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https://t.me/concurso_aqui Paulo H M Sousa Aula 02 Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Práticas Comerciais 3 ..............................................................................................................................................................................................2) Práticas Comerciais - Questões Comentadas - Multibancas 32 ..............................................................................................................................................................................................3) Práticas Comerciais - Lista de Questões - Multibancas 54 ..............................................................................................................................................................................................4) Proteção Contratual 59 ..............................................................................................................................................................................................5) Proteção Contratual - Questões Comentadas - Miltibancas 80 ..............................................................................................................................................................................................6) Proteção Contratual - Lista de Questões - Multibancas 96 ..............................................................................................................................................................................................7) Proteção ao Superendividamento 100 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 2 112 1 TÍTULO I – DIREITOS DO CONSUMIDOR Capítulo V – Práticas comerciais De maneira geral, o capítulo a respeito das práticas comerciais pretende detalhar os limites e as possibilidades que os fornecedores têm quando oferecem bens de consumo no mercado. Pode esconder os defeitos do produto ou tem de escancarar eles quando se vai vender? E exagerar na propaganda? E oferecer um produto apenas para pescar o consumidor? Seção I – Disposições gerais Uma das maiores preocupações do CDC, da doutrina e da jurisprudência é, certamente, definir o que é consumidor. Isso porque é essa definição que atrairá – ou não – a aplicação das regras protetivas do direito do consumidor. Há três definições anteriores de consumidor. A primeira delas, trazida pelo art. 2° do CDC, fixa que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. A segunda, contida já no parágrafo único do art. 2º, equipara a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Essas são as duas definições gerais de consumidor. Lembro ainda que se admite a aplicação das normas do CDC, por se enquadrar determinada pessoa no conceito de consumidor, mesmo quando ela não seja a destinatária final do produto ou serviço, apesar de ser consumidora intermediária. É a aplicação da teoria finalista mitigada, adotada pela doutrina em geral e pela jurisprudência do STJ. A terceira definição vem quando o CDC trata da responsabilidade civil por fato ou defeito do produto ou serviço. É a figura contida no art. 17, que cria a figura do consumidor por equiparação – ou bystander –, qual seja qualquer vítima do evento danoso, nos casos em que há fato ou defeito de produtos ou serviços. Esse conceito de consumidor, porém, só se aplica à parte do CDC que trata da responsabilidade por fato do produto ou serviço. O art. 29 traz uma quarta definição de consumidor. Tal como o art. 17, ela é restrita, e não ampla como as duas primeiras hipóteses do art. 2º, caput e parágrafo único. Para os fins do capítulo das práticas comerciais e da proteção contratual, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Ou seja, se o art. 2º, caput, estabelece que o consumidor é quem compra; se o parágrafo único diz que é quem intervém no consumo; se o art. 17 prevê que é quem sofre dano; o art. 29 vai além, prevendo que também se considera consumidor quem se expõe às práticas comerciais e contratuais, mesmo que não consuma. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 3 112 2 Na prática, virtualmente todos somos consumidores, portanto. Isso porque basta pensar em uma propaganda feita em um grande portal, como o Youtube. Imagine que na página de entrada do Youtube há uma propaganda enganosa de um concorrente do Estratégia Concursos. Toda e qualquer pessoa que acessar o site do Youtube verá a propaganda; ficará exposta a ela e, consequentemente, será considerada consumidora. Mas não só. Se eu dou um print da tela e envio a você, que não acessou o Youtube, você também será exposto à propaganda e, portanto, também é consumidor. Virtualmente, todo ser humano será considerado consumidor, quanto a essa propaganda enganosa. Claro, num juízo de razoabilidade, difícil pensar que uma pessoa numa vila do Turcomenistão tenha interesse num curso preparatório para concursos brasileiro – e pior, concorrente, mas, vai que... consumidor! Seção II – Oferta O primeiro passo de uma relação de consumo, do ponto de vista do consumidor, é a oferta ou proposta. O fornecedor se prepara e oferece seus produtos e serviços no mercado de consumo. Porém, tecnicamente falando, o que é uma oferta? Prevê o art. 30 que toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados constitui oferta. A oferta obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar, e integra o contrato que vier a ser celebrado. Em bom português, ajoelhou, tem que rezar. Se o fornecedor diz apenas que tem o produto, isso não é uma oferta, porque ela não é suficientemente precisa. Necessário que a informação seja suficiente para que um consumidor em potencial a aceite. O art. 30 do CDC traz, de maneira mais explícita, a previsão do art. 429 do Código Civil (“A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos”). Contudo, uma vez veiculada proposta suficientemente precisa, ela se torna obrigatória. O CDC não faz, como o Código Civil – arts. 428 e 429, parágrafo único – menção a exceções, situações nas quais a oferta deixa de ser obrigatória ou pode ser revogada. Isso se explica pelo reconhecimento de que o consumidor é vulnerável. Assim, se o fornecedor incorrer em erro, não pode alegar esse erro para evitar o cumprimento da oferta. Por exemplo, limita o número de produtos a 10.000, quando na verdade pretendia limitar a 1.000. Vende a R$19,99, ao invés de R$199,90. A exceção fica por conta do erro grosseiro, de fácil identificação. Isso, claro, é casuístico, ou seja, depende de uma análise ponderada do caso concreto. Sempre haverá uma zona cinzenta entre o erro que obriga e o erro que desobriga, porque a noção de grosseiro não é tão evidente. Igualmente, mesmo que no contrato escrito, celebrado depois, não houver a informação que fora prestada previamente pelo fornecedor, ela integra o contrato. É o caso das informações prestadas por Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 4 112 3 um corretor sobre plano de saúde. Elas integram o contrato que vier a ser celebrado, posteriormente (REsp 531.281/SP). Além disso, o art. 31 exige que a oferta e apresentação de produtos(prazo de 10 dias) ➢ Indicação de todos os consulentes que tiveram acesso a qualquer informação sobre ele nos 6 meses anteriores à solicitação (prazo de 10 dias) ➢ Cópia de texto com o sumário dos seus direitos, definidos em lei ou em normas infralegais pertinentes à sua relação com gestores, bem como a lista dos órgãos governamentais aos quais poderá ele recorrer, caso considere que esses direitos foram infringidos (prazo de 10 dias) ➢ Confirmação de cancelamento do cadastro A Lei 12.414/2011 ainda limita a utilização das informações dos bancos de dados nos arts. 7º 13 e 7º-A, 14 e traz uma série de obrigações das fontes. 15 Tradicionalmente, se pensa nos bancos de dados negativos dos consumidores, mas sabia que o CDC trata também dos bancos de dados negativos dos fornecedores? Estabelece o art. 44 que os órgãos públicos de defesa do consumidor devem manter cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. Essa divulgação deve indicar se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. 13 I - realização de análise de risco de crédito do cadastrado; ou II - subsidiar a concessão ou extensão de crédito e a realização de venda a prazo ou outras transações comerciais e empresariais que impliquem risco financeiro ao consulente. Parágrafo único. Cabe ao gestor manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta para informar aos consulentes as informações de adimplemento do cadastrado. 14 Art. 7º-A Não podem ser utilizadas informações: I - que não estiverem vinculadas à análise de risco de crédito e aquelas relacionadas à origem social e étnica, à saúde, à informação genética, ao sexo e às convicções políticas, religiosas e filosóficas; II - de pessoas que não tenham com o cadastrado relação de parentesco de primeiro grau ou de dependência econômica; e III - relacionadas ao exercício regular de direito pelo cadastrado, previsto no inciso II do caput do art. 5º desta Lei. § 1º O gestor de banco de dados deve disponibilizar em seu sítio eletrônico, de forma clara, acessível e de fácil compreensão, a sua política de coleta e utilização de dados pessoais para fins de elaboração de análise de risco de crédito. § 2º A transparência da política de coleta e utilização de dados pessoais de que trata o § 1º deste artigo deve ser objeto de verificação, na forma de regulamentação a ser expedida pelo Poder Executivo. 15 III - verificar e confirmar, ou corrigir, em prazo não superior a 2 (dois) dias úteis, informação impugnada, sempre que solicitado por gestor de banco de dados ou diretamente pelo cadastrado; IV - atualizar e corrigir informações enviadas aos gestores, em prazo não superior a 10 (dez) dias; V - manter os registros adequados para verificar informações enviadas aos gestores de bancos de dados; e VI - fornecer informações sobre o cadastrado, em bases não discriminatórias, a todos os gestores de bancos de dados que as solicitarem, no mesmo formato e contendo as mesmas informações fornecidas a outros bancos de dados. Parágrafo único. É vedado às fontes estabelecer políticas ou realizar operações que impeçam, limitem ou dificultem a transmissão a banco de dados de informações de cadastrados. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 25 112 24 É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer interessado, aplicando-se, no que couber, as mesmas regras enunciadas no dispositivo que trata dos bancos de dados dos consumidores. Alguns PROCONs estaduais já têm esse cadastro, mas o CNRF – Cadastro Nacional de Reclamações Fundamentadas, previsto para operar em 2011, ainda não foi finalizado. Ou seja, o SERASA dos fornecedores, passados mais de 30 anos do CDC, sequer existe. A letra da Lei Agora, trago a você os dispositivos de lei referentes à nossa aula. Lembro que, ao longo do texto, eu não trato de todos os dispositivos legais aqui citados, propositadamente. Isso porque meu objetivo não é tornar o material um comentário à lei, mas, sim, fazer você compreender os institutos jurídicos que são importantes à prova. Agora, ao contrário, o objetivo é trazer todos os dispositivos legais, para que você possa ao menos passar os olhos. Não se preocupe em compreender em detalhe cada um deles; eu objetivo apenas trazer o texto legal para que você não precise procurá-los fora do material. Trata-se da letra da lei com grifos nos principais pontos da norma, para ajudar na fixação dos conteúdos. Vamos lá! CAPÍTULO V DAS PRÁTICAS COMERCIAIS SEÇÃO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. SEÇÃO II DA OFERTA Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 26 112 25 Súmula 595 do STJ: "As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação". Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei. Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial. Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. SEÇÃO III DA PUBLICIDADE Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 27 112 26 § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. SEÇÃO IV DAS PRÁTICAS ABUSIVAS Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri- los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 28 112 27 XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. Súmulas do STJ 473: "O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada". 356: "É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa". 352: "Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa". 302: "É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado". Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor. § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes. § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 29 112 28 SEÇÃO V DA COBRANÇA DE DÍVIDAS Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. Súmula 412 do STJ: " A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”. SEÇÃO VI DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos. § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. § 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. § 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. § 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor. Súmulas do STJ Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br30 112 29 359:" Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. 404: “É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros”. 550: "A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo”. Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. § 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer interessado. § 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo único do art. 22 deste código. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 31 112 30 Práticas comerciais (arts. 29 a 45) Bancas sortidas 1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) AN é bancária e recebe, mensalmente, plano de metas para realizar com a sua clientela ou com novos clientes que venha a consolidar. Muitos dos seus clientes são idosos que percebem razoável remuneração de aposentadoria e pensões. Mirando nesse nicho, ela contata os indivíduos e, com sua competência verbal, consegue realizar inúmeros contratos e bater as metas exigidas. Alguns dos seus clientes, no entanto, após verificar que o saldo disponível em suas contas não permite o pagamento de suas despesas básicas, apresentam reclamação à Diretoria do banco. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, constitui prática abusiva prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua (A) familiaridade (B) generosidade (C) liberdade (D) amizade (E) idade Comentários: A alternativa A está incorreta, pois na fraqueza ou ignorância leva em consideração sua saúde, idade, conhecimento ou condição social, conforme dispõe o CDC: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços”. Levando em consideração que se trata de pessoa idosa, sua vulnerabilidade estará ligada à sua idade, portanto. A alternativa B está incorreta, pois a generosidade da pessoa idosa em nada afeta sua posição de vulnerabilidade para fins comerciais. A alternativa C está incorreta, pois a liberdade também não se relaciona com a posição de vulnerabilidade da pessoa idosa, do ponto de vista comercial. A alternativa D está incorreta, pois a amizade também não tem relação com a vulnerabilidade. A alternativa E está correta, conforme disposição do art. 39, inc. IV, do CDC. 2. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Sobre os bancos de dados e cadastros de consumidores, previstos no artigo 43 e parágrafos do Código de Defesa do Consumidor, analise as afirmativas: I. Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a três anos. II. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de quinze dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 32 112 31 III. Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. IV. Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. Está correto o que se afirma em: (A) Apenas II; III e IV. (B) Apenas I e IV. (C) Apenas III e IV. (D) Apenas II e III. (E) Apenas I; III e IV. Comentários: A afirmativa I está incorreta. O período máximo de veiculação do nome no consumidor no cadastro negativo é de 5 anos, como prevê o art. 43, §1º: "Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos". O consumidor deve ter acesso gratuito ao seu cadastro e dados, de maneira que estes devem ser objetivos, verídicos e possíveis de serem compreendidos facilmente, sendo proibidas quaisquer cobranças para consulta, bem como deve ser permanentemente atualizado. Ademais, as informações negativas a respeito do devedor devem constar em um prazo máximo de cincos anos. Além disso, essas informações devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor, como exige a Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. É o que prevê, de maneira sucinta, a Súmula 323 do STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução”. A Súmula, contudo, não fixa o início do prazo, se da inscrição ou da dívida. O entendimento do STJ (REsp 1.630.659/DF) é de que “em razão do respeito à exigibilidade do crédito e ao princípio da veracidade da informação, o termo inicial do limite temporal de cinco anos em que a dívida pode ser inscrita no banco de dados de inadimplência é contado do primeiro dia seguinte à data de vencimento da dívida”. A afirmativa II está incorreta. O prazo para correção de dados errados é de 5 dias úteis, conforme o art. 43, §3º: "O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir a sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas". O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. O consumidor tem direito ao acesso à informação, garantido pelo CDC, sob essa conjuntura, se analisar seus dados e cadastros e encontrar equívoco nas informações contidas, lhe é assegurado exigir a sua imediata correção. Sendo comunicada sua alteração no prazo de cinco dias úteis, para aqueles que tiveram erro em seus dados e cadastros. Cabível, aqui, inclusive, o Habeas Data, medida constitucional extrema, se necessário, para assegurar que os dados sejam corrigidos. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 33 112 32 A afirmativa III está correta. Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, têm caráter público. É o que prevê o art. 43, §4º: "Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público". Os bancos de dados e cadastros responsáveis por essas informações a respeito dos consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. Veja que, o scorede crédito não se caracteriza como banco de dados, como disposto na Súmula 550 do STJ: "a utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo." A afirmativa IV está correta. Mesmo que o prazo máximo do cadastro seja de 5 anos, como determina o art. 43, §1º, o §5º limita a inserção ao prazo de prescrição da dívida, se este for menor: "Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores". Assim, se a dívida prescreve em 2 anos, como é o caso da pensão alimentícia (art. 206, §2º, do Código Civil), a restrição tem de cair em 2 anos. O CDC estabelece que o cadastro e dados contidos a respeito do consumidor, contendo informações negativas, não podem superar o prazo de cinco anos, ou seja, o nome pode ficar "sujo" por até cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. É o que se chama popularmente de "a dívida caduca em cinco anos". Assim, uma vez incluído no SERASA, meu nome só pode ficar sujo por no máximo cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao do vencimento da dívida (e não da inscrição em si). Superado o prazo, meu nome não pode mais constar do cadastro. Caso o controlador do banco de dados não retire o nome do consumidor após o prazo ou, efetivado pagamento, demorar demasiadamente para fazê-lo, cabe indenização por dano moral, entende o STJ (REsp 480.622/RJ). Sendo assim, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão. 3. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Estabelece o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor que “Toda informação ou publicidade, __________, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.” Assinale a alternativa que completa corretamente o espaço acima: (A) Objetiva e clara. (B) Necessária e objetiva. (C) Objetiva o suficiente. (D) Suficientemente clara e objetiva. (E) Suficientemente precisa. Comentários: A alternativa A está incorreta. O art. 31 prevê os requisitos para a oferta de produtos e serviços: "A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores". Assim, não há conexão com a publicidade, objeto da questão. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 34 112 33 O dispositivo demonstra a necessidade de transparência e informação dos produtos e serviços disponíveis no mercado de consumo, de forma que os consumidores possam ter uma compreensão clara e objetiva inclusive acerca dos riscos que apresentem para que não tenha sua liberdade de escolha viciada, conhecendo todas as informações das características do objeto de consumo. A alternativa B está incorreta. De novo, o item se relaciona com a oferta, que é um dos elementos da publicidade. O art. 31 do CDC prevê a necessidade da oferta ser apresentada de maneira objetiva, correta, precisa, porém não se relaciona com o enunciado da questão. A alternativa C está incorreta. De novo, o item se relaciona com a oferta, que é um dos elementos da publicidade. A oferta de produtos ou serviços, bem como sua apresentação, deve sim ser manifestada de maneira suficientemente clara e objetiva, como trata o art. 31 do CDC, entretanto, o enunciado da questão descreve como deve ocorrer a publicidade e não a oferta. A alternativa D está incorreta. O art. 31 prevê os requisitos para a oferta de produtos e serviços: "A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores". Assim, não há conexão com a publicidade, objeto da questão. A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Trata-se da previsão do art. 30: "Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado". A informação ou publicidade veiculada sobre um produto ou serviço, desde que precisa, se torna obrigatória. Veja que, se o fornecedor diz apenas que tem o produto, isso não é uma oferta, porque ela não é suficientemente precisa. Necessário que a informação seja suficiente para que um consumidor em potencial a aceite. O art. 30 do CDC traz, de maneira mais explícita, a previsão do art. 429 do Código Civil (“A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos”). Diferente do Código Civil, o CDC não faz menção a exceções, situações nas quais a oferta deixa de ser obrigatória ou pode ser revogada. Isso se explica pelo reconhecimento de que o consumidor é vulnerável. Igualmente, mesmo que no contrato escrito, celebrado depois, não houver a informação que fora prestada previamente pelo fornecedor, ela integra o contrato. É o caso das informações prestadas por um corretor sobre plano de saúde. Elas integram o contrato que vier a ser celebrado, posteriormente (REsp 531.281/SP). 4. (UFMT - Prefeitura de Rondonópolis - MT - 2019) Quanto à responsabilidade do fornecedor de produto ou serviço na relação jurídica de consumo, assinale a assertiva INCORRETA. (A) O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 35 112 34 (B) A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. (C) A solidariedade existente entre os integrantes da cadeia de fornecimento de bens e serviços serve de fundamento legal da responsabilidade por danos causados nas relações empresárias no interior dessa cadeia. (D) É objetiva a responsabilidade do fornecedor pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes sobre sua fruição e riscos. Comentários A alternativa A está correta. Precisamente, a responsabilidade é solidária: "Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos". O fornecedor utiliza dos serviços de terceiros para realizar suas atividades no mercado de consumo, por isso, muitas vezes o fornecedor tenta se esconder por trás das relações jurídicas privadas para não se responsabilizar, alegando que o dano foi causado por terceiro. O art. 34 prevê que isso não pode acontecer, visto que a responsabilidade é solidária. Assim, o legislador objetivou proteger o consumidor, considerado o elo mais fraco da relação de consumo, que poderá exigir a reparação do dano do produto ou serviço tanto do fornecedor, quanto de seus prepostos ou representantesautônomos. Além disso, o STJ entende que há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de fornecimento por vício no produto adquirido pelo consumidor. Os integrantes da cadeia de consumo, em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, não cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes (REsp 1.684.132/CE). A alternativa B está correta. Trata-se da aplicação da Súmula 187 do STF: "A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva". De acordo com a decisão do STF: "presente o nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva em relação a usuários e não usuários do serviço. (...) Nessa linha, a jurisprudência de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal evoluiu no sentido de que a responsabilidade objetiva do art. 37, § 6º, da Lei Maior alcança atos comissivos e omissivos. (...)" (RE 591.874/91/MS). A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. A regra geral de responsabilização está prevista no art. 7°, parágrafo único: "Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo". Isso ocorre quando há pluralidade de ofensores. No entanto, na cadeia de consumo (do fabricante até o consumidor, com os intermediários), há responsabilidade solidária, em regra, mas nem sempre, como se vê pelo art. 13: "O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis". O comerciante, assim, na cadeia de consumo, responde apenas nos casos do art. 13 e não solidariamente, sempre. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 36 112 35 O comerciante é o fornecedor imediato na relação de consumo, ou seja, aquele que se relaciona diretamente com o consumidor. O comerciante pode ser o varejista, atacadista, distribuidores, ele não interfere no produto apenas o comercializa. Muitas vezes, sequer ele pode conhecer do problema do produto, já que ele vem acondicionado em embalagem inviolável. Por isso sua responsabilidade é, em geral, subsidiária. A alternativa D está correta. É esse o sentido do art. 14: "O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos". O dispositivo trata da responsabilidade por fato ou defeito do serviço, sendo que essa responsabilidade é, em regra, objetiva (sem necessidade de comprovação de culpa). Assim, o fornecedor de serviços responde por não dar informações suficientes ou adequadas sobre a utilização do serviço, ou quanto aos riscos à saúde ou segurança do consumidor. Ainda, se o consumidor sofrer algum dano decorrente de defeitos da prestação de serviços, o fornecedor também responde por sua reparação. 5. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Segundo o CDC, é enganosa a publicidade (A) capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial à sua saúde. (B) que incite à violência. (C) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança. (D) que desrespeite valores ambientais. (E) capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito das características, da qualidade e da quantidade de um produto. Comentários A alternativa A está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador. É enganosa, toda publicidade sobre um produto ou serviço que, de alguma forma, induz o consumidor ao erro no mercado de consumo. A alternativa B está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador. A propaganda que incite à violência, ou que utilize de alguma superstição dos possíveis interessados para convencê-lo a comprar o produto ou serviço é considerada abusiva. Propagandas que, de algum modo, incentivam o estupro, a violência contra raça, gênero, sexualidade, deficiência, entre outras, é igualmente considerada abusiva. A "Bud Light" trouxe em seu rótulo a seguinte mensagem, em 2015: "The perfect beer for removing "No" from your vocabulary for the night", que se traduz em "a cerveja perfeita para remover o "não" do seu vocabulário para a noite". A campanha recebeu diversas críticas por remeter ao estupro, de modo que se visualiza um exemplo de propaganda abusiva. A alternativa C está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 37 112 36 superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador. As propagandas que se aproveitam da inexperiência das crianças, ainda que não sejam mentiras, mas que seja prejudicial aos interesses consumeristas, são abusivas. A alternativa D está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador. A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Estabelece o art. 37, §1°: "É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços". É enganosa, toda publicidade sobre um produto ou serviço que, de alguma forma, induz o consumidor ao erro no mercado de consumo. Pois, apesar de ser lícito existir um certo exagero às propagandas, como dizer que se vende o carro mais desejado desde o Egito antigo (informação subjetiva e com ar jocoso), por outro lado, não é lícito dizer que se vende o carro mais econômico da categoria, se o fabricante não puder provar o fato (informação objetiva e com ar científico), isso constitui publicidade enganosa. 6. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, toda informação ou publicidade suficientemente precisa vincula o fornecedor. Assim, na hipótese de recusa no cumprimento da oferta ou publicidade, o consumidorpoderá (A) aceitar outro produto ou prestação de serviço, ainda que não equivalente. (B) rescindir o contrato, com direito à restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, mas sem direito a perdas e danos. (C) rescindir o contrato, sem direito à restituição da quantia paga. (D) exigir o cumprimento forçado da obrigação, com direito a produto ou serviço com qualidade superior aos termos da oferta ou publicidade. (E) exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos da oferta ou publicidade. Comentários A alternativa A está incorreta. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade, o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente". O fornecedor de produtos ou serviços não pode se recusar a cumprir a oferta apresentada, por isso, sendo o consumidor o elo mais fraco da cadeia de consumo e a parte mais vulnerável, se o fornecedor não quiser cumprir a oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor pode, alternativamente e à sua livre escolha; exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 38 112 37 A alternativa B está incorreta. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade, o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos". O direito a perdas e danos está incluso no inciso III do art. 35, de modo que se encaixa em uma das opções de escolha do consumidor no caso de recusa do fornecedor em cumprir a oferta. A alternativa C está incorreta. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade, o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos". A quebra de contrato poderá ser feita, com direito à restituição de quantia paga, como dispõe o inciso III do art. 35, sendo assim, se encaixa em uma das opções de escolha do consumidor no caso de recusa do fornecedor em cumprir a oferta. A alternativa D está incorreta. Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade. O consumidor pode exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, quando o fornecedor se recusar a cumprir o que consta na oferta, apresentação ou publicidade, como estabelece o inciso I do art. 35 do CDC. A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade, o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade". Se o fornecedor não quiser cumprir a oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor pode, alternativamente e à sua livre escolha; exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. As três opções são alternativas ao consumidor, que pode escolher livremente quaisquer delas. O fornecedor não pode se negar a oferecer outro produto ou serviço equivalente, se o consumidor quiser ainda o produto ou serviço. Além disso, a escolha compete ao consumidor. Não pode o fornecedor, simplesmente, enviar outro produto equivalente ao consumidor, sem que esse concorde com essa solução. Não pode também se negar a restituir o preço pago ou tentar, de algum modo, fazer descontos indevidos, como no caso de frete. 7. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, é permitido ao fornecedor de produtos ou serviços, sem que sua conduta seja considerada como prática abusiva, (A) enviar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 39 112 38 (B) recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque e, ainda, em conformidade com os usos e costumes. (C) condicionar o fornecimento de um produto ao fornecimento de outro produto ou serviço. (D) proibir o ingresso, em estabelecimentos comerciais, de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (E) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e a autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes. Comentários A alternativa A está incorreta. É prática abusiva, conforme o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço". No mesmo sentido, o caso mais famoso, a Súmula 532 do STJ: "Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa". Ocorre a prática abusiva, quando o fornecedor realiza a entrega de um produto ou fornece um serviço sem que o consumidor tenha solicitado. Essa prática era comum nos anos 1990 e 2000. O fornecedor enviava um produto acompanhado de um boleto e, com a falta do pagamento, ele mandava o nome do consumidor para o SERASA: não pode. A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 39 é vedada tal prática: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes". A finalidade do CDC é evitar que exista limitação do atendimento do fornecedor a determinado consumidor, de maneira discriminatória. Por outro lado, a norma também impede que o consumidor exija do fornecedor quantidades incompatíveis com os usos e costumes. Inclusive, o STJ entende que a limitação de estoque do fornecedor, justificada, não gera dano moral indenizável (REsp 595.734/RS). De acordo com a decisão: "A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidorexigir quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material." A alternativa C está incorreta. É a regra do art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos". É abusiva a prática de condicionar o fornecimento de um produto ou serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, isso porque se o mercado de consumo é livre e eu tenho dinheiro, e o fornecedor tem o produto, ele não pode limitar minhas compras, para menos ou para mais. Nesse sentido, um caso chamou atenção, a Bauducco condicionava a aquisição de um relógio de pulso com a imagem do ogro Shrek e de outros personagens do desenho à apresentação de cinco embalagens dos produtos “Gulosos”, além do pagamento adicional de R$ 5,00: "A hipótese dos autos caracteriza publicidade duplamente abusiva. Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção de venda de alimentos direcionada, direta ou indiretamente, às crianças. Segundo, pela evidente "venda casada", ilícita em negócio jurídico entre adultos e, com maior razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o universo lúdico infantil (art. 39, I, do CDC)" (REsp 1.558.086/SP). O STJ considerou que a campanha publicitária configurava venda casada com manipulação do universo lúdico infantil, afrontando o CDC. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 40 112 39 A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Não se permite que um número maior de pessoas adentre nos estabelecimentos comerciais, conforme o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo". Assim, proibir o acesso não é prática abusiva. O objetivo do dispositivo é evitar a aglomeração de pessoas, podendo causar uma situação perigosa, que possa arriscar à saúde ou segurança dos consumidores, especialmente em locais como baladas, notoriamente conhecidas pelo excesso de pessoas confinadas em espaços diminutos. Além de prática abusiva, essa conduta também tipifica o crime previsto no art. 65 do CDC, de executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente. A norma foi incluída pela Lei 13.425/2017, após o desastre da Boate Kiss, que matou 242 pessoas em Santa Maria/RS, em 2013. Infelizmente, agentes públicos, civis e militares, e privados responsáveis pelo desastre sofreram pouca ou nenhuma punição, mas, ao menos, o caso gerou repercussão legislativa para prevenir futuras ocorrências. A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 39, exige-se orçamento prévio, exceto se houver relações contratuais prévias entre as partes: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes". O fornecedor não pode executar serviços sem que antes haja uma elaboração do orçamento e que o consumidor manifeste o consentimento, de modo que o orçamento é obrigatório, com a exceção de casos extremos. Desse modo, o orçamento obriga as partes e somente pode ser alterado por uma nova negociação. Justamente para que o fornecedor de serviços não apareça com um preço estratosférico e impagável existe essa norma. Ou para que ele não venha com serviços extras imprevistos, de modo a escorchar o consumidor, aos poucos. O próprio STJ (REsp 332.869) tem julgado a respeito, estabelecendo de maneira inequívoca que não pode o fornecedor realizar cobrança de valores se esses valores não estavam discriminados em orçamento prévio e aprovado pelo consumidor. A própria regra excepciona a situação em que as partes já travam relações frequentes, situação na qual elas têm um histórico de transações. 8. (COPEVE - Prefeitura de Porto Calvo - AL - 2019) O Código de Defesa do Consumidor estabelece normas voltadas à proteção e defesa do consumidor, entre elas as que vedam práticas tidas como abusivas. Considera-se uma prática abusiva, segundo o Código de Defesa do Consumidor: I. repassar ao consumidor, no preço do produto ou serviço, o custo de impostos ou taxa cobrados do comerciante; II. recusar substituição do produto por outro da mesma espécie, por livre escolha do consumidor; III. recusar atendimento às demandas dos consumidores, por indisponibilidade de estoque; IV. Enviar ao consumidor produto sem prévia solicitação. Dos itens, verifica-se que está(ão) correto(s) (A) IV, apenas. (B) I e IV, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I, II e III, apenas. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 41 112 40 (E) I, II, III e IV. Comentários A afirmativa I está incorreta. O art. 6º, inc. III, prevê a exigência de indicação dos tributos: "São direitos básicos do consumidor: a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem". No entanto, não há qualquer menção a essa prática. Para que o consumidor tenha liberdade de escolha e não tenha seu direito viciado, ele deve receber todas as informações sobre o produto, de forma clara e adequada, sem a omissão dos aspectos negativos, devendo o fornecedor, informar especificadamente sobre a quantidade, características, tais como os riscos que possam apresentar o produto ou serviço, em vista de sua posição de vulnerabilidade perante o fornecedor. Se o consumidor não receber todas as informações necessárias poderá estar sendo comprometida a veracidade de sua escolha, que foi feita sem toda a ciência. Se trata de um direito básico do consumidor, e não de uma prática abusiva. A afirmativa II está incorreta. O art. 18, §1°, proíbe que o fornecedor não substitua o produto, mas não trata dessa situação como abusiva: "Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso". Se o vício do produto não for sanado em 30 dias, o consumidor por exigir, alternativamente e à sua escolha; a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata do valor pago, atualizado, sem prejuízo das perdas e danos; e o abatimento proporcional do preço. A afirmativa III está incorreta. De acordo com o art. 39 é vedada tal prática: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes". Veda-se, portanto, o atendimento dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque; se estiver o produto indisponível, válido não atender. A finalidade do CDC é evitar que exista limitação do atendimento do fornecedor a determinado consumidor, de maneira discriminatória. Por outro lado, a norma também impede que o consumidor exija do fornecedor quantidades incompatíveis com os usos e costumes. Inclusive, o STJ entende que a limitação de estoque do fornecedor, justificada, não gera dano moral indenizável (REsp 595.734/RS). De acordo com a decisão: "A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidadeincompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material." A afirmativa IV está correta. É a literalidade do art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço". Ocorre a prática abusiva, quando o fornecedor realiza a entrega de um produto ou fornece um serviço sem que o consumidor tenha solicitado. Essa prática era comum nos anos 1990 e 2000. O fornecedor enviava um produto acompanhado de um boleto e, com a falta do pagamento, ele mandava o nome do consumidor para o SERASA: não pode. Caso que continua acontecendo é o envio de cartão de crédito Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 42 112 ==3744a9== 41 pelo banco, sem solicitação, com cobrança de anuidade. O STJ, na Súmula 532, entende que constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. Sendo assim, a afirmativa A está correta e é o gabarito da questão. 9. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) Acerca da oferta de produtos e serviços e sua publicidade, o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/1990) prescreve que (A) o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. (B) o fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. (C) os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição até seis meses após a fabricação ou a importação do produto. (D) O fornecedor, na publicidade de seus produtos, não tem o dever de manter, em seu poder, para informação de interessados, os dados fáticos que dão sustentação à mensagem. Comentários A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Quem tem mais facilidade para provar que a publicidade é (in)correta ou (in)verídica? Quem a produziu, claro, e não o consumidor. Esse é o sentido do art. 38: "O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina". O dispositivo determina que cabe a quem patrocina a publicidade o ônus da prova, ou seja, cabe ao fornecedor provar a veracidade da informação e que a mesma está correta. Segundo o STJ, as empresas de comunicação não respondem por publicidade e propostas abusivas ou enganosas, porque essa responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram (REsp. 604.172/SP). Também já entendeu o STJ que é possível o redirecionamento da condenação de veicular contrapropaganda imposta a matriz à sua filial. Ainda que possuam CNPJ diversos e autonomia administrativa e operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a pessoa jurídica como um todo. Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a consumidores é extensível às filiais (REsp 1.655.796/MT). A alternativa B está incorreta. Ao contrário, a responsabilidade é solidária: "Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos". O fornecedor utiliza dos serviços de terceiros para realizar suas atividades no mercado de consumo, por isso, muitas vezes o fornecedor tenta se esconder por trás das relações jurídicas privadas para não se responsabilizar, alegando que o dano foi causado por terceiro. O art. 34 prevê que isso não pode acontecer, visto que a responsabilidade é solidária. Assim, o legislador objetivou proteger o consumidor, considerado o elo mais fraco da relação de consumo, que poderá exigir a reparação do dano do produto ou serviço tanto do fornecedor, quanto de seus prepostos ou representantes autônomos. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 43 112 42 Além disso, o STJ entende que há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de fornecimento por vício no produto adquirido pelo consumidor. Os integrantes da cadeia de consumo, em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, não cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes (REsp 1.684.132/CE). A alternativa C está incorreta. Mesmo que cessada a fabricação, deve haver ainda fornecimento de peças de reposição por prazo razoável. É a previsão do art. 32: "Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei". O dispositivo demonstra a necessidade de muitos produtos precisarem de componentes e peças de reposição para continuarem funcionando enquanto esse fornecimento estiver sendo importado ou fabricado para o consumidor. Podem ser peças que se quebram com certa frequência, como a tela dos celulares, ou peças que sofrem desgaste com o uso e exigem substituição, como nos automóveis. Visto isso, ao fabricantes e importadores ficam obrigados a fornecer as peças do celular ou do carro também. Não obstante, após cessada a produção ou importação, os fabricantes ou fornecedores devem manter a oferta por um período razoável, ainda que esse período não seja especificado no dispositivo. A alternativa D está incorreta. Trata-se do art. 36, parágrafo único: "O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem". É necessário que o consumidor, identifique a propaganda a propaganda como tal assim que tiver acesso a ela, por ser vulnerável diante do mercado de consumo e muitas vezes não entender que determinada informação sobre um produto ou serviço é, na verdade, uma propaganda. O consumidor, hipossuficiente, muitas vezes tem dificuldade em distinguir o mero elogio despretensioso a um produto de uma publicidade mascarada. Por isso, o fornecedor deve manter os dados que caucionam a mensagem informada, para esclarecer os possíveis interessados no produto ou serviço. 10. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) O Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/1990) trata, entre outras temáticas, das práticas abusivas ao consumidor. Sobre tais práticas, é correto afirmar que ao fornecedor de produtos ou serviços (A) é vedado exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, salvo se apresentar fundamentação expressa. (B) é permitido aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (C) é permitido, em todo caso, executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor. (D) é vedado elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. Comentários A alternativa A está incorreta. O fornecedor não pode exigir vantagem excessiva do consumidor, sob pena de desvirtuamento do mercado de consumo, como prevê o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva". Não há exceção, como mencionado na alternativa. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 44 112 43 O consumidor é a parte mais vulnerável da cadeia de consumo, por isso, o CDC estabeleceu que é seu direito básico a proteção contra cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais, podendo estas seremmodificadas, além disso, lhe é assegurada a reparação de danos patrimoniais, segundo o art. 6º do CDC. Sob essa conjuntura, o fato de se exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva constitui prática abusiva, visto que o fornecedor pode gerar enriquecimento sem causa. A alternativa B está incorreta. Há, aí, evidente violação ao princípio da força obrigatória dos contratos, expressamente proibida pelo art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido". O fornecedor de produtos ou serviços não pode alterar, de maneira tendenciosa, aquilo que se foi pactuado. Por isso, adotar fórmula ou índice de reajuste que diverge do que se estabeleceu em contrato ou da lei, é uma prática considerada abusiva. A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 39, exige-se orçamento prévio, exceto se houver relações contratuais prévias entre as partes: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes". O fornecedor não pode executar serviços sem que antes haja uma elaboração do orçamento e que o consumidor manifeste o consentimento, de modo que o orçamento é obrigatório, com a exceção de casos extremos. Desse modo, o orçamento obriga as partes e somente pode ser alterado por uma nova negociação. Justamente para que o fornecedor de serviços não apareça com um preço elevadíssimo e impagável existe essa norma. Ou para que ele não venha com serviços extras imprevistos, de modo a escorchar o consumidor, aos poucos. O próprio STJ (REsp 332.869) tem julgado a respeito, estabelecendo de maneira inequívoca que não pode o fornecedor realizar cobrança de valores se esses valores não estavam discriminados em orçamento prévio e aprovado pelo consumidor. A própria regra excepciona a situação em que as partes já travam relações frequentes, situação na qual elas têm um histórico de transações. A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Não pode o fornecedor elevar preços sem justa causa, determina o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços". O abuso do poder econômico, bem como o aumento arbitrário dos lucros, é uma prática reprimida constitucionalmente, além disso, a elevação sem justa causa de produtos ou serviços caminha no mesmo sentido do inciso V, que proíbe a vantagem manifestamente excessiva sobre o consumidor. O CDC visa, de várias maneiras, evitar que o consumidor seja prejudicado, diante da sua vulnerabilidade no mercado de consumo. Veja que, o fornecedor pode cobrar valores diferentes pelo mesmo produto, por conta da forma de pagamento, visto que o art. 1º da Lei 13.455/2017 permite a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Assim, pode o fornecedor cobrar, por exemplo, R$199 pelo produto, pagando-se no cartão de crédito, e R$179 com pagamento à vista, em dinheiro. Ainda assim, o art. 39, inc. X, do CDC ainda se aplica a vários casos. Exemplos são vendavais que atingem uma cidade e, no dia seguinte, o preço das folhas de telhas de fibrocimento onduladas (Eternit) Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 45 112 44 triplicam; álcool-gel que fica dez vezes mais caro no dia seguinte à decretação de quarentena pelo coronavírus pelo governo. Por isso, o fornecedor não pode simplesmente aumentar seus preços sem nenhum fundamento, visando apenas potencializar seus lucros, aproveitando-se de um momento vulnerável do consumidor. 11. (VUNESP - Câmara de Nova Odessa - SP - 2018) De acordo com o posicionamento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, assinale a assertiva correta. (A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação do consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. (B) A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo. (C) Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor depois de proceder à inscrição. (D) As instituições de ensino superior respondem subjetivamente pelos danos suportados pelo aluno/ consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação. (E) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, bem como nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. Comentários: A alternativa A está incorreta. A Súmula 404 do STJ pacificou o entendimento: "É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros ". Necessário avisar, mas não com AR. Ao tratar do tema "Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores" o CDC (Código de Defesa do Consumidor) estabelece em seu art. 43, parágrafo 2º que:" a abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele ". Do que se vê, de acordo com a legislação consumerista, o que se impõe é a comunicação prévia e por escrito, ao consumidor, da negativação do seu nome, pelas entidades de proteção ao crédito. Em nenhum momento, a norma exige que essa se dê por meio de AR (Aviso de Recebimento). Esse é o entendimento adotado pelo Poder Judiciário brasileiro: REsp nº. 470.477: "Exige-se, apenas, que a notificação se dê por escrito, comprovando a administradora a emissão da notificação prévia para o endereço fornecido pela credora associada. Esta prova é válida e capaz de afastar o direito à condenação por danos morais". A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Prevê a Súmula 550 do STJ: "A utilização de escore DE CRÉDITO, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo". Se trata de uma prática comercial lícita, assim, o sistema de escore de crédito é um método criado a fim de se analisar o risco para a concessão de crédito. Essa prática é autorizada pela lei do cadastro positivo, de modo que essa avaliação ocorre a partir de modelos estatísticos, considerando as diversas variáveis, então, se dá uma nota do risco de crédito para determinado consumidor, que se atribui uma pontuação de acordo com a avaliação. Ainda que essa prática ocorra independentemente do consentimento do Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 46 112 45 consumidor, as fontes dos dados considerados (histórico de crédito) e as informações pessoas apreciadas, devem ser fornecidas a ele caso requisitadas. A alternativa C está incorreta. A notificação deve ser prévia, determina a Súmula 359 do STJ: “Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor ANTES DE PROCEDER À INSCRIÇÃO”. O órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito deve notificar o devedor antes de proceder à inscrição, conforme a Súmula 359 do STJ. Mas, de toda forma, é dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativaçãode seu nome em bancos de dados e cadastros (Súmula 404 do STJ). Logo, segundo entendimento do STJ "a comunicação ao consumidor sobre a inscrição de seu nome nos registros de proteção ao crédito constitui obrigação do órgão responsável pela manutenção do cadastro e não do credor, que apenas informa a existência da dívida." A alternativa D está incorreta. Veja o que a Súmula 595 do STJ prevê: “As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno pela realização de curso não reconhecido pelo ministério da educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação”. É responsável objetivamente a instituição de ensino superior que não providencia a regularização de curso superior a fim de que o mesmo seja reconhecido pelo Ministério da Educação, quando o aluno e consumidor não tinha informação específica e adequada sobre isso. Tendo em vista o dano moral causado por obter diploma em curso que não é reconhecido, e não poder exercer o ofício no qual tinha expectativa que realizaria atividade profissional, o aluno e consumidor tem direito à indenização por dano moral. A alternativa E está incorreta. A Súmula 563 do STJ assim dispõe: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas”. Existem duas espécies de entidade de previdência privada (entidade de previdência complementar): as entidades de previdência privada abertas e as fechadas. As entidades fechadas são operadoras de plano(s) de benefícios, constituídas na forma de sociedade civil ou a fundação, e sem fins lucrativos, mantidas por grandes empresas ou grupos de empresa, para oferecer planos de previdência privada aos seus funcionários ou associados. Essas entidades são conhecidas como “fundos de pensão”. Os planos não podem ser comercializados para quem não é funcionário daquela empresa. O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou assistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/8/2015. Entidades fechadas não se amoldam à definição de fornecedor (art. 3º do CDC). As entidades fechadas de previdência privada não comercializam os seus benefícios ao público em geral nem os distribuem no mercado de consumo, não podendo, por isso mesmo, ser enquadradas no conceito legal de fornecedor. Além disso, não há remuneração pela contraprestação dos serviços prestados e, consequentemente, a finalidade não é lucrativa, já que o patrimônio da entidade e respectivos rendimentos, auferidos pela Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 47 112 46 capitalização de investimentos, revertem-se integralmente na concessão e manutenção do pagamento de benefícios aos seus participantes e assistidos. 12. (INAZ do Pará - CRF-SC - 2018) À luz do Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078/1990, pode-se afirmar que está incorreta a alternativa: (A) A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. (B) O fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. (C) É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. (D) O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. (E) É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. Comentários A alternativa A está correta. Veja o que diz o art. 36: "A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal". É necessário que o consumidor, identifique a propaganda a propaganda como tal assim que tiver acesso a ela, por ser vulnerável diante do mercado de consumo e muitas vezes não entender que determinada informação sobre um produto ou serviço é, na verdade, uma propaganda. O consumidor, hipossuficiente, muitas vezes tem dificuldade em distinguir o mero elogio despretensioso a um produto de uma publicidade mascarada. Ademais, o merchan das subcelebridades nas redes sociais segue a mesma lógica; não é o produto que eu vendo, mas sim o produto que eu recomendo; ou seja, é a “aparição de produtos no vídeo, no áudio ou nos outros artigos impressos, em sua situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da marca”, como diz Antonio Herman Benjamin. Nesse sentido, o CONAR tenta coibir esse tipo de prática (o uso da hashtag #merchan mostra a tentativa de evitar desinformação). A finalidade do dispositivo é permitir que o consumidor saiba que a mensagem é destinada para ele. A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. Ao contrário, a responsabilidade é solidária: "Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos". O fornecedor utiliza dos serviços de terceiros para realizar suas atividades no mercado de consumo, por isso, muitas vezes o fornecedor tenta se esconder por trás das relações jurídicas privadas para não se responsabilizar, alegando que o dano foi causado por terceiro. O art. 34 prevê que isso não pode acontecer, visto que a responsabilidade é solidária. Assim, o legislador objetivou proteger o consumidor, considerado o elo mais fraco da relação de consumo, que poderá exigir a reparação do dano do produto ou serviço tanto do fornecedor, quanto de seus prepostos ou representantes autônomos. Além disso, o STJ entende que há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de fornecimento por vício no produto adquirido pelo consumidor. Os integrantes da cadeia de consumo, em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, não Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 48 112 47 cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes (REsp 1.684.132/CE). A alternativa C está correta. É a literalidade do caput do art. 37: "É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva". Diante de um mercado consumidor que visa vender seus produtos e serviços de forma intensa para o maior número de consumidores, a propaganda é um meio cada vez mais utilizado para difundir as informações, com técnicas persuasivas dos meios de comunicação. Por isso a propaganda é de extrema importância para o consumidor que torna seus produtos e serviços conhecidos, mas o CDC exige certos requisitos para proteger os direitos consumeristas. Desse modo, o CDC proíbe as propagandas enganosas ou abusivas, considerando que o consumidor é o elo mais fraco da cadeia de consumo, e não deve ser enganado ou instigado ao erro por uma propaganda enganosa ou abusiva, que de alguma forma prejudique seus interesses. A alternativa D está correta. Quem tem mais facilidade para provar que a publicidade é (in)correta ou (in)verídica? Quem a produziu, claro, e não o consumidor. Esse é o sentido do art. 38: "O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina". O dispositivo determina que cabe a quem patrocina a publicidade o ônus da prova, ou seja, cabe ao fornecedor provar a veracidade da informação e que a mesma está correta. Segundo o STJ, as empresas de comunicação não respondem por publicidade e propostas abusivas ou enganosas, porque essa responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram (REsp. 604.172/SP). Também já entendeu o STJ que é possível o redirecionamento da condenação de veicular contrapropagandaou serviços assegurem informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Em resumo, sem omissões, letras miúdas ou qualquer tipo de malandragem na hora de oferecer o produto ou serviço. Corretas são as informações verdadeiras, não falseadas pelo fornecedor. Claras são as informações que não exigem grande esforço para serem compreendidas. Precisas são as informações que permitem compreender o produto ou serviço de maneira plena (na medida do possível), sem escassez ou que sejam prolixas. Ostensivas são as informações que ficam evidentes, de fácil percepção, como o preço do produto exposto em vitrine. 1 Em língua portuguesa porque não se admite que o produto seja fornecido em língua estrangeira, impedindo a compreensão do consumidor. Isso, claro, não impede que o produto tenha rótulos em mais de uma língua (muito comum que esteja em português e espanhol, por exemplo). Também não impede que certos produtos sejam vendidos na língua originária, como uma loja de produtos importados, ou uma seção de uma loja com produtos exclusivamente importados. Se a oferta estiver contida em produtos refrigerados, devem ser gravadas de forma indelével, ou seja, que não pode ser apagada, conforme exige o parágrafo único do art. 31. Isso se explica para evitar adulteração de produtos refrigerados ou que certas informações se percam no processo de degelo, trazendo risco ao consumidor, especialmente porque esse tipo de produto costuma ser de perecimento mais rápido. As informações dos produtos e serviços podem ser classificadas em: 1 A respeito do tema, atente para o art. 7º, caput e §§, da Lei 5.903/2006. Segundo esse dispositivo, na hipótese de utilização do código de barras para apreçamento, os fornecedores devem disponibilizar, na área de vendas, para consulta de preços pelo consumidor, equipamentos de leitura ótica em perfeito estado de funcionamento. Esses leitores óticos devem ser indicados por cartazes suspensos que informem a sua localização, bem como observada a distância máxima de quinze metros entre qualquer produto e a leitora ótica mais próxima. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 5 112 4 Estabelece o STJ (REsp 586.316/MG) que, embora toda advertência seja informação, nem toda informação é advertência; quem informa nem sempre adverte. Por isso, mesmo nos casos citados anteriores (seção de importados do mercado), a informação advertência tem de vir expressa em língua portuguesa. Veja uma passagem desse julgado: No campo da saúde e da segurança do consumidor (e com maior razão quanto a alimentos e medicamentos), em que as normas de proteção devem ser interpretadas com maior rigor, por conta dos bens jurídicos em questão, seria um despropósito falar em dever de informar baseado no homo medius ou na generalidade dos consumidores, o que levaria a informação a não atingir quem mais dela precisa, pois os que padecem de enfermidades ou de necessidades especiais são frequentemente a minoria no amplo universo dos consumidores. O fornecedor tem o dever de informar que o produto ou serviço pode causar malefícios a um grupo de pessoas, embora não seja prejudicial à generalidade da população, pois o que o ordenamento pretende resguardar não é somente a vida de muitos, mas também a vida de poucos. É por isso, que a Lei 10.674/2003 obriga que os produtos alimentícios comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca. Essa advertência deve ser impressa nos rótulos e embalagens dos produtos em caracteres com destaque, nítidos e de fácil leitura. Para o STJ, o fornecedor de alimentos deve complementar a informação-conteúdo contém glúten com a informação-advertência de que o glúten é prejudicial à saúde dos consumidores com doença celíaca (REsp 1.515.895-MS). A Súmula 595 do STJ reconhece que informações importantes devem estar adequadamente informadas, e não apenas genericamente, como no caso de reconhecimento de Curso Superior. Veja o enunciado: “As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo • Características intrínsecas do produto e serviço Informação-conteúdo • Como se usa o produto ou serviço Informação-utilização • Custo, formas e condições de pagamento Informação-preço • Riscos do produto ou serviço Informação-advertência Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 6 112 5 aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação”. Sabidamente, outros produtos precisam de peças de reposição para continuarem funcionando. Ou porque são peças que se quebram com certa frequência, como a tela dos celulares, ou porque são peças que sofrem desgaste com o uso e exigem substituição, como nos automóveis. Uma vez que vendi um celular ou um carro, não seria adequado que eu também fornecesse as peças? Evidentemente. Por isso, o art. 32 regula essa situação: os fabricantes e importadores devem assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. E depois que acabar a produção ou importação, não precisa mais? Mais ou menos, porque o parágrafo único prevê que cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei. Ocorre que a tal da lei nunca foi feita. O PL 338/2015 da Câmara dos Deputados até tentou, mas a regulação ainda não vingou. Por isso, o entendimento é de que se deve utilizar o tempo de vida útil médio do produto. 2 Uma vez feita a oferta, o fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos, determina o art. 34. O que isso significa? Que o fornecedor não pode se esconder por detrás de intrincadas relações jurídicas privadas para não se responsabilizar pela oferta, como ocorre nos contratos regulados pelo Direito Civil ou pelo Direito Empresarial. Assim, se compro uma televisão da Samsung no Carrefour, sendo que há um funcionário com uma camiseta da Samsung, oferecendo uma promoção da fábrica, pode o fabricante, depois, dizer que não se responsabiliza pela oferta, alegando que comprei no mercado? Ou o mercado alegar que não se responsabiliza porque a oferta era da Samsung? Não, já que há responsabilidade solidária nessa oferta. 2 Por exemplo, o celular. Quanto tempo você costuma ficar com o mesmo celular? O tempo de vida útil média de um celular é de 3 anos, ainda que várias pessoas fiquem por mais tempo com ele. Não é razoável, ainda que alguns pessoas desejassem, que o fabricante de celulares produzisse peças de reposição por mais tempo. Isso se agrava pela cultura da descartabilidade, típica de nossa modernidade líquida. Cada vez mais as pessoas querem ficar menos com as coisas. Celulares, roupas, carros, casas e até relacionamentos, nossas sociedade preza por substituir as coisas, ter coisas novas, sempre. Daí não dá pra exigir que a Apple tenha peças de reposição para o primeiro iPhone. Entra em jogo aí outra discussão, a obsolescência programada. Produtos de tecnologia cutting-edge, softwares e outros tantos produtos são criados justamente para que o consumidor os descarte em prazos cada vez menores. Há, aqui, uma questão à la ovo ou galinha: compramos novos produtos porque os antigos estão obsoletos ou os antigos estão obsoletos porque compramos novos produtos? Ou seja, os fornecedores forçam a obsolescência ou somos nós mesmos que oimposta a matriz à sua filial. Ainda que possuam CNPJ diversos e autonomia administrativa e operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a pessoa jurídica como um todo. Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a consumidores é extensível às filiais (REsp 1.655.796/MT). A alternativa E está correta. Não pode o fornecedor elevar preços sem justa causa, determina o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços". O abuso do poder econômico, bem como o aumento arbitrário dos lucros, é uma prática reprimida constitucionalmente, além disso, a elevação sem justa causa de produtos ou serviços caminha no mesmo sentido do inciso V, que proíbe a vantagem manifestamente excessiva sobre o consumidor. O CDC visa, de várias maneiras, evitar que o consumidor seja prejudicado, diante da sua vulnerabilidade no mercado de consumo. Veja que, o fornecedor pode cobrar valores diferentes pelo mesmo produto, por conta da forma de pagamento, visto que o art. 1º da Lei 13.455/2017 permite a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Assim, pode o fornecedor cobrar, por exemplo, R$199 pelo produto, pagando-se no cartão de crédito, e R$179 com pagamento à vista, em dinheiro. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 49 112 48 Ainda assim, o art. 39, inc. X, do CDC ainda se aplica a vários casos. Exemplos são vendavais que atingem uma cidade e, no dia seguinte, o preço das folhas de telhas de fibrocimento onduladas (Eternit) triplicam; álcool-gel que fica dez vezes mais caro no dia seguinte à decretação de quarentena pelo coronavírus pelo governo. Por isso, o fornecedor não pode simplesmente aumentar seus preços sem nenhum fundamento, visando apenas potencializar seus lucros, aproveitando-se de um momento vulnerável do consumidor. 13. (UFG - SANEAGO - GO - 2018) L. B. possui um carro da marca X que se encontra fora da garantia e vem apresentando vários problemas. Sendo assim, L.B se desloca a uma oficina mecânica e solicita um orçamento para consertar o seu veículo. O dono da oficina entregou orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, como também o pagamento e a duração e término do serviço. L. B. pegou o orçamento e decidiu pensar. Nos termos do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/1990), o fornecedor, visto não ter pactuado prazo diferente com o consumidor, se obriga a manter o preço do orçamento por quantos dias, contados do recebimento deste orçamento pelo consumidor? (A) Cinco dias. (B) Dez dias. (C) Quinze dias. (D) Trinta dias. Comentários A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O prazo de validade do orçamento previsto pelo art. 40, §1º, é de 10 dias: "Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de 10 dias, contado de seu recebimento pelo consumidor. O CDC exige o prévio orçamento do fornecedor, a respeito do valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos que serão utilizados, mas ainda assim dependerá do consentimento do consumidor para que o serviço seja iniciado. Assim, após o consumidor autorizar o orçamento ofertado, o fornecedor pode realizar o serviço, informando as datas de início e término, bem como as formas de pagamento. No caso de o serviço ser realizado sem autorização do consumidor, será utilizada a regra do art. 39, parágrafo único, que estabelece que se equiparam às amostras grátis o serviço que não foi solicitado. Ademais, se não estiver sido convencionado de maneira diversa, o valor orçado tem validade de 10 dias, contado o prazo de seu recebimento pelo consumidor. As alternativas A, C, D e E estão incorretas, consequentemente. 14. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) Nos termos do Código de Defesa do Consumidor, é considerada enganosa a publicidade (A) que incite à violência. (B) que desrespeita valores ambientais. (C) discriminatória de qualquer natureza. (D) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência de crianças. (E) falsa. Comentários As alternativas A, B, C e D estão incorretas. Há aí uma pegadinha! Estabelece o art. 37, §1°: "É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 50 112 49 e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços". Abusivas são as práticas previstas no art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador. A propaganda que incite à violência, ou que utilize de alguma superstição dos possíveis interessados para convencê-lo a comprar o produto ou serviço é considerada abusiva. Propagandas que, de algum modo, incentivam o estupro, a violência contra raça, gênero, sexualidade, deficiência, entre outras, é igualmente considerada abusiva. A "Bud Light" trouxe em seu rótulo a seguinte mensagem, em 2015: "The perfect beer for removing "No" from your vocabulary for the night", que se traduz em "a cerveja perfeita para remover o "não" do seu vocabulário para a noite". A campanha recebeu diversas críticas por remeter ao estupro, de modo que se visualiza um exemplo de propaganda abusiva. Ainda se encaixam aquelas que se aproveitam da inexperiência das crianças ou desrespeitam o meio ambiente, em geral, que seja prejudicial aos interesses consumeristas. É abusiva a propaganda do Cogumelo do Sol, que prometia, depois da utilização durante seis meses, a cura de um câncer devido às suas propriedades terapêuticas e medicinais, que agiriam na parte imunológica do organismo, diminuindo as células cancerígenas (REsp 1.329.556). A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Estabelece o art. 37, §1°: "É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços". É enganosa, toda publicidade sobre um produto ou serviço que, de alguma forma, induz o consumidor ao erro no mercado de consumo. Pois, apesar de ser lícito existir um certo exagero às propagandas, como dizer que se vende o carro mais desejado desde o Egito antigo (informação subjetiva e com ar jocoso), por outro lado, não é lícito dizer que se vende o carro mais econômico da categoria, se o fabricante não puder provar o fato (informação objetiva e com ar científico), isso constitui publicidade enganosa. A publicidade pode ser enganosa por ação e por omissão; publicidade enganosa comissiva ou ativa e publicidade enganosa omissiva. Há propaganda enganosa quando montadora de veículos entrega à imprensa especializada informações erradas sobre veículo prestes a ser lançado no mercado, indicando que itens de luxo seriam disponibilizados de série, na versão básica, para estimular a compra antecipada (REsp 1.546.170 – Caso Hyundai i30). 15. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA: (A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta decomunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. (B) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. (C) Acerca da contratação no comércio eletrônico, nos termos do Decreto nº 7.962/2013, o fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor, sendo que o consumidor poderá exercer esse direito pela mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados, contudo implica a rescisão dos contratos acessórios, com ônus para o consumidor. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 51 112 50 (D) O consumidor poderá desistir do contrato, no prazo de cinco dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, e os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato. Comentários A alternativa A está incorreta. A Súmula 404 do STJ pacificou o entendimento: "É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros ". Necessário avisar, mas não com AR. Ao tratar do tema "Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores" o CDC (Código de Defesa do Consumidor) estabelece em seu art. 43, parágrafo 2º que:" a abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele ". Do que se vê, de acordo com a legislação consumerista, o que se impõe é a comunicação prévia e por escrito, ao consumidor, da negativação do seu nome, pelas entidades de proteção ao crédito. Em nenhum momento, a norma exige que essa se dê por meio de AR (Aviso de Recebimento). Esse é o entendimento adotado pelo Poder Judiciário brasileiro: Resp nº. 470.477: "Exige-se, apenas, que a notificação se dê por escrito, comprovando a administradora a emissão da notificação prévia para o endereço fornecido pela credora associada. Esta prova é válida e capaz de afastar o direito à condenação por danos morais". A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A Súmula 563 do STJ assim dispõe: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas”. Existem duas espécies de entidade de previdência privada (entidade de previdência complementar): as entidades de previdência privada abertas e as fechadas. As entidades fechadas são operadoras de plano(s) de benefícios, constituídas na forma de sociedade civil ou a fundação, e sem fins lucrativos, mantidas por grandes empresas ou grupos de empresa, para oferecer planos de previdência privada aos seus funcionários ou associados. Essas entidades são conhecidas como “fundos de pensão”. Os planos não podem ser comercializados para quem não é funcionário daquela empresa. O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou assistidos de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em situações que não sejam regulamentadas pela legislação especial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/8/2015. Entidades fechadas não se amoldam à definição de fornecedor (art. 3º do CDC). As entidades fechadas de previdência privada não comercializam os seus benefícios ao público em geral nem os distribuem no mercado de consumo, não podendo, por isso mesmo, ser enquadradas no conceito legal de fornecedor. Além disso, não há remuneração pela contraprestação dos serviços prestados e, consequentemente, a finalidade não é lucrativa, já que o patrimônio da entidade e respectivos rendimentos, auferidos pela capitalização de investimentos, revertem-se integralmente na concessão e manutenção do pagamento de benefícios aos seus participantes e assistidos. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 52 112 51 A alternativa C está incorreta. O art. 5º, §2º do Decreto 7.962/2013 traz a seguinte redação: "O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios, sem qualquer ônus para o consumidor". Seguindo uma das regras utilizadas pelo Código Civil "o acessório segue o principal" o direito de arrependimento incide na quebra dos contratos acessórios sem qualquer ônus para o consumidor, logo, aqueles contratos que derivam do principal também serão rescindidos. A alternativa D está incorreta. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio". É muito comum imaginar que um produto seja de um jeito ao vê-lo na internet e pessoalmente se decepcionar com algo que não esperava. O dispositivo estabelece que o prazo é de 7 dias para desistir do contrato quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. A parte final do art. 49 menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje, claro, isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 53 112 52 LISTA DE QUESTÕES Práticas comerciais (arts. 29 a 45) Bancas sortidas 1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) AN é bancária e recebe, mensalmente, plano de metas para realizar com a sua clientela ou com novos clientes que venha a consolidar. Muitos dos seus clientes são idosos que percebem razoável remuneração de aposentadoria e pensões. Mirando nesse nicho, ela contata os indivíduos e, com sua competência verbal, consegue realizar inúmeros contratos e bater as metas exigidas. Alguns dos seus clientes, no entanto, após verificar que o saldo disponível em suas contas não permite o pagamento de suas despesas básicas, apresentam reclamação à Diretoria do banco. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, constitui prática abusiva prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua (A) familiaridade (B) generosidade (C) liberdade (D) amizade (E) idade 2. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Sobre os bancos de dados e cadastros de consumidores, previstos no artigo 43 e parágrafos do Código de Defesa do Consumidor, analise as afirmativas: I. Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a três anos. II. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de quinze dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. III. Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. IV. Consumada a prescrição relativaà cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. Está correto o que se afirma em: (A) Apenas II; III e IV. (B) Apenas I e IV. (C) Apenas III e IV. (D) Apenas II e III. (E) Apenas I; III e IV. 3. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Estabelece o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor que “Toda informação ou publicidade, __________, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.” Assinale a alternativa que completa corretamente o espaço acima: (A) Objetiva e clara. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 54 112 53 (B) Necessária e objetiva. (C) Objetiva o suficiente. (D) Suficientemente clara e objetiva. (E) Suficientemente precisa. 4. (UFMT - Prefeitura de Rondonópolis - MT - 2019) Quanto à responsabilidade do fornecedor de produto ou serviço na relação jurídica de consumo, assinale a assertiva INCORRETA. (A) O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. (B) A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. (C) A solidariedade existente entre os integrantes da cadeia de fornecimento de bens e serviços serve de fundamento legal da responsabilidade por danos causados nas relações empresárias no interior dessa cadeia. (D) É objetiva a responsabilidade do fornecedor pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes sobre sua fruição e riscos. 5. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Segundo o CDC, é enganosa a publicidade (A) capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial à sua saúde. (B) que incite à violência. (C) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança. (D) que desrespeite valores ambientais. (E) capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito das características, da qualidade e da quantidade de um produto. 6. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, toda informação ou publicidade suficientemente precisa vincula o fornecedor. Assim, na hipótese de recusa no cumprimento da oferta ou publicidade, o consumidor poderá (A) aceitar outro produto ou prestação de serviço, ainda que não equivalente. (B) rescindir o contrato, com direito à restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, mas sem direito a perdas e danos. (C) rescindir o contrato, sem direito à restituição da quantia paga. (D) exigir o cumprimento forçado da obrigação, com direito a produto ou serviço com qualidade superior aos termos da oferta ou publicidade. (E) exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos da oferta ou publicidade. 7. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, é permitido ao fornecedor de produtos ou serviços, sem que sua conduta seja considerada como prática abusiva, (A) enviar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto. (B) recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque e, ainda, em conformidade com os usos e costumes. (C) condicionar o fornecimento de um produto ao fornecimento de outro produto ou serviço. (D) proibir o ingresso, em estabelecimentos comerciais, de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (E) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e a autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes. 8. (COPEVE - Prefeitura de Porto Calvo - AL - 2019) O Código de Defesa do Consumidor estabelece normas voltadas à proteção e defesa do consumidor, entre elas as que vedam práticas tidas como abusivas. Considera-se uma prática abusiva, segundo o Código de Defesa do Consumidor: Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 55 112 54 I. repassar ao consumidor, no preço do produto ou serviço, o custo de impostos ou taxa cobrados do comerciante; II. recusar substituição do produto por outro da mesma espécie, por livre escolha do consumidor; III. recusar atendimento às demandas dos consumidores, por indisponibilidade de estoque; IV. Enviar ao consumidor produto sem prévia solicitação. Dos itens, verifica-se que está(ão) correto(s) (A) IV, apenas. (B) I e IV, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I, II e III, apenas. (E) I, II, III e IV. 9. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) Acerca da oferta de produtos e serviços e sua publicidade, o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/1990) prescreve que (A) o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. (B) o fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. (C) os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição até seis meses após a fabricação ou a importação do produto. (D) O fornecedor, na publicidade de seus produtos, não tem o dever de manter, em seu poder, para informação de interessados, os dados fáticos que dão sustentação à mensagem. 10. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) O Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/1990) trata, entre outras temáticas, das práticas abusivas ao consumidor. Sobre tais práticas, é correto afirmar que ao fornecedor de produtos ou serviços (A) é vedado exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, salvo se apresentar fundamentação expressa. (B) é permitido aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (C) é permitido, em todo caso, executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor. (D) é vedado elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. 11. (VUNESP - Câmara de Nova Odessa - SP - 2018) De acordo com o posicionamento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, assinale a assertiva correta. (A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação do consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. (B) A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo. (C) Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor depois de proceder à inscrição. (D) As instituições de ensino superior respondem subjetivamente pelos danos suportados pelo aluno/ consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação. (E) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, bem como nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. 12. (INAZ do Pará - CRF-SC - 2018) À luz do Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078/1990, pode- se afirmar que está incorreta a alternativa: Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 56 112 ==3744a9== 55 (A) A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. (B) O fornecedor do produto ou serviçoé subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. (C) É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. (D) O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. (E) É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. 13. (UFG - SANEAGO - GO - 2018) L. B. possui um carro da marca X que se encontra fora da garantia e vem apresentando vários problemas. Sendo assim, L.B se desloca a uma oficina mecânica e solicita um orçamento para consertar o seu veículo. O dono da oficina entregou orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, como também o pagamento e a duração e término do serviço. L. B. pegou o orçamento e decidiu pensar. Nos termos do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/1990), o fornecedor, visto não ter pactuado prazo diferente com o consumidor, se obriga a manter o preço do orçamento por quantos dias, contados do recebimento deste orçamento pelo consumidor? (A) Cinco dias. (B) Dez dias. (C) Quinze dias. (D) Trinta dias. 14. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) Nos termos do Código de Defesa do Consumidor, é considerada enganosa a publicidade (A) que incite à violência. (B) que desrespeita valores ambientais. (C) discriminatória de qualquer natureza. (D) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência de crianças. (E) falsa. 15. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA: (A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. (B) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas. (C) Acerca da contratação no comércio eletrônico, nos termos do Decreto nº 7.962/2013, o fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor, sendo que o consumidor poderá exercer esse direito pela mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados, contudo implica a rescisão dos contratos acessórios, com ônus para o consumidor. (D) O consumidor poderá desistir do contrato, no prazo de cinco dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, e os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato. GABARITO 1. E 2. C Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 57 112 56 3. E 4. C 5. E 6. E 7. D 8. A 9. A 10. D 11. B 12. B 13. B 14. E 15. B Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 58 112 57 Capítulo VI – Proteção contratual Dois são os núcleos das relações de consumo, tradicionalmente: os contratos e a responsabilidade civil. Basicamente, a relação consumidor-fornecedor se dá por contato ou por contrato. A responsabilidade por contato se dá, em geral, quando o consumidor, apesar de não contratar, participa das relações consumeristas de outras formas. O CDC traz proteção ao consumidor por contato quando, por exemplo, protege o bystander (consumidor equiparado porque vítima de acidente de consumo) ou protege o consumidor quanto a práticas de publicidade. A responsabilidade por contrato, por sua vez, se vincula à perspectiva mais tradicional das relações consumeristas. Aqui, o consumidor compra um produto ou serviço e participa de uma relação jurídica mais próxima daquela existente na teoria contratual clássica. O CDC, para isso, revisa a teoria clássica, de modo a trazer previsões mais protetivas, que partem, claro, da vulnerabilidade intrínseca do consumidor. Seção I – Disposições gerais 1 – Obrigatoriedade contratual Um dos pilares da teoria contratual é o princípio do pacta sunt servanda. Os contratos têm força obrigatória, ou seja, uma vez pactuado, o contratante é obrigado a cumprir o pacto. Classicamente, inclusive, esse princípio tinha força ainda maior, já que, exceto em casos muito específicos, o contrato deveria ser cumprido à risca, mesmo que significasse a ruína do contratante. Por conta da vulnerabilidade do consumidor, o instrumento contratual não pode ser escrito de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. O próprio contrato não obrigará o consumidor se não for dada a ele a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, prefixa o art. 46. 1 Imagine que o contrato tenha sido celebrado sem que um instrumento tenha sido impresso (contrato sem papel). Como você o provaria? Os meios de prova estão descritos nos arts. 212 e ss. do Código Civil. 1 Não confunda contrato com instrumento contratual. Aqui que se chama de contrato, habitualmente, é, em verdade, apenas o instrumento contratual. Talvez uma analogia religiosa facilite a percepção. Muitas pessoas falam Senhor, que eu seja o instrumento da sua vontade. Veja, quando um fiel diz isso, ele não está se transformando na entidade divina em si, mas, sim, sendo um canal dessa entidade. O mesmo ocorre com o contrato (e a analogia é proposital, porque o elemento espiritual, metafísico, em verdade, sempre foi central na teoria contratual). O contrato em si é algo exterior às partes, é algo metafísico; já o pedaço de papel é mero instrumento da vontade dos contratantes. O contrato, portanto, pode existir sem instrumento, como no caso dos contratos verbais. Você me empresta uma caneta para que eu assine um documento; eis aí um contrato verbal de comodato. Sem formalidade, sem papel. A esmagadora maioria dos contratos, inclusive, é feita assim, de maneira simples e praticamente imperceptível (contrato de depósito quando você estaciona o carro no shopping, contrato de transporte quando você passa a catraca do ônibus, contrato de doação quando você dá um biscoito para um colega, contrato de mútuo quando você empresta R$10 para um amigo etc.). Em resumo podemos ter contrato (=negócio jurídico em si) sem instrumento (=papel que materializa o negócio), mas não o inverso, um instrumento sem contrato. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 59 112 58 As cinco formas tradicionais de prova são a confissão, o documento, a testemunha, a presunção e a perícia. Daí vem o tradicional pedido dos advogados, no final das petições iniciais, de produção de provas documental, testemunhal e pericial. O CDC vai além. O art. 48 prescreve que as declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. 2 O que isso significa? Tradicionalmente, todos esses elementos constituem parte da fase pré-contratual, ou seja, aqueles elementos que não constituem ainda um contrato. Se não constituem contrato, não vinculam. A teoria contratual tradicional afasta qualquer valor nas chamadas tratativas preliminares. Apenas mais recentemente passa a haver o reconhecimento de maior vinculatividade também na fase pré-contratual, quando do desenvolvimento mais intenso do princípio da boa-fé objetiva 3 nas relações interprivadas. A quebra da confiança e a justa criação de expectativas é a base dessa mudança. E foi justamente no Direito do Consumidor que o princípio da boa-fé objetiva floresceu rapidamente já no início da década de 1990. Apesar de não terhavido contrato, houve contato entre as partes, de modo 2 Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa. § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. § 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. 3 O princípio da boa-fé objetiva é, certamente, o mais importante da teoria contratual contemporânea. Ele foi sendo desenvolvido lentamente desde os anos 1970, mas a doutrina o desenvolveria de maneira mais profundada nos anos 1980, no Brasil. Seu impacto jurisprudencial se inicia no STJ já no início dos anos 1990, especialmente por obra do Min. Ruy Rosado de Aguiar Jr, um ferrenho defensor do princípio. Muitas decisões relevantes do STJ na primeira metade dos anos 1990 foram tomadas com base no princípio da boa-fé objetiva. Pauta-se ela pela lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas, de modo que as partes tenham comportamento conforme certos padrões (standards) de conduta. Esse é o grande trunfo do princípio da boa-fé objetiva, moldar o comportamento dos contratantes de modo que eles ajam de acordo com standards comportamentais considerados adequados no tráfego jurídico, sendo irrelevantes suas intenções. Os elementos subjetivos, psicológicos, anímicos (=intenção) do contratantes cedem em face dos elementos objetivos, comportamentais, standards (=ação). Em bom português, para a boa-fé objetiva o que importa são as ações, não as intenções. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 60 112 59 que uma delas – o consumidor – cria expectativas e confia na outra – o fornecedor –; confia que aquilo que foi orçado, aquilo que foi prometido, aquilo que foi dito será cumprido. Se tradicionalmente a execução específica das obrigações só era permitida durante a fase contratual, o CDC passa a permitir a execução específica das justas expectativas criadas durante a fase pré-contratual. Assim, protege-se o consumidor antes, durante e depois do contrato (fases pré-contratual, contratual e pós-contratual). 2 – Interpretação contratual O mesmo princípio da boa-fé objetiva também ilumina outra importante mudança trazida pelo CDC relativamente à interpretação contratual. Talvez um dos maiores tormentos dos contratualistas seja precisamente determinar o alcance das cláusulas de um contrato. Uma das partes defende que pretendia dizer X e a outra parte, Y. Por exemplo, uma cláusula contratual que não tenha uma previsão muito clara a respeito de quando se começa a contar o prazo de garantia de uma máquina de embalagens. O fabricante diz que é da entrega da máquina ao empresário, ao passo que o empresário diz que é do início da produção de embalagens. A diferença é importante, porque da entrega para o início da produção se passaram alguns meses (pense naquelas máquinas industriais gigantescas). Quem tem a razão? A teoria contratual estabelece variadas formas de interpretação para um contrato. Pode a interpretação ser gramatical (entender na literalidade linguística), sistemática (entender aquela cláusula em conjunto com outra daquele mesmo contrato), restritiva (limitar o alcance daquela cláusula) etc. O objetivo é o mesmo: tentar fixar os significados do contrato. O art. 423 do Código Civil prevê que quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, deve-se adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Há, aqui, uma tentativa de facilitar o trabalho do intérprete; se a cláusula for ambígua, o que é melhor ao aderente? Essa será a interpretação correta. O art. 47 do CDC vai ainda mais longe. Segundo a norma, as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Ou seja, não importa a cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão; se houver uma cláusula contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor! O alcance da regra é bem mais amplo. O Código Civil restringe a interpretação mais favorável aos contratos de adesão (se o contrato não for de adesão, não vale a regra) e, nestes, aos casos de ambiguidade ou contraditoriedade (se não for ambíguo ou contraditório, não vale a regra). Já o CDC traz, como regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Isso, em termos práticos, é realmente impactante. Pegue o mesmo exemplo que eu dei acima, adaptando-o a uma relação de consumo. Uma das partes defende que pretendia dizer X e a outra parte, Y. Por exemplo, uma cláusula contratual que não tenha uma previsão muito clara a respeito de quando se começa a contar o prazo de garantia de uma máquina doméstica de embalagens. O fabricante diz que é da entrega da máquina ao consumidor, ao passo que o consumidor diz que é do início da produção de Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 61 112 60 embalagens. A diferença é importante, porque da entrega para o início da produção se passa algum tempo. Quem tem a razão? O consumidor e ponto. 3 – Direito de arrependimento Quem nunca? Quem nunca comprou alguma coisa pela internet e, quando recebeu o produto, se arrependeu amargamente da compra? Pode ser aquela camisa xadrez com estilo lumberjack que um dia foi moda, mas que, no corpo, ficou parecendo o Agostinho Carrara; ou aquela calça que prometia ser do seu número, mas que não passa na perna nem se o programa fitness de verão funcionar 100%; ou objeto de decoração que parecia espetacular na mesa do catálogo e que ficou horrível na sua casa. A teoria contratual tradicional diria: pacta sunt servanda. Alguém obrigou você a comprar? Não. Então, paciência; comprou, é seu. O art. 49 estabelece que o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. A parte final do art. 49 menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”. A fixação é meramente exemplificativa, já que essas eram as modalidades mais comuns de venda fora do estabelecimento no final da década de 1980. Hoje, claro, isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. Não importa qual é o produto ou serviço, a regra se aplica. 4 O prazo é chamado de prazo de reflexão, justamente porque, nesse período, o consumidor pode refletir a respeito do produto ou serviço adquirido. O objetivo é evitar as compras por impulso, que são bem comuns na nossa sociedade de consumo de massas. 4 Há polêmica com as passagens aéreas. Isso porque a Resolução 400/2016 da ANAC estabelece regradiferentes, e menos favorável ao consumidor: Art. 11. O usuário poderá́ desistir da passagem aérea adquirida, sem qualquer ônus, desde que o faca no prazo de at é 24 (vinte e quatro) horas, a contar do recebimento do seu comprovante. Parágrafo único. A regra descrita no caput deste artigo somente se aplica às compras feitas com antecedência igual ou superior a 7 (sete) dias em relação à data de embarque. A questão controvertida continua sendo debatida nos tribunais e na doutrina, que, em sua maioria, aponta pela ilegalidade da norma, em face da previsão do art. 49 do CDC. Algumas companhias aéreas até seguem a norma do CDC, permitindo que o consumidor cancele a passagem em até 7 dias da compra, desde que seja respeitado o prazo máximo de cancelamento até a véspera da viagem (assim, se você comprou a passagem aérea as segunda-feira, para uma viagem a ocorrer na sexta-feira, teria até quinta-feira para desistir); outras, porém, seguem a norma da ANAC, limitando o cancelamento a 24h. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 62 112 61 Esse é um direito potestativo, ou seja, não pode ser impedido ou obstado de qualquer forma pelo fornecedor. É também um direito incondicionado, ou seja, não se exige que o consumidor apresente qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. O consumidor exerce e ponto. É ainda um direito ilimitado, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire. Uma vez exercitado o direito de arrependimento, como ficarão os eventuais valores pagos pelo consumidor, antecipadamente? O parágrafo único estabelece que se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. A devolução dos valores tem de ser imediata, pelo que o fornecedor não pode exigir prazos para devolução. 5 O STJ (REsp 1.340.604/RJ) entende que a devolução deve abranger todas as despesas, incluindo o frete. Não é incomum que fornecedores tentem descontar o valor do frete sob a alegação de que o valor não está incluído no preço do produto (e ele chegaria até mim como?) ou de que o valor é devido a terceiros, a transportadora (e desde quando todos os fornecedores entregam seu produto em todos os lugares por meios próprios?). Não importa, a devolução tem de ser do valor integral. 4 – Garantia contratual O art. 26 prevê os prazos de garantia para reclamar de vícios em produtos ou serviços. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; e de 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. O prazo se conta a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços, exceto no caso de vício oculto, no qual o prazo inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Claro, a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor faz suspender esse prazo até que seja dada resposta negativa. Esses prazos são imutáveis? Não seria interessante ao consumidor se ele pudesse contar com mais prazo de garantia? Claro que sim. Isso, inclusive, é um chamariz de muitos fornecedores: garantia estendida, garantia ilimitada por dois anos. Há fornecedores que incluem a garantia no próprio produto ou serviço e outros à parte, mediante pagamento. Sempre que ofertada, a garantia contratual será considerada complementar à legal e será conferida mediante termo escrito, leciona o art. 50. O que isso significa? Significa que a garantia que o fornecedor prevê no contrato (escrito) é somada à garantia legal prevista no CDC. 5 Há exceções, claro. Se a compra é efetuada pelo cartão de crédito, o estorno pode ocorrer na fatura subsequente, se ela já estiver fechada. Mesmo que não, é comum que sejam necessário alguns dias para finalizar a operação entre o fornecedor e a operadora de cartão. Isso, porém, não se aplica a pagamentos em dinheiro. Se paguei com transferência bancária ontem e hoje me arrependi, não é razoável que a devolução demore mais do que amanhã. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 63 112 62 Assim, se o fornecedor me dá garantia de 180 dias para uma televisão (um produto durável), terei eu 270 dias de garantia. Somam-se os 90 dias da lei aos 180 dias do contrato. Cuidado, porque muitos fornecedores usam de um expediente um tanto controvertido, dando um prazo de garantia que inclui a própria garantia legal. Assim, o produto tem 180 dias de garantia, incluído no prazo a garantia legal. Na realidade, a garantia contratual, nesse caso, é de apenas 90 dias. Isso constitui prática lícita, desde que tenha clara previsão no contrato. Outro expediente comum, e esse sim ilícito, ocorre nas assistências técnicas em geral. Pense no primeiro exemplo que dei (180 dias de garantia contratual e 90 dias de garantia legal). Quando o consumidor leva o produto defeituoso à assistência técnica, no 200º dia, a assistência diz que o produto está fora da garantia, já que o prazo de 180 dias já venceu. Muito consumidor inocente compra a ideia e acaba pagando por um conserto que deveria ser pago pelo fornecedor. Isso porque a garantia total é de 270 dias, pelo que o consumidor ainda está no prazo para reclamar, segundo o art. 26. O parágrafo único do art. 50 estabelece que o termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor. O termo deve ser entregue ao consumidor, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações. O legislador levou a sério a expressão tem de desenhar? Não sei você, mas eu já tive de instalar alguns produtos mais complexos (como uma mesa com regulagem elétrica de altura), cheios de parafusos e peças pequenas. Que diferença faz um manual de instruções bom, com indicações bem intuitivas, descrições claras e desenhos bem-feitos! Seção II – Cláusulas abusivas 1 – Noções gerais O art. 51 do CDC traz um extenso rol de cláusulas contratuais consideradas abusivas. Entretanto, o rol é meramente exemplificativo, ou seja, outras cláusulas podem ser consideradas abusivas, a depender das circunstâncias concretas. Como é o fornecedor a estabelecer o contrato, de maneira unilateral, não resta muita alternativa ao consumidor. Como se trata de um contrato de adesão, no qual a opção do consumidor é concordar ou não concordar, mas não muito discutir, fica fácil para o fornecedor inserir cláusulas leoninas, draconianas, que tragam benefício a ele e prejuízo ao consumidor. Essa análise, por aplicação do princípio da boa-fé objetiva, independe de análise subjetiva, vale dizer, não importa a intenção do fornecedor em inserir esta ou aquela cláusula, mas sim da ação, de seu comportamento. Por isso, dolo, má-fé e qualquer outro elemento subjetivo deve ser descartado na análise a respeito da abusividade de uma cláusula contratual. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 64 112 63 Prevista cláusula abusiva, ela é considerada nula de pleno direito. Isso significa que não há como salvar a cláusula; ela deve ser extirpada do contrato. Contudo, declarada nula a cláusula abusiva de um contrato, nulo é o contrato todo? Não. Maisou menos; depende. Prevê o §2° que a nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, em regra. Se a cláusula de correção monetária for considerada nula, o restante do contrato permanece válido, hígido. Substitui-se o índice inválido e o contrato segue adiante. No entanto, quando da ausência da cláusula abusiva, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes, o contrato é reputado nulo integralmente. Isso ocorre, por exemplo, quando a cláusula que estabeleça o preço for reputada nula e não for possível chegar a bom termo sobre o preço que deve ser realmente aplicado; declara-se nulo o contrato todo. Como se reconhecerá que certas cláusulas abusivas são nulas? Segundo o §4º, pode qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o CDC ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. Ou seja, mesmo que a violação não decorra do CDC, ainda assim o consumidor pode requerer a declaração de nulidade de cláusula abusiva, por si, por entidade representativa ou pelo MP, conforme o caso. 2 – Espécies de cláusulas Professor, entendi; mas, e quais cláusulas são reputadas abusivas pelo CDC? São consideradas abusivas, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: ➢ Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis O inc. I estabelece a chamada cláusula de não indenizar. Você já viu a placa não nos responsabilizamos por objetos deixados no interior do veículo em algum estacionamento? Essa é uma típica cláusula de um contrato (de depósito, no caso) reputada abusiva pelo CDC. Quando estaciono meu veículo, presumo que ele será guardado com segurança. Por isso, sim, o mercado responde pelo roubo do meu veículo e/ou dos objetos que estão nele. Atente porque, evidentemente, será necessário ao consumidor comprovar os objetos que foram roubados e o fornecedor pode evitar pagar a indenização se provar que o consumidor agiu com desídia (como ter deixado a janela aberta, caracterizando culpa exclusiva da vítima). Sobre o tema, inclusive, a Súmula 130 do STJ prevê que “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. A segunda parte do inc. I traz uma segunda disposição abusiva, a chamada cláusula de limitação de indenização, igualmente proibida. Ela se permite apenas no caso de consumidor pessoa jurídica, como Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 65 112 64 fica claro pelo dispositivo, e desde que haja situação justificável, ou seja, não basta que o consumidor seja pessoa jurídica. Assim, a Súmula 638 do STJ prevê que "é abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil”. Relativamente às pessoas físicas, porém, é nula a cláusula. Cuidado, porém, porque a regra não é absoluta. Por exemplo, o STF (RE 636.331 e ARE 766.618) fixou tese de que “nos termos do artigo 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”. Ou seja, em caso de transporte aéreo internacional de passageiros, a indenização por dano material pode ser limitada, nos termos das Convenções de Varsóvia e Montreal. Veja que a limitação vale apenas para o transporte internacional, pelo que no caso de transporte nacional de passageiros a cláusula continua sendo reputada nula. Por outro lado, a Súmula 479 do STJ estabelece que as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. Assim, se meu cartão é clonado, responde o banco, objetivamente. Agora, o banco não pode ser responsabilizado pelo roubo de que o cliente fora vítima, em via pública, após chegada ao seu destino portando valores recentemente sacados diretamente no caixa bancário. Isso configura fato de terceiro, que exclui a responsabilidade objetiva, por se tratar de caso fortuito externo (AgInt no AREsp 1.379.845/BA). Cuidado, porque a Súmula 381 do STJ impede que o juiz conheça de ofício da abusividade de cláusulas contratuais em contratos bancários. Em que pese seja uma relação de consumo, a Corte entende que aos contratos bancários não se aplica a natureza jurídica de ordem pública da lei consumerista. ➢ Subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código O inc. II estabelece a chamada subtração de opção de reembolso. Você já deve ter ouvido de algum vendedor que aquele pagamento não é reembolsável. O STJ (REsp 1.300.418/SC) entende que a devolução dos valores somente após o término da obra retarda o direito do consumidor à restituição da quantia paga. Se houver resolução do contrato, “deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador — integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento”. Esse tipo de cláusula é abusiva, mas comporta exceções. Os casos mais emblemáticos são aqueles nos quais há cláusula de fidelidade. O STJ (REsp 1.445.560 e REsp 1.097.582) entende que a cláusula de fidelidade de telefonia é considerada legal quando há concessão de benefícios ao cliente, como o pagamento de tarifas inferiores, bônus e fornecimento de aparelhos. Nessas situações, há necessidade Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 66 112 65 de assegurar às operadoras um período para recuperar o investimento realizado em razão das promoções. ➢ Transfiram responsabilidades a terceiros O inc. III estabelece a chamada transferência de responsabilidade. Vedada a prática porque viola a solidariedade que existe na cadeia de consumo. ➢ Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade O inc. IV trata da chamada boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual. Talvez essa seja uma das práticas proibidas pelo CDC e que mais são violadas. A jurisprudência do STJ é cheia de casos famosos e eu já citei aqui e acolá alguns deles, mas há outros. O STJ (REsp 1.737.428/RS) entende que é abusiva a venda de ingressos pela internet vinculada a uma única intermediadora e mediante o pagamento de taxa de conveniência. Ao contrário, não configura prática abusiva a cobrança das taxas de conveniência, retirada, ou entrega de ingressos comprados na internet, desde que o valor cobrado pelo serviço seja acessível e claro (REsp 1.632.928/RJ). Também abusiva a cláusula penal que prevê a penalidade apenas para o inadimplemento do adquirente (REsp 1.631.485/DF). Essa cláusula será considerada para a fixação da indenização pelo inadimplemento do vendedor, convertendo-se obrigações de fazer e de dar em dinheiro, por arbitramento judicial. Por outro lado, o STJ (REsp 1.578.553/SP) entende que é válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o registrodo contrato. No entanto, há abusividade pela cobrança por serviço não efetivamente prestado e a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto. São muitas as decisões. Em linhas gerais, o que será considerado uma vantagem exagerada? O §1º do art. 51 prevê que se presume exagerada, entre outros casos, a vantagem que: I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. Assim, dizer o que se considera vantagem excessiva depende do caso concreto, da situação específica em jogo. Talvez o REsp 1.578.553/SP mostre isso com mais clareza, já que o STJ considerou certas tarifas como válidas, porque não exageradas (tarifa de avaliação de bem dado em garantia), mas considerou outras exageradas (serviço não efetivamente prestado). ➢ Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 67 112 66 O inc. VI estabelece um impedimento à alteração da inversão do ônus da prova. A regra do art. 6º, inc. VII (“São direitos básicos do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”), não permite pactuação, portanto. Na luta entre Davi e Golias, o contrato não pode tomar a funda de Davi e a entregar a Golias. Pra arrematar, não, eu não esqueci do inc. V. Ele simplesmente foi vetado. Segue a música. ➢ Determinem a utilização compulsória de arbitragem O inc. VII estabelece a vedação à chamada cláusula compulsória de arbitragem. Apesar de cada vez mais frequente a utilização da arbitragem para a resolução de conflitos, não pode ela ser obrigatória, nas relações de consumo. O Código de Processo Civil de 2015 estimula a composição extrajudicial de conflitos, como a arbitragem, a conciliação e a mediação. Objetiva-se fugir do Poder Judiciário mastodôntico, tomado por demandas represadas e que impedem razoável duração do processo, na prática. O art. 4º, §2º, da Lei 9.307/1996 dispõe que a cláusula compromissória só tem eficácia nos contratos de adesão se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar expressamente com sua instituição, e desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. Por isso, o STJ (REsp 1.785.783/GO) entendeu que se o consumidor não demonstrou qualquer interesse em participar do procedimento arbitral, buscando diretamente o Judiciário em razão do grave inadimplemento contratual, afasta-se eventual cláusula arbitral fixada sem cumprimento das exigências da Lei de Arbitragem. ➢ Imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor O inc. VIII estabelece a vedação à chamada cláusula-mandato. Esse tipo de cláusula costumava ser comum nos contratos bancários. O STJ (REsp 504.036/RS e AgRg Ag 562.705/RS) tem extensa jurisprudência afirmando ser nula a cláusula contratual em que o consumidor “autoriza o banco a sacar, para cobrança, título de crédito representativo de qualquer quantia em atraso. Isto porque tal cláusula não se coaduna com o contrato de mandato, que pressupõe a inexistência de conflitos entre mandante e mandatário”. No mesmo sentido, a Súmula 60 do STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador mandatário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse”. Ou seja, não posso incluir, no contrato, uma cláusula que impõe ao consumidor um mandatário para realização de negócios. ➢ Deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor O inc. IX estabelece a cláusula de opção exclusiva do fornecedor em concluir o contrato. De maneira bastante simples, eu, consumidor, já me obrigo a executar o contrato, mas o fornecedor não; pode ele, ao bel prazer, optar por concluir e cumprir o contrato – ou não. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 68 112 67 Há, aqui, evidente desequilíbrio contratual, pois se permite a uma parte – e justamente a parte mais forte do contrato – um comportamento e não à outra – a menos poderosa, o consumidor. Ao contrário, há contratos nos quais o fornecedor já está, de pronto, obrigado a contratar, restando a opção de concluir o contrato ao consumidor, como nos casos de fornecimento de energia elétrica em locais eletrificados. ➢ Permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral O inc. X estabelece a cláusula de variação unilateral do preço. Ora, novamente, a mesma situação do inciso anterior. A regra, em larga medida, repete a do art. 489 do Código Civil: “Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço”. Desde sempre a teoria contratual rechaça fixações unilaterais em contratos bilaterais, à exceção dos casos em que isso é absolutamente necessário (como a resilição por arrependimento unilateral). Ainda assim, mesmo nos restritíssimos casos existentes, isso, em geral, vem acompanhado de sanções (multas penitenciais). Era comum, especialmente nos contratos bancários, que os fornecedores de produtos financeiros tentassem, de todo modo, incluir cláusulas contratuais que lhes permitiam estabelecer unilateralmente as taxas de juros, correção monetária e encargos contratuais. Não confunda essa limitação com a possibilidade de fixação contratual de encargos flutuantes, variáveis, o que é comum nos contratos bancários (adoção, por exemplo, da taxa SELIC ou de comissão de permanência). ➢ Autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor O inc. XI estabelece a cláusula de opção exclusiva do fornecedor em resilir o contrato. A resilição (=cancelar) decorre do puro arbítrio de uma das partes e é comum em certos contratos. 6 6 A resilição é uma das espécies de rescisão, usada para dar cabo, terminar, um contrato, de maneira unilateral ou bilateral. Talvez o exemplo mais evidente disso seja o divórcio. Assinado o contrato de casamento, pode ser que haja arrependimento; o arrependido pode cancelar o contrato de casamento (resilição unilateral), ou ambos, arrependidos, desejam cancelar o pacto (resilição bilateral). Pode, ou não, haver exigência de motivação no caso de resilição (no casamento, o divórcio é sempre imotivado, ou seja, quero me divorciar e ponto, não devo explicações a ninguém). Numa perspectiva mais contratual pura, e patrimonial, é o caso da resilição nos contratos de locação. Eu alugo meu imóvel a você e você pode resilir (cancelar) o contrato a qualquer tempo (direito de arrependimento), mediante o pagamento proporcional de penalidade (multa penitencial), em geral. Isso pode ser unilateral (só você quer) ou bilateral (ambos queremos); pode ser que haja motivação (denúncia cheia) ou não (denúncia vazia). O mesmo ocorre no contrato de trabalho, no qual o empregado pode pedir demissão (resilição unilateral imotivada) a qualquer tempo, bem como o empregador (demissão sem justa causa). A exigência de motivação ou não depende do contrato, mas aí o papo já descamba para o Direito Civil e para o Direito do Trabalho e não me interessa aqui. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidorwww.estrategiaconcursos.com.br 69 112 68 Agora, a mera previsão contratual de que o consumidor também pode resilir o contato é suficiente para que a cláusula valha? Mais ou menos. Necessário atentar para a boa-fé, de modo a evitar o abuso de direito do fornecedor. A rigor, válida a cláusula de resilição unilateral, se permitida para ambas as partes. No entanto, se se verificar que a cláusula foi usada pelo fornecedor para que houvesse o cancelamento do contrato a fim de que ele pudesse, logo em seguida, propor novo contrato, com valores mais altos, há violação não apenas do inc. XI como também do inc. X, mencionado antes. ➢ Obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor O inc. XII estabelece a cláusula de ressarcimento unilateral dos custos da cobrança. Não há restrição à possibilidade de o fornecedor cobrar do consumidor os custos de cobrança; isso é absolutamente normal. O que não pode é haver fixação para apenas um dos lados do contrato, sem previsão contratual igual para o outro. De novo, a mera previsão é insuficiente para se analisar a lisura da cláusula; necessário atentar para a boa-fé, de modo a evitar o abuso de direito do fornecedor. ➢ Autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração O inc. XIII estabelece a cláusula de alteração unilateral do contrato. Talvez o aspecto mais relevante a respeito disso seja vinculado a prazos de entrega de produtos ou finalização de serviços. O fornecedor não pode simplesmente ignorar os prazos e entregar o produto ou finalizar o serviço quando lhe for mais conveniente. Evidente que há situações e situações, sendo que, na maioria dos casos, pequeno atraso não configurará elemento suficiente para a rescisão do contrato. Mais uma vez, a mera previsão é insuficiente para se analisar a lisura da cláusula; necessário atentar para a boa-fé, de modo a evitar o abuso de direito do fornecedor. ➢ Infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais O inc. XIV estabelece a cláusula de violação de norma ambiental. Há, aqui, proteção de bens jurídicos coletivos, em detrimento de valores individuais. A fruição de produtos e serviços para um não pode acarretar danos para todos. Vale rememorar que o princípio da função social do contrato, previsto no art. 421 do Código Civil, é também ambiental, verdadeira função socioambiental do contrato. ➢ Estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 70 112 69 O inc. XV estabelece a cláusula negativa de proteção consumerista. Essa é verdadeira cláusula geral das cláusulas abusivas, já que permite que inúmeras condutas dos fornecedores sejam enquadradas como violadoras à norma de consumo. Ressalto que o próprio caput do art. 51 deixa bem evidente que o rol dos incisos é meramente exemplificativo, mas o inc. XV traz reforço maior. Qualquer cláusula contratual que viole as normas consumeristas, que são de ordem pública, devem ser afastadas de pronto. Os direitos dos consumidores, individual ou coletivamente, são indisponíveis e não permitem mitigação por força de pacto interprivado. Inclusive, o sistema de proteção do consumidor não se resume ao CDC, mas apenas é centralizado nele. É o caso, por exemplo, da cláusula de alteração de foro, reputada nula pelo STJ (REsp 1.010.834/GO), devendo ser eleito o foro do domicílio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte hipossuficiente da relação. ➢ Possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias O inc. XVI estabelece a cláusula negativa de indenização por benfeitorias necessárias. Não só, entende o STJ (REsp 1.643.771/PR) que também as acessões devem ser objeto de indenização. 7 A regra se aplica, por exemplo, à aquisição de imóvel em parcelas, por meio de documento particular de venda (compromisso ou promessa de compra e venda), regida pelo Decreto-Lei 58/1937. Muito comum que os vendedores alienem o imóvel e, diante do inadimplemento, retomem a propriedade. No entanto, não consideram as benfeitorias necessárias feitas pelos adquirentes, em violação ao inc. XVI. As acessões e benfeitorias necessárias devem ser indenizadas ao adquirente. Há, porém, duas situações que exigem sua atenção. Primeiro, não serão indenizadas as benfeitorias – ou acessões – feitas em desconformidade com o contrato ou com a lei. Em outras palavras, construiu irregularmente, fez puxadinho, não respeitou as regras municipais de edificação ou fez a obra escondido? Perdeu (REsp 1.643.771/PR). 7 A distinção clara entre benfeitorias e acessões depende de conhecimentos doutrinários de Direito Civil mais consolidados, especificamente de Direito das Coisas. Não objetivo explicar de maneira aprofundada o tema. De modo simples, a acessão é algo novo, ao passo que a benfeitoria é um acréscimo. Assim, uma casa é uma acessão num terreno, ao passo que a cobertura de uma varanda é uma benfeitoria neste mesmo terreno. De outro lado, também não quero entrar em detalhes, mas é necessário distinguir as benfeitorias. São três tipos, previstos nos incisos do art. 96 do Código Civil: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore”. Sinteticamente, benfeitoria voluptuária é uma torneira de prata (“mais agradável ou sejam de elevado valor”), útil é o box que separa o chuveiro do restante do banheiro (“facilitam o uso do bem”), necessária é o reboco dos tijolos (“conservar o bem”). Somente estas últimas interessam. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 71 112 70 Segundo, como os contratos de locação predial urbana não estão submetidos ao CDC, a regra não se aplica às locações regidas pela Lei 8.245/1991 (Lei de Locações). Isso porque o art. 35 da lei possibilita que a cláusula contratual exclua o dever de indenização pelas benfeitorias necessárias” O STJ, por isso, entende que nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção (Súmula 335). 3 – Regras de financiamento Não é segredo que nosso sistema financeiro tende ao oligopólio e que as condições de contratação são bastante desfavoráveis aos consumidores. Esse, inclusive, é um dos motivos para nossa sociedade de consumo de massa não decolar. Consumidores brasileiros têm grande dificuldade em financiar suas aquisições no longo prazo. Diferente, por exemplo, dos consumidores norte-americanos ou chineses, que são frequentemente estimulados por seus respectivos governos a consumir em níveis quase insustentáveis (e o tsunami causado pelo colapso do sistema financeiro de 2008 que o diga). 8 Prevê o art. 52 que no fornecimento de produtos ou serviços que envolva crédito ou financiamento ao consumidor, o fornecedor deve fornecer prévia e adequadamente uma série de informações mínimas. Ou seja, pode haver outras informações, mas estas, abaixo, são as mínimas: I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acréscimos legalmente previstos; IV - número e periodicidade das prestações; 8 Em resumo, mudanças legislativas nos EUA permitiram que os bancos emprestassem mais e mais dinheiro para a aquisição da casa própria. Especialmente George H W Bush (1992) e Bill Clinton (1999) fizerama Associação Federal Nacional de Hipotecas, a Fannie Mae, subsidiar mais financiamentos habitacionais, especialmente com o resseguro a bancos privados (como se a CAIXA fizesse um seguro para os bancos privados para o caso de os compradores de imóveis não pagarem a hipoteca). O patrimônio das empresas públicas do gênero, que são muito importantes desde o New Deal, para recuperação econômica da Crise de 1929, ultrapassa 10 trilhões de dólares. O problema é que os empréstimos começaram a ser dados a quem simplesmente não tinha e nem teria como pagar. Os financiamentos subprime somaram trilhões de dólares. Muitos investimentos compraram investimentos atrelados a esses financiamentos, porque a taxa de retorno era alta (justamente porque o risco era altíssimo, de débitos e mais débitos um bando de gente sem dinheiro, sem patrimônio e sem renda). Todo mundo pensava, juro alto e ainda garantida pelo governo dos EUA? Põe todo o meu dinheiro nesse investimento! Todo mundo ia feliz até que a galera da base da pirâmide começou a perder o emprego, não pagar os financiamentos e perder a casa. Execuções de hipoteca em massa, crise de desemprego e uma baixa recorde nos preços dos imóveis. Em 15/09/2008, um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers, foi à falência. Aí o mundo começou a entender o que estava acontecendo (milhões de investidores no mundo todo perderam muita grana). Vários bancos locais começaram a quebrar, em 2008, e o Fannie Mae, junto com o Freddie Mac, teve de injetar bilhões e bilhões nos bancos privados para evitar caos ainda maior. Calcula-se que cinco trilhões de dólares foram garantidos por essas instituições públicas, sendo que o governos dos EUA teve de emitir 800 bilhões de dólares em títulos de dívida pública para injetar nas empresas públicas e salvar as instituições e o sistema financeiro nacional (imagina o estrago se o governo tivesse dado o calote?). Curioso é que eles pagaram as dívidas emitindo novas dívidas... Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 72 112 71 V - soma total a pagar, com e sem financiamento. E aí vem uma das maiores inovações do CDC. O §1° estabelece que as multas de mora pelo inadimplemento não podem ser superiores a 2% do valor da prestação. Em resumo, se atrasou o pagamento, a multa por não pagar não pode ser maior que 2% do valor devido. Há extensa jurisprudência sobre o assunto (e meu objetivo não é analisar os temas todos ou resolver casos concretos específicos, mas apenas dar uma passada no que cai nas provas). O STJ (Súmula 285) afirma que nos contratos bancários posteriores ao CDC incide a multa moratória nele prevista, limitada a 2%. Por isso, se admite a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada) fique cabalmente demonstrada (REsp 1.061.530/RS). Igualmente, a importância cobrada a título de comissão de permanência não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC (REsp 1.058.114/RS). Ao contrário, o STJ (REsp 655.267/SP) diz que não se aplica o CDC às relações jurídicas existentes entre condomínio e condôminos. Aí você pode pensar, então pode o condomínio colocar multa maior de 2% no boleto? Não. Por quê? Porque nesse caso se aplica o art. 1.336, §1° do Código Civil e a multa pelo inadimplemento de contribuição condominial continua sendo de 2% (REsp 722.904/RS). Além disso, estabelece o §2º do art. 52 uma garantia ao consumidor. Segundo a norma, a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos é obrigatória. Ou seja, antecipou o pagamento? Tem de receber um desconto. Por isso, as instituições financeiras não podem cobrar tarifa para liquidação antecipada de débitos (REsp 1.409.792/DF). Somente no período de 06/09/2006 (entrada em vigor da Resolução 3.401/2006 do CMN) e 06/12/2007 (entrada em vigor da Resolução 3.516/07 do CMN) é que tal cobrança podia ser feita. Mas, atenção, pois o dispositivo refere-se a encargos de ordem financeira. O caso do consórcio tem outra natureza jurídica, pelo que a saída de um dos participantes não justifica a devolução ou a redução daquelas parcelas que são contratadas no interesse de todo o grupo (REsp 688.794/RJ). Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 73 112 72 4 – Cláusula de perdimento Se compro um imóvel e, por alguma razão, não pago as prestações, perco todo o valor já pago? O art. 53 estabelece que não. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. É a vedação à chamada cláusula de decaimento. No entanto, essa regra precisa ser vista com cuidado. No caso de consórcios, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo (§2º). Além disso, a Lei 4.591/1964, após as alterações da Lei 13.786/2018, prevê, no art. 67-A, regras específicas para o distrato, incluindo perdas de até 50% do valor pago pelo comprador (§5º). Seção III – Contratos de adesão O contrato de adesão é, em larga medida, o contrato pelo qual fazemos a esmagadora maioria das contratações. Eu, no dia em que digitava esse texto, celebrei alguns contratos de adesão. Fui ao mercado e comprei alguns produtos, comprei um produto pela internet, abasteci meu carro num posto de gasolina e pedi comida por um aplicativo. Celebrei, num único dia, quatro contratos de adesão. O que caracteriza um contrato de adesão e no que ele se diferencia de um contrato paritário? Justamente a adesão. Os contratos clássicos, pensados pelos doutrinadores franceses de perucas engraçadas de bobs, roupas com culotes vistosos e pó de arroz nas bochechas rosadas, imaginava dois burgueses sentados num escritório discutindo longamente o contrato, fazendo cálculos contábeis importantes, cogitando variáveis econômicas vindouras enquanto riam copiosamente ao tomar mais uma taça de cognac. Você costuma passar por esse processo quando analisa se vale a pena assinar o Netflix? Ou quando vai ao shopping comprar uma peça de roupa? Para na arara e discute longamente com o vendedor a respeito da origem do material da peça, sobre o processo de tingimento e sobre como aquela peça em específico tem o potencial de substituir uma outra e combinar com diversas peças que você possui? Quem nunca pagou academia e não foi? Assim é o contrato de adesão, no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem duas opções: concordar ou não com o contrato já previamente estabelecido pelo fornecedor. Pá-pum. Não tem papo. Impulsivo, até. A adesão está para os contratos assim como o Tinder está para os relacionamentos afetivos, entende? E é assim, mas num tom a mais no juridiquês que o art. 54 define o contrato de adesão: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificarfazemos, sempre exigindo – e exibindo – um celular com mais câmeras, uma televisão com cores mais vivas, um carro com mais airbags? Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 7 112 6 Por isso, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor pode, alternativamente e à sua livre escolha (art. 35): Repare em duas expressões do dispositivo: alternativamente e sua escolha. Em primeiro lugar, as três opções são alternativas ao consumidor, que pode escolher livremente quaisquer delas. O fornecedor não pode se negar a oferecer outro produto ou serviço equivalente, se o consumidor quiser ainda o produto ou serviço. Em segundo lugar, a escolha compete ao consumidor. Não pode o fornecedor, simplesmente, enviar outro produto equivalente ao consumidor, sem que esse concorde com essa solução. Não pode também se negar a restituir o preço pago ou tentar, de algum modo, fazer descontos indevidos, como no caso de frete. Por fim, o CDC ainda regula a oferta à distância, algo não tão generalizado nos anos 1980 e 1990 quanto nos anos 2010 e 2020, com o desenvolvimento do e-commerce. Prevê o art. 33 que em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial. Por sua vez, o parágrafo único estabelece que é proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. 3 Pode-se generalizar o dispositivo para se compreender que a oferta não pode ser feita de modo a gerar onerosidade ao 3 A primeira regra, a do caput, ainda é muito importante; a segunda nem tanto. Pelo caput, mesmo que a oferta se dê remotamente, o consumidor deve saber as informações sobre o fabricante. Hoje não de maneira impressa, mas visível, clara e objetiva. É uma das recomendações mais importantes dadas na época de Black Fraude Friday. Muita gente compra nada gato por lebre. Vai num site esquisito, sem informação alguma e mete o cartão. Eu mesmo já evitei perder grana assim; vi uma oferta barata demais, desconfiei do site e vi que era fraude. Como fiz isso? Checando as informações que apareciam (tudo falso), apesar de o site parecer confiável. A segunda regra era muito importante nos anos 1990, quando o setor de telecomunicações ainda engatinhava e fazer um interurbano era caríssimo. Tinha fornecedor mal-intencionado que ficava fazendo o consumidor pagar pra escutar telemarketing! Hoje, nem de graça a gente quer.De toda sorte, o Decreto 6.523/2008, que regulamenta os SACs, impede a veiculação de mensagens publicitárias durante o tempo de espera para o atendimento (art. 14), bem como exige que já no primeiro menu as opções de contato com o atendente, de reclamação e de cancelamento de contratos e serviços esteja presente. (art. 4º, §1º). Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente Rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 8 112 ==3744a9== 7 consumidor. Dessa forma, quando você liga para o SAC de determinada empresa, pagando pela ligação, a empresa não pode aproveitar a chamada para oferecer produtos ou serviços. Vale lembrar que somente em 1995, cinco anos após o CDC, a internet comercial foi liberada no Brasil, e apenas em 2005 é que a internet começa a se popularizar de maneira massiva, com as redes sociais, por isso o CDC fala apenas em telefone e reembolso postal. Seção III – Publicidade Complementando a oferta em si, o CDC regula também a publicidade, de maneira generalizada. Cláudia Lima Marques conceitua publicidade como “toda informação ou comunicação difundida com o fim direto ou indireto de promover, junto aos consumidores, a aquisição de um produto ou a utilização de um serviço, qualquer que seja o local ou meio de comunicação utilizado”. Ou seja, a publicidade é o fornecimento de certas informações ao público com intuito empresarial. 4 O art. 36 estabelece que a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Por isso, o fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, deve manter, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. 5 Por isso, proíbe-se toda e qualquer publicidade enganosa ou abusiva, fixa o art. 37. E o que é ser enganoso? E abusivo? Os §§1º, 2º e 3º estabelecem o que isso significa: 4 Uma parte entende que a oferta é gênero e a publicidade é espécie, pelo que toda publicidade seria uma oferta, mas nem toda oferta seria uma publicidade. É a opinião de Flávio Tartuce e Daniel Assumpção. Eu acho que isso é um equívoco. Explico. Eu posso fazer publicidade sem nada ofertar; o branding, ou seja, a publicidade a respeito da marca em si. Não ofereço absolutamente nada, só digo o nome da minha marca. Posso também ofertar sem fazer publicidade. O Consumidor vem ao meu estabelecimento comercial e pergunta o preço de um produto. Quando o informo, faço oferta, mas sem publicidade. Assim, pelo conceito de Cláudia Lima Marques, eu faço publicidade quando informo ao meu público, via rede social, que na transmissão daquele dia darei um voucher com um desconto especial num determinado curso. Há um componente de oferta? Sim. Quando eu informo ao meu público, via rede social, que farei um vídeo no Youtube sobre um assunto relevante, eu não oferto nada (até porque nem tenho um produto para oferecer). É publicidade? Sim. É oferta? Não. Nem mesmo indireta, porque eu nem produto tenho e nem induzo o público ou indico ao público um produto (merchandising). 5 Numa época em que começava o infomercial, a mistura de comercial com informação, era comum que se desse um ar de informação sobre um produto, que, na verdade, estava sendo descaradamente vendido. O exemplo mais icônico desse estilo foram as facas Ginsu exibidos pelo extinto Grupo Manchete e que depois originariam o Polishop. Todos eles baseados no sucesso estadunidense de Joy Mangano, multimilionária inventora e empresária, retratada no filme Joy, o nome do sucesso, de 2015. O nome mudou, mas não o jeito. O merchan das subcelebridades nas redes sociais segue a mesma lógica; não é o produto que eu vendo, mas sim o produto que eu recomendo; ou seja, é a “aparição de produtos no vídeo, no áudio ou nos outros artigos impressos, em sua situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da marca”, como diz Antonio Herman Benjamin. O consumidor, hipossuficiente, muitas vezes tem dificuldade em distinguir o mero elogio despretensioso a um produto de uma publicidade mascarada. Nesse sentido, o CONAR tenta coibir esse tipo de prática (o uso da hashtag #merchan mostra a tentativa de evitar desinformação). Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 9 112 8 O fornecedor fez publicidade de um produto que ajuda a combater o câncer. Combate ou não combate? Você sabe? Não, claro. Quem sabe – ou deveria saber – é o próprio fornecedor. Por isso, o art. 38 não deixa margem de dúvida ao prever que o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. A publicidade pode ser enganosa por ação e por omissão; publicidade enganosa comissiva ou ativa e publicidade enganosa omissiva. Em qualquer caso, o consumidor não precisa comprovar culpasubstancialmente seu conteúdo. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 74 112 73 Como lá na década de 1980 ainda se discutia muito a respeito dos limites do contrato de adesão, o §1° prevê que a inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. Ou seja, colocar um formulário para o consumidor preencher, como habitualmente se faz nos contratos eletrônicos, não desfigura a adesão e nem a aplicação do CDC. Como o consumidor não tem muita opção (é sim ou não, não tem talvez), os contratos devem ser escritos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis. O §3º exige que o tamanho da fonte seja de, no mínimo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. Sim, tem fornecedor que coloca letra miúda no contrato (lembre-se que na publicidade não é necessário que a fonte seja 12, mas apenas no contrato escrito em si). Inclusive, as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. O §4º pretende evitar que o consumidor se canse de ler um longo contrato e deixe de visualizar justamente aquela cláusula 85 das 347 existentes, cláusula essa que prevê uma limitação ao direito. Quem nunca? Desafio: você já leu algum contrato eletrônico na íntegra? Eu nunca. Já li pedaços, mas nunca inteirinho, de ponta a ponta. A chance de haver uma cláusula que impedisse que eu requeresse indenização ou na qual eu abriria mão do meu direito de imagem ou qualquer outra coisa do tipo seria bastante grande se não existisse o §4º. E se houver uma cláusula limitadora de direito no meio do contrato, sem destaque? Houve violação ao art. 54, §4º, do CDC, sendo ela, portanto, nula de pleno direito, já que as normas consumeristas são de ordem pública e inafastáveis pela vontade das partes. E se uma das partes descumprir o contrato? Bem, volte ao Tinder... a outra pessoa resolve de outro jeito! Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no §2° do art. 53. Em outras palavras, é possível inserir no contrato de adesão uma cláusula para resolver (=terminar) o contrato, em caso de inadimplemento (=descumprimento). Porém, essa resolução depende de uma opção do consumidor; não pode o fornecedor optar pela resolução. Ao fornecedor resta a opção de exigir o cumprimento da prestação, incluindo perdas e danos (=indenização). A letra da Lei Agora, trago a você os dispositivos de lei referentes à nossa aula. Lembro que, ao longo do texto, eu não trato de todos os dispositivos legais aqui citados, propositadamente. Isso porque meu objetivo não é tornar o material um comentário à lei, mas, sim, fazer você compreender os institutos jurídicos que são importantes à prova. Agora, ao contrário, o objetivo é trazer todos os dispositivos legais, para que você possa ao menos passar os olhos. Não se preocupe em compreender em detalhe cada um deles; eu objetivo apenas trazer o texto legal para que você não precise procurá-los fora do material. Trata-se da letra da lei com grifos nos principais pontos da norma, para ajudar na fixação dos conteúdos. Vamos lá! Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 75 112 ==3744a9== 74 CAPÍTULO VI DA PROTEÇÃO CONTRATUAL SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. CC/2002 Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito. Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações. SEÇÃO II DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 76 112 75 relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código; III - transfiram responsabilidades a terceiros; IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor; X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral; XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor; XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. § 2° A nulidade de umacláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 77 112 76 § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. Súmulas do STJ 130: "A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento". 638: "É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil". 479: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias". 381: "Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas". 160: "É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária". 335: "Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção". Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acréscimos legalmente previstos; IV - número e periodicidade das prestações; V - soma total a pagar, com e sem financiamento. § 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação. § 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 78 112 77 Súmula 285 do STJ: "Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa moratória nele prevista". Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. § 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. § 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente nacional. SEÇÃO III DOS CONTRATOS DE ADESÃO Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior. § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 79 112 78 Proteção contratual (arts. 46 a 54) Bancas sortidas 1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) MEK é correntista do Banco L, mantendo relações negociais frequentes, bem como sua família. Por força desse relacionamento, possui dois contratos de cartão de crédito que utiliza nas suas compras cotidianas. Em determina do dia, é surpreendido pela entrega de mais um cartão de crédito que não havia solicitado. No dia seguinte, dirige-se à agência bancária onde movimenta sua conta corrente e apresenta o cartão, com pedido de devolução, por não ter interesse no adicional. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, o(a) (A) recebimento pelo consumidor leva à cobrança de anuidade pelo emissor. (B) pagamento não efetuado da anuidade cobrada permite a inscrição do consumidor no cadastro de inadimplentes. (C) fornecimento de cartões de créditos a clientes habituais independe de formalização de contrato. (D) banco tem direito a ressarcimento pelas despesas de remessa do cartão. (E) entrega sem solicitação caracteriza prática abusiva do fornecedor. Comentários: A alternativa A está incorreta, pois a entrega de cartão de crédito, sem a solicitação da consumidora caracteriza prática abusiva, conforme o entendimento do STJ expresso pela Súmula 532: “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”. A alternativa B está incorreta, pois uma vez que não é devida a entrega de cartão sem autorização, não há o que se falar em pagamento de anuidade. A alterativa C está incorreta, pois o fornecimento de cartões depende de formalização e concordância expressa do consumidor. A alternativa D está incorreta, o banco não tem direito algum, dada a prática abusiva. A alternativa E está correta, conforme previsão da Súmula 532 do STJ. 2. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) K é correntista do Banco S e possui cartões de crédito e de débito expedidos pela instituição financeira. Diante de dificuldades momentâneas, não conseguiu cobrir o total das despesas realizadas com o seu cartão de crédito. No dia do vencimento, o banco, mediante autorização contratual, retirou da conta corrente de K o valor mínimo para efeito de pagamento parcial da dívida. Houve contestação, que foi indeferida pelo órgão interno do banco. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, essa norma contratual deve ser considerada: (A) abusiva, por retirar o poder de controle das finanças do correntista. (B) regular, pois não se fundamenta em poder superior do banco. (C) questionável, pois quebra a isonomia entre os contratantes. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 80 112 79 (D) passível de impugnação administrativa. (E) ampla demais, por não conter previsão de valor a ser debitado. Comentários: A alternativa A está incorreta, pois o STJ entendeu que tal cláusula não esbarra nos requisitos de abusividade previstos no CDC. A alternativa B está correta, conforme entende o STJ, não é abusiva a cláusula de contrato de cartão de crédito que autoriza a operadora/financeira a debitar da conta-corrente do titular do cartão o pagamento do valor mínimo da fatura em caso de inadimplemento,ainda que contestadas as despesas lançadas: “3. Não é abusiva a cláusula inserta em contrato de cartão de crédito que autoriza a operadora/financeira a debitar na conta corrente do respectivo titular o pagamento do valor mínimo da fatura em caso de inadimplemento, ainda que contestadas as despesas lançadas” (RECURSO ESPECIAL Nº 1.626.997 - RJ (2011/0268602-9) RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI). A alternativa C está incorreta, conforme se depreende da decisão proferida pelo STJ, não há o que se questionar, quando não verificada a abusividade da cláusula. A alternativa D está incorreta, uma vez que não há o que se contestar, tendo em vista que não houve abusividade. A alternativa E está incorreta, pois não há amplitude de interpretação da cláusula, uma vez que sequer há margem para diferente intepretação se não o que está previsto, ou seja, será debitado da conta do correntista, o valor mínimo do cartão de crédito, valor este que já é de conhecimento do devedor. 3. (FUNDEP - Prefeitura de Uberlândia - MG - 2019) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, considerando que um homem contratou, pela internet, o fornecimento de produto – um televisor de 50 polegadas – fora do estabelecimento comercial, para entrega em seu domicílio, ele poderá desistir do contrato de aquisição no prazo de ________________, a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna anterior. (A) 2 dias úteis. (B) 5 dias úteis. (C) 7 dias úteis. (D) 15 dias úteis. Comentários A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio". O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 81 112 80 qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. As alternativas A, B, D e E estão incorretas. 4. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere à proteção contratual, assinale a alternativa correta conforme o CDC. (A) O consumidor pode arrepender-se e desistir do contrato, no prazo de cinco dias, a contar do recebimento do produto, se o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial. (B) No caso de contratação por telefone, se o consumidor exercer o direito de arrependimento, não terá direito ao reembolso das quantias pagas. (C) A redação das cláusulas contratuais deve ser feita de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor para que a obrigação por ele assumida para com o fornecedor possa ser exigível. (D) Apenas as cláusulas contratuais cuja redação seja ambígua ou obscura serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. (E) As declarações de vontade constantes de pré-contratos relativos às relações de consumo não vinculam o fornecedor. Comentários A alternativa A está incorreta. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio". O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. A alternativa B está incorreta. Trata-se da regra do art. 49, parágrafo único: "Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados". Uma vez que o consumidor exerça seu direito de arrependimento sobre determinado serviço ou produto, os valores já pagos durante o prazo de reflexão serão devolvidos, monetariamente atualizados. O prazo é chamado de prazo de reflexão, justamente porque, nesse período, o consumidor pode refletir a respeito do produto ou serviço adquirido. O objetivo é evitar as compras por impulso, que são bem comuns na nossa sociedade de consumo de massas. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 82 112 81 A devolução dos valores tem de ser imediata, pelo que o fornecedor não pode exigir prazos para devolução. O STJ (REsp 1.340.604/RJ) entende que a devolução deve abranger todas as despesas, incluindo o frete. A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Trata-se de aprofundamento do princípio da força obrigatória dos contratos. Se o consumidor não pôde conhecer o conteúdo do contrato, não pode ser obrigado a cumpri-lo: É o que prevê o art. 46: "Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance". O CDC adota o princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas, logo, os contratos devem ser objetivos e específicos, de modo a serem de fácil compreensão pelos consumidores, em vista de sua vulnerabilidade técnica, jurídica, econômica e informacional. Por conta disso, o instrumento contratual não pode ser escrito de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. O próprio contrato não obrigará o consumidor se não for dada a ele a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo. A alternativa D está incorreta. O CDC não restringe, no art. 47, a interpretação mais favorável ao consumidor: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor". Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão, quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como regra geral, a interpretação maisfavorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor. A alternativa E está incorreta. O art. 48 fixa que tudo o que vier antes do contrato vincula também o fornecedor: "As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos". As declarações de vontade registradas dos escritos particulares, bem como os recibos e pré-contratos são elementos que constituem parte da faze pré-contratual, ou seja, aqueles elementos que não constituem ainda um contrato. Desse modo, são elementos que, seguindo a teoria tradicional não vinculam, isso porque a teoria contratual tradicional afasta qualquer valor nas chamadas tratativas preliminares. O princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas, contribui para uma maior vinculatividade também na fase pré-contratual. A quebra da confiança e a justa criação de expectativas é a base dessa mudança. Nesse sentido, o CDC entende que esses elementos vinculam o fornecedor pois, apesar de não ter havido contrato, houve contato entre as partes, de modo que uma delas – o consumidor – cria expectativas e confia na outra – o fornecedor – confia que aquilo que foi orçado, aquilo que foi prometido, aquilo que foi dito será cumprido. Se tradicionalmente a execução específica das obrigações só era permitida durante a fase contratual, o CDC passa a permitir a execução específica das justas expectativas criadas durante a fase pré-contratual. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 83 112 82 Assim, protege-se o consumidor antes, durante e depois do contrato (fases pré-contratual, contratual e pós-contratual). 5. (Qadrix - Procon - GO - 2017) À luz da doutrina e do CDC, assinale a alternativa correta acerca de contrato de adesão. (A) Os contratos celebrados verbalmente não poderão ser considerados como de adesão. (B) As estipulações unilaterais do Poder Público estão excluídas do conceito legal de contrato de adesão. (C) A inserção de cláusula no formulário descaracteriza a natureza de adesão do contrato. (D) É inadmissível cláusula resolutória nesse tipo de contrato. (E) Toda estipulação contratual que implicar qualquer limitação de direito do consumidor deverá ser redigida com destaque, de modo a permitir sua imediata e fácil compreensão. Comentários A alternativa A está incorreta. Contrato independe de forma, mesmo o de adesão. Contrato é o vínculo, a forma (verbal ou escrita) é apenas o modo de exteriorização e de prova. Quando o fornecedor estabelece um contrato sem prévia discussão, para que o consumidor apenas concorde ou não com seu conteúdo, sem poder modificá-lo, caracteriza-se um contrato de adesão. A forma do contrato, escrita ou verbal, não o descaracteriza como de adesão. Por exemplo, quando analisa se vale a pena assinar o Netflix ou pagar um pacote na academia, se trata de um contrato de adesão. A alternativa B está incorreta. Veja o conceito de contrato de adesão para o CDC no art. 54: "Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo". O contrato de adesão é aquele no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem a opção de concordar ou não com o contrato, que já foi previamente estabelecido pelo fornecedor. Ou seja, não tem discussão. O consumidor não pode discordar de parte do contrato ou querer modificar seu conteúdo, pois apenas pode aceitar ou não inteiramente como ele é. A alternativa C está incorreta. Mero preenchimento de itens num formulário não consegue descaracterizar a natura de um contrato de adesão, que é justamente o fato de não poder discutir os elementos essenciais com o fornecedor. Não se questiona mais isso, como faziam os contratualistas antigos. Nesse sentido, o art. 54, §1°: "A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato". O dispositivo estabelece que, ainda que seja afixada uma cláusula no formulário, ainda se trata de um contrato de adesão. Apesar de se discutir a respeito dos limites desse tipo de contrato, colocar um formulário para o consumidor preencher, como habitualmente se faz nos contratos eletrônicos, não desfigura a adesão e nem a aplicação do CDC. A alternativa D está incorreta. O CDC permite a cláusula resolutória, desde que a opção seja de competência do consumidor, prevê o art. 54, §2°: "Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior". Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 84 112 83 Nos contratos de adesão é permitido inserir uma cláusula resolutória para terminar, romper com o contrato, se for da escolha do consumidor, em caso de descumprimento, com exceção do disposto no §2° do art. 53. Porém, essa resolução depende de uma opção do consumidor; não pode o fornecedor optar pela resolução. Ao fornecedor resta a opção de exigir o cumprimento da prestação, incluindo perdas e danos (indenização). A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Se houver limitação que não seja impedida pela proteção do consumidor, ela deve sempre vir em destaque, como exige o art. 54, §4°: "As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão". Se houver uma cláusula que limite o direito do consumidor, deve haver o devido destaque a fim de se obter compreensão sobre determinada limitação de maneira imediata e fácil. Assim, o objetivo é evitar a existência de uma cláusula escondida nas diversas outras existentes, e que, muitas vezes o consumidor passa despercebido por ela e acaba não dando a devida importância. A chance de haver uma cláusula que o impedisse de requerer a indenização ou na qual ele abrisse mão do seu direito de imagem ou qualquer outra coisa do tipo seria bastante grande se não existisse o §4º. 6. (IESES - Prefeitura de São José - SC - 2019) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à proteção contratual de acordo com o Código de Defesa do Consumidor: (A) A garantia contratual não é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito. (B) O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. (C) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao fornecedor de serviços. (D) Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo. Comentários A alternativa A está incorreta. A garantia contratual é SEMPRE complementar e SEMPRE deve ser feita por escrito, conforme o art. 50: "A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito". A garantia contratual será complementar à garantia legal e será conferida mediante termo escrito. Em outras palavras, aquela garantia de seis meses da sua televisão é complementar, deve ser somada, à garantia aqui já estipulada, como destaca o art. 50 do CDC. Assim, a garantia é legal e ponto, sem necessidade de previsãoespecífica no contrato. Inclusive, é proibida a exoneração contratual do fornecedor. O art. 24, portanto, impede que o fornecedor coloque letras miúdas no contrato de modo a se afastar de eventual responsabilidade. A alternativa B está incorreta. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio". Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 85 112 84 O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. A alternativa C está incorreta. O CDC não restringe, no art. 47, a interpretação mais favorável ao consumidor, nem a faculta ao fornecedor: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor". Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão, quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor. A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Trata-se de aprofundamento do princípio da força obrigatória dos contratos. Se o consumidor não pôde conhecer o conteúdo do contrato, não pode ser obrigado a cumpri-lo: É o que prevê o art. 46: "Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance". O CDC adota o princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas, logo, os contratos devem ser objetivos e específicos, de modo a serem de fácil compreensão pelos consumidores, em vista de sua vulnerabilidade técnica, jurídica, econômica e informacional. Por conta disso, o instrumento contratual não pode ser escrito de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. O próprio contrato não obrigará o consumidor se não for dada a ele a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo. 7. (FUNDEP - SAAE de Itabira - MG - 2019) Sobre a proteção do consumidor nas relações jurídicas, assinale a afirmativa incorreta. (A) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor, sendo que as declarações de vontade constantes de escritos particulares relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor. (B) São anuláveis as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. (C) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, salvo quando de sua ausência decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 86 112 85 (D) O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. Comentários A alternativa A está correta. É a conjugação do art. 47 ("As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor") com o art. 48 ("As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos". Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão, quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor. O princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas, contribui para uma maior vinculatividade também na fase pré-contratual. A quebra da confiança e a justa criação de expectativas é a base dessa mudança. Nesse sentido, o CDC entende que os elementos da fase pré-contratual vinculam o fornecedor pois, apesar de não ter havido contrato, houve contato entre as partes, de modo que uma delas – o consumidor – cria expectativas e confia na outra – o fornecedor – confia que aquilo que foi orçado, aquilo que foi prometido, aquilo que foi dito será cumprido. A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. Veja a regra do art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade". O dispositivo tem a finalidade de destacar os princípios fundamentais do CDC que se tratam da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual, uma vez que os direitos consumeristas são inúmeras vezes violados, diante da vulnerabilidade do consumidor perante o mercado de consumo. A jurisprudência do STJ entende que é abusiva a venda de ingressos pela internet vinculada a uma única intermediadora e mediante o pagamento de taxa de conveniência (REsp 1.737.428/RS). Por outro lado, o STJ entende que é válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato (REsp 1.578.553/SP). No entanto, há abusividade pela cobrança por serviço não efetivamente prestado e a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto. A alternativa C está correta. Não há nulidade de per si de uma cláusula, mas apenas se não houver como salvar o contrato como um todo. É o que prevê o art. 51, §2°: "A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes". Quando se fala em nulidade da cláusula contratual, entende-se que em razão da boa-fé, do equilíbrio contratual, da segurança jurídica, muitas vezes o contrato pode produzir algum efeito, apesar da cláusula abusiva ter sido invalidada, como dispõe o §2º do art. 51: "a nulidade de uma cláusula contratual não invalidao contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 87 112 86 decorrer ônus excessivo a qualquer das partes." Ou seja, em geral, se houver como salvar parte de um contrato que seja benéfico para o consumidor, o CDC determina que o contrato não será considerado inválido. A alternativa D está correta. O art. 40 exige orçamento prévio e completo: "O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços". O CDC exige o prévio orçamento do fornecedor, a respeito do valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos que serão utilizados, mas ainda assim dependerá do consentimento do consumidor para que o serviço seja iniciado. Assim, após o consumidor autorizar o orçamento ofertado, o fornecedor pode realizar o serviço, informando as datas de início e término, bem como as formas de pagamento. No caso de o serviço ser realizado sem autorização do consumidor, será utilizada a regra do art. 39, parágrafo único, que estabelece que se equiparam às amostras grátis o serviço que não foi solicitado. 8. (IF-MT - Direito – 2018) Zé dos Anzóis adquiriu uma camisa, comprada pelo site da loja Só Alegria Confecções. Após o recebimento do produto, Zé notou que o material publicizado no site não correspondia ao que foi entregue na sua residência. Quando Zé dos Anzóis poderá desistir da compra? (A) Até 7 dias a partir do pedido. (B) Até 5 dias após o recebimento. (C) Não poderá desistir. (D) Até 7 dias após o recebimento do produto. (E) Até 5 dias após o pedido. Comentários A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio". O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. As alternativas A, B, C e E estão incorretas. 9. (INAZ do Pará - CRF-PE - 2018) O Código de defesa do consumidor conceitua contrato de adesão como “aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”; deste conceito, nota-se Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 88 112 87 desigualdade material entre as partes. Apesar da postura do Estado não ser de ampla intervenção nas atividades econômicas e nas relações entre particulares, ele atua no sentido de buscar equilíbrio entre os diversos interesses existentes na sociedade, promovendo intervenções e controles onde a linearidade seja substituída pela vulnerabilidade. Nos contratos de adesão, onde tal desigualdade é mais percebida, a equivalência material depende da atuação do legislador. À luz deste tema, qual a alternativa que melhor traduz a restauração da linearidade das partes nos contratos? (A) Cláusula constante em contrato de prestação de serviços de telefonia que permita à operadora do serviço, a seu critério, a interrupção do serviço, independentemente da previsão de motivos taxativos, mesmo que o outro contratante não tenha igual direito, não configura desequilíbrio na relação contratual. (B) Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a análise da validade de cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil celebrado pelos consumidores do Estado de Pernambuco. (C) Em contrato de prestação de serviços que tenha cláusula apontando a taxa SELIC como parâmetro para o reajuste e, no mesmo contrato, haja outra cláusula definindo índice da poupança como parâmetro para o mesmo fim, dada a contradição, deve ser utilizado aquele mais atualizado. (D) Nos contratos de adesão, são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (E) Nos contratos de adesão, como a sua elaboração tem predominância da vontade de uma das partes sobre os demais, havendo dubiedade de entendimento acerca de uma das cláusulas, sendo necessária a intervenção judicial, deve o juiz solicitar da parte que elaborou referida norma arrazoado circunstanciado acerca dos seus fundamentos, para o fim de formar sua livre convicção sobre a demanda. Comentários A alternativa A está incorreta. Veja o enunciado o art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor". O dispositivo estabelece que a cláusula contratual que autoriza o fornecedor, exclusivamente, a resilir o contrato, é nula de pleno direito. A resilição é uma das espécies de rescisão, usada para dar cabo, terminar, um contrato, de maneira unilateral ou bilateral. O inciso XI visa destacar que o consumidor pode igualmente, cancelar o contrato, considerando a boa-fé, a fim de evitar o abuso de direito do fornecedor. A rigor, válida a cláusula de resilição unilateral, se permitida para ambas as partes. No entanto, se se verificar que a cláusula foi usada pelo fornecedor para que houvesse o cancelamento do contrato a fim de que ele pudesse, logo em seguida, propor novo contrato, com valores mais altos, há violação do dispositivo. Nesse caso, visualiza-se o desequilíbrio contratual de uma das partes, em vista da interrupção do serviço, sem igual direito para o outro contratante. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Segundo o entendimento do STJ, o Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública para verificar a validade das cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil. Logo, a fim de se possibilitar o equilíbrio contratual, o MP pode ajuizar ação para o reconhecimento das cláusulas abusivas no contrato de adesão, para se reestabelecer os critérios de reajuste das obrigações das partes do contrato. Nesse sentido "O Ministério Público tem legitimidade ad causam para a propositura de ação civil pública para tutelar interesses de consumidores envolvidos na celebração de contrato de adesão para a aquisição de bem imóvel. " (REsp. 440.617, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 4a T., p. 17/03/03). Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 89 112 88 O mesmo julgado permite inferir que o Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a análiseda validade de cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil celebrado pelos consumidores do Estado de Pernambuco, a fim de se restaurar a linearidade entre as partes. A alternativa C está incorreta. O art. 47 prevê a interpretação mais favorável ao consumidor: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor". Não importa o índice, importa qual é mais favorável ao consumidor. Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão, quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor. A alternativa D está incorreta. Veja a redação do art. 424 do Código Civil: "Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio". As cláusulas nulas de pleno direito são consideradas invalidas, uma vez que são de interesse público, podem ser alegadas por todos os interessados no ato, pelo Ministério, a fim de que seja declarada nula pelo juiz, enquanto um ato anulável precisa ser provocado, ou seja, deve haver pedido para sua anulação. Desse modo, o CDC visa tutelar os direitos consumeristas, sendo que a nulidade pressupõe que o ato viciado vai na contramão dos interesses consumeristas defendidos pelo Código. A alternativa E está incorreta. O art. 47 prevê a interpretação mais favorável ao consumidor: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor". Não importam as razões do fornecedor, importa o consumidor. O contrato de adesão é aquele no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem a opção de concordar ou não com o contrato, que já foi previamente estabelecido pelo fornecedor. Ou seja, não tem discussão. O consumidor não pode discordar de parte do contrato ou querer modificar seu conteúdo, pois apenas pode aceitar ou não inteiramente como ele é. Contudo, havendo dubiedade, ambiguidade, confusão de entendimento acerca de uma das cláusulas, a mesma sempre será interpretada de maneira mais benéfica para o consumidor, inclusive nos contratos de adesão. 10. (FEPESE - CELESC - 2018) Assinale a alternativa correta de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. (A) A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. (B) É vedada a inserção de cláusula resolutória nos contratos de adesão. (C) Uma vez aceito e assinado, o contrato de adesão deve ser publicado para ter início sua vigência. (D) Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido estabelecidas pelo fornecedor de produtos ou serviços em conjunto com o consumidor. (E) É característico do contrato de adesão conter cláusulas que implicarem limitação de direito da parte contratante. Comentários A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Mero preenchimento de itens num formulário não consegue descaracterizar a natura de um contrato de adesão, que é justamente o fato de não poder Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 90 112 89 discutir os elementos essenciais com o fornecedor. Não se questiona mais isso, como faziam os contratualistas antigos. Nesse sentido, o art. 54, §1°: "A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato". O dispositivo estabelece que, ainda que seja afixada uma cláusula no formulário, ainda se trata de um contrato de adesão. Apesar de se discutir a respeito dos limites desse tipo de contrato, colocar um formulário para o consumidor preencher, como habitualmente se faz nos contratos eletrônicos, não desfigura a adesão e nem a aplicação do CDC. A alternativa B está incorreta. O CDC permite a cláusula resolutória, desde que a opção seja de competência do consumidor, prevê o art. 54, §2°: "Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior". Nos contratos de adesão é permitido inserir uma cláusula resolutória para terminar, romper com o contrato, se for da escolha do consumidor, em caso de descumprimento, com exceção do disposto no §2° do art. 53. Porém, essa resolução depende de uma opção do consumidor; não pode o fornecedor optar pela resolução. Ao fornecedor resta a opção de exigir o cumprimento da prestação, incluindo perdas e danos (indenização). A alternativa C está incorreta. Sem sentido. Salvo os contratos solenes regidos pelo Código Civil, nenhum contrato precisa ser publicado, na esfera privada, em obediência ao princípio da força obrigatória. O contrato de adesão é aquele no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem a opção de concordar ou não com o contrato, que já foi previamente estabelecido pelo fornecedor. Ou seja, não tem discussão. O consumidor não pode discordar de parte do contrato ou querer modificar seu conteúdo, pois apenas pode aceitar ou não inteiramente como ele é. Em nenhum momento se estabelece que apenas com a publicação o mesmo começará a ser vigente. A alternativa D está incorreta. Veja o conceito de contrato de adesão para o CDC no art. 54: "Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo". Quando o fornecedor estabelece um contrato sem prévia discussão, para que o consumidor apenas concorde ou não com seu conteúdo, sem poder modificá-lo, caracteriza-se um contrato de adesão. A forma do contrato, escrita ou verbal, não o descaracteriza como de adesão. Por exemplo, quando analisa se vale a pena assinar o Netflix ou pagar um pacote na academia, se trata de um contrato de adesão. A alternativa E está incorreta. Se houver limitação que não seja impedida pela proteção do consumidor, ela deve sempre vir em destaque, como exige o art. 54, §4°: "As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão". Ou seja, o contrato de adesão não necessariamente terá cláusulas limitadas. Se houver uma cláusula que limite o direito do consumidor, deve haver o devido destaque a fim de se obter compreensão sobre determinada limitação de maneira imediata e fácil. Assim, o objetivo é evitar a existência de uma cláusula escondida nas diversas outras existentes, e que, muitas vezes o consumidor passa despercebido por ela e acaba não dando a devida importância. A chance de haver uma cláusula Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 91 112 ==3744a9== 90 que o impedisse de requerer a indenização ou na qual ele abrisse mão do seu direito de imagem ou qualquer outra coisa do tipo seria bastante grande se não existisse o §4º. 11. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) De acordo com as regras consumeristas, na contratação de fornecimento de produtos e serviços fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, o consumidor poderá exercer o direito de arrependimento no prazo de quantos dias? (A) Cinco. (B) Sete. (C) Quinze. (D) Trinta. (E) Quarenta e cinco. Comentários A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtose serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio". O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado. Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc. As alternativas A, C, D e E estão incorretas. 12. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA: (A) Os contratos de adesão escritos, no âmbito das relações de consumo, serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo onze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (B) O CDC veda a denominada cláusula de decaimento que se refere, nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações e nas alienações fiduciárias em garantia, à perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. (C) É assegurada ao consumidor na liquidação antecipada do débito e quando feito totalmente, mediante a redução proporcional dos juros, salvo dos demais acréscimos. (D) De acordo com o CDC, nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, terá descontada somente a vantagem econômica auferida com a fruição, sendo vedado o desconto referente aos prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. Comentários Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 92 112 91 A alternativa A está incorreta. O art. 54, §3º traz as regras a respeito da redação do contrato de adesão: "Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor". Tendo em vista que o contrato de adesão é estabelecido pelo fornecedor, sem que seja oferecida alguma opção ao consumidor, que pode apenas aceitar ou não o que se determinou no contrato, a sua escrita deve ser objetiva, a fim de que se obtenha uma fácil compreensão, com termos diretos e específicos. Ademais, o dispositivo exige que o tamanho da fonte seja de, no mínimo doze, pois existe fornecedor que coloca letra miúda no contrato (lembre-se que na publicidade não é necessário que a fonte seja 12, mas apenas no contrato escrito em si). A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 53 traz a vedação à chamada cláusula de decaimento: "Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado". É vedada à chamada cláusula de decaimento. Desse modo, se compro um imóvel e, por alguma razão, não pago as prestações, não perco todo o valor já pago. Sob essa premissa, o dispositivo estabelece que a cláusula que determinar a perca total do valor já pago em benefício do credor, é nula de pleno direito. A alternativa C está incorreta. Na liquidação antecipa, deve haver redução proporcional à integralidade dos valores pagos, como exige o art. 52, §2º: "É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos". O dispositivo estabelece que no caso de o consumidor realizar antecipadamente o pagamento, ele tem o direito de receber um desconto. É uma garantia ao consumidor, de modo que as instituições financeiras não podem cobrar tarifa para liquidação antecipada de débitos (REsp 1.409.792/DF). Além disso, o banco poderá realizar novas operações, visto que receberá o crédito antes do esperado, ademais, não terá risco de inadimplência. Contudo, veja que o dispositivo se refere a encargos de ordem financeira. A alternativa D está incorreta. Consórcio tem regra peculiar no art. 53, §2º: "Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo". Se o consumidor não realizar as prestações relativas à compra de um imóvel, o valor que já foi pago não será perdido, por conseguinte, são nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam o contrário. Contudo, no caso dos consórcios, não é estabelecido um contrato de compra e venda por meio de prestações, mas sim um grupo que se reúne para adquirir determinado bem. Por isso, nesse caso a compensação ou restituição das parcelas já pagas, terá descontada os prejuízos causados aos integrantes do grupo. O caso do consórcio tem outra natureza jurídica, pelo que a saída de um dos participantes não justifica a devolução ou a redução daquelas parcelas que são contratadas no interesse de todo o grupo (REsp 688.794/RJ). Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 93 112 92 13. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere às cláusulas abusivas segundo o CDC, assinale a alternativa correta. (A) É válida a cláusula contratual relativa ao fornecimento de serviços que determine a utilização compulsória de arbitragem. (B) São anuláveis, entre outras, as cláusulas contratuais, relativas ao fornecimento de produtos, que possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. (C) Na venda a crédito, é assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos. (D) Em regra, a nulidade de uma cláusula contratual abusiva invalida todo o contrato. (E) O consumidor é o único legitimado a requerer ao Ministério Público o ajuizamento da competente ação para que seja declarada a nulidade de cláusula contratual que não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. Comentários A alternativa A está incorreta. Não pode o fornecedor obrigar o consumidor a recorrer à arbitragem, exige o art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem". Com a maior utilização da arbitragem para a resolução de conflitos, não se pode pensar que ela é obrigatória, ainda que nas relações de consumo. A fim de se resolver um problema sem precisar ir até o Poder Judiciário, o Código de Processo Civil de 2015 incita a composição extrajudicial de conflitos, como a arbitragem, a conciliação e a mediação, para se obter uma razoável duração do processo. Para que esse modo que resolução de conflitos seja utilizado somente com o real interesse do consumidor, o inc. VII estabelece a vedação à chamada cláusula compulsória de arbitragem. O art. 4º, §2º, da Lei 9.307/1996 dispõeque a cláusula compromissória só tem eficácia nos contratos de adesão se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar expressamente com sua instituição, e desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. Por isso, o STJ (REsp 1.785.783/GO) entendeu que se o consumidor não demonstrou qualquer interesse em participar do procedimento arbitral, buscando diretamente o Judiciário em razão do grave inadimplemento contratual, afasta-se eventual cláusula arbitral fixada sem cumprimento das exigências da Lei de Arbitragem. A alternativa B está incorreta. A renúncia pelas benfeitorias necessárias, e apenas por elas, é proibida pelo art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias". O dispositivo estabelece que é NULA de pleno direito a cláusula que impeça a indenização pelas benfeitorias necessárias realizadas pelo adquirente e não ANULÁVEL. Se trata da cláusula negativa de indenização por benfeitorias necessárias. O §3º do art. 96 do Código Civil estabelece que: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias § 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore”. Assim, o reboco dos tijolos para conservar o bem é uma benfeitoria necessária. No entanto, não consideram as benfeitorias necessárias feitas pelos adquirentes, em desconformidade com o contrato ou com a lei. Em outras palavras, construiu irregularmente, fez puxadinho, não respeitou as regras municipais de edificação ou fez a obra escondido. Perdeu (REsp 1.643.771/PR). Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 94 112 93 A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Na liquidação antecipa, deve haver redução proporcional à integralidade dos valores pagos, como exige o art. 52, §2º: "É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos". O dispositivo estabelece que no caso de o consumidor realizar antecipadamente o pagamento, ele tem o direito de receber um desconto. É uma garantia ao consumidor, de modo que as instituições financeiras não podem cobrar tarifa para liquidação antecipada de débitos (REsp 1.409.792/DF). Além disso, o banco poderá realizar novas operações, visto que receberá o crédito antes do esperado, ademais, não terá risco de inadimplência. Contudo, veja que o dispositivo se refere a encargos de ordem financeira. A alternativa D está incorreta. Não há nulidade de per si de uma cláusula, mas apenas se não houver como salvar o contrato como um todo. É o que prevê o art. 51, §2°: "A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes". Quando se fala em nulidade da cláusula contratual, entende-se que em razão da boa-fé, do equilíbrio contratual, da segurança jurídica, muitas vezes o contrato pode produzir algum efeito, apesar da cláusula abusiva ter sido invalidada, como dispõe o §2º do art. 51: "a nulidade de uma cláusula contratual não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes." Ou seja, em geral, se houver como salvar parte de um contrato que seja benéfico para o consumidor, o CDC determina que o contrato não será considerado inválido. A alternativa E está incorreta. O consumidor pode acionar o MP para que ele ajuíze a ação, prevê o art. 51, §4°: "É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes". No entanto, qualquer entidade também pode. Para que determinada cláusula seja considerada nula, é necessário que qualquer consumidor ou entidade que o represente requisite ao Ministério Público, a fim de que o mesmo ajuíze uma ação com o objetivo de declarar a nulidade da cláusula. Logo, ainda que a violação não decorra do CDC, ainda assim o consumidor pode requerer a declaração de nulidade de cláusula abusiva, quando cláusula de qualquer forma não assegurar o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 95 112 94 LISTA DE QUESTÕES Proteção contratual (arts. 46 a 54) Bancas sortidas 1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) MEK é correntista do Banco L, mantendo relações negociais frequentes, bem como sua família. Por força desse relacionamento, possui dois contratos de cartão de crédito que utiliza nas suas compras cotidianas. Em determina do dia, é surpreendido pela entrega de mais um cartão de crédito que não havia solicitado. No dia seguinte, dirige- se à agência bancária onde movimenta sua conta corrente e apresenta o cartão, com pedido de devolução, por não ter interesse no adicional. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, o(a) (A) recebimento pelo consumidor leva à cobrança de anuidade pelo emissor. (B) pagamento não efetuado da anuidade cobrada permite a inscrição do consumidor no cadastro de inadimplentes. (C) fornecimento de cartões de créditos a clientes habituais independe de formalização de contrato. (D) banco tem direito a ressarcimento pelas despesas de remessa do cartão. (E) entrega sem solicitação caracteriza prática abusiva do fornecedor. 2. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) K é correntista do Banco S e possui cartões de crédito e de débito expedidos pela instituição financeira. Diante de dificuldades momentâneas, não conseguiu cobrir o total das despesas realizadas com o seu cartão de crédito. No dia do vencimento, o banco, mediante autorização contratual, retirou da conta corrente de K o valor mínimo para efeito de pagamento parcial da dívida. Houve contestação, que foi indeferida pelo órgão interno do banco. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, essa norma contratual deve ser considerada: (A) abusiva, por retirar o poder de controle das finanças do correntista. (B) regular, pois não se fundamenta em poder superior do banco. (C) questionável, pois quebra a isonomia entre os contratantes. (D) passível de impugnação administrativa. (E) ampla demais, por não conter previsão de valor a ser debitado. 3. (FUNDEP - Prefeitura de Uberlândia - MG - 2019) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, considerando que um homem contratou, pela internet, o fornecimento de produto – um televisor de 50 polegadas – fora do estabelecimento comercial, para entrega em seu domicílio, ele poderá desistir do contrato de aquisição no prazo de ________________, a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna anterior. (A) 2 dias úteis. (B) 5 dias úteis. (C) 7 dias úteis. (D) 15 dias úteis. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 96 112 95 4. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere à proteção contratual, assinale a alternativa correta conforme o CDC. (A) O consumidor pode arrepender-se e desistir do contrato, no prazo de cinco dias, a contar do recebimento do produto, se o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial. (B) No caso de contratação por telefone, seo consumidor exercer o direito de arrependimento, não terá direito ao reembolso das quantias pagas. (C) A redação das cláusulas contratuais deve ser feita de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor para que a obrigação por ele assumida para com o fornecedor possa ser exigível. (D) Apenas as cláusulas contratuais cuja redação seja ambígua ou obscura serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. (E) As declarações de vontade constantes de pré-contratos relativos às relações de consumo não vinculam o fornecedor. 5. (Qadrix - Procon - GO - 2017) À luz da doutrina e do CDC, assinale a alternativa correta acerca de contrato de adesão. (A) Os contratos celebrados verbalmente não poderão ser considerados como de adesão. (B) As estipulações unilaterais do Poder Público estão excluídas do conceito legal de contrato de adesão. (C) A inserção de cláusula no formulário descaracteriza a natureza de adesão do contrato. (D) É inadmissível cláusula resolutória nesse tipo de contrato. (E) Toda estipulação contratual que implicar qualquer limitação de direito do consumidor deverá ser redigida com destaque, de modo a permitir sua imediata e fácil compreensão. 6. (IESES - Prefeitura de São José - SC - 2019) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à proteção contratual de acordo com o Código de Defesa do Consumidor: (A) A garantia contratual não é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito. (B) O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. (C) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao fornecedor de serviços. (D) Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo. 7. (FUNDEP - SAAE de Itabira - MG - 2019) Sobre a proteção do consumidor nas relações jurídicas, assinale a afirmativa incorreta. (A) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor, sendo que as declarações de vontade constantes de escritos particulares relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor. (B) São anuláveis as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. (C) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, salvo quando de sua ausência decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. (D) O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. 8. (IF-MT - Direito – 2018) Zé dos Anzóis adquiriu uma camisa, comprada pelo site da loja Só Alegria Confecções. Após o recebimento do produto, Zé notou que o material publicizado no site não correspondia ao que foi entregue na sua residência. Quando Zé dos Anzóis poderá desistir da compra? (A) Até 7 dias a partir do pedido. (B) Até 5 dias após o recebimento. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 97 112 ==3744a9== 96 (C) Não poderá desistir. (D) Até 7 dias após o recebimento do produto. (E) Até 5 dias após o pedido. 9. (INAZ do Pará - CRF-PE - 2018) O Código de defesa do consumidor conceitua contrato de adesão como “aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”; deste conceito, nota-se desigualdade material entre as partes. Apesar da postura do Estado não ser de ampla intervenção nas atividades econômicas e nas relações entre particulares, ele atua no sentido de buscar equilíbrio entre os diversos interesses existentes na sociedade, promovendo intervenções e controles onde a linearidade seja substituída pela vulnerabilidade. Nos contratos de adesão, onde tal desigualdade é mais percebida, a equivalência material depende da atuação do legislador. À luz deste tema, qual a alternativa que melhor traduz a restauração da linearidade das partes nos contratos? (A) Cláusula constante em contrato de prestação de serviços de telefonia que permita à operadora do serviço, a seu critério, a interrupção do serviço, independentemente da previsão de motivos taxativos, mesmo que o outro contratante não tenha igual direito, não configura desequilíbrio na relação contratual. (B) Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a análise da validade de cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil celebrado pelos consumidores do Estado de Pernambuco. (C) Em contrato de prestação de serviços que tenha cláusula apontando a taxa SELIC como parâmetro para o reajuste e, no mesmo contrato, haja outra cláusula definindo índice da poupança como parâmetro para o mesmo fim, dada a contradição, deve ser utilizado aquele mais atualizado. (D) Nos contratos de adesão, são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (E) Nos contratos de adesão, como a sua elaboração tem predominância da vontade de uma das partes sobre os demais, havendo dubiedade de entendimento acerca de uma das cláusulas, sendo necessária a intervenção judicial, deve o juiz solicitar da parte que elaborou referida norma arrazoado circunstanciado acerca dos seus fundamentos, para o fim de formar sua livre convicção sobre a demanda. 10. (FEPESE - CELESC - 2018) Assinale a alternativa correta de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. (A) A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. (B) É vedada a inserção de cláusula resolutória nos contratos de adesão. (C) Uma vez aceito e assinado, o contrato de adesão deve ser publicado para ter início sua vigência. (D) Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido estabelecidas pelo fornecedor de produtos ou serviços em conjunto com o consumidor. (E) É característico do contrato de adesão conter cláusulas que implicarem limitação de direito da parte contratante. 11. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) De acordo com as regras consumeristas, na contratação de fornecimento de produtos e serviços fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, o consumidor poderá exercer o direito de arrependimento no prazo de quantos dias? (A) Cinco. (B) Sete. (C) Quinze. (D) Trinta. (E) Quarenta e cinco. 12. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA: Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 98 112 97 (A) Os contratos de adesão escritos, no âmbito das relações de consumo, serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo onze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (B) O CDC veda a denominada cláusula de decaimento que se refere, nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações e nas alienações fiduciárias em garantia, à perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. (C) É assegurada ao consumidor na liquidação antecipada do débito e quando feito totalmente, mediante a redução proporcional dos juros, salvo dos demais acréscimos. (D) De acordo com o CDC, nos contratos do sistema de consórcio de produtosou dolo do fornecedor (imprudência, negligência, imperícia, má-fé, dolo ou qualquer voluntariedade ou desejo de causar dano ou enganar). Claro, a publicidade exige certa teatralidade, certo exagero; normal. O chamado puffing não é ilícito, se não for usado de maneira enganosa ou abusiva. Dizer que se vende o carro mais econômico da categoria constitui publicidade enganosa, se o fabricante não puder provar o fato (informação objetiva e com ar científico); mas, dizer que se vende o carro mais desejado desde o Egito antigo é mero exagero, lícito (informação subjetiva e com ar jocoso). Ademais, para o STJ, a ausência de informação relativa ao preço, por si só, não caracteriza publicidade enganosa. Para a caracterização da ilegalidade omissiva, a ocultação deve ser de qualidade essencial do produto, do serviço ou de suas reais condições de contratação, considerando, na análise do caso concreto, o público alvo do anúncio publicitário (REsp 1.705.278/MA). E quem responde pela publicidade enganosa? Segundo o STJ, as empresas de comunicação não respondem por publicidade e propostas abusivas ou enganosas, porque essa responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram (REsp. 604.172/SP). • Qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços • Quando será a publicidade enganosa por omissão? Quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço Publicidade enganosa • Dentre outras, a discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança Publicidade abusiva Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 10 112 9 Também já entendeu o STJ que é possível o redirecionamento da condenação de veicular contrapropaganda imposta a matriz à sua filial. Ainda que possuam CNPJ diversos e autonomia administrativa e operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a pessoa jurídica como um todo. Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a consumidores é extensível às filiais (REsp 1.655.796/MT). Seção IV – Práticas abusivas Reconhecer as práticas abusivas nem sempre é fácil. Isso porque, de um lado, os fornecedores precisam colocar os produtos em certo destaque. O mercado de consumo no capitalismo funciona, de maneira ideal, assim; bons produtos vão assumindo adiante e maus produtos vão sendo eliminados. O problema é que, nessa corrida pelos consumidores, é necessário que seu produto seja conhecido. Você certamente já deve ter visto um produto genial e pensado como é que não inventaram isso antes (eu ainda acho sensacional meu singelo aparato para tirar o caroço da azeitona). Ou mesmo pensado em como era a vida antes de certo produto existir (o horror de ir de um lugar para o outro antes do advento do GoogleMaps, que somente se tornou um mapa praticamente em tempo real em 2011). Não raro o fornecedor vai enaltecer as características do seu produto, criar facilidades, ou esconder defeitos e impedir certos usos, propositadamente. Trocando em centavos de real, ele vai abusar de certas práticas para se destacar ou evitar sumir do mercado. Aqui você vê uma das raras hipóteses de presunção juris et de jure, ou seja, uma presunção absoluta, que não admite prova em contrário. Há presunção absoluta de ilicitude na adoção das práticas elencadas no art. 39 do CDC. Pode-se dividir as práticas abusivas de acordo com a fase da contratação: ➢ Fase pré-contratual: práticas abusivas levadas a efeito antes da contratação efetiva. Por exemplo, os incs. I, II e III do art. 39 (condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço; recusar atendimento às demandas dos consumidores; enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto). ➢ Fase contratual: práticas abusivas levadas a efeito depois da contratação, mas antes de sua finalização. Por exemplo, o inc. XII do art. 39 (não fixação do prazo para cumprimento da obrigação). ➢ Fase pós-contratual: práticas abusivas levadas a efeito depois de finalizada a relação de consumo. Por exemplo, o inc. VII do art. 39 (repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos). Lembre, mais uma vez, de não confundir a publicidade enganosa com a publicidade abusiva; os examinadores adoram fazer essa pegadinha nas provas, misturando os dois conceitos. Ambas as publicidades são proibidas, mas não se confundem! Pois bem. E quais são as práticas abusivas? O art. 39 proíbe ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: ➢ Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 11 112 10 https://t.me/concurso_aqui Aqui entra a vedação à venda casada, muito comum em alguns setores. Célebre o caso do Internet Explorer da Microsoft, que vinha já pré-instalado nos sistemas operacionais Windows. O setor bancário costuma querer enfiar goela abaixo do consumidor seguros de toda ordem, condicionando a contratação a eles. O caso mais célebre é o da pipoca de cinema. Antigamente, só se podia entrar na sala de cinema com a pipoca da própria vendinha do cinema. O STJ (REsp 744.602) julgou que isso violava o inc. I do art. 39 do CDC e proibiu a prática. A Súmula 473 do STJ traz outro exemplo: “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada”. Igualmente, se o mercado de consumo é livre e eu tenho dinheiro, e o fornecedor tem o produto, ele não pode limitar minhas compras, para menos ou para mais. Há exceção quando se trata de uma promoção, por exemplo (somente 6 pacotes de macarrão por CPF), ou produtos essenciais durante uma pandemia de coronavírus (somente 4 embalagens de álcool-gel por cliente). Por causa do inc. I do art. 39 do CDC é que o STJ editou a Súmula 356: “É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa”. Isso porque se entende que é possível cobrar por pacotes mínimos de serviços de telecomunicações, para haver adequada retribuição pela infraestrutura. ➢ II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes Esse dispositivo complementa o anterior. O objetivo é evitar que o fornecedor limite atendimento a este ou aquele consumidor, de maneira discriminatória. Por outro lado, a norma também impede que o consumidor exija do fornecedor quantidades incompatíveis com os usos e costumes. Inclusive, o STJ entende que a limitação de estoque do fornecedor, justificada, não gera dano moral indenizável (REsp 595.734/RS). ➢ III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço Prática comum nos anos 1990 e 2000. Enviar o produto acompanhado de um boleto e, sem o pagamento, mandar o nome do consumidor para o SERASA: não pode. Caso que continua acontecendo é o envio de cartão de crédito pelo banco, sem solicitação, com cobrança de anuidade. O STJ, na Súmula 532, entende que constitui práticaduráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, terá descontada somente a vantagem econômica auferida com a fruição, sendo vedado o desconto referente aos prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. 13. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere às cláusulas abusivas segundo o CDC, assinale a alternativa correta. (A) É válida a cláusula contratual relativa ao fornecimento de serviços que determine a utilização compulsória de arbitragem. (B) São anuláveis, entre outras, as cláusulas contratuais, relativas ao fornecimento de produtos, que possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. (C) Na venda a crédito, é assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos. (D) Em regra, a nulidade de uma cláusula contratual abusiva invalida todo o contrato. (E) O consumidor é o único legitimado a requerer ao Ministério Público o ajuizamento da competente ação para que seja declarada a nulidade de cláusula contratual que não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. GABARITO 1. E 2. B 3. C 4. C 5. E 6. D 7. B 8. D 9. B 10. A 11. B 12. B 13. C Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 99 112 98 Capítulo VI-A – Prevenção e tratamento do superendividamento A Lei 14.181/2021, a Lei do Superendividamento, estabeleceu, no Capítulo VI-A do CDC, a respeito do tema. E o que é superendividamento, juridicamente falando, nos termos da nova lei? Segundo o art. 54-A, §1º, entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação. E que tipo de dívida configura dívida de consumo? Conforme o §2º, as dívidas de consumo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. A regra, porém, não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor (§3º). Dessa forma, podemos extrair do art. 54-A os requisitos para que seja reconhecido o superendividamento: 1. Pessoa natural Apesar de, conforme a Teoria Finalista Mitigada se conceituar como consumidor a pessoa jurídica, mesmo que não seja ela destinatária final de produto ou serviço, desde que verificada sua vulnerabilidade, não é possível aplicar o Capítulo na prevenção e tratamento de eventual excesso de dívidas de pessoas jurídicas. Isso se explica porque a regência das dívidas de pessoas jurídicas em situação de dificuldade creditícia é feita por normatização própria, vinculada à intervenção, dissolução, liquidação, recuperação e falência. 1 2. Boa-fé Não pode o consumidor agir de má-fé, em franca violação ao princípio da boa-fé objetiva exigida em todas as relações contratuais. Veja-se que o art. 4º, inc. III, do CDC prefixa que a harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo sempre deve se pautar na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores. Por isso, o intuito fraudatório, visualizado quando o contrato é celebrado dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento, impede a aplicação da 1 A base legal é a Lei 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, conhecida por Lei de Recuperação e Falências - LRF. Ela disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Não se aplica, conforme o art. 2º, a empresa pública e sociedade de economia mista; bem como instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Nesses casos, há pulverização normativa. Por exemplo, a Lei 5.764/1971 trata da dissolução e liquidação das sociedades cooperativas; o Decreto-Lei 73/1966 da liquidação das seguradoras; a Lei 6.024/1974 trata da intervenção e liquidação das instituições financeiras. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 100 112 99 proteção do consumidor contra o superendividamento. Necessário atentar que a má-fé não se presume, exigindo-se prova do intuito fraudatório, do dolo, do embuste provocado pelo consumidor. Isso não significa que o juiz precise obter uma confissão do consumidor quanto ao intuito de não realizar pagamentos. As regras de experiência e a prudência do julgador sempre devem servir de baliza para que o objetivo legal não seja desvirtuado e desequilibre as relações consumeristas, sob pena de enfraquecimento do instituto. 3. Totalidade das dívidas O superendividamento, como o nome diz, impede o consumidor de se desvencilhar de seus débitos, ante situação de estrangulamento creditório. O montante das dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, atinge níveis impagáveis. A norma prevê que tanto dívidas vencidas e exigíveis, quanto dívidas futuras e vincendas sejam consideradas na equação. Por vezes, é possível visualizar uma situação de superendividamento por antecipação, na qual, presentemente, o consumidor consegue pagar suas obrigações, mas, em breve espaço de tempo, não o fará. É o caso de uma família cujo pai, profissional autônomo, era o provedor financeiro da casa e falece repentinamente. Como ainda há créditos do falecido a receber, as obrigações financeiras podem ser solvidas pelos próximos poucos meses. No médio prazo, porém, a família não conseguirá mais manter o mínimo existencial, em vista dos muitos débitos parcelados (cartão de crédito, cheque especial, financiamento residencial etc.). 4. Mínimo existencial A prevenção e o tratamento do superendividamento não podem comprometer o mínimo existencial da pessoa. De nada adianta arrancar a roupa do devedor para que suas dívidas sejam pagas e o deixar à mercê da própria sorte. Necessário compreender que o superendividamento afeta o mercado de consumo e o vilipêndio do consumidor significará menos um consumidor no mercado. Menos consumidores no mercado fragiliza o próprio sistema, em franco prejuízo ao desenvolvimento econômico. 5. Dívidas de consumo As dívidas de consumo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. Ou seja, no conceito de dívida englobada pelo superendividamento não estão as dívidas civis comuns, as dívidas trabalhistas, tributárias etc., não havidas por relação de consumo. Por exemplo, uma dívida de alimentos não está contida na noção de superendividamento, já que é dívida civil e não de consumo. As obrigações propter rem, que derivam da titularidade de uma coisa, como a cota condominial, não são originadas de relação de consumo. Igualmente, dívidas civis ou tributárias não se enquadram no conceito. A rigor, as dívidas do consumidor que é empregador doméstico, ou do consumidor, dono de um veículo com débitos de IPVA, não são dívidas de consumo e, portanto, não estão sujeitas ao regime protetivo da lei. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 101 112 100 Mas, toda dívida de consumo sujeitaa pessoa ao regime do superendividamento? Não. Excepcionalmente, se a dívida é oriunda da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor (§3º), a proteção ao consumidor cede. A exceção se justifica pelo princípio da boa-fé objetiva. O valor elevado dos bens, aliado ao conceito de luxo, é incompatível com a própria noção de mínimo existencial. Não há espaço para proteção do mínimo existencial quando a discussão travada no excesso de débito é de sucessivas aquisições de veículos importados, ou de gastos com passagens de primeira classe e hospedagens luxuosas internacionais. Importante não confundir o valor e o luxo. O bem pode ser de alto valor, mas não de luxo, como uma casa. O bem pode ser de luxo, sem ser de alto valor, como um quilo de Kobe Beef. É necessário que os dois conceitos estejam fundidos num só produto de luxo de alto valor para que a proteção legal seja afastada. Em síntese: Determina o art. 54-B que no fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas no art. 52 do CDC Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; • Não pode o consumidor ser pessoa jurídica 1. Pessoa natural • Não pode o consumidor agir de má-fé 2. Boa-fé • Exigíveis e vincendas 3. Totalidade das dívidas • Necessidade de preservar a sobrevivência do consumidor 4. Mínimo existencial • Não se sujeitam ao regime as dívidas civis,trabalhistas, tributárias etc. • Exceção: dívidas de consumo de produtos de luxo de alto valor afastam a proteção legal 5. Dívida de consumo Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 102 112 101 III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor. Essas informações, juntamente com aquelas referidas no art. 52, devem constar de forma clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao consumidor (§1º). Além disso, sem prejuízo da proibição da publicidade enganosa ou abusiva (art. 37), a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento (§3º). E o que é o custo efetivo total, conhecido no jargão bancário como CET? Pelo §2º, ele consiste na taxa percentual anual e compreende todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. Basicamente, quanto efetivamente vai ser descontado no final do mês da minha conta, incluindo todo o tipo de cobrança acessória (tarifas, taxas, juros, correção, comissões etc.). Atente para a regra do inc. III do art. 54-B. Ela estabelece exceção à regra geral de obrigatoriedade da proposta. Prevê o art. 428, inc. I, do Código Civil, que deixa de ser obrigatória a proposta feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Além disso, o inc. III estabelece que não é obrigatória a proposta se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado. Presente é aquele que pode dar resposta imediata, como o consumidor que contata por telefone ou WhatsApp. Ausente é aquele que não pode dar resposta imediata, como no caso de proposta feita pelo correio. O inc. III do art. 54-B traz, portanto, dupla exceção. Primeiro, mesmo que a proposta seja feita a presente, há prazo de 2 dias, no mínimo, para a aceitação, mesmo que não imediatamente aceita. Segundo, se feita a ausente, o Código Civil não prevê prazo mínimo, mas o CDC, relativamente à oferta de crédito, sim, de 2 dias. Para prevenir o superendividamento, o art. 54-C prefixa uma série de vedações à oferta de crédito. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo; IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio; Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 103 112 102 V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais. Apesar do veto ao inc. I, os demais dispositivos servem justamente para impedir a oferta de crédito predatória. O inc. II proíbe prática até então muito frequente, especialmente no comércio de rua e em publicidade virtual. A publicidade de oferta de crédito sem consulta ou avaliação promove a obtenção de crédito irresponsável e inconsciente e, geralmente, está vinculada às mais altas taxas de juros do mercado. O inc. III pretende, em consonância com o princípio da conscientização financeira e da prevenção ao superendividamento. O consumidor precisa ser conscientizado do crédito, precisa saber das consequências na obtenção do crédito, e não ter essas informações ocultadas. A boa-fé contratual exige que o fornecedor seja sincero, honesto, probo; que venha com as mãos limpas para a mesa de negociação, como diz a máxima britânica. O inc. IV traz franca preocupação com o consumidor com vulnerabilidade agravada. Vulnerável por ser consumidor, novamente vulnerável pela sua situação pessoal (pessoas com deficiência, idosas, doentes, com baixa instrução formal etc.). O rol é exemplificativo, já que pessoas não incluídas na norma podem ter reconhecida sua vulnerabilidade específica, como as gestantes e o consumidor superendividado. O inc. V pretende impedir prática comum de acordos extorsivos entre fornecedores de crédito e consumidores superendividados. Não se pode exigir pagamentos relativos a outras obrigações quando do fornecimento de crédito, conforme o caso. Ademais, o art. 54-D estabelece um rol (exemplificativo) de condutas na contratação de crédito. Friso que o rol é exemplificativo, o que não impede que outras ações, que visem à prevenção e ao tratamento do superendividamento, sejam tomadas. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, entre outras condutas: I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52 e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do inadimplemento; II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação sobre proteção de dados; III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros coobrigados cópia do contrato de crédito. Novamente, sublinha-se o papel fundamental do princípio da boa-fé objetiva,de modo que o fornecedor de crédito precisa agir de maneira proba, honesta, sincera e razoavelmente informada. E o que acontece se o fornecedor violar os direitos previstos no art. 54-D (oferta de crédito), no art. 54-C (publicidade de crédito) ou no art. 52 (informação de crédito) do CDC? Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 104 112 103 A violação pode acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original, conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor. Isso, claro, sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao consumidor. Quem decide a penalidade ao fornecedor é o juiz, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. E quem é reputado fornecedor de crédito? Aquele que contrata diretamente com o consumidor. Somente ele, porém? Não. Também os fornecedores dos contratos acessórias. Nesse sentido, o art. 54-F, incs. I e II, reconhece que são conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento. E quando isso ocorrerá? Quando o fornecedor de crédito recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito, bem como quando oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado. E se o consumidor se arrepender da compra? Prevê o §1º que o exercício do direito de arrependimento, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. A norma acaba com uma discussão doutrinária antiga e com muitos problemas do consumidor. Vou a um exemplo. Você, contente com sua aprovação no cargo público, resolve se presentar com um carro novo, afinal, merece. Vai a uma concessionária e adquire um veículo de luxo, financiado por um banco. Há aí dois contratos, um, principal, que é o de compra e venda (do veículo), e um acessório, que é o mútuo (financiamento bancário). No dia seguinte, porém, você faz as contas, vê que os descontos da remuneração bruta são maiores do que você imaginou e pensa que, em verdade, deveria guardar o dinheiro para dar entrada numa casa. Procura o banco e este diz que o fato de você ter se arrependido de comprar o carro é um problema seu e da concessionária, porque ele cumpriu a parte dele disponibilizando o crédito; procura a concessionária e esta diz que o fato de você ter se arrependido do financiamento é um problema seu e do banco, porque ela cumpriu a parte dela entregando o veículo a vocês. Como os dois contratos são diferentes, independentes, ambos estão certos. Arrependido da compra, use o crédito para comprar outra coisa; arrependido do financiamento, arranje outra forma de pagamento. É assim? Claro que não. Por isso, a regra. Se você está no prazo e cumpre as condições de exercício do direito de arrependimento quanto à compra (art. 49) ou quanto ao crédito (art. 49 e art. 54-B, inc. III), o arrependimento no contrato principal ou acessório implica no consequente arrependimento no contrato acessório ou principal, respectivamente. E se você não se arrepender, mas uma das partes em um dos contratos descumprir? Por exemplo, o banco que deveria fornecer o crédito não fornece, como você pagará o carro? O banco fornece o crédito, mas a concessionária não entrega o carro, o que você fará com o crédito? Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 105 112 104 Prevê o art. 54-F, §2º, que nesses casos, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. Esse direito cabe igualmente ao consumidor contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; e contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um mesmo grupo econômico (§3º, incs. I e II). Além disso, o §4º prevê que a invalidade (nulidade ou anulabilidade) ou a ineficácia do contrato principal implica, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive relativamente a tributos. Em síntese, em caso de contratos conexos, coligados ou interdependentes, de consumo - contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e contrato acessório de crédito - o que ocorrer com um contamina o outro. Se houver: Trata-se de ampliação do princípio da gravitação jurídica e, em alguma medida, exceção. Pelo princípio, o que ocorre com o bem principal, ocorre com o bem acessório, mas não o contrário. Essa regra se aplica ao Direito das Obrigações - e, consequentemente, aos contratos - em geral, pelo que a obrigação acessória segue a sorte da obrigação principal, mas não vice-versa. Aqui, a obrigação acessória segue a sorte da obrigação principal e a obrigação principal segue a sorte da obrigação acessória. Sem prejuízo das cláusulas abusivas (art. 39) e da legislação aplicável à matéria, o art. 54- G, incs. I a III, veda ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas: ➢ Cobrar ou debitar quantias contestadas Não pode o fornecedor realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não for adequadamente solucionada a controvérsia. Para tanto, o consumidor precisa ter notificado a administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 dias contados da data de vencimento da fatura. Arrependimento do consumidor no principal, há arrependimento no acessório, e vice-versa Inexecução do fornecedor no principal, rescinde-se o acessório, e vice-versa Invalidação ou ineficácia do contrato principal, há invalidade ou ineficácia do acessório, e vice-versa Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 106 112 105 Veda-se a manutenção do valor na fatura seguinte, sendo assegurado ao consumidor o direito de deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada. O emissor pode lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação. ➢ Recusar cópias de contratos de crédito e consumo Não pode o fornecedor recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados, cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito. A cópia pode ser disponibilizada em papel ou outro suporte duradouro, disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato. O §1º estabelece que, sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha de pagamento, a formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação devem ocorrer após o fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem consignável. ➢ Impedir ou dificultar bloqueios e anulações de crédito Não pode o fornecedor impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta docartão de crédito ou similar, que o consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento. A mesma regra vale para a restituição dos valores indevidamente recebidos. Por fim, o §2º do art. 54-G exige que, nos contratos de adesão, o fornecedor preste ao consumidor, previamente, as informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B, além de outras porventura determinadas na legislação em vigor. Além disso, fica o fornecedor obrigado a entregar ao consumidor cópia do contrato, após a sua conclusão. A letra da Lei Agora, trago a você os dispositivos de lei referentes à nossa aula. Lembro que, ao longo do texto, eu não trato de todos os dispositivos legais aqui citados, propositadamente. Isso porque meu objetivo não é tornar o material um comentário à lei, mas, sim, fazer você compreender os institutos jurídicos que são importantes à prova. Agora, ao contrário, o objetivo é trazer todos os dispositivos legais, para que você possa ao menos passar os olhos. Não se preocupe em compreender em detalhe cada um deles; eu objetivo apenas trazer o texto legal para que você não precise procurá-los fora do material. Trata-se da letra da lei com grifos nos principais pontos da norma, para ajudar na fixação dos conteúdos. Vamos lá! Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 107 112 ==3744a9== 106 CAPÍTULO VI-A DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor. § 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação. § 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. § 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor. Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor. § 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de forma clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao consumidor. § 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá em taxa percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. § 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 108 112 107 Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: I - (VETADO); II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo; IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio; V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais. Parágrafo único. (VETADO). Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, entre outras condutas: I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52 e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do inadimplemento; II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação sobre proteção de dados; III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros coobrigados cópia do contrato de crédito. Parágrafo único. O descumprimento de qualquer dos deveres previstos no caput deste artigo e nos arts. 52 e 54-C deste Código poderá acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original, conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor, sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao consumidor. Art. 54-E. (VETADO). Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 109 112 108 I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito; II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado. § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. § 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. § 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá igualmente ao consumidor: I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; II - contra o administrador ou o emitente de cartão de créditoou similar quando o cartão de crédito ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um mesmo grupo econômico. § 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive relativamente a tributos. Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é vedado ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas: I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não for adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de vencimento da fatura, vedada a manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao consumidor o direito de deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada, podendo o emissor lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação; II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro, disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato; III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento, ou ainda a restituição dos valores indevidamente recebidos. § 1º Sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha de pagamento, a Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 110 112 109 formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação ocorrerão após o fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem consignável. § 2º Nos contratos de adesão, o fornecedor deve prestar ao consumidor, previamente, as informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B deste Código, além de outras porventura determinadas na legislação em vigor, e fica obrigado a entregar ao consumidor cópia do contrato, após a sua conclusão. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 111 112 110 111 LINK DE MARKETING DIRETO ( TELEGRAM )_compressed.pdf CAPA TRAFEGO DIRETO ( generico ) CAPAS TRAFEGO DIRETO ( telegram ) ( generico ) LINK DE MARKETING DIRETO ( TELEGRAM )_compressed.pdf CAPA TRAFEGO DIRETO ( generico ) CAPAS TRAFEGO DIRETO ( telegram ) ( generico ) LINK DE MARKETING DIRETO ( TELEGRAM )_compressed.pdf CAPA TRAFEGO DIRETO ( generico ) CAPAS TRAFEGO DIRETO ( telegram ) ( generico )comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. O parágrafo único do art. 39, inclusive, prevê que os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, sem solicitação prévia, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. Ou seja, mandou sem que eu tivesse comprado efetivamente? Ganhei, de grátis. Por outro lado, o STJ (REsp 844.736/DF) entende que “não obstante o inegável incômodo, o envio de mensagens eletrônicas em massa – spam – por si só” não justifica indenização por dano moral. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 12 112 11 ➢ IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços Aqui se vê uma classificação feita pela doutrina a respeito das práticas abusivas. Elas podem ser classificadas em (I) práticas abusivas produtivas e (II) em práticas abusivas comerciais. As práticas abusivas produtivas ocorrem, como o nome diz, na produção, quando o produto está fora das normas expedidas pelos órgãos oficiais; por sua vez, as práticas abusivas comerciais estão em momento posterior. Estas são as mais comuns. De toda forma, o fornecedor não pode se valer da hipervulnerabilidade (vulnerabilidade agravada) de certos grupos de consumidores, como no caso das crianças ou idosos. Quem nunca andou por uma avenida principal de uma típica cidade média brasileira e encontrou funcionários de instituição financeiras pescando idosos para fazerem empréstimos pessoais consignados para comprar presente pro neto, ajudar a pagar a faculdade atrasada da filha etc? Igualmente, por esse mesmo motivo o STJ editou a Súmula 302: “É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado”. ➢ V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva O que é uma vantagem excessiva? O art. 51,§1º, incisos, do CDC, estabelece que se presume exagerada, entre outros casos, a vantagem que ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. Assim, não pode um contrato que preveja fidelidade dispor que o consumidor que encerrar o contrato antes do prazo tenha de pagar o valor anual integral da fidelidade, sem estabelecer proporcionalidade. ➢ VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes Excetuados casos extremos, o orçamento é obrigatório. Nesse sentido, o art. 40 prevê que o fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. Ou seja, o orçamento deve ser detalhado, específico ao máximo, sempre. E o valor orçado se torna o valor obrigatório da contratação? E vale por quanto tempo esse orçamento? Primeiro, uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga as partes e somente pode ser alterado por nova negociação. Além disso, o valor orçado tem validade de 10 dias, contado o prazo de seu recebimento pelo consumidor, salvo estipulação em contrário. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 13 112 12 Agora, e se houver mudança no orçamento, o consumidor responde? O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. Se não está previsto, não responde. Evidentemente que os serviços prestados podem diferir do orçamento na execução, em certas circunstâncias, mas isso é excepcional. Igualmente, há casos em que a ausência de orçamento prévio é um benefício ao consumidor, como se vê pela jurisprudência do STJ (REsp 1.256.703/SP): ATENDIMENTO MÉDICO EMERGENCIAL. RELAÇÃO DE CONSUMO. NECESSIDADE DE HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES RESGUARDANDO O EQUILÍBRIO E A BOA-FÉ. O Código de Defesa do Consumidor contempla a reciprocidade, eqüidade e moderação, devendo sempre ser buscada a harmonização dos interesses em conflito, mantendo a higidez das relações de consumo. Não há dúvida de que houve a prestação de serviço médico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes, suficientes ao afastamento, para o próprio interesse do consumidor, da necessidade de prévia elaboração de instrumento contratual e apresentação de orçamento pelo fornecedor de serviço, prevista no artigo 40 do CDC, dado ser incompatível com a situação médica emergencial experimentada pela filha do réu. Os princípios da função social do contrato, boa-fé objetiva, equivalência material e moderação impõem, por um lado, seja reconhecido o direito à retribuição pecuniária pelos serviços prestados e, por outro lado, constituem instrumentário que proporcionará ao julgador o adequado arbitramento do valor a que faz jus o recorrente. Devo confessar que, perigosamente, já contratei um serviço sem prévio orçamento. Levei o carro para consertar um rasgo no banco de couro e acabei não fechando o preço. No dia seguinte fiquei pensando, e se me cobrarem R$1mil, o que eu vou fazer? Felizmente, foi cobrado um preço justo, mas imagina só? Justamente para que o fornecedor de serviços não apareça com um preço estratosférico e impagável existe essa norma. Ou para que ele não venha com serviços extras imprevistos, de modo a escorchar o consumidor, aos poucos. O próprio STJ (REsp 332.869) tem julgado a respeito, estabelecendo de maneira inequívoca que não pode o fornecedor realizar cobrança de valores se esses valores não estavam discriminados em orçamento prévio e aprovado pelo consumidor. A própria regra excepciona a situação em que as partes já travam relações frequentes, situação na qual elas têm um histórico de transações. Isso acontece comigo, no barbeiro e na lavanderia de ternos, por exemplo. Normal. ➢ VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos Os fornecedores não podem criar um banco de dados de consumidores reclamões, de modo a que o consumidor seja reconhecido previamente a uma contratação. Exigir o cumprimento de um contrato ou reclamar de um problema é exercer direitos constitucionalmente previstos e não se pode permitir que sejam criados meios para obstar esse exercício. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 14 112 13 Isso não se confunde com a possibilidade de criação de bancos de dados de consumidores inadimplentes, como o SERASA. Esse tipo de banco de dados não se vincula ao exercício de direitos do consumidor, mas sim à falta de cumprimento de suas obrigações. ➢ VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) A Lei 5.966/1973 institui o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – SINMETRO, que é uma das três partes que compõem a estruturametrológica do Brasil, junto com o CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – e o INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. O sistema objetiva “assegurar confiança, precisão e qualidade em toda a cadeia produtiva nacional, além de trazer mais qualidade e segurança para o consumidor e alavancar a competitividade das empresas nacionais”. Tradicionalmente conhecemos o INMETRO pelo selo que é aposto nos produtos, demonstrando que ele foi aprovado pelas normas técnicas. Muita gente chia, mas essas normas são importantíssimas para que produtos cheguem ao mercado de maneira segura ao consumidor. ➢ IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais O fornecedor não pode recusar vender ao consumidor um produto se ele se dispõe a pagar de pronto. Ele, evidentemente, não é obrigado a aceitar qualquer forma de pagamento, mas deve deixar ostensivo o tipo de pagamento aceito. Uma vez aceito o pagamento, o fornecedor deve honrar sua aceitação, seja ela qual for. O STJ (REsp 981.583) já decidiu o tema a respeito do cheque, de modo que a falsa alegação de falta de fundos não é aceita como justificativa para recusar recebimento. A exceção prevista é a exigência legal de intermediação. Sim, existem normas que impedem aquisição direta do consumidor de certos produtos e serviços. Isso ocorre, por exemplo, no mercado de ações, exigindo-se, pela Lei 6.385/1976 a intermediação de corretora para certos negócios no mercado de valores mobiliários (bolsa). Vale lembrar, inclusive, que, segundo o STJ, deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que visa a atender necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma habitual e profissional, o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários (REsp 1.599.535/RS). ➢ X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços O preço de produtos e serviços é regulado pela Lei 10.962/2004. A lei admite que a afixação de preços em vendas a varejo para o consumidor seja feita, no comércio em geral, por meio de etiquetas ou similares afixados diretamente nos bens expostos à venda, e em vitrines, mediante divulgação do preço Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 15 112 14 à vista em caracteres legíveis. O art. 2º, inc. I, é que determina a exigência de preços em vitrines, portanto. Em autosserviços, supermercados, hipermercados, mercearias ou estabelecimentos comerciais onde o consumidor tenha acesso direto ao produto, o preço deve ser visualizável sem intervenção do comerciante, mediante a impressão ou afixação do preço do produto na embalagem. Pode ainda ser afixado ele de código referencial, ou ainda, código de barras. Nestes dois casos, o comerciante deve expor, de forma clara e legível, junto aos itens expostos, informação relativa ao preço à vista do produto, suas características e código. No caso de código de barras, devem ser oferecidos equipamentos de leitura ótica para consulta de preço pelo consumidor, localizados na área de vendas e em outras de fácil acesso. No comércio eletrônico, deve haver divulgação ostensiva do preço à vista, junto à imagem do produto ou descrição do serviço, em caracteres facilmente legíveis com tamanho de fonte não inferior a doze. Objetiva-se deixar o preço em destaque, para evitar constrangimentos ou erros do consumidor. Se o produto for fracionado em pequenas quantidades, o comerciante deve informar, além do preço do produto à vista, o preço correspondente a uma das seguintes unidades fundamentais de medida: capacidade, massa, volume, comprimento ou área, de acordo com a forma habitual de comercialização de cada tipo de produto. A regra não se aplica à comercialização de medicamentos. E se, como ocorre muito em supermercado, o preço da gôndola e do caixa for diferente? Se houver diferença de preço para o mesmo produto entre os sistemas de informação de preços utilizados pelo estabelecimento? De acordo com o art. 5º da Lei 10.962/2004, no caso de divergência de preços, o consumidor vai pagar o menor dentre eles. E pode o fornecedor cobrar valores diferentes pelo mesmo produto, por conta da forma de pagamento? Até 2017 era justamente o art. 39, inc. X, do CDC usado como fundamento para a proibição. Porém, o art. 1º da Lei 13.455/2017 permite a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Assim, pode o fornecedor cobrar, por exemplo, R$199 pelo produto, pagando-se no cartão de crédito, e R$179 com pagamento à vista, em dinheiro. A prática era já usada por muitos fornecedores, maquiadas de desconto. Alguns produtos tabelados impediam a prática, no entanto, como no caso de supermercados (que quase não a usam ainda) ou postos de gasolina (que frequentemente o fazem). Para que se possa fazer essa diferenciação, o art. 5º-A da Lei 10.962/2004 exige que o fornecedor informe, em local e formato visíveis ao consumidor, eventuais descontos oferecidos em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Ainda assim, o art. 39, inc. X, do CDC ainda se aplica a vários casos. Exemplos são vendavais que atingem uma cidade e, no dia seguinte, o preço das folhas de telhas de fibrocimento onduladas (Eternit) triplicam; álcool-gel que fica dez vezes mais caro no dia seguinte à decretação de quarentena pelo coronavírus pelo governo. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 16 112 15 Não há razão para os aumentos que não mera maximização desenfreada de lucros, em detrimento dos interesses do consumidor. Essa regra, em alguma medida, mitiga a lei de mercado, que, se levada às últimas consequências, gera desastres inomináveis. 6 ➢ XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério Fornecedores têm o péssimo hábito de exigirem o cumprimento das obrigações do consumidor em prazos bastante rígidos, mas deixar o cumprimento de suas próprias obrigações a seu exclusivo arbítrio. Essa é uma prática proibida. Infelizmente, há uma exceção prevista no art. 43-A da Lei 4.591/1964. Segundo a norma, a entrega do imóvel em até 180 dias corridos da data estipulada contratualmente como data prevista para conclusão do empreendimento, desde que expressamente pactuado, de forma clara e destacada, não viola os direitos do consumidor. Além disso, o atraso não dá causa à resolução do contrato por parte do adquirente nem enseja o pagamento de qualquer penalidade pelo incorporador. O STJ (REsp 1.582.318/RJ), inclusive, já analisou essa estipulação e decidiu que não é abusiva a cláusula de tolerância nos contratos de promessa de compra e venda de imóvel em construção, desde que o prazo máximo de prorrogação seja de até 180 dias. Pois é. Você tem de pagar o imóvel religiosamente em dia, mas o incorporador pode atrasar a entrega do imóvel por até seis longos meses, sem problemas. ➢ XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido Reajuste de preços é um tema sensível no Brasil. Até meados da década de 1990, o país vivia mergulhado na hiperinflação, fruto do descontrole orçamentário e virtual impressão de dinheiro durante muitos anos no fim do ditatorial Regime Militar. As obras faraônicas dos anos 1970 e 1980 foram pagas com dinheiro que não existia e a conta chegou na forma de inflação galopante e estagnação econômica. 6 Talvez o mais trágico exemplo é An Gorta Mór, a Grande Fome de 1845-1849 ocorrida na Irlanda, que matou de fome e doenças umestimado de 25% da população do país, após uma doença que dizimou as plantações de batatas da pauperizada população irlandesa. Apesar do fator natural, pesou a adoção, pelo governo central inglês, capitaneado Lord John Russell, de um laissez-faire extremado. Havia a crença de que o próprio mercado se autorregularia e faria a produção de alimentos voltar aos níveis necessários. Ocorre, porém, que a crise não era precisamente de falta de alimentos, mas sim de preços, no fundo. Havia alimentos – e as exportações de alimentos da Irlanda para a Inglaterra cresceram durante o período da fome –, mas os camponeses simplesmente não tinham dinheiro suficiente para os comprar, e morreram aos borbotões. Leis agrárias bizarras do período contribuíram para que a crise se aprofundasse ainda mais. Tenho um exemplo pessoal, felizmente bem menos trágico. Quando pequeno, uma chuva de granizo muito forte assolou minha cidade. Minha casa foi completamente destelhada e nós ficamos vários dias sem cobertura, porque no dia seguinte à tempestade o preço das telhas havia subido vertiginosamente. Minha família simplesmente não tinha dinheiro para reconstruir o teto, pelo que ficamos vários dias praticamente a céu aberto; cada chuva que vinha alagava e destruía um pouco mais a casa. A nossa situação somente se resolveu porque meu pai buscou em outra cidade telhas, em preço mais baixo; a situação das demais pessoas só se resolveu quando populares começaram a fazer quebra-quebras em lojas de materiais de construção e a polícia começou a prender os empresários. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 17 112 16 Some-se a isso a abertura econômica amadora levada a cabo no início da redemocratização e o controle de preços se tornou um desafio no país, que só conseguiu arranjar as contas a partir de 1994, ainda que com muitos sobressaltos até os anos 2000. Não à toa, o país tentou, sem muito sucesso, tabelar preços na esperança de evitar mais e mais inflação. O art. 41 do CDC, ainda com uma imagem muito viva disso (lembre-se que a discussão sobre ele ocorria em 1989, justamente num dos piores períodos inflacionários), trata do tema. Prevê a norma que no caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores devem respeitar os limites oficiais. Se não respeitarem, respondem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. Atualmente, o governo não tabela os preços no mercado. 7 ➢ XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo Esse dispositivo pretende evitar a aglomeração perigosa de pessoas, com riscos graves à segurança dos consumidores, especialmente em locais como baladas, 8 notoriamente conhecidas pelo excesso de pessoas confinadas em espaços diminutos. Além de prática abusiva, essa conduta também tipifica o crime previsto no art. 65 do CDC, de executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente. Por fim, pra arrematar, é possível extrair dessas regras um grupo de princípios a respeito da publicidade: 7 No entanto, o art. 5º, §4º, da Lei 13.703/2018 traz norma de tabelamento: “Os pisos mínimos definidos na norma a que se refere o caput deste artigo têm natureza vinculativa”. Ela é reputada por muitos como inconstitucional e veio na esteira dos protestos dos caminhoneiros, ocorrida no final do mandado do Presidente Michel Temer. Após forte pressão, inclusive com indícios muito claros de locaute (prática na qual o empregador apoia a greve do empregado para obter benefícios para si, no caso, o aumento do preço dos fretes), a lei foi sancionada com tabelamento de preços não visto desde 1987, no governo do Presidente José Sarney. 8 A norma foi incluída pela Lei 13.425/2017, após o desastre da Boate Kiss, que matou 242 pessoas em Santa Maria/RS, em 2013. Infelizmente, agentes públicos, civis e militares, e privados responsáveis pelo desastre sofreram pouca ou nenhuma punição, mas, ao menos, o caso gerou repercussão legislativa para prevenir futuras ocorrências. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 18 112 17 Seção V – Cobrança de dívidas O consumidor não tem apenas direitos, mas também deveres. O principal deles, certamente, é o de pagamento. Por isso, legítimo que o credor cobre valores não pagos. Porém, há limites. Prevê o art. 42 que na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Por isso, proibida qualquer prática abusiva ou que gere vergonha ou desprezo. • O consumidoe deve, de maneira fácil e imediata identificar a publicidade, como determina o art. 36: "A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal". Princípio da identificação • A oferta obriga o fornecedor a cumpri-la, segundo o art. 30: "Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado". Princípio da vinculação • Esse princípio abrange os deveres de veracidade e de não abusividade, como se extrai do art. 37: "É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva". Princípio da proibição da publicidade ilícita • Não é o consumidor quem tem de provar que a publicidade é imprópria, a teor do art. 38: "O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina". Princípio da inversão do ônus da prova • Novamente, é obrigação de quem veicula a publicidade ter as informações a respeito dela, como prevê o art. 36, parágrafo único: "O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem". Princípio da transparência • O infrator tem o dever de veicular contrapropaganda, segundo o art. 60: "A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator". Princípio da contrapropaganda Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 19 112 18 Isso não inclui, por exemplo, a inscrição do devedor em instituições de proteção ao crédito. Evidentemente há, aqui, exposição vergonhosa, mas dentro dos limites permitidos. Não se permite, ao contrário, enviar um carro de som ao local de trabalho do devedor, para constrange-lo a pagar. Constitui crime contra as relações de consumo, segundo o art. 71 do CDC, a utilização na cobrança de dívidas de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira em seu trabalho, descanso ou lazer, sob pena de detenção de três meses a um ano e multa. Por outro lado, o parágrafo único estabelece que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Cuidado, porque a aplicação da norma não é tão direta. Isso porquea repetição em dobro de valores indevidamente cobrados e/ou descontados exige a demonstração da má-fé do credor, segundo o entendimento consolidado do STJ (AgRg no AREsp 167.156/RJ). Se não houver demonstração de má-fé, a devolução é simples (apenas o valor cobrado). A Corte, apesar das críticas, mantém esse entendimento. Há, assim, a necessidade de se comprovar a ocorrência de três elementos objetivos (i. a cobrança de dívida; ii. a cobrança extrajudicial da dívida; iii. a dívida é de consumo) e um elemento subjetivo (má-fé do fornecedor). E qual é o prazo para requerer a devolução? Conforme a Súmula 412 do STJ, “a ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”, em seu art. 205, de 10 anos. A mesma regra vale para os serviços de telefonia (EREsp 1.523.744). Para os demais casos, vale a regra do art. 206, §3º, inc. IV, do Código Civil, havendo prescrição da pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa no prazo de 3 anos. Além disso, atente para diferenças entre o art. 42, parágrafo único, do CDC e o art. 940 do Código Civil (“Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”). O STJ (REsp 1.645.589/MS) entende que a aplicação da pena prevista no parágrafo único do art. 42 do CDC apenas é possível diante da presença de engano justificável do credor em proceder com a cobrança, da cobrança extrajudicial de dívida de consumo e de pagamento de quantia indevida pelo consumidor. Já o art. 940 do Código Civil somente pode ser aplicado quando a cobrança se dá por meio judicial e fica comprovada a má-fé do demandante, independentemente de prova do prejuízo. Ademais, segundo o Tribunal Superior, mesmo diante de uma relação de consumo, se inexistentes os pressupostos de aplicação do art. 42, parágrafo único, do CDC, deve ser aplicado o sistema geral do Código Civil, no que couber. O art. 940 do Código Civil é norma complementar ao art. 42, parágrafo único, do CDC e, no caso, sua aplicação está alinhada ao cumprimento do mandamento constitucional de proteção do consumidor). Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 20 112 19 Por fim, determina o art. 42-A que em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição do CPF ou CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. Seção VI – Bancos de dados e cadastros de consumidores 1 – Noções gerais e bancos de dados negativos de consumidores O art. 43 prevê que o consumidor pode ter acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. 9 Esse acesso deve ser gratuito, sendo proibidas quaisquer cobranças para consulta, bem como deve ser permanentemente atualizado. Se o fornecedor deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata pode sofrer pena de detenção de um a seis meses ou multa (art. 73 do CDC). Esse cadastro e os dados nele contidos devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos. Do §1º do art. 43 do CDC, em conjunto com o art. 205, §5º, inc. I, do Código Civil, é que se retira o popular dívida caduca em cinco anos. Assim, uma vez incluído no SERASA, meu nome só pode ficar sujo por no máximo cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao do vencimento da dívida (e não da inscrição em si). Superado o prazo, meu nome não pode mais constar do cadastro (§5º do art. 43). 10 E se o controlador do banco de dados não retirar o nome do consumidor após o prazo ou, efetivado pagamento, demora demasiadamente para fazê-lo? Cabe indenização por dano moral, entende o STJ (REsp 480.622/RJ). 9 A norma faz menção ao art. 86, mas ele foi vetado. 10 Aqui, um detalhe. O prazo é máximo de 5 anos. Máximo. Assim, se o prazo para a cobrança de uma determinada dívida é de três anos, meu nome pode ficar sujo por até três anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. Se a dívida prescreve em cinco anos, meu nome pode ficar sujo por até cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. Agora, se a dívida prescreve em dez anos, meu nome poderia ficar sujo por até dez anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. Como, porém, §1º do art. 43 limita a inscrição a cinco anos, meu nome pode ficar sujo por até cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. É o que prevê, de maneira sucinta, a Súmula 323 do STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução”. A Súmula, contudo, não fixa o início do prazo, se da inscrição ou da dívida. O entendimento do STJ (REsp 1.630.659/DF) é de que “em razão do respeito à exigibilidade do crédito e ao princípio da veracidade da informação, o termo inicial do limite temporal de cinco anos em que a dívida pode ser inscrita no banco de dados de inadimplência é contado do primeiro dia seguinte à data de vencimento da dívida”. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 21 112 20 https://t.me/concurso_aqui A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deve ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. O STJ (AgRg no REsp 1.182.290/RS) entende que a regra do §2º do art. 43 é de seguimento obrigatório. O órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito deve notificar o devedor antes de proceder à inscrição, determina a Súmula 359 do STJ. Mas, de toda forma, é dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros (Súmula 404 do STJ). A doutrina entende que a comunicação pode ser feita por qualquer pessoa, incluindo o próprio credor. Porém, para o STJ, a notificação tem de ser feita pelo mantenedor do cadastro (SPC, SERASA etc.). A Corte (REsp 2.063.145/RS) também entende como válida a comunicação remetida por e-mail para fins de notificação do consumidor acerca da inscrição de seu nome em cadastro de inadimplentes. Para isso, porém, o mantenedor do cadastro deve comprovar o envio e entrega da comunicação ao servidor de destino. Por sua vez, incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito (Súmula 548 do STJ). E se o consumidor encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros? Ele pode exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de 5 dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. Cabível, aqui, inclusive, o Habeas Data, medida constitucional extrema, se necessário. Tais bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. Além disso, essas informações devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor, como exige a Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Por fim, vale lembrar da Súmula 550 do STJ, que dispõe que "a utilização de escore de crédito, método estatísticode avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo." 2 – Bancos de dados positivos de consumidores Além dos cadastros negativos, há também cadastros positivos, como aquele previsto na Lei 12.414/2011 que disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito. A lei disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito, prevê Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 22 112 21 o art. 1º. Para tanto, a lei estabelece uma série de conceitos, 11 para prever que os bancos de dados podem conter informações de adimplemento do cadastrado, para a formação do histórico de crédito. O art. 3º, §1º, prevê que para a formação do banco de dados, somente poderão ser armazenadas informações objetivas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão, 12 que sejam necessárias para avaliar a situação econômica do cadastrado. Por sua vez, proíbem-se anotações de informações excessivas – aquelas que não estiverem vinculadas à análise de risco de crédito ao consumidor – ou sensíveis – aquelas pertinentes à origem social e étnica, à saúde, à informação genética, à orientação sexual e às convicções políticas, religiosas e filosóficas, determina o art. 3º. Segundo o art. 4º, o gestor está autorizado a abrir cadastro em banco de dados com informações de adimplemento de pessoas naturais e jurídicas; fazer anotações no referido cadastro; compartilhar as informações cadastrais e de adimplemento armazenadas com outros bancos de dados; e disponibilizar a consulentes a nota ou pontuação de crédito elaborada com base nas informações de 11 Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - banco de dados: conjunto de dados relativo a pessoa natural ou jurídica armazenados com a finalidade de subsidiar a concessão de crédito, a realização de venda a prazo ou de outras transações comerciais e empresariais que impliquem risco financeiro; II - gestor: pessoa jurídica que atenda aos requisitos mínimos de funcionamento previstos nesta Lei e em regulamentação complementar, responsável pela administração de banco de dados, bem como pela coleta, pelo armazenamento, pela análise e pelo acesso de terceiros aos dados armazenados; III - cadastrado: pessoa natural ou jurídica cujas informações tenham sido incluídas em banco de dados; IV - fonte: pessoa natural ou jurídica que conceda crédito, administre operações de autofinanciamento ou realize venda a prazo ou outras transações comerciais e empresariais que lhe impliquem risco financeiro, inclusive as instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e os prestadores de serviços continuados de água, esgoto, eletricidade, gás, telecomunicações e assemelhados; V - consulente: pessoa natural ou jurídica que acesse informações em bancos de dados para qualquer finalidade permitida por esta Lei; VI - anotação: ação ou efeito de anotar, assinalar, averbar, incluir, inscrever ou registrar informação relativa ao histórico de crédito em banco de dados; e VII - histórico de crédito: conjunto de dados financeiros e de pagamentos, relativos às operações de crédito e obrigações de pagamento adimplidas ou em andamento por pessoa natural ou jurídica. 12 § 2º Para os fins do disposto no § 1º , consideram-se informações: I - objetivas: aquelas descritivas dos fatos e que não envolvam juízo de valor; II - claras: aquelas que possibilitem o imediato entendimento do cadastrado independentemente de remissão a anexos, fórmulas, siglas, símbolos, termos técnicos ou nomenclatura específica; III - verdadeiras: aquelas exatas, completas e sujeitas à comprovação nos termos desta Lei; e IV - de fácil compreensão: aquelas em sentido comum que assegurem ao cadastrado o pleno conhecimento do conteúdo, do sentido e do alcance dos dados sobre ele anotados. Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 23 112 22 adimplemento armazenadas e o histórico de crédito, mediante prévia autorização específica do cadastrado. E como se fará a comunicação ao cadastrado? Determina o §4º do art. 4º que ela deve ocorrer, salvo se o cadastrado já tenha cadastro aberto em outro banco de dados, em até 30 dias após a abertura do cadastro no banco de dados, sem custo para o cadastrado. Ela deve ser realizada pelo gestor, diretamente ou por intermédio de fontes e também informar de maneira clara e objetiva os canais disponíveis para o cancelamento do cadastro no banco de dados. As informações do cadastrado somente podem ser disponibilizadas a consulentes 60 dias após a abertura do cadastro. O gestor é obrigado a manter procedimentos adequados para comprovar a autenticidade e a validade da autorização mencionada acima. E quais são os direitos do cadastrado? O art. 5º assim os fixa: ➢ Obter o cancelamento ou a reabertura do cadastro, quando solicitado; ➢ Acessar gratuitamente, independentemente de justificativa, as informações sobre ele existentes no banco de dados, inclusive seu histórico e sua nota ou pontuação de crédito, cabendo ao gestor manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta às informações pelo cadastrado (no prazo de 10 dias) ➢ Solicitar a impugnação de qualquer informação sobre ele erroneamente anotada em banco de dados e ter, em até 10 dias, sua correção ou seu cancelamento em todos os bancos de dados que compartilharam a informação ➢ Conhecer os principais elementos e critérios considerados para a análise de risco, resguardado o segredo empresarial (no prazo de 10 dias) ➢ Ser informado previamente sobre a identidade do gestor e sobre o armazenamento e o objetivo do tratamento dos dados pessoais ➢ Solicitar ao consulente a revisão de decisão realizada exclusivamente por meios automatizados ➢ Ter os seus dados pessoais utilizados somente de acordo com a finalidade para a qual eles foram coletados O cancelamento e a reabertura de cadastro somente serão processados mediante solicitação gratuita do cadastrado ao gestor (§4º). O cadastrado poderá realizar essa solicitação a qualquer gestor de banco de dados, por meio telefônico, físico e eletrônico. O gestor, então, é obrigado a, no prazo de até 2 dias úteis, encerrar ou reabrir o cadastro, conforme solicitado e transmitir a solicitação aos demais gestores, que devem também atender, no mesmo prazo, à solicitação do cadastrado. O gestor deve proceder automaticamente ao cancelamento de pessoa natural ou jurídica que tenha manifestado previamente, por meio telefônico, físico ou eletrônico, a vontade de não ter aberto seu cadastro (§7º). Esse cancelamento implica a impossibilidade de uso das informações do histórico de crédito pelos gestores, , inclusive para a composição de nota ou pontuação de crédito de terceiros cadastrados. Por sua vez, quais são as obrigações dos gestores de bancos de dados? O art. 6º determina que ele estão obrigados, quando solicitados, a fornecer ao cadastrado: Paulo H M Sousa Aula 02 Banco do Brasil (Escriturário - Agente Comercial) Código de Proteção e Defesa do Consumidor www.estrategiaconcursos.com.br 24 112 23 ➢ Todas as informações sobre ele constantes de seus arquivos, no momento da solicitação ➢ Indicação das fontes relativas às informações, incluindo endereço e telefone para contato (prazo de 10 dias) ➢ Indicação dos gestores de bancos de dados com os quais as informações foram compartilhadas