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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE ESTRUTURA DA MATÉRIA ‘C’ Energia de Gap de um LED Curso: 142 - Licenciatura em Física Turma: N1 Turno: Noturno Data: 30/09/2002 Professor: Frederico Equipe: Introdução Em um cristal, os elétrons tendem a ocupar sempre os estados de menor energia. Assim as faixas permitidas mais baixas estão sempre cheias. Suponhamos que o número de elétrons no cristal seja suficiente para encher completamente um certo número de faixas permitidas, deixando as outras vazias. Nesse caso os elétrons do cristal, quando submetidos a um campo elétrico, não podem se propagar, pois qualquer movimento aumentaria sua energia, colocando-os dentro da faixa proibida. Nesse caso dizemos que o cristal é um isolante. Se, por outro lado, os elétrons enchem apenas parcialmente uma das faixas permitidas, os elétrons podem mover-se com facilidade sob a ação de campos elétricos, passando para estados de energia ligeiramente maior. Nesse caso, o cristal pode ser um condutor, um semicondutor ou um semimetal. Em um condutor. Em um condutor, as faixas permitidas parcialmente cheias possuem um grande número de elétrons. Em um semicondutor ou semimetal, as faixas parcialmente cheias possuem um pequeno número de elétrons ou estão quase completamente cheias; em ambos os casos, a condução de corrente é menor que nos metais. A diferença entre um semicondutor e um semimetal é que na temperatura do zero absoluto um semicondutor se torna isolante, enquanto um semimetal continua a conduzir corrente. Objetivos Obter o valor da constante de Planck através da relação entre a energia e a freqüência da luz emitida por um diodo semicondutor emissor de luz (LED). Material e procedimento experimental 1. Fonte de tensão DC variável de 0 a 32 V; 2. Multímetros digitais; 3. LEDs nas cores amarela, verde e vermelha. Discussão teórica 1) O que é um semicondutor intrínseco e um semicondutor extrínseco? Semicondutor intrínseco – é um semicondutor que não contém impurezas em quantidade suficiente para alterar-lhe as suas propriedades. Semicondutor extrínseco – é um semicondutor que contém pequenas quantidades de outras substâncias e que modificam consideravelmente as propriedades do material. 2) Quais são os tipos de dopagem possíveis ? Há duas maneiras de acrescentarmos impurezas a um semicondutor puro: Podemos acrescentar uma impureza pentavalente, por exemplo, o arsênio. Nesse caso, alguns átomos de arsênio ocupam o lugar dos átomos de silício no cristal. Entretanto um átomo de arsênio só tem quatro átomos vizinhos de silício para estabelecer ligações covalentes. Assim apenas quatro átomos de valência do arsênio ficam retidos nas ligações covalentes; o elétron que sobra fica praticamente livre para vagar pelo cristal, indo fazer companhia aos elétrons livres já existentes, provenientes da quebra das ligações covalentes dos átomos de silício. Como os átomos das impurezas pentavalentes cedem elétrons ao cristal, essas impurezas são chamadas de impurezas doadoras ou impurezas tipo N. Quando acrescentamos ao silício uma impureza trivalente, por exemplo, o índio, ocorre exatamente o oposto, pois como cada átomo de índio só possui três elétrons de valência e pode estabelecer ligações covalentes com quatro átomos vizinhos de silício, uma dessas ligações covalentes fica incompleta, isto é, fica “faltando” um elétron. Ora, como já vimos, a “falta” de um elétron em uma ligação covalente pode ser considerada como a “presença” de um buraco. Como os átomos das impurezas trivalentes cedem buracos ao cristal (retiram elétrons do cristal), essas impurezas são chamadas de impurezas aceitadoras ou impurezas tipo P. 3) Qual a diferença entre um diodo comum e um LED? Um diodo semicondutor é um monocristal que apresenta uma região P e uma região N separadas pela junção PN. O diodo semicondutor apresenta característica assimétrica, pois possui baixa resistência direta e alta resistência inversa. O diodo LED, cuja sigla significa diodo emissor de luz, é um diodo semicondutor que apresenta emissão de luz regida pelo fenômeno da eletroluminescência, isto é, emite luz quando polarizados diretamente. A luz emitida é monocromática e é produzida pelas interações energéticas do elétron, que são emissões de fótons, quando passa da banda de condução para a banda de valência. 4) Qual a característica física do LED que determina a sua cor? Quando uma tensão suficiente é aplicada nos terminais do LED, elétrons podem mover-se facilmente em uma só direção através da junção entre as regiões P e N. Quando a tensão é aplicada e a corrente começa a fluir, elétrons na região N têm energia suficiente para deslocar-se através da junção até a região P. Uma vez na região P os elétrons são imediatamente atraídos pelas cargas positivas, portanto quando um elétron consegue juntar-se a uma carga positiva na região P, as duas cargas recombinam-se. Cada vez que um elétron faz a recombinação com uma carga positiva, energia potencial elétrica é convertida em energia eletromagnética. Para cada recombinação de uma carga negativa e uma positiva, um quantum de energia eletromagnética é emitido na forma de um fóton de luz com uma freqüência característica do material semicondutor, geralmente uma combinação de elementos químicos como o gálium, arsênio e fósforo. 5) O que é corrente de saturação? R. Uma corrente muito pequena proveniente de lacunas e elétrons livres produzidos por agitação térmica próximos da junção PN, isso se deve porque a junção está polarizada inversamente. Essa corrente é da ordem de 10uA no germânio e de 0,01uA no silício e será tanto maior quanto maior for a temperatura. A corrente de saturação aumenta de valor com o aumento da tensão inversa aplicada e dobra de intensidade aproximadamente para cada 10ºC de aumento da temperatura. A partir de um determinado valor de tensão inversa, a junção pode conduzir violentamente, apresentando o fenômeno de avalanche térmica, que ocasiona a ruptura da junção. Procedimento experimental Parte 1 Para as medidas de tensão contra corrente, o seguinte circuito deve ser montado: Observe cuidadosamente as polaridades antes de ligar a fonte de tensão. Anote os valores da corrente correspondentes a tensões aplicadas desde zero até 2,5 volts para cada um dos diodos. O intervalo entre cada ponto experimental deve ser de aproximadamente 0,1 V. Utilize para a medida de corrente a unidade de microampere para os valores iniciais de voltagem e aumente a escala de acordo com o aumento. Na região de aumento exponencial de corrente, obtenha dados para variações de 50 mV. Reverta a polaridade do LED e aplique uma voltagem de apenas 2,0 V. Utilize o amperímetro mais sensível para obter o valor de corrente de saturação: Io. Para obter a energia de Gap de cada um dos LEDs, faça um gráfico de log I x V e utilize a seguinte expressão: KT EgeV eII − = 0 Parte 2 Nessa segunda parte serão determinadas as freqüências de emissão dos LEDs. Para obter estes valores será utilizado um equipamento produzido artesanalmente no próprio departamento de física. Ele consiste de uma fenda onde será introduzido o LED. Na frente do LED se encontra uma rede de difração cujo ângulo em relação ao LED pode ser controlado pelo micrômetro que se encontra na frente do aparelho. Esta rede de difração, ao ser movimentada, desvia o feixe de luz incidente fazendo com que ele incida em diferentes partes do fundo do aparelho. No fundo do mesmo se encontra um dispositivo fotosensível, cuja resistividade varia inversamente com a intensidade luminosa. Este dispositivo deve ser conectado a um ohmímetro. Para obter o valordo comprimento de onda deve-se portanto mover a rede de difração e monitorar a resistividade através do ohmímetro. Quando se obtiver o menor valor de resistência o valor do comprimento de onda corresponderá ao valor indicado pelo micrômetro. Parte 3 Utilizando os dados das partes 1 e 2, deve-se traçar um gráfico de Energia x Freqüência. Qual o valor do coeficiente angular? Qual deveria ser? Discussão prática Parte 1 Utilizamos três LEDs para medir, em cada um, a corrente correspondente a tensões aplicadas de 0 a 2,5 V e montamos a tabela abaixo: Amarelo Verde Vermelho V Aµ V Aµ V Aµ 0,000 0,0 0,780 0,1 0,807 0,1 1,150 0,1 1,330 0,2 1,540 0,5 1,330 0,2 1,400 0,3 1,610 1,9 1,375 0,3 1,400 0,4 1,630 3,1 1,401 0,4 1,430 0,5 1,650 5,6 1,402 0,5 1,440 0,6 1,670 7,9 1,435 0,8 1,460 0,8 1,670 9,7 1,450 1,0 1,470 1,0 1,680 10,3 1,476 1,5 1,480 1,1 1,700 21,7 1,483 1,8 1,500 1,5 1,710 23,7 1,488 2,0 1,510 1,9 1,740 73,7 1,501 2,5 1,510 2,0 1,750 97,7 1,507 2,8 1,550 4,3 1,770 154,0 1,512 3,0 1,590 8,8 1,800 514,0 1,519 3,5 1,630 19,3 1,810 552,0 1,531 4,5 1,660 36,3 1,830 778,0 1,541 5,5 1,660 40,8 1,870 1578,0 1,545 6,0 1,690 64,1 1,880 1960,0 1,555 7,5 1,700 108,2 1,980 5050,0 1,561 8,5 1,710 130,4 2,000 5850,0 1,569 10,5 1,720 196,8 2,070 8300,0 1,573 11,3 1,730 368,0 2,120 9950,0 1,576 12,0 1,760 447,0 2,170 11720,0 1,584 14,4 1,770 700,0 2,170 12560,0 1,593 17,3 1,800 982,0 2,190 13640,0 1,606 23,3 1,810 1484,0 2,220 14150,0 1,612 26,2 1,830 1929,0 2,230 16190,0 1,615 28,0 1,850 2560,0 2,290 16630,0 1,621 31,6 1,870 3820,0 2,300 17540,0 1,632 40,0 1,900 5080,0 2,320 18560,0 1,647 55,0 1,920 6990,0 2,350 19100,0 1,654 64,7 1,950 8980,0 2,360 20100,0 1,661 74,5 1,980 10750,0 2,390 20700,0 1,670 90,4 2,000 12690,0 2,410 22100,0 1,678 105,5 2,020 13900,0 2,450 22900,0 1,697 152,1 2,040 17070,0 2,470 23600,0 1,703 170,3 2,070 19400,0 2,490 24200,0 1,718 220,0 2,100 29300,0 1,731 270,5 2,200 32200,0 1,748 301,7 2,230 37700,0 1,845 375,6 2,280 41300,0 1,958 400,0 2,310 45300,0 2,010 500,0 2,350 47000,0 2,460 800,0 2,370 49800,0 2,510 800,0 2,390 50600,0 2,620 900,0 2,400 51800,0 2,410 55800,0 2,450 58300,0 2,480 58300,0 2,500 60500,0 A corrente de saturação para os três LEDs foi de 0,2 µA Utilizando a equação KT EgeV eII − = 0 e aplicando o ln em ambos os lados, temos: g gKT EgeV KT EgeV EeV I IKT KT EeV I Ie I Ie I I −= − = ⇒ = ⇒= −− 0 000 ln lnlnln Utilizando os dados das tabelas faremos um gráfico linear y = ax + b adotando 0 ln I IKT como y , eV como ax e gE como b para cada LED. 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 -5,00E-021 0,00E+000 5,00E-021 1,00E-020 1,50E-020 2,00E-020 2,50E-020 3,00E-020 3,50E-020 4,00E-020 LED AMARELO K T ln (I/ Io ) Volts (V) Coeficiente angular = 8,05 x 10-20 ± 1,06 x 10-21 Coeficiente linear = -1,09 x 10-19 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 -1,00E-020 0,00E+000 1,00E-020 2,00E-020 3,00E-020 4,00E-020 5,00E-020 6,00E-020 Volts (V) K T ln (I/ Io ) LED VERDE Coeficiente angular = 7,43 x 10-20 ± 2,02 x 10-21 Coeficiente linear = -1,01 x 10-19 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 -1,00E-020 0,00E+000 1,00E-020 2,00E-020 3,00E-020 4,00E-020 5,00E-020 LED VERMELHO Volts (V) K T ln (I/ Io ) Coeficiente angular = 7,78 x 10-20 ± 5,09 x 10-21 Coeficiente linear = -1,13 x 10-19 Pelo gráfico obtemos: LED Amarelo LED Verde LED Vermelho Energia Gap -1,09 x 10-19 J = -0,68 eV -1,01 x 10-19 J = -0,63 eV -1,13 x 10-19 J = -0,71 eV Parte 2 Amarelo Verde Vermelho m91 10512 −×=λ m92 10516 −×=λ m91 10499 −×=λ m92 10507 −×=λ m91 10581 −×=λ m92 10588 −×=λ Comprimento de onda dos LEDs Para se determinar as frequências utilizaremos a relação λ cf = Abaixo temos a freqüência média de cada LED. Amarelo Verde Vermelho Hzf 141 1085,5 ×= Hzf 14 1 1096,5 ×= Hzf 14 1 1013,5 ×= Parte 3 Agora vamos montar uma tabela Energia x Frequência para obter a constante de Planck Utilizaremos a fórmula νhE = LED Energia de Gap (J) Frequência (Hz) Verde -1,01 x 10-19 5,96 x 1014 Amarelo -1,09 x 10-19 5,85 x 1014 Vermelho -1,13 x 10-19 5,13 x 1014 5,00E+014 5,20E+014 5,40E+014 5,60E+014 5,80E+014 6,00E+014 -1,14E-019 -1,12E-019 -1,10E-019 -1,08E-019 -1,06E-019 -1,04E-019 -1,02E-019 -1,00E-019 Energia de Gap x Frequência E ne rg ia d e G A P (J ) Frequência (Hz) Coeficiente angular = h = 1,13 x 10-34 ± 7,56 x 10-35 J Conclusão O objetivo deste trabalho foi obter a constante de Planck através da energia de gap do Led e a frequência por ele emitida, verificamos que o valor que obtivemos é aproximadamente da magnitude que vemos nos livros, que é de 6,02 x 10-34 J, diante de erros humanos e dos instrumentos utilizados, concluímos que o valor se aproxima muito bem dos valores teóricos. Referência bibliográfica TUCCI, Wilson José. Introdução à eletrônica. 8. ed. São Paulo, Nobel, 1984. MELLO, Hilton Andrade de; BIASI Ronaldo Sérgio. Introdução à Física dos Semicondutores. http://acept.la.asu.edu/courses/phs110/expmts/exp13a.html UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE ESTRUTURA DA MATÉRIA ‘C’ Energia de Gap de um LED Curso: Turma: Frederico Parte 1 V þÿ Coeficiente angular = 8,05 x 10-20 1,06 x 10-21 Coeficiente angular = 7,43 x 10-20 2,02 x 10-21 Coeficiente angular = 7,78 x 10-20 5,09 x 10-21 Pelo gráfico obtemos: LED Amarelo LED Verde LED Vermelho Energia Gap -1,09 x 10-19 J = -0,68 eV -1,01 x 10-19 J = -0,63 eV -1,13 x 10-19 J = -0,71 eV Parte 2 Amarelo Verde þÿ þÿ Parte 3 Coeficiente angular = h = 1,13 x 10-34 7,56 x 10-35 J
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