Buscar

ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA
INSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE DIREITO
ALUNO (A)
ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
CIDADE - ESTADO
MÊS E ANO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA
 INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
CURSO DE DIREITO
ALUNO (A)
ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
Trabalho apresentado ao Curso de Direito, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, do Campus Universitário TAL , para avaliação na disciplina de Direito Processual Penal, sob orientação do Prof.(a). FULANO DE TAL
 
CIDADE - ESTADO
MÊS E ANO
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
O presente trabalho tem como tema os Atos de Comunicação Processual que englobam: Citações, intimações e notificações; além de outros temas, suspensão do processo, revelia e informatização do processo penal. A análise a ser feita terá como referencial teórico o rol de cinco autores referência: Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, Guilherme de Souza Nucci, Renato Brasileiro Lima, Aury Lopes Júnior e Norberto Avena. O tema em discussão está disposto no Título X do Livro I do Código de Processo Penal, do artigo 351 a 372. 
	Atos processuais consistem na forma pela qual os sujeitos do processo são informados sobre os acontecimentos sucedidos ao longo de toda a marcha procedimental. A comunicação processual pode se dar por meio de atos distintos, que serão praticados conforme a sua finalidade. Sendo assim, os atos de comunicação poderão revestir o caráter de citação, intimação ou notificação observada sua finalidade. 
	O processo penal não pode acontecer validamente sem que o contraditório e a ampla defesa. E para garantir e preservar esses princípios que se informa aos sujeitos do processo os atos processuais. Os atos de comunicação processual são definidos pela doutrina, já que o Código de Processo Penal não prevê indicação a esses. Os atos poderão revestir o caráter de citação, intimação ou notificação. 
	Os atos de comunicação processual penal devem ser interpretados/aplicados em compasso com a Constituição do Brasil e com todos os enunciados infraconstitucionais com ela compatíveis.
	A citação dá ciência ao acusado sobre a instauração de um processo penal; na notificação comunica-se a parte ou interessado para tenha uma conduta necessária para o andamento do processo; a intimação é a comunicação à parte de que foi praticado um ato no processo.
2. Da Citação
	A citação é o ato mais solene, pois consiste no ato de dar ciência ao acusado acerca da instauração de um processo penal, recebimento de uma denúncia ou queixa em face de sua pessoa, chamando-o para se defender. Esse chamar a juízo visa garantir o princípio constitucional do Contraditório e da Ampla defesa. A Ampla Defesa, como muito bem comenta Nucci em sua obra, “significa que ao réu é concedido o direito de se valer de amplos e extensos métodos para se defender da imputação feita pela acusação” . É fundamento constitucional no art. 5º, LV da Constituição Federal. Nucci também comenta o Contraditório e nos traz que: “a toda alegação fática ou apresentação de prova, feita no processo por uma das partes, tem a outra, adversária, o direito de se manifestar” , para que haja “um perfeito equilíbrio na relação estabelecida pela pretensão punitiva do Estado em confronto com o direito à liberdade e à manutenção do estado de inocência do acusado” . [1: .][2: .][3: ]
	O processo penal não será iniciado pelo ato de interrogatório do acusado e sim pela citação (salvo em rito especial que ainda o preveja expressamente, é o caso do rito estabelecido no Código de Processo Penal Militar), conforme o procedimento comum ordinário e sumário, artigo 396 CPP com redação dada pela Lei nº 11719/2008, bem como a primeira fase do procedimento do júri, a teor da Lei nº 11.689/2008 que alterou o Capítulo II do Livro II do CPP. Artigo 396 caput: “Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias”. O parágrafo único ainda acrescenta que “no caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído”. Julga-se importante também citar o caput do artigo 406, para compreensão do exposto: “O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias”. 
	
	Neste primeiro momento, traz-se o conceito de Citação de Távora e Alencar:
Citação é o ato pelo qual o réu toma ciência dos termos da acusação, sendo chamado a respondê-la e a comparecer aos atos do processo, a começar, via de regra, pela resposta preliminar à acusação. A falta de citação válida importa em nulidade. Já a citação deficiente ou incompleta acarreta nulidade relativa.[4: 	]
	O Código de Processo Penal estabelece em seus dispositivos que a falta da citação enseja a nulidade absoluta, assim nota-se a importância do instituto aos ritos processuais. Assim traz o art. 564, III, “e” em sua redação: “A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: (...) III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: (...) e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa”. Assim, se a citação não existiu ou, tendo existido, estava contaminada de nulidade, o processo estará nulo ab initio, desde o início. O ato pelo qual se julga nula ou ineficaz a citação é chamado de circundução e, quando anulada diz-se que há citação circunduta .[5: ]
	No que tange a Nulidade relativa, é decorrente da citação deficiente ou incompleta. Se não é feita a citação de forma válida, não há relação jurídica processual formada efetivamente. Nesse sentido, o art. 363, caput, CPP, com redação dada pela Lei nº 11.7191/2008, estatui que "o processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado". 
	O Código de Processo Penal está fundado no princípio de que não se declara nulidade quando inexistir prejuízo à parte, assim dispõe o artigo 570 do CPP: “A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la.” Acrescenta ainda que “o juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte”. Em comentário ao presente dispositivo legal, exemplifica Nucci:
[...] Se o réu, embora não citado, por exemplo, comparece no processo e, por seu advogado, apresenta a defesa prévia, inexiste razão para considera-lo nulo. Por outro lado, se comparecer no processo, após ter sido oferecida a defesa prévia por defensor dativo, pode pleitear a reabertura do prazo, para que o defensor constituído se manifeste, anulando-se o ato anteriormente praticado, evitando-se qualquer cerceamento de defesa. Se a parte não foi intimada da sentença condenatória, em outro exemplo, mas, ainda na fluência do prazo recursal, apresenta o apelo, está sanada a falha. Caso o prazo já tenha decorrido, o juiz deve reabri-lo, anulando o que foi praticado depois disso. [6: .]
	Vale ressaltar que diante do comparecimento do preso em juízo em virtude de requisição à autoridade carcerária, não é possível invocar nulidade por ausência de citação, afinal o fim da citação terá sido alcançado, que é dar ciência ao réu. Contudo se presente irregularidade ou prejudicar a parte, pode o juiz invocar o artigo 570, CPP. Então deve-se ater que “se o réu estiver preso, será pessoalmente citado” nos termos do art. 360, CPP. Estando inserido no capítulo pertinente à citação, a citação de réu preso passa a ser realizada por mandado, pois o juiz quando for ao presídio, deve encontrar o réu ciente da imputaçãoque lhe é imposta. Assim, deve ser feita pessoalmente, e como já colocado, por mandado, recebendo a cópia da denúncia e podendo preparar-se, a tempo, para o interrogatório. A primeira manifestação de defesa ou defensiva perante o juiz será o interrogatório do réu (autodefesa). Quando a citação é feita com tempo antecedente suficiente consagra-se a ampla defesa e o contraditório, garantias constitucionais do indivíduo, dando-se a oportunidade do preparo da defesa. Com a atual redação do artigo 360 CPP, garante-se que o réu preso tenha igual tratamento de um réu solto. 
	Ressalta Lima que como “o interrogatório passou a ser o último ato da instrução probatória no procedimento comum, é certo que, pelo menos em regra, a citação não é mais feita para que o acusado compareça em juízo, mas sim para que apresente resposta à acusação, no prazo de 10 (dez) dias” , salvo no âmbito processual penal militar (CPPM, art. 399, “c”), no procedimento especial da Lei de Drogas (Lei n° 11.343/06, art. 57, caput) e no procedimento especial da Lei de Licitações (Lei n° 8.666/93, art. 104). Há precedentes da 1ª Turma do Supremo admitindo a aplicação no processo penal militar da reforma legislativa que passou a prever o interrogatório ao final da instrução: STF, 1ª Turma, HC 115.530/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/06/2013, DJe 158 13/08/2013; STF, 1ª Turma, HC 115.698/AM, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/06/2013, DJe 158 13/08/2013.[7: ][8: ]
	O ato citatório eficaz tem o condão de reputar revel (parte que, citada legalmente, deixa de comparecer em juízo) o acusado que não atender o seu chamado para se defender, persistindo contumaz, ou que não comunicar alteração de residência. A citação no processo penal não é causa interruptiva da prescrição, nem previne a jurisdição. O recebimento da denúncia ou da queixa é que é causa interruptiva (art. 117, r, CP) e a prevenção se dá com a admissibilidade da inicial, ou com a distribuição, nas comarcas com pluralidade de varas.[9: 	.]
	Mesmo após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, poderá ser arguida a nulidade absoluta decorrente da inobservância da forma prescrita em lei na medida em que, nessa hipótese, há instrumentos processuais aptos a fazê-lo, como a revisão criminal e o habeas corpus, que apenas são ajuizados em favor do condenado. Tal hipótese causa prejuízo evidente, daí por que pode ser arguida a qualquer tempo.[10: ]
	No âmbito processual penal, a citação é feita uma única vez, sendo que, uma vez citado o acusado, ficará vinculado à instância com todos os ônus daí decorrentes, não podendo alegar desconhecimento da acusação. 
	
2. 1. Espécies de Citação
	Tendo-se como base a doutrina dos processualistas Nestor Távora e Rosmar Alencar, a citação pode ser classificada em real (pessoal) ou ficta (presumida). No processo penal, a citação real ocorre através de oficial de justiça (por mandado, precatória, requisição, rogatória ou carta de ordem) – vide arts 351-353 e ss e art. 369, CPP, enquanto a citação ficta pode ser tanto a editalícia quanto a por hora certa – 361 e ss, CPP.
2.1.1. Citação Pessoal
	Também chamada de citação por mandado, pois dar-se-á por meio de mandado, valendo-se o juiz do oficial de justiça (o oficial de justiça goza de presunção de regularidade, por ter fé pública), quando o réu estiver no território sujeito à sua jurisdição, art. 351, CPP. O mandado é forma usual de citação que busca o acusado, dando-lhe ciência, pessoalmente, do conteúdo da acusação, e colhe o seu ciente. Ou seja, Comunica o réu do inteiro teor da acusação e que deverá responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias. É a efetiva comunicação da existência da acusação, com a entrega da cópia da denúncia ou queixa. Não se admite a citação através de procurador, salvo se o réu for inimputável. 
	Quando o território em que o réu se encontra estiver sujeito à jurisdição de outro magistrado é necessário expedir carta precatória (art.353, 355, CPP) – no caso de outra Comarca ou outro Estado da Federação – ou carta rogatória quando estiver o acusado em outro País ou em sede de embaixada ou consulado seguindo o disposto nos arts. 368 e 369 e 783 ao 786, CPP.
	Nos termos do artigo 354, CPP, compõe o conteúdo da carta precatória: indicação do juiz deprecado e o juiz deprecante; a sede da jurisdição de um e de outro; o fim para que que é feita a citação, com todas as especificações (quando houver pedido de interrogatório, enviam-se mais peças, para auxiliar o juízo deprecado; e o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer, quanto a este último, comenta Nucci que “não mais vem sendo usado, pois o juízo deprecante tem solicitado a realização do interrogatório na Comarca deprecada” e “quando se realiza o interrogatório, tem-se solicitado ao juízo deprecado, que ouviu o réu, que providencie a sua intimação para a defesa prévia, bem como a de seu defensor” . [11: .]
	A carta ordem constitui o instrumento adequado para que um Tribunal Superior determine a juízo inferior o cumprimento de algum ato processual, citação, interrogatório ou colheita de prova, serve-se o Ministro Relator ou o Desembargador relator da carta de ordem para determinar ao juízo da comarca onde se encontra o acusado para citá-lo e interroga-lo. 
	Ao receber a carta precatória o juiz deprecado coloca o “cumpra-se” que é a sua ordem para que a citação seja realizada na sua Comarca. Após a realização do ato processual, feita pelo oficial da justiça, lançada a certidão deste, retorna a precatória à origem, sem maior formalidade. 
	A precatória itinerante é o nome que se dá a precatória enviada pelo juízo, onde provavelmente encontra-se o réu. Corresponde-se a medida que privilegia o principio da economia processual. Quando o juiz deprecante, crendo estar o acusado na Comarca X, envia-lhe a precatória, para a citação e interrogatório, pode ocorrer do juiz desta ultima Comarca verificar que o acusado está, de fato, Comarca Y, para onde enviará, diretamente, os autos da precatória, sem haver necessidade desta volta à origem para nova emissão.
	São requisitos intrínsecos do mandado os arrolados nos incisos do art. 352, CPP: o nome do juiz; o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; o nome do réu, ou se for desconhecido, os seus sinais característicos; a residência do réu, se conhecida; o fim pra que é feita a citação (resumo da acusação, embora, normalmente, faça-se o mandado se acompanhado de cópia da denuncia ou queixa); o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer (faz-se mister ressaltar aqui que, o inciso VI a que corresponde o requisito, não possui aplicação após as reformas dadas pelas Leis 11689/2008 e 11719/2008, oportunamente, o réu será cientificado da data da audiência de instrução e julgamento); a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz (assinaturas).
	Outros requisitos que a lei nos traz, são os encontrados no art. 357, CPP, correspondendo a requisitos extrínsecos do mandado de citação: leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação e declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. Vale lembrar que qualquer dia e hora são admissíveis no processo penal, não se realiza, contudo durante a noite, se o réu estiver em seu domicílio devido à garantia constitucionalizada no art. 5º, XI, CF, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial” (grifo inserido). Entende-se por dia o disposto no artigo 172 do CPC, em aplicação analógica: “os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”.
	São causa de nulidade: a deficiência da descrição feita pelo oficial de justiça, devendo a diligencia ser repetida, e a ausência de assinatura do oficial de justiça na certidão,especialmente se houver prejuízo para a defesa.
2.1.2 Citação de Militar
	Dispõe o artigo 358, CPP: “a citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço”. 
	A citação de militar corresponde a providencia que tem em vista resguardar a intangibilidade do quartel, bem como a hierarquia e a disciplina que são características dos militares. Evita-se, com isso, que o oficial de justiça ingresse em dependências militares, à procura do réu, encaminhando a requisição do juiz, por ofício, ao superior, que a fará chegar ao destinatário, no momento propício. 
	Como regra, o militar superior, oficia de volta ao juiz, comunicando-lhe que autorizou o comparecimento do subordinado no dia e hora marcados. De forma excepcional, pode solicitar nova data, estando o subalterno em missão ou fora da Comarca, temporariamente. Se a permanência for definitiva, faz-se a expedição do ofício por precatória . [12: .]
2.1.3. Citação do funcionário público
	Art. 359, CPP: “o dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição”.
	Aqui, deve-se ater que parte-se do pressuposto de que a ausência do funcionário público de seu posto, ainda que para comparecer ao interrogatório criminal, pode trazer graves danos ao serviço público e, portanto ao interesse geral da sociedade. Assim, quando se faz a citação do funcionário público, expede-se, concomitantemente, um ofício de requisição ao seu superior, para que tenha ciência da ausência e providencie substituto. 
	De modo excepcional, não sendo possível a substituição, nem tampouco a vacância de cargo, pode oficiar ao juiz, solicitando nova data para interrogatório. Observe que há dupla exigência: mandado e ofício requisitório. Na falta de um deles, não está o funcionário obrigado a comparecer nem pode padecer das consequências de sua ausência. Se necessário, pode valer o juiz da precatória, no caso de pessoa citada fora de sua Comarca.
2.1.4. Citação por edital ou Citação Ficta e Citação por Hora Certa:
	
	A citação ficta se dá por meio de edital quando esgotadas as vias de procura. Quando o réu não for encontrado, é recomendável que se oficie a órgãos públicos, como a Justiça Eleitoral, ou mesmo privados, como empresas de telefonia, fornecimento de água e energia elétrica... Para se possível, constatar a existência de algum endereço que possa encontrar o réu. Assim dispõe o art. 361, CPP: “Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias”. Contudo vale ressaltar o teor da Súmula 351 do Superior Tribunal Federal: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”. Não pode o magistrado alegar que os meios de localização estão esgotados, visto que há outros meios cabíveis para citar o réu preso em outra comarca. 	Citação por edital seria uma ficção, uma vez que ninguém acorda de manhã e lê o diário oficial ou procura nos principais jornais para ver se está sendo citado em algum edital. 
Sendo citado por edital tem o prazo de 15 dias para comparecer pessoalmente no cartório ou através de defensor constituído. Comparecendo tomará ciência do teor da acusação e terá 10 dias para apresentar resposta escrita, sendo que o prazo para resposta escrita começa após o comparecimento.
	Se constado pelo oficial que o réu se oculta ou obsta a sua citação deve-se aplicar o disposto no art. 362, CPP: “verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo”. A forma da citação por hora certa segue os preceitos do Código de Processo Civil: artigos 227, 228 e 229. O juiz providenciará a nomeação de defensor dativo ou remeterá o caso para defensoria pública. 
	A citação por hora certa é modalidade de citação ficta. É uma forma extremamente perigosa de comunicação ao réu da existência de uma acusação. A citação por hora certa, por acabar ressuscitando a possibilidade de haver processo sem o conhecimento da acusação, nomeando-se defensor dativo, com base em critérios subjetivos do oficial de justiça de que ele tem ciência da acusação.
	Dar a um oficial de justiça o poder de determinar a situação de inatividade processual do acusado, com as graves consequências que pode gerar. É uma grande responsabilidade que se deposita nas mãos de um oficial, que pode acabar agindo de má fé, a fim de prejudicar o réu. Por isso deve ser estritamente controlado pelo juiz. 
	Todo procedimento de realização da citação com hora certa dever ser certificado pelo oficial de justiça, pormenorizadamente, para permitir o posterior controle de legalidade do ato por parte do juiz. A ausência desses requisitos formais conduz a grave defeito processual, ou, na classificação tradicional, a uma nulidade absoluta do processo, sendo errônea a exigência de prejuízo. Trata-se de prejuízo presumido ou manifesto que não precisa ser demonstrado pelo réu.
	Traz o legislador que o edital da citação indicará: I - o nome do juiz que a determinar; II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; III - o fim para que é feita a citação; IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. Define a doutrina de Guilherme Nucci que estes são requisitos intrínsecos. Quanto ao local, “o edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação” (Art. 365 Parágrafo Único, CPP). No que diz respeito à nulidade da citação o STF editou a Súmula 366: “Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”. 
3. Intimação e Notificação
	A diferença entre tais termos não possui relevância em termos práticos, uma vez que o próprio legislador não estabelece essa distinção no Código de Processo Penal, usando-os em várias passagens indiscriminadamente.
Ainda assim traz Norberto Avena:
Intimação: comunicação realizada a alguém quanto a um ato já realizado. Exemplo: Intimação das conclusões da perícia; intimação da degravação da audiência; intimação da sentença prolatada pelo juiz etc..[13: .]
Notificação: ciência a alguém quanto a um comando judicial determinando certa providência a ser cumprida. Exemplo: Notificação da testemunha para que compareça em audiência para depor; notificação do réu a fim de que se faça presente em audiência par depor; notificação do técnico em determinada área quanto à perícia para a qual foi nomeado etc. .[14: ]
3.1 Intimações (notificações) do Ministério Público, do defensor, do advogado do querelante e do advogado do assistente de acusação:
a) Ministério Público: ciência pessoal (art. 370, § 4.º, do CPP);
b) Defensor nomeado pelo juiz: ciência pessoal (art. 370, § 4.º do CPP);
c) Defensor constituído pelo réu: ciência mediante publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judicias na comarca (art. 370, §1.º, do CPP);
	Caso inexista na localidade a circulação do Diário Oficial, temos o art. 370, §2.º dispondo que “a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo”. 
	Também, quanto à previsão do art. 370, §1.º, do CPP, tem-se que na intimação do advogado do réu, do querelante e do assistente realizada por meio de publicação no órgãopróprio deve constar, sob pena de nulidade, o nome do acusado, de acordo com o art. 564, inciso III, ainda no CPP.
 3.2 Intimação da sentença condenatória, da decisão de pronúncia e dos acórdãos dos tribunais:
	Tendo em vista que o MP deverá ser intimado pessoalmente em todos os casos acima, nos dois primeiros casos a comunicação será realizada por meio do agente com atribuições no processo criminal, já se tratando das intimações dos acórdãos, ocorrerá junto ao MP que atua nos tribunais perante os respectivos Colegiados. 
	Versando sobre a intimação da defesa a respeito da sentença condenatória devem ser observadas primeiramente as regras presentes no art. 392 dispondo que: “a intimação da sentença será feita: I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso; II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança; III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça; IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça; V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça; VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça”. Traz ainda os parágrafos do referido artigo que: “§ 1º O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60 dias, nos outros casos. § 2º O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste artigo”.
	A jurisprudência majoritária, usando do art. 5.º, LV, da CF e se amparando no princípio da ampla defesa, tem contrariado tais normas (citadas anteriormente) que muitas vezes facultam a intimação apenas do defensor ou só do réu, considerando que não será suprimida a intimação de um, pelo fato da intimação do outro. Sabendo que em não sendo possível a intimação pessoal do réu, quando não localizado, esta poderá se dar por edital.
 De acordo com Nestor Távora é preciso que nos atentemos ao fato de que “os prazos processuais são contados diferentemente dos lapsos penais, embora corram da intimação” . 	Fazendo assim, excluiremos o dia de início, incluindo o dia do termo final. Observemos ainda a súmula n.º 710 do STF, que diz que “no processo penal, contam-se os prazos da data de intimação, e não da juntada aos autos do mandado de intimação ou da carta precatória ou de ordem”.[15: ]
	 Em caso de citação do réu por edital, o prazo será de 90 dias, nos casos de pena privativa de liberdade superior ou igual a um ano; nos demais será de 60 dias (art. 392, §1.º, do CPP). Ainda no caso de intimação por edital da sentença, o prazo de apelação somente se esgotará cinco dias após o término do fixado no edital (art. 392, §2.º, do CPP). Sendo o réu localizado e intimado pessoalmente ainda durante o período do edital, ficará um pouco lesado, uma vez que será considerado o prazo a partir da data em que se deu a ciência pessoal.
	Tratando-se de sentença absolutória, não ocorrerá nulidade na ausência de intimação pessoal do réu do teor dessa decisão, se tornando suficiente a ciência de seu advogado a respeito, na forma prevista em lei. 
	Quando falamos da intimação da decisão de pronúncia, tal deverá ser realizada ao réu pessoalmente, em não sendo devidamente localizado será, intimado via edital (art. 420, I e parágrafo único). Também deverá ser intimado seu defensor, se nomeado, pessoalmente (art. 420, I), se constituído, por publicação no órgão oficial (art. 420, II).
	O advogado do querelante (ação penal privada subsidiária da pública) e o advogado do assistente de acusação, também por publicação no órgão oficial, o MP pessoalmente (art. 420, incisos II e I respectivamente).
	Já as intimações dos acórdãos, tem-se na jurisprudência não ser preciso obediência ao art. 392 do CPP, nem mesmo a intimação do acusado. Inexistindo o rigor encontrado para a sentença de condenatória.
4. Revelia, Suspensão da Prescrição e do Processo Penal
	A revelia é a rebeldia do acusado. Diz-se que o réu que não atende ao chamado do juízo é revel, é contumaz. Uma vez declarada a revelia, o acusado sofrerá seus efeitos, não sendo mais intimado dos atos processuais subsequentes, ressalvada a sentença. Sem embargo, o comparecimento do réu em momento ulterior, faz cessar os efeitos da revelia, não tendo, porém, o condão de eliminar os fatos processuais já produzidos sem sua presença: o acusado passará a participar do processo, conforme o estado em que se encontre, sem prejuízo, contudo, de seu interrogatório ao final da instrução ou em grau de recurso. 
	O CPP prevê a revelia nas seguintes hipóteses: 
No âmbito do júri, quando o acusado, regularmente intimado, deixa de comparecer à sessão de julgamento, nos termos do art. 457, o texto aviva que: “o julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado” caso em que o julgamento ocorrerá sem a sua presença; e 
Em todo caso em que o réu, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato processual, deixar de comparecer sem motivo justificado ou, na hipótese de alteração de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo (art.367). 
	Távora nos traz fator importante onde, a revelia implica o quebramento de fiança, isto é, dá-se com a revelia a perda da metade do valor pago a título de fiança, o que significa que, ainda que absolvido o acusado ao final, a devolução da quantia afiançada não se fará de maneira integral (arts. 338 e 339). Note- se que se a revelia ocorreu depois de efetivada a citação pessoal, não se aplica a suspensão do processo até a sentença, intimando-se desta o acusado.[16: . ]
	Aury Lopes Jr. aduz uma visão um tanto diferente quanto a inadequação da categoria revelia quanto a analogia com o processo civil: 
“não existe, no processo penal, revelia em sentido próprio. A inatividade processual (incluindo omissão e a ausência) não encontra qualquer tipo de reprovação jurídica. Não conduz a nenhuma presunção, exceto a de inocência, que continua inabalável. Nada de presumir-se a autoria porque o réu não compareceu...! Jamais. Em suma, por qualquer lado que se aborde, a revelia e a contumácia são incompatíveis com o processo penal brasileiro. Infelizmente, por falta de rigor técnico, é bastante comum a utilização pelos tribunais brasileiros do termo ‘revelia’, quando na verdade estamos diante de mera ausência” .[17: .]
	Outro caso de revelia, distinto do primeiro, ocorre quando o réu citado por edital não comparece no interrogatório, com a entrada em vigor da Lei nº 9.271/96 o art.366 CPP passou a ter a seguinte redação: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do art.312”.
	Na dicção do art.366 do CPP, para que ocorra a suspensão do processo e da prescrição, exige-se o preenchimento de três pressupostos: 
a) que o acusado tenha sido citado por edital; 
b) que o acusado não tenha comparecido para o interrogatório; 
c) que o acusado não tenha constituído defensor³, é intuitivo que a aplicação do art. 366 do CPP está condicionada à não apresentação da resposta à acusação a partir do prazo de 10(dez) dias, contados do fim do prazo de dilação do edital.
	O art. 366 somente tem incidência quando após a citação editalícia o réu não comparece pessoalmente ou através de advogado constituído para ser cientificado do inteiro teor da acusação. A expressãonão comparecimento prevista nos arts. 366 e 367 deve ser lida à luz das reformas levadas a cabo pela Lei n° 11.719/ 2008. Até então, o réu era citado para ser interrogado. Agora, é citado para apresentar resposta à acusação. Logo, esse não comparecimento significa que, no prazo fixado no edital, o réu não comparece no fórum para tomar ciência da acusação. Caso o imputado não compareça pessoalmente, mas fazer-se presente seu advogado, devidamente constituído através de instrumento procuratório, haverá a citação e a abertura do prazo de 10 dias para a apresentação da resposta à acusação. Comparecendo pessoalmente, deverá indicar seu defensor ou, se não tiver condições econômicas de constituir um advogado, postular que lhe seja nomeado um defensor.
	Mas voltando ao não comparecimento do réu citado por edital, a suspensão do processo nesse caso é um imperativo lógico (uma conquista democrática, sem dúvida) de que ninguém pode ser processado sem que tenha conhecimento da existência da acusação. O chamado “princípio da audiência” é fundamental para a existência do contraditório e, por conseguinte, para ter-se verdadeiramente um processo judicial. Assim a exigência do contraditório de que ninguém possa ser condenado sem ser ouvido, ou ao menos, sem que lhe tenham oportunizado condições reais para ser ouvido (inatividade processual real). Não é suficiente, portanto, a mera citação ficta para o desenvolvimento do processo. Quando o réu não for citado pessoalmente, o processo não pode continuar.
	O STF reconhecendo o envolvimento da regra de direito material, assentou que a nova regra do art. 366 somente poderá ser aplicada aos fatos praticados após a vigência da Lei nº 9.271/96. Com a alteração legislativa, um grande acerto e um grande erro, segundo Aury Lopes: o acerto de suspender o processo e o erro de também suspender a prescrição (agravado pela ausência de limite temporal dessa suspensão).
	Aspecto polêmico relacionado ao art. 366 do CPP diz respeito à eventual inconstitucionalidade do ponto em que prevê a suspensão da prescrição de modo indeterminado. Na medida em que o dispositivo não fixa quando deveria cessar a suspensão da prescrição, parte da doutrina passou a sustentar que o dispositivo teria criado nova hipótese de imprescritibilidade, com ofensa à Constituição Federal, que teria limitado os delitos imprescritíveis à pratica do racismo e à ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art.5º, XLII e XLIV).
	Com o objetivo de dar interpretação conforme ao dispositivo, surgiram duas orientações:
a) Admite-se como tempo máximo da suspensão da prescrição o tempo máximo de prescrição admitido pelo Código Penal 20 anos, quando então deverá ser declarada extinta a punibilidade;
b) Admite-se como tempo máximo de suspensão da prescrição o tempo da prescrição pela pena máxima em abstrato do crime da denúncia, após o que a prescrição voltaria a correr novamente. Nessa linha, o STJ editou a súmula 415, com o seguinte teor: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
	Na visão do Supremo, a indeterminação do prazo de suspensão não constitui hipótese de imprescritibilidade, não impede a retomada do curso da prescrição, apenas condiciona a um evento futuro e incerto, situação substancialmente diversa de imprescritibilidade. Também não se afigura possível sujeitar o período de suspensão de que trata o art. 366 ao tempo da prescrição em abstrato, pois do contrário, o que se teria seria uma causa de interrupção, e não de suspensão da prescrição.
 	Quanto à produção antecipada de provas vale ressalvar que, colher antecipadamente uma prova, sem a presença do réu ou seu defensor (sim pois a defesa dativa nesse caso é meramente simbólica, sem qualquer eficácia real), é uma flagrante violação da garantia do contraditório e, por contaminação, do direito de defesa, ambos assegurados no art. 5º, LV, CF. Daí por que o ideal é que a produção antecipada de provas seja reservada para casos extremos, em que a prova efetivamente é relevante e sofre risco de real perecimento. Ainda, nesse caso, devem-se tomar todas as cautelas para documentar da forma mais ampla possível, incluindo gravações de áudio e vídeo. 
	A doutrina de Renato Brasileiro entende que toda e qualquer prova testemunhal deve ser considerada de natureza urgente, de modo semelhante, aliás, ao que ocorre nas hipóteses de reconhecimento de questão prejudicial, em que os arts. 92 e 93 do CPP determinam que antes de determinar a suspensão do processo e da prescrição, deve o juiz realizar a inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Ante o efeito deletério que a passagem do tempo exerce sobre a memória das testemunhas, a produção antecipada de provas deve ser determinada pelo juiz por ocasião da aplicação do art. 366 do CPP. As testemunhas costumam se esquecer rapidamente do fato delituoso, visto que a memória humana é suscetível de falhas com o decurso do tempo. Ademais, é muito comum a mudança de endereços, o que pode vir a prejudicar a localização dos ofendidos e testemunhas se acaso a oitiva vier a ser realizada após um longo período de suspensão do processo. O esvaziamento da prova testemunhal, sem dúvida compromete um dos objetivos do processo penal que é a busca da verdade. Por isso, entende a doutrina que, antes de determinar a suspensão do processo e da prescrição com fundamento no art.366, há de ser determinada a colheita da prova testemunhal.[18: ]
	Em sentido diverso, é dominante no STJ o entendimento de que para a antecipação da prova urgente, deve a acusação justificá-la de maneira satisfatória (v.g., ofendido com idade avançada, testemunha que queira se ausentar do país), à luz do art. 225 do CPP. Assim, na visão da Corte, a inquirição das testemunhas, por si só, não pode ser considerada prova urgente, e a mera referência aos limites da memória humana não é suficiente para determinar a medida excepcional. Sobre o assunto, aliás, dispõe a súmula nº 455 do STJ que “a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo”.
	Na visão do STJ, também pode ser deferida a produção antecipada de prova testemunhal, nos termos do art. 366, sob o fundamento de que a medida revelar-se-ia necessária pelo fato de a testemunha exercer função de segurança pública. O atuar constante no combate à criminalidade acaba expondo o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas com o ordenamento jurídico, sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se prendendo em sua memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos, sendo inviável a exigência de qualquer esforço intelectivo que ultrapasse a normalidade para que estes profissionais colaborem com a justiça apenas quando o acusado se submeta ao contraditório deflagrado na ação penal.
	Por fim, convém destacar que, em que pese o teor da súmula Nº 455, o próprio STJ entende que a produção de provas antecipadas nas hipóteses do art. 366 em desacordo com a súmula nº 455 é causa de nulidade relativa. Logo, haverá preclusão se não arguida oportunamente, além de ser necessária a comprovação do prejuízo (pas de nulitté sans grief).
	Quanto à prisão preventiva, o art.366 do CPP não criou hipótese de prisão preventiva obrigatória. Como se depreende da própria redação do caput do art.366 do CPP, a decretação da prisão preventiva está subordinada à presença dos pressupostos do art. 312 do CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 310, II). Ademais, também deve ser observado o quanto previsto no art. 313 doo CPP. Destarte, mesmo que o acusado não atenda ao chamamento judicial, deixando de comparecer e constituir advogado, sua prisão cautelar, somente poderá ser decretada caso esteja presente uma das hipóteses elencadas no art. 312 do CPP. Em síntese, a reveliado acusado citado por edital não gera, por si só, a presunção de que o acusado pretendia se furtar da aplicação da lei penal, não justificando, isoladamente, a decretação da prisão preventiva.
	De acordo com o art. 2º,§ 2º da Lei nº 9.613/ 98, com redação dada pela Lei nº 12.683/ 12, no processo por crime de Lavagem de Capitais, não se aplica o disposto no art.366 do CPP, devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo.
	A vedação à aplicação da regra do art.366, pela Lei de lavagem de Capitais encontra a seguinte fundamentação feita pelo legislador na exposição dos motivos: “Trata-se de medida de política criminal diante da incompatibilidade material existente entre os objetivos desse novo diploma legal e a macro criminalidade representada pela lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores oriundo de crimes de especial gravidade. A suspensão do processo constituiria um prêmio aos delinquentes astutos e afortunados e um obstáculo à descoberta de uma grande variedade de ilícitos que se desenvolvem em parceria com a lavagem ou a ocultação” (item 63 da Exposição de Motivos 692/MJ).[19: .]
 	Aury Lopes Jr. aduz que a inatividade processual ficta não autoriza, por si só, a decretação da prisão preventiva, não cabe prisão preventiva quando a pena máxima cominada ao crime for igual ou inferior a quatro anos. Assim, entende que, o art.366 tem que ser lido à luz dos arts. 312 e 313, só tendo cabimento essa prisão preventiva se presentes o fumus comissi delict, o periculum libertatis e a pena cominada for superior a quatro anos. Do contrário, haverá apenas a suspensão do processo e da prescrição, sendo ilegal a decretação de prisão preventiva.[20: ]
	Vale salientar que não se revela possível a aplicação do art. 366 do CPP no âmbito da Justiça Militar. Em primeiro lugar porque o CPPM dispõe expressamente que o processo seguirá à revelia do acusado que, intimado ou notificado para qualquer ato do processo, deixar de comparecer sem motivo justificado (art.292). Na mesma linha, o art. 412 do CPPM também prevê que será considerado revel o acusado que, estando solto e tendo sido regularmente citado, não atender ao chamamento judicial para o início da instrução e julgamento, ou que, sem justa causa, se previamente cientificado, deixar de comparecer a ato do processo em que a presença seja indispensável. Como se percebe, não há qualquer omissão do CPPM a ensejar a incidência da legislação comum.
5. Informatização do processo judicial 
	A Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006, que disciplina a informatização do processo judicial, teve origem no Projeto de Lei 5.828/01, aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados no dia 30 de novembro daquele ano, na forma de substitutivo apresentado no Senado Federal, com subemendas de redação adotadas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara. A Lei nº 11.419/2006 passou a admitir o uso de meio eletrônico para a tramitação de processos judiciais e comunicação de atos e transmissão de peças processuais. Em seu art.1º, § 2º, prevê a exposição dos conceitos de meio eletrônico, transmissão eletrônica e assinatura eletrônica, sendo mais um mecanismo de agilização e de economia processual. Para o disposto nesta Lei, considera-se: “I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais; II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial de computadores; III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário: a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica; b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos”.
	Tal lei veio para trazer maior segurança e exatidão da transmissão de dados e comunicação dos atos processuais, preconizando o atendimento de condições para a viabilidade do processo eletrônico, exige-se o credenciamento prévio no Poder Judiciário, com adequada identificação presencial do interessado, em conformidade com a disciplina dos órgãos correspondentes. 
	A citação eletrônica não é aplicável ao processo penal (art. 6º, Lei nº 11. 419/2006). As cartas precatórias, rogatórias e de ordem - assim como as comunicações oficiais entre os órgãos de Poder Judiciário e entre este e os demais Poderes - entretanto, serão, de forma preferencial, expedidas por meio eletrônico. Eis a tendência de maximizar o princípio da economia e da celebridade processuais. [21: ]
	Em arremate, nota-se que as peculiaridades do processo penal não dispensarão, em várias hipóteses, as intimações por oficial de justiça, em especial, a do acusado, do Ministério Público e a da Defensoria Pública, além do advogado dativo. A instituição do processo eletrônico criminal, não obstante viável, deve levar em consideração as particularidades processuais penais que afastarão a incidência de alguns dispositivos, como é o caso da citação, que não é concebível eletronicamente nesta sede. Os atos processuais são redigidos pela lei vigente à época, e o novo diploma passa a disciplinar atos que estão por vir.[22: ]
	
REFERÊNCIAS 
AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. 4. Ed. São Paulo: Método, 2012.
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Direito Processual Penal. 2. Ed. 3. Tiragem. ver. amp. e at. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2014. 
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2015. 
MENDES, Gilmar. Aspectos penais processuais penais da Lei de Lavagem de Dinheiro. Seminário Internacional sobre Lavagem de Dinheiro. Série Cadernos do CEJ: Conselho da Justiça Federal, 2000. Pág. 332.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 12. Ed. rev. at. amp. São Paulo: Revista dos tribunais, 2013. 
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 8. Ed. rev. amp. e at. Salvador: Jus Podivm, 2013. 
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 9. Ed. Salvador: Jus Podivm, 2014. 
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 8. Ed. rev. amp. e at. Salvador: Jus Podivm, 2011.
BRASIL. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm >. Acesso em: Novembro de 2015. 
______. LEI Nº 11.419, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm >. Acesso em: Novembro de 2015.
______. LEI No 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: Novembro de 2015.
______. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm >. Acesso em: Novembro de 2015.