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LEGISLACAO ADM - LAGO 4 bim

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LAGO VAZ 
advogado 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
 
1. CONCEITO DIREITO TRIBUTARIO 
Hugo de Brito Machado - O ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a 
imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra 
abusos desse poder. 
1.1 Fisco – é a denominação dada ao Estado enquanto desenvolve atividade de tributação. 
1.2 Objeto do Direito Tributário – regular as relações fisco-contribuinte; regular o poder de tributar do 
Estado 
1.3 - Função dos Tributos – a) Fiscal: quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos financeiros 
para o Estado; b) Extrafiscal: quando seu objetivo principal é a interferência do domínio econômico, 
buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros. 
 
 
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 
O STN é a principal diretriz do Direito Tributário. Estabelece regras básicas regentes da relação do 
Estado/contribuinte, definindo as espécies de tributos, as limitações do poder de tributar, a distribuição de 
competências tributárias e a repartição das receitas. 
 
O STN é o conjunto de princípios constitucionais que informa o quadro orgânico de normas fundamentais e 
gerais de Direito Tributário vigentes em determinado país. 
 
A CF, em regra, não institui tributos, mas sim estabelece a repartição de competências entre União, Estados e 
Municípios e permite que os mesmos instituam com o observância do princípio da reserva legal. 
 
A CF reservou a Lei Complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146). Em 
regra, que instui os tributos são as leis, principalmente as ORDINÁRIAS. 
 
2. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
A CF, em regra, não institui tributos, mas sim estabelece a repartição de competências entre União, Estados e 
Municípios e permite que os mesmos instituam com o observância do princípio da reserva legal. 
 
A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções 
internacionais, resolução do senado, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em 
parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes (Art. 96 do CTN). Este rol não é exaustivo, 
devendo ser compreendido como “legislação tributária” todo ato normativo que verse sobre matéria 
tributária, desde a Constituição Federal até uma ordem de serviço local. 
 
● Os tributos são instituídos através de Lei Ordinária, ressalvados nos casos expressos, haverá a necessidade 
de Lei Complementar. 
 
Leis (em sentido estrito) 
Somente a lei pode estabelecer (lei ordinária ou complementar, dependo da exigência 
constitucional): 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito 
passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de 
penalidades. 
 
Medida Provisória - É possível a adoção de medida provisória para tratar de matéria tributária se observados 
os requisitos constitucionais e não tratar-se de matéria reservada à Lei complementar. Mas tem se tornar lei 
em 60 dias. 
 
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2.1 - VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
2.1.1 - Vigência e aplicação - Vigência é a aptidão para incidir, para dar significação jurídica aos fatos. Se a 
lei é vigente e ocorre a situação nela prevista (hipótese de incidência), a mesma, automaticamente, incidirá. 
A aplicação depende sempre de alguém e, sendo assim, poderá ocorrer ou não. 
2.1.2 - Vigência da legislação tributária no espaço - A legislação tributária vigora nos limites do território 
da pessoa jurídica que edita a norma. 
 
2.1.3 - Vigência da legislação tributária no tempo - A lei passa a produzir efeitos a partir da data 
mencionada no seu próprio texto, observado, em relação a exigência ou aumento de tributos, o princípio da 
anterioridade. Se não constar nenhuma disposição sobre o termo inicial de vigência, a lei entra em vigor 45 
após a publicação, conforme a Lei de Introdução ao Código Civil. 
 
2.1.4 - Retroatividade Benigna - A lei, a princípio, não retroage, posto que o tempo é irreversível. Todavia 
o art. 106 do CTN trata da situação excepcional que consiste na aplicação de uma lei em relação a fatos já 
ocorridos, quando deixe de tratá-lo como infração ou quando lhe comine penalidade menos severa que a 
prevista pela lei vigente quando de sua prática. (Extinção ou redução de penalidades). Esta norma, 
entretanto, não gera direito a restituição de valores já pagos. 
 
3. PODER DE LIMITAÇÃO DE TRIBUTAR 
A limitação ao poder de tributar é essencial para a garantia da segurança jurídica e dos direitos individuais, 
em especial o de propriedade, evitando abusos e arbitrariedade e permintindo 1 relação respeitosa entre a 
Fazenda Pública e o contribuinte. 
 
A limitação ao poder de tributar é feito através dos princípios constitucionais tributários, imunidades e 
isenções tributárias. 
 
 
3.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIO 
 
a) Princípio da Legalidade (art. 150, I, da CF/88) - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. 
A União/Estados/Municípios só poderão instituir tributos através de lei. A inobservância acarretará a 
inconstitucionalidade desde a sua origem. 
 
● Tal princ. expressa a justiça e a segurança jur. que devem permear a relação jur. tributária estabelecida 
entre o particular/fisco, e funciona como verdadeiro instrumento de limitação aos governantes. 
 
● Os tributos são instituídos através de Lei Ordinária, ressalvados nos casos expressos, haverá a necessidade 
de Lei Complementar. 
 
b) Princípio da Igualdade ou da Isonomia (art. 150, II, da CF/88) 
Não deve haver tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente, assim como 
qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função por eles exercida, independente da 
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. 
 (art. 150, II): todos são iguais perante a lei, mas há necessidade de tratamento igual ‘aqueles 
contribuintes que se encontrem em situação idêntica, e desigual aos que estejam em situações 
diversas, na medida da desigualdade, não devendo ser consideradas as distinções operadas em razão 
de profissão ou função exercida. 
 
c) Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a” da CF/88) – É vedado a cobrança de tributos em relação 
a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. 
 
● A lei a ser aplicada é sempre aquela vigente à época da ocorrência do fato gerador. 
● Exceção: lei expressa – redução ou dispensa de pagamento de tributo (benefício ao contribuinte). 
 
d) Princípio da Anterioridade (do exercício e nonagesimal) (art. 150, III, “b” e “c” da CF/88) - É vedada a 
cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e antes de decorridos noventa dias em que haja 
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Exceções: imposto de importação (II), imposto de 
exportação (IE), imposto sobre produto industrializado (IPI), imposto sobre operações financeiras (IOF), 
ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes, CIDE petróleo, empréstimo compulsório para casos de 
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calamidade publica ou guerra externa, imposto extraordinário de guerra e contribuições para o financiamento 
da seguridade social, que juntamente com o IPI obedecem somente a noventena. 
 (art. 150, III, “b”): nenhum tributo poderá ser cobrado no mesmo exercício financeiro em que haja 
sido publicado a lei que o instituiu ou aumentou. 
 
e) Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º da CF/88) 
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundoa capacidade econômica 
do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e 
as atividades econômicas do contribuinte. 
f) Princípio da Vedação do Confisco (art. 150, IV da CF/88) - É vedada a utilização do tributo com efeito 
de confisco, impedindo que o Estado, com o pretexto de cobrar tributo, se aposse dos bens do contribuinte. 
● Confisco – é o ato do poder público de decretar a apreensão, adjudicação ou perda de bens pertencentes aos 
contribuintes, sem contrapartida ou justa indenização. 
 
g) Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 150, V da CF/88) – É vedada estabelecer limitações ao tráfego 
de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio 
pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. 
 tem como fundamento o direito constitucional assegurado no art. 5º - direito de locomoção em todo 
o território nacional. 
● Pedágio – é permitido desde que tenha caminho alternativo. 
 
h) Princípio da Transparência dos Impostos (Art. 150, §5º da CF/88) - A lei determinará medidas para que 
os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. 
 
i) Princípio da Uniformidade (Art. 151,I da CF/88) - É vedado à União instituir tributo que não seja 
uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao 
Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais 
destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País. 
● Finalidade: evitar guerra fiscal entre os Estados. 
 
j) Princípio da Seletividade (Art. 153, §3º da CF/88) - A tributação deve ser maior ou menor dependendo 
da essencialidade do bem. Possui aplicação obrigatória quanto ao IPI e facultativa para o ICMS e IPVA. 
 
h) Princípio da Não-Diferenciação Tributária (Art. 152 da CF/88) - É vedado aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em 
razão de sua procedência ou destino. 
 
i) Princípio das Imunidades Tributárias (Art. 150, VI, “a” da CF/88) 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre: patrimônio, 
renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos 
políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e 
de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado a sua impressão. 
 
j) Princípio da Competência (segundo Hugo de Brito Machado) 
A entidade tributante há de restringir sua atividade tributacional àquela matéria que lhe foi 
constitucionalmente destinada. 
 
k) Princípio da Razoabilidade: exige proporcionalidade, justiça e adequação entre a instituição do tributo e 
o fim almejado. 
● A instituição de tributo deve ser da maneira menos gravosa possível para os contribuintes 
 
 
3.2 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS (CF, art. 150, VI) 
As imunidades tributárias implicam 1 dispensa constititucionalmente qualificada de 
pagamento de tributos, e que, por se encontrar fora do campo de incidência da exação desde a origem. 
 
Sua importância é tamanha no contexto do STN que o STF considera as normas 
imunitórias verdadeiras cláusulas petreas, inalcançáveis por meio EC, e, portanto, só passíveis de alteração 
mediante a instalação do Poder Constituinte Originário. 
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a. IMUNIDADE RECÍPROCA (art. 150, VI, a): também conhecida como “imunidade das entidades 
políticas” ou “imunidade mútua”. 
 
● Impossibilidade da instituição de tributos entre os entes federativos – União, Estados e Municípios. 
 
B) IMUNIDADE DOS TEMPLOS RELIGIOSOS (art. 150, VI, b) – tem como fundamento resguardar 1 
direito e garantia fundamental dos cidadãos, o que impede a cobrança de impostos sobre templos, 
independentes da extensão da igreja, beneficiada ou da quantidade de adeptos. 
 
● o STF tem o seguinte entendimento sobre templo – é aquilo que o apresenta em sua esfera institucional, 
como entidade, organização ou associação mantenedora do templo religioso, desde que haja o reinvestimento 
integral do montante oriundo das atividades conexas na consecução dos objetivos institucionais da Igreja, e 
que não ocorra prejuízo à livre concorrência. 
 
C)IMUNIDADE PARA PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS, INSTITUIÇÕES DE 
ENSINO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (art. 150, VI, c) 
● Partidos Políticos – visa a proteção da liberdade política nacional, estimulando o debate de idéias e de 
posições políticas variadas por meio dos partidos políticos, que servem de instrumento de sustentação e 
autenticidade do regime democrático nacional. Desta forma, estimula o pluripartidarismo. Para gozar desse 
direito o partido político deve, obter, perante o TSE, o seu registro. 
● Entidades Sindicais - encerra tutela da liberdade sindical. 
Esta isenção é tão somente para as entidades sindicais dos trabalhadores – sindicatos, federações, 
confederações e centrais sindicais. 
 
● Entidades Assistenciais – tem como finalidade difundir a prática da assistência social (arts. 203 e 204) tais 
como maternidade, segurança, saúde, moradia, trabalho, etc. 
● Instituições de Ensino – visa estimular a difusão da educação e do ensino no país. 
A imunidade, neste caso, deve ser vista da forma mais ampla possível, ou seja, estimula-se tanto a 
educação formal ou curricular (escolas, universidades, faculdades, etc) como a informal e 
extracurricular (bibliotecas, centros de pesquisas, museus, etc). 
 
d) IMUNIDADE PARA LIVROS, JORNAIS, PERIODICOS E O PAPEL DESTINADO À SUA 
IMPRESSAO (CF, art.150, VI, d) - visa tutelar a liberdade de expressão, a ampla difusão da cultura e 
utilidade social. 
 
3.3 ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS 
As imunidades tributárias não se confundem com a possibilidade dos entes federativos 
concederem isenções tributárias, que correspondem a dispensa do pgto do tributo por expressa disposição 
legal e não constitucional (STF). 
 
A concessão de isenção é ato discricionário do ente federativo competente para 
instituição do tributo, aplicável a todas as espécies tributárias e deve estrito respeito ao princípio da reserva 
legal. 
 
A isenção poderá revogada a qualquer tempo, tornando-se o tributo exigível de imediato. 
 
 
4. TRIBUTOS 
4.1 Conceito: art. 3.º do CTN - “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante 
atividade administrativa plenamente vinculada.” 
 
4.2 CARACTERÍSTICAS 
 
a) o caráter pecuniário da prestação tributária (como prestação em moeda); 
b) compulsoriedade (obrigatoriedade) 
c) natureza não sancionatória de ilicitude (não pode ser encarado como 1 pena ou multa); Não têm o 
escopo de ser uma punição pelo eventual descumprimento de alguma norma jurídica por parte do 
contribuinte. 
d) origem legal do tributo; - só pode ser instituido por lei/principio da legalidade 
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e) natureza vinculada da atividade administrativa (a atividade de cobrar tributos deve seguir exatamente 
a previsão legal. 
 
4.3. ESPÉCIES DE TRIBUTOS 
 
As 5 espécies de tributos (impostos, taxas, contribuições de melhorias, empréstimo compulsório e 
contribuições sociais) estão inseridas no Capítulo I do Título VI da CF. Esse capítulo é denominado 
“Sistema Tributário Nacional”. Já no CTN, só estão descritas 3 espécies de tributos – impostos (art. 16); 
taxas (art. 77) e contribuiçao de melhoria (art. 81). 
 
 
4.3.1. Impostos (CF, art. 145, I e CTN, art. 16) 
Conceito: é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade 
estatal específica relativa ao contribuinte” (CF,art. 145, I e CTN, art. 16). Denominado pelos tributaristas 
ibéricos tributo sem causa, tem fundamento de validade no poder de império do ente tributante. A título de 
ex. (ICMS), (ISS), IPI, IOF, ETC. 
São os tributos economicamente mais importantes, pois se destinam, primordialmente, à arrecadação 
de fundos para consecução dos fins do Estado (ex. pagamento dos servidores, construção de escolas, 
estradas e hospitais, etc). De acordo com a classificação desenvolvida por Geraldo Ataliba, os impostos são 
tributos não vinculados, isto é, não se faz necessário que a União, os Estados-membros, os Municípios ou o 
Distrito Federal prestem, por ex., um serviço público ou realizem uma obra pública para poderem cobrar 
imposto, pois não há uma equivalência entre o montante que 1 pessoa paga a título de imposto e o que o 
Estado reverte em seu benefício, ou seja, não há necessidade de uma contraprestação por parte do ente 
tributante. 
Como já mencionado, imposto é modalidade de tributo que tem por hipótese de incidência um 
comportamento do contribuinte ou uma situação jurídica na qual ele se encontra, e nunca uma atuação 
estatal. A CF é quem diz quais são os impostos e quem tem competência para instituí-los e cobrá-los. 
Os impostos podem ser instituídos pela União (IR (imposto de renda), IPI (imposto sobre produtos 
industrializados, etc); Estados (IPVA (imposto sobre propriedade de veículos automotores); ITCMD 
(imposto sobre transmissão causa mortis e doação) ; ICMS (imposto sobre circulação de produtos e 
mercadorias), etc; Municípios (IPTU (imposto predial e territorial urbano), ITBI (imposto sobre transmissao 
de bens imóveis); ISS (imposto sobre serviços), etc; Distrito Federal (tem competência híbrida – tanto de 
Estado como de município). 
 
4.3.2. Taxa (CTN, art. 77 e CF, art, 145, II) 
Trata-se de modalidade prevista no inciso II do artigo 145 da CF, 2º o qual taxa é tributo que tem 
por hipótese de incidência uma atuação estatal diretamente referida ao contribuinte consistente em um 
serviço específico e divisível ou em um ato de polícia. Assim, é de se afirmar que se trata, de acordo com a 
clássica classificação de Geraldo Ataliba, de tributo vinculado a uma atuação estatal. Deve-se salientar que a 
especificidade da taxa advém de seu fato gerador ser uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte. 
Assim, somente a prestação de um serviço público ou a prática de ato de polícia são hipóteses de incidência 
deste tributo. Outrossim, qualquer outra pretensa modalidade de taxa deve ser repugnada por absoluta 
inconstitucionalidade. As taxas podem ser instituídas por todos os entes federativos. 
a) Taxa de serviço: É modalidade de taxa que tem por hipótese de incidência um serviço público específico e 
divisível prestado ao contribuinte ou colocado à sua disposição. Ex. serviço de segurança pública, o serviço 
diplomático, o serviço de defesa da soberania nacional e serviço de iluminação pública; serviço de 
fornecimento domiciliar de água potável, o serviço de fornecimento domiciliar de energia elétrica, o serviço 
de transporte coletivo etc 
b) Taxa de polícia: É a espécie de tributo que tem por hipótese de incidência um ato de polícia de efeitos 
concretos, ou seja, um ato que se refere diretamente ao contribuinte e que envolve o exercício do 
chamado poder de polícia. Poder de polícia é a faculdade que o Estado tem de, observados os limites 
constitucionais, baixar regras de nível constitucional legal ou infralegal para disciplinar o exercício dos 
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direitos à liberdade e à propriedade das pessoas, compatibilizando-os com o bem comum. Ex. porte 
de arma, passaporte, etc. 
4.3.3 Contribuição de Melhoria (CTN, arts. 81 e CF, art. 145, III) 
Prevista no artigo 145, inciso III, da Carta Magna, e regulamentada pelos artigos 81 e 82 do CTN, 
trata-se de modalidade de tributo que tem por hipótese de incidência uma atuação estatal indiretamente 
referida ao contribuinte. Diz-se que a atuação estatal é indiretamente referida uma vez que se faz necessário 
que o contribuinte experimente uma valorização imobiliária que decorra de obra pública. Desta forma, temos 
que a contribuição de melhoria tem como fato gerador a valorização do imóvel do contribuinte em 
decorrência de obra pública. 
As contribuições de melhorias podem ser instituídas por todos os entes federativos. 
 
4.3.2.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO 
Modalidade tributária prevista no art. 148 da CF, os empréstimos compulsórios são tributos 
restituíveis. Segundo Aliomar Baleeiro, “no empréstimo forçado, não há acordo de vontades nem contrato de 
qualquer natureza. Unilateralmente, o Estado compele alguém, sob sua jurisdição, a entregar-lhe dinheiro, 
prometendo o reembolso sob certas condições ou dentro de certo prazo”. 
De acordo com a hipótese de incidência, os empréstimos compulsórios poderão assumir quaisquer 
formas que correspondam às espécies de tributo. Normalmente os empréstimos compulsórios acabam 
revestindo-se da natureza de imposto. 
Somente a União, por meio de lei complementar, pode instituir empréstimos compulsórios, e quando 
o fizer deverá permanecer dentro de seu campo de competência tributária. Não poderia, por exemplo, criar 
empréstimo compulsório sobre venda de mercadorias, uma vez que essa atribuição é de competência dos 
Estados-membros. 
A aplicação dos recursos provenientes desse tributo deve ser vinculada à despesa que o fundamentou 
(artigo 148, parágrafo único, da Constituição Federal). Esse dispositivo representa uma garantia ao 
contribuinte. “Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - 
para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua 
iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, 
observado o disposto no art. 150, III, b. 
4.3.5 CONTRIBUIÇÕES 
 
Modalidade tributária prevista nos artigos 149 e 195 da Constituição Federal são instituídas 
pela União. Também chamadas de contribuições parafiscais (seu objetivo é a arrecadação de recursos 
para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas que esta 
desenvolve através de entidades especificas). 
Ela se traduz pela delegação da capacidade tributária ativa, com a conseqüente utilização do 
montante arrecadado pela entidade autorizada (entidade beneficiada pela delegação). Tal benesse é 
concedida por meio de lei, só podendo se voltar em favor de pessoas jurídicas de direito público (como 
autarquias - INSS) e de pessoas jurídicas de direito privado perseguidoras de finalidade pública (SESI, 
SESC, SENAI, SENAC, OAB, CREA, etc). 
Na realidade, são tributos destinados à coleta de recursos para certas áreas de interesse do 
poder público, na Administração direta ou indireta, ou na atividade de entes que colaboram com a 
Administração. 
a) Classificação das Contribuições (Artigo 149 da Constituição Federal) 
As contribuições sociais tem destinação certa, possuem finalidades específicas e, de acordo com 
essas, classificam-se em: 
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• Contribuição de intervenção no domínio econômico: possuem, como principal finalidade,a 
intervenção do Estado nas relações econômicas, de forma a regulá-las em prol dos objetivos 
constitucionais. Ou seja, na medida em que os princípios da Ordem Econômica, inseridos no 
art. 170 e os princípios do art. 3º, ambos da CF, não estão sendo exercitados pela iniciativa 
privada em suas relações econômicas, o Estado poderá intervir para restabelecer o controle em 
prol do desenvolvimento social. Para tanto, poderá utilizar-se da contribuição interventiva para 
alcançar esses objetivos e realizar suas políticas públicas necessárias para o alcance de suas 
finalidades. Certo, é que qualquer tributo interfere no domínio econômico. Porém, esta espécie 
de contribuição social tem como objetivo exclusivo o da intervenção no domínio econômico, 
com função nitidamente extra-fiscal. A extrafiscalidadeé entendida através do emprego dos 
instrumentos (por quem os tenha à disposição), com finalidade de não auferir receita para os 
cofres públicos, mas de disciplinar comportamentos, tendo em vista alcançar objetivos 
econômicos ou sociais. Ex. CIDE DO COMBUSTÍVEL (contribuição de intervenção no 
domínio econômico – Lei 10.336/01 - A Cide serve para isso, para ser um colchão e evitar que 
o preço do petróleo brasileiro mude no sobe-e-desce do mercado internacional) 
 Contribuição social de interesse de categorias econômicas ou profissionais: na lição de Hugo 
de Brito Machado, temos que esta se trata de contribuição “destinada a propiciar a organização 
dessas categorias, fornecendo recursos financeiros para a manutenção de entidade associativa”. 
– São tributos pagos no interesse de categorias profissionais ou econômicas, exercem atividade 
de cunho estatal, quando atuam e fiscalizam as atividades desenvolvidas por estes grupos. 
Destinando-se aos custeio das atividades dos órgãos sindicais e profissionais, inclusive para 
execução de programas das aludidas categorias, como a contribuição para a OAB, CFM, 
Sesi/Senai/Sesc/Senac e etc. Encontram fundamento constitucional no art. 149, que diz que 
poderão ser instituídas contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, 
como instrumento de atuação estatal nas respectivas áreas. Funcionam como instrumento do 
Estado no acompanhamento do exercício das atividades dessas categorias, profissionais ou 
econômicas, que estejam sob sua coordenação. 
 Contribuição Social para custeio da Seguridade Social: São tributos destinados ao custeio da 
Seguridade Social, financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, 
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do DF e dos Municípios 
– ex. COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), PIS (programa de 
integração social), SAT (Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho); etc. Conforme 
definido pela CF, tem-se que as contribuições sociais possuem regime jurídico bem definido, 
conforme ensina o artigo 195/CF: “A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, 
de recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios e das seguintes contribuições Sociais:” dos empregadores, incidente sobre a folha 
de salários, o faturamento e o lucro; dos trabalhadores; sobre a receita de concursos de 
prognósticos. 
 
 
5. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA e PARTILHA DE RECEITAS 
A Competência tributária é a aptidão para criar, através de lei, os tributos, de acordo com o previsto na 
Constituição. Partilha de receitas é a distribuição entre a União, Estados, Distrito Federal e municípios das 
receitas dos impostos. 
 
5.1. Competência Tributária da União 
a) Impostos de Importação, Exportação, IPI, Imposto de Renda, IOF, ITR e Imposto sobre as Grandes 
Fortunas, previstos no art. 153. 
b) empréstimos compulsórios (art. 148); 
c) contribuições (art. 149 e 195); 
d) taxas e contribuições de melhoria. 
 
5.2 - Competência Tributária dos Estados e Distrito Federal 
a) ITCD, ICMS, IPVA (art. 155); 
b) taxas e contribuições de melhoria. 
c) contribuição social dos servidores (art. 149) 
 
5.3 - Competência Tributária dos Municípios 
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a) IPTU, ISS, e ITBI (art. 156) 
b) taxas e contribuições de melhoria. 
c) contribuição social dos servidores (art. 149) 
 
 
6. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (CTN, art. 113) 
 
6.1 Conceito – É a relação jurídica em virtude da qual o sujeito passivo tem o dever de prestar dinheiro 
ao Estado, ou de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da fiscalização de tributos e o Estado tem o 
direito de constituir contra o particular um crédito. 
 
6.2 - Obrigação principal – Obrigação de dar (moeda). 
 
6.3 - Obrigação acessória – Obrigação de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da fiscalização. 
 
6.4 - Fato gerador – é 1 situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. É 1 
fato que 1 vez ocorrido nasce a obrigação tributária. 
 
6.5 - HIPOTESE DE INCIDENCIA – É a simples descrição, simples previsão. Sendo que o 
diferencial entre as duas expressões é que o fato gerador é a ocorrência de um fato concretamente, é o 
acontecimento do fato, enquanto que a hipótese de incidência é a descrição abstrata de um fato na lei 
que gerará uma obrigação tributária, caso ocorra. 
 
6.6 – Sujeito Ativo - a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu 
cumprimento (art. 119 do CTN). 
 
6.7 – Sujeito passivo - pessoa jurídica ou natural (física) obrigada ao cumprimento da obrigação tributária 
(pagamento de tributo ou penalidade pecuniária). É O CONTRIBUINTE. 
 
6.8 – Domicílio Tributário (Art. 127 do CTN): na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de 
domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: 
I - quanto às pessoas naturais: a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro 
habitual de sua atividade; 
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais: o lugar da sua sede, ou, em 
relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; 
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público: qualquer de suas repartições no território da entidade 
tributante. 
OBS. Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer hipóteses acima, considerar-se-á como 
domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou 
fatos que deram origem à obrigação. 
 
 
7. CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
7.1 – Conceito - é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) 
pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da 
penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional). 
 
7.2 - Lançamento – é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da 
obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributária e calcular ou por 
outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível (art. 142 
do CTN) 
 
7.3 - Modalidades de lançamento – a) De ofício – é feito por iniciativa da autoridade administrativa, 
independentemente de qualquer colaboração do sujeito passivo; b) Por declaração – é feito em face de 
declaração prestada pelo contribuinte ou por terceiro, quanto a matéria de fato indispensável a sua efetivação 
(art. 147 CTN). c) Por homologação – é aquele feito quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito 
passivo o dever de antecipar o pagamento sem o prévio exame da autoridade administrativa. (art. 150 CTN). 
 
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7.4 - Suspensão da exigibilidade do crédito tributário – O crédito tributário, uma vez constituído, é 
exigível, pois o sujeito ativo pode compelir o sujeito passivo a satisfazê-lo, através dos meios legais. 
Todavia, existem determinadas circunstâncias legais que suspendem esta exigibilidade (art. 151 CTN): 
 
a. Moratória – significa prorrogação concedida pelo credor ao devedor do prazo para pagamento da dívida, 
de uma só vez ou parceladamente. 
b. Depósito – o sujeito passivo pode depositar o valor do crédito tributário, quando entender o mesmo 
indevido, optando por discutir sua exigibilidade administrativa ou judicialmente. Não é necessária 
autorização judicial para tanto. Findado o processo (administrativo ou judicial), se a decisão for favorável, 
ao contribuinte, o montante depositado será levantado pelo mesmo, ao contrário, o montante depositado será 
convertido em renda do sujeito passivo. 
c. Reclamações e recursos – as impugnações e os recursos administrativos enquanto não julgados impedem 
o sujeito passivo de exigir o crédito contestado. 
d. Medida liminar em mandado de segurança – o mandado de segurança é um processo através do qual o 
cidadãos buscam proteção de direito líquido ecerto, lesado ou ameaçado por ato de autoridade 
administrativa. Tal ação é muito utilizada no direito tributário, sempre que uma lei inconstitucional 
determinar a exigência de uma tributo e sempre que a autoridade fiscal comete uma ilegalidade. Neste 
processo é possível requerer a concessão de uma liminar (antecipação da decisão final) se os argumentos 
forem plausíveis e se existir risco de prejuízos em vista da demora natural para julgamento do processo. 
e. Parcelamento. 
 
7.5 Extinção do crédito tributário – é o desaparecimento deste. Como nas obrigações, em geral, sua forma 
mais comum de extinção é o pagamento, que significa a satisfação do direito creditório. 
 
7.5.1 - Hipóteses de extinção do crédito tributário 
a) pagamento – principal meio de extinção do crédito tributário. Na hipótese de pagamento indevido, resta 
ao contribuinte a possibilidade de buscar a restituição através da ação de repetição de indébito (art. 165 e 
166). 
b) compensação – tendo o contribuinte crédito contra o sujeito ativo decorrente de pgto. indevido é possível 
extinguir o crédito tributário mediante a compensação com tais valores a receber. (Lei 8.383, art. 66 e art. 
170 do CTN). Se o direito à compensação for decorrente de decisão judicial, o mesmo não poderá ser 
usufruído antes do trânsito em julgado (art. 170 – A – LC 104/2001) 
c) transação – (art. 171) – Negociação visando a extinção do Crédito Tributário. 
d) remissão – (art. 172) – perdão do crédito tributário. 
e) decadência – (art. 173) – é a extinção do direito de constituir o crédito tributário em visto do transcurso do 
tempo (cinco anos). 
f) prescrição – (art. 174) – é a perda do direito de ação em relação a cobrança do crédito tributário (cinco 
anos). 
g) Conversão do depósito em renda – o valor depositado para suspender a exigibilidade (art. 151, III), 
quando o contribuinte perde o processo é convertido em renda, extinguindo o crédito tributário. 
h) Pagamento antecipado e homologação – nos tributos submetidos ao lançamento por homologação 
(ICMS, IPI, COFINS) o contribuinte apura o montante devido e faz o recolhimento. (art. 150 § 4o). A 
homologação ocorre quando a autoridade administrativa ratifica o agir do contribuinte (expressa) ou em vista 
do transcurso do tempo sem que a autoridade tenha ratificado (tácita). 
i) consignação em pagamento – quando existe discussão em relação ao montante devido. O sujeito passivo 
consigna o valor judicialmente (art. 164 CTN) e se vencer o processo o valor consignado considera-se como 
pagamento, extinguindo o crédito tributário. 
j) decisão administrativa – a decisão administrativa definitiva e favorável ao contribuinte extingue o crédito 
tributário, não podendo mais ser discutido na justiça. Discussão acerca do Recurso Hierárquico. 
l) decisão judicial - a decisão judicial definitiva e favorável ao contribuinte extingue o crédito tributário. 
m) dação em pagamento de bens imóveis.

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