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REFORMA UNIVERSITÁRIA DE 1968

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EIXO : CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 
 
A DITADURA MILITAR E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA O ENSINO 
SUPERIOR: REFORMA UNIVERSITÁRIA DE 1968 
 
Mycaelle Kelle da Silva Cunha – IFRN/Câmpus Macau 
mycaelle.cunha@hotmail.com 
Michael Pratini Silva de Souza Cunha – IFRN/Câmpus Macau 
michaelpratini@hotmail.com 
Glaicon de Sousa Santos Cunha – IFRN/Câmpus Macau 
glaicon_pesca@hotmail.com 
Isadora Amanda Câmara Beserra Cunha – IFRN/Câmpus Macau 
isadora_amanda@hotmail.com 
Orientadora: Profª Mestre Maria Aparecida dos Santos Ferreira – IFRN/Câmpus Macau 
maria.santos@ifrn.edu.br 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo deste estudo bibliográfico é analisar a acerca das mudanças educacionais que 
ocorreram durante a ditadura militar (1964 a 1985), compreendendo o sancionamento da Lei 
nº.: 5.540/68, lei da reforma universitária e as suas aplicabilidades no Ensino Superior do país. 
O Estudo ora desenvolvido é resultado da disciplina Fundamentos Históricos e Filosóficos da 
Educação, ministrada no presente semestre - 2013.1 e encontra-se organizado em três 
momentos: contexto da política educacional; aspectos históricos da ditadura militar, em que é 
contextualizado o âmbito sócio-político e econômico que se deu a promulgação de Lei nº.: 
5.540/68; Construída essa base, passe-se a avaliar a Reforma Universitária de 1968, Lei nº.: 
5.540/68, através das reflexões sobre a reforma universitária. E após o estudo tercemos que as 
universidades no Brasil cresceram nesse período muito mais em quantidade, e que os alunos 
oriundos da rede pública de ensino tinham uma maior dificuldade em ingressar no ensino 
superior, tendo em vista que eles não possuíam uma boa base educacional para isso; e que o 
principal objetivo dessa reforma não foi o de educar para uma vida em sociedade e profissional, 
mas sim criar uma mão de obra para suprir as necessidades do mercado de trabalho. O objetivo 
das universidades não pode ser somente o de formar profissionais, mas também formar cidadãos 
críticos e formuladores de opinião, sujeitos ativos para as mudanças necessárias para a 
sociedade. Portanto, a Lei nº.: 5.540/68 que visava a reforma universitária, não tendia à 
formação de um senso crítico ou da propagação do conhecimento, e sim a geração de uma mão 
de obra técnica que suprisse as demandas que havia surgindo no mercado de trabalho. 
 
Palavras-chaves: Ditadura Militar. Lei nº: 5.540/68. Reforma Universitária. 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Universidade, em seu conceito teórico, é visto como uma Instituição de ensino que 
abrange escolas de nível superior, sendo criada para conhecer as diversas culturas universais e 
as várias ciências, divulgando o saber. Em Bolonha, no norte da Itália, no final do século XI, se 
deu a criação da primeira universidade do mundo, quando o ensino na cidade se tornou livre e 
independente das escolas religiosas. 
No entanto no Brasil a história da educação superior foi um pouco retardatária, pois, 
Portugal não permitia a existência de universidades no Brasil (onde o Brasil era uma de suas 
colônias), pois se houvessem universidades haveria também um amplo conhecimento por parte 
da população, o que poderia fazer com que o Brasil se tornasse independente, além do que o 
Brasil também não teria recursos para manter essas universidades. As universidades no Brasil 
surgiram em 1808 na Bahia com a primeira faculdade (cirúrgica), depois em 1927 chegaram às 
faculdades de Direito em São Paulo e outra em Olinda. Mas foi em 1920 que nasceu a primeira 
universidade do país, localizada no Rio de Janeiro. Já na década de 60 o ensino ainda não estava 
bem estruturado, com a evolução do ensino superior, e com as consequências econômicas 
geradas pelo “milagre brasileiro”, fez-se necessário criar uma reforma educacional. No sentido 
de compreender a reforma universitária, faz-se necessário anteriormente compreender o 
conceito de reforma. 
Reforma segundo o dicionário Aurélio (1999) é o ato ou efeito de reformar, significa 
mudança para melhor. E Reforma educacional nada mais é do que o melhoramento da educação, 
para que esta possa está ao alcance de todos, com eficiência e qualidade, suprindo as 
necessidades da sociedade. Uma escola reformada é aquela que oferece boas condições de 
trabalho para seus servidores, mas que sobre tudo não ofereça apenas uma formação intelectual 
à seus alunos (ensinando apenas as meterias básicas), mas que também ofereça uma formação 
crítica para que esses alunos sejam cidadãos influentes na sociedade. 
A discussão relacionada à Reforma educacional surgiu no período da ditadura militar, 
onde havia altos índices de analfabetismo e de reprovações, e com isso o governo se sentiu 
obrigado ao menos tentar mudar a situação e com isso, a fim de modificar o ensino educacional 
superior foi formulada a lei 5540/68. 
 
3 
A partir desse ponto objetivamos analisar e discutir acerca das mudanças educacionais 
que ocorreram durante a ditadura militar (1964 à 1985), compreendendo o sancionamento da 
lei 5540/68, lei da reforma universitária e as suas aplicabilidades no Ensino Superior do país. 
A metodologia aplicada para a dada construção partiu de consultas bibliográficas em 
artigos à monografias, livros, dentre outras fontes, que abordassem o tema proposto. Sendo a 
base de nosso estudo as ideias do Autor Geraldo Francisco Filho, no seu livro A educação 
Brasileira no Contexto Histórico. 
O texto encontra-se construído em três capítulos, sendo o primeiro, Contexto da política 
educacional: Aspectos históricos da ditadura militar, em que é contextualizado o âmbito sócio-
político e econômico que se deu a promulgação de Lei 5540/68; Construída essa base, passe-se 
a avaliar a Reforma Universitária de 1968, Lei, nº 5.540/68. No terceiro ponto, reflexões sobre 
a reforma universitária, o intuito foi descrever os efeitos da promulgação dessa reforma. 
 
Contexto da política educacional: aspectos históricos da ditadura militar 
 
Em meados da década de 60 o mundo passava por transformações políticas, ainda 
oriundas da segunda guerra mundial. Nesse amplo contexto histórico a guerra fria ainda 
perdurava, tentando assim influir os demais países com diversas estratégias políticas, lideradas 
pelos EUA e URSS, e em meio a essa mudança que ocorria no mundo, era promovida a 
insegurança dos setores tradicionais da nossa sociedade, pois poderia colocar em risco a 
manutenção do sistema capitalista no Brasil (ARAUJO JUNIOR, 2013). Em virtude do caráter 
populista do então presidente João Goulart, os militares temeram que ocorresse no Brasil, o que 
aconteceu com Cuba, a inclinação com o socialismo soviético, surge então, a partir desse ponto, 
uma efervescência política em nosso país, culminando com então golpe de 1964. 
 
Com a ascensão dos militares ao poder, as instituições democráticas não 
estavam preparadas para atender as novas perspectivas de governo. Desde o 
congresso nacional até o ensino, ‘todos’ sofreram alterações substanciais com 
o rumo da nova política. (FRANCISCO FILHO, 2001, p.112). 
 
 
 Conforme o referido autor, os partidos políticos, Arena (Aliança Renovadora Nacional) 
e MDB (Movimento Democrático Brasileiro) foram criados, ocupando lugar dos demais 
partidos políticos existentes, a partir de 1964, ano do golpe militar, o país passou a ser regido 
 
4 
por diversos atos institucionais, que invalidaram a constituição de 1946, caminhando assim, 
essas mudanças políticas para o aparecimento de uma nova constituição. 
Na ditadura militar foi criado um sistema governamental que limitava os direitos civis e 
políticos da sociedade, podendo ser caracterizado como um regime autoritário inicialmente por 
ser antidemocrático, além de ser burocrático-militar. Um regime autoritário pode ser explicado 
como: “[...] uma coalizão chefiada por oficiais e burocratas e por um baixo grau de participação 
política”. Falta uma ideologiae um partido de massa; existe frequentemente um partido único 
que tende a restringir a participação; às vezes existe pluralismo político, mas sem disputas 
eleitorais livres (BOBBIO apud ARAÚJO JUNIOR, 2013). 
Logo, esse regime gerou divergências na sociedade, inúmeros protestos surgiram 
sobretudo, movimentos estudantis, ligados aos dois partidos políticos da época, Arena e MDB. 
Deste modo, a decretação do AI-5, é visto como um golpe contra a democracia, concedendo 
entre outros pontos, poderes ao Presidente da República para suspender os direitos políticos, 
pelo período de 10 anos, de qualquer cidadão brasileiro como também proibir manifestações 
populares de caráter político; Foi editado também, como represália aos movimentos, o decreto 
477, que também procurava “acalmar” esse movimento estudantil, proibindo e tornando 
infratores os professores, alunos, funcionários do ensino público ou particular, que 
participassem desses movimentos. 
Nessa conjuntura política, surge o “Milagre Brasileiro” em que o país em crescia média 
cerca de 10% ao ano, com instalações de várias empresas multinacionais, um crescimento 
acelerado das cidades, gerando então uma dita urbanização. Com exemplo das propagandas – 
slogans como “Avante Brasil”, “O futuro Chegou”, “Ame-o ou Deixe-o”. 
 E foi com toda essa estrutura de mudanças, que o Brasil passava, sobretudo após o golpe 
de 1964, e a necessidade de um novo tipo de educação, que o governo edificou e autorizou as 
reformas educacionais, sendo elas a Lei de Diretrizes e bases da Educação (4.024/68), que 
garantia a igualdade de tratamento, e a disponibilidade de verbas tantos para escolas públicas, 
quanto para privadas, por parte do poder público (SILVA, 2004) e a Reforma do 1º e 2º graus 
(5692/71), sendo essa lei a que estruturou o ensino de primeiro a segundo, unido as quatros 
séries do ensino fundamental I, com as quatros séries do ensino fundamental II, como tentativa 
de reduzir a evasão, além de outros objetivos. (FRANCISCO FILHO, 2001, p. 118) 
 
Antes de passarmos para esse ponto, analisamos o período anterior ao golpe supracitado. 
No que diz respeito ao movimento educacional no país, existiu o Manifesto, documento que 
 
5 
consistia na defesa de uma “nova educação” adaptada e voltada para o novo aspecto de 
sociedade, isso no ano de 1930. Dois anos depois, ocorreu o nascimento do ministério da 
educação, e os decretos 19.850 e 19.851 do ano de 1931, que tinham como intuito, 
principalmente o aumento de vagas acadêmicas, no ensino superior, além da discussão da 
educação igualitária sob a responsabilidade do Estado, que pudesse atingir a todas as camadas 
da população. Em 1930, foi criado o estatuto que regulamentou o ensino superior no Brasil, 
pelo então ministro da educação Francisco Campos, e com isso passa a funcionar a 
Universidade de São Paulo (USP). No decorrer dos anos, diversas leis e decretos foram criados 
também, para que os níveis de ensino fossem “melhor” formulados, gerando uma confusão no 
conceito das divisões desses níveis, além de tentativas de melhoramento da educação. 
 
Reforma Universitária de 1968: Lei, nº 5.540/68 
 
 Devido ao crescimento econômico, o país necessitava cada vez mais de uma educação que 
gerasse uma mão-de-obra técnica e especializada para suprir a procura por trabalhadores, assim 
concretizado pelas universidades públicas e privadas a partir do que dizia a Lei 5.540/68. Que 
dentre os seus artigos podem ser citados: 
 
Art. 1º. O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das 
ciências, letras e artes e a formação de profissionais de nível universitário. Art. 
3º As universidades gozarão de autonomia didático-científica, disciplinar, 
administrativa e financeira, que será exercida na forma da lei e dos seus 
estatutos. [...] Art. 16. A nomeação de Reitores e Vice-Reitores de 
universidades e Diretores e Vice-Diretores de unidades universitárias ou 
estabelecimentos isolados. I - o Reitor e o Vice-Reitor de universidade oficial 
serão nomeados pelo respectivo Governo e escolhidos de listas de nomes 
indicados pelo Conselho Universitário ou colegiado equivalente; (BRASIL, 
1968). 
 
Como é bem exemplificado pelo artigo primeiro da lei, as universidades deveriam 
direcionar o seu foco de ensino para as pesquisas, ampliando o raio de ação dessas, gerando a 
abrangência do conhecimento por parte do aluno e assim fornecendo frutos que alavancassem 
a economia do país, que passava por fortes transformações, ligando o ensino com o crescimento 
capitalista, para que o Brasil tivesse o retorno que era preciso na época. 
 
Assim, o dado regulamento objetivava a formação de novos profissionais eficientes e 
aptos a trabalhar nas empresas multinacionais que chegavam ao país e adequar o sistema 
 
6 
educacional à orientação político-econômica do regime militar, inserindo escolas no modelo de 
produção capitalista (LIBÂNEO, 1985). 
 Como consequências de toda essa motivação causada pelos estudos científicos, foi o 
surgimento de um senso critico, no qual professores, pesquisadores e alunos, ou seja, 
representantes da classe estudantil, desejavam melhorias e buscavam soluções para problemas 
econômicos e sociais do país. Em contrapartida os movimentos estudantis foram coibidos, a 
partir do artigo 16, que foi criado especificamente com o propósito de pará-los. O estado 
nomeava os reitores, diretores e outros cargos, dando muitas vezes esses cargos a militares, na 
tentativa de eliminar aqueles que se mostravam contrários ao regime ditatorial. Tentando 
despolitizar as universidades, tirando sua autonomia política. 
 Segundo o que pode ser analisado pelo artigo 3, da lei 5540/68, as universidades gozam 
de autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira, havendo pois uma 
contradição, enquanto o artigo explicita que as universidades deveriam ter autonomia 
administrativa, que recai sobre sua política pessoal, onde a mesma deveria eleger seus cargos 
através de critérios por ela estabelecidos, porém o próprio governo influencia na organização 
dela, escolhendo, por exemplo, seus cargos chefes, como podemos ver no artigo 16. 
 Paralelo a essa promulgação houve um crescimento das universidades, havendo porém, 
uma controvérsia no que se pode falar sobre as universidades públicas, nesses centros de ensino 
entravam apenas alunos que podiam pagar uma escola de ensino fundamental e médio, 
particular, que lhe desse melhor subsídio para que enfrentasse o vestibular com ampla 
vantagem, logo os alunos das demais classes sociais, teriam que optar, unicamente, por pagar 
as universidades privadas para que obtivessem sua formação de ensino superior. 
 Nesse sentido, a expansão das universidades, reivindicada por jovens postulantes à 
universidade, na prática, se deu pela abertura indiscriminada, via autorizações do CFE 
(Conselho Federal da Educação), de escolas isoladas privadas, contrariando não só o teor das 
demandas estudantis, mas o próprio texto aprovado (CHADDAD, 2010). Também nessa 
reforma, foi realizado um duro golpe contra o movimento estudantil, colocando-os na 
ilegalidade, e criando novos órgãos de representação estudantil, atrelados às autoridades 
governamentais (CHADDAD, 2010). 
 
Art. 23. Os cursos profissionais poderão, segundo a área abrangida, apresentar 
modalidades diferentes quanto ao número e à duração, a fim de corresponder 
às condições do mercado de trabalho. Art. 26. O Conselho Federal de 
Educação fixará o currículo mínimo e a duração mínima dos cursos superiores 
 
7 
correspondentes a profissões reguladas em lei e de outros necessários ao 
desenvolvimento nacional (BRASIL, 1968). 
 
 
Na prática, e segundo os artigos 23 e 26, a lei estipulava cursos de licenciatura de curta 
duração, com aulas nos fins de semana, entre outras coisas, logo o ensino-aprendizado dos 
professores eracomprometido, se é que existia esse ensino-aprendizado. Sendo que o intuito do 
governo era ajudar na formação de profissionais, todavia, esse ensino encontrava-se defasado. 
Dentre outros motivos, pode-se citar o cansaço físico e mental à qual os professores eram 
submetidos pela grande carga horária semanal. Esse artigo vem definir a modalidade e a duração 
a partir das necessidades do mercado de trabalho da época, como acontece até o dia de hoje, em 
que o governo cria e estimula novas modalidades e períodos, para que os cursos que formam 
profissionais alcancem mais pessoas, atingido a necessidade de cada uma. 
Na prática, as vantagens esperadas não aconteceram. Faltou verbas às pesquisas, 
aumentou a nossa dependência cultural, Surge aí o tecnicismo, o abuso da técnica na educação. 
A modernização não rompeu com as antigas tradições conservadoras (FRANCISCO FILHO, 
2001, p. 122). 
 
Ensino Superior: reflexões sobre a reforma universitária 
 
O Brasil vinha passando por enormes transformações sociopolíticas, com a ditadura 
militar, e no campo educacional, com a reforma universitária, mas o que se queria efetivamente 
essa tal reforma? Atingir apenas uma fração do campo do ensino superior como um todo, ainda 
que num tipo de instituição especialmente relevante, como as universidades? (TRIGUEIRO, 
2003). 
Analisando todo o contexto, houve uma expansão das universidades públicas e privadas, 
alcançado assim um número maior de alunos, e por consequência formando um número maior 
de profissionais que pudesse suprir a demanda que era necessitada na época. Porém, os grupos 
sociais menos favorecidos economicamente, não puderam usufruir dessa quantidade crescente 
de oportunidades, receberam uma educação diferenciada, pois os alunos que tiveram acesso as 
universidades públicas, foram os alunos de maior poder aquisitivo, pois tinham o ensino anterior 
mais qualificado, ou seja, escolas particulares de alto nível, podendo assim chegar ao vestibular 
com maior vantagem em relação aos alunos que decorriam de escolas públicas. 
 
8 
Logo, a partir do não acesso dos pobres a esse tipo de ensino, tinham quando podiam 
pagar, de optar pelas escolas particulares. Então esses alunos de classes mais baixas, tinham 
que trabalhar e estudar, comprometendo o andamento do seu curso e de sua aprendizagem. “A 
descriminação, que teoricamente estaria resolvida, agravou-se ainda mais. As profissões 
tradicionais como medicina, engenharia, entre outras, que davam prestígio, tornaram-se quase 
utopia para os alunos mais pobres” (FRANCISCO FILHO, 2001, p. 119 ). 
Ao que diz respeito aos vestibulares, esses contribuíram para que os mais pobres 
ficassem mais distantes do ensino superior público, pois eram mais elaborados e organizados, 
impossibilitando que os alunos que tinham um ensino defasado não concorresse igualmente 
com os alunos de escolas privadas, já citados. 
Nesse crescimento quantitativo das universidades, podem-se cruzar diversos paralelos, 
sendo um deles o fato de que mesmo existindo mais universidades, essas ainda seguiam 
princípios tradicionais. A inflexibilidade impedia que ela correspondesse o novo modelo de 
mercado que vinha nascendo no país. 
Outro ponto que pode ser citado, de acordo com Francisco Filho (2001), é que os 
professores que entravam em escolas particulares, que vinham aumentando em número no país, 
com o desejo de se formarem e/ou se especializarem, em cursos de curta duração, e 
normalmente nos finais de semana, não apresentavam um alto nível de estudos, em função de 
suas rotinas de trabalho, como já citado. Os seus respectivos salários eram baixos, logo não 
recebiam estímulos, nem incentivos, colaborando assim para a queda na qualidade do ensino. 
A escola, e por abrangência o ensino superior, que teria que promover a transformação 
da sociedade, a partir da educação, passou a atender os mais pobres, com professores mais 
pobres, com um ensino ainda mais pobre, gerando profissionais pobres em conhecimento e em 
vantagens de entrar no mercado de trabalho (FRANCISCO FILHO, 2001, p. 120). Dito de outro 
modo: universidade não é sinônimo de ensino superior (TRIGUEIRO, 2003). 
Em suma a lei 5540/68, visava a continuidade do sistema capitalista, ligado ao fato de 
que as universidades iriam gerar uma mão de obra técnica. Assim as universidades formariam 
trabalhadores para as novas empresas que estavam se instalando no país, as multinacionais. As 
mudanças deveriam ocorrer de acordo com a necessidade do país. Embora a lei não tenha sido 
executada, a ideia do crescimento das universidades públicas como um bem público de direito. 
Era por fim a uma história de exclusão de grupos sociais e seus saberes; Situando o papel da 
universidade pública na definição e resolução coletiva dos problemas sociais. (REDDIN, 2006) 
 
9 
Porém, em paralelo as mudanças governamentais, ocorreram diversas reivindicações por 
parte da classe estudantil, dentre outros participantes. Além disso, deve-se ressaltar que embora 
as instituições de ensino tenham diversas responsabilidades para com a sociedade, as criticas ao 
governo nunca deixaram de acontecer nas escolas e universidades. Ou seja, nem sempre o 
sistema agradará a todos, nem muito menos o povo deve se agradar com tudo. 
Na década de 1960, Anísio Teixeira (1996), citado por Rosa, resume-se em quatro as 
funções fundamentais que a constituem a educação. Sendo a primeira função a emancipação 
humana, resultado do fato de quanto mais conhecimento o homem adquire, mais esse aproxima 
de sua liberdade, a segunda função é a da formação profissional, a terceira função é a de 
desenvolver o saber humano, pois a universidade também o transmite. Por último, a 
universidade é a transmissora de uma cultura comum, expressão concreta da sociedade onde 
está inserida. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Após presente estudo compreendemos que embora as universidades tenham o título de 
ensino “superior”, na época não condiziam com esse termo, pois o sentido de ensino superior 
deve ser o de ensino qualificado, que no mínimo preparem os alunos para as demandas do 
mercado de trabalho e para a vida em sociedade, porém o que vimos não foi bem assim, as 
universidades expandiram-se em quantidade em detrimento a qualidade, por conseguinte houve 
uma distorção do que realmente é ser um ensino público, os alunos oriundos de escolas públicas 
não tinham o acesso prioritário, dada a dificuldade em passar no vestibular, pois não tinham 
uma preparação eficaz para isso, dando lugar aos alunos vindos do ensino privado. 
E com isso os alunos vindos de escolas públicas que queriam ingressar no ensino 
superior teriam que trabalhar, pois lhes restava como opção o ensino privado, sendo o ato de 
trabalhar e estudar um fator prejudicial no seu desenvolvimento como aluno e por consequência 
como profissional. 
 Logo a lei 5540/68 que visava a Reforma Universitária, não tendia à formação de um 
senso crítico ou da propagação do conhecimento, e sim a geração uma mão de obra técnica 
que suprisse as demandas que havia surgindo no mercado de trabalho, onde o único interesse 
era o de “ensinar” ao homem como ele deveria trabalhar, e não como ele deveria ser perante a 
 
10 
sociedade. Além do que a sociedade não estava pronta para a prática das pesquisas que era 
desejada também por essa lei. 
 Pelo que vemos, reforma é o ato ou o resultado de reformar, é uma renovação que traz 
a mudança no modo de ser para torná-la melhor e mais eficiente. E como houve reforma, se não 
houve mudança? Não se podia reformar o que ainda estava começando, ou que nem se 
encontrava estabilizado, a reestruturação é um processo que se dá ao longo do tempo, e até hoje 
estamos passando por esse processo de melhorias no ensino superior do país. 
 As universidades, não podem ter suas funções tomadas como pré-estabelecidas e 
limitadas, ela dá a base para o desenvolvimento,as orientações, pois o tamanho da formação é 
feito pelo próprio estudante, sendo que não se forma uma única vez, deve-se sempre buscar a 
especialização, e aquisição de novos conhecimentos, para que não seja uma educação estanque. 
Logo, a sua finalidade não é somente formar e criar saberes específicos, mas é também formar 
cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Nós somos como às universidades estamos sempre 
em expansão. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANTUNES, Isa Cristina; SILVA, Rafael; BANDEIRA, Tainá. A reforma universitária de 
1968 e as transformações nas instituições de ensino superior. Disponível em: < 
http://www.cchla.ufrn.br/shXIX/anais/GT29/A%20REFORMA%20UNIVERSIT%C1RIA%2 
0DE%201968%20E%20AS%20TRANSFORMA%C7%D5ES%20NAS%20INSTITUI%C7 
%D5ES%20DE%20ENSINO%20SUPERIOR.pdf> Acesso em: 17 de agosto de 2013. 
 
ARAÚJO, Marcondes JR. A Reestruturação do Ensino Superior no Regime Militar de 1964 
a 1968. Disponível em: <http://monografias.brasilescola.com/educacao/areestruturacao-
ensino-superior-no-regime-militar-.htm> Acesso em: 15 de agosto de 2013. 
 
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14 anos. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 3, n. 2, p. 320-339, 2012. 
 
CHADDAD, Flávio; CHADDAD, Marcela. A educação no Brasil no contexto da lei 5540/68. 
RECIFIJA, São Paulo. Vol. 7, n° 1, 2010. 
 
 
11 
FIGUEIREDO, Erika. Reforma do Ensino Superior no Brasil: um olhar a partir da história. 
Revista da UFG. Ano VII, n° 2, 2005. 
 
FÁVERO, M. L. A. A. Universidade no Brasil: das origens à Reforma Universitária de 1968. 
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FRANCISCO FILHO, Geraldo. A educação brasileira no contexto histórico, Campinas, SP: 
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ditadura militar(1968 1985) e do governo lula da silva (2003 2010) e seus reflexos na 
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de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil. João Pessoa, 2012. Anais 
Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5. 
 
TRIGUEIRO, Michelangelo G. S. Reforma universitária e mudanças no ensino superior 
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