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Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte Rio-Niterói) O local A construção da Ponte Rio-Niterói foi caracterizada por uma abordagem tecnologicamente avançada, incluindo a presença de um laboratório de ensaios completo. Quando necessário, eram contratados serviços de laboratórios externos ou conduzidas pesquisas especiais. A resistência das estruturas utilizadas foi verificada por meio de modelos reduzidos ou testes de carga em peças de tamanho real. A seleção da localização da Ponte Rio-Niterói na Baía de Guanabara foi influenciada pela necessidade de minimizar interferências com os portos da região, resultando em um traçado que passa por trás deles. No entanto, a ponte é atravessada por petroleiros de grande porte devido à presença do terminal marítimo da Petrobras, localizado no interior da baía. Localização geográfica da Ponte Rio-Niterói | Imagem reproduzida de Blog Viajando pela História do Rio de Janeiro O modelo de engenharia adotado Na área mais profunda da baía, foi adotado um gabarito de navegação com 260 metros de largura e 60 metros de altura. Para atender a esse gabarito, foi projetado um vão central de 300 metros (com os vãos adjacentes de 200 metros cada), com a pista elevada a 70 metros acima do nível d'água. Embora o gabarito pudesse ser mais alto, foi limitado devido à presença de dois aeroportos na região. Vista dos vãos centrais e adjacentes | Imagem reprodução Ao longo da maior parte da baía, há navegação de pequenos barcos ou navios médios. Para atender a essa navegação, foram adotados vãos de 80 metros, com a pista elevada a 24 metros acima do nível da água. Em termos de tráfego, a Ponte possui duas pistas, separadas por uma mediana de concreto, cada uma com 12,20 metros de largura, correspondendo a três faixas de rolamento. A capacidade de tráfego projetada para a Ponte é de 50.000 veículos diários. No entanto, a média atual de tráfego na ponte é de 135.000 veículos por dia, com base em dados de 2021. As empresas envolvidas A Ponte Presidente Costa e Silva faz parte da BR-101, uma rodovia federal litorânea que se estende desde Osório, no Rio Grande do Sul, até Natal, no Rio Grande do Norte. Como parte integrante da rede rodoviária federal, a ponte foi construída com recursos do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Para gerenciar o projeto e a construção da Ponte, o Ministério dos Transportes criou a ECEX (Empresa de Construção e Exploração da Ponte Presidente Costa e Silva), uma empresa pública que supervisionava as empresas responsáveis pelo projeto e pela construção da ponte. Desenvolvimento do projeto O projeto e a supervisão da obra foram realizados por um consórcio formado pelas empresas Howard, Needles Tammen and Bergendoff International, Inc., de Nova Iorque, e Antonio A. Noronha – Serviços de Engenharia S. A., do Rio de Janeiro. A execução das fundações e estruturas de concreto foi realizada por um consórcio de empresas brasileiras: Construções e Comércio Camargo Correa S. A., Construtora Rabelo S. A. e Construtora Mendes Junior S. A. Fabricação de peças e controle de qualidade A fabricação e a montagem das estruturas metálicas foram contratadas com o consórcio das empresas inglesas Redpath Dorman Long Ltd. e The Cleveland Bridge and Engineering Co. Ltd., que por sua vez utilizaram os serviços da empresa brasileira Montreal Engenharia S. A. como subempreiteira. O controle de qualidade dos materiais foi realizado pela empresa Geotécnica S. A., que operou o laboratório de ensaios do canteiro na ilha do Fundão e também participou de trabalhos de sondagens e medições. A empresa Tecnosolo S. A. também participou dos trabalhos de sondagem e provas de carga. Além disso, diversas outras empresas foram contratadas pela ECEX para executar tarefas especiais. As características gerais A grandiosidade dos números associados à Ponte Rio-Niterói é notável: com uma extensão total de 13.290 metros, é a maior ponte do hemisfério sul e a maior do mundo em viga reta contínua. Seu vão principal, em viga metálica soldada, possui impressionantes 300 metros de comprimento. Durante a fase de projeto e construção, diversos desafios técnicos e construtivos surgiram. Um deles foi a concretagem submersa de elementos delgados, como os tubulões de 1,8 metro de diâmetro, em meio agressivo, como a água do mar. Outro desafio foi a substituição do processo clássico de avanços progressivos para a montagem da superestrutura metálica. Esse processo foi substituído por um esquema ousado que envolvia a montagem das vigas por meio de segmentos pré-fabricados de até 5000 toneladas de força, entre outros desafios. Sequência executiva em avanços progressivos Resumo dos dados técnicos Aqui está o texto reorganizado em itens para facilitar a compreensão: • Longarinas: o Lado do Rio de Janeiro: 777 unidades o Lado de Niterói: 365 unidades o Total de longarinas: 1.142 unidades • Aduelas de Concreto: o Total de aduelas: 3.250 ▪ Aduelas correntes: 3.000 unidades ▪ Aduelas de apoio: 182 unidades ▪ Aduelas de articulação: 68 unidades • Blocos-Pilares e Tubulões: o Conjuntos bloco-pilares no mar: 103 unidades o Tubulões no mar: 1.138 unidades • Faixas de Tráfego: o Duas pistas de 12,20 m cada o Cada pista possui: ▪ Trecho geral: três faixas de rolamento ▪ Trecho entre a praça de pedágio e o vão central: quatro faixas de rolamento Nas tabelas abaixo, algumas dimensões de maior relevância da Ponte Rio- Niterói e números relativos ao consumo de materiais da estrutura: Resumo dos principais comprimentos | Quantitativo de materiais empregados na construção Os principais elementos estruturais da Ponte Rio-Niterói 1. Superestrutura A Ponte Rio-Niterói, sob o ponto de vista estrutural, apresenta três trechos principais: • vãos centrais, junto ao canal de navegação; • vãos de acesso sobre o mar; • vãos de acesso em terra. Cada um dos três trechos da Ponte Rio-Niterói apresenta requisitos funcionais e construtivos distintos, o que resultou em soluções estruturais com características próprias. Vãos centrais Conforme mencionado anteriormente, devido à altura máxima de construção disponível de 12 metros, pontes pênseis ou estaiadas com torres altas não puderam ser utilizadas no vão central. A solução adotada para os vãos centrais foi uma viga contínua, com um vão principal de 300 metros e vãos laterais de 200 metros. A seção transversal da viga é composta por duas vigas-caixão, cada uma com 6,86 metros de largura, e a distância livre entre as almas internas é de 6,34 metros. Seções transversais das estruturas metálicas Segmento de 292m de comprimento sobre o píer de lançamento Vãos de acesso sobre o mar Os vãos de acesso sobre o mar compõem a parte mais extensa da obra, e não há restrição de altura para a navegação, permitindo vãos inferiores a 100 metros. Nessa área, o concreto protendido foi escolhido como a solução mais econômica devido a várias razões: • O tamanho da obra justificava a industrialização da construção. • As condições de acesso e exposição ao meio ambiente não eram favoráveis para a concretagem no local. • O transporte de elementos pré-moldados pesados pelo mar era mais eficiente. Por isso, optou-se pela técnica de construção segmental com aduelas pré-moldadas, coladas e protendidas. Isso garantiu um padrão estético de alta qualidade e prazos de construção reduzidos. Além disso, os trechos de concreto e os trechos metálicos foram compatibilizados, pois a seção transversal dos trechos de concreto é composta por duas vigas-caixão com as mesmas dimensões externas dos trechos metálicos. Seção típica de acesso sobre o mar (a) fase de construção e (b) fase final Estrutura de acesso sobre o mar - esquema de montagem de aduelas Montagem das aduelas Vãos de acesso em terra Os acessos terrestres do lado do Rio incluem um viaduto sobre a Avenida Riode Janeiro e três rampas. O projeto inicial previa um viaduto em viga-caixão protendida e rampas com vigas contínuas protendidas. O viaduto chegou a ser parcialmente construído com transversinas pré-moldadas, enquanto o restante das estruturas foi alterado para usar longarinas pré-moldadas em forma de "barriga de peixe". Algumas partes das rampas foram feitas com vigas "I" contínuas formadas por segmentos pré-moldados com a mesma forma das longarinas em "barriga de peixe". Montagem das aduelas 2. Mesoestrutura dos trechos sobre o mar Os pilares sobre o mar são compostos por colunas retangulares ocas, construídas com formas deslizantes, cada uma suportando as reações de uma viga-caixão. As dimensões externas dos pilares são constantes transversalmente, iguais à largura da viga-caixão, e variáveis longitudinalmente, dando-lhes a forma de um tronco de cone. As colunas são ocas, com uma parte maciça no topo chamada cabeça, que recebe as cargas dos aparelhos de apoio e as transmite às paredes do pilar. Os pilares se engastam em blocos de fundação na base, com altura de dois a dois metros e meio, e no vão central a altura dos blocos é de cinco metros, variando em planta conforme o número de tubulões existentes em cada pilar. Mesoestrutura - pilares em concreto 3. Infraestrutura dos trechos sobre o mar As fundações marítimas foram construídas usando três métodos diferentes: • Tubulões a ar comprimido, com base alargada, utilizados até profundidades de 25 a 30 metros. • Tubulões mistos, combinando estacas metálicas cravadas dentro de camisas metálicas pré-escavadas, preenchidas com concreto submerso. • Tubulões tipo Bade-Wirth, com camisas metálicas inseridas em escavações até o terreno resistente e preenchidas com concreto submerso. Dos 1.138 tubulões utilizados, 462 foram do primeiro tipo, 199 do segundo e 477 do terceiro, devido à limitação prática de profundidade para os tubulões a ar comprimido e à disponibilidade de equipamentos para os outros métodos. As fundações a ar comprimido foram instaladas em solos sedimentares resistentes, enquanto as estacas das fundações mistas foram cravadas na camada de alteração de rocha. Os tubulões Bade-Wirth tiveram suas bases engastadas na rocha. Além disso, foram instaladas estruturas de proteção para absorver choques de navios e proteger a ponte. Essas estruturas foram planejadas para os pilares dos vãos centrais, pilares adjacentes e entre as ilhas Mocanguê Grande e Caju. 4. Mesoestrutura dos trechos sobre terra Os pilares dos trechos em terra têm formas variáveis, dependendo dos pontos de apoio. Um formato comum é o pilar em "T", com fuste retangular oco de concreto armado e travessão maciço de concreto protendido, construído com formas deslizantes e escoramento com painéis metálicos Bailey. 5. Infraestrutura dos trechos sobre terra As fundações dos trechos em terra foram realizadas em estacas metálicas e em estacas Franki. As condições atuais da Ponte Rio-Niterói Adequações e melhorias Em 2000, a Concessionária Ponte S/A realizou a maior intervenção na história da Ponte Rio-Niterói, reforçando os caixões metálicos da superestrutura do vão central e substituindo o pavimento asfáltico por concreto rígido. A passagem de grandes caminhões foi limitada das 22h às 4h para permitir a implantação de uma quarta faixa de rolamento em ambos os sentidos, aumentando a capacidade da ponte de 6 mil para 7,5 mil veículos/hora durante o horário de pico e reduzindo retenções em Niterói. Para apoiar essas melhorias, foram construídas bases operacionais avançadas na Ilha do Caju, com alças de ligação sob as pistas para agilizar os atendimentos SOS Usuário. O problema das vibrações e solução implementada Na mesma época, a Ponte Rio-Niterói recebeu uma importante melhoria em sua estrutura para reduzir as oscilações causadas por fortes ventos: o sistema de Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS), instalado nos caixões metálicos do vão central. Desenvolvido pela Coopetec/UFRJ, o sistema é composto por 32 conjuntos de molas e contrapesos em aço, totalizando 120 tf, distribuídos simetricamente para diminuir a frequência natural de oscilação da estrutura. Análise crítica A Ponte Presidente Costa e Silva foi um grande desafio de engenharia para época que foi construída e é ainda hoje a segunda ponte mais extensa da América Latina e a maior do hemisfério sul em concreto protendido. Além disso, foi um grande avanço para a região que foi implantada, permitindo o acesso entre as cidades que antes era feito somente por balsas ou percorrendo 120km de rodovia. Indicador desse avanço econômico é o fluxo diário de cerca de 150 mil veículos. A Ponte Rio-Niterói impulsionou o desenvolvimento econômico das cidades ao facilitar o acesso a mercados, fornecedores e mão de obra, gerando empregos e receitas fiscais. Ela também atraiu investimentos em infraestrutura e se tornou um ícone turístico, atraindo visitantes interessados na vista panorâmica da Baía de Guanabara e dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro. Referências https://naveguetemporada.com/o-impacto-da-ponte-rio-niteroi-nos-negocios-e- investimentos/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_Rio-Niterói https://www.sinduscon-rg.com.br/ponte-rio-niteroi-uma-das-maiores-obras-da- engenharia-mundial-completa-50-anos/ https://engenharia360.com/como-impermeabilizar-de-lajes-de-cobertura/ https://naveguetemporada.com/o-impacto-da-ponte-rio-niteroi-nos-negocios-e-investimentos/ https://naveguetemporada.com/o-impacto-da-ponte-rio-niteroi-nos-negocios-e-investimentos/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_Rio-Niterói https://www.sinduscon-rg.com.br/ponte-rio-niteroi-uma-das-maiores-obras-da-engenharia-mundial-completa-50-anos/ https://www.sinduscon-rg.com.br/ponte-rio-niteroi-uma-das-maiores-obras-da-engenharia-mundial-completa-50-anos/
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