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Anti-inflamatórios Esteroides • Esteroides Adrenocorticais • O córtex suprarrenal libera corticosteroides e androgênios. • A partir dos androgênios (hormônios masculinos) há a produção de hormônios femininos. • Corticosteroides possuem 2 grupos: mineralocorticoides (aldosterona)e glicocorticoides (cortisol). • Esses hormônios interferem no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios, manutenção do equilíbrio eletrolítico, preservação do sistema cardiovascular, agem no sistema imune, nos rins, na musculatura esquelética, sistema endócrino e no sistema nervoso. • A utilização por mais de 7 dias pode causar efeitos colaterais. • Glicocorticoides, principalmente cortisol, conferem resistência em situações de estresse. • Situações estressantes aumentam a liberação e produção de glicocorticoides. • O cortisol tem ações hormônio-dependentes. Na ausência de hormônio lipolítico (adrenalina e noradrenalina), o cortisol praticamente não faz lipólise. O mesmo ocorre na ausência de cortisol e presença de hormônios lipolíticos. A utilização de glicocorticoide por um período aumentado causa elevação da taxa de lipólise. • Ações anti-inflamatórias e imunossupressoras. • Corticosteroides são classificados pela potência: capacidade de retenção de sódio, defeitos que exercem sobre o metabolismo de carboidratos e efeitos anti-inflamatórios. • Glicocorticoides terão efeitos anti-inflamatórios mas também exercem efeito sobre o metabolismo de carboidratos. • Alguns glicocorticoides (cortisol e prednisona) possuem atividade mineralocorticoide modesta, porém significativa (retenção de sódio e de água). • Mineralocorticoides terão mais efeito na retenção de sódio a fim de manter o volume plasmático. • Aldosterona (lipossolúvel) é um mineralocorticoide potente, sendo mais seletiva na retenção de sódio e líquidos, interferindo pouco no metabolismo de carboidratos. • Corticosteroides atuam em proteínas receptoras específicas localizadas no citosol celular (receptores nucleares, tipo IV), regulando a expressão gênica. O tempo necessário para a melhora clínica leva algumas horas. • Receptor de Glicocorticoide • Localizado no citoplasma, inativado devido à ligação à proteína citoplasmática. • A ligação com glicocorticoide leva a translocação para o núcleo, onde há a transcrição gênica. • O receptor do cortisol promove a liberação de anexina-1 (fosforilação) que inibe a movimentação de leucócitos (efeito anti-inflamatório). • Receptor de Mineralocorticoide • Localiza-se nos rins, cólon, glândulas salivares e sudoríparas. • Regula a transcrição gênica e síntese proteica. • Efeitos na homeostasia do sódio e potássio ao ligar-se com mineralocorticoides. • Aldosterona atua a nível de túbulos renais, principalmente distal e coletor. • Aldosterona sofre difusão para a célula tubular pela membrana basolateral, liga-se ao receptor de mineralocorticoide e estimula a transcrição gênica e produção de proteínas (Na-K-ATPase e proteína cinase). Essas proteínas aumentam a absorção de sódio pelos túbulos. • Proteína cinase atua sobre canal de sódio (fosforila → entrada espontânea) existente na membrana luminal, causando transporte de sódio do lúmen para a célula. • Na-K-ATPase age sobre canais de sódio na membrana basolateral, transportando sódio da célula tubular para o líquido intersticial e daí para o capilar peritubular. • Na-K-ATPase transporta 3 sódios para o líquido intersticial e 2 potássios para a célula. Há aumento da concentração de sódio, causando osmose para o líquido intersticial, aumentando a pressão hidrostática. Isso favorece o transporte do sódio e da água para o capilar peritubular. • Metabolismo de Carboidratos - Glicocorticoides • Aumento da síntese de glicose no fígado, ou seja, a gliconeogênese (aa + glicerol). • Por aumento da transcrição de enzimas da gliconeogênese. • Há estímulo à formação de glicogênio hepático (excesso de glicose). • A nível periférico, diminuem a captação e degradação de glicose como fonte energética. • Diabéticos e pré-diabéticos devem cuidar com a utilização de glicocorticoides devido a hiperglicemia. • A diminuição da utilização da glicose resulta em aumento da degradação de proteínas de tecidos extra- hepáticos (liberação de aa, fraqueza muscular) e da lipólise (glicocorticoides ativam lipase, liberando ácidos graxos e glicerol). • Estimulam a síntese proteica HEPÁTICA. • Metabolismo de Lipídeos - Glicocorticoides • Glicocorticoides facilitam a ação de outros agentes como os agonistas de receptores beta-adrenérgicos e o hormônio do crescimento. • Causam perda de gordura nas extremidades ao longo dos anos e acúmulo de gordura visceral na face e pescoço (síndrome de Cushing). • Equilíbrio Hidroeletrolítico - Mineralocorticoides • Aumento do volume plasmático pela reabsorção de sódio e água. • Perda de potássio e hidrogênio. O lúmen começa a eliminar H+ para evitar hipopotassemia. • Manifestações Primárias de Hiperaldosteronismo: expansão de volume, hipernatremia, hipopotassemia e alcalose metabólica (perda de prótons). A longo prazo, o indivíduo desenvolve hipertensão. O tratamento é a utilização de antagonista de receptor de aldosterona (espironolactona). • Manifestações Primárias de Hipoaldosteronismo: hipotensão, hiperpotassemia, acidose metabólica. O tratamento requer fludrocortizona. • Glicocorticoides também alteram o metabolismo de cálcio (hipocalcemia sanguínea), por diminuição da eficiência da vitamina D na absorção de cálcio pelo TGI e aumentam a excreção renal de cálcio. • Efeitos no sistema cardiovascular dos glicocorticoides: causam hipertensão que pode resultar em hemorragia cerebral e AVC. • Os efeitos da aldosterona na musculatura esquelética causa a fraqueza muscular devido a depleção de potássio, diminuindo o potencial de ação e a contração muscular. • Os efeitos dos glicocorticoides na musculatura esquelética causa fraqueza muscular devido à degradação de proteínas. • Agem no SNC direta e indiretamente. Indiretamente por aumento da PA, aumento da [ ] plasmática de glicose e eletrólitos. Diretamente causa efeitos no humor, comportamento e excitabilidade cerebral. • Uso de glicocorticoides por muitos anos pode causar depressão. • Ações anti-inflamatórias e imunossupressoras causadas por diminuição do nº de linfócitos. • Glicocorticoides são utilizados para tratar doenças que resultam de reações imunes indesejáveis, como urticária e rejeição em transplantes. • O efeito anti-inflamatório ocorre por inibição de fatores vasoativos, diminuição da secreção de quimioatraentes, menor produção e secreção de enzimas proteolíticas e lipolíticas relacionadas ao processo inflamatório (fosfolipase A2), reduzem o extravasamento de leucócitos e reduzem a fibrose. • Em situações de estresse há aumento da produção de citocinas (IL-1, IL-6) que estimulam o eixo HHSR. Agindo no hipotálamo há a liberação do hormônio hipotalâmico liberador de corticotropina, que age na adenohipófise estimulando a liberação de hormônio corticotrópico. Esse hormônio atua no córtex suprarrenal promovendo a liberação de cortisol. • Para inibir a fosfolipase A2, os glicocorticoides ativam a proteína lipocortina. A inibição da fosfolipase A2 causa diminuição da liberação de ácido araquidônico. Isso causa menor [ ] de leucotrienos, prostaglandinas e tromboxanos. Os glicocorticoides também causam a inibição de COX2 para inibir mais ainda as prostaglandinas (envolvidas na inflamação). NÃO INIBE COX1 (não faz mal diretamente para o estômago, apenas pelo efeito imunossupressor). • Administração • Via Oral: hidrocortisona e análogos sintéticos. • Via Intravenosa: ésteres hidrossolúveis de hidrocortisona. • Injeção IM: suspensão de hidrocortisona. Efeito mais lento e prolongado. • Administração Local (saco conjuntival, espaços sinoviais, pele, trato respiratório). • Transporte •Através de proteínas plasmáticas sintetizadas no fígado. • Globulina de ligação de corticosteroides - transcortina. • Albumina. • Metabolismo • Todo corticosteroide (glico/mineralo) deve possuir uma cetona no C3 e dupla ligação entre C4 e C5 para ser ativo. • Para serem inativados há adição de átomos de H ou O à dupla ligação. Porém, ainda não está pronto para ser excretado. • A cetona é reduzida a OH (expor grupo funcional - Reação de Fase I) tornando o fármaco mais polar. • Após essa redução há conjugação (Reação de Fase II). Na hidroxila há adição de ácido sulfúrico ou ácido glicurônico, tornando o composto muito polar (hidrofílico). • Após esse processo é possível excretar o composto pela urina. • Cortisona e Prednisona • Diferem dos outros fármacos da classe porque possuem a cetona na posição 11. Isso faz com que esses compostos não tenham atividade glicocorticoide quando administrados via oral. • Deverão passar pelo fígado onde uma enzima irá reduzir a cetona do C11, formando hidrocortisona e prednisolona (ativas), respectivamente. • Hidrocortisona possui uma OH a mais no C17, aumentando o efeito glicocorticoide. • Cuidado com pacientes que tenham comprometimento hepático, receitar medicamento já reduzido. ➔ Glicocorticoides terão obrigatoriamente uma hidroxila no C1. ➔ Mineralocorticoides deverão, obrigatoriamente, possuir uma hidroxila no C21. ➔ Glicocorticoides são divididos em ação longa (36-72h), intermediária (12-36h) e curta (8-12h). ➔ Adição de flúor no C9 aumenta os efeitos glico e mineralocorticoides (mineralo muito mais). • Toxicidade • Interrupção Abrupta da Terapia • Inibição do eixo Hipotálamo-Adenohipófise-Córtex Suprarrenal (HHSR). • Insuficiência suprarrenal aguda. O córtex entende que não há mais necessidade de produção de glicocorticoide. • Tempo de recuperação elevado (2-18+ meses) dependendo da dose, do tempo de uso e de cada indivíduo. • A suspensão deve ser gradual (meses) para retomada das funções renais. • Uso Contínuo de Doses Suprafisiológicas • Anormalidades Hidroeletrolíticas • Alcalose hipopotassêmica. • Edema: retenção de sódio e água. • Hipertensão. • Resposta Imune • Aumento da suscetibilidade à infecções (efeito imunossupressor). • Miopatia • Fraqueza dos músculos proximais dos membros. • Alterações Comportamentais • Nervosismo, insônia, alteração de humor, depressão. • Atuam em receptores a nível de SNC. • Cataratas • Associado à dose e tempo de uso (maior, pior). • Osteoporose • Diminuição da densidade óssea. • Pode aparecer após 6 meses de uso, independente da idade. • Diminuem a absorção de cálcio pelo TGI (vitamina D), aumentam a excreção renal de cálcio (hipocalcemia), diminuem a atividade dos osteoblastos (deposição de cálcio), aumentam a atividade dos osteoclastos (reabsorção de cálcio), diminuem a síntese de hormônios esteroides gonádicos (estrogênio - favorece deposição de cálcio). • Pedir densitometria óssea periodicamente. • Medida Profilática: suplementação de cálcio e/ou vitamina D. • Às vezes é necessária terapia de reposição de hormônios gonádicos (mulheres na menopausa, homens com pouco androgênio). • Atraso do Crescimento • Associar hormônio do crescimento. • Exposição de fetos à glicocorticoides causa fissura palatina. • Usos Terapêuticos • Tentativa x erro. • Dose deve ser periodicamente reavaliada. • Dose única de glicocorticoide e terapia de curta duração (1-3 semanas) não causam efeito deletério. • Usados em: • Terapia de reposição (paciente com insuficiência suprarrenal aguda ou crônica 1ª ou 2ª). • Hiperplasia suprarrenal congênita. • Distúrbios reumáticos (artrite reumatoide, lúpus). • Doenças renais (síndrome nefrótica). • Doença alérgica (urticária, picadas de insetos, rinite alérgica). • Asma brônquica. • Doenças oculares inflamatórias (uso prolongado aumenta a chance de glaucoma). • Doenças cutâneas. • Doenças GI (doença de Crohn, colite ulcerativa). • Doenças hepáticas (hepatite autoimune). • Neoplasias malignas (linfoma e leucemia linfocítica). • Transplante de órgãos (efeito imunossupressor). • Inibidores da Síntese dos Esteroides Adrenocorticais • Utilizados quando há hipersecreção de cortisol (síndrome de Cushing secundária a tumores suprarrenais ou associada a produção de ACTH). • Trilostano • Inibidor competitivo da enzima responsável pela conversão de pregnenolona a progesterona. • Aminoglutetimida • Inibe P450scc, enzima que transforma colesterol em pregnenolona. • Pode causar insuficiência suprarrenal -> deve usar glicocorticoide. • Acelera o metabolismo da dexametasona (não pode fazer uso). • Cetoconazol • Antifúngico. • Inibe a síntese de esteroides suprarrenais e gonadais. • Em doses mais elevadas inibe P450scc. • Metirapona • Inibe 11-beta-hidroxilase, enzima que transforma 11-desoxicorticol em cortisol. • Vantagem: única que pode ser administrada em mulheres grávidas com síndrome de Cushing sem causar efeitos teratogênicos no bebê. • Interações Medicamentosas • Fenobarbital, Fenitoína. • Indutores de metabolismo hepático. • Aceleram o metabolismo de corticoides causando diminuição de eficácia terapêutica. • Anfotericina B (antifúngico), Diuréticos Não-poupadores de Potássio. • Perda de potássio na urina. • Associação com corticosteroides pode causar hipocalemia/hipopotassemia perigosa. • Etanol • Aumenta o risco de ulcerações GI. • Antiácidos • Reduzem absorção de prednisona. • Salicilatos • Diminuem a duração da ação de salicilatos. • Hipoglicemiantes Orais • Corticosteroides são hiperglicemiantes. • Contraceptivos orais. • Evitam a depuração de corticoides. • Aumento da [ ] plasmática de glicocorticoide. • Cautela com medicamentos/alimentos com altos níveis de sódio • Retenção de sódio pelos corticosteroides. • Paracetamol • Induzem o metabolismo do paracetamol. • Somação de efeito quando associados a outros imunossupressores.
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