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1 SANEAMENTO BÁSICO - ESGOTO E DRENAGEM 1 Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 SANEAMENTO BÁSICO: CONTEXTO HISTÓRICO ...................................... 5 DEFINIÇÃO DE SANEAMENTO BÁSICO ....................................................... 9 Política de saneamento básico ............................................................... 10 Plano de Saneamento Básico ................................................................ 11 ESGOTO SANITÁRIO ................................................................................... 11 Os impactos ambientais decorrentes da poluição por esgoto sanitário: .... 16 Evolução das Concepções de Saneamento .................................................. 19 DRENAGEM URBANA .................................................................................. 24 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 30 2 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de ações socioeconômicas que tem por objetivo alcançar salubridade ambiental. Entende-se ainda, como salubridade ambiental o estado de higidez (estado de saúde normal) em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas (que diz respeito ao clima e/ou ambiente) favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar (GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2007). Ainda segundo estes autores, a oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrange os seguintes serviços: Abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a proteção de sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de conforto; Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas); Acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos (incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial e de serviços, industrial e pública); Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações; Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.); Saneamento dos alimentos; Saneamento dos meios de transportes; Saneamento e planejamento territorial; 4 Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação, de recreação e dos hospitais; Controle da poluição ambiental – água, ar, solo, acústica e visual. Os sistemas de drenagem urbana, de abastecimento de água, de coleta e tratamento dos esgotos e de resíduos sólidos contribuem para a melhoria da qualidade ambiental, também da qualidade de vida e saúde nas áreas urbanas e rurais. A insuficiência desses serviços ocasiona impactos ambientais negativos como a contaminação de corpos d’água pelo lançamento de esgoto sanitário (sem tratamento) e dos resíduos sólidos através da disposição inadequada. Assim como, a do lençol freático quando é imprópria a localização dos aterros. E as condições inadequadas dos serviços de saneamento possuem tendência há gerar índices significativos de morbidade causada por doença infecciosa. Como exemplo, as ocasionadas por vetores que poderá ser provocada pela carência dos serviços destinados à drenagem urbana. A importância do saneamento e sua relevância à saúde humana remontam às mais antigas culturas. O desenvolvimento do saneamento sempre esteve ligado à evolução das civilizações, às vezes retrocedendo, outras renascendo com o aparecimento de outras. Essa descontinuidade da evolução do serviço está ligada, em grande parte, aos poucos meios de comunicação do passado. O conceito de Promoção de Saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde a Conferência de Ottawa, em 1986, é visto como o princípio orientador das ações de saúde em todo o mundo. Assim sendo, parte-se do pressuposto de que um dos mais importantes fatores determinantes da saúde são as condições ambientais (BRASIL, 2006). No Brasil, o conceito de saúde, entendido como um estado de completo bem- estar físico, mental e social, não restringe-se ao problema sanitário ou a prevalência de doenças. Hoje, além das ações de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais importante atuar sobre os fatores determinantes da saúde. É este o propósito da promoção da saúde, que constitui o elemento principal das propostas da OMS e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). 5 A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a superação dos entraves tecnológicos, políticos e gerenciais que têm dificultado a extensão dos benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de pequeno porte. A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial estão intrinsecamente relacionados com o meio ambiente. Um exemplo disso é a diarreia que, com mais de quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a humanidade, já que causa 30% das mortes de crianças com menos de um ano de idade. Entre as causas dessa doença destacam-se as condições inadequadas de saneamento (GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2007). Mais de um bilhão de habitantes na Terra não têm acesso à habitação segura e a serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. No Brasil, as doenças resultantes da falta ou de um inadequado sistema de saneamento, especialmente em áreas pobres, têm agravado o quadro epidemiológico (BRASIL, 2006). Estudos do Banco Mundial (1993), estimam que o ambiente doméstico inadequado é responsável por quase 30% da ocorrência de doenças nos países em desenvolvimento. SANEAMENTO BÁSICO: CONTEXTO HISTÓRICO De acordo com Cavinatto (1992), alguns povos antigos desenvolveram técnicas sofisticadas para a época, de captação, condução, armazenamento e utilização da água. Os egípcios dominavam técnicas de irrigação do solo na agricultura e métodos de armazenamento de água, pois dependia das cheias do Rio Nilo. No Egito, costumava-se armazenar água por um ano para que a sujeira sedepositasse no fundo do recipiente. Embora ainda não se imaginasse que muitas doenças eram transmitidas por microrganismos patogênicos, os processos de filtragem e armazenamento removiam a maior parte desses patógenos. Assim a pessoa que tomasse a água ―suja ou não processada ficaria mais vulnerável a doenças. O autor afirma ainda que tais processos de purificação da água foram descobertos por expedições arqueológicas através de inscrições e gravuras nos túmulos. Com base no processo da capilaridade, utilizado por egípcios, japoneses e 6 também chineses, a água passava de uma vasilha para a outra por meio de tiras de tecido, que removiam as impurezas. Durante a Idade Média, a falta de hábitos higiênicos se agravou com o crescimento industrial em fins do séc. XVIII. Os camponeses foram levados em massa para as cidades sem infraestrutura o que desencadeou vários problemas de saúde pública e meio ambiente. Cavinatto (1992) afirma também que na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha as condições de vida nas cidades eram assustadoras. As moradias ficavam superlotadas e sem as mínimas condições de higiene. Os detritos, como lixo e fezes, eram acumulados em recipientes, de onde eram transferidos para reservatórios públicos mensalmente e, às vezes, atirados nas ruas. Como as áreas industriais cresciam rapidamente, os serviços de saneamento básico, como suprimento de água e limpeza de ruas, não acompanhavam esta expansão, e como consequência o período foi marcado por graves epidemias, como a Cólera e a Febre Tifoide, transmitidos por água contaminada e que fizeram milhares de vítimas assim como a Peste Negra, transmitida pela pulga do rato, animal atraído pela sujeira. Ainda de acordo com Cavinatto (1992), no Brasil do séc. XVI, os jesuítas admiravam-se com o ótimo estado de saúde dos indígenas. Contudo, com a chegada do colonizador e dos negros, rapidamente houve a disseminação de várias moléstias contra as quais os nativos não possuíam defesas naturais no organismo. Doenças como varíola, tuberculose e sarampo resultaram em epidemias que frequentemente matavam os índios. Com os colonizadores, suas doenças e forma de cultura, vieram as preocupações sanitárias com a limpeza de ruas e quintais, e com a construção de chafarizes em praças públicas para a distribuição de água à população, transportada em recipientes pelos escravos. De acordo com os costumes europeus existentes no Brasil do séc. XIX, mesmo as casas mais sofisticadas eram construídas sem sanitários. Escravos, chamados tigres, carregavam potes e barricas cheios de fezes até os rios, onde eram lavados para serem novamente utilizados. As condições de saúde nos centros urbanos eram piores do que no campo e continuaram a piorar. Segundo Cavinatto (1992), entre 1830 e 1840 ressurgiram epidemias de Cólera e Tifo. Porém, após o término da 7 escravidão em 1888, não havia mais pessoas para o transporte dos dejetos e foi necessário encontrar outras soluções para o saneamento no Brasil. A partir das descobertas de Pasteur foi possível entender alguns processos de transmissão de doenças e, diante da necessidade, os governos passaram a investir em ações e pesquisas médicas e científicas. Segundo Cavinatto (1992), inicialmente a Inglaterra e depois outros países europeus realizaram uma grande reforma sanitária. Para remover as fezes e os detritos acumulados nos edifícios foram utilizadas descargas líquidas, semelhantes às de hoje, transportando os detritos para as canalizações de águas pluviais. Porém, os esgotos eram lançados em tamanha quantidade, juntamente com os resíduos e efluentes das fábricas que cresciam em quantidade, que os rios ficavam cada vez mais poluídos e espalhavam mau cheiro e doenças por toda a cidade. Segundo Cavinatto (1992), no início do séc. XX, o higienista Oswaldo Cruz, diretor geral de saúde pública do governo federal, iniciou no Rio de Janeiro uma luta tentando erradicar epidemias. Para acabar com os criadouros de insetos e também focos de roedores, sua equipe utilizou todos os meios disponíveis para limpar casarões, ruas e terrenos. A campanha teve ótimos resultados, porém, enfrentou polêmicas, pois a maioria da população não acreditava que os animais pudessem veicular doenças. Destaca-se ainda o Engenheiro Saturnino de Brito, considerado o Patrono da Engenharia Sanitária e Ambiental no país. Em 1930, as capitais já possuíam várias obras de saneamento de Saturnino de Brito, como sistemas de distribuição de águas e coleta de esgotos. É possível destacar os canais de drenagem de Santos (1907), criados para evitar a proliferação de insetos nas áreas alagadas e que funcionam ainda hoje. Os problemas de saúde pública e de poluição do meio ambiente obrigaram a humanidade a encontrar soluções de saneamento para a coleta e o tratamento dos esgotos, para o abastecimento de água segura para o consumo humano, para a coleta e o tratamento dos resíduos sólidos e para a drenagem das águas de chuva. Com o desenvolvimento científico e tecnológico, atualmente existem várias técnicas para resolver os problemas sanitários. Porém o crescimento da população, de suas necessidades e de seu consumo, também aumentam a poluição do meio 8 ambiente. Por exemplo, a água de qualidade para o consumo humano torna-se um recurso cada vez mais escasso, e os problemas de saneamento tornam-se cada vez mais difíceis de serem resolvidos e com um maior custo de implantação e manutenção da infraestrutura de serviços. Em 1971 foi criado o Plano Nacional de Saneamento - PLANASA que tinha como objetivo definir fontes de financiamento e melhorar a situação do saneamento no país (RUBINGER, 2008; SALLES, 2009; SOARES, 2002). Já na década de 80 por consequência de crise econômica ocorreu uma diminuição dos investimentos no setor de saneamento. Portanto, o PLANASA não conseguiu cumprir a meta de atendimento de 90% em abastecimento de água nem de 60% de esgotamento sanitário (FIGUEIREDO e SANTOS, 2009). Devido a essa deficiência de investimento para o setor de saneamento, ocorreu a extinção deste plano. E somente na década de 90 criou-se o Pró-Saneamento, com o objetivo de promover a melhoria das condições de saúde e da qualidade de vida da população (OLIVEIRA, 2004; SALLES, 2009). E o Programa de Modernização do Setor de Saneamento – PMSS visa contribuir para o reordenamento, a eficiência e a eficácia dos serviços de saneamento, financiando investimentos em expansão e melhorias operacionais nos sistemas de águas e esgotos (OLIVEIRA, 2004). Criou-se a Lei 11.445 de 2007 da Política Nacional de Saneamento e o conceito de saneamento básico foi ampliado, passando a ter a mesma significação de saneamento ambiental (BRASIL, 2007). Saneamento é definido por esta Lei como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2007). Para o Instituto Trata Brasil (2009) o termo saneamento pode ser entendido como o conjunto de medidas que visam preservar ou modificar condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde. A Lei de Saneamento tem como objetivo alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental e como finalidade, promover e melhorar as condições de vida 9 urbana e rural. Batista e Silva (2006) definem salubridade ambiental como a qualidade ambiental capaz de prevenir a ocorrência de doenças veiculadas pelo meio ambiente. Para Santos, 2012 apud Batista, 2005 o conceito de salubridade ambiental, abrangendo o saneamento ambiental em seus diversos componentes, busca a integração sob uma visão holística, participativa e de racionalização de uso dos recursos públicos. DEFINIÇÃO DE SANEAMENTO BÁSICO Saneamento é o conjuntode medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. Um dos princípios da Lei nº. 11.445/2007 é a universalização dos serviços de saneamento básico, para que todos tenham acesso ao abastecimento de água de qualidade e em quantidade suficientes às suas necessidades, à coleta e tratamento adequado do esgoto e do lixo, e ao manejo correto das águas das chuvas. Um dos princípios da Lei nº. 11.445/2007 é a universalização dos serviços de saneamento básico, para que todos tenham acesso ao abastecimento de água de qualidade e em quantidade suficientes às suas necessidades, à coleta e tratamento adequado do esgoto e do lixo, e ao manejo correto das águas das chuvas. A lei nº. 11.445/2007 estabelece a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico como instrumento de planejamento para a prestação dos serviços públicos de saneamento básico, e ainda determina os princípios dessa prestação de serviços; as obrigações do titular, as condições para delegação dos serviços, as regras para as relações entre o titular e os prestadores de serviços, e as condições para a retomada dos serviços. 10 Ainda trata da prestação regionalizada; institui a obrigatoriedade de planejar e regular os serviços; abrange os aspectos econômicos, sociais e técnicos da prestação dos serviços, assim como institui a participação e o controle social. Política de saneamento básico A lei 11.445/07 também estabelece diretrizes para a Política Federal de Saneamento, determinando que a União elabore o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) e a partir disso, oriente as ações e investimentos do Governo Federal. Entretanto, para ter acesso a esses recursos todos os municípios devem elaborar seus planos municipais definindo seus horizontes de universalização da prestação de serviços. Além disso, os municípios, como titulares, têm a obrigação de: 1) Decidir sobre a forma de prestação dos serviços (direta ou delegada) e os procedimentos de sua atuação. 2) Adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, quanto à quantidade, regularidade e qualidade da água potável. 3) Definir o órgão responsável pela sua regulação e fiscalização. 4) Fixar os direitos e deveres dos usuários. 5) Estabelecer os mecanismos de participação e controle social. 6) Construir um sistema de informações sobre os serviços. 7) Definir casos e condições, previstos em lei e nos contratos, para intervenção e retomada da prestação dos serviços. 8) Definir as condições para a prestação dos serviços, envolvendo a sua sustentabilidade e viabilidade técnica, econômica e financeira. 9) Definir o sistema de cobrança, composição de taxas e tarifas e política de subsídios. 11 Plano de Saneamento Básico O plano de saneamento básico é o instrumento indispensável da política pública de saneamento e obrigatório para a contratação ou concessão desses serviços. A política e o plano devem ser elaborados pelos municípios individualmente ou organizados em consórcio, e essa responsabilidade não pode ser delegada. O Plano, a ser revisado a cada quatro anos, deve ter os objetivos e metas nacionais e regionalizadas e ainda os programas e ações para o alcance dessas metas. Ele deve expressar o compromisso coletivo da sociedade em relação à forma de construir o saneamento. Deve partir da análise da realidade e traçar os objetivos e estratégias para transformá-la positivamente e, assim, definir como cada segmento irá se comportar para atingir as metas traçadas. Ele é formulado sob a coordenação do poder público, com a participação de todos que atuam no saneamento num determinado território e pela sua população, independente dela ter acesso ou não ao serviço. É grande a interdependência das ações de saneamento com as de saúde, habitação, meio ambiente, recursos hídricos e outras. Por isso, os planos, os programas e as ações nestes temas devem ser compatíveis com o Plano Diretor do município e com planos das bacias hidrográficas em que estão inseridos. ESGOTO SANITÁRIO Das sociedades mais primitivas até a Revolução Industrial, os componentes principais dos resíduos das aglomerações humanas eram fecais, orgânicos, restos de roupas e utensílios. Na medida em que o capitalismo desenvolveu a ciência e a técnica para a produção de mercadorias, os processos de industrialização e transformação de matérias-primas trouxeram grandes mudanças qualitativas e quantitativas, passando a produzir águas residuárias mais complexas, como os efluentes industriais sintéticos. Os esgotos sanitários representam um saldo energético inaproveitável pelos organismos que o produziram, bem como por aqueles que lhes têm funções ecológicas análogas. Entretanto, para organismos decompositores, a matéria orgânica dos esgotos representa fonte de energia indispensável à sobrevivência e à realização de suas funções ecológicas, principalmente a reciclagem dos nutrientes. A 12 poluição proveniente dos esgotos traduz-se nos corpos hídricos no incremento do consumo de oxigênio devido à intensificação do sistema heterotrófico-saprófito. Segundo prescrito na NBR 9648/86 da ABNT, esgoto sanitário é o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e contribuição pluvial parasitária, sendo: Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas; Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos; Águas de infiltração: toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações; Contribuição pluvial parasitária: parcela deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário. Essas definições já estabelecem as origens das parcelas constituintes do esgoto sanitário. O esgoto doméstico, salvo exceção, a parcela mais significativa do esgoto sanitário é resultado do uso da água nas instalações prediais sanitárias das habitações, estabelecimentos comerciais, instituições públicas, além das instalações sanitárias dos estabelecimentos industriais. 13 O esgoto doméstico, de acordo com a utilização das águas nas edificações pode ter a seguinte classificação (AZEVEDO NETTO et. al, 1998): Esgoto fisiológico (águas imundas ou negras): parcela utilizada na eliminação da material fecal, apresentando alto teor de matéria orgânica e grande quantidade de micro-organismos, inclusive patogênicos; Esgoto de cocção: resultante do processo de preparo e limpeza de alimentos e utensílios (geram gorduras); Esgoto profilático (águas servidas): proveniente da limpeza de corpo, roupas e ambientes. A denominação águas residuárias se aplica aos despejos líquidos, de forma genérica, compreendendo os esgotos domésticos, não domésticos e pluviais (Azevedo NETTO et. al., 1998). Novas definições estão sendo estabelecidas diante das perspectivas de usos distintos de qualidades de águas diferenciadas e pela ampliação do seu reuso. O esgoto doméstico, sem a parcela do esgoto fisiológico, leva a denominação de águas cinza. O sistema de esgotos sanitários é o conjunto de obras e instalações que propicia coleta, transporte e afastamento, tratamento, e disposição final das águas residuárias, de uma forma adequada do ponto de vistasanitário e ambiental. O 14 sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de dejetos humanos com a população, com as águas de abastecimento, com vetores de doenças e alimentos. Com a construção de um sistema de esgotos sanitários em uma comunidade procura-se atingir os seguintes objetivos: afastamento rápido e seguro dos esgotos; coleta dos esgotos individual ou coletiva (fossas ou rede coletora); tratamento e disposição adequada dos esgotos tratados, visando atingir benefícios como conservação dos recursos naturais; melhoria das condições sanitárias locais; eliminação de focos de contaminação e poluição; eliminação de problemas estéticos desagradáveis; redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças; diminuição dos custos no tratamento de água para abastecimento (LEAL, 2008). A rede coletora de esgoto sanitário recebe contribuições de origem não doméstica, podendo ser industriais ou não. Tipicamente, correspondem aos efluentes gerados por diversas atividades econômicas, recreativas e institucionais, tais como: hospitais, clínicas médicas e veterinárias, clubes esportivos, gráficas, lavanderias, oficinas mecânicas, postos de serviços, jóquei, enfim, toda uma sorte de diferentes atividades geradoras de efluentes. Estes, enquadrados enquanto esgoto industrial, somente devem ser lançados na rede coletora de esgoto sanitário dentro dos padrões qualitativos e quantitativos de lançamento, de acordo com as características do sistema existente ou eventual necessidade de adequações ou ampliações. Para isso deve obedecer às seguintes condições técnicas: Coletar, transportar e afastar o esgoto sanitário o mais rapidamente possível a fim de impedir a septicidade; Impedir a entrada de material ou de efluentes nocivos aos constituintes do sistema, condições operacionais e de tratamento; Permitir a continuidade da coleta e transporte; Vedar a passagem de gases e animais pelas canalizações e órgãos acessórios; Permitir a ventilação nos sistemas prediais de esgoto sanitário; Garantir a estanqueidade, impedindo a passagem do esgoto para o ambiente externo ao sistema, bem como a entrada de águas de infiltração e material sólido carreado; 15 Minimizar a formação de gases; Evitar o assoreamento dentro da rede e a formação de depósitos no interior das canalizações e órgãos acessórios; Limitar a velocidade de escoamento para o controle de desgaste por abrasão; Reduzir a perda de carga no sistema; Facilitar inspeções, desobstruções e manutenção em geral; Conceber sistemas emergenciais (extravasores e by pass); Oferecer flexibilidade operacional. As bacias de esgotamento sanitário e pluvial são definidas pelas condições topográficas, uma vez que o regime hidráulico de escoamento é, salvo exceção, o gravitário, de lâmina livre, com ação da pressão atmosférica. O conceito que deve nortear a condição operacional dos sistemas de esgotamento sanitário é o de propiciar a facilidade e rapidez no escoamento, que não deve estar sujeito a mudanças bruscas no fluxo, evitando a produção, o desprendimento de gases e a deposição de material sedimentável. Por outro lado, a redução na perda de carga garante a velocidade de escoamento, otimizando o sistema e seus custos. No dimensionamento da rede coletora de esgoto sanitário, não são consideradas as contribuições pluviais parasitárias e nem as contribuições irregulares ou acidentais provenientes das ligações irregulares e interconexões com o sistema de drenagem pluvial, diferentemente das águas de infiltração. A contribuição pluvial parasitária encontra caminho para a rede de esgoto sanitário através do escoamento das águas pluviais superficiais run off através de tampões de poços de visita, ligações abandonadas e outras entradas, sendo sazonal, condicionada ao regime pluviométrico e às condições de estanqueidade do sistema. Na maioria das vezes, os escoamentos nas tubulações são turbulentos, de regime não permanente, variado, não uniforme, sendo até mesmo descontínuos, principalmente no início dos trechos. Entretanto, para efeito do dimensionamento hidráulico esses sistemas são concebidos utilizando condição simplificada de cálculo, que adota o escoamento laminar, permanente, uniforme (contínuo) e conservativo em cada trecho, com contribuição em marcha crescente de montante para jusante. Em consequência desta simplificação são estabelecidas para os cálculos hidráulicos as 16 condições mais desfavoráveis (a favor da segurança) para cada trecho. (ex: vazão mínima inicial, vazão máxima jusante final, coeficiente de reforço, etc.). A hidráulica das tubulações absorve perfeitamente as variações decorrentes destas simplificações, contanto que sejam bem operadas. As águas de infiltração são águas subterrâneas que penetram indesejavelmente nas canalizações pelas juntas, pelas imperfeições das tubulações (defeitos dimensionais, fissuras, trincas, rupturas), pelas estruturas dos órgãos acessórios, elevatórias, etc. Essas infiltrações decorrem dos tipos e qualidade dos materiais empregados, da qualidade das obras, estado de conservação, condições de assentamento destas tubulações e juntas e das próprias características do meio: nível do lençol freático, clima, composição e estruturação do solo, permeabilidade, vegetação, etc. Os impactos ambientais decorrentes da poluição por esgoto sanitário: No ambiente aquático Aporte de carga orgânica, coliformes fecais, coliformes totais, nutrientes (N, P), resíduos sólidos e óleos e graxas; Alteração da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), cor, turbidez, sólidos em suspensão, taxa de sedimentação e ph; 17 Contaminação por organismos patogênicos e metais pesados; Presença de substâncias químicas não biodegradáveis, gás sulfídrico e gases orgânicos; Proliferação de vetores de doenças; Ocorrência de eutrofização artificial; Formação de escuma e lodo. No ambiente edáfico Contaminação por organismos patogênicos, metais pesados; Ocorrência de erosão; Extravasamento nas vias públicas. No ambiente aéreo Ocorrência de odores desagradáveis. No meio biótico Morte e deslocamento da fauna; Proliferação de vetores e de agentes patogênicos; Alteração na vegetação; Proliferação de algas. Nos ecossistemas Alteração da biodiversidade; Interferência na cadeia alimentar; Alteração dos equilíbrios dos ecossistemas. Os sistemas de esgotos transportam matéria viva que desenvolve diversos processos metabólicos, gerando gases combustíveis e mórbidos de alta periculosidade. Em síntese, o esgoto é um sistema vivo. A insalubridade resultante dos resíduos procedentes de transformações mais complexas de matéria-prima na produção gera novas relações entre população humana, microrganismos e substâncias químicas residuais. 18 Como exemplo tem-se a poluição dos orgânicos persistentes, originários de indústrias químicas, que merecem tratamento especial, pela sua resistência, a processos de tratamento convencional e pelo desenvolvimento de agentes patogênicos multirresistentes aos antimicrobianos de uso médico, presente em efluentes hospitalar. Além das doenças de veiculação hídrica, provocadas pelos organismos encontrados nos esgotos tais como: bactérias, fungos, protozoários, vírus e helmintos; outras existem em que a água pode ser um veículo indireto, sendo o “habitat” para os vetores que transmitem. É o caso da malária, febre amarela, dengue, etc. Um agravante no potencial de contaminação dos esgotos conduzidos pelos sistemas de esgotamento sanitário é o fato de que estes conduzem também efluentes não domésticos (industriais, hospitalares, centros comerciais, etc.), que em muitos casos são conduzidos indevidamente para o lançamento em rede pública, sem um pré-condicionamentonecessário, estando em não conformidade ao prescrito nas regulamentações pertinentes (NT-202 R.10; DZ-2153 R.3; DZ-2054 R.5 da FEEMA - atual INEA5 e NBR 9800/876 da ABNT). A contaminação do esgoto sanitário por agentes patogênicos, inclusive os provenientes de estabelecimentos hospitalares, deveria ser mais estudado, levando- se em consideração sua desinfecção nas estações de tratamento do sistema de esgotamento sanitário coletivo. De uma forma geral, o esgoto transportado atualmente pelo sistema de esgotamento sanitário não é rigorosamente conhecido, nem são conhecidas suficientemente as características intensamente variáveis, sejam dos esgotos sanitários ou dos esgotos pluviais, nem das alterações resultantes da mistura indevida entre eles, de modo a possibilitar respostas confiáveis ao problema da poluição e a apresentação de soluções adequadas. Pelo exposto, fica evidente a necessidade de impedir a possibilidade de contato entre a microbiota fecal e o meio ambiente, população humana e vetores. Desta forma os esgotos só deverão ser encaminhados aos ambientes naturais quando não mais forem esgotos, permitindo assim que sua energia seja reincorporada à biocenose. 19 Guimarães, Carvalho e Silva (2007) explicam que investir em saneamento é uma das formas de se reverter o quadro existente. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde afirmam que para cada R$1,00 investido no setor de saneamento, economiza-se R$4,00 na área de medicina curativa. Entretanto, é preciso ressaltar que o homem não pode ver a natureza como uma fonte inesgotável de recursos, que pode ser depredada em ritmo crescente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser atendidas de maneira racional, evitando a devastação da fauna, da flora, da água e de fontes preciosas de matérias- primas. Pode-se construir um mundo em que o homem aprenda a conviver com seu hábitat numa relação harmônica e equilibrada, que permita garantir alimentos a todos sem transformar as áreas agricultáveis em futuros desertos. Para isso, é necessário que se construa um novo modelo de desenvolvimento em que se harmonizem a melhoria da qualidade de vida das populações, a preservação do meio ambiente e a busca de soluções criativas para atender aos anseios de cidadãos de ter acesso a certos confortos da sociedade moderna. Evolução das Concepções de Saneamento A evolução do conceito de poluição sofre alterações de acordo com seu próprio nível e expansão. As definições clássicas primavam pela conotação estética, de conforto, de incomodidade. Em seguida acrescentou-se gradativamente ao conceito fatores sanitários, econômicos e finalmente, ecológicos, o que demonstra evolução na percepção do problema (SILVA, 1974). Também as concepções de saneamento evoluem subordinadas à leitura que delas fazem os diversos componentes da sociedade e suas classes sociais, ao expressarem seus pontos de vista específicos, visões de mundo e expectativas. A origem das ações de saneamento no Brasil (e em todo o mundo ocidental), enquanto solução coletiva está associada ao controle de doenças infectocontagiosas, a partir de meados do século XIX (COSTA, 1994). As primeiras manifestações de preocupação ambiental têm suas raízes justamente em problemas de saúde pública, nas doenças originadas por déficit dos serviços sanitários, na contaminação atmosférica e nas condições de moradia e trabalho. Assim, a saúde e o meio ambiente 20 formam um conceito binário, em que ambos são inclusos e não excludentes (KLIGERMAN, 2001). A evolução dos sistemas de esgotos, segundo Desbordes (1987 apud SILVEIRA, 1999), pode ser caracterizada pela sequência das seguintes fases: higienista; de racionalização e normalização dos cálculos hidrológicos; e científico- ambiental do ciclo hidrológico urbano. 1) Abordagem higienista O higienismo tem como fundamento a chamada teoria dos meios ou teoria mesológica. Essa teoria trata das relações de reciprocidade entre os seres vivos e o ambiente que lhes dá suporte, ou melhor, estabelece a relação “das características do meio físico sobre as condições de saúde, os aspectos físicos e os costumes dos habitantes de uma certa localidade” (ANDRADE, 1996, p.32). Embora tenha surgido com esse nome no campo da biologia no século XIX, uma primeira sistematização da teoria mesológica remonta a Hipócrates (460-377 a.C.), reaparecendo séculos mais tarde na obra de Vitruvio (80-70 – 15a.C), quando trata da relação entre edifícios e condicionantes físico-naturais. Ainda no século XIX, os campos da medicina e da engenharia a incorporam sob o rótulo de saúde pública e saneamento, respectivamente; ambos considerados como de utilidade pública a partir do século XIX, tornam-se importantes instrumentos de controle social e de gestão da cidade da produção industrial. As políticas de saúde pública e a medicina social estão diretamente relacionadas à urbanização. Segundo o filósofo francês Michel Foucault (1984, p.84), é durante o século XVIII que surge na Alemanha a primeira política pública baseada em higiene, a que ele chama de medicina de Estado, que tem por expoente o médico sanitarista, Johann Peter Frank (1745- 1821). Na Inglaterra, o desenvolvimento da medicina social vincula-se à dinâmica econômica e social, sendo o seu maior objetivo o controle das classes mais pobres, tornando-as mais aptas ao trabalho e assegurando sua saúde que assegura, “por conseguinte, a proteção das classes ricas” (FOUCAULT, 1984, p.95). Já na França, o surgimento da medicina social, em fins do século XVIII, foi impulsionado pelo fenômeno da urbanização decorrente da industrialização. O “fato de que a cidade não é somente um local de mercado, mas um lugar de produção, faz com que se recorra a mecanismos de regulação homogêneos e coerentes” 21 (FOUCAULT, 1984, p.86). Surge aí o Foucault chama de medicina urbana, isto é, “uma medicina das coisas: ar, água, decomposições, fermentos; uma medicina das condições de vida e do meio de existência”. Assim, a medicina passa “da análise do meio à dos efeitos do meio sobre o organismo e finalmente à análise do próprio organismo. Na Antiguidade, os médicos gregos já faziam alusão à relação entre as áreas pantanosas e as doenças (REZENDE & HELLER, 2002). No século XVIII, a Itália constatou que as águas de banhados e zonas alagadiças influenciavam a mortalidade de pessoas e animais. Isto foi rapidamente levado em consideração na Inglaterra, Alemanha e mais tarde na França, consolidando a Teoria dos Miasmas, concepção de contágio atmosférico-miasmático que supunha serem as doenças transmitidas por emanações gasosas provenientes da matéria orgânica em decomposição. Iniciou-se a fase higienista, uma escola de urbanismo caracterizada pela tentativa de assegurar condições ambientais sadias ao ser humano, tendo por fundamentação a implantação de conhecimentos, procedimentos e métodos de referência científica, liderada por médicos que apregoavam a eliminação dos alagados como medida de saúde pública. Alagadiços, valas e fossas receptoras de esgoto cloacal eram aterradas e, posteriormente, substituídos por canalizações, que abriram caminho para os sistemas de esgotos sanitário e pluvial organizados. O higienismo, enquanto abordagem científica contribuiu para uma considerável melhoria da qualidade de vida no meio urbano, para a formulação de políticas de saúde pública e para o traçado dos planos urbanísticos. Entretanto, face à urbanização intensa observada no decorrer do século XX, as soluções de inspiração higienista mostraram-se insuficientes e inadequadas, mas manteve-se como paradigma reinante. 2) Racionalização e normalização dos cálculos hidrológicos As epidemias de cólera nas grandes cidades da Europa do século XIX, principalmente nos anos de 1832 e 1849, impulsionaram as intervenções implementadas pelos engenheiros e urbanistas.Nesta fase procurava-se determinar e normalizar melhor o cálculo hidrológico para dimensionamento das obras hidráulicas. 22 Entre 1850 e fins do século XIX, muitas cidades importantes do mundo foram dotadas de grandes redes unitárias de esgotos. Exemplo da concepção higienista para outros países, e já na fase hidráulica, o “tout-à-l’égout”, sistema de esgoto francês apregoava a idéia do afastamento rápido das águas de origem cloacal ou pluvial da cidade. Planejado e iniciado a partir de 1824, só começou a receber fezes em 1880, durante o mandato do prefeito Haussmann (SILVA, 2002; COSTA, 1994). Por não alterá-la conceitualmente, esta fase pode ser considerada como um aperfeiçoamento da primeira, portanto uma etapa mais avançada da mesma. 3) Abordagem científica e ambiental do ciclo hidrológico urbano Levando-se em conta os conflitos entre as cidades e seus ciclos hidrológicos, a abordagem ambiental e a explosão tecnológica iniciadas pelos países desenvolvidos a partir da década de 1960, expuseram as limitações do higienismo. Silveira (1999) afirma que alguns autores consideram que nesta terceira fase, houve uma etapa, nos anos 70, calcada nas simulações hidrológicas de bacias urbanas, e que somente numa segunda etapa, a partir dos anos 80, a preocupação ambiental realmente tomou forma. O afastamento rápido das águas, sem uma análise temporal e espacial ao longo das bacias hidrográficas, e sem maiores cuidados com os possíveis impactos ambientais colaterais se mostrou limitado no próprio combate às enchentes dos grandes e complexos centros urbanos. O comprometimento dos recursos hídricos exigiu novas formas de problematizar a questão. Em decorrência dos conflitos ambientais e outras incompreensões da complexidade dos ecossistemas nascia o ambientalismo. O desenvolvimento da Ecologia e suas vertentes viria a trazer instrumentos e métodos de análises mais profundos e consistentes às ações antrópicas. No contexto internacional, a preocupação com a questão ambiental tornou-se proeminente e resultou em grandes conferências mundiais sobre o tema. As preocupações ambientais foram expressas por Rachel Carson no seu livro de bolso – hoje clássico da literatura ambientalista - Primavera Silenciosa, de 1962, nas palavras de Aldo Leopoldo em A Ética da Terra, de 1949, por George Perkins Marsh, em Homem e Natureza, 1864, ou pelos expoentes pensadores da Grécia clássica e 23 na serenidade da sabedoria oriental e suas culturas milenares. A Conferência Científica da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Conservação e Utilização de Recursos Naturais, em 1949, foi o primeiro marco na ascensão do movimento ambientalista internacional (MCCORMICK, 1992 apud SILVA, 1999). Já a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, 1972, como marco conceitual da defesa dos recursos naturais visando as condições mínimas de qualidade de vida do homem contemporâneo traduz um amadurecimento no movimento ambiental. No mesmo ano é lançado pelo Clube de Roma o documento “The Limits to Growth”, que estabelecia modelos globais baseados nas técnicas então pioneiras de análise de sistemas, projetados para predizer o futuro caso não houvesse o ajustamento devido nos modelos de desenvolvimento econômico adotados na época. Outros esforços se manifestaram na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (“Rio-92”) e, recentemente, em agosto de 2002, na World Summit on Sustainable Development, em Johannesburgo, na África do Sul (reconhecida por “Rio +10”), que obteve resultados modestos frente às expectativas e necessidades, segundo alguns. O conceito de desenvolvimento sustentável, consolidado na “Rio-92”, busca um novo modelo de desenvolvimento pautado no respeito ao meio ambiente, na justiça social e na participação do cidadão. Define-se como aquele que garante as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras. A Agenda 21 (global) e a Carta da Terra surgem da “Rio-92” como um paradigma a ser vencido através da evolução conceitual e prática das propostas ambientais a partir da necessidade de interações em nível planetário. As conferências internacionais contribuem para que as nações exponham seus pontos de vista a respeito da questão ambiental e seu comprometimento (ou não) de reversão do cenário crítico atual. Não obstante, críticas foram feitas aos diversos conceitos difusos relacionados ao que seja “desenvolvimento sustentável”. Feldmann & Bernardo (1994 apud Silva, 1998) afirmam o caráter elitista e conservador desse conceito. Para tais autores, este não é necessariamente um novo paradigma, que suporia alterações estruturais, mas um rearranjo de forças, uma espécie de movimento de modernização conservadora, de base ambientalista. Assim, quanto mais este conceito é usado, mais fica deprimido 24 seu potencial de significar um “novo” pensamento social. Para Zorzal (1999), este conceito foi em parte digerido pelo poder hegemônico e inserido em sua agenda. Alguns preferem ampliar o conceito e melhor precisá-lo através de novas terminologias, tais como: cidade sustentável, sociedade sustentável, modo de vida sustentável, incorporando a necessidade de erradicação da pobreza e das desigualdades sociais enquanto preceitos de sustentabilidade. No Brasil, a reformulação dos currículos plenos dos cursos de engenharia, no limiar da década de 80, passou a exigir a disciplina Ciências do Ambiente, dentro do currículo do engenheiro pleno, o que reflete preocupações e aspirações da sociedade, a quem os técnicos prestam seus serviços. Para Silveira (1999), a maioria das obras de drenagem urbana no Brasil ainda segue o modelo higienista. A análise ambiental multidisciplinar depende diretamente das condições locais. Por isso, a prática de transferência de resultados ou métodos é bem menos aceitável hoje do que o era nas etapas higienistas. A maior resistência a esta nova modelagem reside no fato de que sua implantação é complexa e custosa. DRENAGEM URBANA Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente sistemas preventivos de inundações; empoçamentos; erosões, ravinamento e assoreamentos, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos ou marginais de cursos naturais de água. No campo da drenagem urbana, os problemas agravam-se em função da urbanização desordenada e falta de políticas de desenvolvimento urbano. Os principais tipos de sistemas de drenagem são: sistema de drenagem superficial e sistema de drenagem subterrânea. O primeiro utiliza guias, sarjetas, calhas, com objetivo de interceptar as águas provenientes das chuvas, e que têm como deságue corpos receptores, como rios, córregos e outros. Esse sistema pode estar ligado, também, às galerias e tubulações de um sistema de drenagem subterrâneo. E o segundo utiliza dispositivos de captação, como bocas de lobo, ralos, caixas com grelha, para encaminhar as águas aos poços de visita e daí para as galerias e tubulações, e que tem como deságue corpos receptores, como rios, córregos e outros. 25 Um adequado sistema de drenagem urbana, seja de águas superficiais ou de águas subterrâneas, onde esta drenagem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como: desenvolvimento do sistema viário; redução de gastos com manutenção das vias públicas; valorização das propriedades existentes na área beneficiada; escoamento rápido das águas superficiais, reduzindo os problemas do trânsito e da mobilidade urbana por ocasião das precipitações; eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais; rebaixamento do lençol freático; recuperação de áreas alagadas ou alagáveis; segurança e conforto para a população. Além dos próprios cursos d’água naturais e artificiais, as diversas estruturas e procedimentosque compõem o sistema de drenagem objetivam assegurar o trânsito de pedestres e veículos, controlar as erosões, proteger propriedades particulares localizadas em áreas sujeitas à erosão e/ou inundação, proteger logradouros e vias públicas, proteger e preservar obras, edificações e instalações de utilidade pública, proteger e preservar fundos de vale e cursos d’água e eliminar a proliferação de doenças e de áreas insalubres (BARROS et al., 1995). Entre os serviços de saneamento, o manejo de águas pluviais (MAP) em áreas urbanas constitui um dos mais importantes, considerando o crescimento das cidades e o planejamento urbano, bem como a manutenção das condições de segurança e de saúde da população. Este serviço compreende essencialmente: - a coleta, o escoamento e a drenagem das águas das chuvas por equipamentos urbanos compostos por redes de drenagem subterrânea e superficial, em bueiros, bocas de lobo e sarjetas; 26 - dispositivos dissipadores de energia e controle de vazão, e a posterior disposição dos efluentes em pontos de lançamento ou corpos receptores; - objetivam o escoamento rápido das águas por ocasião das chuvas, prevenindo inundações, visando à segurança e à saúde da população; - além de permitir a ampliação do sistema viário. Aproximadamente 95% dos municípios fazem MAP, sendo que a maioria utiliza cursos d’água permanentes como principais corpos receptores (lagos, rios, córregos, riachos, igarapés, etc.). Neste sentido, em um contexto de crescente impermeabilização e redução da capacidade dos solos em infiltrar as águas das chuvas, o correto funcionamento e a manutenção do sistema de drenagem urbana permitem a atenuação de problemas ambientais, especialmente processos erosivos acelerados, assoreamento e inundações. Além disso, o rápido escoamento das águas pluviais previne a formação de poças e alagados, evitando a proliferação de mosquitos, responsáveis pela transmissão de doenças, como a dengue, a febre amarela, a malária e a leishmaniose. Uma variável importante para avaliar a qualidade do manejo de águas pluviais é a pavimentação de ruas com sistema de drenagem subterrânea (tubulações e/ou galerias e/ou canais) na área urbana. Os maiores percentuais (acima de 50%) de vias pavimentadas são encontrados nos municípios das Regiões Sul e Sudeste do País. Cerca de 27,3% dos municípios que fazem MAP informaram a existência de processos erosivos que afetaram o sistema de drenagem urbana, e 32,3% declararam ter erosão na área urbana nos últimos cinco anos, a partir da data de referência da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB 2008. Entre estes, a maioria (63%) associou a erosão urbana (do tipo laminar) a terrenos sem cobertura vegetal, e 47% afirmaram possuir erosão do leito natural de cursos d’água. Entre os fatores agravantes da erosão foram mencionados, principalmente, o sistema inadequado de drenagem urbana (48% dos municípios com o problema), as condições geológicas e morfológicas do terreno (48% das municipalidades), e a ocupação intensa e desordenada do solo (46% dos municípios), além de outras causas (desmatamento, lançamento inadequado de lixo, etc.). 27 Em sistemas de drenagem muito antigos ou cujo dimensionamento e/ou ampliações não acompanharam o crescimento da área urbana e do sistema viário dos municípios, há a tendência de acumulação do material sedimentar erodido. O assoreamento do sistema de drenagem urbana atinge 40% daqueles que fazem MAP, e é um dos importantes causadores do estrangulamento do sistema de drenagem urbana, propiciando inundações, que ocorrem em 43% dos municípios que realizam MAP. Sem o controle da erosão, os corpos receptores têm seu potencial de vazão diminuído com o assoreamento, criando sérios problemas por ocasião de grandes chuvas. Em 19% dos municípios com MAP, ocorre associação entre erosão e assoreamento, e em 25% deles há uma conjugação do assoreamento com as inundações. As inundações ocorreram, predominantemente, em áreas urbanas naturalmente inundáveis por cursos d’água (61% dos municípios com declaração de ocorrência de inundações). Foram associadas, principalmente, a obstrução de bueiros e de bocas de lobo (45% dos municípios com este problema ambiental), a ocupação intensa e desordenada do solo (43% dos municípios), e a outras causas (obras inadequadas, dimensionamento incorreto do projeto, lançamento de lixo, etc.). A gestão adequada de bacias hidrográficas, o controle sobre a retirada da cobertura vegetal e a ocupação do solo são fundamentais para o bom funcionamento dos sistemas de drenagem urbana. As inundações, quando associadas ao lançamento de esgoto não tratado em rios e a disposição inadequada do lixo, podem causar sérios problemas sanitários e de saúde pública, e contribuir para disseminar doenças de veiculação hídrica, aumentando a incidência de leptospirose, de hepatites virais, de diarreias e outras. A leptospirose, por exemplo, é uma doença transmitida principalmente através do contato com a água contaminada pela urina de ratos. No ano de 2008, cerca de 12% dos municípios brasileiros apresentaram casos confirmados desta doença, e em 3% ocorreram óbitos, sendo os maiores números (de casos e de óbitos) verificados nas regiões metropolitanas. Por outro lado, as taxas de internação foram mais altas no Sul do País, sobretudo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e estão associados às fortes inundações ocorridas neste ano. Ressaltamos, portanto, que a principal 28 estratégia de controle deste tipo de doenças é o investimento em infraestrutura de saneamento. Embora a grande maioria dos municípios brasileiros disponha do serviço de coleta de lixo, pouco mais da metade (50,8%) o destina para vazadouros a céu aberto (lixões). Apesar disso, houve um decréscimo em relação ao ano de 2000, quando o percentual era 72,3%. Ao analisar este indicador por estrato populacional, mais da metade dos municípios pequenos destinavam seus resíduos para lixões (52% dos municípios com até 20 mil habitantes, 53% dos municípios entre 21 e 100 mil habitantes). Trata-se de um grande desafio a ser enfrentado, pois a disposição inadequada do lixo pode causar poluição das águas e do solo, bem como problemas de saúde, sobretudo para os catadores de lixo. Uma das soluções mais viáveis para reduzir o volume de lixo produzido, e, consequentemente, a disposição inadequada dos resíduos sólidos, é a coleta seletiva do lixo. Esta vem se expandindo no País, tendo passado de 8,2% dos municípios, em 2000, para 17,9%, em 2008, sobretudo nos estados das Regiões Sul e Sudeste. O percentual ainda é baixo, sendo que entre os que realizam a coleta seletiva, apenas 38% a fazem em todo o município. A coleta seletiva contribui para diminuir a quantidade de resíduos disposta em aterros sanitários e outros destinos, gera empregos, melhora a condição de trabalho dos catadores de lixo, permite a reciclagem e, com isso, economiza energia e recursos naturais. Um indicador relevante no contexto das preocupações sobre saneamento, meio ambiente e saúde pública é a destinação final dos resíduos sólidos especiais. Aproximadamente 42% dos municípios brasileiros depositam o lixo séptico (hospitalar) em conjunto com os resíduos comuns, sobretudo nas Regiões Nordeste e Norte, enquanto os demais os enviam para locais de tratamento ou aterros de segurança. Em relação às embalagens vazias de agrotóxicos, nos estados do Centro Sul está o maior número de áreas com lavouras que controlam o manejo destas embalagens, destacando-se o Paraná, o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul. Por outro lado, diversos municípios declararam existir poluição por agrotóxicos nos três tipos de captação de água para o abastecimento urbano (superficial, poço raso e poço profundo), notadamente na captação superficial. Isto pode ser explicado pelo grande29 volume destas substâncias aplicado nas lavouras, e sua proximidade dos pontos de captação, associados a algumas propriedades dos agrotóxicos, que podem ser persistentes, móveis e tóxicos na água, afetando sobremaneira as águas em superfície. 30 REFERÊNCIAS AZEVEDO NETTO, J.M. de; BOTELHO, M.H.C.; GARCIA, M. (1983) A Evolução dos Sistemas de Esgotos. Rio de Janeiro: Engenharia Sanitária, v. 22, n. 2, p.226- 228. BARROS, R. T. V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios – volume 2). BRASIL. Lei 11.445, 5 jan. 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Publicado no DOU de 8.1.2007 e retificado no DOU de 11.1.2007. CAVINATTO, V. M. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. São Paulo: Ed. Moderna, 1992. COSTA, A.M. (1994) Análise Histórica do Saneamento no Brasil. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - ENSP, Fiocruz, Rio de Janeiro, 163 p. FEEMA, NT-202. (1986) Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos. Rio de Janeiro,. rev. 10, 6 p. _____. DZ-205. (1991) Diretriz de Controle de Carga Orgânica em Efluentes Líquidos de Origem Industrial. Rio de Janeiro: FEEMA. rev. 05, 5 p. _____. DZ-215. (2002) Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável em Efluentes Líquidos de Origem Não Industrial. 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