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INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO CIENTIFICO SOBRE O SOCIAL

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INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO CIENTIFICO SOBRE O SOCIAL
A capacidade de pensar fez o homem sair em busca de explicações sobre tudo o que o circundava. Os primeiros esclarecimentos vieram através de mitos (estórias, lendas e crenças), que traduzem os costumes de um povo e explicam a vida social através da fé, sem a necessidade de comprovação.
Desenvolvendo sua consciência, a racionalidade faz com que ele procure compreender o porquê das coisas, através da filosofia, que se apóia na formulação de hipóteses, pautado na razão e buscando uma representação coerente da realidade.
Porém, com as transformações no mundo a partir do século XVI, com as grandes navegações, internacionalização do comércio, críticas ao poder eclesiástico de explicar a realidade, desagregação do mundo feudal, o saber científico atinge uma importância única, pois é baseado na experimentação, não apenas na razão, e pautado na realidade concreta. Possuindo uma ordenação lógica e buscando continuamente se repensar, a ciência busca a verdade através do desenvolvimento de métodos de análise.
A sociedade pré-científica surgiu no Renascimento (Itália - sec. XIV) e se estendeu até o século XVIII, com a ilustração, um movimento filosófico que entendia a razão como fonte de conhecimento. Novos temas e interesses aos meios cientícios e culturais foram apresentados nessa época, onde transformações sociais culminaram com o desenvolvimento do capitalismo.
Profundas mudanças ocorrem na Europa a partir do século XV, com modificações no conhecimento humano e na organização do trabalho. O ser humano começa preocupar-se com a questão de como utilizar melhor e racionalmente a natureza, além de somente explicar ou questionar. 
O pensamento social do Renascimento sugere que o mundo ideal seria construído pela ação do homem e não pela crença e fé. Porém, não se preocupavam em conhecer a realidade como ela era, mas em propor formas ideais de organização social, mesmo conhecendo as diferenças entre indivíduo e coletividade. Fundamentadas na experimentação e na observação, essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade foi representada pelos pensamentos de Maquiavel Galileu Galilei, Francis Bacon, René Descartes, Thomas Morus.
Thomas Morus e Maquiavel defendem e promovem a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa. 
Jean-Jacques Rousseau, em sua obra "O contrato social", afirma que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade, ou seja, defendia uma sociedade pautada em princípios de igualdade. 
John Locke reconhecia os direitos individuais e o respeito à propriedade, defendendo que os princípios de organização social fossem codificados em torno de uma Constituição. 
A Sociologia, no século XIX, desvinculou o pensamento sobre o social das tradições morais e religiosas, compreendendo a vida social humana e a organização da sociedade através da observação, controle e formulação de explicações plausíveis, pautado na racionalidade (tudo que existe tem uma causa inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada de fato, como a origem do Universo). O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição individual para percebê-la como parte de um todo social, tornando-se um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si. 
Augusto Comte desenvolveu reflexões sobre o mundo social sob bases científicas, compreendendo a sociedade como um grande organismo, no qual cada parte possui uma função específica. O bom funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão.
Segundo Comte ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: Teológica (os homens recorriam à vontade de Deus para explicar os fenómenos da natureza), Metafísica (o homem utiliza conceitos abstratos, de compreensão difícil) e Científica (sociedade industrial, onde o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas determinantes dos fenômenos). 
 
Revoluções burguesas - TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS DO SÉCULO XVIII
As revoluções burguesas, principalmente a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Industrial (Inglaterra - 1750), constituem as duas faces de um mesmo processo: a consolidação do regime capitalista moderno.
A revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. A sociedade francesa era estratificada e hierarquizada, um país absolutista, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos, no século XVIII, e sua situação era de extrema injustiça social. 
No topo da pirâmide social, estava o clero que não pagava impostos. Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo terceiro estado (trabalhadores, camponeses e burguesia comercial), cujas vidas eram de extrema miséria. Os impostos eram pagos somente por este segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza. Além disso, o desemprego aumentava drasticamente. Havia a falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem dar opiniões na forma de governo. Os oposicionistas eram presos na Bastilha ou condenados à guilhotina. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor, desejava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho. 
A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa. A Queda da Bastilha marca o início do processo revolucionário, cujo lema era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, resumindo os desejos do terceiro estado francês.
No mês de  agosto de 1789, a Assembléia Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este importante documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de maior participação política para o povo. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou significativamente.
Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a revolução.
A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra, no início no século XVIII, com a mecanização dos sistemas de produção. A burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Além disso, o crescimento populacional trouxe maior demanda de produtos e mercadorias. Os fatos que desencadearam essa revolução são diversos: A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral, principal fonte de energia, em seu subsolo. Possuíam grandes reservas de minério de ferro, principal matéria-prima utilizada no período. A mão-de-obra disponível em abundância, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas. A burguesia tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.
O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas a vapor, revolucionando o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.
Na área de transportes, com a invenção das locomotivase trens a vapor foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos mais baixos.
As fábricas, do início da Revolução Industrial, apresentavam condições precárias de trabalho: péssima iluminação, abafadas e sujas. Os salários eram muito baixos e empregava-se o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas. Quando desempregados, não tinham nenhum tipo de auxílio, passando por situações de precariedade.
Os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as “trade unions” (espécie de sindicatos) objetivando melhorar as condições de trabalho. Houve também movimentos mais violentos como o “ludismo”, conhecidos como "quebradores de máquinas", pois eles invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos como forma de protesto e revolta com relação à vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, optando pela via política e conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.
A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. 
AS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES TEORICAS 
EMILE DURKHEIM
Durkheim, teórico no estudo da sociedade, constituiu a sociologia como disciplina científica. Sua preocupação foi definir a sociologia com precisão, com o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência - os fatos sociais.
Para Durkheim, o fato social é experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente e preexistente, com 3 característica básicas os distinguem: 
1ª) Coerção social: a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, conformando-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Ela se manifesta quando o indivíduo desenvolve ou adquire um idioma, é criado e se submete a um tipo de formação familiar ou está subordinado a certo código de leis ou regras morais, experimentando a força da sociedade sobre si.
A força coercitiva dos fatos sociais se evidencia pelas sanções legais ou espontâneas a que o indivíduo está sujeito quando se rebela contra ela. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se define a infração e se estabelece a penalidade correspondente. Espontâneas são as que afloram como resposta a uma conduta considerada inadequada por um grupo ou por uma sociedade. 
Para Durkheim, a educação formal e informal é importante, pois o grupo internaliza as regras que são transformadas em hábitos. A arte também representa um recurso capaz de difundir valores e adequar às pessoas a determinados hábitos.
2ª) Exteriores aos indivíduos, os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente (regras sociais – educação).
Não nos é dada a possibilidade de opinar ou escolher, pois são independentes de nós, de nossos desejos e vontades. Os fatos sociais são coercivos e dotados de existência exterior às consciências individuais.
3ª) Generalidade: é social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. (costumes, sentimentos comuns ao grupo, crenças ou valores, formas de habitação, sistemas de comunicação e a moral).
Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. 
Para Durkheim, a consciência coletiva é a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como um conjunto de regras fortes e estabelecidas que atribui valor e delimita os atos individuais. É a consciência coletiva que define o que, numa sociedade, é considerado imoral, reprovável ou criminoso. 
A solidariedade mecânica predominava nas sociedades pré-capitalistas, na qual os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência coletiva exerce aqui todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.
A solidariedade orgânica, típica das sociedades capitalistas em que pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, no lugar dos costumes, tradições ou relações sociais estreitas, como ocorre nas sociedades contemporâneas. Nas sociedades capitalistas a consciência coletiva se afrouxa, ao mesmo tempo em que os indivíduos tornam-se mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.

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