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Locução automatizada e o rádio musical: primeiras 
aproximações
Automated speech and musical radio: first approximations
Locución automatizada y la radio musical: primeros acercamientos
DOI: 10.1590/1809-58442019110
Debora Cristina Lopez1
https://orcid.org/0000-0002-1030-1996 
Marcos Resende1
https://orcid.org/0000-0001-5991-4147 
Daniel Borges2
https://orcid.org/0000-0003-1515-5999 
1(Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de Jornalismo, Programa de Pós-Graduação em 
Comunicação. Mariana – MG, Brasil).
2(Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de Jornalismo, Curso de Jornalismo. Mariana – MG, 
Brasil).
Resumo
Neste artigo trazemos os resultados iniciais de uma pesquisa que busca compreender o papel da 
automação de locução através do uso de voz sintetizada sem gravação humana no rádio musical. 
Discutimos, então, o papel da tecnologia e da automação no rádio para depois nos aproximarmos, 
através de um olhar teórico, da apresentação de exemplos e da discussão de tendências, deste fenômeno 
comunicacional. Olhamos para o objeto a partir das discussões de inovação, preponderantemente do 
debate sobre adoção de inovação apresentado por Rogers (1983).
Palavras-chave: Rádio musical. Automação. Mercado. Inovação e inteligência artificial.
Abstract
In this article we present the initial results of a research that seeks to understand the role of speech 
automation through the use of synthesized voice without human recording in the musical radio. We 
then discuss the role of technology and automation in radio, and, through a theoretical view, approach 
the presentation of examples and the discussion of trends of this communicational phenomenon. We 
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LOCUÇÃO AUTOMATIZADA E O RÁDIO MUSICAL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES
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look at the object from the discussions of innovation, predominantly from the debate about adoption 
of innovation presented by Rogers (1983).
Keywords: Musical radio. Automation. Market. Innovation and artificial intelligence.
Resumen
En este artículo traemos los resultados iniciales de una investigación que busca comprender el papel 
de la automatización de locución a través del uso de voz sintetizada sin grabación humana en la radio 
musical. En este sentido, discutimos el papel de la tecnología y la automatización en la radio para 
luego acercarnos, a través de una mirada teórica, de la presentación de ejemplos y de la discusión 
de tendencias, de este fenómeno comunicacional. En el marco de la discusión de la innovación, el 
debate está centrado en la adopción de la innovación presentada por Rogers (1983).
Keywords: Radio musical. Automatización. Mercado. Innovación e inteligencia artificial.
Introdução
O presente artigo nasce das inquietações e discussões construídas junto ao Grupo 
de Pesquisa Convergência e Jornalismo (ConJor), da Universidade Federal de Ouro Preto. 
A partir das discussões sobre a inovação, a produção automatizada de notícias e o rádio, os 
autores observaram possíveis consequências para o mercado do rádio – especificamente o 
musical e o jovem1. 
Considerando a predominância de programação musical em emissoras FM no Brasil 
e sua relação estreita com a indústria fonográfica (KISCHINHEVSKY, 2008), acreditamos 
ser importante discutir como as iniciativas de inovação vinculadas à automatização e 
locução sintetizada podem afetar o mercado e a alocação dos profissionais, Na cartografia 
que propomos neste estudo, pretendemos tensionar as influências dos algoritmos no processo 
de automatização de conteúdo de voz na construção das locuções e das programações de 
emissoras de rádio musicais brasileiras. O olhar sobre este objeto associa-se diretamente 
ao debate sobre a relação entre mídia, música e mercado, permitindo discutir o papel dos 
profissionais e a construção de conteúdo neste contexto. Buscamos discutir, por meio de um 
recorte qualitativo e cartográfico, como se configura a relação entre automação e rádio – 
especificamente em emissoras musicais. A cartografia, um processo metodológico recente, 
como conceituam Ferigato e Carvalho (2011), surge como alternativa para complementar a 
pesquisa qualitativa.
A cartografia toma como base as transformações no último século no campo da 
pesquisa, para “a construção de uma metodologia qualitativa que buscava ser ‘tão rigorosa’ 
quanto a pesquisa quantitativa, por meio da combinação de observação participante, 
1 Este artigo apresenta resultados parciais do projeto de pesquisa “Conhecer o ouvinte-internauta: Um estudo sobre o perfil da 
audiência de rádio no cenário de convergência”. O projeto é financiado pelos editais PROPP Auxílio Financeiro a Pesquisador da 
UFOP, Chamada CNPq/MCTI Nº 25/2015 – Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas e Edital FAPEMIG 01/2015 – Demanda 
Universal.
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entrevistas abertas e uma análise cuidadosa dos materiais” (FERIGATO; CARVALHO, 
2011). Segundo os autores, a cartografia busca uma intervenção do pesquisador no processo 
e não com ideias preconcebidas ou já formadas antes da pesquisa.
Já Miranda (2013) faz uma aproximação entre a obra e a vida de Jesús Martín-
Barbero com o processo cartográfico, pois ambos têm a característica de desordem, 
interferência, que influencia o objeto pesquisado. “Impulsionado pelo desafio de romper, 
‘desobedecer’, a visão estanque e objetiva” (MIRANDA, 2013, p.72-73). Neste sentido, 
pretendemos, na sequência do projeto, desenvolver ações de campo que permitam 
compreender de maneira mais qualificada a realidade e as consequências da automação 
para a locução de rádio musical. Metodologicamente, optamos pela cartografia porque nos 
permite compreender a complexidade do processo comunicacional. Buscamos observar 
o fenômeno da locução automatizada coordenando este trabalho cartográfico com um 
estudo exploratório, observando a movimentação dos atores no cenário do rádio expandido 
(KISCHINHEVSKY, 2016) e hipermidiático (LOPEZ, 2010), desviando o olhar das 
pesquisas históricas, jornalísticas ou de rotinas produtivas, predominantes nos estudos da 
área (LOPEZ; MUSTAFÁ, 2012) e dialogando com a tecnologia a partir do conceito de 
inovação. A contradição e a complexidade do fenômeno compõem nosso ponto de vista 
nesta pesquisa. Olhamos para o mercado de rádio e seu modelo de negócio, vinculando-o 
à necessidade de sobrevivência, à busca por lucratividade e às remodelações derivadas 
deste cenário (PRATA; CORDEIRO MARTINS, 2017), preponderantemente as que se 
relacionam com a locução automatizada e a configuração do trabalho nas emissoras 
(KISCHINHEVSKY, 2008).
Junto a isso, a pesquisa qualitativa busca uma “atividade que se afirma a partir do 
contexto situacional, da localização e implicação do observador em relação ao objeto e 
seu entorno” (FERIGATO; CARVALHO, 2011, p.665), levando a uma situação subjetiva 
da pesquisa, que pode ser por meio de análises de particularidades e detalhes. Neste trabalho 
pretende-se alinhar os métodos da pesquisa qualitativa e cartográfica, como modo de 
aproximar aquela recente metodologia a essa dos séculos passados. Como afirma Miranda 
(2013), ampliar o número de metodologias, disciplinas e estudos como forma de aumentar as 
possibilidades da pesquisa qualitativa.
Inicialmente, essa pesquisa tem o intuito de conhecer e apresentar rádios que inovam 
no quesito de locução automatizada. Nosso olhar – apresentado neste artigo – está na primeira 
fase do estudo, que consiste em mapear iniciativas de automação em locução para compor 
a cartografia. A partir disso, essa cartografia é adotada em dois eixos: a) análise cuidadosa 
do material, construída a partir de um mapeamento junto às empresas de automatização de 
conteúdo midiático no Brasil; b) entrevistas semiestruturadas com empresários de emissoras 
de rádio musical,com o objetivo de compreender os possíveis impactos da automatização e 
adoção de voice-over sintetizado para o mercado do rádio musical. Neste texto, apresentamos 
a primeira etapa deste esforço: uma revisão bibliográfica, seguida do mapeamento e análise 
das empresas de automatização que trabalham com produção radiofônica.
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Percursos tecnológicos e o rádio
O rádio é um meio diretamente afetado – desde sua origem – pelas tecnologias, que 
determinam suas formas de construção e apresentação de conteúdo. Em sua história, há 
transformações físicas, como a do rádio de pilhas para o rádio em celulares, e narrativas, como 
as inovações na linguagem radiofônica. Segundo Prata (2007), o rádio tem dois momentos 
fundamentais de transformação. O primeiro é a chegada da televisão nos anos 1950 e o outro 
é a incorporação das tecnologias digitais, que mantêm o meio em constante mudança.
Em pouco menos de um século, o rádio passou por várias mudanças, porém, Cordeiro 
(2005) afirma que essas constantes transformações fazem parte do meio de comunicação, 
“sendo a rádio o meio que ao longo da história da comunicação mais facilmente se adaptou 
aos novos cenários tecnológicos” (CORDEIRO, 2005, p.443). Com mudanças expressivas e 
diante de novas possibilidades, as emissoras de rádio tentam se adequar aos novos modelos 
de linguagem, modelos e tecnologias.
E não houve apenas mudanças físicas, mas também para produtores de programas de 
rádio, como jornalistas. Segundo Cordeiro, “a evolução tecnológica ditou sempre mudanças 
estruturais para a rádio, cujo sistema técnico evoluiu e condicionou, pela sua mudança, o 
sistema de comunicação radiofônico” (2005, p.443) e que, com isso, redações e profissionais 
da área tiveram que se adaptar às transformações.
A televisão chega no meio do século XX e provoca a grande primeira mudança no 
rádio. Segundo Berland (1990), o rádio fica descolado nesse embate com a televisão e faz 
com que tenha que se adaptar com o outro meio de comunicação. A invenção transistor, 
por exemplo, fez com que o rádio ganhasse uma vantagem em relação à televisão, que é a 
mobilidade, e consequentemente, a programação de emissoras e os modos de falar se alteram, 
para que alcance sempre o ouvinte aonde esteja. “Você está escovando seus dentes, virando 
a esquina, comprando ou vendendo jeans ou cadastrando o estoque no computador? Muito 
melhor. Sua emissora respeita o fato de que essas atividades importantes vêm em primeiro 
lugar”2 (BERLAND, 1990, p.179).
E essa mudança na tecnologia tem reflexos também na audiência. O ouvinte virou 
ouvinte móvel, de acordo com Prata (2007, p.4): “a chegada do transistor, que livrou o 
aparelho de fios e tomadas, proporcionando a criação de uma nova linguagem, apropriada 
para um veículo com alta mobilidade, que acompanha o ouvinte onde quer que ele esteja”. 
Isso também impactou o radiojornalismo, pois o aparelho móvel demanda mais agilidade 
na atualização informativa de um meio que passa a acompanhar a audiência mesmo quando 
em mobilidade.
Outro ponto de destaque nessa evolução do rádio foi a popularidade que as 
transmissões FM (Frequência Modulada) ganharam após a implementação do circuito 
integrado, frequentemente chamado de chip, que “usava refinamentos da mesma tecnologia 
2 No original: “Are you brushing your teeth, turning the corner, buying or selling jeans or entering inventory into the computer? So 
much the better. Your broadcaster respects the fact that these important activities must come first”. (Tradução nossa).
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utilizada em transistores, de modo a juntar muitos componentes eletrônicos em uma 
minúscula peça de silício” (BIERNATZKI, 1999, p.44). Com esse chip, foi possível fazer 
aparelhos menores, além de baratear os custos das transmissões por FM. “Isto resultou em 
maior confiabilidade, bem como na redução do tamanho de todos os tipos de equipamentos 
eletrônicos, inclusive dos rádios” (BIERNATZKI, 1999, p.44). Com isso, apesar da FM ter 
um alcance limitado, ela consegue ter vozes sem ruído ou interferências, se comparado com 
as transmissões AM.
Com uma melhor qualidade na voz, vários programas, seja de entrevistas, debates 
ou radiojornalismo, passam por alterações em seu padrão de produção. Isso, entre outros 
elementos, faz com que o rádio também tenha um salto de popularidade. Por exemplo, entre 
1989 até 1993, mais de 500 emissoras de rádios surgem nos Estados Unidos, segundo Biernatzki 
(1999). E ainda o autor afirma que é a conversa, a rádio falada, que cria uma intimidade com 
o ouvinte. Outra variável que influencia no fortalecimento dessa relação é a participação por 
telefones de ouvinte em programas, pois atribui “uma forma interativa à programação falada 
que é especialmente popular, criando um sentimento especial de relacionamento entre o 
anfitrião, a pessoa que fez a ligação e o ouvinte passivo” (BIERNATZKI, 1999, p.52).
Com a consolidação da tecnologia digital no século XXI, os meios de comunicação 
tiveram mudanças, inclusive o rádio. Principalmente por causa do sinal digital que promove 
a “digitalização” (PRATA, 2007), tanto para receptor como emissor. Os ganhos que essa 
tecnologia trouxe são vários, como maior velocidade na transmissão de informações e o som 
sem ruídos. Há a troca entre o sinal analógico pelo digital.
Outra mudança no rádio provocada pelas tecnologias digitais diz respeito à 
composição narrativa. Para Prata (2007, p.7), o público não apenas ouve a estação de rádio, 
mas também quer “textos, vídeos, fotografias, desenhos, hipertextos. Além do áudio, há toda 
uma profusão de elementos textuais e imagéticos”, é o que a autora chama de “webrádio”, 
quando a emissora de rádio é transmitida por meio da Internet. “Uma URL (Uniform Resource 
Locator), um endereço na Internet, não mais por uma frequência sintonizada no dial de um 
aparelho receptor de ondas hertzianas” (PRATA, 2007, p.11).
Ou seja, há uma oferta potencial de conteúdos diversos para o público acompanhar e 
interagir, que faz desse mesmo público “produtor e consumidor de informações” (PRATA, 
2007, p.11). O que é oferecido na Internet é uma variedade de serviços, desde podcasts até 
biografias de artistas, chats e informações do tempo.
Automação e rádio
Com a Internet e a aproximação entre cientistas da informação, profissionais da 
área de mídia e pesquisadores de variadas disciplinas, houve um vertiginoso aumento no 
número de projetos e colaborações interdisciplinares com foco no uso da computação como 
agente de promoção da inovação no jornalismo (GYNNILD, 2014). Nesse sentido, segundo 
a autora, o emprego das potencialidades computacionais na inovação no jornalismo não leva 
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somente ao uso inovador de tecnologias, mas também a formas inovadoras de se pensar e 
de se fazer jornalismo. “A inovação jornalística leva ao jornalismo inovador” (GYNNILD, 
2014, p.1).
Tendo como escopo as inovações na prática jornalística, a automação, uma de 
suas vertentes, surge, conforme argumentam Caswell e Dörr (2017), como uma potencial 
alternativa para atender ao anseio por modelos de negócios sustentáveis para organizações 
noticiosas e também para responder à crescente pressão econômica por um aumento de 
produtividade na produção de conteúdo jornalístico.
Dessa forma, as ferramentas de escrita automatizada estão cada vez mais integradas 
aos fluxos de trabalho da comunicação. No entanto, há um consenso sobre o potencial dessas 
ferramentas relacionado ao seu uso limitado a notícias descritivas simples, comumente 
encontradas em seções de esportes ou reports financeiros (CASWELL; DÖRR, 2017). 
Apesar de desempenharem um importante papelinformacional, esse uso limitado a notícias 
descritivas evidencia uma limitação do jornalismo automatizado no que diz respeito à 
construção de matérias mais elaboradas, contextuais e criativas.
No áudio, a automação tem sido encontrada em iniciativas que não estão ligadas 
primariamente à produção de notícias, mas à tradução automatizada e à narração sintética, 
como, por exemplo, a tecnologia lançada pela BBC News Lab para vídeo narração e tradução 
automática de notícias.
Já no rádio, onde proximidade e engajamento se dão também pelo que representa o 
sujeito locutor (FERRARETTO, 2014), sua identidade e sua diferenciação dos demais, a 
locução automatizada se constitui como uma possibilidade e se enquadra no rol de alternativas 
provenientes do intenso rearranjo feito no meio radiofônico em função da digitalização 
(KISCHINHEVSKY, 2008).
Nessas rádios, então, a automação pode acontecer na narração sintética dos nomes 
de músicas, bandas e compositores, na definição do horário correto para inserção de trilhas, 
nas aberturas e encerramentos de quadros, ou ainda, com algoritmos mais complexos, na 
entonação da narração sintética, na identificação de identidades acústicas, na seleção de 
trilha para BG, entre outras opções que não a composição textual complexa.
Esta mudança, transitando da automação da programação organizada e locutada por 
uma pessoa, para a automação plena, que inclui o voiceover sintetizado e, no caso de conteúdo 
jornalístico simples para atender à demanda mínima legal, texto composto por bots, é um 
desafio para o meio radiofônico.
Nesse sentido, não são poucos os exemplos de rádios em Frequência Modulada (FM) 
onde a fórmula da automação já opera. Adotando a emissora carioca de rádio Paradiso FM 
como ponto de partida, Kischinhevsky (2008) descreve precisamente como o processo de 
automação conquista espaço como um modelo de negócio alternativo e sustentável, no ponto 
de vista financeiro, para as rádios.
Operando no vermelho desde a sua criação e com gastos que superavam a casa do 
milhão, a Paradiso FM, como bem descreve Kischinhevsky (2008, p.2), é um caso cabal de 
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como a crescente pressão por corte de custos nas rádios, e em outros meios como um todo, 
gera um processo de modificação das lógicas que regem tanto às operações cotidianas não 
relacionadas ao fazer jornalístico e comunicacional, quanto à própria produção jornalística 
em si.
Como efeito dessas modificações, nota-se de imediato dois movimentos. O 
primeiro, conforme esclarece Kischinhevsky (2008), se dá na forma de uma marcha pela 
informatização e automação de operações cotidianas, englobando tarefas burocráticas, 
gerenciais e também atividades ligadas à programação. Segundo o autor, tal conjuntura leva 
ao chamado downsizing, termo originário do campo de gestão de negócios que se refere à 
diminuição do número de postos de trabalho nas rádios.
Essa diminuição, conforme salienta Kischinhevsky (2008), pode muitas vezes ocorrer 
de forma abrupta, na qual profissionais especializados são substituídos por hardwares 
e softwares de forma indiscriminada, objetivando a diminuição da folha de pagamento. 
No entanto, há também espaço para que ela aconteça de forma orientada e apropriada do 
ponto de vista do negócio e principalmente do rádio enquanto meio de comunicação. Da 
mesma forma, a diminuição do corpo de profissionais pode acontecer de forma gradativa ou 
súbita, este último, conforme ilustra o autor, é caso da Paradiso FM, que teve 39 de seus 42 
profissionais desligados ao longo de poucos meses (KISCHINHEVSKY, 2008).
O segundo movimento observado por Kischinhevsky (2008) diz respeito à 
modificação no conteúdo da programação das rádios. De acordo com o autor, nesses casos 
há uma predominância de faixas de horário com programação estruturada totalmente em 
computador e, por consequência, uma diminuição na diversidade de oferta de conteúdos, 
o que se reflete, segundo ele, em um “desinteresse da audiência, cada vez mais propensa a 
consumir outros meios de comunicação ou novas modalidades de radiofonia, como podcasts 
ou web rádios” (KISCHINHEVSKY, 2008, p.2).
Em vista disso, a construção de programações 100% automatizadas, embora levem ao 
barateamento da construção do conteúdo transmitido, geram também uma padronização e a 
falta do diálogo característico do rádio (ORTRIWANO, 1985), sem a proximidade que gera 
engajamento das novas audiências (LOPEZ, 2016).
Sendo assim, a partir da disseminação da automação pelas emissoras radiofônicas, 
a locução humana se tornará não só um diferencial, mas uma inovação, do ponto de vista 
de processos (ROGERS, 1983), inovação esta constituída a partir da exclusividade do apelo 
humano e relacional dessa vertente de narração, algo ausente na locução sintetizada.
A partir da chave de que a locução humana se constitui, cada vez mais, como um 
diferencial engajador de novas audiências, a automação, consequentemente, se apresenta 
como uma alternativa viável para os gêneros de programação que prescindem ou necessitam 
menos da figura do locutor e do apelo humano, como é o caso dos quadros musicais das 
rádios. A figura do locutor, portanto, progressivamente estará mais associada à quadros e 
lugares onde é preciso uma mediação criativa e contextual, característica imprescindível que 
mesmo as formas de inteligência artificial mais elaboradas estão longe de perpetrar.
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Iniciativas de inovação
Considerando a lógica de Rogers (1983), que considera que a inovação pode se 
estabelecer em si ou através de sua percepção pelo usuário, delimitamos os caminhos 
seguidos no momento exploratório da cartografia que iniciamos neste estudo. Primeiramente, 
buscamos emissoras de rádio que declarem trabalhar com a sintetização de voz em sua 
programação. Embora a automação apareça com constância como um discurso de sustentação 
da atualização nas páginas das emissoras, ela está constantemente restrita aos sistemas 
de gestão da programação, como o Zara ou o RadioPro. A reiteração da tecnologia como 
demarcadora da qualidade e da atualização das emissoras pode ser vista na página da Rádio 
Folha FM 102,1: “Equipamentos importados de última geração, totalmente automatizada 
com sistema vindo da Broadcast Eletronic dos Estados Unidos. Uma ousadia para uma rádio 
do interior” (FOLHA FM, 2015). A automatização aparece aqui como marca de inovação, 
atribuindo à emissora o rótulo de atualizada e dinâmica.
Esta realidade, como indica Kischinhevsky (2008), afeta o conteúdo das emissoras e 
não só sua gestão. Assim, o discurso da automação como referencial de qualidade aparece 
fundamentalmente em emissoras jovens e/ou musicais, que permitem a exploração da pré-
gravação de locução e da organização automática de programação. Este cenário, acreditamos, 
será potencializado pelo avanço na curva de adoção da inovação (ROGERS, 1983), como 
indicado na Figura 1.
Figura 1 – Curva de adoção da tecnologia de Rogers (1983)
Fonte: Van Amstel (2012) adaptado de Rogers (1983).
Podemos indicar que enquanto os sistemas de automação de conteúdo para emissoras 
de rádio se encontram na etapa de adoção da Maioria Tardia, sendo amplamente difundidos 
no mercado e com efeitos na organização do trabalho e da programação já estudados e 
discutidos, a automação plena da locução através de vozes sintetizadas ainda se encontra nas 
etapas iniciais de adoção. Podemos identificar, no Brasil, iniciativas não explicitadas e não 
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integrais de apropriação de automação. Uma delas é a TechnoPopRadio3, que apresenta, entre 
seus locutores, dois automáticos, o DeejayTechnopop e o Deejay Gaudério. Na página da 
emissora pode-seobservar o destaque para o fato de serem automáticos, assim como há, na 
fala sobre a sua configuração, uma reiteração da adoção de tecnologias e do investimento em 
inovação, acompanhando o perfil das audiências ativas características da cultura da conexão 
(JENKINS; GREEN; FORD, 2014).
Observamos que os locutores automatizados são tratados de maneira naturalizada 
pela emissora, colocando-os em “pé de igualdade” com os sujeitos locutores. Eles possuem 
o mesmo espaço na página, acompanhado de uma imagem e links que direcionam às suas 
redes sociais. Os ícones que lhes atribuem valor e os vinculam aos espaços de circulação 
da audiência da emissora são similares, mas ao buscar por essa interação, as diferenças se 
estabelecem. A “humanização” e a aproximação entre locutores automatizados e público se 
esvaem com o direcionamento às redes da emissora – o que reforça o caráter institucional 
destes “sujeitos-máquina” em oposição aos locutores humanos, que se posicionam nas redes, 
falam de suas vidas e das suas práticas além do estúdio. Esta aproximação, este diálogo 
amigo que caracteriza o rádio, ocorre somente na antena quando é acionada a locução 
automatizada. A expansão do rádio exclui, então, os “sujeitos-máquina”. Eles, no caso 
específico da TechnoPopRádio, se encerram ao final da transmissão e se restringem ao site 
oficinal da emissora. Não há simulação de interação nas redes. Não há avatares. Os “sujeitos-
máquina” brasileiros não têm rosto – ao contrário das atendentes automatizadas de páginas 
de empresas comerciais, como a Luiza, do Magazine Luíza. Esta sim, tem nome, rosto, 
forma de falar, dinâmicas de interação específicas.
Os locutores automatizados localizados nesta cartografia são afetados pelo cenário 
do enfraquecimento do mercado de rádio4, pela redução gradual da participação do meio 
na distribuição do bolo publicitário, pela depreciação das condições de trabalho (não só do 
rádio, mas do Brasil). Em certa medida, este cenário leva a um crescimento da adoção destes 
sistemas, que, como dissemos, são cada vez mais naturais e menos reconhecíveis como não 
3 A TechnoPopRadio é parte da Technopop-network, que inclui além da emissora, um home studio e um mobile studio. A emissora 
surgiu em 2000, quando era conhecida como Rádio Internet. No mesmo ano, passou a se denominar DeeJay NetRadio, com perfil 
musical focado em Dance Music. Dois anos depois, em 5 de novembro de 2002, nasceu a TechnoPop-WebRadio, que inicialmente 
mantinha o foco da DeeJay e depois passou a integrar a Dance Music com Techno, Pop, House, Rock e música eletrônica. A mudança 
para TechnoPop-Network ocorre em 2016 com a integração aos dois estúdios, ampliação das atividades em mobilidade e da interação 
por plataformas digitais e redes sociais. Hoje a TechnoPop, que é sediada em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, transmite no 
endereço http://technopopradio.com e está no Facebook (@technopopradio), Twitter (@technopop_radio) e YouTube (através do canal 
do Portal GauchoRadios, em https://www.youtube.com/channel/UCQeDnnQkSITiSZNvMv_PFqw).
4 O mercado de áudio e rádio brasileiros têm passado, a partir de 2018 principalmente, por uma revitalização e fortalecimento 
graduais, principalmente no que diz respeito ao consumo de áudio online através de podcasts ou assistentes de voz (KISCHINHEVSKY; 
LOPEZ, 2018). No entanto, as emissoras de rádio que transmitem em antena, que têm maior demanda de estrutura física e de pessoal e 
ainda investem primordialmente no modelo de negócio da publicidade, têm passado por dificuldades. Segundo Prata (2016), a inovação 
no modelo de negócio tem se dado a partir de cinco formas de ingresso de recursos: franquia, crowdfunding, assinatura, diversificação 
de produtos e modelos híbridos. Ainda assim, como lembra a autora, o mercado de rádio não chegou a um padrão, a uma organização 
que atenda às necessidades financeiras das emissoras e seja sustentável no cenário complexo, multiplataforma, multimídia da sociedade 
da conexão.
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humanos. O mesmo ocorreu com os sistemas de gestão automatizada da programação, hoje 
inseridos nas rotinas das emissoras.
Por outro lado, o áudio tem integrado a cada dia mais as rotinas da audiência – seja 
através das emissoras hertzianas, das webrádios ou ainda dos assistentes de voz, como 
Amazon Alexa ou Google Home, que possuem um sistema mais complexo, que permite 
interações do tipo pergunta-resposta e assumem o papel do rádio em algumas funções do 
dia-a-dia, como a curadoria musical, a apresentação de informações locais ou de utilidade 
pública, como o clima e o trânsito.
A adoção da inovação varia em complexidade e integração do sistema de gestão 
automatizada com algoritmos e metadados disponíveis através do consumo da audiência. 
Há sistemas de automação que incorporam ações de organização e delimitação da 
programação a partir dos gostos e (re)ações do público, alterando o conteúdo transmitido 
em tempo real enquanto outros apresentam uma estrutura simplificada, de organização 
automatizada alimentada por ações humanas. Já a locução 100% automatizada, que 
utiliza voz sintetizada, não foi localizada nas emissoras brasileiras. Como dissemos 
anteriormente, esse estudo exploratório que realizamos conseguiu, através de suas 
estratégias metodológicas, observar emissoras que declaram trabalhar com a locução 
automatizada, já que seu uso pode ser realizado e não publicizado. Esta relativização é 
importante principalmente se olharmos para este fenômeno a partir do que indica Rogers 
(1983). O autor lembra que nas primeiras fases da curva de adoção da inovação há uma 
resistência do público geral, o que, no caso do rádio, poderia se refletir na aceitação da 
emissora e de seu conteúdo por parte da audiência. A relação, quando se trata de rádio, 
ainda é vista como próxima, tendo o meio como companheiro (ANTROPOMEDIA, 2015) 
acima de qualquer outra função no cotidiano da audiência – papel ainda não socialmente 
aceitável para um sistema automatizado.
Podemos compreender, ao olhar para a proposta de ciclo de inovação de Van Amstel 
(2012), que a locução através de voz sintetizada passou por um momento de inovação gerada 
pela competição pela quantidade (quando buscava ampliar os potenciais de um mercado já 
contemplado e, em certa medida saturado, pelos sistemas de automação de programação e 
gestão) para uma fase de inovação gerada pela competição pela qualidade. Neste momento, 
os investimentos na qualificação e naturalização da voz automatizada e de seus potenciais 
para o mercado de rádio têm sido expandidos, explorando entonações e diálogos na geração 
automática de conteúdo em áudio. O avanço dos algoritmos e dos metadados rastreáveis 
em plataformas digitais (ROGERS, 2013) é uma variável fundamental para essa melhora 
qualitativa e esse caminhar na curva de adoção da inovação. Através deles, os sistemas 
permitem a adequação do ritmo, entonação e dinâmicas de interação ao perfil da audiência 
conhecida. Coordenado com sistemas automatizados de geração de textos de organização 
discursiva mais simples, como a apresentação de canções, abertura e encerramento de 
programas, hora certa e transmissão de notícias simples, permite a construção de 24 horas 
de programação de maneira automatizada e customizável à audiência.
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Ainda que não tenhamos encontrado, no mercado brasileiro, exemplos explícitos de 
uso de locução 100% automatizada, observamos o uso da tecnologia em outros setores, 
inclusive contemplando variações de voz e adequação imediata às respostas do público, o 
que nos indica a possibilidade de incorporação dessas técnicas pelo rádio, principalmente 
o musical. Sistemas de automação que incorporam fala, como totens, call centers, 
equipamentos de autoatendimento e deautomação residencial, entre outros, já incorporam, 
através da exploração de inteligência artificial e interação humano-computador variações e 
personalização de vozes sintetizadas. A difusão desta tecnologia, com vozes sintetizadas a 
cada dia mais naturais tende a ser incorporada pelo mercado da radiofonia.
Os efeitos dessa mudança no mercado do rádio musical são intensos. Enquanto 
permitem um conhecimento maior do perfil da audiência e de seus gostos e reações através 
dos algoritmos, afeta a organização do mercado, com os sistemas ocupando espaços de 
locução. Esse espaço é mais ocupado no campo do e-learning, que incorpora experiências 
de geração automática de áudios e voiceovers em vídeos educativos usando a tecnologia 
text-to-speech. Mas é possível encontrar iniciativas até mesmo no jornalismo, que integram 
algoritmos variados com sintetização de voz. É o caso da BBC, que desde 2015 utiliza as 
tecnologias de sintetização de voz e voiceover virtual para publicar vídeos jornalísticos em 
múltiplas vozes. O sistema trabalha com tradução e geração de áudio automáticas e com 
vozes naturais, gerando os novos vídeos em minutos e agilizando o processo de produção de 
conteúdo. Esta integração de tecnologias é possível em construções narrativas simples, como 
as demandadas em rádios musicais que não trabalham com produções especiais ou com foco 
na performance do locutor (BBC, 2015).
Uma variação é importante: a potencialização, na nova ecologia de mídia (CUNHA, 
2016), do papel do locutor vinculado ao star system, que tem uma identidade acústica própria, 
que desenha através de sua voz e de sua fala uma conversa com a audiência, engajando-a 
e envolvendo-a. Não há ruptura (PALACIOS, 2003) nesta relação ao migrar para mídias 
digitais ou ao adotar sistemas automatizados. A locução sintetizada, embora avance 
qualificadamente, não alcança ou desenha uma identidade que a diferencie das demais. 
Como lembra Kischinhevsky (2008), “o locutor perdeu o emprego”, mas sua permanência 
relaciona-se diretamente à sua capacidade de tornar-se único, de retomar a relação próxima 
do comunicador de rádio com a audiência. Locuções estruturadas de maneira simplória, 
padronizadas são automatizáveis. A relação da audiência com o locutor e o investimento no 
rádio musical como companheiro de um ouvinte jovem e envolvido (ainda) não o são.
Considerações finais
Este artigo apresenta os resultados parciais de um estudo mais amplo, que pretende 
fazer uma cartografia da automação de rádios musicais brasileiras. Este primeiro momento não 
completa a cartografia em si, mas baseia-se nela para apontar elementos de complexificação 
e fortalecimento do contraditório na caracterização do fenômeno. A locução automatizada 
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é parte de um momento de reação do rádio a mudanças mais profundas da sociedade, em 
que as tecnologias se tornam mais cotidianas pela sua aplicação variada associada ao 
barateamento. A naturalização da locução automatizada no cotidiano mudou nos últimos 
anos com o crescimento dos smart speakers5, mas ainda gera estranhamento ao pensarmos 
em sua aplicação a produções jornalísticas ou radiofônicas.
A facilidade de reconhecimento da fala humana pelo sistema de inteligência artificial, 
assim como a baixa identificação como voz “robotizada” e a integração a produções de voz 
humana, como os podcasts e as músicas reproduzidas no assistente através de aplicativos 
como o Spotify ou o Deezer, faz dos smart speakers companheiros próximos e cotidianos, que 
auxiliam nas tarefas do dia-a-dia, informam e dialogam. Essa integração entre os “sujeitos-
máquina” e os “sujeitos-humanos” no diálogo com a audiência se dá também na emissora que 
analisamos de maneira mais detida neste artigo. Os locutores automatizados não são centrais 
na programação. Eles estão integrados – e são representados como (quase) semelhantes – 
aos humanos. Na complexidade das relações cotidianas, eles não possuem avatares, não 
são sujeitos personificados, mas também não têm seu caráter mecânico destacado. São 
vinculados a redes sociais e geram com isso uma expectativa de interação que inexiste. 
Não se expandem para além da locução em si. Não se integram à cultura da conexão e do 
compartilhamento, mas são derivados dela. Reside aí o contraditório. O “sujeito-máquina” 
é desejado, mas temido por afetar configurações e estruturas de mercado já conhecidas; é 
natural, quase humano na fala e, por não destacar seu caráter mecânico, integra de maneira 
mais cotidiana as práticas dos sujeitos; não é humano – e é apresentando como automático e 
automatizado, gerido por um algoritmo que realiza a curadoria do conteúdo – mas não tem sua 
interface apresentada à audiência; não tem um nome, uma rede social, mas possui links que 
o aproximam dos locutores humanos e possui uma denominação que gera uma identificação 
com a emissora e sua trajetória. Consideramos, então, que os locutores automatizados que 
analisamos são, antes de mais nada, marcas de inovação para uma emissora que fala para um 
público segmentado e predominantemente jovem, que valoriza atitudes inovadoras.
Neste artigo, não detectamos emissoras que declarem trabalhar com sintetização 
integral de voz. No entanto, foi possível observar iniciativas em outras áreas que 
caracterizam o avanço qualitativo da voz automatizada e o avanço em sua curva de 
adoção em diversos campos. Acreditamos, a partir deste olhar, que a locução plenamente 
automatizada, principalmente a partir de seu avanço qualitativo no sentido da naturalização 
da voz e da aproximação ao diálogo, tende a ocupar maior espaço nas programações das 
emissoras musicais de rádio. Essa afirmação deriva da sua apropriação gradual por empresas 
de comunicação e do caráter menos complexo das informações apresentadas em emissoras 
musicais que não têm foco na relação entre comunicador e audiência. Isto é, rádios que 
focam, em sua programação, na apresentação das canções e intérpretes acompanhada de 
5 Segundo dados da The Infinite Dial (2018) promovida pela Edison Research, nos Estados Unidos 71% dos entrevistados conhecem 
o Amazon Alexa e 56% o Google Home. 18% deles possuem pelo menos um smart speaker (em 2017 esse número era de 7%). Destes, 
72% possuem Amazon Alexa, 17% possuem Google Home e 11% possuem ambos. 
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textos de organização discursiva mais simples, como notícias breves, previsão do tempo, 
hora e aberturas e encerramentos de programas poderão ser compostos integralmente através 
de sistemas automatizados.
Essa mudança, apontada aqui como tendência, pode estar em curso com empresas 
inovadoras e/ou early adopters, não sendo explicitados. Essa observação decorre da diversidade 
de empresas que oferecem serviços a cada dia mais complexos de automação de conteúdo 
e gestão das relações com a audiência para emissoras de rádio no Brasil. Em decorrência 
destes resultados, para concretizar a pesquisa proposta, pretendemos seguir a pesquisa com 
o contato direto com emissoras musicais das capitais e regiões metropolitanas da região 
Sudeste brasileira, buscando compreender suas estratégias de composição da programação, 
além de discutir o papel da automação e a alocação dos locutores neste processo de gestão 
e na relação com a audiência. Optamos pela região Sudeste por ser onde se concentra a 
maior parte das empresas que oferecem serviços de automação para rádio. Compreendemos 
o desafio de olhar para um fenômeno inovador, ainda nos primeiros momentos da curva de 
adoção, mas consideramos que devido às consequências que esse processo pode representar 
para toda a indústria da radiodifusão especializada em música – especialmente para os 
locutores e para a organização das empresas e das programações – é um desafio importante 
e que precisa ser observadodesde seu princípio.
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Debora Cristina Lopez
Doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (Salvador, 
Brasil). É professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e da Graduação em Jornalismo 
da Universidade Federal de Ouro Preto (Mariana, Brasil). É Coordenadora de Comunicação 
Institucional da Universidade Federal de Ouro Preto. Coordena o Grupo de Pesquisa Convergência 
e Jornalismo (ConJor) e o Laboratório de Inovação em Jornalismo (Labin). É coordenadora adjunta 
do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom (2015-2018; 2019-2020). É diretora de 
comunicação da RUBRA, a Associação das Rádios Universitárias do Brasil (2019-2020). É autora 
do livro “Radiojornalismo Hipermidiático” (LabcomLivros, Portugal, 2010). E-mail: debora.lopez@
ufop.edu.br.
Marcos Resende
Mestrando em Comunicação e graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto 
(UFOP). Trabalha como supervisor de relacionamento com cliente na empresa de inteligência 
artifi cial Stilingue, em Ouro Preto. É membro do Grupo de Pesquisa Convergência e Jornalismo 
(ConJor). E-mail: resende.marcost@gmail.com.
Daniel Borges
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Atuou como bolsista 
de iniciação científi ca junto ao Grupo de Pesquisa Convergência e Jornalismo (ConJor). E-mail: 
danieel.bcs@gmail.com. 
Recebido em: 03.10.2017
Aprovado em: 21.01.2019
Este artigo é publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution Non-Commercial (CC-BY-NC), 
que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que sem fi ns comerciais e que o trabalho original 
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