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1 CONFLITO APARENTE DE NORMAS 1) Conceito: Ocorre quando em uma situação, várias leis são aparentemente aplicáveis a um mesmo fato, mas na realidade, apenas uma tem incidência. Por isso que não há um conflito, e sim uma “aparência” de conflito. Em Direito Penal é vedada a dupla condenação por fato único. Para o STF, muito embora não se trate de princípios explícito na Constituição Federal, sua incorporação ao ordenamento jurídico-penal complementa os direitos e as garantias individuais nela previstos. 2) Pressupostos: a) Unidade de fato; b) Pluralidade de leis em vigência; c) Relação de hierarquia ou dependência entre as normas. 3) Princípios para solução de conflito aparente de normas: a) “Lex specialis derrogat legi generali” (especialidade): “Se entre duas ou mais normas legais existe uma relação de especialidade, isto é, de gênero para espécie, a regra é a de que a norma especial afasta a incidência da norma geral. Considera-se especial (lex specialis) a norma que contém todos os elementos da geral (lex generalis) e mais o elemento (plus) especializador.” (Assis Toledo). Exemplo: a conduta de “matar alguém” tem capitulação geral no art. 121 do CP, porém, de acordo com esse “plus especializador”, encontra tipificação no infanticídio (art. 123 do CP), lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o do CP), abandono de recém nascido (art. 134, § 2o do CP), omissão de socorro (art. 135, § único do CP), maus tratos (art. 136, § 2o do CP), rixa (art. 137, § único do CP), latrocínio (art. 157, § 3o do CP), epidemia (art. 267, § 2o do CP), tortura (art.1o, II, § 3o da lei 9.455/97), delito de trânsito (art. 302 da Lei 9.503/97), crime militar (art. 205 do CPM), etc; Essa previsão está no artigo 12, do Código Penal. b) “Lex primaria derrogat legi subsidiariae” (subsidiariedade): “Há subsidiariedade quando diferentes normas protegem o mesmo bem jurídico em diferentes fases, etapas ou graus de agressão. Na hipótese do legislador, ao punir a conduta da fase anterior, fá-lo com a condição de que o agente não incorra a punição da fase posterior, mais grave, hipótese em que só esta última prevalece” (Assis Toledo); v.g., expor a vida de outrem a perigo capitula-se no art. 132 do CP (grau inferior da agressão), ocorrendo, porém, a morte da vítima, enquadra-se no homicídio do art. 121 do CP (grau superior da agressão); haverá apenas o delito de ameaça (art. 147 do CP) quando não for meio do cometimento de outras infrações mais graves como o estupro (art. 213 do CP), constrangimento ilegal (art. 146 do CP), etc. 2 Há crimes que são subsidiários de forma expressa na lei, quando mencionar “se o fato não constitui crime mais grave”, como no caso do art. 132, do Código Penal; e casos e que serão tácitos, quando um tipo penal é previsto como elementar ou circunstância legal de outro crime, como no caso do crime de omissão de socorro, onde é crime autônomo, mas é também previsto como causa de aumento de pena no homicídio culposo e na lesão corporal culposa. c) “Lex consumens derrogat legi consumptae” (consunção ou absorção): é a absorção do delito menor (caminho necessário da progressão infracional) pelo crime maior (fim visado), restando impunível aquele pela sanção deste. Esse princípio ocorre sempre que se apresentar, entre os atos praticados pelo agente, a relação consuntiva, ou seja, de meio e fim. Tal relação se verificará quando um crime for praticado como meio necessário ou normal na fase de preparação ou de execução de outro. Exemplo: a violação de domicílio (art. 150 do CP) é absorvido pelo furto (art. 155 do CP), a lesão corporal (art. 129 do CP) é absorvida pelo homicídio (art. 121 do CP); falso objeto de consunção pelo estelionato (Súmula 17 do STJ), etc. d) Princípio da alternatividade: esse princípio é aplicado nos crimes de ação múltipla, que são aqueles tipos penais que possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção alternativa “ou”. Quando alguém pratica mais de um verbo do mesmo artigo penal, só responderá por um crime. Exemplo: art. 33, da Lei n. 11.343/06. No caso em concreto, o juiz deverá valorar na aplicação da pena a prática de mais de um verbo.
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