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Turma e Ano: Flex B (2013) Matéria / Aula: Processo Civil / Aula 23 Professor: Edward Carlyle Conteúdo: Ação Rescisória: 7. Competência; 8. Legitimidade; 9. Prazo; 10. Hipóteses de Rescindibilidade: 485, I e II do CPC - AÇÃO RESCISÓRIA (cont.) - 7. Competência: A competência para o exame da ação rescisória é sempre de Tribunal. (Não há hipótese de julgamento de ação rescisória por juiz de 1º grau) Cada tribunal é competente para o julgamento da rescisória de seus respectivos julgados. Exs: Sentença Sem interposição de Trânsito em julgado Ação Rescisória: (1º grau) Apelação da sentença TJ ou TRF ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Sentença Apelação Não admitida /recebida Não produz efeito Ação Rescisória (1º grau) conhecida suspensivo TJ ou TRF (Ausência de requisito de admissibilidade recursal) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Sentença Apelação Admitida /Recebida/ Dar provimento: (1º grau) Conhecida a) Error in judicando b) Error in procedendo a) Error in judicando Reforma da Efeito substitutivo Trânsito em Ação Rescisória: sentença (512 CPC) julgado TJ ou TRF b) Error in procedendo Anulação da Retorno dos autos Não tem efeito NÃO CABE (erro no procedimento) sentença ao 1º grau para suspensivo AÇÃO (Invalidação) prosseguimento ou RESCISORIA prolação de nova sentença Não há trânsito em julgado 7.1 Competência Delegada (art. 109, §3º CF): Viabiliza que o juiz estadual exerça jurisdição federal nas demandas entre INSS e segurados quando não houver sede de vara do juízo federal: Art. 109, § 3º da CF - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. Temos um juiz estadual investido de jurisdição federal, sendo denominada de competência delegada. Neste caso, a competência para a ação rescisória será do TRF. 7.2 Causas Internacionais (art. 109, II CF): Causas Estado estrangeiro ou Município ou pessoa Internacionais organismo internacional física ou jurídica residente Competência Originária: Juiz federal (1º grau) Competência Recursal: Sem recurso / Sentença Recurso Ordinário Constitucional Não conhecido / STJ (art. 105, II, "c" CF; Provido - Error in 539, II,"b" CPC) judicando Ação Rescisória = STJ Súmula 249 STF: É competente o Supremo Tribunal Federal para a ação rescisória quando, embora não tenha conhecido do recurso extraordinário, ou havendo negado provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida. A Súmula 249 é anterior à CF de 1988, quando ainda não havia o STJ, ficando a cargo do STF o exame de matérias constitucionais e infraconstitucionais. No âmbito dos Tribunais Superiores é comum a confusão entre juízo de admissibilidade e mérito. Segundo o disposto na súmula, ainda que conste na ementa do acórdão que o Tribunal não conheceu do recurso, se este examinar o mérito, ele assume a competência para eventual ação rescisória. Sentença Apelação .... REsp RExt Não conheço, uma vez que = Exame de Mérito não ocorreu a violação da Atrai a competência lei federal. da Ação Rescisória STJ 8. Legitimidade: a) Legitimidade Ativa: Qualquer uma das partes; Sucessor a título universal ou singular; Terceiro juridicamente interessado: a) Interesse direto - co-titular da relação jurídica discutida no processo. Poderia ter sido litisconsorte ou assistente litisconsorcial. Poderá ajuizar Ação Rescisória! b) Interesse indireto - titular de relação jurídica conexa, sendo atingido reflexamente. Poderia ter sido assistente simples. Neste caso há divergência sobre a possibilidade de ajuizar Ação Rescisória: 1) Maria Berenice Dias - O assistente simples não possui legitimidade nem interesse na ação rescisória. 2) Nelson Nery Jr. - Cabe ação rescisória, pois a lei estabeleceu legitimidade ao terceiro juridicamente interessado, pouco importando se o interesse jurídico é direto ou indireto. Ministério Público. As hipóteses previstas no art. 487, III são exemplificativas: Não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; Sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. Sempre que o Ministério tiver interesse com base nas hipóteses do art. 82 do CPC, ele possui legitimidade para ajuizar a ação rescisória. O Ministério Público poderá ajuizar ação rescisória de duas formas: MP como Parte Fundamento: art. 485 CPC MP como custus legis Fundamento: art. 485 + 82 + colusão das partes Obs1: Conluio entre autor e réu da demanda originária para fraudar a lei possuem legitimidade ativa para ajuizar ação rescisória, carecendo de falta de interesse de agir (ninguém pode alegar a própria torpeza em seu benefício). Obs2: Adquirente ou cessionário do objeto litigioso possui legitimidade para ajuizar a ação rescisória na forma do art. 42 do CPC (sucessão processual). Ao adquirirem o bem, eles poderão passar a litisconsorte passivo, desde que haja anuência do autor originário, ou no caso de discordância, poderão ingressar como assistente litisconsorcial do réu. Obs3: Substituído Processual é o titular da relação jurídica, sendo seus interesses defendidos em juízo pelo substituto processual. A coisa julgada atingirá o substituído e, portanto, ele tem legitimidade e interesse para a ação rescisória. Obs4: Terceiro prejudicado em processo simulado (art. 167 e 168 do CC) possui interesse e legitimidade para propor a ação rescisória. 9. Prazo (art. 495 CPC): Prazo bienal = 2 anos contados do trânsito em julgado da decisão A natureza jurídica do prazo da ação rescisória é de prazo decadencial, pois não está sujeito às hipóteses de suspensão ou interrupção. Há quem defenda que o prazo de 2 anos deveria ser contado não mais do trânsito em julgado da decisão, mas sim a partir do momento em que a parte tomasse conhecimento de alguma das hipóteses do art. 485. Ainda, há quem sustente que o prazo da ação rescisória deveria ser de 5 anos. Cumulação de pedidos - trânsito em julgado em momentos diferentes: No caso de cumulação de pedidos, a formação da coisa julgada poderá ocorrer em momentos distintos, sendo denominada de coisa julgada progressiva. O prazo da ação rescisória deve ser contado individualmente para cada pedido transitado em julgado ou deverá ser uno? Na doutrina, é amplamente dominante (Barbosa Moreira, Didier, Daniel Assumpção) o entendimento de que o prazo de 2 anos deve ser computado para cada um dos pedidos individualmente. Ultrapassado o prazo de 2 anos após o trânsito em julgado teremos o que é denominado por Frederico Marques de"coisa soberanamente julgada" (ou coisa julgada soberana). Na jurisprudência, o STJ já possui entendimento consolidado em sentido contrário: o prazo da ação rescisória inicia-se sempre da última decisão transitada em julgado do processo, quando começará a correr o prazo em relação a todos os pedidos. 10. Hipóteses de Rescindibilidade (art. 485 CPC): É possível fazer uma analogia entre as hipóteses de rescindibilidade e as causas de pedir, ou seja, cada hipótese de rescindibilidade dá ensejo a uma ação rescisória diversa. I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; Tratam-se dos tipos penais previstos nos arts. 316, 317 e 319 do CP. Há necessidade de decisão judicial transitada em julgado em matéria penal condenando o juiz por esses crimes ou é possível o interessado comprovar algum desses crimes na própria ação rescisória cível? Prevalece o entendimento de que é admitida a comprovação desses crimes na ação rescisória cível, não havendo necessidade de sentença penal condenando o juiz por algum desses crimes. Uma vez demonstrado o crime no âmbito da ação rescisória, o relator deverá requerer a extração de cópias e remessa ao Ministério Público para que sejam adotadas as medidas cabíveis quanto ao processo penal em face daquele juiz. E se um dos membros do órgão colegiado praticar esses crimes? Observe-se que o membro do tribunal poderá proferir uma decisão monocrática ou participar do julgamento no órgão colegiado. Em se tratando de decisão monocrática, caberá ação rescisória. Porém, se o membro do tribunal que praticou o crime (prevaricação, concussão ou corrupção) apenas participou do julgamento no órgão colegiado será necessário verificar se a sua participação foi fundamental para o teor do julgamento. II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; Ação Rescisória - Juiz impedido - Juízo absolutamente incompetente SUSPEIÇÃO E JUÍZO RELATIVAMENTE INCOMPETENTE NÃO PROPICIAM AÇÃO RESCISÓRIA! Ainda que o impedimento e a incompetência absoluta tenham sido alegados e rejeitados no curso do processo caberá ação rescisória. Devemos ter cuidado com a hipótese de juízo absolutamente incompetente nos casos de competência delegada - juiz estadual investido de jurisdição federal. Se o TRF entender que não se trata das hipóteses de competência delegada do art. 109, §3º da CF, o tribunal irá desconstituir a coisa julgada (judicium rescindens), mas não poderá realizar um novo julgamento (judicium rescisorium), devendo remetê-lo ao TJ ou determinar o seu recomeço perante o juiz estadual.
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