Buscar

Comunicação dos Atos Processuais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TÍTULO 9
COMUNICAÇÃO 
DOS ATOS PROCESSUAIS
1. N O Ç Õ E S G ER A IS
O processo penal não pode prosseguir validamente sem a observância do contraditório e da 
ampla defesa. Afinal, é por meio da colaboração das partes que o Poder Judiciário pode chegar ao 
acertamento do fato delituoso. Por conseguinte, de modo a se preservar o contraditório, concebido 
pelo binômio conhecimento e reação, às partes envolvidas devem ser asseguradas condições de saber 
o que nele se passa, podendo reagir de alguma forma aos atos ali praticados.
E natural, pois, a preocupação do Código de Processo Penal e da legislação especial com a 
comunicação dos atos processuais, isto é, com a forma pela qual os sujeitos do processo são infor-
mados sobre os acontecimentos sucedidos ao longo de toda a marcha procedimental.
Apesar de não haver um rigor terminológico por parte do legislador, há 03 (três) meios de 
comunicação dos atos processuais: a citação, a intimação e a notificação. Sem sombra de dúvidas, a 
citação é o ato mais solene, porquanto dá ciência ao acusado acerca da instauração de um processo 
penal. O legislador também utiliza as expressões notificação e intimação. Na primeira, comunica-se 
à parte a necessidade de praticar ato futuro, ao passo que o termo intimação deve ser utilizado para 
a comunicação de ato já praticado no passado. O Título X do Livro I do Código de Processo Penal 
trata dos atos de comunicação processual entre os arts. 351 e 372.
2. CITAÇÃO
Sem dúvida alguma, a citação é um dos mais importantes atos de comunicação processual, 
porquanto dá ciência ao acusado do recebimento de uma denúncia ou queixa em face de sua pessoa, 
chamando-o para se defender. Considerando-se que a instrução criminal deve ser conduzida sob o 
crivo do contraditório, a parte contrária deve ser ouvida (,audiatur et altera pars). Para que ela seja 
ouvida, faz-se necessário o chamamento a juízo, que é feito por meio da citação.
Funciona a citação, portanto, como misto de contraditório e de ampla defesa, já que, ao mesmo 
tempo em que dá ciência ao acusado da instauração de demanda penal contra ele, também o chama 
para exercer seu direito de defesa. Portanto, além de assegurar o exercício do contraditório e da 
ampla defesa (CF, art. 5o, LV), a citação também dá concretude ao quanto previsto na Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos, que assegura que toda pessoa acusada de delito tem direito 
à comunicação prévia e pormenorizada da acusação formulada (Dec. 678/92, art. 8o, n° 2, “b”).
Tamanha a importância da citação que o próprio CPP estabelece que sua falta configura 
nulidade absoluta (CPP, art. 564, III, “e”). Logo, se a citação não existiu ou, tendo existido, estava 
eivada de nulidade, o processo estará nulo ab initio. Denomina-se circundução o ato pelo qual se 
julga nula ou de nenhuma eficácia a citação; quando anulada diz-se que há citação circunduta.1
1. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 10â Edição revista e atualizada. São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 514.
1 1 9 3
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
Se a citação válida é providência essencial à validade do processo, a nulidade absoluta decorrente 
da inobservância da forma prescrita em lei poderá ser arguida mesmo após o trânsito em julgado de 
sentença condenatória ou absolutória imprópria, na medida em que, nessa hipótese, há instrumen-
tos processuais aptos a fazê-lo, como a revisão criminal e o babeas corpus, que somente podem ser 
ajuizados em favor do condenado. A propósito, em babeas corpus apreciado pelo Supremo, do qual 
resultou a anulação do processo a partir da citação, restou consignado que a nulidade absoluta que 
vicia a citação pessoal do acusado, impedindo-lhe o exercício da autodefesa e de constituir defensor 
de sua livre escolha causa prejuízo evidente, daí por que pode ser arguida a qualquer tempo.2
A despeito da importância da citação, sua falta ou nulidade estará sanada, desde que o interes-
sado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. 
Afinal, o fim da citação terá sido alcançado. Nesse caso, a lei permite que o juiz ordene a suspensão 
ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte 
(CPP, art. 570). Por consequência, diante do comparecimento do preso em juízo em virtude de 
requisição à autoridade carcerária, não é possível invocar nulidade por ausência de citação. Com 
efeito, a apresentação do denunciado ao juízo, a despeito de não cumprir o disposto no art. 360 do 
CPP, supre a eventual ocorrência de nulidade, nos exatos termos do art. 570 do CPP.3
No âmbito processual penal, a citação é feita uma única vez, sendo que, uma vez citado o acu-
sado, fica este vinculado à instância com todos os ônus daí decorrentes. Portanto, não há necessidade 
de nova citação para a execução, já que “a pretensão deduzida na ação penal somente se realiza com 
o cumprimento da sentença condenatória, e, assim, uma vez proferida sentença condenatória, ou 
mesmo absolutória com imposição de medida de segurança, segue-se a fase da execução, que, no 
processo penal, constitui um prolongamento da relação processual”.4
Ressalva especial quanto à desnecessidade de se proceder à nova citação na execução diz respeito 
à pena de multa. De fato, de acordo com o art. 164 da Lei de Execução Penal (Lei n° 7.210/84), 
“extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título exe-
cutivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no 
prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora”.
Quanto à finalidade da citação no procedimento comum ordinário e sumário, e na primeira fase 
do procedimento do júri, convém destacar que, antes da reforma processual de 2008, a citação era 
feita para que o acusado comparecesse em juízo a fim de ser interrogado, porquanto o interrogatório 
era o primeiro ato da instrução processual. Com as mudanças produzidas pelas Leis 11.689/08 e 
11.719/08, a citação passou a ser feita para fins de apresentação da resposta à acusação. De fato, de 
acordo com o art. 396 do CPP, recebida a peça acusatória, deve o juiz ordenar a citação do acusado 
para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Na mesma linha, o art. 406, caput, 
prevê que o juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder 
a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
2. STF, I a Turma, HC 92.569/MS, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 11/03/2008, Dje 074 24/04/2008. Em sentido 
semelhante, reconhecendo que a violação à ampla defesa pode ser reconhecida mesmo após o trânsito em julgado 
da sentença condenatória: STJ, 6a Turma, HC 88.934/PB, Relatora Ministra Jane Silva, DJe 10/03/2008.
3. Com esse entendimento: STF, 2? Turma, RHC 106.461/DF, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 07/05/2013, DJe 178 10/09/2013. 
No sentido de que eventual nulidade da citação do acusado é sanada com a constituição de defesa técnica que passa 
a atuar desde o início do processo, com oferecimento de alegações preliminares, requerimentos e alegações finais: 
STF, 2a Turma, HC 94.619/SP, Rei. Min. Ellen Gracie, j. 02/09/2008, DJe 182 25/09/2008. Em sentido semelhante: 
STF, I a Turma, HC 96.465/MG, Rei. Min. Dias Toffoli, j. 14/12/2010, DJe 084 05/05/2011. E ainda: STF, I a Turma, HC 
85.950/PE, Rei. Min. Eros Grau, DJ 11/11/2005.
4. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. Vol. 3. 33a ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 191.
1 1 9 4
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
Esta observação é extremamente importante, pois, em vários dispositivos do CPP, o legislador 
continua dizendo que a citação será feita para que o acusado compareça em juízo. É o que ocorre, 
a título de exemplo, nos arts. 352, VI, 354, IV, 359, 362, parágrafo único, do CPP. Não obstante, 
como o interrogatório passou a ser o último ato da instrução probatória no procedimento comum, é 
certo que, pelomenos em regra, a citação não é mais feita para que o acusado compareça em juízo, 
mas sim para que apresente resposta à acusação, no prazo de 10 (dez) dias.
Apesar disso, não se pode perder de vista que ainda há procedimentos em vigor em que o 
acusado é citado para ser interrogado. E o que ocorre, por exemplo, no âmbito processual penal 
militar (CPPM, art. 399, “c”), no procedimento especial da Lei de Drogas (Lei n° 11.343/06, art. 
57, capui) e no procedimento especial da Lei de Licitações (Lei n° 8.666/93, art. 104).
Em relação ao procedimento originário dos Tribunais, o art. 7o da Lei n° 8.038/90 estabelece 
que, recebida a denúncia ou a queixa, o relator designará dia e hora para o interrogatória, mandando 
citar o acusado ou querelado e intimar o órgão do Ministério Público, bem como o querelante ou 
o assistente, se for o caso. Portanto, pelo menos de acordo com o teor do relerido dispositivo, o 
interrogatório seria o primeiro ato da instrução, daí por que a citação deveria ser feita para que o 
acusado fosse interrogado.
Portanto, se se trata de leito da competência originária dos Tribunais, há de ser observado o 
quanto previsto na Lei n° 8.038/90, que prevê procedimento especial em relação ao comum ordinário 
previsto no CPP, cujas regras, em razão do princípio da especialidade, devem ser afastadas. Logo, 
se o art. 7o da Lei n° 8.038/1990 prevê momento específico para a inquirição do acusado — após o 
recebimento da denúncia ou queixa — e, constatado não haver quanto a isso lacuna ou omissão nessa 
lei especial, não há falar em aplicação do art. 400 do CPP, que prevê a realização do interrogatório 
ao final da instrução processual.5
Não obstante, no julgamento de Agravo Regimental na Ação Penal n° 528, o Plenário do 
Supremo entendeu que a Lei n° 11.719/08, que alterou o momento em que efetuado o interrogató-
rio, transferindo-o para o final da instrução criminal, incide nos feitos de competência originária 
do STF, cujo mencionado ato processual ainda não tenha sido realizado. Para a Suprema Corte, 
a nova redação do art. 400 do CPP deveria suplantar o estatuído no art. 7o da Lei 8.038/90, haja 
vista possibilitar ao réu o exercício de sua defesa de modo mais eficaz. Aduziu-se que essa mudança 
concernente à designação do interrogatório conferiria ao acusado a oportunidade para esclarecer 
divergências e incongruências que eventualmente pudessem surgir durante a fase de consolidação 
do conjunto probatório. Registrou-se, tendo em conta a interpretação sistemática do Direito, que 
o fato de a Lei 8.038/90 ser norma especial em relação ao CPP não afetaria a orientação adotada, 
porquanto inexistiria, na hipótese, incompatibilidade manifesta e insuperável entre ambas as leis. 
Ademais, assinalou-se que a própria Lei 8.038/90 dispõe, em seu art. 9o, sobre a aplicação subsidiária 
do CPP.6 7 No mesmo contexto, a despeito do disposto no CPPM, já há precedentes da Ia Turma 
do Supremo admitindo a aplicação no processo penal militar da reforma legislativa que passou a 
prever o interrogatório ao final da instrução.
5. STJ, 53 Turma, HC 121.171/SP, Rei. Min. Jorge Mussi, j. 22/03/2011.
6. STF, Pleno, AP 528 AgR/DF, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 24/03/2011, DJe 109 07/06/2011. Para a 5? Turma 
do STJ, a previsão do interrogatório como último ato processual, nos termos do disposto no art. 400 do CPP, com 
redação dada pela Lei n3 11.719/2008, por ser mais benéfica à defesa, também deve ser aplicada às ações penais 
originárias nos tribunais, afastada, assim, a regra específica prevista no art. 7? da Lei n3 8.038/1990: STJ, 52 Turma, 
HC 205.364/MG, Rei. Min. Jorge Mussi, j. 06/12/2011, DJe 19/12/2011.
7. A propósito, confira-se: STF, 13 Turma, HC 115.530/PR, Rei. Min. Luiz Fux, j. 25/06/2013, DJe 158 13/08/2013; STF, 
13 Turma, HC 115.698/AM, Rei. Min. Luiz Fux, j. 25/06/2013, DJe 158 13/08/2013.
1195
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
2.1. Efeitos da citação válida
Em relação aos efeitos da citação válida, há de se ficar atento às diferenças entre o processo 
civil e o processo penal. E sabido que, no âmbito processual civil, por força do disposto no art. 219 
do CPC, a citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda 
quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.
No processo penal, a situação é distinta, já que o único efeito da citação é estabelecer a angu-
laridade da relação processual, fazendo surgir a instância. Forma-se, assim, a relação angular que 
instala em um ponto a acusação, noutro o juiz a quem o pedido é endereçado e, por último, o 
acusado, que, citado, passa a compor essa relação, formando-se o actum trium personarum. Nessa 
linha, aliás, o art. 363, caput, do CPP, com redação determinada pela Lei n° 11.719/08, passou a 
preceituar que “o processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado”. 
Com raciocínio semelhante, o CPPM dispõe em seu art. 35 que o processo inicia-se com o recebi-
mento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com a citação do acusado e extingue-se no momento em que 
a sentença definitiva se torna irrecorrível, quer resolva o mérito, quer não.
Há quem entenda que, nos mesmos moldes que ocorre no âmbito processual civil, a litis-
pendência só estaria caracterizada no processo penal a partir da citação válida no segundo feito. 
Prevalece, no entanto, o entendimento de que a litispendência está presente desde o recebimento 
da segunda peça acusatória, independentemente da citação válida do acusado, já que o CPP nada 
diz acerca do assunto.8
Ao contrário do processo civil, o que torna prevento o juízo no processo penal é a distribuição 
(CPP, art. 75) ou a prática de algum ato de caráter decisório, ainda que anterior ao oferecimento 
da peça acusatória, quando houver dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição 
cumulativa (CPP, art. 83). Ademais, não é a citação válida que interrompe a prescrição, mas sim o 
recebimento da peça acusatória pelo juízo competente, nos exatos termos do art. 117, inciso I, do 
Código Penal.
2.2. Espécies de citação
A citação pode ser de duas espécies:
a) real (ou pessoal): constitui a regra, devendo ser compreendida como aquela que é feita 
pessoalmente, ou seja, na pessoa do próprio acusado. Pode ser concretizada por mandado, por pre-
catória, carta de ordem, carta rogatória, ou mediante requisição. No processo penal comum, não 
se admite citação pelo correio, nem tampouco citação por e-mail ou telefone. Além disso, segundo 
disposição expressa da Lei n° 11.419/06 (art. 6o), que dispõe sobre a informatização do processo 
judicial, não se admite citação eletrônica no processo penal;
b) ficta ou presumida: apesar de ser muito improvável que o acusado tenha tomado conheci-
mento da instauração do processo penal, trabalha-se com uma presunção legal (ficção) de tal ciência, 
com isso se satisfazendo o ordenamento processual. Sua utilização é medida excepcional, e deve 
ser levada a efeito apenas quando demonstrado que o acusado não foi encontrado para ser citado 
pessoalmente, ou quando se oculta para não ser citado. São exemplos de citação ficta no processo 
penal a citação por edital e a citação por hora certa, hipóteses em que se presume que o acusado 
teve ciência da acusação e da instauração do processo.
8. Para aqueles que entendem que o processo penal tem início com o mero oferecimento da inicial acusatória, a 
litispendência estaria caracterizada a partir do ajuizamento da segunda demanda. Nesse sentido: Nucci (op. cit. p. 
342).
1 1 9 6
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
3. CITAÇÃO PESSO A L
3.1. Citação por mandado
Ao contrário do processo civil, que admite que a citação seja feita pessoalmente ao réu, ao seu 
representante legal ou ao procurador legalmente autorizado (CPC, art. 215), em sede processual 
penal somente o sujeito passivo da pretensão punitiva é que pode ser citado.
Na hipótese de crimes ambientais em que hajadupla imputação à pessoa jurídica e à pessoa 
física que atua em seu nome ou benefício, a citação do ente moral deverá ser feita na pessoa de seu 
representante legal ou de algum diretor com poderes para receber a citação.
Em relação aos inimputáveis, cuja doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado tenham sido diagnosticados antes da citação, pensamos que a citação deve ser feita na 
pessoa de seu curador. Cuida-se da denominada citação imprópria. Ora, se a própria lei prevê a 
nomeação de curador ao acusado quando o juiz determinar a realização de exame médico-legal 
para verificar sua (in)sanidade mental (CPP, arts. 149, §2°, e 152, capui), é evidente que a citação 
há de ser feita na pessoa daquele. Se, no entanto, a dúvida sobre a integridade mental do acusado 
surgir por ocasião de sua citação pessoal, deve o Oficial de Justiça certificar no verso do mandado 
tal circunstância. Nessa situação, ao juiz caberá determinar a realização de exame médico-legal, 
nomeando curador ao acusado, a quem incumbirá, então, receber a citação.
Não há mais necessidade de curador para o indiciado menor de 21 (vinte e um) anos. Isso 
porque, por força do Código Civil (art. 5o), a menoridade cessa aos 18 (dezoito) anos completos. 
Ademais, o art. 194 do CPP, que previa a necessidade de nomeação de curador para o menor de 21 
anos por ocasião do interrogatório judicial, foi revogado pela Lei n° 10.792/03. Daí o entendimento 
da doutrina no sentido da revogação tácita do art. 15 do CPP. Apesar de os privilégios processuais 
para os menores de 21 e maiores de 18 anos terem deixado de existir em face do novo Código Civil, 
é de se notar que as normas de natureza material que lhes são favoráveis ainda permanecem em 
vigor, como, por exemplo, a contagem da prescrição pela metade (CP, art. 115).9
Segundo o art. 351 do CPP, quando o acusado estiver no território sujeito à jurisdição do 
juiz que a houver ordenado, a citação inicial far-se-á por mandado. Portanto, se o acusado estiver 
em local certo e sabido no território do juiz processante, sua citação deverá ser feita, em regra, por 
mandado, compreendido como uma ordem escrita, assinada pelo juiz competente, a ser cumprida 
por Oficial de Justiça. Não há previsão legal para que o mandado seja cumprido por escrivão ou 
diretor de secretaria.
Seus requisitos estão enumerados nos arts. 352 e 357 do CPP, podendo ser subdivididos em 
intrínsecos e extrínsecos. Os requisitos intrínsecos estão enumerados no art. 352 do CPP: I - o 
nome do juiz; II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; III - o nome do réu, ou, 
se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV - a residência do réu, se for conhecida; V — o 
fim para que é feita a citação: com as mudanças produzidas pela Lei n° 11.719/08 e a nova redação 
do art. 396, caput, do CPP, o acusado é citado no procedimento comum ordinário e sumário para 
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias; VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora 
em que o réu deverá comparecer: como visto anteriormente, antes da reforma processual de 2008, 
o acusado era citado para que comparecesse em juízo para ser interrogado, porquanto era este o * 18
9. No sentido de não mais ser necessária a nomeação de curador especial para indiciados/acusados com idade entre
18 e 21 anos, já que a maioridade passou a ser adquirida não mais aos 21 anos, mas sim aos 18 anos: STJ, HC 89.684, 
Rei. Min. Felix Fischer, DJU 28.04.08.
1 1 9 7
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
primeiro ato da instrução processual (antiga redação do art. 394 do CPP). Daí dispor o art. 352, 
inciso VI, do CPP, sobre o dia e a hora em que o acusado deve comparecer. No entanto, com as 
alterações produzidas pela Lei n° 11.719/08, a citação passou a ser feita para que o acusado apresente 
resposta à acusação (CPP, art. 396-A), sendo que ainda não se sabe se haverá (ou não) audiência una 
de instrução e julgamento, já que é possível que ocorra sua absolvição sumária (CPP, art. 397). O 
dia e a hora em que o acusado deverá comparecer em juízo somente serão conhecidos na hipótese 
de o acusado não ser absolvido sumariamente, quando, então, será designada a referida audiência. 
A propósito, o art. 399 do CPP estabelece que “recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará 
dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério 
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente”. VII - a subscrição do escrivão e a rubrica 
do juiz: mandado sem a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz não tem qualquer valor e deve 
ser considerado apócrifo.
Por sua vez, os requisitos extrínsecos constam do art. 357 do CPP: I - leitura do mandado ao 
citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação — o mandado 
deve ser sempre acompanhado de cópia da denúncia ou queixa (e eventuais aditamentos) para ser 
entregue ao acusado (a chamada contrafé); II — declaração do oficial, na certidão, da entrega da 
contrafé, e sua aceitação ou recusa.
Mais uma vez, é importante ficar atento às diferenças em relação ao processo civil. Diz o art. 
217 do CPC que não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - a quem estiver 
assistindo a qualquer ato de culto religioso; II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, con-
sanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e 
nos 7 (sete) dias seguintes; III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; IV — aos doentes, 
enquanto grave o seu estado. No âmbito processual penal, não há restrições semelhantes, do que 
se conclui que a citação pode ser feita em qualquer lugar em que o acusado seja encontrado, pouco 
importando o dia e a hora, respeitando-se apenas a inviolabilidade domiciliar (CF, art. 5o, XI).
3.2. Citação por carta precatória
Se o acusado estiver no território nacional, em local certo e sabido, porém fora do âmbito da 
competência territorial do juízo processante, a citação deverá ser feita por meio de carta precatória, 
nos exatos termos do art. 353 do CPP. Para tanto, é importante que o acusado esteja em local certo 
e sabido, sob pena de não ser possível o cumprimento da carta precatória.
De acordo com o art. 354 do CPP, a precatória indicará: I — o juiz deprecado (aquele a que se 
pede) e o juiz deprecante (aquele que faz a solicitação); II - a sede da jurisdição de um e de outro; 
III - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; IV - o juízo do lugar, o dia e a 
hora em que o réu deverá comparecer.10
Uma vez recebida a carta precatória, o juízo deprecado determinará a expedição de mandado 
para efetivação da citação do acusado no foro do juízo deprecado. Este mandado deverá ser cumprido 
com fiel observância dos requisitos acima analisados (CPP, arts. 352 e 357).
E possível que, ao cumprir o mandado de citação expedido pelo juízo deprecado, verifique 
o Oficial de Justiça que o acusado não se encontra naquela comarca, mas sim em outra, sujeita à 
competência de outro juízo. Nessa hipótese, desde que haja tempo para fazer-se a citação, deve o 
juiz deprecado remeter os autos da carta precatória ao juiz da comarca onde se encontra o acusado 
para fins de efetivação da diligência, o que deverá ser feito independentemente de determinação
10, Vide observações anteriores quanto à citação por mandado. 
1198
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
do juízo deprecante. É o que a doutrina denomina de carta precatória itinerante, prevista no art.
355, §1°, do CPP.
Diante das alterações produzidas pela reforma processual de 2008, especial atenção deve ser 
dispensada ao art. 355, §2°, do CPP. Segundo o referido dispositivo, certificado pelo Oficial de 
Justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida ao juízo 
deprecante, para o fim previsto no art. 362. Na redação original do CPP, o art. 362 dizia que se o 
réu não fosse encontrado,seria citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. Ocorre que, por 
força da Lei n° 11.719/08, o art. 362 sofreu importante modificação, passando a prever a possibili-
dade de citação por hora certa no processo penal. Destarte, verificando que o réu se oculta para não 
ser citado, o Oficial de Justiça certificará a ocorrência e procederá de imediato à citação por hora 
certa, na forma dos arts. 227 a 229 do CPC. Após aperfeiçoada a citação por hora certa, aí sim deve 
ser devolvido o mandado ao cartório a fim de que a precatória seja restituída ao juízo deprecante.
Por fim, se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos enumerados 
no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que 
a estação expedidora mencionará (CPP, art. 356). Conquanto o art. 356 do CPP faça menção à 
expedição da carta precatória apenas por via telegráfica, pensamos que, com o advento da Lei n° 
12.403/11, qualquer meio de comunicação pode vir a ser utilizado. Isso porque, de acordo com 
a nova redação do art. 289, §1°, do CPP, havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por 
qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da 
fiança se arbitrada. Ora, se o novel dispositivo admite que a prisão seja requisitada por qualquer meio 
de comunicação, tal dispositivo também deve ser aplicado à expedição da carta precatória, tomadas 
as devidas providências para averiguação da autenticidade do pedido. Ademais, por força do art. 7o 
da Lei n° 11.419/06, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, cuja aplicação é pos-
sível aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de 
jurisdição, as cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as comunicações 
oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e os dos demais 
Poderes, serão feitas preferentemente por meio eletrônico.
3.3. Citação do militar
De acordo com o art. 358 do CPP, a citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do 
respectivo serviço. Logo, a fim de se preservar a hierarquia e disciplina militares, evitando-se que o 
Oficial de Justiça ingresse em dependências militares à procura do acusado, o CPP prevê que, em 
se tratando de militar, o juízo processante deve expedir um ofício ao Comandante da Organização 
Militar em que se encontra lotado o acusado. Prevalece a orientação de que, nessa hipótese, não há 
necessidade de expedição de um mandado em conjunto com o ofício, bastando que este contenha 
todos os elementos essenciais ao mandado (CPP, art. 352) para que não haja prejuízo à defesa. 
Recebido o ofício, o Comandante Militar dará ciência ao militar do inteiro teor do ofício, ao mesmo 
tempo em que comunica o juízo sobre o cumprimento da requisição.
Tal dispositivo somente é aplicável ao militar da ativa, ou seja, os militares de carreira, os 
incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial, os componentes da reserva 
das Forças Armadas quando convocados, reincluídos, designados ou mobilizados, os alunos de 
órgão de formação de militares da ativa e da reserva e, em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro 
mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas (Lei n° 6.880/80, art. 3o, §1°, alínea “a). Logo, 
se o militar estiver na inatividade (v.g., militares da reserva ou reformados), não há necessidade de se 
observar o art. 358 do CPP, porquanto referido dispositivo foi criado como instrumento de tutela 
do serviço e disciplinas militares, e não como privilégio de natureza pessoal.
1199
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
Se, porventura, encontrar-se o militar fora da comarca do juízo processante, haverá necessidade 
de expedição de carta precatória, hipótese em caberá ao juízo deprecado proceder à requisição, nos 
exatos termos do art. 358 do CPP.
Caso a citação seja efetuada apenas com o objetivo de comunicar ao acusado acerca da ins-
tauração do processo penal contra sua pessoa e da fixação do prazo para apresentação da resposta à 
acusação (CPP, art. 396, capui), não haverá necessidade de constar do ofício a requisição de compa- 
recimento a juízo. Logicamente, tão logo o magistrado rejeite eventual pedido de absolvição sumária 
(CPP, art. 397), designando a data para a realização da audiência una de instrução e julgamento 
(CPP, art. 399), deverá determinar a expedição de novo ofício requisitando o comparecimento do 
acusado à audiência una de instrução e julgamento. De outro lado, caso a citação seja realizada 
com o objetivo de determinar o comparecimento do acusado em juízo para fins de ser interrogado 
(v.g., procedimento da Lei de Drogas), também deverá constar do ofício encaminhado ao Chefe da 
Organização Militar a requisição de comparecimento no dia e hora aprazados.
No âmbito processual penal militar, a citação do militar da ativa é um pouco diferente. De 
acordo com o art. 280 do CPPM, a citação a militar da ativa far-se-á mediante requisição à auto-
ridade sob cujo comando ou chefia estiver, a fim de que o citando se apresente para ouvir a leitura 
do mandado e receber a contrafé. Como se percebe, ao contrário do que ocorre no processo penal 
comum, o militar da ativa é requisitado para comparecer em juízo, geralmente alguns dias antes de 
seu interrogatório, oportunidade em que é citado pessoalmente pelo Oficial de Justiça.
3.4. Citaçáo de funcionário público
O funcionário público também deve ser citado pessoalmente, seja por mandado, seja por carta 
precatória. Porém, de acordo com o art. 359 do CPP, o dia designado para o funcionário compa-
recer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição. Como 
se percebe, o dispositivo diz respeito apenas ao comparecimento do funcionário em juízo como 
acusado. Na verdade, o art. 359 do CPP visa preservar a regularidade e a continuidade do serviço 
público, que poderia ser prejudicada caso o funcionário se ausentasse sem prévia comunicação ao 
chefe da repartição.
Destarte, caso determinado funcionário público figure como acusado em um processo penal, 
se a citação for realizada apenas com o objetivo de apresentação da resposta à acusação (CPP, art. 
396, caput), é dispensada a expedição de qualquer notificação ao Chefe da Repartição, já que não 
haverá necessidade de afastamento do servidor de suas funções para tanto. Todavia, tão logo haja 
a rejeição de eventual pedido de absolvição sumária (CPP, art. 397), designando o juiz a data para 
a realização da audiência una de instrução e julgamento (CPP, art. 399), deverá ser determinada a 
expedição de ofício ao chefe do órgão em que o acusado estiver lotado." Como o art. 359 do CPP 
visa evitar prejuízo ao bom andamento do serviço público, há de se concluir que sua aplicação não 
será necessária caso o funcionário esteja, por qualquer motivo, afastado de suas funções.
3.5. Citaçáo de acusado preso
Em sua redação original, o art. 360 do CPP preceituava que, estando o acusado preso, sua 
apresentação em juízo no dia e hora designados devia ser requisitada. Nada falava o CPP acerca da 
citação pessoal do acusado preso. Com a entrada em vigor da Lei n° 10.792/03, o art. 360 passou 11
11. Para Pacelli (Curso de processo penal. IV ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2009. p. 501), ao chefe do serviço 
deverá ser informada apenas a existência do compromisso do funcionário público, sem mais referências à imputação 
penal, para que se preserve o direito à intimidade e à privacidade do acusado.
1 2 0 0
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
a ter a seguinte redação: “se o réu estiver preso, será pessoalmente citado”. Portanto, se o acusado 
estiver preso na comarca do juízo processante, a citação deve ser feita por mandado regularmente 
cumprido por Oficial de Justiça.
Nesse caso, visando a citação apenas à comunicação acerca da instauração do processo penal 
e à fixação de prazo para apresentação daresposta à acusação, não haverá necessidade de requisição 
de comparecimento do preso. No entanto, posteriormente, uma vez rejeitado o pedido de absolvição 
sumária do acusado e designada audiência una de instrução e julgamento, o acusado preso deverá ser 
requisitado para comparecer ao interrogatório e demais atos instrutórios, devendo o poder público 
providenciar sua apresentação (CPP, art. 399, §1°).
Na hipótese de procedimento em que a citação também se destine a dar ciência ao acusado 
acerca da data de seu interrogatório, juntamente com o mandado de citação deverá ser expedido 
ofício ao Diretor do estabelecimento penitenciário em que o acusado estiver preso, requisitando-se 
seu comparecimento em dia e hora designados.
De outro lado, se o acusado estiver preso em outra comarca, a citação deverá ser feita por meio 
de carta precatória, situação em que o juízo deprecado deverá expedir mandado de citação, a fim de 
que o acusado seja pessoalmente citado. Posteriormente, a apresentação do preso deverá ser requisitada 
ao diretor do presídio, a não ser que seu interrogatório seja realizado no próprio estabelecimento 
prisional ou por videoconferência (CPP, art. 185, §§ Io e 2o).
Como a nova redação conferida ao art. 360 do CPP pela Lei n° 10.792/03 não estabelece qual-
quer distinção quanto ao fato de o acusado estar preso na mesma unidade da Federação (ou não), 
nos parece que está ultrapassado o enunciado constante da súmula n° 351 do STF (“é nula a citação 
por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”).
Ora, se o acusado está preso, independentemente da unidade federativa em que estiver recolhido, 
isso significa dizer que se encontra à disposição do Estado. Logo, é obrigação do Poder Judiciário 
tomar conhecimento disso, procedendo à citação pessoal do preso, nos termos do art. 360 do CPP, 
sob pena de evidente violação à ampla defesa. Para fins de ser respeitado o direito à citação pessoal 
daquele que está preso, são irrelevantes eventuais alegações do Poder Público concernentes à dificul-
dade de comunicação entre os estados-membros. Afinal, razões de mera desorganização adminis-
trativa não têm - nem podem ter - precedência sobre as inafastáveis exigências de cumprimento e 
respeito ao contraditório e à ampla defesa (CF, art. 5o, LV). Nessa linha, como já se pronunciou o 
Supremo, ao Estado incumbe, ao menos, organizar-se de modo a ter cadastro atualizado de tantos 
quantos se encontrem recolhidos às cadeias públicas e penitenciárias. Se, à época da declaração de 
revelia, o acusado encontrava-se sob a custódia do Estado, exsurge a nulidade absoluta dos atos 
processuais praticados.12
Destarte, a nosso juízo, estando o acusado preso, deverá ser citado pessoalmente, nos moldes do 
art. 360 do CPP. Há de ser considerada nula eventual citação por edital de acusado preso, mesmo 
que este se encontre custodiado em localidade diversa daquela em que tramita o processo.13
Não se pode objetar que o Estado não dispõe de instrumentos para verificar se o acusado está 
preso em outra unidade da Federação. Isso porque, com o advento da Lei n° 12.403/11, passou a 
constar do art. 289-A do CPP a existência de um banco de dados mantido pelo Conselho Nacional 
de Justiça para fins de registro dos mandados de prisão expedidos em todo o território nacional.
12. STF, 25 Turma, HC 69.873/SP, Rei. Min. Marco Aurélio, j. 08/03/1993, DJ 16/04/1993.
13. Com entendimento semelhante: OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. I V ed. Rio de Janeiro: 
Editora Lumen Juris, 2009. p. 502.
1 2 0 1
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
Esse Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) criado pela Lei n° 12.403/11 encontra-se 
disciplinado pela Resolução do Conselho Nacional de Justiça n° 137, de 13 de julho de 2011. Em 
síntese, se, por força da Lei n° 12.403/11, passamos a contar com um banco nacional de mandados 
de prisão, é de todo evidente que, doravante, há instrumento disponível para fins de verificação 
de prisão de determinada pessoa em qualquer unidade da Federação. Logo, não mais se justifica a 
realização da citação por edital de acusado preso.14
Sem embargo do nosso entendimento, é de se notar que, aos olhos do STJ, se o acusado estiver 
preso em outra unidade da Federação, continua sendo possível a citação por edital, tal qual disposto 
na súmula n° 331 do STF, desde que comprovado o esgotamento dos recursos disponíveis para 
localizar o acusado. Em recente julgado acerca do assunto, concluiu a 5a Turma do STJ que “a 
Súmula 351 da Suprema Corte, que prevê a nulidade da ‘citação por edital de réu preso na mesma 
unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição’, só tem incidência nos casos de réu 
segregado no mesmo Estado no qual o Juiz processante atua, não se estendendo às hipóteses em 
que o acusado se encontra custodiado em localidade diversa daquela em que tramita o processo no 
qual se deu a citação por edital”.15
3.6. Citação de acusado no estrangeiro
Estando o acusado no estrangeiro, sua citação será feita mediante carta rogatória, independen-
temente da natureza do delito (afiançável ou inafiançável). Para que a citação possa ser feita por carta 
rogatória, é indispensável que o acusado esteja em local certo e sabido; estando em local incerto e 
não sabido, sua citação será feita por edital.
Em sua redação original, o art. 367 do CPP previa que, estando o réu no estrangeiro, mas em 
lugar sabido, sua citação seria feita mediante carta rogatória apenas se a infração fosse inafiançável. 
Caso a infração fosse afiançável, sua citação seria feita por edital, com o prazo de 30 (trinta) dias, 
no mínimo, sabido ou não o lugar em que se encontrava. Com as mudanças produzidas pela Lei 
n° 9.271/96, o art. 367 passou a dispor sobre a decretação da revelia daquele que for citado ou inti-
mado pessoalmente e não comparecer injustificadamente. O art. 368 do CPP, por sua vez, passou a 
dispor que “estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, 
suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento”.
Portanto, afiançável ou não o delito, estando o acusado em local certo no estrangeiro, sua 
citação será feita mediante carta rogatória, permanecendo suspenso o curso da prescrição enquanto 
não houver seu cumprimento. Mas até quando deve permanecer suspenso o prazo prescricional? A 
nosso ver, a fluência do lapso prescricional possui como dies a quo não a data em que os autos da 
carta rogatória derem entrada no cartório, mas sim aquela em que se der o efetivo cumprimento 
no juízo rogado. Nessa linha, é sempre bom lembrar que, “no processo penal, contam-se os prazos 
da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem” 
(súmula 710 do STF).
A carta rogatória deve ser encaminhada ao Ministério da Justiça, cabendo a este solicitar ao 
Ministério das Relações Exteriores o seu cumprimento. De lá, pela via diplomática, a carta seguirá 
à Justiça rogada.
14. A Lei nS 12.714/12, com vigência 365 dias após a data de sua publicação, que se deu em data de 17/09/2012, tam-
bém passou a dispor sobre um sistema informatizado de acompanhamento da execução das penas, das prisões 
cautelares e das medidas de segurança, cujos dados serão acompanhados pelo magistrado, pelo representante do 
Ministério Público e pelo defensor e estarão disponíveis à pessoa presa ou custodiada.
15. STJ, 5- Turma, HC 162.339/PE, Rei. Min. Jorge Mussi, j. 27/09/2011, DJe 28/10/2011.
1 2 0 2
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
O Código de Processo Penal nada diz acerca dos requisitos da carta rogatória. Diante do 
silêncio do CPP, afigura-se possível a utilização subsidiária do Código de Processo Civil, que aponta 
os requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da carta rogatória em seu art. 202.
Outro ponto que merece destaque diz respeito ao art. 222-A, caput, do CPP. Referido dispositivo 
foi introduzidono CPP pela Lei n° 11.900/09 e prevê que “as cartas rogatórias só serão expedidas 
se demonstrada previame?ite a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de 
envio”. A nosso ver, esse preceito não é aplicável à citação de acusado no estrangeiro, porquanto 
a imprescindibilidade da citação é evidente e dispensa o prévio recolhimento das custas. De fato, 
independentemente de o acusado residir no Brasil ou no estrangeiro, é evidente que tem direito 
à citação. Portanto, é de se concluir que o dispositivo legal acima citado tem aplicação restrita à 
oitiva de testemunhas. Esse entendimento é corroborado pela própria localização topográfica do 
referido preceito, o qual está situado no Capítulo VI do Título VII (“Da Prova”) do CPP, o qual 
trata “das testemunhas”.
Considera-se que a expedição de carta rogatória (art. 368 do CPP) não se coaduna com o 
sistema dos Juizados Especiais Criminais, de sorte que, no caso de o acusado estar no estrangeiro, 
as peças existentes devem ser encaminhadas ao Juízo comum, nos moldes do que ocorre no caso 
de o acusado não ser encontrado para citação pessoal, eis que o procedimento da citação por edi-
tal, da mesma maneira que o da carta rogatória, não apresenta compatibilidade com os princípios 
adotados pela Lei 9.099/95.16
3.7. Citação em legações estrangeiras
Segundo o disposto no art. 369 do CPP, as citações que houverem de ser feitas em legações 
estrangeiras (embaixadas e consulados) serão efetuadas mediante carta rogatória. Portanto, havendo 
a necessidade de se proceder à citação de funcionário que resida em uma embaixada ou consulado 
estrangeiro, e desde que tal pessoa não goze de imunidade diplomática, a comunicação deverá ser 
feita por meio de carta rogatória, preservando-se a inviolabilidade física de tais localidades.
Nesse caso, não haverá a suspensão do curso prazo prescricional. Perceba-se que tanto o art. 368 
quanto o art. 369 do CPP tiveram suas redações alteradas pela Lei n° 9.271/96. Porém, enquanto 
o art. 368, que cuida da citação de acusado no estrangeiro, expressamente faz menção à suspensão 
do curso do prazo prescricional até o cumprimento da carta rogatória, o art. 369 do CPP, que versa 
sobre as citações a serem feitas em legações estrangeiras, nada diz acerca do assunto. Destarte, como 
não se admite analogia in malam partem, e como o art. 369 do CPP silencia acerca do assunto, 
pensamos que a expedição da carta rogatória para fins de citação em legações estrangeiras não 
suspende o curso do lapso prescricional.
3.8. Citação mediante carta de ordem
A carta de ordem é semelhante à carta precatória, diferenciando-se desta em virtude do órgão 
jurisdicional de que emana. Quando o órgão jurisdicional que a solicita e aquele a quem se solicita
16. Para o STJ, "a conciliação e a transação penal são institutos peculiares ao Juizado Especial Criminal, sendo, portanto, 
inviável a utilização de meios de comunicação afetos à Justiça Comum (carta rogatória), a fim de intimar o paciente 
para a audiência preliminar, pois essa providência não se amolda aos princípios da economia e celeridade processu-
ais, ínsitos ao procedimento sumaríssimo. Não comparecendo à audiência preliminar, eis que ausente do território 
nacional, inexiste constrangimento na remessa do processo à Justiça Comum, nos termos do art. 66, parágrafo 
único, da Lei ne 9.099/95". (STJ - RHC 10.476/SP - 6S Turma - Rei. Min. Fernando Gonçalves - DJ 05/03/2001). Em 
sentido semelhante: MIRABETE, Julio Fabbrini. Juizados especiais criminais: comentários, jurisprudência, legislação. 
53 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002. p. 79.
1 2 0 3
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
estão no mesmo grau de jurisdição, trata-se de carta precatória; quando o órgão jurisdicional que 
solicita o cumprimento é de grau superior, fala-se em carta de ordem.
A título de exemplo, é o que ocorre com a citação quando quem tiver que ser citado não residir 
no local da sede da jurisdição do Tribunal. Nessa linha, o art. 9o, §1°, da Lei n° 8.038/90, determina 
que “o relator poderá delegar a realização do interrogatório ou de outro ato da instrução ao juiz 
ou membro de tribunal com competência territorial no local de cumprimento da carta de ordem”. 
Na mesma esteira, o art. 239, §1°, do Regimento Interno do Supremo estabelece que “o Relator 
poderá delegar o interrogatório do réu e qualquer dos atos de instrução a juiz ou membro de outro 
Tribunal, que tenha competência territorial no local onde devam ser produzidos”.
4. CITAÇÃO PO R E D ITA L
Citação por edital é espécie de citação ficta, já que não é realizada pessoalmente, presumin- 
do-se que o acusado dela tomou conhecimento. Esse edital deve ser publicado em jornal de grande 
circulação, na imprensa oficial ou afixado no átrio do fórum, com o prazo de 15 (quinze) dias, 
admitindo-se a possibilidade de que o acusado, ou pessoa a ele ligada, faça sua leitura, tomando 
ciência da existência do processo penal.
De acordo com o art. 365 do CPP, o edital de citação indicará: I - o nome do juiz que a 
determinar; II — o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como 
sua residência e profissão, se constarem do processo; III - o fim para que é feita a citação; IV - o 
juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; V - o prazo, que será contado do 
dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. Ademais, segundo o art. 
365, parágrafo único, o edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publi-
cado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e 
a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do 
jornal com a data da publicação.
Predomina o entendimento de que não há necessidade de se transcrever, no edital, a integra- 
lidade da peça acusatória. A propósito, a súmula n° 366 do Supremo estabelece que “não é nula a 
citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, 
ou não resuma os fatos em que se baseia”.
A citação por edital não é admissível no âmbito dos Juizados Especiais Criminais. De acordo 
com o art. 66 da Lei n° 9.099/95, a citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que 
possível, ou por mandado. O parágrafo único do referido dispositivo, por sua vez, preceitua que 
não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum, 
no qual deverá ser observado o procedimento sumário do Código de Processo Penal (CPP, art. 
538, com redação dada pela Lei n° 11.719/08). O processo só será remetido ao Juízo comum após 
a denúncia e tentativa de citação pessoal no Juizado Especial. Nessa hipótese, mesmo que o acusado 
seja posteriormente encontrado, não será restabelecida a competência dos Juizados, que é exaurida 
no momento em que os autos são encaminhados ao juízo comum.
4.1. Hipóteses que autorizam a citação por edital
As hipóteses que autorizavam a citação por edital foram alteradas pela Lei n° 11.719/08. Veja-
mos, então, quais eram as hipóteses em que se admitia a citação por edital e como a matéria passou 
a ser regulamentada a partir da reforma processual de 2008:
a) quando o acusado estivesse em local inacessível, em virtude de epidemia, de guerra 
ou por outro motivo de força maior, situação em que o prazo do edital seria fixado pelo juiz
1 2 0 4
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias: essa hipótese de citação 
por edital estava prevista no inciso I do art. 363 do CPP, o qual foi expressamente revogado pela 
Lei n° 11.719/08.
Apesar da revogação expressa do inciso I do art. 363, é oportuno esclarecer que o texto origi-
nal da Lei n° 11.719/08 aprovado pelo Congresso Nacional e levado à sanção presidencial, previa, 
em seu art. 366, que “a citação ainda será feita por edital quando inacessível, pormotivo de força 
maior, o lugar em que estiver o réu”, praticamente repetindo a redação anterior. No entanto, o art. 
366, tal qual constava do texto do projeto, acabou sendo vetado pelo Presidente da República sob 
o argumento de que “a nova redação do art. 366 não inovaria substancialmente no ordenamento 
jurídico pátrio, pois a proposta de citação por edital, quando inacessível, por motivo de força maior, 
o lugar em que estiver o réu, reproduz o procedimento já previsto no Código de Processo Civil e 
já extensamente aplicado, por analogia, no Processo Penal pelas cortes nacionais”. Ora, vetado que 
foi o texto original do art. 366, era de se esperar que fosse mantido o inciso I do art. 363, o que 
não aconteceu.
Diante desse evidente equívoco, pensamos que continua sendo possível a citação por edital do 
acusado que estiver em local inacessível, quer por meio de analogia com o art. 231, inciso II, do 
Código de Processo Civil, tal qual permite o art. 3o do CPP, quer por força do art. 363, §1°, do 
CPP, que continua prevendo a possibilidade de citação por edital do acusado que não for encontrado.
b) quando incerta a pessoa que tivesse de ser citada: antes da reforma processual de 2008, 
dispunha o art. 363, II, do CPP, que a citação também seria feita por edital quando incerta a pessoa 
que tivesse de ser citada. Nesse caso, o prazo do edital era de 30 (trinta) dias.
Com o advento da Lei n° 11.719/08, esse dispositivo foi expressamente revogado. Apesar da 
revogação expressa do art. 363, II, do CPP, há quem entenda que continua sendo possível a citação 
por edital de pessoa incerta, a qual deve ser feita com fundamento no art. 363, §1°, que permite a 
citação por edital quando o acusado não for encontrado.17
Com a devida vénia, pensamos que a revogação do art. 363, inciso II, do CPP, denota a intenção 
do legislador de não mais admitir o oferecimento de denúncia quando incerta a pessoa que tiver 
de ser citada. E bem verdade que, segundo o art. 41 do CPP, não havendo a qualificação completa 
do acusado, e não sendo possível a sua identificação criminal, a parte acusadora pode apontar os 
esclarecimentos pelos quais seja possível identificá-lo. Assim, o fato de ser desconhecida a identifi-
cação completa do acusado não seria óbice ao oferecimento da peça acusatória, desde que se possa 
mencionar seus traços característicos, permitindo distingui-lo de outras pessoas.
No entanto, tais dispositivos, que autorizam a deflagração de um processo penal contra alguém 
com base em “esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo” devem ser interpretados com muita 
cautela. Isso porque, em tempos atuais, não se afigura crível que uma denúncia seja oferecida em 
face de “Tício, cidadão de cor branca, alto e magro”, sem quaisquer outros elementos de identifica-
ção. Se uma peça acusatória fosse oferecida nesses termos, caberia ao magistrado rejeitá-la de plano 
(CPP, art. 395, I), já que se trata de indicação vaga de pessoa fisicamente incerta que impossibilita 
até mesmo a citação inicial, prejudicando o regular andamento do feito.
Por isso, nos parece que a revogação do art. 363, II, do CPP, demonstra a clara intenção do 
legislador de não mais se admitir a instauração de processo penal contra pessoa incerta. Por isso, 
deixou de haver previsão legal de citação por edital quando incerta a pessoa que tiver de ser citada.
17. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 4̂ ed. Salvador: Editora Juspodivm,
2010. p. 628.
1 2 0 5
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
É nesse sentido a lição de Luiz Flávio Gomes, que sustenta que, preocupado em inibir pretensões 
temerárias e atendo-se, ainda, ao fato de que, na prática, não se tem notícia de denúncia oferecida 
contra pessoa incerta, foi o inciso II revogado.18
Destarte, caso não se tenha certeza quanto à identidade física do acusado, deve a parte acusadora 
se abster de apresentar denúncia ou queixa, pelo menos enquanto tais dados não forem coligidos. 
Para que a pretensão punitiva não seja frustrada pela não identificação do acusado, a solução passa 
pela decretação da prisão preventiva, nos termos do art. 312, parágrafo único, do CPP.
c) quando o acusado se ocultava para não ser citado: o prazo do edital era de 5 (cinco) 
dias (antiga redação do art. 362 do CPP). Com as mudanças produzidas pela Lei n° 11.719/08, o 
acusado que se oculta para não ser citado não é mais citado por edital, mas sim por hora certa (CPP, 
art. 362, capui). O assunto será abordado com mais detalhes em seguida;
d) quando o acusado não fosse encontrado: o art. 361 do CPP foi um dos poucos dispositi-
vos legais referentes à citação por edital que não sofreu qualquer alteração com a Lei n° 11.719/08. 
Tal dispositivo continua a dispor que “se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o 
prazo de 15 (quinze) dias”. Por sua vez, o art. 363, §1°, do CPP, prevê que “não sendo encontrado 
o acusado, será procedida a citação por edital”.
Mas quando é possível dizer que o acusado não foi encontrado? Será que basta que o Oficial 
de Justiça certifique no verso do mandado de citação que o acusado está em local incerto e não 
sabido? Tratando-se de hipótese de citação presumida, é evidente que a citação por edital é medida 
de ultima ratio, que só deve ser adotada quando esgotados todos os meios de localização do acusado. 
Portanto, para além de diligenciar o Oficial de Justiça no sentido da localização do acusado em todos 
os endereços existentes nos autos do inquérito e do processo, outras diligências também deverão 
ser empreendidas pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário (v.g., ofícios às concessionárias de 
serviço público, aos órgãos responsáveis pela administração penitenciária, etc.).19
A citação por edital só pode ser feita após o esgotamento de todos os meios disponíveis para 
a localização do acusado. Por isso, em caso concreto apreciado pelo Supremo, no qual a citação 
editalícia foi determinada de pronto pelo juízo, simplesmente à vista de anterior informação, colhida 
na fase de inquérito, de que o então indiciado não fora localizado em seu local de trabalho e no 
endereço residencial que constava de sua ficha cadastral, considerou-se haver evidente violação à 
ampla defesa. Afinal, face a irregular cientificação do acusado, com uso de todos os meios ao alcance 
do Juízo para que fosse localizado, negou-se-lhe o direito ao interrogatório, ato classificado pela 
melhor doutrina, ao mesmo tempo, como meio de prova e de defesa, e, em acréscimo, lhe foi retirada 
a prerrogativa de, livremente, escolher o advogado incumbido de sua defesa, elegendo, junto com 
este, as testemunhas que caberia arrolar e as demais provas que poderia produzir.20
Quando o acusado não é encontrado, e se faz necessária a citação por edital, seu prazo de dilação 
será de 15 (quinze) dias, como textualmente dispõe o art. 361 do CPP. Esse prazo de dilação é o 
tempo que deve permear entre a publicação do edital e a data em que se considera efetivado o ato
18. Comentários às reformas do Código de Processo Penal e da Lei de Trânsito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2008. p. 321.
19. Demonstrado que foram esgotados os meios possíveis para a localização do réu, e não sendo este encontrado, 
não há falar em nulidade da citação por edital: STF, 13 Turma, HC 98.101/SP, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, j. 
01/06/2010, DJe 110 17/06/2010.
20. STF, 23 Turma, HC 88.548/SP, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 18/03/2008, DJe 182 25/09/2008. No sentido de que é 
nulo o processo na hipótese de citação editalícia determinada antes de serem esgotados todos os meios disponíveis 
para a citação pessoal do acusado: STJ, 55 Turma, HC 213.600/SP, Rei. Min. Laurita Vaz, j. 04/10/2012.
1 2 0 6
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
processual. Em outras palavras, considerar-se-á aperfeiçoada a ciração por edital não com a simples 
publicação do edital, mas sim com o decurso do prazo de dilação nele consignado. Portanto,no 
âmbito do procedimento comum, o prazo de 10 (dez) dias para apresentação da resposta à acusação 
será contado a partir do término do prazo editalído, que nesse caso é de 15 (quinze) dias. Não por 
outro motivo, concluiu o Supremo haver nulidade absoluta de interrogatório realizado 14 (quatorze) 
dias após a publicação de edital de citação. No caso concreto, reputou-se nulo, a partir da citação 
editalícia, o processo em que não foi observado o prazo de 15 dias entre a publicação do edital de 
citação e a data do interrogatório.21
Ainda em relação aos prazos de dilação dos editais de citação, especial atenção deve ser dispen-
sada ao art. 364 do CPP, cuja redação é a seguinte: “no caso do artigo anterior, n° I, o prazo será 
fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de 
n° II, o prazo será de 30 (trinta) dias”. Apesar de a redação do art. 364 não ter sido expressamente 
modificada pela Lei n° 11.719/08, a reforma processual de 2008 produziu sua revogação tácita. 
Explica-se: os incisos I e II do art. 363 a que ele se refere - acusado em local inacessível, em virtude 
de epidemia, de guerra ou por outro motivo de força maior, ou quando incerta a pessoa que tiver 
de ser citada, respectivamente - foram expressamente revogados pela Lei n° 11.719/08. Logo, seu 
conteúdo deixou de ter qualquer aplicação.
4.2. Suspensão do processo e da prescrição (art. 366 do CPP)
O art. 366 do CPP, com redação determinada pela Lei 9.271, de 17.04.1996, alterou sobrema-
neira a disciplina da revelia no processo penal brasileiro, visando salvaguardar a mais ampla defesa 
do acusado. Com efeito, em prol de maior garantia ao direito de defesa, notadamente no que tange 
ao direito de audiência e de presença, desdobramentos da autodefesa, a Lei n° 9.271/96 deu nova 
redação ao art. 366 do CPP.
Em sua redação original, o art. 366 do CPP previa que o processo seguiria à revelia do acusado 
que, citado inicialmente ou intimado para qualquer ato do processo, deixasse de comparecer sem 
motivo justificado. Portanto, caso o acusado fosse citado por edital e não comparecesse, era possível 
que fosse condenado à revelia, bastando que o juiz providenciasse a nomeação de defensor técnico.
Com a entrada em vigor da Lei n° 9.271/96, o art. 366 do CPP passou a ter a seguinte reda-
ção: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos 
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das 
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no 
art. 312”. Conquanto os §§1° e 2o do art. 366 do CPP tenham sido revogados pela Lei n° 11.719/08, 
sendo vetada pelo Presidente da República a nova redação do art. 366, permanece em pleno vigor 
o caput do art. 366, cuja validade não foi afetada pela revogação de seus parágrafos.22
Na dicção do art. 366 do CPP, para que ocorra a suspensão do processo e da prescrição, exi- 
ge-se o preenchimento de três pressupostos: a) que o acusado tenha sido citado por edital; b) que 
o acusado não tenha comparecido para o interrogatório; c) que o acusado não tenha constituído 
defensor. Porém, como dito anteriormente, tendo em conta que o interrogatório deixou de ser o 
primeiro ato da instrução, passando a citação a ser feita no âmbito do procedimento comum para 
fins de apresentação da resposta à acusação, é intuitivo que a aplicação do art. 366 do CPP está
21. STF, 25 Turma, HC 91.431/MA, Rei. Min. Cezar Peluso, j. 04/12/2009, DJe 027 11/02/2010.
22. Para mais detalhes acerca do direito intertemporal quanto à nova redação do art. 366 do CPP, remetemos o leitor 
ao Título introdutório deste Livro, onde o assunto foi abordado por ocasião do estudo da Lei Processual Penal no 
tempo.
1 2 0 7
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
condicionada à não apresentação da resposta à acusação a partir do prazo de 10 (dez) dias, contados 
do fim do prazo de dilação do edital.
O objetivo do dispositivo é evidente: visa assegurar uma atuação efetiva e concreta do con-
traditório e da ampla defesa. De fato, sobretudo em casos de nomeação de defensor público ou 
advogado dativo, a citação por edital do acusado, com ulterior decretação de revelia, tal qual ocorria 
anteriormente, inviabilizava por demais o exercício da ampla defesa, na medida em que impossi-
bilitava que o acusado apresentasse ao juiz sua versão a respeito do fato da imputação, cerceando 
também o direito de acompanhar, ao lado de seu defensor, os atos da instrução processual. Atende, 
portanto, o citado dispositivo, aos ditames da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 
678/92), que, em seu art. 8.°, § 2.°, assegura a toda pessoa acusada de delito as garantias mínimas 
de comunicação prévia e pormenorizada da acusação formulada (“b”)> concessão do tempo e dos 
meios adequados para a preparação de sua defesa (“c”) e o direito de comunicar-se, livremente e em 
particular, com seu defensor (“d ”).
4.2.1. Art. 3 6 6 do CPP e sua aplicação na Justiça Militar
Não se revela possível a aplicação do art. 366 do CPP no âmbito da Justiça Militar. Em pri-
meiro lugar, porque o CPPM dispõe expressamente que o processo seguirá à revelia do acusado que, 
citado, intimado ou notificado para qualquer ato do processo, deixar de comparecer sem motivo 
justificado (art. 292). Na mesma linha, o art. 412 do CPPM também prevê que será considerado 
revel o acusado que, estando solto e tendo sido regularmente citado, não atender ao chamamento 
judicial para o início da instrução criminal, ou que, sem justa causa, se previamente cientificado, 
deixar de comparecer a ato do processo em que sua presença seja indispensável. Como se percebe, 
não há qualquer omissão do CPPM a ensejar a incidência da legislação comum.
Ademais, a pretensão de aplicação do art. 366 do CPP no processo penal militar implicaria 
situação desfavorável ao paciente no tocante à suspensão do prazo prescricional, uma vez que esta 
hipótese não estaria prevista na legislação castrense. De fato, a aplicação do art. 366 do CPP traz 
consigo a incidência da suspensão da prescrição, norma de direito material evidentemente prejudicial 
ao acusado, a qual, fosse aplicável subsidiariamente no processo penal militar, caracterizaria verdadeira 
analogia in malam partem, o que não se admite, sob pena de violação ao princípio da legalidade.23
4.2.2. Limitação temporal do prazo de suspensão da prescrição
Aspecto polêmico relacionado ao art. 366 do CPP diz respeito à eventual inconstitucionalidade 
no ponto em que prevê a suspensão da prescrição de modo indeterminado. Na medida em que o 
dispositivo não fixa quando deveria cessar a suspensão da prescrição, parte da doutrina passou a sus-
tentar que o dispositivo teria criado nova hipótese de imprescritibilidade, com ofensa à Constituição, 
que teria limitado os delitos imprescritíveis à prática de racismo e à ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art. 5o, XLII e XLIV).
Com o objetivo de dar interpretação conforme ao dispositivo, surgiram duas orientações:
a) admite-se como tempo máximo de suspensão da prescrição o tempo máximo de prescrição 
admitido pelo Código Penal — 20 (vinte) anos —, quando, então, deverá ser declarada extinta a 
punibilidade;
23. Com esse entendimento: STF, I a Turma, HC 90.977/MG, Rei. Min. Cármen Lúcia, j. 08/05/2007, DJ 08/06/2007. Na 
mesma linha: STF, I a Turma, HC 108.420/PE, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, 16/08/2011, DJe 167 30/08/2011.
1 2 0 8
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
b) admite-se como tempo máximo de suspensão da prescrição o tempo de prescrição pela pena 
máxima em abstrato do crime da denúncia, após o que a prescrição voltaria a correr novamente. 
Exemplificando, supondo a prática de um crime de furto simples (CP, art. 155, caput), cuja pena 
máxima é de 4 (quatro) anos, a prescrição poderia ficar suspensapor até 8 (oito) anos, que é o prazo 
da prescrição da pretensão punitiva abstrata previsto no art. 109, IV, do CP. Decorrido o prazo de 8 
(oito) anos, a despeito de o processo permanecer suspenso pelo menos enquanto o acusado não fosse 
encontrado, a prescrição voltaria a fluir novamente. Nessa linha, o STJ editou a súmula 415, com o 
seguinte teor: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
Em que pese o entendimento sumulado do STJ, o Supremo Tribunal Federal tem precedentes 
antigos no sentido de que a suspensão da prescrição deve perdurar por prazo indeterminado. Na 
visão do Supremo, a indeterminação do prazo da suspensão não constitui hipótese de imprescriti- 
bilidade, não impede a retomada do curso da prescrição, apenas a condiciona a um evento futuro e 
incerto, situação substancialmente diversa da imprescritibilidade. Ademais, a Constituição Federal 
se limita, no art. 5o, XLII e XLIV, a excluir os crimes que enumera da incidência material das regras 
da prescrição, sem proibir, em tese, que a legislação ordinária criasse outras hipóteses. Também não 
se afigura possível sujeitar o período de suspensão de que trata o art. 366 do CPP ao tempo da 
prescrição em abstrato, pois, do contrário, o que se teria seria uma causa de interrupção, e não de 
suspensão da prescrição.24
4.23. Produção antecipada de provas urgentes
De acordo com o art. 366 do CPP, antes de determinar a suspensão do processo e da prescrição, 
é possível que o juiz determine a produção antecipada das provas consideradas urgentes. Nesse caso, 
deverão estar presentes o órgão do Ministério Público e um defensor ad hoc (defensor nomeado para 
a prática de ato certo e determinado), preservando-se, assim, o contraditório e a ampla defesa. O 
Código de Processo Penal silencia acerca do procedimento a ser adotado no caso de colheita dessa 
prova antecipada. Não obstante, com fundamento no art. 3o do CPP, queremos crer ser possível 
a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, que trata de maneira expressa da matéria nos 
arts. 846 a 851 do CPC.
Tendo em conta que o art. 366 do CPP não fixa o lapso temporal durante o qual o processo 
e a prescrição deverão permanecer suspensos, nos parece que toda e qualquer prova testemunhal 
deve ser considerada de natureza urgente, de modo semelhante, aliás, ao que ocorre nas hipóteses 
de reconhecimento de questão prejudicial, em que os arts. 92 e 93 do CPP determinam que, antes 
de determinar a suspensão do processo e da prescrição, deve o juiz realizar a inquirição das teste-
munhas e de outras provas de natureza urgente.
Ante o efeito deletério que a passagem do tempo exerce sobre a memória das testemunhas, 
a produção antecipada da prova testemunhal deve ser determinada pelo juiz por ocasião da apli-
cação do art. 366 do CPP. Quem atua no dia-a-dia do fórum criminal atesta com facilidade que 
testemunhas costumam se esquecer rapidamente do fato delituoso, visto que a memória humana é 
suscetível de falhas com o decurso do tempo. Ademais, é muito comum a mudança de endereços,
24. A propósito: STF, ia Turma, RE 460.971/RS, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 13.02.2007, DJ 30.03.2007. O leitor deve 
dispensar especial atenção ao RE 600.851/DF, com julgamento ainda não concluído, em que o Supremo Tribunal 
Federal reconheceu a existência de repercussão geral em Recurso Extraordinário em virtude da controvérsia sobre 
a existência de limitação temporal acerca do prazo de suspensão do processo e do prazo prescricional nos casos do 
art. 366 do CPP (Informativo ng 633 do STF). É provável que o Supremo mude seu entendimento acerca do assunto, 
passando a entender que a suspensão da prescrição não pode perdurar por prazo indeterminado, nos mesmos 
moldes do entendimento do STJ.
1 2 0 9
RENATO BRASILEIRO DE LIMA MANUAL DE PROCESSO PENAL
o que pode vir a prejudicar a localização de ofendidos e testemunhas se acaso sua oitiva vier a ser 
realizada após um longo período de suspensão do processo. Portanto, caso as testemunhas não sejam 
ouvidas de imediato na presença do órgão do Ministério Público e de um defensor adhoc , corre-se 
o risco concreto de esvaziamento da prova testemunhal, o que, sem dúvida, comprometerá um dos 
objetivos do processo penal, que é a busca da verdade, inviabilizando a própria persecução penal. Por 
isso, pensamos que, antes de determinar a suspensão do processo e da prescrição com fundamento 
no art. 366 do CPP, há de ser determinada a colheita da prova testemunhal.
Há precedentes da 2a Turma do Supremo nesse sentido. Em caso concreto de furto qualificado 
pelo concurso de agentes no qual um dos acusados, depois de citado por edital, não constituíra 
defensor nem apresentara resposta à acusação, tendo o juiz designado audiência de instrução e jul-
gamento à qual esteve presente o corréu citado pessoalmente, acompanhado da Defensoria Pública, 
considerou o Supremo que a antecipação da prova testemunhal seria necessária em virtude da pos-
sibilidade concreta de perecimento do saber das testemunhas. Na dicção do Min. Gilmar Mendes, 
a limitação da memória humana e o comprometimento da busca da verdade seriam argumentos 
idôneos a justificar a determinação da antecipação da prova testemunhal. Na hipótese de ulterior 
comparecimento do acusado ausente, este poderia, então, requerer a realização de provas, inclusive 
a repetição daquela produzida antecipadamente.2'’
Em sentido diverso, é dominante no STJ o entendimento de que, para a antecipação da prova 
urgente, deve a acusação justificá-la de maneira satisfatória (v.g., ofendido com idade avançada, tes-
temunha que queira se ausentar do país), à luz do art. 225 do CPP. Assim, na visão daquela Corte, 
a inquirição de testemunha, por si só, não pode ser considerada prova urgente, e a mera referência 
aos limites da memória humana não é suficiente para determinar a medida excepcional. Sobre o 
assunto, aliás, dispõe a súmula n° 455 do STJ que “a decisão que determina a produção antecipada 
de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando 
unicamente o mero decurso do tempo”.25 26
A Ia Turma do Supremo também vem entendendo que o simples efeito deletério que a pas-
sagem do tempo pode exercer sobre a memória das testemunhas não é idôneo à autorização para 
a produção antecipada das provas urgentes, nos termos do art. 366 do CPP, cuja realização deve 
subsumir-se às hipóteses previstas no art. 225 do CPP.27
Por fim, convém destacar que, em que pese o teor da súmula n° 455, o próprio STJ entende 
que a produção antecipada da prova nas hipóteses do art. 366 em desacordo com a súmula n° 455 
é causa de nulidade relativa. Logo, haverá preclusão se não arguida oportunamente, além de ser 
necessária a comprovação do prejuízo (pas de nulitté sans grief).28
25. STF, 23 Turma, HC 110.280/MG, Rei. Min. Gilmar Mendes, j. 07/08/2012.
26. De acordo com a jurisprudência, a produção antecipada das provas, conforme o art. 366 do CPP, exige concreta 
demonstração da urgência e da necessidade da medida. Não é motivo hábil para justificá-la a simples assertiva 
de que as testemunhas, no futuro, possam vir a mudar de endereço, dificultando a colheita de provas, e que elas 
poderão perder a memória dos fatos. Nesse sentido: Informativo n̂ 416 do STJ - RHC 21.173/DF, Rei. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2009. Na mesma linha: STF, 13 Turma, HC 96.325/SP, Rei. Min. Cármen 
Lúcia, DJe 157 20/08/2009; STJ, 63 Turma, HC 122.936/PB, Rei. Min. Nilson Naves, DJe 15/06/2009.
27. STF, 13 Turma, HC 108.064/RS, Rei. Min. Dias Toffoli, j. 13/12/2011, DJe 39 24/02/2012; STF, 13 Turma, HC 114.519/ 
DF, Rei. Min. Dias Toffoli, j. 26/02/2013.
28. STJ, 63 Turma, HC 172.970/SP, Rei. Min. Og Fernandes, j. 02/06/2011, DJe 21/03/2012.
1 2 1 0
MANUAL DE PROCESSO PENAL COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
4.2.4. Prisão preventiva
O art. 366 do CPP não criou hipótese de prisão preventiva obrigatória. Como se depreende da 
própria redaçãodo caput do art. 366 do CPP, a decretação da prisão preventiva está subordinada à 
presença dos pressupostos do art. 312 do CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes 
as medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 310, II). Ademais, também deve ser observado o 
quanto previsto no art. 313 do CPP. Destarte, mesmo que o acusado não atenda ao chamamento 
judicial, deixando de comparecer e constituir advogado, sua prisão cautelar somente poderá ser 
decretada caso esteja presente uma das hipóteses elencadas no art. 312 do CPP. Em síntese, a revelia 
do acusado citado por edital não gera, por si só, a presunção de que o acusado pretenda se furtar à 
aplicação da lei penal, não justificando, isoladamente, a decretação da prisão preventiva.29 30
4.2.5. Comparecimento do acusado
Decretada a suspensão do processo e da prescrição com fundamento no art. 366 do CPP, na 
hipótese de o acusado citado por edital vir a comparecer, a qualquer momento, o processo observará 
o disposto nos arts. 394 e seguintes do CPP (CPP, art. 363, §4°). Na mesma linha, segundo o art. 
396, parágrafo único, do CPP, no caso de citação por edital, o prazo para a detesa começará a fluir 
a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
Portanto, se ficar evidenciado que o acusado tomou conhecimento da instauração do processo 
penal, seja por meio de seu comparecimento pessoal em juízo, seja por força do comparecimento de 
advogado constituído, o processo retomará seu curso normal a partir da apresentação da resposta 
à acusação. Na mesma linha de raciocínio, caso o juiz tome conhecimento de onde se encontra o 
acusado (por exemplo, chega aos autos a notícia de que o acusado foi preso e está recolhido a deter-
minado estabelecimento penitenciário), é perfeitamente possível que determine sua citação pessoal. 
Nesse caso, se o acusado for citado pessoalmente, subentende-se que, ainda que coativamente, tomou 
conhecimento da existência do processo, o qual voltará a correr, sendo lhe concedido o prazo de 10 
(dez) dias para apresentação da resposta à acusação (CPP, art. 396, parágrafo único).
4.2.6. Aplicação do art. 366 do CPP na Lei de Lavagem de Capitais
De acordo com o art. 2o, § 2o, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei n° 12.683/12, no 
processo por crime de Lavagem de Capitais, não se aplica o disposto no art. 366 do CPP, devendo 
o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito 
até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo.
A vedação à aplicação da regra do art. 366 pela Lei de Lavagem de Capitais encontra a seguinte 
fundamentação feita pelo legislador na exposição de motivos: “Trata-se de medida de política cri-
minal diante da incompatibilidade material existente entre os objetivos desse novo diploma legal 
e a macrocriminalidade representada pela lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e 
valores oriundos de crimes de especial gravidade. A suspensão do processo constituiria um prêmio 
para os delinquentes astutos e afortunados e um obstáculo à descoberta de uma grande variedade 
de ilícitos que se desenvolvem em parceria com a lavagem ou a ocultação’’, (item 63 da Exposição 
de Motivos 692/MJ).’0
29. STF, HC 84.619/SP, Rei. Min. Celso de Mello, 27.3.2007.
30. Concordando com essa interpretação, Gilmar Mendes: "Uma questão polêmica é a cláusula constante da lei que 
determina a não aplicação do disposto no art. 366 do CPP, relativa à suspensão do processo na hipótese de citação 
por edital. É claro que dentro de uma visão ortodoxa é razoável que se faça crítica. Quem considerar a gravidade 
do crime, certamente com interesse na persecução, não terá também dificuldade para justificar a opção legisaltiva 
que aqui se fez". ( M e n d e s , Gilmar. Aspectos penais e processuais penais da Lei de Lavagem de Dinheiro. Seminário 
internacional sobre Lavagem de Dinheiro, Série Cadernos do CEJ, Conselho da Justiça Federal, 2000. p. 32.)
1 2 1 1
RENATO BRASILEIRO DE UM A MANUAL DE PROCESSO PENAL
Em que pese o teor do citado dispositivo, nos parece ser plenamente possível a aplicação do art. 
366 do CPP aos processos criminais referentes à lavagem de capitais. Isso em virtude de verdadeira 
inconstitucionalidade de que padece o dispositivo do art. 2o, §2°, da Lei 9.613/98. De fato, em 
prol de uma maior efetividade no combate à lavagem de capitais, não se pode desprezar a aplicação 
do preceito do art. 366, consectário lógico da garantia da ampla defesa (art. 5.°, LV, da CF/88). 
Trata-se, assim, o art. 2o, §2°, da Lei 9.613/98, de mais um exemplo de norma que ganhou vigência 
com sua publicação, mas que não possui validade.
Na verdade, conforme assevera Marco Antônio de Barros, “o prosseguimento do processo até 
final sentença, em ação penal na qual o réu foi fictamente citado, nos remete a um longo período 
de produção em série de condenações de réus revéis. Camuflava-se a efetividade das garantias do 
contraditório e da ampla defesa com o chamado faz-de-conta. Faz-de-conta que o réu tem ciência 
da existência da ação penal; faz-de-conta que o réu tem ciência da existência da ação penal; faz-de- 
-conta que a sua defesa — ainda que elaborada em termos técnicos —, é a melhor; faz-de-conta que 
todas as providências tendentes ao estabelecimento da verdade foram determinadas e realizadas, 
enfim, faz-de-conta que o processo criminal, assim concluído, não representa uma séria restrição 
à defesa de mérito”.31
A ausência do acusado citado por edital, com a subsequente suspensão do processo, jamais fun-
cionará como um prêmio ou obstáculo à descoberta de uma grande variedade de ilícitos relacionados 
à lavagem de capitais. A uma, porque o próprio art. 366, além de impor a suspensão da prescrição, 
pesado fardo que recai sobre o acusado que se encontra em local incerto e não sabido, possibilita 
que o juiz determine a produção antecipada das provas consideradas urgentes, além de estar auto-
rizado a decretar sua prisão preventiva, desde que presente uma das hipóteses listadas no art. 312 
do CPP. A duas, porque ao juiz é deferido o poder de determinar a execução de medidas cautelares, 
como a busca e apreensão e o sequestro de bens, direitos e valores do acusado, ou existentes em seu 
nome (art. 4o, caput, da Lei 9.613/98), salvaguardando, assim, a eficácia do processo principal, com 
a ressalva de que a restituição dos bens só poderá ser deferida com o comparecimento pessoal do 
acusado (art. 4o, §3°, da Lei 9.613/98). A três porque, consoante decidiu o Supremo Tribunal Federal 
no RE 460.971, a prescrição deve permanecer suspensa por prazo indeterminado, afastando-se, 
assim, eventual argumento no sentido de que a aplicação do art. 366 seria sinônimo de impunidade.
5. CITAÇÁO PO R H O RA CERTA
Antes do advento da Lei n° 11.719/08, quando o acusado se ocultava para não ser citado, sua 
citação era feita por edital. Era essa, aliás, a antiga redação do art. 362 do CPP: “Verificando-se 
que o réu se oculta para não ser citado, a citação far-se-á por edital, com o prazo de 5 (cinco) dias”.
A Lei n° 11.719/08 deu nova redação ao art. 362 do CPP, inaugurando a possibilidade de 
citação por hora certa em sede processual penal. Destarte, verificando que o réu se oculta para não 
ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma 
estabelecida nos arts. 227 a 229 do Código de Processo Civil.
A fim de se evitar qualquer vício, a citação por hora certa deve ser levada a efeito nos exatos 
termos dos arts. 227 a 229 do CPC. Assim, quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procu-
rado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, 
intimar a qualquer pessoa da família, ou, em sua falta, a qualquer vizinho, que, no dia imediato, 
voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Dois são os pressupostos, portanto, para a
31. Lavagem de capitais e obrigações civis correlatas - com comentários, artigo

Outros materiais