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Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 1 Estimativa de Dimensões para Projeto e Dimensionamento de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido Eduardo Christo Silveira Thomaz, M. Sc. Professor Emérito da Seção de Engenharia de Fortificação e Construção do Instituto Militar de Engenharia, ecsthomaz@terra.com.br Luiz Antonio Vieira Carneiro, D. Sc. Professor da Seção de Engenharia de Fortificação e Construção do Instituto Militar de Engenharia, carneiro@ime.eb.br Resumo: Vários são os dados a serem coletados para a elaboração do projeto de uma ponte. Dentre eles, destacam-se os elementos geométricos relativos à seção transversal do tabuleiro e ao vão da ponte. Este trabalho apresenta um levantamento de parâmetros geométricos sobre a seção transversal e o vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido, construídas dentro e fora do país (DIAZ, 1975; BEYE e LANGE, 1974; KUPFER, 1994; KUPFER, 1980; LEONHARDT, 1984; LEONHARDT, 1956 a 2001; LEONHARDT, 1998; LEONHARDT, 1994; LIN et al., 1990; NORONHA e UND MULLER, 1974; SCHLAICH, 1993; SOUZA, 1966; THOMAZ, 2002; THOMAZ, 2005; PODOLNY JUNIOR, 1990; WINCKE e MAIER, 2002). Os parâmetros geométricos da seção transversal da ponte foram largura, altura, áreas da laje inferior e das vigas do tabuleiro, alturas da viga no meio do vão e sobre o pilar da ponte, e altura e comprimento da laje em balanço. A análise e a comparação entre esses parâmetros resultaram em relações que servem para ser usadas na estimativa das dimensões para o projeto e o dimensionamento de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Palavras-chave: Estimativa, Dimensões, Projeto, Dimensionamento, Pontes, Concreto Protendido. Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 2 1 Introdução O projeto de uma ponte de concreto envolve diversas tarefas. Entre estas, destaca-se o levantamento de elementos geométricos relativos à seção transversal do tabuleiro e ao vão da ponte. Este trabalho tem por objetivo apresentar um levantamento de parâmetros geométricos sobre a seção transversal e o vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido, construídas dentro e fora do país. Os parâmetros geométricos da seção transversal da ponte foram largura, altura, áreas da laje inferior e das vigas do tabuleiro, alturas da viga no meio do vão e sobre o pilar da ponte, e altura e comprimento da laje em balanço. A análise e a comparação entre esses parâmetros resultaram em relações que servem para ser usadas na estimativa das dimensões para o projeto e o dimensionamento de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. 2 Pontes de Tabuleiros Celulares Em geral, pontes de seção transversal na forma de célula ou caixão fechado são construídas utilizando o método dos balanços sucessivos e feitas com o uso de concreto protendido. Podem ter vigas com altura variável ou constante. Algumas pontes de tabuleiro celular em concreto protendido, construídas em balanços sucessivos, podem ser vistas na Figura 1. (a) Ponte sobre o Rio Pelotas - Divisa RS com SC Vão = 189 m (b) Auto-estrada alemã perto de Münster Vão = 85 m (c) Ponte Bendorf – Alemanha Vão = 208 m Figura 1 – Exemplos de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 3 A seção transversal dessas pontes é usualmente executada com duas vigas, que podem estar em plano vertical ou inclinado, como mostra a Figura 2a. A seção com 3 vigas é de execução difícil e pouco usada nas pontes e nos viadutos (v. Figura 2b). Em pontes e viadutos, com grande largura, pode ser adotada seção transversal com 4 vigas agrupadas de acordo com a Figura 2c. A Figura 2d ilustra outros tipos de seção transversal que já foram usados, mas hoje em dia, não são mais. (a) (b) (c) (d) Figura 2 – Exemplos de Tipos de Seção Transversal de Pontes de Tabuleiro Celular. 2.1 Altura da Viga sobre o Pilar A Figura 3 mostra dados coletados que correlacionam a altura da viga sobre o pilar com o vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com vigas de altura variável. Verifica-se que a maioria destes dados enquadra-se em pontes com vão entre 60 m e 120 m, cujos valores de altura da viga sobre o pilar situam-se na faixa de 3 m a 7 m. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Vão (m) h pi la r (m ) Figura 3 – Valores de Altura da Viga sobre o Pilar em Função do Vão de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. h MPa30fMPa24 ck ≤≤ Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 4 Segundo GUYON (1966), a altura mínima da viga sobre o pilar pilarh é igual a: ( ) ( )1,5ck c pilar 100 L0,701 100 L f 75γ L h + ≥ (2.1) onde: L é o vão da ponte em metros; cγ é o peso específico do concreto em tf/m3, igual a 2,5 tf/m3; ckf é a resistência característica do concreto à compressão em tf/m2. Curvas de valores da altura da viga sobre o pilar em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com vigas de altura variável, segundo GUYON (1966) para diferentes tipos de concreto, e dados coletados na literatura podem ser visualizados na Figura 4. Constata-se que, para um mesmo vão, os dados coletados na literatura levam a valores maiores de altura da viga sobre o pilar que os sugeridos por GUYON (1966) para concretos com fck entre 26 MPa e 40 MPa. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Vão (m) h da vi ga so br e o pi la r (m ) h viga sobre o pilar (m) Guyon - h mín. fck = 40MPa Guyon - h mín. fck = 30MPa Guyon - h mín. fck = 26MPa altura média observada Figura 4 – Valores de Altura da Viga sobre o Pilar em Função do Vão e os Recomendados por GUYON (1966) de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. fck = 26 MPa fck = 30 MPa fck = 40 MPa Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 5 2.2 Relação entre Alturas de Viga sobre o Pilar e no Meio do Vão A Figura 5 reúne dados coletados sobre a variação dos valores da relação entre alturas da viga sobre o pilar e no meio do vão em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com vigas de altura variável. Pode-se observar que, para vãos de 50 m a 140 m, a maioria das pontes construídas tem valores desta relação entre 2,0 e 3,0. 0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 vão (m) R a zã o ( h pi la r / h vã o ) Figura 5 – Valores de Relação entre Alturas da Viga sobre o Pilar e no Meio do Vão em Função do Vão de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. 2.3 Altura da Viga Dados sobre altura da viga em função do vão de viadutos urbanos de tabuleiro celular em concreto protendido com altura constante podem ser vistos na Figura 6. Nota-se desta figura que grande parte destes dados apresenta, na faixa de vãos de 30 m a 70 m, valores da altura do tabuleiro entre 1 m e 3 m. 0 1 2 3 4 5 6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 vão L ( m ) a ltu ra h ( m ) Figura 6 – Valores de Alturas da Viga em Função do Vão de Viadutos Urbanos de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido com Altura Constante. Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 6 2.4 Altura da Viga sobre o Pilar: Pontes com Altura Variável e Viadutos com Altura Constante Com basenos dados coletados, como podem ser vistos na Figura 7, sobre altura da viga sobre o pilar (v. Figura 8a) de pontes de tabuleiro celular com altura variável hpilar e altura da viga de viadutos urbanos de tabuleiro celular com altura constante h (v. Figura 8b) em função do vão L, propõem-se as equações 2.2 e 2.3. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 L = Vão da ponte (m) h = Al tu ra da Vi ga do Ta bu le iro (m ) Altura Variável h pilar = L / 18 Altura constante h=L/23 Figura 7 – Comparação entre Valores de Alturas da Viga em Função do Vão de Pontes com Altura Variável e Viadutos Urbanos com Altura Constante de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. (a) Pontes com Altura Variável (b) Viadutos Urbanos com Altura Constante Figura 8 – Esboço de Obras de Arte Especiais em Concreto Protendido. 18 L pilarh = (2.2) para pontes com altura variável; 23 Lh = (2.3) para viadutos urbanos com altura constante. L ≈ 0,6L a 0,8L ≈ 0,6L a 0,8L h h pilar L ≈ 0,6L a 0,8L ≈ 0,6L a 0,8L h Concretos com fck ≤ 30MPa Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 7 2.5 Altura da Laje em Balanço A Figura 9 apresenta valores da altura da laje em balanço em função do comprimento do balanço da laje de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Pode-se verificar que a maioria dos dados coletados sobre a altura da laje em balanço encontra-se variando de 0,35 m (valor mínimo) a 0,60 m, para uma faixa de comprimento do balanço da laje entre 1,5 m e 4,5 m. Na Figura 10, pode ser visto o esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da altura e do comprimento da laje em balanço. 0.350.35 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 Comprimento (b) do Balanço da laje (m) Al tu ra (h ba l. ) d a la je em ba la n ço (m ) mínimo Figura 9 – Valores de Altura da Laje em Balanço em Função do Comprimento do Balanço da Laje de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. Figura 10 – Esboço da Seção Transversal de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido com Detalhes da Altura e do Comprimento da Laje em Balanço. h binf. bw b b hbal hinf. Seção Transversal 24 MPa ≤ fck ≤ 35MPa Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 8 2.6 Relação entre Área da Laje Inferior de Compressão sobre o Pilar e a Largura do Tabuleiro Dados sobre relação entre área da laje inferior de compressão sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido podem vistos na Figura 11. Nota-se desta figura que grande parte destes dados apresenta, na faixa de vãos de 60 m a 140 m, valores desta relação entre 0,2 m2/m e 0,5 m2/m. Esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área da laje inferior e da largura do tabuleiro encontra-se ilustrado na Figura 12. 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Vão da Ponte L (m) ár ea da la je in fe rio r ( m 2 ) / la rg ur a do ta bu le iro (m ) Figura 11 – Valores de Relação entre Área da Laje Inferior de Compressão sobre o Pilar e a Largura do Tabuleiro de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. Figura 12 – Esboço da Seção Transversal de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido com Detalhes da Área da Laje Inferior e da Largura do Tabuleiro. h binf. ≈ 0,40B a 0,65B bw bw b b hbal hinf Seção Transversal 24 MPa ≤ fck ≤ 35MPa B Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 9 2.7 Relação entre Área Total das Vigas sobre o Pilar e a Largura do Tabuleiro Encontram-se na Figura 13 dados sobre a relação entre a área total das almas sobre o pilar e a largura do tabuleiro em função do vão de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido. Nota-se nesta figura que grande parte destes dados apresenta, para vãos variando de 40 m a 120 m, valores entre 0,1 m2/m e 0,4 m2/m. Na Figura 14 pode ser visualizado esboço da seção transversal de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com detalhes da área total das almas e da largura do tabuleiro. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 vão (m) ár e a to ta l d a s vi ga s (m 2 ) / la rg u ra do ta bu le iro (m ) Figura 13 – Valores de Relação entre Área Total das Almas sobre o Pilar e a Largura do Tabuleiro de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. Figura 14 – Esboço da Seção Transversal de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido com Detalhes da Área Total das Almas e da Largura do Tabuleiro. B binf bw bw b b hbal hinf Seção Transversal hpilar 24 MPa ≤ fck ≤ 35MPa B bw hpilar Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 10 2.8 Quantidade Média de Concreto As Figuras 15 e 16 mostram valores de espessura média de acordo com a altura das vigas do tabuleiro de pontes e de viadutos urbanos de tabuleiro celular em concreto protendido. Essa espessura média foi obtida fazendo a relação entre o volume médio de concreto e a área total do tabuleiro celular. A partir da altura da viga, pode-se encontrar a espessura média, e por conseguinte, o volume médio de concreto. Figura 15 – Valores de Espessura Média em Função da Altura das Vigas do Tabuleiro de Pontes de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. Figura 16 – Valores de Espessura Média em Função da Altura das Vigas do Tabuleiro de Viadutos Urbanos de Tabuleiro Celular em Concreto Protendido. 24 MPa ≤ fck ≤ 35MPa Exemplo hvão = 2,5 m Exemplo hapoio = 6,5 m 24 MPa ≤ fck ≤ 35MPa Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 11 2.9 Quantidade Média de Aço Valores de quantidade média de aço passivo por m2 de tabuleiro em função da altura da viga e da largura do tabuleiro de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido podem ser vistos na Figuras 17. Na Figura 18 constam os valores de aço ativo em função do vão. Conhecendo os valores da altura da viga e da largura do tabuleiro celular ou do vão da ponte, pode-se prever a quantidade média de aço. Figura 17 – Valores de Quantidade Média de Aço CA-40 ou CA-50 por m2 de Tabuleiro em Função da Altura das Vigas e da Largura do Tabuleiro de Pontes de Tabuleiro Celular com 2 Vigas em Concreto Protendido. Figura 18 – Valores de Quantidade de Aço CP das Vigas por m2 de Tabuleiro em Função da Vão de Pontes de Tabuleiro Celular com 2 Vigas em Concreto Protendido. 24 MPa ≤ fck ≤ 35MPa B Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 12 2.10 Exemplo de Cálculo O exemplo a seguir mostra o cálculo para estimativa das dimensões de uma ponte de tabuleiro celular com altura variável em concreto protendido. O vão central da ponte possui 100 m de comprimento e a largura do tabuleiro é igual a 13,6 m. O concreto tem resistência característica à compressão igual a 30 MPa. 1) Altura da viga sobre o pilar hpilar: Segundo a Equação 2.1 (GUYON, 1966), tem-se que: ( ) ( )1,5 pilar 100 1000,701 100 100 3000 2,5 . 75 100 h + ≥ → hpilar ≥ 3,7 m. Da Figura 3, observa-se que 4,7 m≤ hpilar ≤ 6,5 m. Logo, adota-se hpilar = 6,5 m. 2) Altura da viga no meio do vão hvão: Da Figura 5, chega-se a 1,9 ≤ vão pilar h h ≤ 3,9. Para hpilar = 6,5 m, pode-se escrever que 1,7 m ≤ hvão ≤ 3,4 m. Tomando-se a média entre os valores, tem-se que hvão = 2,5 m. A Figura 19 mostra esquema do perfil longitudinal da ponte a ser dimensionada. Figura 19 – Esquema do Perfil Longitudinal da Ponte de Tabuleiro Celular com Altura Variável em Concreto Protendido a ser Calculada. 3) Área total das almas sobre o pilar: Da Figura 13, verifica-se que, para um vão de 100 m, a relação entre a área total das almas sobre o pilar e a largura do tabuleiro situa-se entre 0,22 m2/m e 0,42 m2/m. Sendo a largura do tabuleiro B = 13,6 m e levando em conta a Figura 14, chega-se a 2,99 m2 ≤ 2.bw.hpilar ≤ 5,71 m2. Como hpilar = 6,5 m, tem-se que 0,23 m ≤ bw ≤ 0,44 m. Logo, adota-se largura da alma sobre o pilar bw = 0,40 m. hpilar = 6,5 m hvão = 2,5 m 60 m 100 m 60 m Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 13 Para largura da alma no meio do vão, admite-se bw = 0,20 m. 4) Largura da laje inferior na seção sobre o pilar: Da Figura 12, tem-se que 0,40 B ≤ binf ≤ 0,65 B. Sendo B = 13,6 m, chega-se a: 5,44 m ≤ binf ≤ 8,84 m. Tomando valor médio, assume-se binf = 6,80 m. 5) Altura da laje inferior na seção sobre o pilar: Da Figura 11, pode-se escrever que 0,38 m2/m ≤ (binf.hinf)/B ≤ 0,53 m2/m. Sendo B = 13,6 m e binf = 6,80 m, chega –se a 0,76 m ≤ hinf ≤ 1,06 m. Adotando-se um valor médio, tem-se que hinf = 0,90 m. No meio do vão, usa-se a altura mínima igual a 0,15 m. 6) Altura da laje em balanço: Adotando-se o comprimento do balanço b = 3,10 m, obtém-se da Figura 9 um valor médio hbal = 0,45 m, valor maior que o mínimo de 0,35 m. As Figuras 20 e 21 apresentam esquema sobre pré-dimensionamento das seções transversais sobre o pilar e no meio do vão da ponte de tabuleiro celular com altura variável em concreto protendido a ser calculada. Figura 20 – Esquema da Seção Transversal sobre o Pilar da Ponte de Tabuleiro Celular com Altura Variável em Concreto Protendido a ser Calculada. A largura da laje inferior varia ao longo da ponte para que seja mantida a inclinação da face lateral, isto é de 6,8 m sobre o pilar a 7,2 m no meio do vão. Na Figura 22 pode ser vista a variação da largura da laje inferior do tabuleiro. B =13,6 m h = 6,5 m bw = 0,4 m hbal = 0,45 m hinf = 0,9 m binf = 6,8 m B = 3,1 m b = 3,1 m 0,3 m 0,3 m Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 14 Figura 21 – Esquema da Seção Transversal no Meio do Vão da Ponte de Tabuleiro Celular com Altura Variável em Concreto Protendido a ser Calculada. Figura 22 – Esquema das Seções Transversais sobre o Pilar e no Meio do Vão da Ponte de Tabuleiro Celular com Altura Variável em Concreto Protendido a ser Calculada. 7) Quantidade média de materiais: A área do tabuleiro é igual a (60 m + 100 m + 60 m).13,6 m = 2992 m2. 2,5 m 6,5 m 13,6 m 6,8 m 0,2 m 0,4 m 0,9 m 0,15 m 0,45 m 0,15 m 3,1 m 3,1 m 0,3 m 0,3 m 7,2 m Sobre o pilar Meio do vão B = 13,6 m h = 2,5 m bw bw = 0,20 m hbal = 0,45 m hinf = 0,15 m binf = 6,8 m b = 3,1 m b = 3,1m 0,3 m 0,3 m Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 15 - Concreto: Para um vão máximo de 100 m, a espessura média, conforme a Figura 15 para altura média igual a 4,5 m, pode ser estimada em 0,90 m. Assim o volume de concreto, que é o produto entre a área total do tabuleiro e a espessura média, é dado por 2992 m2 . 0,90 m = 2693 m3 ≈ 2700 m3. - Aço CA-50: No apoio, com altura da viga igual a 6,5 m e largura do tabuleiro de 13,6 m, obtém- se da Figura 17, a quantidade de aço passivo por m2 de tabuleiro de cerca de 75 kg/m2. No meio do vão e nos apoios extremos, com altura da viga igual 2,5 m e largura do tabuleiro de 13,6m, chega-se à quantidade de aço passivo por m2 de tabuleiro em torno de 52 kg/m2. O valor médio para quantidade de aço CA-50 por m2 de tabuleiro é igual a (75 + 52)/2 = 63,5 kg/m2. Assim a quantidade de aço CA-50 é igual a 2992 m2. 63,5 kg/m2 = 189992 kg ≈ 190 ton. O valor mínimo para quantidade de aço passivo por m3 de concreto a considerar é de 120 kg/m3. Logo, 2700 m3.120 kg/m3 = 324000 kg = 324 ton. - Aço CP-190 RB com fyp = 1700 MPa: Considerando a Figura 18 e extrapolando os dados para o vão igual a 100 m, adota- se uma quantidade de aço ativo por m2 de tabuleiro igual a 50 kg/m2. Logo, a quantidade de aço CP-190 RB é igual a 2992 m2. 50 kg/m2 = 149600 kg ≈ 150 ton. 3 Considerações Finais Este trabalho objetivou disponibilizar dados práticos sobre parâmetros geométricos para o projeto e o dimensionamento de pontes de tabuleiro celular em concreto protendido com altura constante ou variável. Essas dimensões estimadas servem apenas para um estudo inicial da obra, inclusive para uma avaliação do seu custo e das fundações. Ressalta-se que as dimensões dependerão das propriedades dos materiais a adotar na obra, como por exemplo, da resistência característica do concreto à compressão e da resistência característica ao escoamento do aço. A execução de cálculo estrutural pode confirmar ou não as dimensões estimadas. 4 Referências Bibliográficas DIAZ, E. The Technique of Glueing Precast Elements of the Rio-Niteroi Bridge. Matériaux et Constructions. N. 43. pp. 43-50. Jan/Feb., 1975. GUYON, Y. Constructions en Béton Précontraint. États Limites. V. 1 e 2. Cours CHEBAP. Eyrolles, 1966. BEYER, E., LANGE, K. Verkehrsbauten – Brücken Hochstrassen Tunnel – Entwicklungstendenzen aus Düsseldorf. Beton-Verlag GmbH. Düsseldorf, 1974. KUPFER, H. Bemessung von Spannbetonbauteilen nach DIN4227. Beton Kalender, 1994. KUPFER, H. Segmentäre Spannbetonträger im Brückenbau. Deutscher Ausschuss für Stahlbeton – Heft 311. Berlin, 1980. LEONHARDT, F. Construções de Concreto. Volumes 1 a 6. Editora Interciência, 1984. LEONHARDT, F. Spannbeton Für Die Práxis. Ernst & Sohn, 1956 a 2001. Rio de Janeiro, 12 a 14 de Outubro de 2007 16 LEONHARDT, F. Baumeister in Einer Umwälzenden Zeit. Deutsche Verlags-Anstalt, 1998. LEONHARDT, F. 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