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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO ISABELA FERNANDES DE AGUIAR TONETTO O manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte RIBEIRÃO PRETO 2023 1 ISABELA FERNANDES DE AGUIAR TONETTO O manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental. Linha de pesquisa: Fundamentação teórica, metodológica e tecnológica do processo de cuidar Orientador: Angelita Maria Stabile RIBEIRÃO PRETO 2023 2 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Tonetto, Isabela Fernandes de Aguiar pppO manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte. Ribeirão Preto, 2023. ppp58 p. : il. ; 30 cm pppDissertação de Mestrado, apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Enfermagem Fundamental. pppOrientador: Angelita Maria Stabile p 1. Infecção. 2. Enfermagem. 3.Cuidados Paliativos. TONETTO, Isabela Fernandes de Aguiar 3 O manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental. Aprovado em ........../........../............... Presidente Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ Comissão Julgadora Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ Prof. Dr. ________________________________________________________ Instituição: ______________________________________________________ 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos profissionais que, diariamente, buscam garantir o direito ao acesso aos cuidados paliativos no Brasil, por meio do conhecimento técnico e científico, mesmo enfrentando barreiras devido às políticas públicas vigentes e a carência de informação; aqueles que prezam por um cuidado digno, respeitoso e alinhado aos valores de cada vida, priorizando o alívio do sofrimento, em suas diversas dimensões. 5 AGRADECIMENTOS Em especial, à Profª. Drª. Angelita Maria Stabile, pela atenção, compreensão, paciência, confiança e disponibilidade, por compartilhar seus ensinamentos desde meu trabalho de conclusão de curso, durante a graduação, até este Mestrado. À você, minha gratidão, admiração, carinho e respeito. À minha mãe, Eliana, meu pai, Clésio e meu irmão, Pedro, pelo amor, carinho, paciência, força e incentivo. Muito obrigada por serem minha fortaleza e estarem ao meu lado, em cada decisão e conquista, por acreditarem em mim e me fazerem sentir capaz e muito amada! À vocês, todo meu amor! Ao meu noivo Felipe, pela paciência, carinho e apoio. Obrigada por me incentivar sempre a buscar ser minha melhor versão e me fazer sentir admirada e amada por ser quem sou! À Cris, por sua amizade genuína e verdadeira há mais de 25 anos. Muito obrigada, minha amiga, pela confiança, força e incentivos diários! Estendo o agradecimento a Boleta, Leão (Bull), Moreira e Regina, por também serem minhas amigas há tantos anos e estarem ao meu lado em mais essa conquista. Vocês moram em meu coração! Ao Time MONISSA (André Junqueira, André Fioravante, Yuki e Ana) pela compreensão e apoio desde o início do mestrado. Obrigada por serem parte de um sonho, pela parceria e paciência durante os últimos anos. Como é maravilhoso trabalhar ao lado de vocês. Os admiro muito! Ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz, representado pela Juliana Amaral, equipe de Cuidados Paliativos e serviço de psicologia, pelo incentivo para a conclusão do mestrado e confiança em meu trabalho. Minha gratidão e admiração pelo profissionalismo e constante aprendizado com cada uma de vocês. Ao Núcleo Técnico e Científico de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pela formação, e aos profissionais e amigos paliativistas que lá conheci e compartilhei muitas vivências durante o período de residência, nas figuras de Ednalda, Douglas, Rafaela e Nathalia. Minha admiração pela atuação e profissionalismo de cada um. Obrigada pelas trocas e ensinamentos. 6 À Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, pela formação acadêmica, profissional e humana, e ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem Fundamental pela excelência em ensino e por ser referência na área da enfermagem e da saúde, no Brasil e no mundo. À Profª Dra. Mieko, pelo apoio na elaboração da metodologia e a Profª. Dra. Fabiana Bolela e a Enfermeira Mestra Rita de Cassia Quaglio pelo apoio na elaboração deste trabalho e construção do artigo que será extraído dessa dissertação. Profissionais que admiro e são referência para mim enquanto enfermeira paliativista. A Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e o Hospital Estadual de Ribeirão Preto, pela coparticipação, confiança e apoio para a realização deste mestrado. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. A cada vida que se fez presente, por meio deste estudo. Vocês são parte deste legado. 7 EPÍGRAFE A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. - Paulo Reglus Neves Freire 8 RESUMO TONETTO, I.F.A. - O manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte. 2023, 58 f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2023. Introdução: O cuidado paliativo é uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de indivíduos, adultos e crianças e seus familiares, que convivem com doenças que ameaçam a vida. As pessoas em cuidados paliativos podem apresentar quadros de infecção devido a imunossupressão, presença de comorbidades, desidratação e ressecamento da pele, diminuição da função dos neutrófilos e da imunidade celular, pelo uso de corticoides, além da caquexia. As infecções podem provocar sintomas como fadiga, dor, desconforto e representam um grande desafio no cuidado. Os indivíduos com esse quadro demandam ações de enfermagem específicas mediante as terapias propostas pela equipe multiprofissional. Objetivo: Analisar como ocorre o manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte em dois serviços hospitalares de saúde. Método: Trata-se de um estudo observacional, analítico e retrospectivo, que foi realizado em dois hospitais localizados no município de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, que prestam atendimento a indivíduos em cuidados paliativos e seus familiares. Foram incluídos os prontuários de indivíduos em cuidados paliativos em fase final de vida ou processo ativo de morte, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, que foram diagnosticados com infecção no período de janeiro a dezembro de 2019 em sua última internação antes do óbito. Foram coletadas, dos prontuários, informações referentes às variáveis sociodemográficas, clínicas e as ações implementadas pela equipe de enfermagem. Resultados: A amostra foi constituídapor 113 prontuários, nos quais o diagnóstico oncológico foi o mais prevalente. Houve predominância do diagnóstico clínico para infecção, sendo o foco principal o pulmonar, em indivíduos em fase final de vida. A terapia antimicrobiana foi indicada para 97,3% dos casos. A mediana da duração da antibioticoterapia foi de 7 dias para os indivíduos em fase final de vida e de 2 dias para aqueles em processo ativo de morte. Já o tempo decorrido do início da antibioticoterapia até o óbito foi de 9 dias para os indivíduos em fase final de vida e de 2 dias para aqueles em processo ativo de morte. As intervenções de enfermagem mais frequente foram aferição de sinais vitais, cuidados com a pele e mudança de decúbito; e os procedimentos mais frequentes realizados pela enfermagem foram troca de fralda, punção venosa para inserção de cateter e punção venosa para coleta de exames. Conclusão: O manejo da infecção nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte ocorre por meio de cuidados e procedimentos que geram 9 desconforto físico, entretanto visando o alívio dos sintomas. Além disso, nota-se a alta frequência de prescrição de antibióticos, principalmente pela via endovenosa. Tais achados devem ser documentados, uma vez que nos convida a refletir sobre nossas atitudes práticas e sobre o que significa estar confortável para essas pessoas, possibilitando incorporar esta informação no desenho de intervenções focadas para potencializar a experiência de conforto. Descritores: Infecção, enfermagem, cuidados de enfermagem, cuidados paliativos, processo de morrer, cuidados em fim de vida. 10 ABSTRACT TONETTO, I.F.A. - The management of infections in palliative care patients in the end-of-life and active process of death. 2023, 58 p. Dissertation (Master's) - Ribeirão Preto School of Nursing, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2023. Introduction: Palliative care is an approach that improves the quality of life of individuals, adults and children and their families, who live with life-threatening diseases. People in palliative care may present with infection due to immunosuppression, presence of comorbidities, dehydration and dryness of the skin, decrease in neutrophil function and cellular immunity, due to the use of corticosteroids, in addition to cachexia. Infections can cause symptoms such as fatigue, pain, discomfort and represent a major challenge in care. Individuals with this condition demand specific nursing actions through the therapies proposed by the multidisciplinary team. Objective: To analyze how infections are managed in palliative care patients in the final stage of life and in the active process of death in two hospital health services. Method: This is an observational, analytical and retrospective study, which was carried out in two hospitals located in the city of Ribeirão Preto, state of São Paulo, which provide care to individuals in palliative care and their families. The medical records of individuals in palliative care in the final stage of life or in the active process of death, of both sexes, aged over 18 years, who were diagnosed with infection in the period from January to December 2019 in their last hospitalization before death. Information regarding sociodemographic and clinical variables and the actions implemented by the nursing team were collected from the medical records. Results: The sample consisted of 113 medical records, in which the oncological diagnosis was the most prevalent. There was a predominance of the clinical diagnosis for infection, the main focus being the pulmonary, in individuals in the final stage of life. Antimicrobial therapy was indicated for 97.3% of cases. The median duration of antibiotic therapy was 7 days for individuals in the final stage of life and 2 days for those in the active process of dying. The time elapsed from the beginning of antibiotic therapy to death was 9 days for individuals in the final stage of life and 2 days for those in the active process of death. The most frequent nursing interventions were measuring vital signs, skin care and changing positions; and the most frequent procedures performed by nursing were diaper changes, venipuncture for catheter insertion and venipuncture for collection of exams. Conclusion: The management of infection in palliative care patients in the final stage of life and in the active process of death occurs through care and procedures 11 that generate physical discomfort, however aiming at relieving symptoms. In addition, there is a high frequency of prescription of antibiotics, mainly by the intravenous route. Such findings must be documented, as they invite us to reflect on our practical attitudes and on what it means to be comfortable for these people, making it possible to incorporate this information into the design of interventions focused on enhancing the experience of comfort. Keywords: Infection, nursing, nursing care, palliative care, dying process, end of life care. 12 RESUMEN TONETTO, IFA - El manejo de infecciones en pacientes en cuidados paliativos en el final de la vida y en proceso activo de muerte. 2023, 58 f. Disertación (Maestría) - Escuela de Enfermería de Ribeirão Preto, Universidad de São Paulo, Ribeirão Preto, 2023. Introducción: Los cuidados paliativos son un enfoque que busca mejorar la calidad de vida de las personas, adultos y niños y sus familias, que viven con enfermedades que amenazan la vida. Las personas en cuidados paliativos pueden presentar infección por inmunosupresión, presencia de comorbilidades, deshidratación y sequedad de la piel, disminución de la función de los neutrófilos y de la inmunidad celular, por el uso de corticoides, además de caquexia. Las infecciones pueden causar síntomas como fatiga, dolor, malestar y representan un gran desafío en la atención. Las personas con esta condición demandan acciones específicas de enfermería a través de las terapias propuestas por el equipo multidisciplinario. Objetivo: Analizar cómo se manejan las infecciones en pacientes de cuidados paliativos en etapa final de vida y en proceso activo de muerte en dos servicios de salud hospitalarios. Método: Se trata de un estudio observacional, analítico y retrospectivo, realizado en dos hospitales ubicados en la ciudad de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, que atienden a personas en cuidados paliativos y sus familias. Las historias clínicas de personas en cuidados paliativos en etapa final de vida o en proceso activo de muerte, de ambos sexos, mayores de 18 años, que fueron diagnosticadas de infección en el período de enero a diciembre de 2019 en su última hospitalización antes de muerte. A partir de las historias clínicas, se recogieron informaciones sobre variables sociodemográficas y clínicas y sobre las acciones implementadas por el equipo de enfermería. Resultados: La muestra estuvo conformada por 113 historias clínicas, en las cuales el diagnóstico oncológico fue el más prevalente. Hubo predominio del diagnóstico clínico por infección, siendo el foco principal el pulmonar, en individuos en etapa final de la vida. Se indicó tratamiento antimicrobiano en el 97,3% de los casos. La mediana de duración de la terapia con antibióticos fue de 7 días para los individuos en la etapa final de la vida y de 2 días para aquellos en proceso activo de muerte. El tiempo transcurrido desde el inicio de la antibioticoterapia hasta la muerte fue de 9 días para los individuos en etapa final de vida y de 2 días para aquellos en proceso activo de muerte. Las intervenciones de enfermería más frecuentes fueron la medición de signos vitales, el cuidado de la piel y el cambio de posiciones; y los procedimientos más frecuentes realizados por enfermería fueron cambio de pañal, venopunción para inserción de catéter y venopunción para recolección de exámenes.Conclusión: El manejo de la infección en pacientes en cuidados paliativos en la etapa final de la vida y en procesoactivo de muerte ocurre a través de cuidados y 13 procedimientos que generan molestias físicas, pero con el objetivo de aliviar los síntomas. Además, existe una alta frecuencia de prescripción de antibióticos, principalmente por vía intravenosa. Dichos hallazgos deben ser documentados, ya que invitan a reflexionar sobre nuestras actitudes prácticas y sobre lo que significa estar cómodo para estas personas, posibilitando incorporar esta información en el diseño de intervenciones enfocadas a potenciar la experiencia de confort. Palabras llave: Infección, enfermería, cuidados de enfermería, cuidados paliativos, proceso de morir, cuidados al final de la vida. 14 Lista de tabelas Tabela 1: Características sociodemográficas de indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção, em dois serviços hospitalares de saúde…………………………………...………..28 Tabela 2: Perfil dos indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção, em dois serviços hospitalares de saúde………………………………………………………………..………...29 Tabela 3: Identificação e tratamento farmacológico da infecção dos indivíduos em CP em dois serviços hospitalares de saúde……………………………………………………...........30 Tabela 4: Comparação da idade, tempo de acompanhamento por equipe de CP e tempo de duração da antibioticoterapia e do início da antibioticoterapia até o óbito com as fases do CP……………………………………………………………………………………………..31 Tabela 5: Intervenções de enfermagem (NIC) aos indivíduos em CP com diagnóstico de infecção em dois serviços hospitalares de saúde……………………………………...……...31 Tabela 6: Procedimentos realizados pela enfermagem em indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção, em dois serviços hospitalares de saúde………………………………………….32 15 Lista de siglas AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome ANCP Academia Nacional de Cuidados Paliativos APS Atenção Primária à Saúde CAAE Certificado de Apresentação de Apreciação Ética CFM Conselho Federal de Medicina COFEN Conselho Federal de Enfermagem CP Cuidados Paliativos EERP-USP Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo EPM/UNIFESP Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo EUA Estados Unidos da América EV Endovenoso HAART Não-adesão à terapêutica antiretroviral altamente eficaz HAS Hipertensão Arterial Sistêmica HC-IV Hospital das Clínicas IV IBM International Business Machines ILPI Instituição de Longa Permanência para Idosos INCA Instituto Nacional do Câncer LP Lesão por Pressão MEC Ministério da Educação NIC Nursing Interventions Classification OMS Organização Mundial da Saúde PEH Programa Estadual de Humanização PNH Programa Nacional de Humanização PTS Plano Terapêutico Singular SAD Serviço de Atendimento Domiciliar SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem SPSS Statistical Package for the Social Science 16 SUS Sistema Único de Saúde TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UE Unidade de Emergência UTI Unidade de Terapia Intensiva 17 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………18 2 OBJETIVOS……………………………………………………………………………….24 2.1 Objetivo Geral…………………………………………………………………………….24 2.1.1 Objetivos específicos…………………………………………………………………...25 3 MÉTODO….……………………………………………………………………………....25 3.1 Delineamento do estudo…………………………………………………………………..25 3.2 Local e casuística…………………………………………………………………………25 3.3 Participantes do estudo…………………………………………………………………...26 3.4 Variáveis do estudo……………………………………………………………………….26 3.5 Aspectos éticos…………………………………………………………………………....27 3.6 Procedimentos para análise e tratamento dos dados……………………………………...27 4 RESULTADOS……………...……………………………………………………………..27 5 DISCUSSÃO……………………………………………………………………………….32 6 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………..41 7 REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………...42 8 APÊNDICE………………………………………………………………………………...56 18 1. INTRODUÇÃO Um breve histórico sobre os Cuidados Paliativos Os cuidados paliativos (CP) são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma abordagem a pessoas adultas e crianças, e seus familiares, que promove qualidade de vida àqueles que convivem com o diagnóstico de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento seja ele de origem física, social, psicológica e espiritual (WHO, 2021). O medo da morte, conflitos do passado, a apreensão em deixar a família desamparada e até problemas de ordem prática, como o afastamento do trabalho, geram sofrimento. Este sofrimento pode ser prevenido ou aliviado por meio da identificação precoce por uma equipe necessariamente interprofissional, a qual, por meio da avaliação e intervenções adequadas, busca aliviar os sintomas, sejam eles de natureza física, psíquica, social ou espiritual (WHPCA, 2020; IAHPC, 2019). Os CP surgiram como prática distinta na área da saúde na década de 1960, no Reino Unido, por meio do pioneirismo de Cicely Saunders. O trabalho dessa profissional médica, também com formação em enfermagem e serviço social, iniciou o movimento dos CP que inclui a assistência, o ensino e a pesquisa. A criação do St. Christophers Hospice, em Londres, em 1967, é um marco nessa trajetória (CLARK, 2007; DU BOULAY, 2007). A temática dos CP começou a ganhar destaque no Brasil no início dos anos 90, com o surgimento dos primeiros atendimentos com abordagem paliativista na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP). Em meados de 1996, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), inaugurou o Centro de Suporte Terapêutico Oncológico, que veio a se transformar em uma Unidade de Cuidados Paliativos (HC-IV) na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, este serviço é um dos mais completos do país (AZEVEDO et al, 2015). A partir do ano de 2001, o Sistema Único de Saúde (SUS) incluiu a prática dos CP nos serviços de oncologia e, por meio da Portaria 859/2002, iniciou-se a disponibilidade do uso de opióides na rede pública de saúde (BRASIL, 2002). Em 2005 foi fundada a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), e no ano seguinte o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu esta prática no meio médico. Com o passar dos anos, as especialidades médicas: pediatria, medicina de família e comunidade, clínica médica, anestesiologia, oncologia, geriatria, medicina intensiva e cirurgia de cabeça e pescoço, reconhecem a medicina paliativa como área de atuação (CFM, 2006). No início do ano de 2018, por meio da Resolução nº 570/2018, o Conselho Federal de 19 Enfermagem (CoFEn) reconheceu como especialidade a enfermagem em CP, para os profissionais que realizaram pós-graduações reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC) (COFEN, 2018). Em 29 de agosto de 2022, o CoFEn aprovou, como área de conhecimento referente ao Título de Especialista, o de Enfermagem em Cuidados Paliativos. Este título será emitido pela ANCP (COFEN, 2022). Ainda em 2018, no dia 31 de outubro, foi publicada a Resolução nº 41, que dispõe sobre as diretrizes para a organização dos CP, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito do SUS (BRASIL, 2018). Esta Resolução reforça a importância e a relevância da temática para a assistência à saúde em nosso país. Ao término do ano de 2018, a ANCP realizou um levantamento sobre os serviços de CP disponíveis no Brasil. Por meio deste mapeamento identificou-se que até agosto de 2018 haviam 177 serviços ativos de CP no país. Desses, mais da metade se encontram na região sudeste (58%), e se distribuem nas demais regiões do país em nordeste (20%), sul (14%), centro-oeste (5%) e norte (3%). O modelo de atendimento prevalente acontece no meio intra-hospitalar (74%), com assistência a adultos e idosos, e o modelo de financiamento mais comum é o público (66%) (ANCP, 2018). O modelo de atendimento intra-hospitalar, apesar de hoje ser o mais prevalente no Brasil, não foi o cenário que deu início ao atendimento aos indivíduos em CP. O termo “hospice” foi utilizado pela primeira vez na literatura para denominar locais onde os enfermos podiam receber cuidados na época das Cruzadas, na IdadeMédia. Devido à baixa complexidade tecnológica de assistência naquela época, os enfermos recebiam cuidados clínicos gerais, além de alimentos e abordagem espiritual (AZEVEDO et al, 2015). Hoje, hospice não significa, necessariamente, um lugar físico. Aqueles em fase final de vida, com estimativa de sobrevida de 6 meses ou menos, são indicados a uma abordagem no estilo hospice. Este tipo de cuidado inclui assistência durante o processo de morte e se estende ao acolhimento de familiares e o processo de luto (AZEVEDO et al, 2015; TATUM, 2020). As unidades de atendimento com este perfil, existentes no mundo, diferenciam-se de hospitais gerais devido ao próprio espaço físico (preferência por quartos individuais), presença de espaço destinado a atividades diversas e de convivência, incluindo os familiares, flexibilidade e atuação contínua de equipes multiprofissionais, além de programação distinta das rotinas hospitalares e de caráter holístico (MATSUMOTO, 2012; RADBRUCH, 2020). A definição de CP foi inicialmente voltada para os portadores de câncer, preconizando a assistência integral a essas pessoas e visando os cuidados de fim de vida (JORDAN et al, 2020). Atualmente, sabe-se que diversas condições de saúde demandam CP (GOMES; OTHERO, 2016) e do impacto positivo da abordagem precoce do CP na melhora do humor do indivíduo, satisfação com os cuidados prestados e redução significativa nas intervenções 20 agressivas no final da vida (MCDONALD et al, 2017; HOERGER et al, 2019; ALAM; HANNON; ZIMMERMANN, 2020). O processo do envelhecimento ocorre por meio da redução das funções orgânicas, sejam elas cardíacas, pulmonares, renais, hepáticas e neurológicas, levando à maior probabilidade do surgimento de doenças crônicas. Nesses casos, a assistência multidisciplinar é essencial para que o envelhecimento tenha menos impacto sobre a qualidade de vida destes indivíduos (BURLÁ, 2011; FEIO, 2011). A abordagem dos CP também pode ser facilmente adaptada aos cuidados das pessoas com AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome), pois, durante todo o curso da doença em conjunto a outros tratamentos, o objetivo é a melhora da qualidade de vida desde o diagnóstico. Mesmo na era da terapia antirretroviral altamente ativa (HAART), a AIDS continua a ser uma doença grave, incurável, progressiva e que ameaça a continuidade da vida (VASCONCELOS et al, 2013). Diante do exposto, os CP devem ser abordados desde a definição de uma doença progressiva e que ameace a continuidade da vida, em conjunto a terapia modificadora pertinente. Ao longo do processo de adoecimento, os CP adquirem maior parcela do cuidado e pode-se abordar sobre os cuidados na fase final de vida, estilo hospice, onde está claro que ela se encontra em estado de declínio progressivo e inexorável, e os cuidados durante o processo ativo de morte. Após o óbito, os cuidados da equipe de CP devem ser continuados, oferecendo suporte aos familiares e cuidadores que vivenciam o processo de luto (AZEVEDO et al, 2015; SBGG, 2015). Evolução natural das doenças e os Cuidados Paliativos A fase final de vida, ou fim de vida, como já citado, representa os últimos seis meses de sobrevida de uma pessoa com uma doença grave e ameaçadora à vida (AZEVEDO et al, 2015; SBGG, 2015; TATUM, 2020; SILVA;MASSI, 2022). Nesta fase de doença, o corpo entra em um estado de catabolismo intenso, devido a ação de citocinas, sendo elas as interleucinas e o fator de necrose tumoral, que promovem a perda de tecido gorduroso, seguido da perda de tecido muscular. Este processo gera um quadro de caquexia, onde a perda da vitalidade do corpo ocasionará a falência gradativa de múltiplos órgãos (LUO et al, 2014; HUFFMAN; HARMER, 2023). Já o período definido como as últimas 72 horas ou dias anteriores à morte, é denominado como processo ativo de morte (MORI et al, 2021). Nesta fase as funções fisiológicas do indivíduo reduzem progressivamente (HWANG et al, 2013) e há o agravamento de sinais e sintomas como fraqueza e fadiga intensa, sonolência ou delirium, 21 diminuição da ingesta oral e do débito urinário, pele fria, cianose de extremidades, dispneia com uso de musculatura acessória, dor, hipotensão, taquicardia e pulso fino (MORI et al, 2021; HPA, 2020; RANDICH, 2020). No processo ativo de morte, deve haver a preocupação, por parte da equipe de saúde, em suspender medidas ou suportes que forem considerados desnecessários dentro do contexto clínico de finitude, com a finalidade de evitar tratamentos que prolonguem o sofrimento e o próprio processo ativo de morte (BROWNLEE et al, 2017). Neste momento da doença, sintomas como a falta de ar, delirium, constipação (por uso de opioides, por exemplo) e acúmulo de secreções em vias aéreas superiores são os mais comuns (STAR; BOLAND, 2018). Os sintomas são experiências multidimensionais e variam de acordo com a fisiopatologia subjacente e o indivíduo. Nesta fase de vida, faz-se necessário avaliar as possibilidades de manejos farmacológicos e não-farmacológicos dos principais sintomas, concomitantemente, uma vez que, este último, geralmente têm menos efeitos colaterais (WOOD et al, 2018; RAMPLIN, 2019). O papel da enfermagem nos Cuidados Paliativos O CP, por se tratar de uma abordagem que tem por objetivo atender as diversas dimensões do ser cuidado e de sua família, necessita de uma equipe multiprofissional, que deve ser composta por enfermeiro, médico, psicólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, farmacêutico, fonoaudiólogo, dentista, terapeuta ocupacional e assistente espiritual (CARVALHO; PARSONS, 2012; HUFFMAN; HARMER, 2023). Entretanto, estas equipes não conseguem, devido ao baixo número de especialistas no Brasil, e não devem prestar o CP em todas as fases do adoecimento, sendo importante que profissionais da saúde que atuam em diversas especialidades, como na oncologia e nas estratégias de saúde da família tenham habilidades básicas acerca desta abordagem (KAASA et al, 2018). As habilidades de comunicação efetiva, liderança e respeito mútuo são indispensáveis para um ambiente de trabalho em CP (SIEGLE et al, 2018; FERNANDO, 2019); e o enfermeiro deve, como membro dessa equipe, estar comprometido com a gestão e operacionalização do cuidado prestado nos contextos socioambientais e culturais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade (COFEN, 2017). As habilidades do enfermeiro em CP deverão estar voltadas para a avaliação sistemática dos sinais e sintomas presentes, como dor, náusea, dispneia e fadiga, por exemplo; prevenção de quedas, lesões por pressão (LP), broncoaspiração, dentre outros, por meio da realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Seguindo a SAE o enfermeiro deverá 22 elaborar intervenções específicas pertinentes para cada diagnóstico e garantir a avaliação periódica, até a obtenção do resultado esperado (CARVALHO; PARSONS, 2012, SILVA;SILVA, 2019). Utiliza-se o NIC (Nursing Interventions Classification) - Classificação das Intervenções de Enfermagem, para padronizar a linguagem e documentar as intervenções de enfermagem. Esta ferramenta é abrangente e regula as intervenções realizadas por enfermeiros (ICN, 2011) a pacientes independentes ou colaborativos, por meio do cuidado direto e indireto. Considera-se intervenção qualquer tratamento baseado no julgamento e conhecimento clínico que um enfermeiro executa para otimizar os resultados dos cuidados realizados (HOWARD et al, 2020). Além das intervenções que visam conforto físico, o enfermeiro também se faz presente em conferências familiares, discussões e apoio a equipe multiprofissional no estabelecimento de prioridades no cuidado, compreensão da dinâmica familiar e reforço de orientações clínicas (CARVALHO; PARSONS, 2012, SILVA;SILVA, 2019). A competência relacional do enfermeiro recebe destaque nos CP, uma vez que são realizados cuidados sensíveis e de educação, que requerem ações de proximidade física e afetiva para que as orientaçõesrealizadas se efetivem na prática. É necessário que este profissional tenha habilidades de comunicação, pois estas asseguram o melhor desenvolvimento de suas práticas clínicas (CARVALHO; PARSONS, 2012, SILVA;SILVA, 2019; HUFFMAN; HARMER, 2023). As pessoas em CP muitas vezes são hospitalizadas devido a descompensações clínicas. Os hospitais devem aproveitar a oportunidade para avaliar esses pacientes e planejar seus cuidados, o quão breve possível. Entretanto, ao longo dos dias de internação pacientes em CP, com comorbidades e imunossuprimidos, apresentam maior risco de adquirir infecções no meio intra hospitalar (ARCANJO; SAPORETTI; CURIATI; JACOB-FILHO; AVELINO-SILVA, 2018; RODRÍGUEZ-ACELAS, 2017). Infecção e Cuidados paliativos Além das comorbidades e da imunossupressão, é comum indivíduos em CP apresentarem infecção também devido à falha nas barreiras anatômicas desencadeadas por quimioterapia, radioterapia, desidratação, ressecamento da pele, diminuição da função dos neutrófilos e da imunidade celular, pelo uso de corticoides, além de caquexia (HAMILTON; FISHMAN, 2014). Em um estudo realizado em uma ala de internação de pacientes em CP de um hospital no Texas, Estados Unidos da América (EUA) incluindo diagnósticos de câncer e demais 23 falências orgânicas, a pneumonia foi o diagnóstico mais prevalente (79%) e a causa de morte principal em 44% dos casos (ABDEL-KARIM; SAMMEL; PRANGE, 2010). Em estudo prospectivo, realizado em 22 instituições com total de 323 idosos com diagnóstico de demência avançada em Boston (EUA), observou-se que o tratamento antimicrobiano da pneumonia está associado à sobrevida prolongada, mas não com maior conforto dos idosos com demência avançada (GIVENS; JONES; SHAFFER; KIELY; MITCHELL, 2010). Evidências clínicas recentes sobre a indicação ou não antibióticos na fase final de vida e processo ativo de morte são escassas e os resultados são divergentes (CHEN et al, 2002; OH et al, 2006; STIEL et al, 2012; ROSENBERG et al, 2013; FURUNO et al, 2016; WI et al, 2023). O uso de antimicrobianos não impede a progressão do câncer ou mesmo de um quadro de demência avançada, em contrapartida ele pode aumentar o tempo de sobrevida e não contribuir para o controle dos sintomas relacionados ao processo infeccioso (ROSENBERG et al, 2013; MOHAMMED et al., 2014; BAGHBAN; JUTHANI-MEHTA, 2017). Em estudo prospectivo realizado em um serviço de Medicina Interna, na cidade de Coimbra, em Portugal, durante um ano, com análise de 100 óbitos consecutivos de doentes com “indicação para não reanimar”, verificou-se que 71,0% destes tinham, pelo menos, um exame solicitado 48 horas antes do óbito, sendo estes exames de sangue de rotina, hemoculturas e radiografias, dentre outros. Foram prescritas nebulizações (76,0%) e antibioticoterapia (74,0%, sendo 44,6% de largo espectro). Conclui-se que os pacientes em fim de vida devem ter seu controle de sintomas otimizado e deve-se evitar o recurso e exames com fins diagnósticos inapropriados e sem qualquer benefício acrescido para a pessoa nesta fase de doença (MACHADO et al, 2018). No paciente com câncer avançado a frequência do uso de antibióticos é variável (HELDE FRANKLING et al, 2016; CHENG et al, 2015; MEREL et al, 2016, THOMPSON et al, 2012). Em uma revisão sistemática, a utilização de antimicrobianos em CP apresentou prevalência que variou entre 4% e 84% (ROSENBERG et al, 2013). Tratando-se de um paciente com câncer avançado, a infecção pode ser considerada um evento final de doença (NAGY AGREN; HALEY, 2002). Quando relacionado às doenças neurológicas crônicas, 42% de idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) com demência avançada fazem uso de antimicrobianos durante as últimas duas semanas de vida (D’AGATA; MITCHELL, 2008) e há a percepção de prolongamento do sofrimento pelos familiares (BOLT et al, 2019). À luz deste princípio, a dúvida sobre a indicação ou não do tratamento de infecções deve ser considerada pela equipe de saúde. As infecções podem provocar sintomas como fadiga, dor e desconforto. Ao mesmo tempo, a não restrição do uso de antibióticos deve ser questionada devido ao potencial risco de reações alérgicas, diarreia associada a antibióticos e 24 o surgimento de bactérias resistentes a múltiplas drogas, por exemplo (BAGHBAN; JUTHANI-MEHTA, 2017; SERVID et al, 2018; VAUGHAN et al, 2019). É possível que os antibióticos não sejam eficazes devido a alterações fisiológicas no paciente em CP, tais como diminuição da perfusão tecidual, edema e prejuízo no sistema imunológico. Outra implicação prática do uso de antibióticos neste grupo de pacientes é a maior necessidade de uso de dispositivos invasivos, como acesso venoso periférico e/ou central e sonda vesical de demora, bem como prolongamento do tempo de internação (INSTITUTE OF MEDICINE, 2015; HELDE FRANKLING et al, 2016; VAUGHAN et al, 2019). Estes estão associados a presença de maior sensação de desconforto (STONE et al, 2019). O tratamento, assim como todas as condutas em CP, deve ser individualizado (CARVALHO; PARSONS, 2012). Independente da modalidade de atendimento, a avaliação do paciente deve conter elementos fundamentais que possibilitem a compreensão de quem é a pessoa doente, suas necessidades atuais, sintomas, medicamentos propostos e a impressão a respeito do prognóstico e das expectativas em relação ao tratamento proposto para a tomada de decisão (CARVALHO et al, 2018; HUI; MO; PAIVA, 2021). A gestão de infecções representa um grande desafio nos CP. Os indivíduos com esse quadro demandam abordagem cautelosa mediante as terapias propostas pela equipe multiprofissional. Terapias antimicrobianas e métodos de prevenção de infecção devem ser abordados com a equipe, o paciente e a família (DATTA; JUTHANI-MEHTA, 2017). Além da antibioticoterapia, os cuidados prestados como os procedimentos de enfermagem relacionados à nutrição, visando manutenção do peso, em pacientes em fase final de vida, também não trazem benefício, uma vez que o reflexo de deglutição, principalmente de líquidos, reduzem nesta fase da vida ( MORI et al 2022); bem como o uso de terapias, com o propósito curativo, em lesões crônicas de pele, sejam elas por pressão ou vasculares/arteriais, visto que há falência cutânea na fase final de vida (ALVAREZ et al, 2007; CHRISMAN, 2010; WOO et al, 2015; TILLEY et al, 2020). Apesar da importância e vigência recorrente desta temática nos ambientes hospitalares, há poucos estudos nacionais a respeito do manejo de infecções no paciente em CP, com foco nas ações da enfermagem. 2. OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral: Analisar como ocorre o manejo de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte em dois serviços hospitalares de saúde. 25 2.1.1 Objetivos específicos: - Caracterizar os pacientes em cuidados paliativos; - Identificar a prescrição de antibiótico ou não para suspeita ou diagnóstico de infecções nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte; - Identificar as intervenções de enfermagem, segundo o Nursing Interventions Classification (NIC), direcionadas aos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte e com suspeita ou diagnóstico de infecção. - Comparar a duração da antibioticoterapia e o tempo decorrido do início da antibioticoterapia até o óbito de pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte. 3. MÉTODO 3.1 Delineamento do estudo Trata-se de um estudo observacional, analítico e retrospectivo (HULLEY; CUMMINGS; NEWMAN, 2015). Este tipo de estudo quantifica a relação entre dois fatores, ou seja, o efeito de uma exposição sobre um desfecho, em um recorte específico de tempo. 3.2 Local e casuística A pesquisa foi realizada por meio da análise dos prontuários de pacientes atendidos em dois hospitais públicos localizados no município de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, que prestamatendimento aos indivíduos em CP e seus familiares. Estes hospitais são integrados ao SUS. Um dos hospitais tem como complexidade de assistência, o nível secundário, segundo o SUS. Este é destinado a internações programadas, sem caráter de urgência. Em 2015, este hospital iniciou o serviço de CP por meio de atividades, in loco, com os funcionários das unidades de internação e, desde 2019, conta com 10 leitos de enfermaria específicos para pacientes em CP e uma equipe composta por enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico, nutricionista, psicólogo e assistente social, além de uma rede de Apoio Espiritual, por meio de um grupo de estudo de CP. Neste cenário são desenvolvidas ações relacionadas à assistência do paciente em cuidados paliativos baseado nos dispositivos, eixos, estratégias e indicadores de humanização estabelecidos nas Políticas Nacional e Estadual de Humanização (PNH e PEH), sendo: visita aberta com direito a acompanhante, alta responsável, equipe multiprofissional de referência em CP, valorização do trabalhador, ambiência, prontuário transdisciplinar, Projeto Terapêutico Singular (PTS) e segurança do paciente. 26 O outro serviço hospitalar, tem como complexidade de assistência o nível terciário, sendo este local destinado à assistência a situações de doença com alto grau de complexidade e risco de morte. Este hospital é referência em atendimentos de Urgência e Emergência (UE) no município e não há leitos específicos destinados aos pacientes em CP. Entretanto, desde 2014, conta com uma equipe multiprofissional capacitada em CP composta por enfermeiro, médico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social e capelão, porém apenas a equipe médica tem dedicação exclusiva para esta assistência. Como ambos os hospitais possuem equipes de CP, estas interagem por meio de discussão de casos clínicos e integram a Rede de Apoio em CP do município, composta pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), hospitais de retaguarda e hospitais de nível terciário/quaternário. 3.3 Participantes do estudo Foram incluídos no estudo prontuários de pacientes em CP em fase final de vida ou processo ativo de morte, de ambos os sexos e idade superior a 18 anos e com diagnóstico de infecção, independente do foco ou microrganismo, atendidos nos serviços de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2019. Foi analisado apenas o último evento de infecção registrado no prontuário do paciente antes do óbito. O evento foco do estudo foi a ocorrência de infecção e como esta foi manejada, desde seu diagnóstico até o desfecho clínico (óbito) na última internação do participante no período de coleta delimitado. Considera-se que um indivíduo está em fase final de vida quando, perante o diagnóstico de doença grave e ameaçadora à vida, o prognóstico de sobrevida é inferior a 6 meses (TATUM, 2020). Quando, em processo ativo de morte, este indivíduo vivencia as últimas 72 horas de vida (MORI et al, 2021). 3.4 Variáveis do estudo As informações de interesse do estudo foram coletadas diretamente do prontuário do paciente em CP que apresentaram diagnóstico de infecção. Além das características sociodemográficas e clínicas gerais, as informações referentes ao manejo da infecção foram coletadas até o desfecho clínico da infecção. O formulário de coleta de dados continha cinco partes: I - Identificação (idade e sexo), II - Diagnóstico (comorbidades, diagnóstico indicativo de CP, tempo do diagnóstico, tempo em CP, fase da doença), III - Diagnóstico de Infecção (confirmação ou não da infecção por exames laboratoriais ou de imagem, data do diagnóstico da infecção, foco da infecção, tipo de bactéria, antibiótico prescrito (quando houvesse), via de administração do antibiótico, equipe que propôs o tratamento antimicrobiano, duração da antibioticoterapia, outras terapias 27 indicadas, outros exames solicitados no período), IV - Desfecho do caso (desfecho clínico da infecção, sobrevida após o diagnóstico da infecção, número de dias de internação) e V - Registros da Equipe de Enfermagem (procedimentos: realização e frequência de sondagem nasogástrica e/ou nasoenteral, sondagem vesical de alívio e/ou de demora, punção venosa, coleta de exames, troca de fralda, aspirações, dentre outros; informações prestadas ao paciente e aos familiares). As intervenções de enfermagem foram categorizadas de acordo com a NIC para a descrição e análise dos dados (HOWARD et al, 2020). A identificação da infecção foi baseada no registro de infecção suspeita ou confirmada pela equipe médica no prontuário do paciente. 3.5 Aspectos éticos O presente projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) sob o processo CAAE: 30908220.9.0000.5393 e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP sob o processo CAAE: 30908220.9.3002.5440. Foi solicitada dispensa da aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), visto que a coleta será baseada em dados de prontuários e os pacientes terão falecido à época da coleta. Por se tratar de pesquisa envolvendo dados de seres humanos, obtidos pela consulta ao prontuário, é garantido sigilo da identidade do paciente de modo a preservar a dignidade e atentar à vulnerabilidade de cada pessoa, conforme a Resolução n. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. 3.6 Procedimento para análise e tratamento dos dados Os dados foram inicialmente inseridos em tabela simples do Microsoft Excel e em seguida, foram transportados para o programa IBM Statistical Package Social Science (SPSS) versão 23.0 para Windows. Os dados obtidos foram analisados descritivamente em termos de frequência (variáveis nominais), de tendência central e dispersão (variáveis numéricas). Para verificar as diferenças do manejo de infecções entre “Fase final de vida” e “Processo ativo de morte”, utilizou-se dos testes Mann-Whitney e adotou-se alfa de 0,05. 4. RESULTADOS A amostra foi constituída por 113 prontuários, dos quais 71 (62,8%) pertencem a Instituição de nível secundário e 42 (37,2%) a Instituição de nível terciário. Durante o período de coleta, todos os prontuários dos indivíduos puderam ser acessados nos sistemas eletrônicos das instituições. 28 Na Tabela 1 observa-se predominância de indivíduos do sexo masculino, com idade superior a 60 anos e, como comorbidade mais frequente, a hipertensão arterial sistêmica (HAS). Tabela 1: Características sociodemográficas de indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção, em dois serviços hospitalares de saúde. Ribeirão Preto-SP, 2023. Variáveis Frequência (%) Sexo Masculino 58 (51,3) Feminino 55 (48,7) Idade > 60 anos 94 (84,0) < 60 anos 18 (16,0) Comorbidades Hipertensão Arterial Sistêmica 73 (50,0) Insuficiência renal aguda 28 (19,2) Insuficiência Cardíaca 26 (17,8) Diabetes Mellitus 15 (10,3) Insuficiência hepática 4 (2,7) O diagnóstico de doença crônica grave principal prevalente foi o oncológico. No momento do diagnóstico da infecção, 68,1% dos indivíduos estavam em fase final de vida. O período de tempo desde o diagnóstico da doença crônica grave principal até a vinculação aos CP obteve mediana de 10,0 meses (média = 31,7 meses; DP = 47,4) (Tabela 2). 29 Tabela 2: Perfil dos indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção, em dois serviços hospitalares de saúde. Ribeirão Preto-SP, 2023. Variáveis Frequência (%) Doença crônica grave principal Oncológica 63 (55,8) Neurológica 35 (30,9) Insuficiência orgânica 15 (13,3) Fase da evolução da doença Fase final de vida 77 (68,1) Processo ativo de morte 36 (31,9) Mediana (Máx-Mín) Tempo decorrido entre o diagnóstico da doença grave e a vinculação ao CP (meses) 10,0 (0,0 - 230,9) Tempo decorrido entre a vinculação ao CP e o óbito (meses) 0,2 (0,0 – 20,3) Com relação a identificação da infecção, nota-se que houve predominância do diagnóstico clínico, sendo o foco o pulmonar o principal. A terapiaantimicrobiana foi indicada para 97,3% dos indivíduos, predominando a indicação pela equipe titular do caso (Tabela 3). As principais classes farmacológicas de uso dos antimicrobianos foram as cefalosporinas e as penicilinas, por via de administração endovenosa (EV) (Tabela 3). Além da terapia antimicrobiana para o manejo da infecção, outras intervenções foram prescritas para os pacientes, destacando-se a oxigenoterapia (N=96; 85%). Entretanto, a hemoterapia (N=3; 2,7%) e as terapias intervencionistas, como paracentese e toracocentese (N=2; 1,8%), obtiveram menor indicação (Tabela 3). 30 Tabela 3: Identificação e tratamento farmacológico da infecção dos indivíduos em CP em dois serviços hospitalares de saúde. Ribeirão Preto-SP, 2023. Variáveis Frequência (%) Diagnóstico de infecção Diagnóstico clínico 69 (61,1) Exame laboratorial 59 (52,2) Exame de imagem 27 (23,8) Foco de infecção Pulmonar 73 (64,3) Urinário 19 (16,9) Cutâneo 10 (8,9) Uso de antibiótico Sim 110 (97,3) Não 3 (2,7) Classe farmacológica do antibiótico utilizado Cefalosporinas 48 (59,5) Penicilinas 32 (53,8) Macrolídeos 28 (18,8) Carbapenêmicos 27 (34,9) Lincosamidas 21 (45,3) Nitroimidazólicos 16 (30) Glicopeptídeos 13 (27,2) Quinolonas 7 (7,3) Aminoglicosídeos 5 (19,7) Polipeptídeos 3 (3,6) Via de administração Endovenoso 103 (93,6) Oral 7 (6,4) Equipe prescritora Equipe titular 59 (53,6) Especialista em CP 51 (46,4) Na Tabela 4, observa-se que a mediana da idade e do tempo entre o diagnóstico de doença grave até início do acompanhamento pela equipe dos CP não foram diferentes entre os indivíduos em fase final de vida e processo ativo de morte, todavia, o tempo de duração da 31 antibioticoterapia e o tempo decorrido do início desta até o óbito foram estatisticamente menores nos indivíduos em processo ativo de morte. A mediana de tempo decorrido desde o diagnóstico de infecção até o desfecho óbito foi de 9 (mínimo= 4; máximo= 34) dias para os indivíduos em fase final de vida e de 2 (mínimo= zero; máximo= 3) dias para os indivíduos em processo ativo de morte. Tabela 4: Comparação da idade, tempo entre o diagnóstico de doença grave até o início do acompanhamento por equipe de CP e tempo de duração da antibioticoterapia e do início da antibioticoterapia até o óbito com as fases do CP. Ribeirão Preto-SP, 2023. Variáveis Mediana (Máx-Mín) P-valor Fase final de vida Processo ativo de morte Idade 74 (28 - 100) 72 (38 - 94) 0,427 Tempo entre o diagnóstico de doença grave até o início do acompanhamento por equipe de CP (meses) 11 (0 - 231) 8 (0 - 153) 0,341 Tempo de duração da antibioticoterapia (dias) 7 (0 - 36) 2 (0 - 3) 0,05* Tempo decorrido do início do antibiótico até o óbito (dias) 9 (4 - 34) 2 (0 - 3) 0,05* *Teste Mann-Whitney Os registros das intervenções de enfermagem foram realizados por enfermeiros (N=113; 100%), auxiliares (N=113; 100%) e técnicos de enfermagem (N=102; 90,3%), respectivamente. Estes apresentam semelhança na frequência dos registos, predominando a aferição de sinais vitais, seguido de cuidados com a pele e mudança de decúbito, respectivamente (Tabela 5). Nota-se que as intervenções relacionadas ao controle da dor e apoio familiar foram registradas com frequência inferior às variáveis anteriores (Tabela 5). Tabela 5: Intervenções de enfermagem (NIC) aos indivíduos em CP com diagnóstico de infecção em dois serviços hospitalares de saúde. Ribeirão Preto-SP, 2023. Variáveis Frequência (%) Aferição de sinais vitais 88 (85,9) Cuidados com a pele 85 (87,9) Mudança de decúbito 83 (90,0) 32 Controle da dor 49 (55,3) Apoio familiar 10 (11,0) Na Tabela 6, observa-se a predominância dos procedimentos de troca de fralda e punção venosa para a inserção de cateter periférico (N=108; 95,6%) e para a coleta de exames laboratoriais (N=85; 75,2%). Tabela 6: Procedimentos realizados pela enfermagem em indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção, em dois serviços hospitalares de saúde. Ribeirão Preto-SP, 2023. Variáveis Frequência (%) Troca de fralda 108 (145,8) Punção venosa para inserção de cateter periférico 108 (98,3) Punção venosa para coleta de exame laboratorial 85 (93,3) Sondagem nasoentérica 59 (52,5) Aspiração de vias aéreas 58 (151,0) Sondagem vesical de demora 42 (37,2) Sondagem vesical de alívio 11 (9,8) Sondagem nasogástrica 7 (6,2) Contenção física 1 (1,9) 5. DISCUSSÃO O manejo da infecção nos pacientes em fase final de vida e processo ativo de morte foi investigado por meio dos registros em prontuário eletrônico pelos profissionais que prestaram assistência aos indivíduos em CP, com diagnóstico de infecção em sua última internação hospitalar, em ambiente hospitalar secundário ou terciário de complexidade de assistência à saúde. A amostra obtida no presente estudo foi composta, em sua maioria, por homens com idade acima de 60 anos, principal comorbidade a hipertensão e como diagnóstico de doença ameaçadora à vida prevalente, o oncológico. Apesar do número total da amostra de homens (N=58) ser superior, ele é muito próximo ao de mulheres (N=55). Este resultado também é semelhante em estudos brasileiros recentes que buscam caracterizar o perfil epidemiológico de pacientes em CP, admitidos em unidades de internação hospitalar. Observou-se proporcionalidade semelhante da amostra entre homens e mulheres, com idade superior a 60 anos e múltiplas comorbidades, incluindo 33 HAS (MARCUCCI et al, 2016; MADEIRA, et al, 2020; VIEIRA-FARIAS;MADEIRA, 2021). Com o aumento da expectativa de vida e crescimento da parcela idosa da população, há a diminuição da incidência de doenças infectocontagiosas, como principal causa de morte, e aumento das doenças crônicas degenerativas não-transmissíveis, sendo estas responsáveis por 70% do total de óbitos no mundo por ano (WHO, 2020). São exemplos de enfermidades deste grupo as doenças oncológicas, neurológicas e cardiovasculares, principais diagnósticos encontrados na amostra. Os serviços de CP se desenvolveram em ambientes de atendimento e cuidados a pessoas com diagnósticos oncológicos há pouco mais de quatro décadas e, durante esse período, essa temática continua se destacando no cenário oncológico (CLARK, 2007). A prevalência de indivíduos com câncer aumentará de 10 para 24 milhões nos próximos 50 anos e deste total, 17 milhões estarão vivendo em países em desenvolvimento. No cenário atual, o diagnóstico precoce viabiliza a possibilidade de tratamento e cura para muitos indivíduos, mas ainda é um desafio nos países em desenvolvimento (SUNG et al, 2021). Associa-se a maior prevalência da doença oncológica na amostra do presente estudo uma vez que, pelo histórico dos CP estar relacionado a esse diagnóstico, identificar a necessidade desta abordagem neste perfil de pacientes é mais frequente. O crescente aumento da prevalência da doença oncológica já em estágio avançado e sem possibilidade de cura nos países em desenvolvimento, também é um fator que contribui para a maior incidência de casos. Culturalmente, o CP está associado à restrição de cuidados e ao fim de vida. Como o processo de evolução das doenças neurológicas e das falências orgânicas é longo e progressivo, podendo se estender por anos, a abordagem de CP, quando ocorre, se inicia apenas nas últimas semanas ou dias de vida do indivíduo, com o objetivo de validar a limitação terapêutica. Diferente da doença oncológica, na qual desde o diagnóstico, em diversos casos, há a identificação da gravidade e sugestão de tempo de evolução da doença e abordar sobre CP é necessário e válido para aliviar o sofrimento do indivíduo e de seus familiares nas diversas dimensões, uma vez que a evolução natural da doença tende a ser rápida. Sabe-se que o acesso aos CP de qualidade minimiza o sofrimento do paciente e sua família/cuidadores na fase final de vida (WPCA, 2014) e é um direito humano fundamental (BRENNAN, 2007; BREITBART, 2008; OEA, 2015; MENDES, 2017). Aproximadamente 88% das pessoas emtodo o mundo precisam de CP e não têm acesso a essa abordagem (WHO, 2020). 34 No presente estudo, o período de tempo desde o diagnóstico da doença crônica grave principal até o início da abordagem pelas equipes de CP obteve uma mediana de 10,0 meses (média = 31,7 meses; DP = 47,4 meses), e após a vinculação ao CP até o desfecho óbito, a mediana de acompanhamento foi de 7 dias, com mínimo zero e máximo 616 dias, (Média = 50,2 dias; DP = 103,5 dias). Este dado mostra que, ainda há limitação ao acesso à abordagem de CP, mesmo em grandes centros de atenção à saúde, e a vinculação da maioria dos indivíduos a este cuidado ocorre muito próxima ao processo ativo de morte. A literatura mostra que o encaminhamento tardio aos serviços de CP ocorre devido a percepção errônea de pacientes e familiares, de que esta abordagem está relacionada à interrupção dos tratamentos e deve ser indicada apenas a indivíduos em fase final de vida (FREITAS et al, 2022). Em contrapartida, a formação dos profissionais da área da saúde também é frágil e as oportunidades de abordagem sobre este cuidado não são exploradas, mantendo-se o estigma acerca da temática (ALCALDE; ZIMMERMANN, 2022; KAASA et al, 2018). Estudo norte-americano, realizado no ano de 2013, com 207 indivíduos com doença oncológica em estágio avançado, evidenciou a diferença no desfecho de sobrevida de pacientes em acompanhamento com equipe especialista de CP. Aqueles que iniciaram o acompanhamento entre 30 e 60 dias da data do diagnóstico oncológico, viveram com qualidade por mais tempo, em comparação aqueles indivíduos que iniciaram o seguimento com equipe especialista de CP após 3 meses do diagnóstico oncológico. O estudo discute a dificuldade das equipes médicas de referenciarem os pacientes a equipes de CP enquanto há vigência de terapias modificadoras para a doença oncológica. Postergar o seguimento em CP pode reduzir o tempo de sobrevida de qualidade (BAKITAS et al, 2015). O encaminhamento tardio devido a associação dos CP a cuidados de fim de vida, é uma realidade frequente no Brasil e no exterior. Pierce (2022) refere que a desigualdade social e o fato de não ter acesso à rede privada de atenção à saúde, dificultam o acesso à assistência aos CP. No último levantamento realizado pela ANCP, o maior número de serviços de CP está concentrado no estado de São Paulo (SP) e em hospitais da rede privada (ANCP, 2019). O CP na Atenção Primária à Saúde (APS), inserida no SUS, é um desafio que abrange, além da formação e preparo do profissional que realiza a assistência, a compreensão de que este cuidado ultrapassa a doença e também deve envolver a implementação de políticas neoliberais e flexibilização de direitos sociais relacionados à temática (JUSTINO et al, 2020). Ter uma equipe multiprofissional com dedicação exclusiva em um serviço hospitalar é um diferencial e agrega qualidade na assistência ao paciente e sua família. Entretanto, sabe-se que o cuidado vai além da assistência e deve contar com a existência de políticas públicas para que haja acesso com qualidade. 35 No presente estudo, foi avaliado o manejo de infecções nos pacientes em CP atendidos em dois serviços públicos hospitalares inseridos no SUS, em uma cidade no interior do estado de SP. Para a identificação do diagnóstico de infecção, obteve-se como recurso mais frequente o diagnóstico clínico, com indicação empírica de antimicrobianos, seguido pelo exame laboratorial e de imagem, respectivamente. A literatura mostra que pacientes com câncer que apresentam febre logo após a quimioterapia devem ser submetidos a hemoculturas e tratamento hospitalar com antibióticos empíricos até que estejam afebris por 48 a 72 horas (ROSA;GOLDANI, 2014). O Serviço de Saúde da Universidade de Michigan avaliou 131 pacientes com doença oncológica avançada, em seguimento ambulatorial. Destes, 70 pacientes receberam antimicrobianos, sendo que a terapia empírica ocorreu em 54 pacientes (THOMPSON ET AL., 2012). Estudo transversal, realizado com residentes falecidos de 322 ILPIs no ano de 2015 em seis países europeus, sendo eles Bélgica, Inglaterra, Finlândia, Itália, Holanda e Polônia mostrou que o uso de antibiótico empírico na última semana de vida foi alto em todos os países, diferente de outras terapias invasivas, como hemotransfusão, hemodiálise e uso de ventilação artificial (HONINX et al, 2021). No presente estudo foi identificado como principal foco de infecção o pulmonar e a via mais utilizada para administração do antibiótico foi a endovenosa, seguida da via oral. Não foi identificada na amostra a via subcutânea para a administração de antibioticoterapia. Com relação à classe farmacológica de antibióticos mais utilizada para os pacientes em CP em fase final de vida ou processo ativo de morte, destaca-se as cefalosporinas, seguido das penicilinas, com duração mediana de tratamento de 6 dias. Além da terapia antimicrobiana, a oxigenoterapia foi utilizada em 85% dos casos, sendo considerada a principal terapia complementar. Em estudo realizado durante os meses de janeiro a julho de 2015, em um hospital de referência regional na cidade de Queensland, na Austrália, 137 pacientes foram avaliados, sendo 73 do sexo masculino (53,3%) com mediana de idade de 81 anos. Desses pacientes, 86 receberam antibióticos na fase final da vida e destes, 44,2% continuaram utilizando durante o processo ativo de morte. A classe farmacológica mais prescrita foi a dos betalactâmicos (41,9%), seguida pelas cefalosporinas (15,4%). O sítio de infecção mais comum foi o pulmonar (32,8%). Dos 86 pacientes com prescrição de antibióticos, 83 (96,5%) receberam antimicrobianos por via intravenosa (DYER et al, 2019). Na fase final de vida, em unidades onde os indivíduos são cuidados por equipes de CP, observou-se que entre 63 e 90% dos pacientes continuavam utilizando antibióticos na última semana de vida (CHENG; SHAM; CHAN, 2014; ROMERO et al, 2018; DYER et al, 2019) sendo a infecção a principal causa de internação dos pacientes em CP (MACIEL et al, 2021). 36 Mesmo quando o desfecho morte é esperado, há uma prevalência relativamente alta de uso de antibióticos no ambiente de internação na fase final da vida e no processo ativo de morte. Há um debate em andamento sobre as indicações de antibióticos no final da vida (STIEL et al, 2012; MACEDO et al, 2018; MACIEL et al, 2021; CAMPOA et al, 2022) e ainda não existem diretrizes sobre administração de antimicrobianos nestas fases da doença em CP. A literatura atual sugere que a terapia antimicrobiana não é farmacologicamente eficaz devido a alterações fisiológicas no organismo do indivíduo em CP, especialmente no período do processo ativo de morte, uma vez que há diminuição da perfusão tecidual, edema e prejuízo no sistema imunológico (HELDE-FRANKLING et al, 2016). Após iniciada, a manutenção da terapia antimicrobiana na fase final de vida, pela equipe médica, inclui atender às expectativas da família, querer evitar a percepção de ausência de cuidado e a incerteza sobre o prognóstico, entretanto sem a garantia de efetividade no controle da dor ou desconforto ocasionados pela infecção no indivíduo (GAW et al, 2018). Visando o alívio do desconforto respiratório, as equipes de saúde com frequência indicam a oxigenoterapia. Entretanto, sabe-se que o oxigênio é útil e traz benefício apenas quando há presença de hipoxemia. Estratégias de manejo não farmacológico, como manter o quarto arejado e fluxo de vento focado no rosto, podem melhorar a sensação de falta de ar (PRABHU et al, 2021). Os resultados relacionados à prescrição de antimicrobianos pelas equipes titulares (N=59) e pelas equipes especialistas em CP (N=51) foram semelhantes, corroborando com a ausência de evidências que justifiquem a não indicação da administração desta medicação para o manejo da infecção e dos sintomas na fase final de vida e no processo ativo de morte. Estudo francês realizado por meio de envio de questionários online a médicosque atendem pacientes em CP em unidades hospitalares e em ILPIs obteve 310 respostas, das quais apenas 90 médicos (32,7%), entre clínicos gerais e geriatras, disseram não prescrever antibióticos a indivíduos em processo ativo de morte acima de 75 anos de idade por compreender que esta terapia não iria aliviar o desconforto de forma eficaz nesta fase da doença (HENRI et al, 2022). Estudo brasileiro, também realizado por meio de envio de questionários online para 900 médicos que atuam em serviços de CP, obteve 224 respostas. A antibioticoterapia foi indicada a pacientes em fim da vida, com diagnóstico de infecção, com exceção dos casos de demência avançada e falência múltipla de órgãos em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A maioria dos participantes do estudo optou por expandir ou permanecer o esquema antibiótico nos casos de não resposta ao tratamento em 72 horas de início deste. A decisão por utilizar a 37 antibioticoterapia foi associada a ter mais anos de formação na área médica e a não realização de especialização formal em CP (CRISPIM, 2019). Um estudo de coorte retrospectivo realizado em Oxfordshire, Inglaterra, ao longo de um ano com dados nacionais de mortalidade, identificou pacientes em CP que foram a óbito, dentro de 30 dias, após passagem por avaliação em serviços de urgência e emergência por instabilizações clínicas. Foram analisados dados demográficos do serviço e das prescrições realizadas. O estudo evidenciou que as prescrições mais comuns foram de antibióticos (22,2%) e opióides fortes (19%) e 41,8% das prescrições foram de medicamentos administrados por via subcutânea. O estudo traz ainda como discussão o objetivo de garantir um adequado controle dos sintomas, visando o alívio do desconforto no último mês de vida (BRETTEL, 2020). No presente estudo àqueles que receberam antibiótico na fase final de vida e processo ativo de morte apresentaram, respectivamente, mediana da idade de 74 anos e 72 anos e duração da antibioticoterapia de 9 (4 – 34 dias) e 2 dias (0 - 3 dias). Estes dados corroboram com os resultados encontrados na literatura nacional e internacional. Estudo retrospectivo realizado com 459 indivíduos em fase final de vida em um hospital geral de Singapura mostrou que a continuidade da terapia antimicrobiana, nos últimos dias de vida, reduziu o tempo de sobrevida em um dia, comparado ao grupo onde a terapia antimicrobiana foi suspensa 48 horas antes do óbito (HUNG et al, 2022). Os estudos sobre o prolongamento da sobrevida com antibióticos são divergentes (BAGHBAN; JUTHANI-MEHTA, 2017). Dois estudos feitos sobre o uso de antibióticos em pacientes de CP, com diagnóstico principal de câncer avançado, não mostraram diferença no tempo de sobrevida (WHITE et al, 2003; VITETTA; KENNER; SALI, 2000) e em estudo recente não mostrou efetividade no controle dos sintomas no processo ativo de morte (MAMAKA et al, 2023). Entretanto, outros estudos mostraram que os antibióticos prolongam a sobrevida de dias a semanas (GIVENS et al, 2010; CHIH et al, 2013; CHEN et al, 2002; LAM et al, 2005). Embora os antibióticos possam prolongar a sobrevida, a questão de saber se o prolongamento da vida por alguns dias confere um benefício maior em relação à taxa de risco é controversa. A mediana de tempo entre o diagnóstico de infecção até o desfecho óbito, aos indivíduos em fase final de vida, foi de 9 dias e nos indivíduos em processo ativo de morte, de 2 dias. Nota-se que o tempo de início da terapia antimicrobiana foi o mesmo, aos indivíduos em processo ativo de morte e em fase final de vida. No presente estudo foi possível analisar que o início da antibioticoterapia ocorre concomitantemente ao diagnóstico de infecção pela equipe médica, independente da percepção da fase da doença do indivíduo em CP. 38 Durand et al, 2021 aplicaram 301 questionários a médicos de diversas especialidades que atuam como clínicos gerais (113) ou em instituições de saúde (188) com o objetivo de identificar a indicação de terapia antimicrobiana para indivíduos em CP, acima de 75 anos, em fase final de vida. O resultado obtido foi de que 55,7% dos clínicos gerais e 78,7% dos médicos que atuam em instituições de saúde optaram pela prescrição da terapia antimicrobiana com o objetivo de atenuar os sintomas presentes nos indivíduos, mesmo próximos ao fim de vida. Há ausência de estudos que evidenciam ações da equipe médica perante a fase de doença do indivíduo em CP e a indicação da antibioticoterapia na fase final de vida (ITO, 2021), como no processo ativo de morte. A avaliação multiprofissional crítica e individualizada a cada paciente em CP, com diagnóstico de infecção em fase final de vida e processo ativo de morte, é um desafio e a literatura não traz um consenso sobre a indicação e tempo de duração dos antimicrobianos àqueles próximos ao óbito, mas sim evidencia a indicação visando o controle dos sintomas e alívio do sofrimento. O alívio do sofrimento, por meio do adequado controle dos sintomas relacionados à infecção no último mês de vida de um indivíduo que convive com uma doença grave e ameaçadora à vida, deve envolver ações e intervenções de enfermagem específicas (FRANCO et al, 2017). Sintomas como fadiga, dor e desconforto, são comuns, a percepção é individual (GIVLER et al, 2023) e a avaliação clínica do enfermeiro deve incluir desde a adequação do ambiente em que o indivíduo se encontra, até a escolha do melhor dispositivo e qual a via de administração para as terapias medicamentosas, a fim de reduzir danos e garantir efetividade no controle dos sintomas vigentes. Vale ressaltar também a importância do enfermeiro enquanto educador, uma vez que os familiares e cuidadores devem sentir-se esclarecidos e seguros perante os cuidados prestados durante este processo de luto. Os cuidados aos indivíduos no presente estudo, relacionados às intervenções de enfermagem sendo elas invasivas ou não invasivas, foram realizados por enfermeiros (N=113; 100%), auxiliares (N=113; 100%) e técnicos de enfermagem (N=102; 90,3%), respectivamente, predominando a aferição de sinais vitais, seguido de cuidados com a pele e mudança de decúbito. A literatura mostra que a prática da aferição dos sinais vitais é superior à coleta e documentação de dados biográficos e psicossociais dos indivíduos em CP (NATUHWERA et al, 2021). E, estudos justificam a importância da aferição dos sinais vitais, com o objetivo de poder prognosticar o tempo de sobrevida dos indivíduos em CP (HOSOI; OZONE; HAMANO, 2020; MATSUNAMI et al., 2018). 39 Com relação aos cuidados com a pele e mudança de decúbito, a literatura traz a importância destes procedimentos, por meio da realização do banho, para a redução da agitação, agressividade e estresse na fase final de vida (SLOANE et al, 2004), objetivando proporcionar uma “boa morte” (HAYASHI et al, 2022). As intervenções relacionadas ao controle da dor e apoio familiar foram registradas com frequência inferior às demais variáveis no presente estudo, corroborando com a prática destinada ao cumprimento de procedimentos e protocolos relacionados à rotina hospitalar pela equipe de enfermagem. A escassez e a qualidade dos registros de enfermagem nos prontuários, está relacionada a dificuldades de operação, como redução, sobrecarga e preparo da equipe, associado ao modelo tarefeiro de trabalho e rotatividade dos profissionais de enfermagem. Ressaltam-se também demandas de origem mais complexas, como a adoção de um modelo assistencial em enfermagem compatível com o uso do prontuário, o uso da linguagem padronizada e a insatisfação com o plano de trabalho (TRINDADE et al, 2016; BARAKI et al, 2017; AZEVEDO et al, 2019). Desta forma, afirmar que as intervenções de enfermagem relacionadas ao controle da dor e apoio familiar não são realizadas pode ser considerado um equívoco, visto que elas podem ter sido sub-registradas. Dentre os procedimentos realizados, houve predominância os de troca de fralda e punção venosapara a inserção de cateter periférico (N=108; 95,6%) e para a coleta de exames laboratoriais (N=85; 75,2%). Este dado corrobora com a alta indicação de terapia antimicrobiana por via endovenosa e a necessidade de avaliação da resposta à terapia, por meio dos exames laboratoriais. Estudo realizado em 35 ILPIs na cidade de Boston, EUA, com total de 240 moradores observou um total de 496 suspeitas de infecções. As intervenções mais frequentemente realizadas nos pacientes foram coleta de sangue, 215 (43,3%); radiografia de tórax, 120 (24,2%); e coleta de amostra de urina, 222 (44,8%). Os fatores associados à maior frequência dessas intervenções incluíram suspeita de infecção pulmonar, seguida pela urinária e cutânea. A coleta de exames laboratoriais nos indivíduos em fase final de vida com doença oncológica, não traz benefícios específicos relacionados à mudança no desfecho de óbito. As alterações laboratoriais detectadas, isoladamente, não geram ações específicas no cuidado (TANAKA;KAWAI;YUASA, 2022; NAGAI;KAWAI;YUASA, 2022; ONISHI et al, 2021) e não há estudos referindo os benefícios da coleta frequente de exames laboratoriais para garantir um adequado controle dos sintomas nos indivíduos em fase final de vida ou processo ativo de morte, com diagnóstico de infecção. 40 O procedimento de punção venosa, seja para a inserção de cateter periférico ou para a coleta de exames, é considerado doloroso (BOND et al, 2016) e estratégias para o alívio da dor, associadas à punção, vêm sendo estudadas ao longo dos últimos anos (DATEMA, VELDHUIS, BEKHOF, 2019; KARTUFAN, 2022), entretanto, por se tratar de um procedimento invasivo, este não está isento de riscos e os mais comuns estão associados a flebite, bem como bacteremia e quadros de sepse (ARIAS-FERNÁNDEZ et al, 2017; SALGUEIRO-OLIVEIRA et al, 2019). A hipodermóclise consiste na infusão de fluidos, isotônicos, e medicamentos no tecido subcutâneo e, por ser menos invasiva, é considerada mais segura (AZEVEDO, 2015). Porém, há critérios específicos para a indicação desta técnica, bem como há a limitação de volume total de infusão diário, dependendo do sítio de punção, e de quais medicamentos e fluidos podem ser administrados com segurança (FORBAT et al, 2016). Devido às especificidades, a técnica permanece pouco difundida e, consequentemente, pouco utilizada na prática clínica (FREITAS et at, 2018; BRUNO, 2015). Este fato pode ser evidenciado neste estudo, visto que não foi identificada a realização desta técnica pela enfermagem nos prontuários avaliados. Diversos estudos trazem como resultado o desconforto também associado a procedimentos como sondagem vesical (SAINT et al, 2018; MOATAZ et al, 2020), sondagem nasogástrica/nasoenteral (PONGPRASOBCHAI et al, 2007; OLIVEIRA et al, 2020), aspirações de vias aéreas em indivíduos não intubados (CHANG et al, 2023). Os indivíduos em CP são expostos a procedimentos equivocados e experiências indesejadas, durante o processo do cuidado pelas equipes de saúde. Muitos médicos optam por prescrever medicamentos e procedimentos temendo que algo menos do que a continuação irracional de tratamentos agressivos os tornaria vulneráveis perante as famílias e a própria justiça (SCHNEIDERMAN, DE RIDDER, 2013). Na literatura atual não se encontram evidências claras sobre os benefícios dos procedimentos invasivos para garantir um adequado controle dos sintomas e alívio do sofrimento nos pacientes em CP em fase final de vida ou processo ativo de morte. O que se sabe é que a prática da distanásia é muito frequente e comum nos ambientes hospitalares e os indivíduos pouco conseguem exercer sua autonomia, bem como seus familiares quando o mesmo não está apto (OLIVEIRA; SILVA, 2010; DADALTO; MASCARENAS; MATOS, 2020). Os enfermeiros, enquanto membros da equipe de saúde, devem advogar pelos indivíduos os quais prestam assistência e garantir, por meio da educação em saúde, o esclarecimento do processo e os objetivos do cuidado, visando a autonomia do paciente e a ortotanásia. 41 Como limitação do presente estudo, destaca-se o fato deste ter sido realizado em apenas um município de um estado brasileiro, o que pode não refletir a realidade do manejo das infecções em outros serviços. Pela natureza retrospectiva, possíveis vieses em relação à disponibilidade de dados relevantes ou informações incorretas nos prontuários eletrônicos podem ter ocorrido, felizmente a ausência de dados significativos aparenta não ter influenciado na análise dos resultados do presente estudo. Destaca-se ainda a dificuldade em discutir os dados, pois há poucos estudos publicados que visam o manejo de infecções em indivíduos em CP. 6. CONCLUSÃO Diante do exposto, observa-se que o manejo da infecção nos pacientes em cuidados paliativos em fase final de vida e processo ativo de morte ocorre por meio de cuidados e procedimentos que geram desconforto físico, entretanto visando o alívio dos sintomas. Destaca-se a prescrição massiva de antibióticos, mesmo em pacientes em processo ativo de morte e a realização de punções venosas para administração de medicamentos e coleta de exames. Mesmo que tais achados possam parecer intuitivos, documentá-los é essencial porque nos convida a refletir sobre nossas atitudes práticas, sobre o que significa estar confortável para essas pessoas, e permite incorporar esta informação no desenho de intervenções focadas para potencializar a experiência de conforto. 42 7. REFERÊNCIAS ABDEL-KARIM I.A.; SAMMEL R.B.; PRANGE M.A. Causes of death at autopsy in an inpatient hospice program. Journal of Palliative Medicine. 2007, v.10, p. 894–898. AHMEDZAI SH., BOLAND J. Constipation in people prescribed opioids. BMJ Clin Evid. 2010; p.2407. ALAM S, HANNON B, ZIMMERMANN C. Palliative care for family caregivers. Journal of Clinical Oncology. 2020; v. 38, 926–936 p. doi: 10.1200/JCO.19.00018. ALCALDE, J., ZIMMERMANN, C. Stigma about palliative care: origins and solutions. Ecancermedicalscience. 2022, n.16, 1377 p. doi: 10.3332/ecancer.2022.1377. ALVAREZ, O. 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APÊNDICES APÊNDICE A: Instrumento da coleta de dados Nº do caso: ______ I - Identificação Data de nascimento: ___/___/___ Data da internação: ___/___/___ Sexo: ( ) 1Feminino ( ) 2Masculino Comorbidades associadas: 1( ) cardiopatia 2( ) HAS 3( ) DM 4( ) doença hepática 5( ) IRA 6( ) hipotireoidismo7( ) IAM prévio 8( ) AVC prévio 9( ) obesidade 10( ) dislipidemia 11( ) epilepsia 12( ) Outra(s): ___________________ II – Indicação de Cuidados Paliativos Diagnóstico: __________________________________________________________________________ _ __________________________________________________________________________ _ __________________________________________________________________________ _ Data do diagnóstico: ____/___/___ Data da indicação de cuidados paliativos: ____/___/___ Fase da doeça: ( ) 1Fase final de vida ( ) 2Processo Ativo de Morte III – Diagnóstico de Infecção Confirmado laboratorialmente: ( ) 1Sim ( ) 2Não ( ) 1Exame laboratorial:_________________________________________________________ ( ) 2Exame de imagem: 57 _________________________________________________________ Diagnóstico clínico: ( ) 1Sim ( ) 2Não Data do diagnóstico de infecção: ____/___/___ Foco: ____________________________________________________________________ Microrganismo(s) identificado(s): ________________________________________________________________________ Foi utilizado antibiótico? ( ) 1Sim ( ) 2Não – Qual(is)? ______________________________________________ Data do início do(s) antibiótico(s): ____/___/___ Data do término do(s) antibiótico(s): ____/___/___ Via de administração: ( ) 1via oral ( ) 2via endovenosa ( ) 3hipodermóclise ( ) 4via intramuscular Qual equipe sugeriu/prescreveu a antibioticoterapia: ( ) 1Titular ( ) 2Cuidados Paliativos Outras terapias? ( ) 1Sim ( ) 2Não – Qual? ___________________________________________________ IV – Desfecho da internação Óbito: ( ) 1Sim Data: / / V – Registros da Equipe de Enfermagem: Pontos relevantes do registro relacionado ao manejo de infecção, cuidados paliativos, acolhimento aos familiares, se houver: Data ____/___/___: ___________________________________________________________ 58 Data ____/___/___: ___________________________________________________________ Data ____/___/___: ___________________________________________________________ Data ____/___/___: ___________________________________________________________ Data ____/___/___: ___________________________________________________________ Quem realizou o registro? ( ) 1Enfermeiro ( ) 2Técnico ( ) 3Auxiliar de Enfermagem Procedimentos realizados pela Enfermagem durante a internação do paciente: ( ) 1Sondagem naso/gástrica ou nasoentérica. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___ ( ) 2Sondagem vesical de demora. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___ ( ) 2Sondagem vesical de alívio. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___ ( ) 4Punção venosa para inserção de cateter. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___ ( ) 5Punção venosa para coleta de exame. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___ ( ) 6Troca de fralda. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___ ( ) 7Aspiração traqueal. Data ___/___/___; ___/___/___; ___/___/___