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___________________________________________________________________________ PORTFÓLIO: CASO CLÍNICO 2 NOME: Beatriz Mendes Araujo e Teodora Xavier dos Santos DISCIPLINA: Cuidado Integral à Saúde da Mulher DATA: 14/05/2025 ___________________________________________________________________________ CLIMATÉRIO 1. Caso clínico Paciente do sexo feminino, 53 anos, comparece à consulta ambulatorial no dia 04/06/2025 para apresentar os resultados dos exames laboratoriais solicitados anteriormente. Além disso, na consulta do dia 14/05/2025 compareceu com queixa de sintomas associados ao climatério, referindo episódios de fogachos de intensidade moderada, iniciados em outubro de 2024. Relata que a última menstruação ocorreu em março de 2020, caracterizando menopausa há aproximadamente 4 anos. Menciona também que teve episódios de fraqueza muscular há cerca de sete meses, os quais cessaram espontaneamente após a introdução de atividade física regular (musculação), praticada atualmente de 4 a 5 vezes por semana.. Apresenta diagnóstico prévio de hipercolesterolemia desde setembro de 2024, sem ter iniciado tratamento farmacológico nem realizado novo controle laboratorial desde então. Nega uso atual de medicamentos, comorbidades prévias, alergias, cirurgias, tabagismo ou etilismo. A menarca ocorreu aos 10 anos, com ciclos menstruais previamente regulares e fluxo moderado. Refere dismenorreia leve. Nega gestações, abortos, complicações obstétricas ou ginecológicas. Vida sexual iniciada aos 16 anos, com único parceiro sexual. Relata relacionamento estável e heterossexualidade. GPA: G0P0A0. Antecedentes familiares são positivos para hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus em irmãos. Pai e mãe hipertensos e cardiopatas, que faleceram por infarto agudo do miocárdio, aos 76 e 57 anos, respectivamente, configurando importante histórico familiar de doença cardiovascular. Ao exame físico, encontrava-se em bom estado geral, hidratada, normocorada, acianótica e anictérica. Sinais vitais dentro da normalidade: pressão arterial de 130x80 mmHg, frequência cardíaca de 67 bpm e saturação periférica de oxigênio de 97%. Relata boa ingestão hídrica habitual. Exames laboratoriais recentes revelam: ● Glicemia de jejum: 102 mg/dL ● Ureia: 34 mg/dL ● Creatinina: 0,61 mg/dL ● Perfil lipídico: Colesterol total de 232 mg/dL, HDL de 80 mg/dL, LDL de 135 mg/dL, não-HDL de 152 mg/dL, triglicerídeos de 74 mg/dL ● Função hepática: TGO 14 U/L, TGP 10 U/L, GGT: 11, Fosfatase alcalina: 77 U/L; BT: 0,3, BD: 0,1; BI: 0,2 ● Ferritina: 26,92; Ferro sérico 81 ● Vitamina D: 26,1 ng/mL ● Vitamina B12: 351 ● Hemograma: Hemoglobina 14,1 g/dL, hematócrito 42,3%, VCM 92 fL, HCM: 30,7; CHCM: 33,3; RDW: 12,6; leucócitos totais 6.100/mm³, segmentados 3.123,2, linfócitos de 2.330,2; monócitos 542,9; eosinófilos 97,6 e basófilos de 6,1 plaquetas 308.000/mm³ A análise do perfil lipídico indica dislipidemia leve, com LDL acima da meta preconizada dee osteoporose. Durante a transição para a menopausa, ocorre uma diminuição na sensibilidade dos ovários aos hormônios gonadotróficos, levando a alterações na produção de estradiol e inibina. O aumento do hormônio folículo-estimulante (FSH) indica a queda da reserva folicular ovariana, e esses processos resultam em ciclos menstruais irregulares, com variações no fluxo e na duração do sangramento. Muitas vezes, há uma predominância de ciclos anovulatórios que podem ocasionar sangramentos irregulares e alterações no revestimento do útero, que devem ser avaliadas clinicamente. Os fogachos são o sintoma mais característico do climatério e podem variar muito em intensidade e frequência, chegando a causar grande desconforto. Eles são causados por alterações no centro termorregulador do cérebro devido à queda dos níveis de estrogênio, que provocam uma resposta exagerada na liberação de neurotransmissores como a noradrenalina, afetando a regulação da temperatura corporal. Fatores como consumo de álcool, calor ambiental e estresse podem desencadear esses episódios. Os sintomas neuropsíquicos, como ansiedade, irritabilidade, depressão e labilidade emocional, também são frequentes, mas não são exclusivos do climatério, podendo ocorrer em outras fases da vida. Acredita-se que a redução dos níveis de estrogênio interfira na regulação de neurotransmissores cerebrais, principalmente a serotonina, influenciando o humor da mulher. Além disso, alterações sexuais, como diminuição da libido e dificuldades para atingir o orgasmo, podem surgir devido às mudanças hormonais e aos efeitos da atrofia geniturinária, que também contribui para o desconforto durante a relação sexual. É fundamental que o diagnóstico seja cuidadoso para orientar o tratamento adequado, que pode envolver desde medidas comportamentais até intervenções farmacológicas. De acordo com o Ministério da Saúde (2008), "a frequência e intensidade dos sintomas associados ao climatério variam amplamente entre mulheres de diferentes contextos culturais e socioeconômicos, não sendo universal a manifestação clínica do declínio estrogênico" (BRASIL, 2008, p. 45). Isso reforça a importância de uma abordagem individualizada no acompanhamento dessas mulheres. Por fim, distúrbios urogenitais como prolapsos genitais também podem estar associados à redução do estrogênio, que contribui para a diminuição da elasticidade e força dos tecidos pélvicos, agravando condições já existentes. O tratamento dessas condições deve ser multidisciplinar, incluindo fisioterapia, uso de dispositivos e, em alguns casos, cirurgia. d. Diagnóstico O diagnóstico do climatério é essencialmente clínico e baseia-se na história menstrual da paciente, na presença de sintomas típicos dessa fase e na idade da mulher. A anamnese deve ser detalhada e incluir informações sobre a idade da menarca, a data da última menstruação e a forma de instalação da menopausa. É fundamental abordar as queixas mais comuns no climatério, como fogachos, sudorese, insônia, irritabilidade, alterações do humor, diminuição da libido, dispareunia, sintomas urinários e alterações no trofismo genital. Além disso, devem ser investigados os antecedentes pessoais, familiares, obstétricos e sexuais, bem como hábitos de vida, alimentação, prática de atividades físicas, uso de medicamentos e presença de patologias associadas, a exemplo de doenças crônicas não transmissíveis. O exame físico é composto pela avaliação do peso, altura e cálculo do índice de massa corporal, medida da pressão arterial e circunferência abdominal, além da inspeção da pele, mucosas, ausculta cardíaca e pulmonar, palpação da tireoide, do abdome e dos membros inferiores. O exame ginecológico inclui a inspeção e palpação das mamas, das axilas e das cadeias ganglionares, além da inspeção e palpação da vulva, vagina e pelve. O exame especular permite a avaliação da mucosa vaginal e do colo do útero, sendo possível identificar alterações do trofismo e da lubrificação, que refletem o status hormonal da paciente. Os exames complementares não são necessários de rotina para o diagnóstico do climatério, uma vez que este é clínico; entretanto, podem ser indicados para rastreamento e acompanhamento de condições associadas. Entre eles, destacam-se o hemograma, TSH, glicemia, perfil lipídico, provas de função hepática, sumário de urina, pesquisa de sangue oculto nas fezes, mamografia, exame citopatológico do colo do útero e, quando indicado, a densitometria óssea e a ultrassonografia pélvica. A dosagem de hormônios, como FSH, é reservada para casos de dúvidas diagnósticas, como na suspeita de falência ovariana precoce ou menopausa precoce. O diagnóstico do climatério, portanto, envolve uma abordagem clínica cuidadosa, com ênfase no contexto geral da saúde da mulher e na adoção de medidas preventivas para doenças prevalentes nesta fase da vida. e. Tratamento O tratamento do climatério deve ser individualizado, levando em conta a intensidade dos sintomas, as condições de saúde da mulher e suas preferências. O objetivo principal é oferecer qualidade de vida e aliviar os sintomas que impactam o bem-estar. As estratégias incluem medidas gerais, terapias medicamentosas (hormonais e não hormonais) e apoio psicológico. Entre as medidas gerais recomendadas estão a prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada com consumo adequado de cálcio e vitamina D, além da cessação do tabagismo e da redução do consumo de álcool. O suporte psicológico também é importante, pois ajuda a mulher a enfrentar as mudanças dessa fase e a manter o equilíbrio emocional. Para os sintomas vasomotores, como os fogachos, os medicamentos não hormonais podem ser uma boa alternativa, especialmente para mulheres que possuem contraindicação à terapia hormonal ou que preferem não utilizá-la. Nessa situação, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como a paroxetina, são uma das opções mais utilizadas, por sua eficácia no controle desses sintomas. A Terapia Hormonal (TH) continua sendo o tratamento mais eficaz para os sintomas vasomotores e geniturinários intensos. Quando indicada, deve ser prescrita na menor dose eficaz e pelo menor tempo necessário, sempre após cuidadosa avaliação dos riscos e benefícios. É importante destacar que a terapia hormonal não deve ser usada com o objetivo de prevenir doenças cardiovasculares ou osteoporose, pois existem outras abordagens mais seguras para essas finalidades. Segundo o Ministério da Saúde, “a atenção integral à mulher no climatério inclui medidas gerais, orientação dietética e apoio psicológico, cabendo à mulher, desde que devidamente informada e com apoio profissional, a opção de como vivenciar esta fase” (BRASIL, 2008, p. 136). A terapia hormonal está contraindicada em casos como câncer de mama ou endométrio, doença hepática grave, sangramento genital não esclarecido, história de tromboembolismo e porfiria. Para a atrofia vaginal, são recomendados lubrificantes e hidratantes vaginais como primeira escolha, especialmente quando a mulher não faz uso de hormônios. 3. O que foi possível realizar para a paciente Como plano terapêutico inicial, optou-se por conduta não hormonal, com prescrição de paroxetina, inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS), visando controle dos sintomas vasomotores, conforme diretrizes clínicas. Foram também solicitados exames laboratoriais complementares para seguimento do distúrbio lipídico e monitoramento de risco cardiovascular. (na vdd foi orientada para seguimento com clínico) Referências bibliográficas HOFFMAN, B. L. et al. Ginecologia de Williams. 2. ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda, 2014. LUI FILHO, J. F. et al. Epidemiologia da menopausa e dos sintomas climatéricos em mulheres de uma região metropolitana no sudeste do Brasil: inquérito populacional domiciliar. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 37, n. 4, p. 152–158,abr. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de atenção à mulher no climatério/menopausa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. 192 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos; Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno, n. 9). ○ Portfólio ■ VALOR 10 PONTOS ■ Os alunos deverão formar duplas e escolher um caso clínico no primeiro bloco (de 02/04/2025 a 14/05/2025) e um caso clínico no segundo bloco (de 21/05 a 09/07) e realizar o relatório dos casos escolhidos segundo o esquema abaixo. ■ Caso clínico atendido no ambulatório: ● -Redigir o caso ● - Abordar sobre o tema: ○ - Epidemiologia ○ - Fatores de risco ○ -Sinais e sintomas ○ -Diagnóstico ○ -Tratamento ○ - Pequena discussão sobre o que foi possível realizar para a paciente em questão.