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AUDITORIA II Caderno de Estudos Prof. Valdecir Knuth UNIASSELVI 2015 NEAD Educação a Distância GRUPO CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito 89130-000 - INDAIAL/SC www.uniasselvi.com.br Copyright UNIASSELVI 2015 Elaboração: Prof. Valdecir Knuth Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.45 K67a Knuth, Valdecir Auditoria II /Valdecir Knuth. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 275. : il. ISBN 978-85-7830-883-4 1.Auditoria. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. AUDITORIA II APRESENTAÇÃO Esta área da contabilidade, conhecida como auditoria, vem experimentando no campo profissional uma expressiva evolução nos últimos anos e possibilitando um aumento substancial de conhecimentos que envolvem, direta ou indiretamente, a contabilidade e os demais setores de uma empresa. Nas palavras da Professora Juliane Vieira de Souza, na apresentação do Caderno de Estudos de Auditoria I (2011), O papel da auditoria ganha destaque na sociedade atual, uma vez que as técnicas de auditoria permitem a visualização dos processos e atividades exe- cutadas com objetivos de geração de melhorias e aperfeiçoamento. O auditor é um profissional bastante requisitado no mercado de trabalho por possuir conhecimentos inerentes a diversas áreas organizacionais. O conhecimento é adquirido por meio de capacitação. Capacitar, estudar e se atualizar são habilidades inerentes à competência do auditor contábil. Assim, com o propósito de dar continuidade ao Caderno de Estudos da disciplina de Auditoria I e de contribuir para o fornecimento de uma visão teórico-prática do trabalho de auditoria, estamos iniciando o estudo da disciplina de Auditoria II. Neste Caderno de Estudos, abordaremos aspectos práticos do trabalho realizado pelo profissional de auditoria no exame das demonstrações contábeis e que envolvem programas, testes, papéis de trabalho, relatórios e pareceres. Na Unidade 1 estudaremos como elaborar os programas de auditoria que nada mais são do que planos de trabalho a serem executados em campo. Para facilitar a compreensão, utilizaremos como base as contas existentes no balanço patrimonial, começando pelas contas patrimoniais do ativo no tópico 1. No tópico 2 abordaremos a elaboração dos programas de auditoria das contas patrimoniais do passivo e, finalizando, no tópico 3, a elaboração dos programas de auditoria nas contas do patrimônio líquido e do resultado. A Unidade 2 apresenta os papéis de trabalho desde os aspectos conceituais que envolvem a sua preparação até a demonstração de como elaborá-los com a utilização de um modelo de balanço patrimonial. No tópico 1, estudaremos os testes de auditoria e os aspectos conceituais que envolvem a preparação dos papéis de trabalho. No tópico 2, demonstraremos, passo a passo, de forma prática, a elaboração dos papéis de trabalho da auditoria operacional do balanço patrimonial, nas contas do ativo, envolvendo a confirmação de saldos, ajustes e reclassificações. No tópico 3, abordaremos sobre a elaboração dos papéis de trabalho da auditoria operacional do balanço patrimonial, nas contas do passivo, patrimônio líquido e da demonstração do resultado do exercício. Finalmente, a Unidade 3 aborda sobre os instrumentos que envolvem a finalização de um trabalho de auditoria. Por isso, no tópico 1, conheceremos os relatórios de auditoria; no tópico 2, apresentaremos recomendações para o relatório de auditoria; e, no tópico 3, estudaremos iii AUDITORIA II iv UNI Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. Desejo a você excelentes estudos! UNI a função do parecer de auditora e os principais tipos utilizados. O material apresentado tem o objetivo de orientar os seus estudos, além de incentivá-lo à prática dos ensinamentos da auditoria, contribuindo para a sua atuação profissional. tenha um excelente estudo! Professor Valdecir Knuth SUMÁRIO UNIDADE 1 – PROGRAMAS DE AUDITORIA ................................................................. 1 TÓPICO 1 – AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO ............................. 3 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3 2 ObjETIVOS DA AUDITORIA NAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO ................... 3 3 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA NAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO ........ 9 3.1 AUDItOrIA DO CAIxA E EqUIVALENtES DE CAIxA .............................................. 9 3.1.1 Aspectos gerais de controles internos .................................................................... 12 3.1.1.1 Aspectos de controles internos nos setores de recebimento, pagamentos e aplicações financeiras ...................................................................................... 13 3.2 AUDItOrIA DE CONtAS A rECEBEr .................................................................... 21 3.2.1 Falsas apresentações de contas a receber ............................................................ 28 3.3 AUDItOrIA DE EStOqUES .................................................................................... 29 3.4 AUDItOrIA DE INVEStIMENtOS ........................................................................... 37 3.5 AUDItOrIA DO IMOBILIZADO ................................................................................. 44 3.6 AUDItOrIA DOS INtANGÍVEIS ............................................................................... 49 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 54 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 56 TÓPICO 2 – AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO PASSIVO ...................... 59 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 59 2 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA ........................................................................... 59 RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 71 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 72 TÓPICO 3 – AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E DO RESULTADO ......................................................................................................... 73 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 73 2 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ............................................................................................... 73 2.1 AUDItOrIA DAS CONtAS DO PAtrIMÔNIO LÍqUIDO .......................................... 75 3 AUDITORIA DAS CONTAS DE RESULTADO ............................................................ 78 3.1 Controles internos das contas do resultado .............................................................. 80 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 94 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 100 AUTOATIVIDADE .........................................................................................................101 AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 103 UNIDADE 2 – PAPÉIS DE TRAbALHO ....................................................................... 104 TÓPICO 1 – TESTES DE AUDITORIA E PAPÉIS DE TRAbALHO ............................. 106 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 106 AUDITORIA II v AUDITORIA II vi 2 TESTES DE AUDITORIA ........................................................................................... 106 2.1 tEStES DE OBSErVÂNCIA .................................................................................. 108 2.2 tEStES SUBStANtIVOS ...................................................................................... 109 2.2.1 testes de procedimentos e saldos ........................................................................ 110 2.2 2 Revisão analítica em auditoria .............................................................................. 112 3 PAPÉIS DE TRAbALHO ............................................................................................ 117 3.1 PrEPArO dos papéis de trabalho .......................................................................... 120 3.1.1 Simbologia ............................................................................................................ 120 3.1.2 Identificação ......................................................................................................... 121 3.1.3 Cartas de circularização ....................................................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 133 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 135 TÓPICO 2 – AUDITORIA OPERACIONAL NAS CONTAS DO ATIVO ........................ 137 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 137 2 bALANÇO PATRIMONIAL ........................................................................................ 137 2.1 CONtAS DO AtIVO ................................................................................................ 140 2.1.1 Papéis de trabalho em disponibilidades ............................................................... 141 2.1.2 Papéis de trabalho em clientes ............................................................................ 145 2.1.3 Papéis de trabalho em outros créditos e valores ................................................. 148 2.1.4 Papéis de trabalho em estoques .......................................................................... 152 2.1.5 Papéis de trabalho em realizável a longo prazo .................................................. 158 2.1.6 Papéis de trabalho do ativo permanente - investimentos .................................... 160 2.1.7 Papéis de trabalho do ativo permanente - imobilizado ........................................ 162 RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 168 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 169 TÓPICO 3 – AUDITORIA OPERACIONAL NAS CONTAS DO PASSIVO, PATRIMÔNIO LÍQUIDO E DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................................................................ 171 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 171 2 AUDITORIA OPERACIONAL NAS CONTAS DO PASSIVO ..................................... 171 2.1 PAPÉIS DE trABALHO DO PASSIVO CIrCULANtE (AA) .................................. 172 2.2 PAPÉIS DE trABALHO DO PASSIVO NÃO CIrCULANtE .................................. 179 3 AUDITORIA OPERACIONAL NAS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO - PL ...... 183 4 AUDITORIA OPERACIONAL NAS CONTAS DO RESULTADO ............................... 185 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 196 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 198 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 199 AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 200 UNIDADE 3 – RELATÓRIOS/PARECERES DO(S) AUDITOR(ES) INDEPENDENTE(S) .... 201 TÓPICO 1 – RELATÓRIOS DE AUDITORIA ................................................................ 202 AUDITORIA II vii 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 202 2 TIPOS DE RELATÓRIOS .......................................................................................... 202 3 DISTRIbUIÇÃO DO RELATÓRIO ............................................................................. 205 4 ELAbORAÇÃO DO RELATÓRIO ............................................................................. 205 RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................ 211 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 212 TÓPICO 2 – MODELOS DE rECOMENDAÇÕES PArA rELAtÓrIO DA AUDItOrIA ..... 215 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 215 2 DISPONIbILIDADES (CAIXA, bANCOS E APLICAÇÕES) ..................................... 215 2.1 BOLEtINS DE CAIxA ............................................................................................. 215 2.1.1 Inexistência de boletins auxiliares de caixa .......................................................... 217 2.2 SALDOS BANCÁrIOS ............................................................................................ 217 2.2.1 Saldos de aplicação financeira ............................................................................. 218 3 CONTAS A RECEbER ............................................................................................... 218 3.1 rELAtÓrIO DAS CONtAS A rECEBEr .............................................................. 218 4 ADIANTAMENTOS E OUTROS CRÉDITOS ............................................................. 219 5 ATIVO IMObILIZADO ................................................................................................ 220 6 CONTAS A PAGAR .................................................................................................... 222 7 DESPESAS ................................................................................................................ 223 RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 224 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 226 TÓPICO 3 – PARECER DO(S) AUDITOR(ES) INDEPENDENTE(S) ........................... 229 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 229 2 TIPOS DE PARECERES ............................................................................................ 229 3 NORMA bRASILEIRA DE CONTAbILIDADE 2014/NbCTA220(R1) ....................... 248 4 NORMA bRASILEIRA DE CONTAbILIDADE 2014/NbCTA260(R1) ....................... 249 5 NORMA bRASILEIRA DE CONTAbILIDADE 2014/NbCTA315 ..............................251 6 NORMA bRASILEIRA DE CONTAbILIDADE 2014/NbCTA610 .............................. 258 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 267 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 269 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 270 AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 272 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 273 AUDITORIA II viii A U D I T O R I A II UNIDADE 1 PROGRAMAS DE AUDITORIA ObjETIvOS DE APRENDIzAGEM A partir desta unidade, você será capaz de: conhecer por que se devem elaborar os programas de auditoria e qual é a sua função para o auditor; aprender como elaborar um programa de auditoria; conhecer as contas do balanço patrimonial e do resultado, bem como identificar as de maior ou menor relevância em um processo de auditoria; avaliar a existência e segurança dos controles internos; entender de que forma são utilizados os procedimentos de auditoria de acordo com as especificidades de cada conta contábil e os objetivos definidos. TÓPICO 1 – A AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO TÓPICO 2 – AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO PASSIVO TÓPICO 3 – AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E DO RESULTADO PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos e, ao final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a consolidar o seu aprendizado. A U D I T O R I A II A U D I T O R I A II AUDITORIA DAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 Os programas de auditoria são as ferramentas que o auditor utiliza para a realização dos seus trabalhos, e são utilizados para atingir os objetivos previamente estabelecidos que dependam das circunstâncias, da avaliação do sistema de controle interno e da materialidade dos valores envolvidos. Por esse motivo, quando o controle interno da empresa é deficiente, a extensão dos testes nos procedimentos de auditoria deve ser ampliada, e quando o controle interno da empresa é forte, poderá ser adequadamente reduzido. É desejável também que o programa de auditoria seja suficientemente flexível para permitir adaptações durante a etapa de execução sempre que surgirem situações relevantes que justifiquem as alterações propostas. Iniciaremos este Caderno de Estudos com o programa de auditoria das contas do ativo, que se fundamenta no exame e na comprovação da existência e do valor dos bens tangíveis ou intangíveis, e em dados de observação ou em confirmação pessoal. Desta forma, os auditores conseguem reunir provas suficientes sobre a existência e adequação dos valores registrados nas contas dos ativos. UNIDADE 1 2 ObjETIVOS DA AUDITORIA NAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO Geralmente, o objetivo da auditoria é, conforme Attie (2010, p.169), “fundamentar seu ponto de vista com fatos, evidências e informações possíveis, necessárias e materiais”. Mas para isso é necessário estabelecer objetivos específicos que, além de dar maior clareza às UNIDADE 1TÓPICO 14 A U D I T O R I A II atividades do auditor, contribuem para a base do seu trabalho. Neste sentido, o conjunto de objetivos básicos da auditoria é aplicado a quase todas as contas patrimoniais do ativo. Mas algumas contas específicas são consideradas de maior relevância e, por isso, os objetivos com maior ou menor enfoque podem variar de uma conta contábil para outra. Isso ocorre porque existem contas de ativos que possuem registros financeiros, como: caixa, bancos, aplicações de liquidez imediata e estoques. E outras contas possuem registro meramente econômico, como aquelas que envolvem ativos intangíveis. As contas com registros financeiros são mais propensas a desvios de recursos. Assim, podemos dizer que os objetivos básicos da auditoria relacionados com os itens do ativo são: existência, mensuração, autorização, propriedade/controle, exatidão de valores utilidade/recuperabilidade e apresentação nas demonstrações contábeis. A seguir, vamos conhecer cada um dos objetivos e compreender qual é a sua relação com a auditoria das contas patrimoniais do ativo. Existência – Trata-se da verificação do item do ativo. Este objetivo é fundamental, principalmente, na auditoria de ativos tangíveis e consiste em procedimentos para a confirmação da existência de um bem pertencente à empresa, que pode ser a averiguação da existência do registro do bem, a averiguação verbal, por confirmação do responsável pela guarda deste bem, e o exame de documentos legais (nota fiscal). Existem situações em que são necessárias evidências mais acuradas, de nível qualitativo (registros) e quantitativo (valores), que deem ao auditor a certeza de que ele precisa para comprovar a existência do bem. Nesses casos, se exigem procedimentos especiais que podem envolver a contratação de um especialista. Exemplo: na auditoria de estoques de produtos altamente tóxicos, durante a averiguação deste item pelo auditor, é importante o acompanhamento de um especialista que conheça este produto. Mensuração – Outro objetivo na auditoria das contas patrimoniais do ativo está em como determinar a mensuração do valor dos ativos. Para alcançar este objetivo, são aplicados procedimentos com vistas a reunir provas que confirmem a exatidão do valor de um bem. Dentre os procedimentos mais utilizados para atender a este objetivo, podemos citar: • a consulta em cotações de mercado (bolsa de valores); • a determinação de valor justo; • no caso de estoque, o exame das listas de preços, catálogos e outros dados sobre custos; • no caso de contas a receber, a classificação por vencimentos e a verificação do recebimento da cobrança; • apurar o cálculo do valor em uso ou valor líquido de mercado (recuperabilidade de ativos); • apurar o cálculo de ajuste a valor presente de créditos e obrigações. UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 A U D I T O R I A II NO TA! � O Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) define que “valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória”. Esse Pronunciamento Técnico regulamenta os efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. FONTE: Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/ Documentos/62_CPC_02_R2_rev%2003.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2015. É importante observar que as leis nº 11.941/09 e nº 11.638/07 modificaram os critérios de avaliação dos ativos, dispostos no artigo 183, da Lei nº 6.404/76, conhecida como a Lei das S/A. NO TA! � Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo: (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007). a) pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização,quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito; (Incluída pela Lei nº 11.638, de 2007). II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior. III - os investimentos em participação no capital social de outras UNIDADE 1TÓPICO 16 A U D I T O R I A II sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas. IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior. V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão. VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). VII - os direitos classificados no intangível, pelo custo incorrido na aquisição deduzido do saldo da respectiva conta de amortização; (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). VIII - os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). § 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor justo: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro; c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros. d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro: (Incluída pela Lei nº 11.638, de 2007). 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 A U D I T O R I A II ou (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). 3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros. (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). § 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. § 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). I - registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). II - revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007). § 4º Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil. Critérios de Avaliação do Passivo. FONTE: Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/ anotada/2415421/art-183-da-lei-das-sociedades-anonimas-de- 1976-lei-6404-76>. Acesso em: 31 jan. 2015. UNIDADE 1TÓPICO 18 A U D I T O R I A II Autorização – As autorizações devem fazer parte do manual de procedimentos instituído na política interna da empresa. Os bens que constituem o ativo devem ser sempre adquiridos mediante autorização de alguém que tenha autonomia para tal. O auditor deve estar atento a isso e examinar os manuais de procedimentos e outros documentos da empresa, como atas de assembleias, de reuniões de diretoria ou de outras atividades de gestão (controle interno), para conhecer a política oficial da entidade, bem como as autorizações específicas. Por exemplo: o pagamento de fornecedores deve ser feito mediante a autorização de profissional a quem foi delegado este poder de decisão por procuração, a confirmação da existência do compromisso de pagamento através de documento fiscal e também a existência de uma autorização de compra (ordem de compra). Propriedade/controle – Este objetivo está relacionado com a posse do ativo na empresa. O auditor deve examinar e comprovar a documentação de posse ou de controle de um bem. Estoques, títulos e maquinários normalmente podem ter a propriedade comprovada com apresentação da nota fiscal de compra. No caso de um bem imóvel, examinam-se contratos, recibos e guias de imposto predial. Já os certificados de propriedade, documentos de registro e recibos de impostos podem ser utilizados para evidenciar a posse de um veículo. Restrições – O auditor deve verificar se existe um bem com algum tipo de restrição na empresa. Exemplo: um veículo que está em posse da empresa, mas possui restrição por estar em garantia de alienação fiduciária junto a alguma instituição financeira (financiamento do veículo). Quando houver algum tipo de restrição, deve constar nas demonstrações financeiras em nota explicativas. Exatidão de valores – Refere-se à certificação de que os valores apresentados em qualquer tipo de ativo sejam exatos. Este objetivo está mais concentrado na exatidão matemática. Exemplo: na verificação física por meio de contagem, confirmação dos registros contábeis e documentação fiscal. Utilidade/recuperabilidade – trata-se do potencial de uso de vários itens de ativo e se constitui numa informação importante que o auditor deve buscar. A pouca ou nenhuma utilidade de um item do ativo é que indicam a sua irrecuperabilidade parcial ou total. Exemplo: maquinário com utilidade apenas na fabricação de um produto que será tirado de linha. Apresentação nas demonstrações contábeis – O objetivo é que o auditor examine se os itens do ativo estão demonstrados corretamente nas demonstrações contábeis. Significa que qualquer erro em julgamento de valor ou averiguação de sua existência terá reflexo no demonstrativo contábil. ParaAttie (2010, p. 169), “a aplicação dos procedimentos de auditoria precisa estar atrelada ao objetivo que se quer atingir. O objetivo é a meta a ser alcançada. Os procedimentos são os caminhos que levam à consecução do objetivo”. Assim, após a definição dos objetivos, é possível determinar os procedimentos para a efetivação do trabalho do auditor. UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 A U D I T O R I A II 3 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA NAS CONTAS PATRIMONIAIS DO ATIVO Os procedimentos de auditoria determinam de que forma são realizados os processos investigativos para atingir os objetivos estudados no item anterior. Existem procedimentos básicos que são adotados no exame das contas do ativo, que são os seguintes: a) avaliar a existência e segurança dos controles internos; b) comprovar as adições ou exclusões dos ativos por meio de documentação legal; c) averiguar a existência física dos ativos; d) confirmar os saldos dos registros com o uso de carta de circularização junto às fontes externas; e) conferir os procedimentos de cálculos e critérios para avaliação dos ativos. No ativo existem algumas contas patrimoniais que devem ser examinadas de acordo com os procedimentos básicos e objetivos da auditoria: • Caixa e equivalentes de caixa. • Contas a receber. • Estoques. • Investimentos. • Imobilizado. • Intangíveis. É fundamental estabelecer o processo investigativo de modo a possibilitar o exame de todos os itens necessários e, além disso, estabelecer o objetivo adequado à circunstância. Por isso vamos estudar cada uma dessas contas individualmente. 3.1 AUDItOrIA DO CAIxA E EqUIVALENtES DE CAIxA O caixa e equivalentes de caixa são constituídos pelas contas de numerário em caixa, depósitos bancários de livre movimentação e aplicações financeiras de liquidez imediata. Praticamente todas as transações são liquidadas através de operações que envolvem as contas de caixa ou bancos. Por isso, o volume de transações de caixa e bancos (pagamentos e recebimentos) excede o de qualquer outro grupo de contas na maioria das empresas. E por ser a conta contábil do ativo de maior liquidez, torna-se mais sujeita à utilização indevida, sendo fundamental um sistema de controle interno eficaz e, ainda, como os riscos de fraudes são maiores, o auditor deve efetuar um maior volume de testes (ALMEIDA, 1996). Segundo Franco e Marra (2001, p. 375), “na maioria dos casos, os alcances, desfalques e desvios estão diretamente relacionados com o dinheiro disponível”. Por esse motivo, todo o trabalho para UNIDADE 1TÓPICO 110 A U D I T O R I A II a verificação das disponibilidades deve ser planejado tendo em vista todas as possibilidades para desvios de recursos ou manipulação dos registros financeiros. A auditoria das contas do caixa e equivalentes de caixa tem a finalidade de: a) determinar sua existência, que deverá ser de propriedade da empresa, em depósitos bancários ou sob a forma de adiantamento a terceiros; b) identificar se os recursos realmente pertencem à empresa; c) determinar se foram aplicados os princípios contábeis para o registro das transações; d) verificar a existência de restrições (vinculações com garantias de empréstimos) em ativos; e) verificar se estão classificados nas demonstrações contábeis; f) avaliar os controles internos e procedimentos adotados pela empresa. Os procedimentos de auditoria utilizados pelo auditor na área de caixa e equivalentes de caixa são: a) Contagem de caixa – Este procedimento deve ser realizado seguindo algumas técnicas básicas, que, segundo Almeida (1996), são as seguintes: − Deve-se planejar a realização deste procedimento. − O auditor deve conhecer as modalidades de caixa (caixa geral, caixa recebimentos, caixa pagamentos, caixa fundo fixo) e o seu funcionamento. − A contagem de caixa deve ser efetuada em caráter de surpresa. − A contagem deve considerar todos os fundos existentes em poder do caixa. − Contar os caixas simultaneamente quando existir mais de um. − O responsável pelo caixa deve estar presente no momento da contagem. − Atenção do auditor para situações anormais, como cheques antigos, cheques de funcionários, comprovantes de desembolsos de caixa sem data ou com data antiga etc. − Verificar a autenticidade e comprovar a existência de autorização do responsável dos comprovantes de desembolsos incluídos no saldo de caixa. − O trabalho efetuado pelo auditor deverá ser evidenciado nos papéis de trabalho. − A contagem de caixa deve ser demonstrada em formulário específico, preenchido a caneta, contendo o nome da entidade, o nome do responsável pelo caixa, a data e hora da contagem, o nome do auditor que efetuou a contagem, a composição da contagem (notas, moedas, cheques, comprovantes de pagamentos e recebimentos não lançados no caixa) e declaração assinada pelo responsável pelo caixa de que os valores contados representam a totalidade dos fundos de caixa em seu poder e que eles foram devolvidos. b) Exame das conciliações bancárias – Normalmente, é efetuada uma conciliação do saldo da conta corrente bancária por meio do extrato fornecido pelo banco com o saldo que consta no razão analítico da contabilidade. Segundo Almeida (1996), o auditor deve examinar as conciliações bancárias da seguinte forma: a) Averiguar se as conciliações bancárias são elaboradas periodicamente e se abrangem UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 A U D I T O R I A II todas as contas bancárias com as quais a empresa opera. b) Certificar-se de que esta atividade não é executada pelo mesmo funcionário que efetua os pagamentos e recebimentos, e o controle de saldos bancários. c) Verificar se as conciliações bancárias constam em formulário específico em que são mencionadas as datas e apresentadas as possíveis pendências. d) Confrontar as somas e os saldos do razão com os extratos. e) Certificar-se de que foram tomadas as providências para regularizar e liquidar itens pendentes. Para Almeida (1996, p. 139), “na prática, a reconciliação é elaborada tomando por base o último dia do mês e consiste em eliminar as transações que aparecem em ambos os registros (extrato bancário e razão analítico). As transações que sobram representam itens pendentes”. Quando for necessário, o auditor poderá proceder à circularização bancária, que consiste em obter diretamente dos bancos a confirmação dos saldos das contas bancárias, bem como de quaisquer outras transações mantidas entre a empresa e os bancos. O pedido de informação de saldo tem de ser assinado pelo titular da empresa, mas os bancos devem enviar a resposta diretamente ao auditor que, dessa forma, poderá confirmar os saldos registrados pela empresa e averiguar se todas as transações bancárias estão devidamente registradas. c) Análise das aplicações financeiras – São os valores que constam em Aplicações Financeiras (aplicação de liquidez imediata) e que estão classificados no grupo das disponibilidades (ativo circulante). Para a realização deste procedimento, o auditor certifica-se da existência das aplicações, examina a documentação comprobatória e verifica a contabilização dos rendimentos de acordo com o regime de competência. d) Exame das transferências de numerário – Existem empresas que realizam com frequência transações de transferência bancária entre a matriz e as filiais. Os procedimentos para averiguação dessas atividades pelo auditor consistem em examinar a necessidade dessas transferências e se existem autorizações dos responsáveis da área financeira da empresa. e) Análise das transações de caixa – pagamentos e recebimentos – Este procedimento tem o objetivo de verificar se as transações estão devidamente documentadas e deacordo com as operações normais pertinentes ao ramo de atividade da empresa. O auditor verifica os comprovantes de pagamentos e recebimentos referentes a um determinado período. Os dados devem ser confrontados com a realidade econômica e não meramente sua forma legal. O auditor deve atentar para a existência de casos especiais que podem ocorrer durante a análise dos saldos de caixa, que é quando acontece o estouro de caixa. Isso acontece quando a empresa não registra todas as receitas (recebimentos) no caixa ou não contabiliza na data correta do recebimento. O resultado da omissão de receita, normalmente para não serem submetidas à tributação, é a insuficiência de saldo para efetuar os lançamentos de UNIDADE 1TÓPICO 112 A U D I T O R I A II pagamentos nas datas de vencimento. Quando isso acontece, a conta de fornecedores fica com saldo credor e, mesmo que as duplicatas já tenham sido pagas, não podem ser baixadas no caixa por insuficiência de saldo; as obrigações passam de um período para outro como se fossem reais. Para suprir esta deficiência, algumas vezes os titulares da empresa realizam empréstimos. Isto não denomina fraude, mas o fato de realizar este procedimento já indica estouro de caixa. DIC AS! Para aprofundar seus conhecimentos sobre a importância da auditoria, especialmente situações de fraudes e suas consequências ocorridas em empresas, sugerimos o filme Enron: Os Mais Espertos da Sala. Trata-se de um documentário sobre o escândalo da empresa Enron, considerada a sétima maior companhia dos EUA, em que alguns de seus principais executivos fraudaram bilhões de dólares da empresa. FONTE: Disponível em: <http://www.interfilmes.com/filme_16173_ enron.os.mais.espertos.da.sala.html>. Acesso em: 31 jan. 2015. 3.1.1 Aspectos gerais de controles internos Uma das formas de melhorar o controle interno em caixa e equivalentes de caixa está em implantar procedimentos que impeçam possíveis desvios de recursos ou, inclusive, manipulação de registro contábil. Desta forma, Krieck (2011) apresenta alguns aspectos gerais de controles internos que servem de fortalecimento para esta área: a) Segregação de funções entre tesouraria e contabilidade – É recomendável que as funções de tesouraria e de contabilidade sejam separadas de modo a oferecer maior segurança UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 A U D I T O R I A II sobre as transações efetuadas, inclusive em empresas de pequeno porte. Assim, as funções relacionadas à guarda dos fundos de caixa, bancos e títulos de renda devem ser segregadas das funções de controle contábil e revisão de transações. b) Abertura de contas bancárias autorizadas pela diretoria – todas as contas bancárias devem estar em nome da empresa e as pessoas designadas para assinaturas de cheques devem estar expressamente autorizadas. c) Seguro fidelidade ou carta de fiança – Devido à necessidade de assegurar a recuperação de possíveis apropriações indevidas, no caso de empregados que manuseiam dinheiro ou valores, a empresa deve contratar seguro fidelidade ou obter carta de fiança. d) Concessão de férias regulares aos empregados responsáveis – quanto ao manuseio de recursos de caixa, a concessão de férias regulares aos empregados responsáveis por esta função pode facilitar a descoberta de eventuais irregularidades. e) Conciliações bancárias – As contas bancárias devem ser conciliadas e revisadas com muito critério. f) Sistema formal de comunicação entre as entidades e bancos – As normas adotadas pela empresa, como débitos em conta, limites de alçada progressiva, cobrança de encargos financeiros, bem como o cancelamento de procurações e alterações no quadro diretivo, devem ser comunicados aos bancos por escrito. g) Controle das disponibilidades diárias – Os valores disponíveis de caixa devem ser investidos em aplicações financeiras, permanecendo nos saldos de caixa e bancos os níveis mínimos necessários. 3.1.1.1 Aspectos de controles internos nos setores de recebimento, pagamentos e aplicações financeiras Especificamente, nos setores de recebimento, pagamentos e aplicações financeiras, o controle interno pode contribuir, segundo Krieck (2011), da seguinte forma: I. Quanto ao recebimento a) Controle contábil e controle físico – O controle dos recebimentos (controle físico) deve ser realizado por pessoas diferentes das que executam as funções de custódia das duplicatas, conferência da sequência numérica dos recibos e checagem dos valores efetivamente depositados. UNIDADE 1TÓPICO 114 A U D I T O R I A II b) Endosso restritivo de cheques – significa nominar o cheque diretamente para a empresa favorecida para evitar apropriações de valores indevidos. c) Depósito integral dos recebimentos – Os valores advindos de recebimentos de clientes não devem ser misturados com outros fundos de caixa, os quais são utilizados para diversas finalidades, como pagamentos de despesas ou até mesmo na troca de cheques emitidos por funcionários e clientes. Para evitar o risco de descontrole, devem ser diariamente depositados integralmente na conta bancária da empresa e descrever que o recebimento do depósito refere-se à quitação da nota fiscal X e do cliente Y. d) Cobranças - A função de verificação regular da correta cobrança de juros e encargos de mora, conforme os percentuais estabelecidos pela empresa, deve ser realizada por pessoa diferente daquela que efetiva o recebimento para evitar interesses escusos. É uma medida preventiva que, se executada por meio de sistema eletrônico capaz de confrontar os dados, torna-se muito eficaz. II. Quanto ao pagamento a) Pagamentos acima de um limite, exclusivamente através de cheques nominais ou débito bancário. Para evitar manter um fundo fixo de caixa com valor elevado, o dirigente da empresa deve estabelecer um valor máximo para este fundo fixo que não deixe dúvidas quanto à idoneidade nas operações de quem executa os pagamentos. Os valores maiores que este fundo fixo devem ser exclusivamente pagos com cheque nominal ao favorecido ou débito em conta diretamente ao favorecido. b) Cheques com duas assinaturas – é importante constar duas assinaturas nos cheques para evitar que esta responsabilidade fique na mão de apenas uma pessoa. É importante também que a cópia de cheque tenha o visto das duas pessoas responsáveis pela assinatura do cheque e, assim, evitar dúvidas quanto ao destino dele. c) Inutilização dos documentos pagos – Todas e quaisquer notas fiscais ou documentos financeiros que exijam liquidação devem constar um carimbo e um visto do responsável pelo pagamento com o termo pago ou liquidado. Dessa forma evitará uma possível reapresentação para a segunda cobrança do título. d) Controle sobre os cheques em branco – Os cheques em branco (não preenchidos) devem ter um controle específico das pessoas autorizadas pelos pagamentos e, preferencialmente, que sejam guardados em cofre e que tenham uma lista dos destinos dos cheques (pode ser verificada na contabilidade). e) Débitos em conta e senhas – A adoção de duas senhas para efetuar todos os pagamentos eletrônicos é uma ferramenta adicional para evitar possíveis fraudes nos numerários da UNIDADE 1 TÓPICO 1 15 A U D I T O R I A II empresa. III. Quanto às aplicações financeiras de liquidez imediata – existem operações com destaque nos critérios de avaliação dos ativos, de acordo com a Lei nº 11.638/07, que alterou parcialmente a Lei nº 6.404/76, em especial o artigo 183 (conforme vimos no item 2 – OBjEtIVOS DA AUDItOrIA NAS CONtAS PAtrIMONIAIS DO AtIVO – deste tópico). O auditor deve tomar cuidados quanto à natureza das aplicações e riscos envolvidos (exemplo:operação com derivativos). É importante o auditor estar atento às atividades de auditoria em pagamentos, recebimentos e aplicações financeiras de liquidez imediata. Por serem recursos vulneráveis a desvios ou apropriação indevida, inclusive de valores pequenos, a investigação deve ser cuidadosa (exemplo: como as notas fiscais de posto de combustível geralmente possuem valores pequenos, pode ser reembolsado sem que haja o devido consumo). Existem questionamentos que podem ser utilizados nestes procedimentos de auditoria, conforme demonstramos no modelo aplicado ao programa de auditoria em finanças a seguir. Modelo de Questionário Aplicado ao Programa de Auditoria em Finanças Seguem alguns tipos de questionamentos que podem ser aplicados na área de Finanças: 1. A Companhia quantifica e administra os prazos médios de pagamento de fornecedores e recebimento de duplicatas? 2. Estes prazos parecem adequados, isto é, o prazo de recebimento dos clientes deve ser inferior ao prazo de pagamento dos fornecedores? 3. A empresa conhece os prazos de pagamento e recebimento de seus concorrentes e do mercado onde atua no sentido de se adequar ou até mesmo melhorar estes prazos? 4. Existem fornecedores ou clientes cujos prazos de pagamento ou recebimento diferem dos prazos médios da empresa? Por quê? Existem esforços no sentido de melhorá-los e adequá-los às médias? Outras alternativas de fornecedores ou clientes são consideradas no intuito de "fugir" destes casos? 5. Existem controles de aprovação superior para compras ou vendas com prazos fora dos padrões? 6. O prazo de pagamento das duplicatas é contado a partir da emissão da nota fiscal ou a partir do recebimento da mercadoria? Estes prazos são muito diferentes? A empresa negocia esta possibilidade de alongamento dos pagamentos? 7. Existem pagamentos efetuados antecipadamente? Como, por que e por quem são autorizados? Nestes casos, é negociado algum tipo de benefício para a empresa, tais como descontos ou abatimentos? UNIDADE 1TÓPICO 116 A U D I T O R I A II 8. A empresa é dependente de grandes clientes ou clientes potenciais que, caso deixem de operar com ela, causariam sérios problemas financeiros? Estes problemas são conhecidos, quantificados e gerenciados pela alta administração no sentido de minimizá-los? 9. Os prazos de conversão de estoques em numerário são conhecidos e administrados de acordo com as necessidades de caixa da empresa? 10. A empresa conhece o seu ciclo de fluxo de caixa, o qual compreende desde a emissão do pedido de compra até o recebimento da duplicata do cliente? Este tempo é mensurado e controlado? Devemos avaliar a possibilidade de mensuração deste tempo padrão e executar testes para verificar eventuais pontos de distorção que possam ser informados à administração. 11. Os outros pagamentos da empresa (não destinados a fornecedores, folha de pagamento e impostos) são planejados de forma a causar o mínimo de impacto no fluxo de caixa e evitar procedimentos administrativos excessivos? (Exemplo: reembolso a funcionários efetuados uma vez por mês). Estes desembolsos são bem controlados de forma a assegurar que todos eles estejam dentro das políticas e orientações da empresa? 12. Os recebimentos da empresa são totalmente efetuados através de cobrança bancária? Se não, estes são corretamente controlados e depositados a fim de resguardar os recursos da empresa e, ao mesmo tempo, aplicados ou direcionados a operações produtivas? 13. Todo o recebimento não efetuado via banco é identificado de forma a garantir que uma eventual não compensação de cheque seja ligada ao pagamento a qual ele se destinava? 14. O volume de transação efetuado através do caixa é elevado? Se for, deveremos avaliar este risco, custo e sugerir que todas as operações sejam centralizadas via banco. 15. As taxas, tarifas e qualquer outro tipo de despesas bancárias são bem negociados com o banco, levando-se em conta a reciprocidade da conta mantida junto a este? Estude as tarifas pagas, pois, na economia atual, os bancos tendem a sobrecarregar as empresas com estas cobranças. 16. A empresa possui operações com muitos bancos? Se possuir, já foi avaliada a possibilidade de centralizar tais operações em um único banco, no sentido de aumentar a reciprocidade e, consequentemente, o poder de negociação junto a este? 17. Examine os saldos remanescentes em caixa e em conta corrente a procura de grandes volumes de recursos que "dormem" no caixa sem a consequente remuneração. 18. Se a empresa for muito capitalizada, avalie a correta aplicação dos recursos disponíveis conforme a previsão de utilização destes (quanto maior for o prazo dos investimentos, maior será o retorno). Também avalie se a administração não se interessa por aplicações de riscos para uma parcela destes recursos disponíveis, a qual normalmente, apesar do risco, traz retornos ainda maiores? Verifique se a empresa possui estudos para aplicação destes recursos em setores produtivos. Se possuir tais estudos ou se realizar tais aplicações, lembre-se de que estes devem possuir estudos muito bem fundamentados sobre o retorno de capital investido. Lembre-se ainda de que, muitas vezes, investimentos em processos produtivos podem ser conseguidos com linhas de créditos subsidiadas, as quais são mais vantajosas do que o investimento de capital próprio. UNIDADE 1 TÓPICO 1 17 A U D I T O R I A II 19. No processo de decisão de investimentos, a empresa efetua avaliações de retorno antes de começá-los? Como são documentadas estas decisões? Quais são os recursos utilizados normalmente para financiar estes projetos (a empresa nunca poderá usar recursos de seu capital de giro para estes projetos)? Após a decisão de realizar o projeto, os gastos são acompanhados para que não excedam os orçamentos? 20. A empresa possui uma gerência efetiva de seus recursos financeiros? Qual a projeção do fluxo de caixa (mínimo, no mesmo período do orçamento - 12 meses)? Como a administração monitora os riscos de descasamento financeiro da empresa (exemplo: passivo em US$ e ativo em R$ - risco de maximização do valor do dólar)? A administração utiliza efetivamente o fluxo de caixa na gerência de seus negócios cotidianos, ou não? O fluxo de caixa, quando bem preparado e bem utilizado, é o documento mais importante para o administrador. Explore muito bem este assunto. 21. Qual a política da empresa para a contratação de empréstimos? É baseada em que dados? Os empréstimos são contratados de acordo com as necessidades em termos de valor e prazo dos recursos? Recursos com custo menor, como linhas externas são avaliadas e, quando possível, contratadas? quando a Empresa possui recursos em excesso sem previsão de utilização, estes são empregados no pagamento antecipado de obrigações com custo de captação maior (desde que com desconto) do que a remuneração do recurso no mercado? 22. A empresa apresenta sucessivamente problemas de liquidez (falta de caixa) não projetados nos fluxos? Por quê? Os erros de projeção são arrumados de forma a evitar tais incidentes? Quais são as linhas utilizadas para "tapar estes buracos" (preferencialmente devem ser linhas diárias, tais como conta devedora ou hot money)? 23. A empresa possui o assessoramento de um banco capacitado e operante em todos os serviços da modalidade bancária (inclusive no exterior)? 24. Quando a empresa faz parte de um grupo, as necessidades de caixa são tratadas em âmbito global (criação de uma mesa de negócios em que uma empresa cede recursos à outra, ao invés desta ir captar no mercado, e também aumento de poder de negociação junto aos bancos)? 25. Realize uma contagem de caixa de surpresa e verifique a composiçãoe o fechamento do valor do caixa. Atente para vales e outros documentos que não sejam espécie que estejam compondo o caixa. Lembre-se de que os cheques devem ser prontamente depositados e que devem estar separados contabilmente. 26. A empresa possui limites de alçada para liberação de pagamentos? Quem são os procuradores da empresa? O número e as pessoas cadastradas como procuradores fazem sentido? 27. Como a empresa realiza suas captações? São realizadas diversas cotações antes de contratar uma linha de crédito? Como este processo é documentado? 28. O departamento financeiro da empresa possui estudos e controles para a elaboração de Usos e Fontes, em que todos os passivos (fontes) são tratados em forma de prazo, custo, indexador e valor, e os ativos são vistos como aplicações com os mesmos tratamentos, UNIDADE 1TÓPICO 118 A U D I T O R I A II no sentido de verificar eventuais descasamentos e perdas de rentabilidade (administração de rentabilidade, liquidez, solvência e outros tipos de risco, cambial, por exemplo)? Este conceito de análise é muito complexo, porém, quando a empresa consegue formatá-lo, este documento torna-se um espelho de toda a situação financeira da empresa. Devemos recomendar análises neste sentido. 29. Quando da aquisição de bens, a empresa estuda a viabilidade da contratação de leasing? Conhece todas as vantagens, desvantagens e características fiscais? A empresa conhece também o leasing operacional? 30. A empresa possui empréstimos ou captações de recursos junto ao grupo a que pertence? Como são as características destas operações com relação a valor, prazos, taxas e garantias? Avalie bem esta questão, pois, muitas vezes, empresas saudáveis de um grupo são "sangradas" financeiramente para salvar outras que não são sequer viáveis. 31. Como a empresa monitora seus recursos em caixa para certificar-se da sua salvaguarda e minimizar o risco de apropriação indébita destes. 32. A empresa adota como prática a conciliação do fluxo de caixa com o lucro líquido, com o objetivo de detectar eventuais faltas de caixa e a sua correlação com suas operações? 33. O departamento financeiro utiliza índices financeiros e conjunturais da empresa para o seu gerenciamento (exemplo: índices de liquidez, rentabilidade, solvência etc.)? FONtE: Lauer (2011, p. 19-22) Mesmo com uma eficiente investigação dos procedimentos a partir de um minucioso conjunto de questionamentos, é fundamental estabelecer um programa de trabalho abrangendo os objetivos, a determinação do escopo do trabalho, os procedimentos a serem utilizados, o tempo estimado para executar o programa de auditoria, a referência (consta nos papéis de trabalho) e a indicação dos exames (conferências). Com base em Attie (2010), que propõe programas de auditoria aplicados às várias contas patrimoniais do ativo, apresentaremos, a seguir, o modelo de um programa de auditoria em disponibilidades. qUADrO 1 – EMPrESA A – PrOGrAMA DE AUDItOrIA EM DISPONIBILIDADES Programa de Trabalho T e m p o estimado Referência Indicação dos exames I. OBjEtIVOS DE AUDItOrIA 1. A disponibilidade registrada existe, isto é, encontra-se nos bancos ou em poder da empresa. 2. A disponibilidade de propriedade da empresa está integralmente incluída no balanço patrimonial e a de terceiros, excluída do mesmo. 3. A disponibilidade está contabilizada de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade. UNIDADE 1 TÓPICO 1 19 A U D I T O R I A II 4. A disponibilidade está livre de restrições de uso, penhoras e vinculações em garantia. 5. A disponibilidade está corretamente descrita e classificada no balanço patrimonial, e as divulgações cabíveis foram feitas no balanço ou em notas explicativas. II. DEtErMINAÇÃO DO ESCOPO DO trABALHO Baseado na revisão do controle interno realizado e na materialidade envolvida, determinamos que o escopo do disponível será o de contagem de caixa e seu follow-up, confirmação e exame das conciliações bancárias na data-base de 31-12-x2. III. PrOCEDIMENtOS DE AUDItOrIA Preliminar 1. Revise as contas do razão para determinar os bancos em que a companhia possui contas bancárias e “circularize-as” na data de 31.12.X2. 2. Compareça ao escritório da companhia na data de 31.12.X2, às 18 horas, e proceda a contagem física como segue: a) Conte os valores e documentos em poder do caixa; b) Some a contagem física realizada; c) Confira o saldo apurado com o boletim de caixa. 3. Ao devolver os itens contados fisicamente, obtenha do caixa o recibo de devolução devidamente assinado. 4. revise o papel de trabalho de contagem atentando para os itens que lhe pareçam normais. Final 5. Obtenha a composição do disponível e execute os seguintes procedimentos: a) soma; b) confira o saldo em 31.12.x1 com os papéis de trabalho do ano anterior; c) confira o saldo em 31.12.X2 com o razão; d) cruze referências com as folhas subsidiárias ao balanço. Caixa UNIDADE 1TÓPICO 120 A U D I T O R I A II 6. tendo em vista a contagem de caixa realizada na data de 21.12.x2, proceda como segue: a) Cruze referência com a posição do disponível; b) Caso a contagem física tenha revelado outros itens que não numerário, observe qual o tratamento contábil dispensado a estes, e, caso aplicáveis, proponha ajustes ou recomendações. Bancos 7. De posse da composição dos bancos conta movimento, faça: a) soma; b) cruze referência com as conciliações do disponível; c) confira os saldos com o razão. 8. Para os bancos cujo saldo confirmado esteja em desacordo com o saldo contábil, obtenha a conciliação bancária e efetue os seguintes procedimentos: a) soma; b) cruze referência entre a resposta e o saldo constante da conciliação. c) cruze referência entre o saldo do razão constante da conciliação com a composição dos bancos conta movimento; d) para os valores não considerados pelo banco, examine-os documentalmente e constate que tenham sido apresentados no extrato do período subsequente; e) para os valores não considerados pela companhia, constantes da conciliação bancária, examine os documentos comprobatórios. Caso contrário, obtenha explicações necessárias. Atenção de ser dada ao tratamento contábil dispensado a esses itens. Geral 9. Revise seu trabalho, verificando se ele contém todas as evidências necessárias e se todos os objetivos de auditoria foram cumpridos. 10. Revisão do supervisor. 11. Revisão do gerente. UNIDADE 1 TÓPICO 1 21 A U D I T O R I A II A. reis Wil FEItO rEVISADO F. Geraldo APrOVADO FONtE: Attie (2010, p. 305-307) No quadro 1 podemos observar que há várias etapas a serem cumpridas no programa de auditoria em disponibilidades. É necessário verificar se as disponibilidades estão contabilizadas de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se existem restrições de uso, penhora ou vinculações de garantia. Esses valores deverão ser utilizados para atender as operações normais da empresa. EST UDO S F UTU RO S! � As atividades práticas deste programa de auditoria serão estudadas passo a passo na Unidade 2 deste Caderno de Estudos. Encerramento do trabalho 12. Discussão com o cliente quanto aos lançamentos de ajustes e/ou reclassificações apurados no transcorrer do trabalho. 13. Discussão com o cliente quanto aos pontos de recomendação apurados no transcorrerdo trabalho. 14. Conclusão atendendo aos objetivos da área. 3.2 AUDItOrIA DE CONtAS A rECEBEr Contas a receber é um item do ativo circulante que compreende duplicatas a receber por vendas, adiantamentos concedidos a terceiros ou empregados, cheques, notas promissórias, entre outros valores a receber. Para Franco e Marra (2001, p. 389), a auditoria nesta área tem como objetivo apurar se: a) as contas são autênticas e se têm origem em transação relacionada com vendas; b) os valores apresentados são efetivamente realizáveis; c) esses valores correspondem à transação e se não há devoluções, descontos ou abatimentos, ou quaisquer outros ônus a serem considerados; d) há avaliação prudente do montante das contas a receber, para efeito de balanço. UNIDADE 1TÓPICO 122 A U D I T O R I A II Embora os objetivos sejam basicamente os mesmos para os diversos itens que compreendem a conta de contas a receber, os procedimentos podem ser diferenciados dependendo dos aspectos legais para a cobrança de cada tipo de título, tais como: duplicatas em cobrança, nota promissória e cheque em cobrança. Neste caso, daremos maior ênfase aos aspectos de contas a receber do item duplicatas em cobrança decorrentes da venda de clientes por terem maior fluxo de entrada de valor. Outro ponto importante é a avaliação dos controles internos para determinar o nível de confiança possível, a extensão dos trabalhos e os procedimentos adotados. De modo geral, os controles internos recomendados nesta área são os seguintes: − Segregação de funções na área de contas a receber e da contabilização. − Confrontação periódica do setor de contas a receber com o de contabilidade. − Emitir autorização prévia de descontos ou abatimentos. − Acompanhamento das contas a receber em atraso e determinar empenho no trabalho de cobrança dele. − recebimento por depósitos bancários. − Obter a confirmação dos débitos vencidos com os devedores. Após a revisão dos controles internos da entidade, é possível determinar os procedimentos na auditoria desta conta. Alguns destes procedimentos são adotados da seguinte forma: a) Corte das operações (cut-off): é fundamental determinar o corte das operações para garantir que as últimas transações efetuadas até o momento do início da auditoria sejam examinadas com segurança. Podemos afirmar que o cut-off é o ponto de partida dos demais exames nas etapas posteriores. É necessário estabelecer uma data final do balanço que sirva de ponto de partida para a auditoria, considerando que todas as pendências que tenham influência nas datas posteriores a essa data final do balanço deverão ser observadas com rigor para identificar todos os cumprimentos contábeis dela. b) Exame da movimentação das contas: neste exame é verificada toda a movimentação das contas até os saldos finais, com a investigação de problemas específicos que possam ser encontrados. c) Circularização de duplicatas e contas a receber: é importante que após o cut-off a empresa emita a carta de circularização das contas a receber junto aos clientes para que eles confirmem as notas fiscais emitidas, vencidas ou vincendas e as liquidadas. d) Levantamentos físicos: após efetuar o cut-off, o auditor deve proceder o levantamento físico das duplicatas existentes para examinar o tie-up. O Auditor, neste exame, assim como em qualquer levantamento físico, deverá dedicar atenção a 3 (três) quantidades e/ou cifras. Isso quer dizer que, se o auditor determinou que as duplicatas devem ser confrontadas por UNIDADE 1 TÓPICO 1 23 A U D I T O R I A II valores emitidos, tanto as duplicatas quanto os valores emitidos deverão ser confrontados com valores confirmados na nota fiscal emitida e também com valores confirmados pela carta de circularização junto aos clientes. e) Exame das contas a receber por idade dos saldos (aging-list): O aging-list é um demonstrativo elaborado pela empresa para identificar a situação das contas a receber a partir da data de vencimento. Por exemplo, quantas contas a vencer em 60 dias, quantas já estão vencidas e há quanto tempo. É importante o auditor ficar atento quanto à exatidão das informações do demonstrativo e das variações ocorridas para melhor ou pior (em valor e porcentagem) e da possibilidade de cobrar as contas vencidas. f) Resumo das duplicatas a receber por localização (tie-up): Este resumo se dá por confirmação da carta de circularização por localização das cobranças, isto é, se a cobrança está em determinadas instituições financeiras (Banco A, B ou C) ou se a cobrança está em vias judiciais. g) Dias de vendas contidos no total de duplicata a receber: É importante que o auditor também tenha um relatório dos prazos de vendas estabelecidos pela empresa para identificar o aging-list e confrontar possíveis juros ou descontos de acordo com a política de crédito da empresa. h) Exame dos eventos subsequentes à data base selecionada (recebimentos, devoluções etc.): O auditor somente poderá emitir opinião sobre devedores após examinar os eventos subsequentes das confirmações dos clientes, por exemplo, a confirmação do pagamento, a devolução da mercadoria ou o crédito dado na duplicata decorrente do processo de indenização de mercadorias adquiridas pelo cliente anteriormente. i) Exame das outras contas a receber: Igualmente em duplicatas a receber de clientes, nas outras contas a receber (diversos) devem ser adotados os mesmos procedimentos. j) Exame das provisões constituídas e/ou necessárias: toda política de descontos oferecida pela empresa aos seus clientes por prêmios de pagamentos antecipados ou prêmios por assiduidade (exemplo: clientes há dez anos recebem desconto de X% nas compras realizadas em um determinado mês do ano) deverá ser auditada com esmero para evitar problemas fiscais ou tributários, pois, em determinados casos, algumas dessas políticas são indedutíveis para fins de imposto de renda da empresa (IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). k) Exame da demonstração e classificação das contas a receber nas demonstrações contábeis: Para o grupo das contas do ativo circulante, devem constar as contas a receber vencidas e as a vencer em até 360 dias. No ativo não circulante, deve constar as demais contas a vencer após 360 dias. As contas retificadoras (Provisão para Devedores Duvidosos, entre outras) são demonstradas, destacadamente, deduzindo os valores originais. Qualquer UNIDADE 1TÓPICO 124 A U D I T O R I A II NO TA! � Leia o Pronunciamento Técnico CPC 12, que trata da regulamentação do ajuste a valor presente. FONTE: Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/ Documentos/219_CPC_12.pdf>. m) Teste de Vendas: O Auditor, nesta etapa da atividade, deverá certificar-se de que a política da aprovação de créditos ou descontos obedece a critérios estabelecidos pela empresa, e também identificar os responsáveis por essa política para confirmar todas as evidências que tenham reflexos no resultado da empresa, que podem ser identificados no programa de auditoria. Attie (2010) propõe um programa de auditoria para contas a receber, abrangendo os objetivos de auditoria, a determinação do escopo do trabalho, os procedimentos de auditoria, o tempo estimado para executar este programa, a referência (consta nos papéis de trabalho) e a indicação dos exames (conferências). tipo de ônus que incida sobre as contas a receber (contas/duplicatas dadas em garantia) deverá constar exclusivamente em Notas Explicativas das Demonstrações Contábeis. l) Teste de Ajuste a Valor Presente: As alterações da Lei nº 11.941 e da Lei nº 11.638 trouxeram várias contribuições para a avaliação dos ativos, entre elas, a determinação do valorpresente do Fluxo de Caixa Futuro (FCF). Neste FCF, são requeridos: o valor do fluxo futuro, a data do referido fluxo futuro e a taxa de desconto aplicável a cada operação. Cabe ao auditor validar a estimativa do valor corrente de um fluxo de caixa futuro (FCF), no curso normal de operações da entidade. A partir da Lei nº 11.638/07, convalidada pela Lei nº 11.941/09, foi acrescido ao artigo 183 o item VIII, que estabelece a obrigatoriedade de ajustar ao valor presente os elementos de ativo decorrentes de operações em longo prazo, sendo os demais créditos ajustados quando houver efeito relevante. Para regulamentar a obrigatoriedade desse procedimento no Brasil, instituiu-se o CPC nº 12. Ao se aplicar o conceito de valor presente, deve-se associar à mensuração de ativos e passivos, levando-se em consideração o valor do dinheiro no tempo e as incertezas a eles associados. Os riscos e as incertezas são determinantes para a taxa de desconto a ser utilizada a partir da data da operação. Nessa oportunidade ocorre a redução da receita de vendas e, com o passar dos dias, os ajustes das reversões são contabilizados como receitas financeiras (KRIEK, 2011). UNIDADE 1 TÓPICO 1 25 A U D I T O R I A II Programa de Trabalho T e m p o estimado Referência Indicação dos exames I. OBjEtIVOS DE AUDItOrIA 1. As contas a receber são reais e representam direitos efetivos da empresa contra os devedores. 2. As contas a receber estão contabilizadas de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade. 3. Foram feitas provisões adequadas para fazer face a possíveis perdas. 4. Foram feitas todas as divulgações cabíveis para as duplicatas caucionadas ou datas em garantia. 5. As contas a receber estão corretamente classificadas e demonstradas no balanço patrimonial. II. DEtErMINAÇÃO DO ESCOPO DO trABALHO Baseado na revisão do controle interno realizada e na materialidade envolvida, determinamos que o escopo do trabalho das contas a receber será a circularização dos principais clientes, advogados e duplicatas descontadas na data-base de 21-12-x2 e o exame do aging por meio de discussões com os responsáveis. III. PrOCEDIMENtOS DE AUDItOrIA Preliminar 1. Obtenha a composição das duplicatas a receber na data- base de 31-12-x2 e execute como segue: a) conferência com o razão; b) soma; c) solicite o preparo das contas de confirmação na data de 31-12-x2 para os clientes de valor superior a $ 80.000,00 e efetue o despacho. 2. Providencie o preparo e despacho dos pedidos de confirmação para as duplicatas descontadas e de advogados. Final 3. Obtenha a composição das contas a receber e faça: a) soma; b) confira o saldo em 31.12.X1 com os papéis de trabalho qUADrO 2 – EMPrESA A – PrOGrAMA DE AUDItOrIA EM CONtAS A rECEBEr UNIDADE 1TÓPICO 126 A U D I T O R I A II do ano anterior; c) conferência do saldo em 31.12.X2 com o razão; d) cruze referências com as folhas subsidiárias e com o balanço. Duplicatas a receber 4. Cruze referência da composição das duplicatas a receber com as respostas recebidas e a composição das contas a receber. 5. Anexe as respostas recebidas das confirmações das duplicatas a receber e: a) some; b) referencie as respostas recebidas com a posição das duplicatas a receber. 6. Com relação às respostas recebidas, atenção deve ser dada a quaisquer informações fornecidas pelos clientes. Examine todas as informações apostas nas respostas atentando para suas implicações contábeis. Duplicatas descontadas 7. Anexe as respostas recebidas de confirmação de duplicatas descontadas e: a) some; b) cruze referência com a composição das contas a receber; c) observe a existência de informações nas respostas e obtenha explicações necessárias. Provisão para créditos de liquidação duvidosa 8. Obtenha a movimentação da provisão para créditos de liquidação duvidosa ocorrida no período e: a) some; b) referencie a movimentação da provisão para créditos de liquidação duvidosa com a composição das contas a receber; c) referencie o complemento da provisão com o resultado. 9. Determine que a provisão para créditos de liquidação duvidosa tenha sido calculada pela companhia de forma consistente com a do ano anterior. 10. Com relação a quaisquer baixas ocorridas contra a provisão, constate se as aprovações foram dadas por pessoal adequado. UNIDADE 1 TÓPICO 1 27 A U D I T O R I A II 11. Solicite a composição analítica das duplicatas a receber por cliente e por idade de vencimento (aging) e: a) some; b) confira sua distribuição entre vencidos e a vencer em base de teste; c) discuta com o responsável da cobrança de atrasados, atentando para a possibilidade de realização das duplicatas a receber. 12. Anexe as respostas recebidas de advogados atentando para quaisquer informações apostas e suas implicações contábeis. 13. Tendo em vista as informações obtidas do responsável pela cobrança e as respostas recebidas de advogados, determine a razoabilidade da provisão para devedores duvidosos constituída pela companhia. Outras contas a receber 14. Examine a composição das outras contas a receber quanto à realização no período subsequente. Geral 15. Revise seu trabalho, verificando se ele contém todas as evidências necessárias e se todos os objetivos de auditoria foram cumpridos. 16. Revisão do supervisor. 17. Revisão do gerente. Encerramento do trabalho 18. Discussão com o cliente quanto aos lançamentos de ajustes e/ou reclassificação apurados no transcorrer do trabalho. 19. Discussão com o cliente quanto aos pontos de recomendação apurados no transcorrer do trabalho. 20. Conclusão atendendo aos objetivos da área. A. reis Wi FEItO rEVISADO F. Geraldo APrOVADO FONtE: Attie (2010, p. 325-327) UNIDADE 1TÓPICO 128 A U D I T O R I A II EST UDO S F UTU RO S! � As atividades práticas relativas ao programa de auditoria, apresentado no Quadro 2, serão estudadas passo a passo na Unidade 2 deste Caderno de Estudos. 3.2.1 Falsas apresentações de contas a receber IMP OR TAN TE! � Em certas situações, algumas empresas que possuem dificuldades para gerar caixa nas suas atividades normais emitem “notas fiscais frias”, com o objetivo de realizarem operações financeiras sem lastro legal. A isso se denomina fraude perante o sistema financeiro. Vejamos algumas das possibilidades mais usuais de falsas evidências: a) Reduções indevidas nas contas a receber – Uma prática adotada como artifício de “tapa buracos” está em contabilizar antecipadamente as contas a receber de clientes. Essas operações são muitas vezes realizadas nos finais dos meses para evitar a apresentação dos saldos negativos de caixa. Como este tipo de procedimento tem vida curta, ou seja, passa de um mês para o outro, é fácil identificar este procedimento fraudulento; basta confrontar os extratos bancários com os registros contábeis. b) Majoração indevida nas Contas a Receber – Está pautado em não baixar duplicatas incobráveis ou em criar contas a receber fictícias pelo não reconhecimento ou baixa de valores decorrentes de indenizações aos clientes. É uma prática de “contabilizar por fora” as cobranças dos clientes sem baixar as duplicatas. O registro da entrada do dinheiro na contabilidade se dá em contrapartida de adiantamentos de
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