é o direito mais precioso do ser humano.
A ordem jurídica assegura o dto. à vida de todo e qualquer ser humano, antes mesmo do nascimento, punindo o aborto e protegendo os direitos do nascituro. 
Outra questão tormentosa diz respeito à eutanásia.
DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA:
Um dos termos mais difíceis, diz respeito justamente aos limites do poder de vontade individual em confronto com a necessidade de intervenções médicas ou cirúrgicas.
LER CC Art. 15.
Qualquer pessoa que se submete a tratamento médico, em especial intervenção cirúrgica, deve ter plena consciência de seus riscos, cabendo ao profissional, que acompanhar expressamente informá-la, recomendando-se, inclusive, o registro por escrito de tal fato, para prevenir responsabilidades.
O doente tem, portanto, a prerrogativa de se recusar ao tratamento, em função do seu direito à integridade física, valendo registrar que, no caso da impossibilidade de sua manifestação volitiva (vontade), deve esta caber ao seu responsável legal.
Obs. Não havendo, entretanto, tempo hábil para a oitiva (ouvir) do paciente. Ex.: Em uma emergência de parada cardíaca, o médico tem o dever de realizar o tratamento, independentemente de autorização, eximindo-se de responsabilidade.
 
 b.1) Direito ao Corpo Humano:
* Dto. ao Corpo Vivo.
O corpo, como projeção física da individualidade humana, também é inalienável, embora se admita a disposição de suas partes, seja em vida, seja para depois da morte, desde que, justificado o interesse público, e que isso não implique em mutilação, e não haja intuito lucrativo.
Nesse sentido, em relação ao próprio corpo foi consagrada a regra expressa no CC, art. 13 e art. 9º da Lei 9434/97.
b.2) Direito ao Corpo Morto (cadáver)
LER CC Art. 14.
Se a personalidade jurídica termina com a morte da pessoa natural, poder-se-ia defender, que deixaria de existir também sobre o cadáver qualquer direito.
Com fundamento de que é preciso proteger a dignidade do ser humano, seus restos mortais lhe representam post mortem, tem-se admitido à preservação, como direito da personalidade, do cadáver.
A violação do cadáver deve ser admitida em duas hipóteses:
*Direito à prova = Em caso de morte violenta, ou havendo suspeita da prática de crime, é indispensável a realização do exame necroscópico, na forma da legislação processual penal em vigor. (CPP, art. 162 – CP, arts. 211 e 212).
*Necessidade = Admite-se a retirada de partes do cadáver para fins de transplante e em benefício da ciência, na estrita forma da legislação em vigor, e sem caráter lucrativo (Lei n. 9434/97, art. 4º).
b.3) Direito à Voz = Proteção jurídica de um importante componente físico de identificação do ser humano.
A voz do ser humano, entendida como a emanação natural de som da pessoa, é também protegida como direito da personalidade. (CF, art. 5º, XXVIII).
O uso da voz de artistas profissionais na interpretação de personagens ou canções está sujeito à legislação de direitos autorais Lei n. 9.610/98, art. 89 ss. Também a Lei n. 6.615/78, regula as profissões e os direitos autorais dos radialistas inclusive dos dubladores.
DIREITO À INTEGRIDADE PSÍQUICA.
Toma-se a pessoa como ser psíquico atuante, que interage socialmente, incluindo-se nessa classificação o direito à liberdade, ao pensamento, á intimidade, à privacidade, ao segredo, além do direito referente à criação intelectual, conseqüência da própria liberdade humana.
c.1) Direito à Liberdade = O art. 5º da CF, refere-se à liberdade, em todas as suas formas, seja individualizada até liberdade coletiva.
Várias maneiras que se encara a liberdade (civil, política, religiosa, sexual, etc.), com a enunciação de comportamentospróprios e distintos como a liberdade de locomoção, trabalho, de exercício, de atividade, de estipulação contratual, de comércio, de culto, de organização sindical, de imprensa, etc.
A análise das relações entre os direitos fundamentais demonstra que o exercício do direito à liberdade encontra a sua justa medida de contenção na esfera jurídica do outro.
c.2) Direito à Liberdade de Pensamento = Na CF, art. 5º, IV, estabelece expressamente “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. (CF, art. 220 s).
Segundo a doutrina de Manoel Gonçalves Ferreira filho, a liberdade de pensamento decompõe-se em:
- Liberdade do Foro Íntimo = Por meio desse direito, ninguém pode ser constrangido a pensar deste ou daquele modo.
- Liberdade de Consciência e Crença = Consagra-se a liberdade de opção quanto às convicções políticas, filosóficas e religiosas, devendo a lei resguardar também os locais de culto das liturgias.
c.3) Direito à Privacidade = Pela CF, art. 5º, X, considera-se inviolável a vida privada, entendida como a Vida Particular da pessoa natural, compreendendo como uma de suas manifestações o direito à intimidade.
LER CC, art. 21.
O elemento fundamental do ato à intimidade, manifestação primordial do direito à vida privada, é a exigibilidade de respeito ao isolamento de cada ser humano, que não pretende que certos aspectos de sua vida cheguem ao conhecimento de terceiros. Em outras palavras, é o direito de estar só.
Ex. o lar, a família e a correspondência são os mais comuns e visíveis. Ler CF, art. 5º, XI e XII – CP, arts. 150 e 151.
 
c.4) Direito ao Segredo Pessoal, Profissional e Doméstico .
A ideia de segredo abrange três esferas bem visíveis, a saber:
- Segredo das Comunicações = Trata-se do direito à manutenção sigilosa das comunicações em geral abrangendo o segredo da correspondência, telefônico e telegráfico.
Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1.996, regulamenta o inciso XII, parte final do art. 5º da Constituição Federal da República.
- Segredo Doméstico = Está firmemente relacionado à inviolabilidade do domicílio. Cumpre lembrar que o direito ao segredo doméstico impõe-se, inclusive, entre parentes.
- Segredos Profissionais = Aqui não protege, como se poderia pensar, a vida privada ou o segredo de algum profissional, mas sim o direito da pessoa que teve que revelar algum segredo da sua esfera íntima a terceiro, por circunstância da atividade profissional deste.
d) DIREITO À INTEGRIDADE MORAL.
d.1) Direito à Honra = Um dos mais significativos direitos da personalidade, acompanhando o indivíduo desde o nascimento, até depois de sua morte.
- Objetiva = Correspondente à reputação da pessoa, compreendendo o seu bom nome e a fama de que desfruta no meio da sociedade.
- Subjetiva = Corresponde ao sentimento pessoal de estima ou à consciência da própria dignidade.
CF art. 5º, X
CP art. 138, 139 e 140.
Também os crimes de imprensa, Lei n. 5.259, de 9 de fevereiro de 1.967.
d.2) Direito à Imagem = Direito à imagem deve ser posicionada entre os direitos morais, e não ao lado dos direitos físicos. Isso porque, os seus reflexos, principalmente em caso de violação, são mais sentidos no âmbito moral do que propriamente no físico.
A imagem constitui a expressão exterior sensível da individualidade humana, digna de proteção jurídica.
Imagem Retrato = é o aspecto físico da pessoa
Imagem Atributo = corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, ou seja, à forma como ele é visto socialmente.
d.3) Direito à Identidade = Traduz a idéia de proteção jurídica aos elementos distintos da pessoa, natural ou jurídica, no seio da sociedade.
O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade.
O nome está protegido juridicamente pelo Código Civil, artigos 16, 17, 18 e 19.
Temos dois aspectos:
1) Aspecto Público = Do direito ao nome decorre do fato de estar ligado ao registro da pessoa natural (Lei n. 6.015/73, artigos 54, § 4º; 55), pelo que o Estado traça princípios disciplinares do seu exercício, determinando a imutabilidade do prenome (Lei n. 6.015/73, art. 58), salvo exceções expressamente admitidas, e desde que suas modificações sejam precedidas de justificação e autorização de juiz togado (Lei n. 6.015/73, arts. 56, 57 e 58).
2) Aspecto Individual = Manifesta-se na autorização que tem o indivíduo de usá-lo, fazendo-se chamar por ele, e de defendê-lo de quem o usurpar, reprimindo abusos cometidos por terceiros, que, em publicação ou representação, o exponham ao desprezo público ou ao ridículo mesmo que não tenha intenção difamatória.
LER CC, Art. 17.
Protege-se também a honra objetiva, ou que, sem autorização, o usem em propaganda comercial.
LER CC, Art. 18.
Ainda, com intuito de obterem proveito político, artístico, eleitoral, ou até mesmo religioso.
Essa proteção jurídica cabe também ao pseudônimo, adotado, para atividades licitas, por literatos e artistas.
LER CC, Art. 19.
PSEUDÔNIMO:
Pseudo = Falso. Nome falso ou suposto, comum nos meios literários e artísticos. Ex.: Di Cavalcanti (Emiliano de Albuquerque Melo).
Em regra, dois são os elementos constitutivos do nome:
I – PRENOME = Próprio da pessoa.
Pode ser:
Simples = João, Carlos, Maria.
Duplo = João Antônio, Maria Amélia.
Triplo ou Quádruplo = Como se dá em famílias reais (Caroline Louise Marguerite, princesa de Mônaco).
O prenome pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo, caso em que os oficiais do Registro Público poderão recusar-se a registrá-lo. Se os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos (pagamento de taxa), à decisão do juiz competente. (Lei n. 6.015/73, art. 55, § único).
II – SOBRENOME (nome de família).
Comum a todos os que pertencem a certa família.
É o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação, sendo, por isso, imutável, podendo advir do apelido de família paterno, materno ou de ambos.
Pode ser:
Simples = Silva, Ribeiro.
Composto = Araújo Mendes, Alcântara Machado.
Podendo ser acompanhados das partículas: de, do, da, dos e das, que dele fazem parte, indicando, às vezes, procedência nobre.
Os apelidos de família são adquiridos, com o simples fatos de nascimento, pois a sua inscrição no registro competente tem caráter puramente declaratório.
O filho reconhecido receberá os apelidos do que reconheceu, prevalecendo o sobrenome paterno se reconhecido tanto pelo pai como pela mãe. Em relação ao filho não reconhecido, prevalece o patronímico materno.
A aquisição do sobrenome pode decorrer também de ato jurídico, como adoção, casamento ou por ato de interessado, mediante requerimento ao magistrado.
Obs. Na adoção o filho adotivo não pode conservar o sobrenome de seus pais de sangue, deverá acrescentar o do adotante. Na certidão dos filhos adotivos, pode figurar como avós os pais dos adotantes. (Tribunal de Justiça de São Paulo –RT 433:76) 
Com a celebração do casamento surge para qualquer dos nubentes o direito de acrescer, se quiser, ao seu o sobrenome do outro. (CC, art. 1.565, § único).
Perdendo esse direito com a anulação do matrimônio, ou por deliberação em sentença de separação judicial. ( CC, art. 1.571, § 2º - Lei n. 8.408/92 e Lei n. 6.515/77, arts. 17,18,25 § único, e 50).
Já no § 2º do art. 1.571 do CC. “O cônjuge poderá manter o nome de casado”. ( Ler CC, art. 1.571, § 2º).
III – AGNOME.
Sinal distintivo que se acrescenta ao nome completo, para diferenciar parente que tenham o mesmo nome. Ex. Filho, Júnior, Neto, Sobrinho.
IV – ALCUNHA OU EPÍTETO.
É designação dada a alguém devido uma particularidade sua, como: Tiradentes, Xuxa, Pelé, Lula, podendo agregar-se de tal sorte à personalidade da pessoa.
V – HIPOCORÍSTICO.
É o nome que se dá a uma pessoa para exprimir carinho, como: Nando (Fernando), Edu ou Dudu (Eduardo), Bel ou Bebel (Isabel).
A inalterabilidade do nomeseja de ordem pública, sofre exceções quando:
a) – Expuser o seu portador ao ridículo, ou a situações vexatórias. Ex. Maria Passa Cantando.
O nome da criança tem ligação com a tradição de seus genitores e se no futuro sentir-se ridicularizada, nada impede que postule sua modificação.
b) – Houver erro gráfico evidente. Como por exemplo: Osvardo, quando o certo é Osvaldo, “Ulice”, quando na verdade é Ulisses, por ter seu portador provado que em sua família os nomes eram tirados da mitologia grega, tendo um irmão chamado Homero (RT.432:75). Trata-se de caso de Retificação de prenome, e não de Alteração de nome.
c) Causar embaraço no Setor Comercial, ou em atividade profissional, evitando a homonímia (aquele que tem o nome, palavra que se pronuncia da mesma forma, embora a ortografia e a origem sejam diferente).
d) Houver mudança de sexo. Essa retificação de registro de nome só tem sido, em regra, admitida em caso de intersexual (RT. 672:108) – Maria Helena Diniz, não há lei que acate a questão da adequação do prenome de transexual no registro civil.
e) Houver apelido público notório, que pode substituir o prenome do interessado, se isso lhe for conveniente e desde que não seja proibido em lei. (Lei n. 6.015/73, art. 56,parágrafo único).
Ex.: Xuxa, Lula.
f) For necessária a alteração de nome completo para proteção de vítimas e testemunhas de crimes, bem, como de seu cônjuge, convivente, ascendentes, descendentes, inclusive filhos menores. (Lei n. 9.807/99, art. 9º, §§ 1º ao 5º, 16,17). (Lei n. 6.015/73, arts. 57, §7º e 58, parágrafo único).
LER - art. 56 da Lei n. 6.015/73.
Com observância do art. 57 da Lei 6.015/73, desde que haja motivo justo.
Tem-se entendido que não haverá necessidade de o menor aguardar a maioridade para alterar nome ridículo, corrigir falha ortográfica, ou incluir o nome de família materno (RT. 562:73), desde que representado ou assistido.
Mas, para acrescentar novos nomes intermediários, como por exemplo, inserir um apelido pelo qual ficou conhecido, colocar o nome dos avôs, terá que aguardar o prazo decadencial de um ano após ter atingido a maioridade. Depois desse prazo a alteração apenas poderá ser feita por exceção e motivadamente, mediante sentença judicial (Lei n. 6.015/73, art. 57). 
ESTADO DA PESSOA NATURAL
Indica sua situação jurídica nos contextos: políticos, familiar e individual.
Estado = Modo particular de existir, é a posição jurídica da pessoa no seio da coletividade, no meio social.
Três são as espécies:
a) Estado Político: Qualidade jurídica que advém da posição do indivíduo como parcela de uma sociedade politicamente organizada.
Categoria que interessa ao Dto. Constitucional, e classifica as pessoas em nacionais e estrangeiros. Para tanto leva-se em conta a posição do indivíduo em face do Estado. ( CF, art. 12, II, alínea “b”).
b) Estado Familiar: Categoria que interessa ao Dto. de Família, considerando as situações do cônjuge e do parente. A pessoa poderá ser: casada, solteira, viúva, divorciada ou separada. No que concerne ao parentesco consangüíneo: pai, mãe, filho, avô, avó, neto, irmão, tio, sobrinho, primo. E quanto à afinidade: sogro, sogra, genro, nora, madrasta, padrasto, enteado (a), cunhado (a).
O estado familiar, leva em conta a posição do indivíduo no seio da família.
c) Estado Individual ou Físico: esta categoria baseia-se na condição física do indivíduo influente no seu poder de agir. Considera-se, portanto, idade, sexo e a saúde. 
Partindo-se de tal estado, fala-se em: idade – maior ou menor; sexo – masculino ou feminino; saúde mental, física e sã de espírito; surdo – mudo. Todos os elementos citados influenciam em sua capacidade civil.
Obs. O estado da pessoa é a soma de suas qualificações permitindo sua apresentação na sociedade, numa determinada situação jurídica para que possa usufruir dos benefícios e vantagens decorrentes, e sofrer os ônus e obrigações que dela emanam. 
Os atributos da pessoa, componentes de seu estado, caracterizam-se pela irrenunciabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
O estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior ou menor, brasileiro ou estrangeiro (salvo nos casos de dupla nacionalidade). 
Por ser o estado da pessoa um reflexo de sua personalidade, ele não pode ser objeto de comércio por ser indisponível. Em virtude disso, é irrenunciável, de modo que nula seria a renúncia de alguém ao estado de filho. Contudo, essa indisponibilidade não acarreta a possibilidade de sua mutação.
Ex.: Casado pode passar à condição de viúvo ou divorciado. Todavia, tal mutabilidade não é arbitrária (não depende apenas da vontade da parte), pois requerer-se-á a verificação de determinadas condições ou formalidades legais como: morte, divórcio, separação judicial.
O estado civil recebe proteção jurídica de ações de Estado, que tem por objetivo criar, modificar ou extinguir um estado, constituindo um novo, sendo por isso, personalíssimas, intransmissíveis e imprescritíveis, requerendo sempre a intervenção estatal. É o que se dá com a interdição, separação judicial, divórcio, anulação de casamento e etc., que resultam de sentença judicial.
AUSÊNCIA (Código Civil art. 22 ao 39).
No sentido técnico a palavra ausência, tem significado algo diferente do que lhe empresta a linguagem comum.
Para o comum (vulgo), ausência é simplesmente não presença. Ausente será, portanto, aquele que presente não está em seu domicilio.
No sentido técnico, porém, ausente é aquele que, devido ao seu desaparecimento, é declarado tal por ato do juiz. Não basta a simples não presença para configurar a ausência no sentido técnico. É essencial ainda, a falta de noticias do ausente, de modo a existir dúvida sobre a sua existência, bem como a declaração judicial desse estado. 
Não Presença + Falta de Notícias + Sentença = AUSÊNCIA
A ausência se desdobra em três fases:
I - Da Curadoria dos Bens do Ausente. (pressupõe um estado transitório, que pode cessar a qualquer momento, com o retorno do ausente ou a confirmação de sua morte).
Instaura-se em 2 casos:
Ler CC, art. 22
Ler CC, art. 23
 Sucessão: transmissão de direito, feita por ato inter vivos ou mortis causa, ato inter vivos é a substituição do titular do direito, como no caso de compra e venda. Mortis causa, a transmissão se dá em razão da morte do titular.
Da combinação de ambos os dispositivos (CC, arts. 22 e 23), decorre que é de rigor a nomeação de curador sempre que houver bens em abandono, não se tiver notícia de seu dono e não houver deixado quem o represente, ou, tendo deixado, não queira ou não possa exercer o mandato, ou seus poderes não sejam suficientes.
Levados esses fatos ao conhecimento do juiz, este, depois de certificar-se de sua veracidade, podendo, para tanto, recorrer a testemunhas e outras provas, procederá á arrecadação dos bens, que serão entregues à administração do curador que for nomeado. (Ler CC, art. 24).
Cônjuge do ausente como curador legítimo:
Ler CC, art. 25.
Ler CC, art. 26. 
O juiz mandará arrecadar (o juiz deverá ir até o local em que estiverem os bens para proceder a arrecadação, lavrando termo com descrição minuciosa dos bens), os bens do ausente e nomeará curador.
A curadoria dos bens do ausente estende-se, normalmente, pelo período de um ano se não deixou ninguém para cuidar de seus bens e três anos se deixou representante. Durante esse espaço de tempo, mediante editais, publicados de dois em dois meses, comunicando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens (CPC, art. 1.161 “Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais durante um ano, reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens”).
II – Abertura da sucessão provisória:
Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente sem que saiba do ausente, ou se ele deixou algum representante seu, em se passando 3 anos, poderão os interessados requerer que se abra provisoriamente,a sucessão, cessando a curatela. (CPC, art. 1.162, III - art. 1162 “Cessa a curadoria: inciso III - pela sucessão provisória”).
Ler CC, art. 27.
Legitimidade para promover a sucessão provisória:
O cônjuge não separado judicialmente.
Herdeiros Presumidos (cônjuge, descendentes, ascendentes, colaterais).
Legítimos (descendentes, ascendentes e cônjuge).	
Testamentários (herdeiros testamentários e legatário).
c) Os legatários, cujo direito sucessório esta subordinado à condição de morte.
Ler CC, art. 28.
Abertura de sucessão provisória pelo Ministério Público:
Findo o prazo legal de um ano, não havendo interesse na sucessão provisória, competirá ao MP requerer a abertura da sucessão provisória (CPC, art. 1.163 § 2º - art. 1163: “Passado um ano da publicação do primeiro edital sem que se saiba do ausente e não tendo comparecido seu procurador ou representante, poderá os interessados requerer que se abra provisoriamente a sucessão - §2º Findo o prazo deste artigo e não havendo absolutamente interessados na sucessão provisória, cumpre ao órgão do Ministério Público requerê-la” ).
Efeitos da sentença Declaratória da Abertura da Sucessão Provisória:
A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito 180 dias depois de publicada pela imprensa; logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. (CPC, 1.165). 
Art. 28 § 1º - Findo o prazo a que se refere o art. 26 do CC, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao MP requerê-la ao juiz competente.
Art. 28 § 2º - Ausência do herdeiro ou interessado para requerer o inventário, até 30 dias depois de passar em julgado a sentença que mande abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente na forma estabelecida nos arts. 1.819 ao 1.823 do CC (CPC art. 1.165, parágrafo único “ Se dentro em 30 (trinta) dias não comparecer interessado ou herdeiro, que requeira o inventário, a herança será considerada jacente” ).
Herança jacente = Quando não conhecem quais são os herdeiros, ou porque não existem, ou porque não se sabe de sua existência, ou porque os herdeiros eventualmente conhecidos renunciaram à herança.
Ler CC, art. 29.
Para garantir ao ausente a devolução de seus bens, por ocasião de sua volta, o juiz, antes da partilha, deverá ordenar a conversão, dos bens móveis (animais, cereais, veículo), sujeitos à deterioração ou extravio, em imóveis (terreno, casa), ou em títulos da divida pública.
Ler CC, art. 30, caput:
Os herdeiros que forem imitidos na posse dos bens do ausente, deverão dar garantias de sua devolução mediante penhor (objeto que se dá para segurança de uma divida, garantia de pagamento) ou hipoteca (garantia sobre imóvel, sendo que este permanece na posse de seu proprietário), proporcionais ao quinhão (parte de um todo que toca a cada uma das pessoas, entre que se divide a porção), respectivo. (CPC, art. 1.166: “Cumpre aos herdeiros imitidos na posse dos bens do ausente, prestar caução de os restituir”), exceto se ascendentes, descendentes e o cônjuge, desde que comprovada a sua qualidade de herdeiro.
Ler CC, art. 31.
Desapropriação = Transferência de um bem particular para o domínio do Estado, por necessidade, utilidade pública ou interesse social, mediante prévia e justa indenização.
Ler CC, art. 32.
Consequentemente, o curador dos bens do ausente não mais será o representante legal, pois, uma vez que os herdeiros, em caráter provisório, entraram na posse da herança, justificativa alguma há, para que o curador continue na representação daqueles bens, quer ativa, quer passivamente, ou seja, como réu ou como autor.
Ler CC, art. 33
Se o sucessor provisório do ausente for seu descendente, ascendente ou cônjuge, terá a propriedade de todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem, podendo dele dispor como quiser. Se tratar de outros sucessores que não aqueles mencionados, sendo, por exemplo, parentes colaterais, deverão converter a metade desses rendimentos e frutos em imóveis ou títulos da divida pública, a fim de garantir sua ulterior e possível restituição ao ausente. Tal capitalização deverá ser feita de acordo com o MP, que, além de determinar qual o melhor emprego da metade daqueles rendimentos, deverá fiscalizá-lo.
Os sucessores provisórios deverão prestar contas, anualmente, ao juiz, do emprego da metade dos frutos e rendimentos.
Ler CC, art. 34
O sucessor provisório que não pôde entrar na posse de seu quinhão, por não ter oferecido garantia legal, poderá justificar-se provando a falta de recursos, requerendo, judicialmente, que lhe seja entregue metade dos frutos e rendimentos produzidos pela parte que lhe caberia, e que foi retirada, para poder fazer frente à sua subsistência.
Ler CC, art. 35
Se durante a sucessão provisória provar a data certa da morte do ausente, o direito à herança retroagirá àquela época; logo, considerar-se-á, a partir de então, aberta a sucessão em prol dos herdeiros que legal e comprovadamente o eram àquele tempo. Com isso, a sucessão provisória converter-se-á em definitiva. (CPC, art. 1.167).
Ler CC, art. 36
Retorno do Ausente = Retornando o ausente ou enviando notícias suas, cessarão para os sucessores provisórios todas as vantagens, ficando obrigados a tomar medidas assecuratórias até a devolução dos bens a seu dono, conservando-os e preservando-os, sob pena de perdas e danos.
Os sucessores provisórios são herdeiros presuntivos, uma vez que administra patrimônio supostamente seu; o real proprietário é o ausente, cabendo-lhe, também, a posse dos bens, bem como os seus frutos e rendimentos.
O sucessor provisório, com o retorno do ausente, deverá prestar contas dos bens e de seus acrescidos, devolvendo-os.
III – Da Sucessão Definitiva. 
Ler CC, art. 37.
Poderá ser requerida 10 anos depois de passada em julgada a sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória. (CPC, art. 1.167, II – Inc. “10 (dez) anos depois de passada em julgada a sentença de abertura da sucessão provisória”).
Efeitos da abertura da Sucessão Definitiva.
Com a abertura da sucessão definitiva, os sucessores:
Passarão a ter propriedade dos bens recebidos.
Perceberão os frutos e rendimentos desses bens, podendo utilizá-los como quiser.
Poderão alienar onerosamente ou gratuitamente.
Poderão requerer o levantamento das cauções prestadas.
Ler CC, art. 38.
Se provar que o ausente contava com 80 anos e que de cinco anos datam as últimas notícias suas (CPC, art. 1.167 III “Quando o ausente contar 80 (oitenta) anos de idade e houverem decorridos 5 (cinco) anos das últimas notícias suas”), poder-se-á ter a abertura da sucessão definitiva, considerando-se a média de vida da pessoa, mesmo que não tenha havido anteriormente a sucessão provisória.
Ler CC, art. 39
Regresso do ausente ou de seus herdeiros necessários.
Se o ausente ou algum de seus descendentes ou ascendentes, regressar nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, apenas poderá requerer ao magistrado a devolução dos bens existentes no estado em que se encontrarem, os sub-rogados em seu lugar ou preço que os herdeiros ou interessados receberam pelos alienados depois daquele tempo (CPC, 1.168 “Regressando o ausente nos 10 (dez) anos seguintes à abertura da sucessão definitiva ou algum dos seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes só poderão requerer ao juiz a entrega dos bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos alienados depois daquele tempos”), respeitando-se assim, os direitos de terceiros.
Declaração da Vacância dos bens do ausente.
Se nos 10 (dez) anos, o ausente não retornar e nenhum interessado requerer a sucessão definitiva, os bens serão arrecadados como vagos, passando a sua propriedade plena ao Município, ao Distrito Federal, a União, o Município e o Distrito Federal ficarão obrigados a aplicar tais bens em fundações destinadas ao ensino.(Dec. Lei n. 8.207/45, art. 3º). 
DAS PESSOAS JURÍDICAS – CC art. 40 ao 69. 
O ser humano para que possa atingir seus fins e objetivos une-se a outros homens formando agrupamentos. Com a necessidade de personalizar tais grupos, para que participem da vida jurídica, com certa individualidade e em nome próprio, a própria norma de direito lhes confere personalidade e capacidade jurídica, tornando-os sujeitos de direitos e obrigações.
Algumas vezes, trata-se de uma formação histórica necessária, como ocorre em relação ao Estado, pessoa jurídica de Dto. Público. “A existência das pessoas jurídicas de Dto. Público decorre de fatores como a lei e o ato administrativo, bem como de fatores históricos, de previsão constitucional e de tratados internacionais, sendo regidas pelo Dto. Público e não pelo Código Civil”. (Carlos Roberto Gonçalves).
Outras vezes, é um grupo de homens que trabalham para fins lucrativos ou não (sociedades ou associações), e finalmente, em certos casos, é um patrimônio afetado pelo seu proprietário a uma finalidade determinada de acordo com normas fixadas pelo instituidor (fundações).
Obs. Cada país adota uma denominação. Ex.: na França, chama-se pessoa moral, em Portugal pessoa coletiva, no Brasil, na Alemanha, na Espanha e na Itália, preferiu-se a expressão PESSOA JURÍDICA.
CONCEITO:
 
“É entidade a que a lei empresta personalidade, capacitando-a a ser sujeito de direitos e obrigações. A sua principal característica é que atua na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que a compõem”. (Carlos Roberto Gonçalves).
“É a unidade de pessoas naturais ou patrimônios, que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações” ( Maria Helena Diniz).
NATUREZA JURÍDICA:
Várias teorias procuram explicar esse fenômeno, pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem.
I - Teoria da Ficção Legal - (Savigny).
 Ao entender que só o homem é capaz de ser sujeito de direito, concluiu que a pessoa jurídica é uma ficção legal, ou seja, uma criação artificial da lei para exercer direitos patrimoniais e facilitar a função de certas entidades.
 Doutrinária – (Vareilles Sommiéres).
 Varia um pouco esse entendimento, ao afirmar que pessoa jurídica apenas tem existência na infringência dos juristas, apresentando-se como mera ficção criada pela doutrina.
 Obs. Não são aceitas. A critica que se lhe faz é que o Estado é uma pessoa jurídica. Dizer-se que o Estado é uma ficção é o mesmo que dizer que o direito, que dele emana, também será.
 II – Teoria da Equiparação – (Windscheid e Brindz).
 Entende que pessoa jurídica é um patrimônio equiparado no seu tratamento jurídico às pessoas. É inaceitável porque eleva os bens à categoria de sujeitos de direitos e obrigações, conferindo pessoas com coisas.
III Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica –(Gierke e Zitllmann).
Admitem ao lado da pessoa natural, que é organismo físico, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência própria distinta da de seus membros tendo por objetivo realizar um fim social.
Obs. Crítica = A pessoa jurídica não tem vontade própria; o fenômeno volitivo é peculiar ao ser humano, daí ser inaceitável. 
IV – Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas – (Hauriou).
Afirma que, como a personalidade humana deriva do direito, da mesma forma este pode concedê-la a agrupamentos de pessoas ou de bens: a personalidade jurídica é um atributo que o ordenamento jurídico concede a entes que o merecem.
V - Teoria da Realidade Técnica.
É a que melhor explica o tratamento dispensado á pessoa jurídica por nosso direito positivo.
“A pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade conferida pelo direito. O Estado, as associações, as sociedades, existem como grupos constituídos para a realização de determinados fins. A personificação desses grupos, todavia, é construção da técnica jurídica, admitindo que tenham capacidade jurídica própria”.
 Ler CC. art. 45.
Obs. Importante destacar, porém, é que a outorga de personalidade jurídica a entidade de existência ideal tem por finalidade, o livre estabelecimento de relação jurídica lícitas, facilitando o comércio e outras atividades negociais.
 
PRESSUPOSTOS EXISTENCIAIS DA PESSOA JURÍDICA.
São três:
1º) A vontade humana criadora = (intenção de criar entidade distinta da de seus membros). Traduz o elemento anímico para a formação de uma pessoa jurídica.
2º) A observância das condições legais = instrumento particular ou público registro e autorização ou aprovação do governo.
3º) Liceidade dos seus objetivos = Objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica (CC, art. 69).
A vontade humana materializa-se no ato de constituição, que denomina ESTATUTO, em se tratando de ASSOCIAÇÕES (sem fins lucrativos), CONTRATO SOCIAL em se tratando de SOCIEDADES SIMPLES ou EMPRESÁRIAS, ESCRITURA PÚBLICA ou TESTAMENTO em se tratando de FUNDAÇÕES. (CC, art. 62).
O ato constitutivo deve ser levado a “REGISTRO” para que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de direito privado (CC, art. 45).
Antes do registro, não passará de mera “Sociedade de Fato ou Sociedade não Personificada”, equiparada por alguns ao nascituro, que já foi concebido, mas que só adquirirá personalidade se nascer com vida. No caso da pessoa jurídica, se o ato constitutivo for registrado. 
O registro do contrato social de uma sociedade empresária faz-se na Junta Comercial, que mantém o Registro Público de Empresas Mercantis.
Os estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (CC. art. 1.150) (LRP. 6.015/73, art. 114).
Os da sociedade simples de advogados serão registrados na OAB (EAOB, arts. 15 e 16, § 3º).
Algumas pessoas jurídicas precisam, ainda, de autorização ou aprovação do Poder Executivo (CC. art. 45), em virtude das peculiaridades de seu objetivo ou de risco que sua atividade representa à economia ou ao sistema financeiro nacional (ex. seguradoras, instituições financeiras, as administradoras de consórcio).
SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA
A pessoa natural surge no momento do nascimento com vida.
Da mesma forma, a pessoa jurídica possui um ciclo de existência. A sua existência legal, exige a observância da legislação em vigor, que considera indispensável o registro para a aquisição de sua personalidade jurídica. (CC. art. 45).
Permite a conclusão de que a inscrição do ato constitutivo ou do contrato social no registro competente.
Junta Comercial = para as sociedades empresariais em geral.
Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídicas = para fundações, associações e sociedade civis.
Obs. É a condição indispensável para a atribuição de personalidade á pessoa jurídica. Lembre-se, todavia, de que, em algumas hipóteses, exige-se ainda, autorização do governo para o seu funcionamento.
Observa-se que o registro de pessoa jurídica tem natureza constitutiva, por atributo de sua personalidade, diferente do registro civil de nascimento da pessoa natural, eminentemente declaratório da condição de pessoa, já adquirida no instante do nascimento com vida.
LER CC. art. 46 - Lei n. 6.015/73, art. 121.
Para alguns tipos de pessoas jurídicas, independentemente do registro civil, a lei, por vezes, impõe o registro em algum outro órgão, com finalidade cadastral e de reconhecimento de validade de atuação, como é o caso dos Partidos Políticos, que, na forma do § 2º do art. 17 da CF e dos parágrafos do art. 7º da Lei n. 9.096/95, devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral.
Da mesma forma, as entidades sindicais obtêm personalidade jurídica com o simples registro civil, mas devem comunicar suacriação ao Ministério do Trabalho, não para efeito de reconhecimento, mas sim, simplesmente, para controle do sistema da unicidade sindical, ainda vigente em nosso país. (CF, art. 8º, I e II).
SOCIEDADES IRREGULARES OU DE FATO
Antes do registro, não falar em pessoa jurídica enquanto sujeito de direito.
A lei é extremamente clara ao referir que a sua existência legal começa a partir do registro. Assim, sem o registro temos somente a chamada Sociedade Irregular, desprovida de personalidade, mas com capacidade para se obrigar perante terceiros. (CC. art. 986).
Obs. Nessas sociedades a responsabilidade dos sócios é pessoal e ilimitada, respondendo este não só com o capital perante a sociedade, mas também com seus bens pertencentes. (CC, art. 990).
Da mesma forma, os credores da sociedade devem primeiramente, executar o patrimônio social (CC. art. 989), para na falta de bens, realizar a responsabilidade ilimitada dos sócios.
Cumpre advertir ainda, que o registro de uma sociedade que haja atuado determinado período de tempo irregularmente não tem efeito retro operante para legitimar os atos praticados nesse intervalo. Durante esse período, pois, a responsabilidade dos sócios é pessoal e ilimitada.
A responsabilidade ilimitada dos sócios, consequência da falta de personificação jurídica, não autoriza o entendimento de que terceiro por ventura haja mantido relação negocial com a sociedade possa utilizar a justificativa da irregularidade de sua constituição para enriquecer ilicitamente.
É indiscutível o fato de que a sociedade irregular ou de fato não pode pleitear direito próprio, por lhe faltar capacidade jurídica, para tanto nenhum juiz admitirá a postulação de um ente social em juízo, sem que se faça prova de sua constituição social, inclusive para se puder aferir a capacidade processual de seu representante.
Da mesma forma, não se imagina uma sociedade irregular participando da fase de habilitação em uma licitação pública. A irregularidade de sua constituição organizacional prejudica o reconhecimento de direitos.
Se esta mesma sociedade houvesse vendido produtos a um terceiro. Cumpriu sua parte no contrato de fornecimento devidamente firmado. O fato de a sua constituição ser irregular não deve ser justificativa para que o adquirente se negue a pagar o valor devido. Agindo assim, violaria o princípio universal que veda o enriquecimento sem causa. Nessa hipótese, se houver a necessidade de se proceder à cobrança judicial, deverão os sócios de fato postular em seus próprios nomes, por conta da falta de personalidade jurídica da referida sociedade.
GRUPOS DESPERSONALIZADOS
Nem todo grupo social constituído para a consecução de fins comuns é dotado de personalidade jurídica.
Maria Helena Diniz = “Há entidades que não podem ser subsumidas ao regime legal das pessoas jurídicas do Código Civil, por lhes faltarem requisitos imprescindíveis à subjetivação, embora possa agir, sem maiores dificuldades, ativa ou passivamente. São entes que se formam independentemente da vontade dos seus membros ou em virtude de um ato jurídico que vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes suscitam interesses, sem lhes traduzir “affectio societatis” Donde se infere que os grupos despersonalizados ou com personificação anômala constituem uma comunhão de interesses ou um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação. ( CPC. Art. 12,VII).
Dentre eles:
* Massa Falida. 
* Herança Jacente e a Vacante. 
* Espólio. 
*Condomínio. 
 
CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.
A pessoa jurídica adquire personalidade a partir do seu registro civil. (Ler CC. art. 52).
Portanto, enquanto sujeito de direito, a pessoa jurídica, assim como a pessoa física ou natural, tem preservado os seus direitos à integridade moral, à imagem, ao segredo, etc.
A capacidade da pessoa jurídica é, por sua própria natureza especial. Considerando a sua estrutura organizacional, moldada a partir da técnica jurídica, esse ente social não poderá, por óbvio, praticar todos os atos jurídicos admitidos para a pessoa natural. Ex. uma sociedade casando-se ou reconhecendo filho.
Por isso se diz que a pessoa jurídica detém capacidade jurídica especial. O seu campo de atuação jurídica encontra-se delimitado no contrato social, nos estatutos ou na própria lei. Não deve, portanto, praticar atos ou celebrar negócios que extrapolem da sua finalidade social, sob pena de ineficácia.
Por se tratar de um ente cuja personificação é decorrência da técnica legal, sem existência biológica ou orgânica, a pessoa jurídica, dada a sua estrutura, exige órgãos de representação para poder atuar na órbita social.
Mais técnico seria falar em presentação da pessoa jurídica.
Isto é, por não poder atuar por si mesma, a sociedade ou a associação age, faz-se presente, por meio das pessoas que compõem os seus órgãos sociais e conselhos deliberativos. Essas pessoas praticam atos como se fossem os próprios entes socias.
Pontes de Miranda = “O órgão da pessoa jurídica não é representante legal. A pessoa jurídica não é incapaz. O poder de presentação, que ele tem, provém da capacidade mesma da pessoa jurídica. Se as pessoas jurídicas fossem incapazes, os atos dos seus órgãos não seriam seus. Ora, o que a vida nos apresenta é exatamente a atividade das pessoas jurídicas através dos seus órgãos: os atos são seus, praticados por pessoas físicas”.
O Código Civil, evitando a expressão “representação da pessoa jurídica” de uso comum em nosso direito, dispõe, com mais propriedade, no CC, art. 47. 
CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.
1º) - Quanto a Nacionalidade: Qualifica-se a pessoa jurídica como nacional ou estrangeira.
Nacional = É organizada conforme a lei brasileira e tem no país a sede de sua administração (CC. art. 1.126 ao 1.133) (CF, art.176,§1º e art. 222).
Estrangeira = Qualquer que seja o seu objetivo, não poderá, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país. Se autorizada a funcionar no Brasil sujeitam-se á às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados, deverá Ter representação no Brasil e poderá nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil (CC. arts. 1.134 a 1.141).
2º) – Quanto a Estrutura Interna:
a)- Universitas Personarum = Que é a corporação, um conjunto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. Ex. Associações e as Sociedades.
b)- Universitas Bonorum = Que é o patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade. Ex. Fundações.
3º) - Quanto às Funções: 
As pessoas jurídicas são de Direito Público e de Direito Privado.
AS PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO PODEM SER:
* De Direito Público Externo: regulamentadas pelo direito internacional, abrangendo: Estados estrangeiros, organizações internacionais, como a ONU, OIT (Organização Internacional do Trabalho), etc.. (Ler CC. art. 42).
* De Direito Público Interno: De Administração Direta (CC. art. 41, I a III), União, Estado, Distrito Federal, Municípios. De Administração Indireta (CC. art. 41, IV e V). São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público, como as :
 a) Autarquias = Pessoas Jurídicas de Dto. Público de capacidade exclusivamente administrativa. Ex. INSS, IBAMA, Embratur, etc..
 b) Fundações Públicas = (surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de dto. público, afetando-o à realização de um fim administrativo, e adotando-o de organização adequada. Ex. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fundação Centro Brasileiro para Infância e Adolescência. (CF. art. 37, XIX) (CC. art. 41, V). 
c) Associações Públicas = (lei n. 11.107/2005, arts.1º, § § 1º a 3º,2º a 6º, I, § 1º), que são consórcios públicos com personalidade jurídica de Direito Público, por conjugarem esforços de entidades públicas, que firmam acordospara a execução de um objeto de finalidade pública. Ex. O consórcio COPATI, formado por municípios cortados pelo rio Tibaji, no Estado do Paraná, com o objetivo de preservar esse rio, celebrado mediante lei, do protocolo de intenções, Lei n. 11.107/2005, arts. 4º, § 5º, 5º e 6º). 
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO:
Instituídas por iniciativa de particulares, conforme CC. art. 44, I a III, dividem-se:
a) – AS ASSOCIAÇÕES = São entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não econômicos.
São criadas por meio de assembléias dos interessados, não havendo entre os associados direitos e obrigações.
 As associações civis, podendo ser religiosas, cientificas ou literárias e as de utilidade pública. Constituem, portanto, uma “UNIVERSITAS PERSONARUM”, ou seja, um conjunto de pessoas que colimam fins ou interesses não econômicos.
Resultam da união de pessoas geralmente em grande número (os associados), e na forma estabelecida em seu ato constitutivo, denominado estatuto.
Pelo fato de não perseguir fins lucrativos, a associação não está impedida de gerar renda que sirva para a mantença de suas atividades e pagamento do seu quadro de funcional.
A receita gerada deve ser revertida em benefício da própria associação visando à melhoria de sua atividade. Por isso, o ato da associação (estatuto), não deve impor, entre os próprios associados, direitos e obrigações recíprocas, como aconteceria se tratasse de um contrato social, firmado entre sócios. (CC. art. 53, § único).
O ato constitutivo da associação consiste num conjunto de cláusulas contratuais vinculantes, ligando seus fundadores e os novos associados que ao nela ingressarem, deverão submeter-se aos seus comandos. O estatuto das associações conterá, sob pena de nulidade: (Ler CC. art. 54).
Além da assembleia geral, órgão máximo da associação, é muito comum que o seu estatuto autorize a composição de um conselho administrativo ou diretoria de um conselho fiscal. Compete privativamente a assembleia geral o disposto no CC. art. 59, § único. 
A associação poderá ter finalidade: altruística (associação beneficente), egoística (associação literária, esportiva ou recreativa) econômica não lucrativa (associação de socorro mútuo). 
CF. art. 5º, XVII, plena é a liberdade de associação para fins lícitos. 
A existência legal da associação surge com a inscrição legal de seu estatuto, em forma pública ou particular, no registro competente, desde que satisfeitos os requisitos legais, tendo ela objetivo lícito e estando regularmente organizada. Há casos em que pode ser exigida para a sua constituição uma prévia autorização governamental, que será federal. Ex. Partidos Políticos.
Dever-se-á, então, registrar o estatuto e a autorização governamental para que a associação seja uma pessoa jurídica. (Lei n. 6.015/73, arts. 114 ao 121).
Sem o registro será considerada uma associação irregular, ou melhor, não personificada, que, não tendo personalidade jurídica, será tida como mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. Mesmo irregular, a associação será representada em juízo, ativa ou passivamente, pela pessoa que a administrar. (CPC, art. 12).
Com a personificação da associação para os efeitos jurídicos, ela passará a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e capacidade patrimonial, constituindo seu patrimônio, que não terá relação com os dos associados, adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com os seus membros, por ser uma nova unidade orgânica. Cada um dos associados constituirá uma individualidade e a associação uma outra (CC. art. 50, 2º parte), tendo cada um seus direitos, deveres e bens apesar de não haver, entre os associados, direitos e deveres recíprocos. (CC. art. 53, parágrafo único).
ASSOCIAÇÃO:
- Constituem a reunião de pessoas para a obtenção de um fim.
- Não possuem finalidade lucrativa (somente para a sua mantença).
- O patrimônio (constituído pelos associados ou membros).
- Ser registrada no Cartório de Registro de Pessoas jurídicas.
 
CONSTITUIÇÃO:
- Elaboração, discussão do projeto (estatuto e regimento interno).
- Assembleia geral de constituição da associação.
- Ata do Ato Constitutivo.
- Registro da ata da assembleia, do estatuto, regimento interno (cartório de registro de pessoas jurídicas).
- Inscrição da Receita Federal (CNPJ).
- Inscrição na Secretaria da Fazenda.
- Obtenção de registro no INSS.
- Obtenção de registro na Prefeitura Municipal (alvará).
REGISTRO:
- Requerimento do presidente da associação – 1 via.
- Estatuto social – 3 vias.
- Ata da constituição – 3 vias.
- Documentos pessoais do presidente (RG, CPF).
 
b) – AS SOCIEDADES:
Espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, é instituída por meio de Contrato Social, com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros.
O contrato social, desde que devidamente registrado, é o ato constitutivo da sociedade.
LER CC. art. 981.
Classificação das Sociedades:
1) - Sociedades Simples = Visam fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios, sendo alcançado pelo exercício de certas profissões ou pela prestação de serviços técnicos. (CC. arts. 997 ao 1.038).
Exemplo: sociedade imobiliária, uma sociedade que presta serviços de pintura, que explora ramo hospitalar ou escolar, que presta serviços de terraplanagem.
2) – Sociedades Empresariais = Visam lucro mediante exercício de atividade mercantis, assumindo as forma de sociedade em nome coletivo, sociedade limitada, sociedade anônima ou por ações, etc. (CC. art. 1.039 ao 1.092).
3) – Empresa Pública = Entidade dotada de personalidade Jurídica de Direito Privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividades econômica. Ex. Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais, Lei n.8.970/97 – Conab, Lei n. 8.029/90.
4) – Sociedade de Economia Mista = Entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Privado, para a exploração de atividade econômica, sob forma de Sociedade Anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria a União.
Obs. A simples participação majoritária do Estado, como acionista, não caracteriza a empresa como sociedade de economia mista se a sua criação não se deu por ato legislativo.
São sociedades que regem pelo direito privado, ou seja, por normas comerciais e trabalhistas e também por normas tributárias, mas com cautela do direito público, ante o fato de estarem sujeitas a certos princípios. Exemplo: licitação, porque lidam com recursos ou capitais públicos.
c) AS FUNDAÇÕES:
São formadas a partir da indicação de um patrimônio, por testamento ou por escritura pública, com especificação do fim a ser destinado. 
 São as “UNIVERSITAS BONORUM” são universalidades de bens, personalizadas pela ordem jurídica, em consideração a um fim estipulado pelo fundador. É um acervo de bens livre, que recebe da lei capacidade jurídico para realizar as finalidades pretendidas pelo seu instituidor, em atenção aos seus estatutos, desde que religiosas culturais ou assistenciais. (CC. art. 62,§ único), por ser meramente enunciativa e por indicar a exclusão de fins lucrativos.
A fundação deve almejar a consecução de fins nobres para proporcionar a adaptação à vida social, a obtenção da cultura, do desenvolvimento intelectual e o respeito a valores espirituais, artísticos, materiais ou científicos. Não pode haver abuso, desvirtuando-se os fins funcionais para atender a interesses particulares do instituidor.
Sua natureza consiste na disposição de certos bens em vista de determinados fins especiais, logo esses bens são inalienáveis, uma vez que asseguram a concretização dos objetivos colimados pelo fundador, em certos casos, comprovada a necessidade de venda, esta possa ser autorizada pelo magistrado, ouvindo o Ministério Público, que a tutela para oportuna aplicação do produto em outros bens destinados ao mesmo fim. (CC. arts. 66 e 69).
Se os bens forem insuficientespara constituir uma fundação, os bens doados serão, se outra coisa não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha o fim igual ou semelhante. (CC. art. 63).
Percebe-se que é um patrimônio (propriedade, créditos ou dinheiro), colocado a serviço de um fim especial, que deve Ter sempre um alcance social. Ex. hospital, um instituto cultural ou literário.
Quando a finalidade da fundação tenha se tornado ilícita, impossível, inútil ou vencido o prazo de sua duração, a sua extinção poderá ser promovida pelo Ministério Público ou qualquer interessado. (CC. art. 69).
FUNDAÇÃO:
- Uma ou mais pessoas (natural ou jurídica), um patrimônio (suficiente para a criação) e uma idéia de bem servir a coletividade.
- A fundação pode nascer através de uma escritura pública, com a interveniência do Ministério Público, ou através de testamento com presença apenas do testador.
Em vida = O instituidor vê sua obra nascer e frutificar (escritura pública).
Pós-morte = A instituição só se concretizará após a sua morte, através de pessoa previamente designada e ou, na sua falta, pelo Ministério Público.
Fundação aberta = Aquela que, após sua instituição, possibilitará que suas finalidades tenham abrangência para qualquer pessoa ou público, indistintamente.
Ex. Fundação Bradesco: manter e auxiliar cursos e escola de todos os graus.
Fundação fechada = Privilegia exclusivamente um grupo específico de pessoas, como os funcionários de uma determinada empresa.
Ex. Fundação Itaú Clube: assistência, cultura, recreativa e desportiva aos funcionários.
Obs. A entidade fundacional poderá ter finalidade cultural, educacional, social, política, ecológica, cientifica, hospitalar, previdenciária, voltada para a saúde, etc.
Ex. cuidar de crianças, idosos, deficientes, manutenção de um hospital ou de uma biblioteca, cuidar do meio ambiente, possuir um canal de TV ou emissora de rádio, etc. 
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS:
As pessoas jurídicas respondem, com seu patrimônio, por todos os atos ilícitos que praticarem, por meio de seus representantes.
Independentemente da natureza da pessoa jurídica (dto. público ou privado), estabelecido um negócio jurídico com observância dos limites determinados pela lei ou estatuto, deve ela cumprir o quanto pactuado, respondendo, com seu patrimônio, pelo eventual inadimplemento contratual, na forma do art. 389 do CC.
A responsabilidade da pessoa jurídica, pelos atos ilícitos dos seus empregados é extracontratual. (a ninguém se deve lesar) é perfeitamente aplicável às pessoas jurídicas os artigos 186, 187 e 927, § único do Código Civil, que não fazem acepção de quais pessoas são as destinatárias da norma.
A CF. art. 173, § 5º, dispõe que: LER.
O Código Civil ao cuidar da responsabilidade civil, o fez apenas quanto as pessoas jurídicas que tem finalidade lucrativa ou empresarial ao dispor que respondem pelos produtos postos em circulação.
Essas sociedades (CC. arts. 932, III, 933) respondem objetivamente pelos danos provocados e pelos atos ilícitos praticados pelos seus representantes.
A responsabilidade das Associações (não tem fins lucrativos) encontra respaldo no art. 186 do CC, (responsabilidade subjetiva).
Quanto à responsabilidade civil do Estado é com base no princípio da igualdade de todos perante a lei que ele deve indenizar o dano sofrido por um indivíduo, pois entre todos devem ser os ônus encargos equitativamente distribuídos. 
 
RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Há previsão legal de imputabilidade criminal para pessoas jurídicas, consoante a regra contida no art. 3º da Lei n. 9.605/98 – Dos Crimes Ambientais).
Desse modo, as pessoas jurídicas poderão ser responsabilizadas administrativamente, civil e penalmente, no caso em que a atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por decisão de seus representantes legais.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
Se a pessoa jurídica não confunde com as pessoas físicas que a compõem; se o patrimônio da sociedade personalizada não se identifica com os atos dos sócios, fácil será lesar credores, ou ocorrer abuso de direito, para subtrair-se a um dever, tendo-se em vista que os bens particulares dos sócios não podem ser executados antes dos bens sociais, havendo dívida da sociedade.
O afastamento da personalidade deve ser temporário, perdurando, apenas no caso concreto, até que os credores se satisfaçam no patrimônio pessoal dos sócios infratores, verdadeiros responsáveis pelos ilícitos praticados. Ressarcidos os prejuízos, sem prejuízo de simultânea responsabilização administrativa e criminal dos envolvidos, a empresa, por força do próprio princípio da continuidade, poderá desde que apresente condições jurídicas e estruturais, voltar a funcionar.
Entretanto em situações excepcional de gravidade, poderá justificar-se a desconsideração, em caráter definitivo, da pessoa jurídica, como a extinção compulsória pela via judicial, da personalidade jurídica.
Pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei n. 8.078/90, art. 28 e § 5º, expressa a respeito da teoria da desconsideração da pessoa jurídica.
O Código Civil colocou-se ao lado das legislações modernas, consagrou, em norma expressa, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, Ler CC. art. 50.
Segundo a regra legal, a desconsideração será possível, a requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir, se o abuso consistir em:
a) Desvio da Finalidade = desvirtuou-se o objetivo social, para se perseguirem fins não previstos contratualmente ou proibidos por lei.
b) Confusão Patrimonial = A atuação do sócio ou administrador confundiu-se com o funcionamento da própria sociedade, utilizada como verdadeiro escudo, não se podendo identificar a separação patrimonial entre ambos.
Obs. Nas duas situações faz-se imprescindível a ocorrência de prejuízo – individual ou social – justificador da suspensão temporária da personalidade jurídica da sociedade.
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA:
Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica completa o seu ciclo existencial, extinguindo-se.
Segundo a classificação consagrada na doutrina, poderá ser:
1) Convencional = É aquela deliberada entre os próprios sócios, respeitados o estatuto ou contrato social.
2) Administrativa = Resulta da cassação da autorização de funcionamento, exigida para determinadas sociedades se constituírem e funcionarem. Nesse sentido Caio Mário informa que: “se praticam atos opostos a seus fins, ou nocivos ao bem coletivo, a administração pública, que lhes dera autorização para funcionamento, pode cassá-la, daí resultando a terminação da entidade, uma vez que a sua existência decorrera daquele pressuposto”. 
3) Judicial: Nesse caso, observada uma das hipóteses de dissolução prevista em lei ou no estatuto, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios poderá, por sentença, determinar a sua extinção.
No CC art. 51, dispõe que: nos casos dissolução da pessoa jurídica ou cassada sua autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para fins de liquidação, até que esta se conclua. Finda a liquidação, inclusive com a satisfação das obrigações tributárias, promover-se-á o cancelamento de inscrição da pessoa jurídica, o que será averbado no mesmo registro onde originalmente foi inscrita.
No caso da dissolução da sociedade, os bens que restarem deverão ser partilhados entre os respectivos sócios, observada a participação social de cada um. LER CC art. 51, § 2.º.
DOMICÍLIO CIVIL
Domicilium = domicílio.
Domus = casa.
Colere = residir.
O domicílio era, simplesmente, o lugar onde a pessoa se estabelecia permanentemente.
No direito antigo – Álvaro Villaça Azevedo, observa que “primitivamente, a casa era, além de abrigo de família, verdadeiro santuário, onde se adoravam os antepassados como deuses, verdadeiras propriedades de família”.
Com a evolução da sociedade (meios de comunicação, transporte). A dinâmica da vida moderna permite a intensa interação com outros sujeitos em diversoslugares, que podem ser alterados constantemente.
Atualmente é possível manter contato com uma pessoa instantaneamente por meio do celular ou da internet, não importando o lugar onde se encontre, mostrando-se cada vez mais importante a necessidade de definir qual local em que pode ser alguém encontrado para fins de direito.
Obs. A nossa legislação civil ainda não disciplinou o denominado domicílio eletrônico. 
Toda pessoa deve ter um lugar que seja considerado a sede central de seus negócios. Neste local, salvo disposição especial em contrário, a parte com quem contratamos poderá demandar, uma vez que o foro de domicílio do réu fixa a regra geral de competência territorial. (CPC. art. 94).
É no direito material que se encontra a sua disciplina e sistematização.
No Dto. Internacional a relevância da matéria é indiscutível (LIND art. 7º, 10 e12).
No Direito das Obrigações, também se reveste de grande importância. (CC. art. 327 e 1732).
Domicílio Político – interessa ao Dto. Constitucional e ao Dto. Eleitoral.
No CPP Art. 72. No CPC art. 94 no CDC art 101 e na CF/88 art. 109.
No Direito do Trabalho (CLT. Art. 469, 651, § 1º).
CONCEITO:
Domicílio Civil = É a sede jurídica da pessoa, onde ela presume presente para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos (Maria Helen a Diniz).
“É o lugar onde estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional” (Pablo Stolze Gagliano).
Compõem duas situações, que geralmente se confundem, mas possuem caracteres distintos.
* A primeira é a noção de domicílio ligado à vida privada da pessoa, às suas relações internas, sugerindo local onde reside permanentemente, sozinho ou com seus familiares.
* A segunda, que interessa a vida externa da pessoa, à sua vida social e profissional, refere-se ao lugar onde fixa o centro de suas ocupações habituais.
O Código Civil, aperfeiçoando a disciplina legal do instituto, abarcou as duas hipóteses, admitindo a sua cumulação. (LER CC. art. 70 e 72).
MORADA, RESIDÊNCIA E DOMICÍLIO - Distinções necessárias:
Morada = (habitação ou moradia) – É o local em que a pessoa permanece, acidentalmente, sem ânimo de ficar. 
Residência = “É o lugar em que habita, com intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente” (Maria Helena Diniz).
 “É o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente” (Pablo Stolze Gagliano).
 Roberto de Ruggiero, com propriedade, fala em “sede estável da pessoa”. Assim, o sujeito que mora e permanece habitualmente em uma cidade, local onde costumeiramente é encontrado tem aí, a sua residência.
Domicílio = É um conceito jurídico, por ser um local onde a pessoa responde, permanentemente, por seus negócios e atos jurídicos, sendo importantíssimo para a determinação do lugar onde se devem celebrar tais atos, exercerem direitos, propor ação judicial, responder pelas obrigações. (CC. art. 327 e 1.785).
Segundo o Código Civil, art. 70 e 72 (LER) admitem o domicílio profissional, quebrando-se o princípio da unidade domiciliar. Tanto o local da residência como os do exercício da profissão são considerados domicílios, por ser comum, nos dias atuais, nos grandes centros urbanos, que as pessoas residem numa localidade e trabalhem em outra.
Compõem-se o domicílio de dois elementos:
a) Objetivo = que é a fixação da pessoa em determinado lugar.
b) Subjetivo = que é a intenção de ali permanecer com ânimo definitivo. Importa em fixação especial permanente da pessoa.
No Código Civil, art. 71, (LER), admite-se a pluralidade domiciliar.
No parágrafo único do art. 72, (LER). Logo, poderá ser acionada em qualquer desses lugares. Ex. se alguém morar com sua família em um bairro de Cuiabá, tendo escritório no centro da cidade de Várzea Grande, onde comparece em dias alternados, poderá ser acionado em qualquer desses lugares (CPC. Art. 94, § 1º), sendo lícito ao autor escolher um deles.
Porém se a pluralidade for de réus (CPC. Art. 94, § 4º), com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer um deles, à escolha do autor.
Quando a norma processual diz que o réu deve ser acionado em seu domicílio significa que a ação deve ser proposta na comarca onde tem o centro de seu negócios ou residência e não na rua ou bairro em que se situa.
O Código Civil, art. 73 admite que haja casos excepcionais em que um indivíduo não tem domicílio fixo ou certo, ao estabelecer que aquele que não tiver residência habitual, ou empregue a vida em viagens, sem ponto central de negócios, terá por domicílio o lugar onde for encontrado (CPC. art. 94, § 2º). Ex. andarilhos, ciganos, profissionais de circo, etc.
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA:
Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de Dto. Privado é a sede, indicada em seu estatuto, contrato social. Se não houver essa fixação, a lei atua supletivamente, ao considerar como seu domicílio “o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações” ou então se possuem filiais em diversos lugares, “cada um deles será considerado domicílio para todos os atos nele praticados” (LER CC. art. 75, IV, § 1º).
O Supremo Tribunal Federal já assentou entendimento no sentido de que “a Pessoa Jurídica de Dto. Privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou do estabelecimento, em que praticou o ato”. (Sumula 363).
Se a administração ou diretoria da Pessoa Jurídica de Dto. Privado tiver sede no estrangeiro, será considerado seu domicílio, no tocante às obrigações contraídas por qualquer de suas agências “o lugar do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela corresponde”. (CC. art. 75, § 2º).
As Pessoas Jurídicas de Dto. Público, que têm domicílio previsto em lei, (LER CC. art. 75).
União = tem por domicílio o Distrito Federal.
Os Estados e Territórios = têm por domicílio as capitais.
Os Municípios = têm por domicílio o lugar onde funcione a administração municipal.
As demais Pessoas Jurídicas de Dto. Público tem por domicílio o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos.
Obs. O critério legal para a fixação de domicílio das Pessoas Jurídicas de Dto. Público, nem sempre se identifica com a regra adotada para determinar a competência de foro ou territorial.
O Código de Processo Civil, art. 99, I, prevê que o foro da capital do Estado ou do Território é competente para as ações em que a União ou o Território for autor, ré. Tal disposição visa facilitar a atuação judicial do jurisdicionado, demandante, que teria visível dificuldade em se deslocar para a capital da Federação toda vez que pretendesse ajuizar uma demanda contra a União.
ESPÉCIES DE DOMICÍLIO. 
O domicílio poderá ser:
 Necessário ou Legal (da Pessoa Natural) = Determinado por lei, em razão da condição e situação de certas pessoas. 
Não há, contudo, em certos casos exclusividade de domicílio legal; a pessoa que a ele estiver submetida, ainda conserva o anterior, podendo ter domicílio plúrimo.
Realmente nada impede que um servidor público tenha por domicílio necessário o local onde exerce suas funções e por domicílio voluntário, o lugar onde tenha sua residência habitual.
b) Domicílio Voluntário: É o mais comum, escolhido livremente, podendo ser “geral” se fixado pela própria vontade do indivíduo quando capaz, “especial ou por eleição”, se estabelecido conforme os interesses das partes em um contrato. (CC.art.78, CPC. art. 95 e 111; STF sumula 335), a fim de fixar a sede jurídica onde as obrigações contratuais deverão ser cumpridas ou exigidas.
PERDE-SE O DOMICÍLIO:
* Pela mudança = (LER CC. art. 74), porque o domicílio da pessoa passa a ser o mais recente, deixando de ser o anterior. Tem-se a mudança quando houver transferência de residência, com a intenção de deixar a anterior para estabelecê-la em outra parte.
A prova dessa intenção resultarádo que declarar a pessoa à municipalidade dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tal declaração não fizer da própria mudança com as circunstâncias que a determinaram.
* Por determinação de Lei = Nas hipóteses de domicílio legal.
* Por contrato = Em razão de eleição das partes. (STF. Sumula 335).
“É válida a cláusula de eleição do foro para processos oriundos do contrato”.
DOS BENS (CC arts. 79 ao 103).
Entende-se por bens tudo o que pode proporcionar utilidade aos homens.
Não deve o termo ser confundido com coisa. Bem é tudo que corresponde a nossos desejos, em uma visão não jurídica. No campo jurídico, bens dever ser considerado aquilo que tem valor, sobressaindo-se daí a característica pecuniária em relação ao termo. Para o direito BEM é uma utilidade, quer econômica, quer não econômica.
O termo bem é uma espécie de coisa, embora por vezes seja utilizado indiferentemente. Coisas são os bens apropriáveis pelo homem.
Serpa Lopes, assim dispõe: “sob o nome de coisa, pode ser chamado tudo quanto existe na natureza, exceto a pessoa, mas como bem só é considerada aquela coisa que existe proporcionando ao homem uma utilidade, porém com o requisito essencial de lhe ficar suscetível de apropriação”.
Assim, todos os bens são coisas, mas nem todas as coisas são bens. O sol, o mar, a lua são coisas, mas não são bens, porque não podem ser apropriados pelo homem.
A palavra bem deriva de “BONUM” = felicidade, bem-estar. A palavra coisa, tal como nós vemos, tem sentido mais extenso, compreendendo tanto os bens que podem ser apropriados, como aqueles objetos que não podem.
Todavia, não há acordo entre os autores sobre a conceituação de coisa e bem. Na verdade, há bens jurídicos que não podem ser nomeados como coisas, como é o caso da honra, da liberdade, do nome. Essa afirmação, porém, não unanimidade na doutrina.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
Quatro foram os critérios utilizados pelo Código Civil para classificar os bens:
* Primeiramente, examinou-os, de modo objetivo, considerando-os em si mesmos, (CC, art. 79 a 91), sem qualquer relação com os outros bens ou com o seu titular, atendendo-se à sua mobilidade, fungibilidade e consumibilidade.
* Ao classificar os bens em principais e acessórios, passou a examiná-los em relação aos outros. (CC, art. 92 a 97).
* Verificando sua relação com o titular domínio, distinguiu-se em públicos e particulares. (CC, art. 98 a 103).
* Quanto à suscetibilidade de serem negociados, pode-se dividi-los em coisas no comércio e fora do comércio.
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
Temos:
Bens Corpóreos e Incorpóreos:
Bens Corpóreos = Aqueles que têm existência material, perceptível pelos nossos sentidos, como os bens móveis (livros, jóias) e imóveis (terrenos) em geral.
Bens Incorpóreos = São aqueles abstratos, de visualização ideal (não tangível), são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto, apresentando valor econômico, tais como: os direitos reais (usufruto, hipoteca, penhor), direitos obrigacionais, direitos autorais.
Obs. Nas relações jurídicas possam ter como objeto tanto bens corpóreos quanto bens incorpóreos, há algumas diferenças na sua disciplina jurídica.
Ex. o fato de que somente os bens corpóreos podem ser objetos de contrato de compra e venda, enquanto os bens incorpóreos (imateriais), somente se transferem pelo contrato de cessão.
Bens Imóveis e Móveis:
Bens Imóveis = São aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro sem alteração ou destruição de sua substância. Ex. um terreno, uma casa.
Bens Móveis = São passíveis de deslocamento, sem quebra ou fratura, podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria ou estranha. 
LER CC Art. 82
No primeiro caso temos os semoventes, que são suscetíveis de movimento próprio, enquadráveis na noção de móveis são chamados de semoventes. Ex. os animais. 
No segundo caso, os móveis propriamente ditos: mercadorias, moedas, objeto de uso, etc.
A distinção legal tem especial importância prática, pois a alienação de bens imóveis reveste-se de formalidade não exigidas para os bens móveis. Se ao titular aquisitivo (em geral o contrato), se seguir a solenidade do registro.
Para os bens móveis, dispensa-se o registro, exigindo-se apenas a tradição da coisa.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS:
A1) Imóveis por sua natureza = (CC art. 79, primeira parte).
Abrange o solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Só o solo poderia ser considerado como imóvel por natureza, pois sua conversão em bem móvel só seria possível com modificação de sua substância, O legislador ampliou esse conceito, incluindo os acessórios e adjacências naturais, as árvores, os frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
As árvores aderem-se, naturalmente, ao solo, pois é nele que nascem, enquanto não forem abatidas, e os frutos da terra e das árvores ainda não colhidos ou separados do solo são imóveis.
Todavia, se as árvores forem destinadas ao corte e os frutos forem colhidos, e as pedras e metais separados do solo, passam a ser móveis por antecipação.
A2) Imóveis por acessão física, industrial ou artificial = (CC art. 79, segunda parte).
Tudo quanto o homem incorporar artificial e permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que se não o possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou dano.
Acessão = designa aumento, justaposição, acréscimo ou aderência de uma coisa a outra.
Não perderá o caráter de imóvel a edificação que, separada do solo, conservando a sua unidade, for removida para outro local. (CC, art. 81, I).
Podem abranger também os bens imóveis que, incorporados ao solo, pela aderência física, passam a ser tidos como imóveis que não poderão ser retirados sem causar dano às construções em que se acham.
Se os prédios forem demolidos, esses materiais serão considerados móveis, se não forem mais empregados em reconstruções. (CC, art. 81, II).
A3) Imóveis por determinação legal (LER CC, art. 80, I, II).
Com o objetivo de garantir a segurança das relações jurídicas, o Código Civil, art. 80, considera como imóvel o direito real sobre imóveis e as ações que o asseguram e o direito à sucessão aberta. Tais bens incorpóreos são considerados pela lei como imóveis para que possam receber proteção jurídica.
 Direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram:
Disposto no CC, art. 80, I, bens imobiliários não só de direitos reais sobre imóveis, como propriedade, mas também as ações que os asseguram, como as reivindicatórias, as de nulidade ou de rescisão de contratos.
 Direito à sucessão aberta:
Para os casos de alienação e pleitos judiciais (demandar em juízo, litigar, discussão, lide), a legislação considera o direito à sucessão aberta como bem imóvel, ainda que a herança só seja formada por bens móveis. Ter-se-á abertura da sucessão no instante da morte do “de cujus”, (CC art. 1.784), daí, então seus herdeiros poderão ceder seus direitos.
CLASSIFICAÇÃO DE BENS MÓVEIS.
Três são as categorias de bens móveis:
B1) Móveis por natureza = São as corpóreas suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia sem alteração da substância ou da destinação econômico-social deles (CC, art. 82), com exceção das que acedem aos imóveis; logo, os materiais de construção, enquanto não forem nela empregados, são bens móveis e readquirem essa qualidade os provenientes de demolição de algum prédio. (CC, art. 84).
Os que se removem de um lugar para outro, por movimento próprio, são os semoventes, ou seja, os animais e, por força estranha, as coisas inanimadas.
Há bens móveis por natureza que a lei transforma em imóveis. Ex. navio, avião, que podem até serem hipotecados. (CC, art. 1.473, VI, VII).
B2) Móveis por antecipação = A vontade humana mobiliza bens imóveis, em função da finalidade econômica. Ex. árvore, frutos, pedras e metais, aderentes ao solo, são imóveis; separados

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