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REAÇÕES CEREBRAIS OCASIONADAS PELO ESTRESSE CRÔNICO
Paola Jaqueline de Souza1
NEUROPSICOLOGIA
RESUMO
O presente artigo segue a ideia de apresentar a partir de revisão bibliográfica as
reações negativas cerebrais ocasionadas pelo estresse crônico, isso porque
tratando-se de um agente estressor, quando é afastado cessa o episódio, já nos
casos de estresse crônico que como o próprio nome diz é prolongado, o paciente
pode apresentar inúmeras complicações. Aqui descreveremos sobre o possível
desenvolvimento de doenças neurológicas e mudanças fisiológicas cerebrais
ocasionadas pelo estresse crônico. Conclui-se que o estresse crônico está ligado a
inúmeros fatores desencadeadores de doenças cerebrais e mentais, inclusive
causando um surgimento precoce delas, para evitar isso, os hábitos saudáveis
como por exemplo, manter uma alimentação regrada, qualidade do sono, não
trabalhar excessivamente, praticar atividades físicas regularmente, aliados a
psicoterapia, podem evitar ou tratar esta questão.
Palavras-chave: Crônico; Cerebrais; Estresse; Neurológico; Hábitos.
ABSTRACT
This article is based on a literature review of the negative brain reactions caused by
chronic stress, because when a stressor is removed, the episode ceases, while in
cases of chronic stress, which as the name implies is prolonged, the patient can
present numerous complications. Here we will describe the possible development of
neurological diseases and physiological changes in the brain caused by chronic
stress. It can be concluded that chronic stress is linked to numerous factors that
trigger brain and mental illnesses, including their early onset, and can cause
physiological changes. To avoid this, healthy habits such as maintaining a regular
diet, quality sleep, not working excessively, practicing physical activity regularly,
combined with psychotherapy, can prevent or treat it.
Keywords: Chronic; Brain; Stress; Neurological; Habits.
______________________
¹Graduando em Psicologia pela UNIPAR- Universidade Paranaense. e-mail:
paola.souza@edu.unipar.br
https://www.google.com/search?safe=active&sca_esv=597219834&rlz=1C1GCEU_pt-BRBR1091BR1091&q=mudan%C3%A7as+fisiologicas+cerebrais+pelo+estresse&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwiG5Z-zitODAxXtALkGHcNED54QBSgAegQICBAC
Introdução
Dentro deste artigo iremos dissertar como o estresse afeta a parte
neurológica, e como reflete diretamente em vários outros sistemas de funcionamento
do corpo, inclusive causar mudanças significativas na fisiologia cerebral.
Todos nós passamos por situações estressantes na vida, algumas vezes
nos pegamos perto de situações ou agentes estressores que percorrem por alguns
dias, e o estresse só cessa quando o agente é finalizado, por exemplo, quando
temos algum trabalho grande para entregar, ou alguma apresentação em público.
Porém, quando somos expostos a situações recorrentes de estresse, este
pode se tornar crônico, inclusive passando a acontecer sem uma causa específica,
passando a afetar a vida, desde os afazeres mais simples até os mais complexos,
inclusive tendo forte influência nas relações interpessoais. O estresse crônico como
o próprio nome já diz é um estresse contínuo e que precisa de tratamento
específico direcionado por profissional competente nesta área de atuação.
Este assunto é de suma importância, hoje com o dia a dia agitado, estamos
tão acelerados que acabamos esquecendo de cuidar da saúde, incluindo
principalmente a saúde mental, precisamos pensar que o estresse influencia em
todo nosso corpo e nas funções fisiológicas em geral.
O objetivo deste trabalho é expor as reações cerebrais ocasionadas pelo
estresse crônico, bem como explicar os prejuízos, e como prevenir e tratar o
estresse, e assim prevenir as doenças mentais que podem surgir.
O presente trabalho foi feito a partir de revisão bibliográfica, sendo que
depois de muita leitura e pesquisa, concluiu-se às questões levantadas aqui dentro
deste artigo, lembrando que a ideia central foi entender como o estresse prejudica
as funções cerebrais e quais as maneiras de evitar ou mesmo tratar o estresse
crônico quando ele já está ocorrendo.
1 O que é o estresse x estresse crônico
O estresse é uma resposta comportamental e fisiológica a algo que
aconteceu ou está para acontecer que nos faz sentir ameaçados ou que, de alguma
2
forma, perturba o nosso equilíbrio, e causa consequências psicofisiológicas. Ele
costuma ser, portanto, causado por agentes estressores, que além dos presentes no
dia a dia de trabalho, existem ainda os espontaneamente presentes na “natureza,
como alterações climáticas, agentes físicos, químicos e biológicos, há também os
fatores de âmbito psicológico e emocional, como ansiedade, depressão e pânico,
cada vez mais presentes na vida humana moderna.”(PAGLIARONE e SFORCIN,
2009. pág. 58). Apesar de ser uma resposta natural do organismo quando em
excesso é prejudicial às nossas funções orgânicas.
Cabe ressaltar que o estresse pode também ser considerado positivo
quando em breves momentos e pequena quantidade ele nos motiva e ajuda a
superar situações difíceis.
Reação natural do organismo que ocorre quando vivenciamos situações de
perigo ou ameaça. Esse mecanismo nos coloca em estado de alerta ou
alarme, provocando alterações físicas e emocionais. A reação ao estresse é
uma atitude biológica necessária para a adaptação às situações novas.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012.online).
Entende-se portanto que o estresse é natural ao ser humano quando é uma
reação controlada, advinda de certo agente estressor, e é breve, já quando começa
perdurar por muito tempo e ser em grandes quantidades passa atrapalhar o
indivíduo física e psicologicamente.
Portanto como pudemos ver na citação acima o estresse quando em
quantidades controladas é uma reação normal do organismo, sendo que pode ser
dividida em fases segundo o Ministério da saúde sendo elas, Fase de Alerta: quando
o indivíduo entra em contato com o agente estressor, Fase de Resistência: o corpo
tenta voltar ao seu equilíbrio e Fase de Exaustão: nessa fase podem surgir diversos
comprometimentos físicos em forma de doença.
1.1 Sintomas
As fases do estresse citadas no subtítulo acima são carregadas de alguns
sintomas que podemos ver abaixo conforme descrito na citação do ministério da
saúde.
Sintomas da fase de alerta: Mãos e/ou pés frios; boca seca; dor no
estômago; suor; tensão e dor muscular, por exemplo, na região dos ombros;
aperto na mandíbula/ranger os dentes ou roer unhas/ponta da caneta;
diarréia passageira; insônia; batimentos cardíacos acelerados; respiração
ofegante; aumento súbito e passageiro da pressão sanguínea; agitação. O
organismo pode se adaptar ao problema ou eliminá-lo. Sintomas da fase de
resistência: Problemas com a memória; mal-estar generalizado;
3
formigamento nas extremidades (mãos e/ou pés); sensação de desgaste
físico constante; mudança no apetite; aparecimento de problemas de pele;
hipertensão arterial; cansaço constante; gastrite prolongada; tontura;
sensibilidade emotiva excessiva; obsessão com o agente estressor;
irritabilidade excessiva; desejo sexual diminuído. Sintomas da fase de
exaustão: Diarreias freqüentes; dificuldades sexuais; formigamento nas
extremidades; insônia; tiques nervosos; hipertensão arterial confirmada;
problemas de pele prolongados; mudança extrema de apetite; batimentos
cardíacos acelerados; tontura freqüente; úlcera; impossibilidade de
trabalhar; pesadelos; apatia; cansaço excessivo; irritabilidade; angústia;
hipersensibilidade emotiva; perda do senso de humor. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2012. online).
O estresse causa inúmeras sintomatologias, físicas e emocionais, “quando
estamos submetidos a um estresse persistente (crônico), nosso organismo tende a
sofrer as consequências psicofisiológicas.”(BRASIL, online), isso tem relação com
hormônios que são responsáveis pela regulação de várias funções cerebrais, como
descreve ARRUDA:
Principais sintomas emocionais: Instabilidade de humor; Dificuldade em
relaxar, agitação; Sentimento de isolamentoe solidão; Infelicidade ou
depressão. Principais sintomas físicos: Constipação ou diarreia; Tonturas,
náuseas; Sudorese excessiva; Diminuição da líbido; Imunidade baixa
(frequentes infecções e resfriados). Principais sintomas cognitivos:
Dificuldade de concentração; Enxergar os problemas sempre pelo lado
negativo; Pensamento acelerado ou sentimento de ansiedade;
Preocupação constante e excessiva. Principais sintomas do estresse
crônico: Períodos de insônia; Desmotivação; Irritabilidade; Cansaço
excessivo; Lesões na pele; Perda de cabelo; Desregulação ou até
suspensão do ciclo menstrual (nas mulheres); Dores pelo corpo,
especialmente na cabeça, no peito e no estômago (gastrite).(ARRUDA,
2022. online)
Alguns outros sintomas são, cefaléia, asma, alergias, depressão, ansiedade,
transtorno de estresse pós-traumático, doenças cardiovasculares, diabetes,
distúrbios gastrintestinais, aumento da vulnerabilidade às doenças
infectocontagiosas, maior incidência de cânceres. Esses sintomas refletem
negativamente em todas as relações interpessoais, trabalho e etc. Existe ainda além
das fases, mais de um tipo de estresse, sendo:“ Agudo: é mais intenso e curto,
sendo causado normalmente por situações traumáticas, mas passageiras, como a
depressão na morte de um parente. Crônico: afeta a maioria das pessoas, sendo
constante no dia a dia.”(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012. online). Por isso, a principal
diferença dos tipos de estresse é que um irá acontecer somente como a forma
normal de reação, e o outro irá perdurar por um grandes períodos causando
prejuízos que serão descritos abaixo.
2 Prejuízos do estresse crônico
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Você já parou pra pensar o que o estresse excessivo pode fazer com seu
corpo? se não leia atentamente este artigo. Quando paramos para analisar o
quanto essa reação em exagero faz estragos/ danos significativos no nosso
organismo em geral. Imagina que você tenha passado tanto tempo estressado que
esqueceu como é viver sem ele, será que é possível? O que se deve levar em
consideração ao classificar o estresse como algo benéfico ou prejudicial ao
organismo são sua intensidade e duração. Ballone explica na citação abaixo sobre
o fator acostumar-se com o estresse:
Podemos nos acostumar ao estresse ? Durante algum tempo sim. É a
chamada Fase de Resistência, a qual se caracteriza, basicamente, pela
hiperatividade da glândula supra-renal sob influência do SNC através do
Diencéfalo, Hipotálamo e Hipófise. É uma fase que surge quando persiste
a ação do estímulo estressor e, nesse período, há um aumento no volume
da supra-renal, concomitante a uma atrofia do baço e das estruturas
linfáticas e um continuado aumento dos glóbulos brancos do sangue
(leucocitose). Se os estímulos estressores continuam, tornando-se
crônicos e repetitivos, a resposta começa a diminuir de intensidade e pode
haver uma antecipação das respostas. É como se o organismo se
acostumar com os estressores. Vamos imaginar, hipoteticamente, uma
pessoa que se deparasse com uma cobra no meio de sua sala, quase
todas as vezes que entrasse em casa. Com o tempo sua reação ao ver a
(mesma) cobra tende a diminuir, embora ainda continue tomando muito
cuidado. Vai chegar um momento em que, mesmo não vendo a cobra,
ficará estressado diante da simples possibilidade de encontrá-la. Talvez
tenha grande ansiedade ao imaginar onde poderia estar hoje a tal
cobra.(BALLONE, 2018. pág.7- 8)
Portanto como exemplificado se um estressor repetidamente acontecer, da
mesma maneira, o nosso cérebro entende que precisa fazer toda sua função bem
como a hiperatividade da glândula supra-renal sob influência do SNC através do
Diencéfalo, Hipotálamo e Hipófise, e assim nós temos um ciclo de estresse ao qual
se dá o nome de estresse Crônico, ou seja, o que não necessariamente precisa de
um agente para ser ativado. Além disso, “Um grande número de achados científicos
têm mostrado que a exposição prolongada a estressores provoca mudanças
químicas e estruturais em várias regiões cerebrais.” ( SILVA, 2015. pág. 04).
Portanto como podemos ver abaixo em Silva (2015) :
O cérebro é um alvo do estresse, já que sofre mudanças químicas e
estruturais em resposta a estressores agudos e crônicos. O estresse agudo
cessa logo após o afastamento do agente estressor. Já o estresse crônico
“refere-se a um estado de tensão prolongado que pode levar ao
desenvolvimento de várias doenças e prejuízos para a qualidade de vida do
ser humano” (LIPP. apud SILVA, 2015 pg.3).
Se tratando em qualidade de vida pode-se imaginar como a baixa
qualidade impacta diretamente nosso dia a dia. “[...] Quando o estresse se torna
5
crônico, pode ter um impacto negativo na nossa saúde física e mental, incluindo a
saúde cerebral”.(Clínica do Cérebro – Neurocare, 2023. online). O cérebro, o órgão
mais importante do sistema nervoso, é ele que controla todo o corpo, sendo
responsável pelas ações involuntárias e voluntárias do nosso corpo.
O sistema nervoso é uma estrutura que existe em todas as partes do corpo
humano e é dividido em sistema nervoso central – que fica dentro da caixa
craniana e coluna vertebral – e sistema nervoso periférico, fora dos ossos.
O sistema nervoso é capaz de gerar todos os nossos comportamentos,
desde a alimentação, comportamento sexual, sono e alerta, passando por
situações de ataque e defesa e ajustes vegetativos relacionados à
manutenção da pressão arterial, glicemia, hormônios sexuais, entre outras
funções (MELLO, 2009. online).
Sabe-se que “hoje é admitido que o desencadeamento da morbidade
psiquiátrica possa resultar de uma exposição aguda ou crônica a
estressores.”(CORTEZ e SILVA, 2007. pág. 102).
Por isso entende-se que os efeitos causados nos organismos vão muito
além de um sentimento ruim, perpassa a atrapalhar diretamente na saúde do
corpo, no organismo e no estímulo diário nos afazeres. Isso porque temos
hormônios que funcionam como reguladores, porém quando somos expostos a
situações de grande estresse eles acabam sendo liberados em maior quantidade.
Dentro de todo o organismo, ainda há a participação de hormônios,
neurotransmissores e citocinas que na presença de um estressor, são
estimulados a serem produzidos e liberados. Contudo, a ação dos sistemas
contra um estresse duradouro, pode ser ineficaz e incompleta.(RAMOS,
2017. pg.2).
O cortisol “é um hormônio esteroide que regula o humor, a motivação e o
medo. Na prática, pode afetar diversas partes do corpo, já que a maioria das células
presentes em nosso organismo apresentam receptores do hormônio.(Sabin, 2023.
online)”, ele está diretamente ligado ao estresse, pode ter seus níveis relacionados
também ao tamanho do cérebro e à diminuição das funções cognitivas, quando
muito elevado por longos períodos, ou seja, pessoas mais estressadas tendem a
apresentar redução no volume cerebral e perda de memória com maior frequência.
O hormônio do cortisol está diretamente relacionado ao estresse porque ele
é liberado para preparar nosso organismo a fim de enfrentarmos momentos
de perigo. Além disso, o cortisol é responsável por manter a pressão arterial
e reduzir a queima calórica, para que seja possível poupar energia em
momentos considerados como ameaçadores ao indivíduo. No entanto, na
maioria das vezes, nosso corpo não sabe a diferença entre situações de
risco reais e imaginárias. Quando estamos, por exemplo, em eventos
desafiadores no trabalho, que causam forte estresse por conta de prazos
apertados e o alto volume de trabalho, o organismo entende o recado como
6
uma possibilidade de ameaça. Assim, o cortisol é liberado na corrente
sanguínea e seus níveis ficam acima do normal. Em casos em que acontece
o estresse crônico ou transtorno de ansiedade, há uma hiperestimulação de
produção do cortisol no organismo.(Sabin, 2023. online).
A exposição a fatores estressantes e liberação hormonal exagerada tem
total influência no possível desenvolvimento de transtornos, e de demências. “O
estresse modifica a estrutura e a função dos neurônios e das células gliais do
cérebro, produzindomudanças duradouras no comportamento e na fisiologia.
(Bender et al, 2020)”.
Caso os estressores sejam persistentes e o cortisol seja liberado em
excesso, o organismo pode sofrer efeitos prejudiciais em vários órgãos,
inclusive no cérebro. Essas evidências anatômicas do efeito nocivo do
estresse crônico sugerem que comprometimentos morfológicos poderiam
ocasionar alterações fisiológicas de áreas cerebrais, o que afetaria as
funções psíquicas. Sendo assim, já que estudos sobre o efeito do estresse
crônico no cérebro relacionam estressores, áreas afetadas e funções
comprometidas, eles parecem úteis na compreensão da etiologia de
doenças mentais(SILVA, 2015. pág.7).
Pensando no exposto acima onde cita ocasionar alterações fisiológicas de
áreas cerebrais e que estão se mostrando úteis na compreensão da etiologia de
doenças mentais. Podemos ver abaixo exemplos, os quais são resultado de
alterações neurais, por níveis elevados de cortisol.
Um exemplo é o comportamento hipocondríaco, que resulta de uma
adulteração perceptiva do feedback neural oriundo de várias partes do
corpo que alcança o cérebro. Este feedback se torna exacerbado e com teor
emocional de desagrado, embora nenhuma função ou estrutura orgânica
esteja verdadeiramente perturbada. Essas pessoas vão de médico em
médico, submetendo-se a muitos exames sem obter explicação satisfatória
sobre a verdadeira natureza do seu transtorno. Outros exemplos são os
quadros típicos da ansiedade crônica e do estresse pós-traumático, que
parecem resultar de uma intensa ativação da amígdala basolateral pelo
cortisol.(CORTEZ e SILVA, 2007. pág. 102)
Se pararmos para analisar o que Cortez e Silva (2015) nos traz, podemos
claramente entender que o estresse e a saúde física ou mental tem total e direta
ligação, incluindo também a cerebral. Isso poderia inclusive explicar a causa da
diminuição cerebral.
Quando a saúde está em dia, o cortisol funciona como um regulador de
humor, da pressão arterial e da quantidade de açúcar no sangue. O
hormônio também fortalece a musculatura do coração, atua no
fortalecimento do sistema imunológico e na resistência à dor em níveis
baixos.O cortisol age, ainda, no fornecimento de energia ao corpo, sendo
responsável por manejar carboidratos, gorduras e proteínas. Um bom
exemplo é que, quando a pessoa está com os níveis de estresse elevados,
não sente vontade de conversar com ninguém e prefere não ter interações
7
sociais. É como se o organismo recomendasse a economia de energia
intelectual e física. A falta de motivação, nesse caso, é uma forma de
guardar energia para um perigo imaginário que está por vir.(Sabin, 2023.
online)
Além de regulador do estresse, o cortisol trabalha também com fornecimento
de energia ao corpo, quando em níveis elevados é como se o indivíduo precisa-se
estocar energia para não ficar sem, além disso, a obesidade que pode ser
ocasionada por níveis altos de liberação do cortisol, também prejudica as respostas
do cérebro. Portanto muito além de acúmulo de gordura ocasionado pelo estoque de
energia advindo do perigo que se imagina poder acontecer, tem diversos outros
efeitos prejudiciais à saúde.
O estresse crônico pode ter diversos efeitos negativos no funcionamento do
cérebro. Um dos principais efeitos é a redução do tamanho do hipocampo,
uma região do cérebro importante para a memória e o aprendizado. Além
disso, o estresse crônico pode levar a uma redução da produção de novos
neurônios no hipocampo, o que pode afetar a capacidade de aprendizado e
a formação de novas memórias. Outro efeito do estresse crônico no cérebro
é a ativação crônica do sistema nervoso simpático, que pode levar a um
aumento da pressão arterial e do risco de doenças cardiovasculares. O
estresse crônico também pode levar a uma redução da produção de
dopamina, um neurotransmissor importante para o prazer e a motivação, o
que pode afetar o bem-estar emocional.(Clínica do Cérebro – Neurocare,
2023. online).
Cabe então ressaltar que a desregulação hormonal causada pelo estresse
crônico tem efeito direto na memória, incluindo armazenamento isso porque a longo
prazo os altos níveis de cortisol pode causar interferências e até danificar o
hipocampo, além disso pode danificar o córtex pré-frontal, relacionado a processos
cognitivos responsável pelas ações de planejar, organizar, resolver problemas e
controlar impulsos, e é por isso que quando o indivíduo está continuamente
estressado além de surgir mudanças fisiológicas e cerebrais, estão acompanhadas
de mudanças emocionais graves, e assim atrapalhando nos afazeres profissionais, e
relações interpessoais, “A exposição a estressores pode precipitar ou agravar muitas
doenças mentais,”(BRADLEY, et al apud SILVA, 2015 pg.3). Como podemos ver
abaixo:
O estresse crônico pode ser o disparador de inúmeras doenças
geneticamente programadas, as quais permaneceriam latentes na ausência
do estresse, e de doenças oportunistas que se aproveitam da queda da
imunidade para instalar-se no organismo. Essas doenças podem ser tanto
físicas como psicológicas.(BRADLEY & DINAN. apud SILVA, 2015. pg.3)
8
Sendo assim doenças que possivelmente seriam desencadeadas na velhice
ou até mesmo não iriam chegar a ser ativadas apareceriam mais cedo, ou seja,
pode agir como um disparador de doenças geneticamente programadas,
precocemente.
A elevação no nível sérico de IL-6 está associada com estresse e depressão
em humanos.[...] Qualquer desequilíbrio entre a produção de citocinas pró-
e anti-inflamatórias, com predomínio das inflamatórias, pode resultar em
exacerbada resposta inflamatória, tanto por células imunes quanto
cerebrais, culminando, no último caso, em um impacto no comportamento e
no humor, ou até mesmo à progressão de doenças
neurodegenerativas.(PAGLIARONE & SFORCIN, 2009. pág. 69).
Portanto a prevenção do estresse crônico, se torna muito importante, isso
porque qualquer pessoa pode em algum momento da vida passar por estresse
prolongado que poderá ocasionar a cronicidade, justamente por isso se faz tão
importante estar sempre atento a sinais, e sempre buscar maneiras adaptativas e de
prevenção em saúde mental, para que não desenvolva, e assim não ocorrer maiores
riscos de danos a integridade da saúde cerebral e mental. Como pode ser visto
abaixo existem algumas formas de prevenção.
4 Como prevenir o estresse crônico
Não existe um tratamento específico e nem milagroso para o estresse. Cada
indivíduo precisa perceber o que lhe faz bem e utilizar para lidar com o estresse,
sendo assim caso a pessoa não consiga achar meios de desestressar e relaxar
sozinho, poderá juntamente com um profissional qualificado buscar mecanismos
com que ele se adapte pois não existe um padrão de ações que sirva para todos,
como combate ao estresse. “É de suma importância tentar evitar o estresse. Caso
não seja possível, precisa-se interromper sua sequência mudando alguns de seus
hábitos. Mude seu estilo de vida.”(BRASIL, 2019. online).
Prevenção e controle: Alimentação: durante o processo de estresse, o
organismo perde muitas vitaminas e nutrientes, portanto, para repor essa
perda é recomendado comer muitas verduras e frutas, pois são ricas em
vitaminas do complexo B, vitamina C, magnésio e manganês. Brócolis,
chicória, acelga e alface são ricas nesses nutrientes. O cálcio pode ser
reposto com leite e seus derivados. Atividade Física: qualquer atividade
física proporciona benefícios ao organismo, melhorando as funções
cardiovasculares e respiratórias, queimando calorias, ajudando no
condicionamento físico e induzindo a produção de substâncias
naturalmente relaxantes e analgésicas, como a endorfina.(MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2012).
9
Nos tempos modernos tornou-se de primordial importância a busca por
maneiras de combater ao estresse, pois atualmente estamos expostos
cotidianamente a situações de grande estresse, por isso deve ser encarada de
forma séria a busca por estratégias para melhorar as condições de saúde e a nossa
qualidade de vida. “Existem diversas estratégias que podemajudar a lidar com o
estresse crônico e reduzir seus efeitos negativos no cérebro. Ao adotar um estilo de
vida saudável e praticar técnicas de relaxamento, é possível promover a saúde
cerebral e reduzir os riscos associados ao estresse crônico.” (Clínica do Cérebro –
Neurocare, 2023. online).
É preciso prestar atenção aos sinais que o corpo e a mente dão, como os
sintomas que foram mencionados na seção 1.1 deste artigo. Como podemos ver
citado abaixo:
Escute o seu corpo, de modo que perceba quando o estresse estiver
afetando sua saúde. Algumas formas de ajudar a lidar com estresse são:
relaxar – algumas incluem respiração profunda, yoga, meditação e terapia
de massagem; reserve tempo para si mesmo; dormir – com sono suficiente
você pode encarar melhor seus problemas e diminuir o risco de doenças;
alimente-se corretamente; praticar esporte; converse com os amigos;
transija; ajudar os outros; tenha um hobby; estabeleça limites – quando
tratar de coisas como trabalho ou família, descubra o que você pode
realmente fazer; planeje seu tempo; não lide com o estresse de forma que
prejudique sua saúde – isso inclui beber muito álcool, usar drogas, fumar ou
empanturrar-se de comida.(BRASIL, 2019. online).
Os escapes citados prejudiciais à saúde podem atrapalhar ainda mais o bem
estar físico e mental, por isso é recomendado que se siga utilizando-se de maneiras
saudáveis ao manejo do estresse. Pensando na frase “escutar o corpo”, existem
alguns sinais de alerta que podem ser visualizados para que se perceba a
persistência dessa tensão, sendo eles:
Pensamento: distrair-se com facilidade, apresentar déficit de concentração e
de memória. Emoções: dificuldade para relaxar, irritação, tristeza e
ansiedade. Físico: aumento ou diminuição da energia, tensão corporal,
inquietação, sudorese, assustar-se com facilidade, dores de cabeça,
alterações no apetite e no sono. Comportamento: querer ficar sozinho, ter
dificuldade para concluir tarefas e tendência a culpar outras pessoas.
(BRASIL, online)
Sendo assim cabe aos indivíduos buscar ações que lhe causem bem estar,
e recuperar o equilíbrio físico e emocional, impedindo que venham a desencadear
episódios de grande prejuízo. Visando a continuidade dos cuidados, para prevenir
que apareçam novos fatores de estresse que possam tornar-se persistentes.
A chave para quebrar o estresse crônico é a recuperação do equilíbrio. O
tratamento medicamentoso, será prescrito pelo médico psiquiatra caso ele
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avalie como necessário, existem outros aspectos que podem ajudar
bastante. São eles: Cuidar da alimentação (sempre com orientação médica);
Procurar melhorar a qualidade do sono; Praticar atividade física; Meditar;
Fazer terapias naturais. Por fim, podemos concluir que o estresse crônico é
um esgotamento sentido devido à rotina. Portanto, sempre que possível,
desacelere e descanse.(ARRUDA, 2022. online).
Somente não sendo possível de outras formas, o manejo deste processo, é
necessário buscar métodos medicamentosos. Por isso se faz tão importante que
seja trabalhado a prevenção para não chegar a tal ponto e promoção em saúde,
visando os tratamentos precoces caso haja necessidade e assim não chegando a
um extremo.
Considerações Finais
Tudo o que foi descrito acima sugere que o indivíduo que não busca formas
saudáveis e leve de lidar com as situações cotidianas, acabam sentindo
persistentemente estresse, e tendo uma diversidade de sinais, e sintomas, o que a
longo prazo cada vez mais prejudica a vida do sujeito, e pode causar danos sérios a
integridade física, e mental, inclusive se tratando de fisiologia cerebral.
Por fim pudemos entender após as análises feitas, que é necessário aliar
formas saudáveis de estilo de vida, não deixando-se acomodar em ambientes e
locais que possuem agentes estressores frequentes, ou pelo menos buscar
minimizar, utilizando-se sempre de métodos de prevenção e promoção em saúde, e
até mesmo ou principalmente, quando necessário buscar a ajuda de profissional
qualificado, sendo ainda mais importante para pessoas com predisposição a
doenças mentais e psicológicas, relacionadas a mudanças fisiológicas cerebrais,
tendo em vista o que foi proposto a esse trabalho, exemplificar como o cérebro
reage às situações contínuas de estresse e os prejuízos advindos, assim
esclarece-se no desenvolvimento do mesmo, que os fatores de mudanças cerebrais,
doenças mentais e psicológicas, e de diagnóstico precoce estão diretamente ligadas
ao estresse crônico. Ressaltamos ainda que apesar de não serem todos os danos
irreversíveis, a prevenção ainda é a melhor escolha.
Referências
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