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PÓS-GRADUAÇÃO EM LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL:
Módulo 1: Crimes Hediondos, Tortura, Racismo e Terrorismo.
CRIMES HEDONDOS
Lei n. 8.072/1990 - Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.
Conceito de crimes hediondo: 
1) Sistema Legal: compete ao legislador, em um rol fechado, rol taxativo, anunciar quais são os crimes hediondos, leva em conta a gravidade em abstrato do crime – sofre crítica porque ignora a gravidade do caso concreto;
2) Sistema Judicial: é o juiz que no caso concreto que decide se é ou não hediondo, não existe rol prévio – crítica não há taxatividade, não há segurança jurídica nenhuma;
3) Sistema misto: legislador apresenta um rol exemplificativo e permitido que o juiz aplique no caso concreto - mesmas críticas dos outros sistemas.
O Brasil adotou o sistema legal (Lei n. 8.072/1990). A CF, art. 5º, inciso XLIII, define que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça, anistia a pratica de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem. 
Omissão penalmente relevante – aquele que podia e devia evitar o resultado. 
Clausula salvatória: é quando há uma cláusula legal segundo a qual o juiz, em determinado caso, pode afastar a hediondez. No caso, o Juiz poderia confirmar a hediondez ou não do caso concreto. O juiz não pode, segundo o critério legal, nem afastar a hediondez nem inserir a hediondez onde não houver previsão legal.
0 que se entende por "cláusula salvatória"? 
Ha doutrinas sugerindo a criação de uma "clausula salvatória", permitindo que a depender das circunstancias do caso concreto, o juiz afaste a natureza hedionda de um crime do rol da Lei n. 8.072/90 (ou seja, o juiz não pode fugir desse rol, mas tem o dever de confirmar a hediondez, no caso concreto). 
Trata-se de uma excelente sugestão doutrinaria, pois acaba abolindo a crítica que existe sobre o sistema legal — ex. namorado de 18 anos que mantem conjunção carnal com a namorada de 13 anos. Casam e tem filhos. O caso concreto, não sugere a hediondez prevista na norma em abstrato do art. 217-A do CP!
Crimes hediondos: 
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); (homicídio praticado por grupo de extermínio e homicídio qualificado) (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) – é a única hipótese que o homicídio simples pode ser considerado hediondo (homicídio condicionado). 
Com o advento da Lei n. 12.720/12, essa forma do crime passou a ser majorada (parágrafo 6º, art. 121, CP);
O homicídio simples praticado por milícia, por falta de previsão legal, mesmo que esteja integrando o parágrafo 6º, do art. 121 do CP, não será considerado hediondo;
Homicídio qualificado privilegiado: se a qualificadora for objetiva não tem problema existir privilégio, o qualificado privilegiado não é hediondo. 
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (lesão corporal dolosa gravíssima contra agente da segurança pública ou parente em virtude da função) (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão gravíssima é hedionda – leve e grave não. 
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); 
A morte deve decorrer da violência empregada no roubo. 
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) 
O legislador abrangeu na hediondez, o par. 1º-B. Esse parágrafo, em seu inciso I, une a importação de medicamento sem registro, entre outras condutas. Ocorre que, nesse caso, o medicamento não está corrompido, ele preserva todo o seu conteúdo terapêutico. Sendo assim, está muito mais para uma infração administrativa do que para uma infração penal, razão pela qual pecou o legislador, haja vista que trata de maneira igual, situações totalmente diferentes. 
Aliás, o STF percebeu isso e já afirmou, inclusive, que a pena do par. 1º-B, não pode ser aquela de 10 a 15 anos do caput!!! 
Nesse linha, decidiu que “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do artigo 273 do Código Penal, com a redação dada pela Lei no. 9.677/1998 – reclusão de 10 a 15 anos – à hipótese prevista no seu parágrafo 1º-B, inciso I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária. Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do artigo 273, na redação originária – reclusão de um a três anos e multa” (RE 979.962/RS, j. 24.03.21).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
CUIDADO O roubo majorado pelo emprego de explosivos (art. 157, par. 2º-A, inc. II, CP) não foi lembrado e não está etiquetado como hediondo!!!
Falha: não há previsão para roubo.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (uso restrito não é hediondo – numeração raspada é uso restrito não é hediondo).
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição,da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou 
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias. 
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências complementares: 
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 dias antes da audiência de instrução e julgamento; 
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 dias antes da audiência de instrução e julgamento.
· Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: 
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes; 
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
Instrução criminal:
· Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-seá vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 dias, adotar uma das seguintes providências: 
I - requerer o arquivamento; (promover arquivamento)
II - requisitar as diligências que entender necessárias; 
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes
· Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 dias. 
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e, até o número de 5, arrolar testemunhas. 
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 113 do Código de Processo Penal. 
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10 dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. 
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 dias. 
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 dias, determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e perícias.
Dessa defesa prévia o juiz poderá rejeitar ou receber.
· Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais. 
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo. 
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos 30 dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 dias.
· Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 minutos para cada um, prorrogável por mais 10, a critério do juiz. 
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
STF: disse que o CPP tem aplicação no caso. O interrogatório será o último ato.
· Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
· Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória. (É inconstitucional).
Da apreensão, arrecadação e destinação de bens do acusado:
· Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou do assistente de acusação, ou mediante representação da autoridade de polícia judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias nos casos em que haja suspeita de que os bens, direitos ou valores sejam produto do crime ou constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do Código de Processo Penal.
Denúncia Notificação
· § 3º Na hipótese do art. 366 do Código de Processo Penal , o juiz poderá determinar a prática de atos necessários à conservação dos bens, direitos ou valores 
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações.
§ 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas no caput deste artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 dias, apresente provas, ou requeira a produção delas, acerca da origem lícita do bem ou do valor objeto da decisão, exceto no caso de veículo apreendido em transporte de droga ilícita. 
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz decidirá por sua liberação, exceto no caso de veículo apreendido em transporte de droga ilícita, cuja destinação observará o disposto nos arts. 61 e 62 desta Lei, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
· Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, será determinada, imediatamente, a sua conversão em moeda nacional. 
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve ser encaminhada a instituição financeira, ou equiparada, para alienação na forma prevista pelo Conselho Monetário Nacional.
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a que se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será custodiada pela instituição financeira até decisão sobre o seu destino. 
§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, caso seja verificada a inexistência de valor de mercado, seus espécimes poderão ser destruídos ou doados à representação diplomática do país de origem. 
§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da data de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885, de 17 de junho de 2019, e que estejam custodiados nas dependências do Banco Central do Brasil devem ser transferidos à Caixa Econômica Federal, no prazo de 360 dias, para que se proceda à alienação ou custódia, de acordo com o previsto nesta Lei.
· Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados para a prática, habitual ou não, dos crimes definidos nesta Lei será imediatamente comunicada pela autoridade de polícia judiciária responsável pela investigação ao juízo competente. 
§ 1º O juiz, no prazo de 30 dias contado da comunicação de que trata o caput , determinará a alienação dos bens apreendidos, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma da legislação específica.
§ 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos quais constará a exposição sucintado nexo de instrumentalidade entre o delito e os bens apreendidos, a descrição e especificação dos objetos, as informações sobre quem os tiver sob custódia e o local em que se encontrem. 
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens apreendidos, que será realizada por oficial de justiça, no prazo de 5 dias a contar da autuação, ou, caso sejam necessários conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior a 10 dias. 
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do Funad, o Ministério Público e o interessado para se manifestarem no prazo de 5 dias e, dirimidas eventuais divergências, homologará o valor atribuído aos bens. 
§ 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento da regra estipulada no § 1º deste artigo. 
§ 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a regra estabelecida no § 1º deste artigo. 
§ 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos por meio de hasta pública, preferencialmente por meio eletrônico, assegurada a venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50% do valor da avaliação judicial. 
§ 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos órgãos de registro e controle que efetuem as averbações necessárias, tão logo tenha conhecimento da apreensão. 
§ 13. Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente para o registro, bem como as secretarias de fazenda, devem proceder à regularização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, ficando o arrematante isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. 
§ 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes de pagamento não podem ser cobrados do arrematante ou do órgão público alienante como condição para regularização dos bens. 
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente para o registro poderá emitir novos identificadores dos bens. 
· Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária poderão deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante autorização judicial, ouvido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação dos respectivos bens. 
§ 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do Funad para que, em 10 dias, avalie a existência do interesse público mencionado no caput deste artigo e indique o órgão que deve receber o bem. 
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste artigo, os órgãos de segurança pública que participaram das ações de investigação ou repressão ao crime que deu causa à medida.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
· Arma própria é o objeto vulnerante, concebido para a defesa ou para o ataque (como revólver, espada ou soco inglês).
· Arma imprópria é o objeto que tem potencial vulnerante (pode ferir ou matar), porém, não foi concebido para isso (como facas de açougue, tacos de baseball ou rolos de macarrão).
· Vamos estudar delitos que envolvem armas de fogo, munições, acessórios e explosivos.
· Arma de fogo é o artefato que lança projéteis por meio de explosão.
· SIGMA – Sistema de Gerenciamento de Armas Militar – Exército Brasileiro – calibre restrito. 
· SINARM – Sistema Nacional de Armas – Polícia Federal – calibre permitido.
· Posse – permite que a pessoa tenha a arma de fogo em sua residência ou local de trabalho – via Registro. 
· Porte – permite que a pessoa leve a arma consigo, em regra, onde quer que ela vá – via Registro e Porte.
· Posse irregular de arma de fogo de uso permitido 
· Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
· Acessório – é tudo aquilo que torna a arma mais eficaz, como luneta, silenciador. 
· Munição – é aquilo que faz a arma disparar – é o cartucho, a “bala”.
· Possuo uma arma ilegal (sem nenhum registro), mas sou uma “pessoa de bem”, minha intenção é a defesa de meu patrimônio e de minha família? Há crime, mesmo assim ... ?
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102 
· 1) O crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 12 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva situação de perigo, porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a paz social.
· Mas a minha arma ilegal é um revólver caibre 22, com apenas cinco munições? Que “grande” mal posso fazer? Isso é insignificante? Não é insignificante.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102 
· 11) A simples conduta de possuir ou de portar arma, acessório ou munição é suficiente para a configuração dos delitos previstos nos arts. 12, 14 e 16 da Lei n. 10.826/2003, sendo inaplicável o princípio da insignificância.
· Mas e aquelas pessoas que têm um “enfeite” sobre a mesa, que consiste em uma munição?
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 108 
· 2) A apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada de arma de fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco ao bem jurídico tutelado pela norma.
· E aquele artefato que tem forma de arma ou até certo tempo atrás conseguia atirar?
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 108 
· 3) Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.
· Omissão de cautela 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
· O autor desse crime deve ter a posse lícita da arma? Não, o dono da arma pode possuí-la legal ou ilegalmente. Caso seja ilegal, são dois os crimes cometidos. O de omissão de cautela e o de posse ou de porte ilegal de arma.
· Crime material.
· É preciso que o menor ou o PCD se apodere.
· Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
· Qualquer pessoa pode cometer esse crime.
· Arma desmuniciada? Munição isolada? Há crime, tanto para a arma, como para a munição, isoladamente.
· Arma quebrada? Se não pode nunca mais ser arma, não tem potencial lesivo nenhum – não há crime.
· Arma de brinquedo”? É brinquedo – não arma – não há crime.
· Arma ilegal usada em legítima defesa? O homicídio justificado absorve o porte ilegal de arma – logo não há nenhum crime.
· Pessoa “marcada” para morrer? É possível invocar uma excludente de culpabilidade (supralegal), baseada na inexigibilidade de conduta diversa.
· Mais de uma arma? Há múltiplos crimes? Se no mesmo contexto, há crime único. Além do que, trata-se de tipo misto alternativo, onde a práticade mais de um núcleo do tipo, em um mesmo contexto fático, configura crime único.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102
· 2) O crime de porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) é de perigo abstrato e de mera conduta, bastando para sua caracterização a prática de um dos núcleos do tipo penal, sendo desnecessária a realização de perícia.
· Como saber se a arma é de calibre permitido ou restrito?
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102
· 3) O art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é norma penal em branco, que exige complementação por meio de ato regulador, com vistas a fornecer parâmetros e critérios legais para a penalização das condutas ali descritas.
· Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
Art. 14. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1). Eficácia suspensa – precisa analisar caso a caso. 
· Disparo de arma de fogo 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição (fora da arma) em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
· Lugar Habitado – é aquele em há pessoas residindo – ainda que no momento do disparo, eventualmente, não estejam no local. As adjacências, como quintais, praças ou garagens, também integram o rol de locais proibidos.
· Crime comum – qualquer pessoa pode pratica.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102
· 4) O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que presume a ocorrência de dano à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de comprovação da lesividade ao bem jurídico tutelado.
· Não precisa ter gente naquele momento.
· O disparo deve ser oriundo de arma de fogo lícita?
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102
· 10) Não se aplica o princípio da consunção quando os delitos de posse ilegal de arma de fogo e disparo de arma em via pública são praticados em momentos diversos e em contextos distintos.
· Disparo de arma de fogo 
Art. 15. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1).
· Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102
· 5) O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito (art. 16, caput, da Lei n. 10.826/2003) é crime de perigo abstrato, que presume a ocorrência de dano à segurança pública e prescinde, para sua caracterização, de resultado naturalístico à incolumidade física de outrem.
· Armas e hediondez: (Lei n. 8.072/1990)
Art. 1º. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: 
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16, da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
· Caput não é hediondo porque é restrito, mas não proibido;
· Outra corrente defende que nenhuma das figuras do art. 16 é crime hediondo.
· Há julgados reconhecendo a hediondez quando o calibre é proibido. 
· Art. 16. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
Proibidas: dissimuladas (forma de caneta), vedadas por tratados internacionais (químicas, de fragmentação).
· Comércio ilegal de arma de fogo - * Hediondo 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. 
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
· Tráfico internacional de arma de fogo - * Hediondo 
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 102
· 12) Independentemente da quantidade de arma de fogo, de acessórios ou de munição, não é possível a desclassificação do crime de tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 da Lei de Armas) para o delito de contrabando (art. 334-A do Código Penal), em respeito ao princípio da especialidade.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 108
· 7) Compete à Justiça Federal o julgamento do crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, em razão do que dispõe o art. 109, inciso V, da Constituição Federal, haja vista que este crime está inserido em tratado internacional de que o Brasil é signatário.
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 108
· 9) Para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição não basta apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a internacionalidade da ação.
· E quem importa munição clandestinamente, para arma de fogo própria e devidamente registrada?
· STJ – Jurisprudência em teses 
· Edição 108
· 10) É típica a conduta de importar arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da autoridade competente, nos termos do art. 18 da Lei n. 10.826/2003, mesmo que o réu detenha o porte legal da arma, em razão do alto grau de reprovabilidade da conduta.
· Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
· Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Módulo: Violência Doméstica contra Mulher, Criança e Adolescente Tema: Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Parte 1) Aula I: Noções Gerais e Antecedentes
· A violência doméstica e familiar contra a mulher, no Brasil, é CULTURAL? 
· Existe, em determinadascamadas sociais, a ideia de que o homem pode bater na mulher? 
· “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. 
· “Ruim com ele, pior sem ele.” 
· Violência de gênero: A violência de gênero é uma das formas mais graves e preocupantes de violência, já que, na maioria das vezes, ocorre no seio familiar, local onde deveriam imperar o respeito e o afeto mútuos. 
· Violência contra a mulher Aplica-se o “princípio da bagatela” ou “princípio da insignificância”?
· Súmula 589 - STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
Antecedentes da “Lei Maria da Penha” 
· Ao criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, a Lei nº 11.340/06, denominada popularmente “Lei Maria da Penha” veio com a missão de proporcionar instrumentos adequados para enfrentar um problema que aflige grande parte das mulheres no Brasil e no mundo, que é a violência de gênero. 
· Maria da Penha Fernandes, farmacêutica bioquímica, natural do Ceará, no ano de 1983 foi vítima de tentativa de homicídio provocada pelo seu marido, à época, tendo recebido um tiro nas costas, que a deixou paraplégica. 
· Retornando à casa após recuperação, seu marido novamente tentou matá-la por eletrocussão. 
· Condenado em duas ocasiões, o réu não chegou a ser preso, o que gerou indignação na vítima, que procurou auxílio de organismos internacionais, culminando com a condenação do Estado Brasileiro, em 2001, pela Organização dos Estados Americanos (OEA), por negligência e omissão em relação à violência doméstica, recomendando a tomada de providências a respeito do caso. 
· Tornou-se o Brasil, signatário da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (promulgada pelo Decreto 4.377/02) e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará – 1994 – promulgada pelo Decreto 1.973/96), o que culminou, tendo em conta também o caso Maria da Penha, com a edição da Lei nº 11.340/06, batizada de “Lei Maria da Penha”. 
Tutela dos vulneráveis 
· A Constituição Federal de 1988, além de estabelecer que a família pode ser constituída por outras entidades além do casamento (art. 226, CF), equiparou, no Capítulo VII, homens e mulheres em direitos e obrigações (princípio da isonomia), estabelecendo como paradigma o princípio da dignidade da pessoa humana. 
· Criança e Adolescente: art. 227 CF; Lei n. 8.069/90 (ECA) e Lei n. 14.344/22 (Lei Henry Borel). 
· Pessoa idosa: Lei n. 10.741/03 (Estatuto da Pessoa Idosa). 
· Pessoa com deficiência: Lei n. 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 
· Urgia, portanto, que o mesmo tratamento fosse dispensado à mulher em situação de violência doméstica e familiar, coroando o legislador a tutela dos vulneráveis com a edição da Lei nº 11.340/06 – Lei da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
Vulnerável:
· Merece ser ressaltado que o termo vulnerável não tem qualquer conotação de inferioridade, servindo apenas para designar uma categoria de pessoas que, por uma condição etária, social, temporária ou duradoura, familiar, física ou mental, são destinatárias de uma proteção estatal mais efetiva, não havendo, portanto, quebra do princípio da igualdade. 
Lei Maria da Penha 
· Preceituando que a violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos, a Lei nº 11.340/06 estabeleceu, no art. 5º, que configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
· I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
· II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
· III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Âmbito espacial da tutela:
· O legislador, portanto, fixou o âmbito espacial para a tutela da violência doméstica e familiar contra a mulher, o qual compreende as relações de casamento, união estável, família monoparental, família homoafetiva, família adotiva, vínculos de parentesco em sentido amplo, introduzindo, ainda, a ideia de família de fato, compreendendo essa as pessoas que não têm vínculo jurídico familiar, considerando-se, entretanto, aparentados (amigos próximos, agregados etc). 
Coabitação: 
· Súmula 600 - STJ - Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
Âmbito espacial da tutela: 
· Inovação da Lei n. 14.550, de 19.04.2023 
· “Art. 40-A. Esta Lei será aplicada a todas as situações previstas no seu art. 5º, independentemente da causa ou da motivação dos atos de violência e da condição do ofensor ou da ofendida”. 
Orientação sexual 
· No parágrafo único do art. 5º ficou estabelecido que as relações pessoais lá enunciadas independem de orientação sexual, prevendo a lei, portanto, expressamente, sua incidência também à família homoafetiva. 
· A Lei Maria da Penha pode ser aplicada a casais homossexuais? 
· Casais homossexuais masculinos? 
· Casais homossexuais femininos? 
· Só pode se for um casal homoafetivo feminino. 
Sujeito ativo da violência 
· A lei nº 11.340/06, em vários de seus dispositivos, refere-se ao sujeito ativo da violência doméstica e familiar como “agressor”. 
· É bem de ver, entretanto, que, ao referir-se à vítima da violência doméstica e familiar, referiu-se o legislador a “ofendida”, restringindo o gênero.
· Forçoso, concluir, portanto, que tanto o homem quanto a mulher podem ser sujeitos ativos da violência doméstica e familiar, de vez que o termo “agressor” foi utilizado genericamente, abrangendo tanto o sexo masculino quanto o sexo feminino. 
Sujeito passivo da violência:
· Somente a mulher pode ser sujeito passivo da violência doméstica e familiar. 
Projetos de lei: 
· SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 191, DE 2017 
· Altera a redação do art. 2º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha –, para assegurar à mulher as oportunidades e facilidades para viver sem violência, independentemente de sua identidade de gênero.
· AUTORIA: Senador Jorge Viana 
· Art. 1º O art. 2º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, passa a vigorar com a seguinte redação: 
· “Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.” (NR) 
· Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
· Na Câmara dos Deputados, desde 2014, tramita o PL 8.032, para incluir a proteção de transexuais e transgêneros na Lei 11.340/2006. 
· O projeto está atualmente na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, onde aguarda o parecer do relator. 
Decisões judiciais:
· No primeiro semestre de 2022, uma decisão da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) também deve ser aplicada aos casos de violência doméstica ou familiar contra mulheres transgênero. 
· O relator do recurso, ministro Rogerio Schietti Cruz, considerou que, por se tratar de vítima mulher, independentemente do seu sexo biológico, e tendo ocorrido a violência em ambiente familiar – no caso dos autos, o pai agrediu a própria filha trans –, deveria ser aplicada a legislação especial.
Homem vítima:
· Como fica a situação do homem que for vítima de violência domésticae familiar, praticada pela mulher? 
· Tem proteção jurídica? Tem, art. 129, §9º - aplica-se quando o homem for vítima também. 
· Há crime? 
· Qual crime? 
· Aplica-se a Lei Maria da Penha por analogia? Não, não se admite analogia in malam partem. 
Manifestação da violência 
· A “Lei Maria da Penha”, em seu art. 7º, estabelece expressamente quais são as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, enumerandoas, dentre outras: 
a) a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
b) a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
c) a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
d) a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
e) a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Direitos fundamentais:
· Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. 
· Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
· § 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
· § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.
Medidas de natureza policial 
· É necessário que a mulher submetida a situação de violência doméstica e familiar tenha pronto e eficaz atendimento em sede policial, já que, na maioria dos casos, são as delegacias de polícia que primeiro têm contato com os casos concretos. 
· Para tanto, estabeleceu a lei, no art. 11, uma série de providências que deverá tomar a autoridade policial no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar. São elas, dentre outras:
a) garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
b) encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; 
c) fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; 
d) se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
e) informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável.
· Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. 
· § 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
· § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.
· Além disso, em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, após fazer o registro da ocorrência, estabeleceu o art. 12 da lei que a autoridade policial deverá, de imediato, adotar os seguintes procedimentos, sem prejuízo dos demais já previstos pela legislação processual penal: 
a) ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; 
b) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; 
c) remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
d) determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; 
e) ouvir o agressor e as testemunhas; 
f) ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
g) verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); 
h) remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
· O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter a qualificação dela e do agressor, o nome e idade dos dependentes e a descrição sucinta do fato e das medidas protetivas por ela solicitadas. 
· A autoridade policial deverá anexar a esse documento o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida, admitindo-se como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
· Art. 12-A. Os Estados e o DistritoFederal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.
· Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
I - pela autoridade judicial; 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. 
· § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. 
· § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. 
Medidas de natureza judicial:
· Estabeleceu a lei de violência doméstica e familiar contra a mulher diversas medidas protetivas de urgência, a serem tomadas pelo juiz, tão logo receba o expediente advindo da polícia civil com o pedido da ofendida. 
· Recebido, portanto, o expediente com o pedido da ofendida, deve o juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: 
a) conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; 
b) determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente; 
c) comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis; 
d) determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.
· As medidas protetivas de urgência somente poderão ser concedidas pelo juiz a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
· Preservou a lei, nesse passo, o princípio da inércia da jurisdição (ne procedat judex ex officio), vedando ao juiz a concessão de ofício das medidas protetivas de urgência. 
· Não pode o juiz, portanto, a seu alvedrio, conceder medidas protetivas de urgência, devendo respeitar a vontade da ofendida e o entendimento do Ministério Público, únicos legitimados a requerer a cautela. 
· Note-se que o requerimento das medidas protetivas de urgência pode ser feito pela ofendida em sede policial e também em sede judicial, pessoalmente ou assistida por órgão de assistência judiciária (PAJ ou Defensoria Pública).
· Dependendo da urgência, as medidas protetivas poderão ser concedidas pelo juiz de imediato, independentemente de audiência das partes (inaudita altera pars), mas desde que formulado o pedido pela ofendida ou pelo Ministério Público. 
· Regras incluídas pela Lei nº 14.550, de 19.04.2023 
· As medidas protetivas de urgência serão concedidas em juízo de cognição sumária a partir do depoimento da ofendida perante a autoridade policial ou da apresentação de suas alegações escritas e poderão ser indeferidas no caso de avaliação pela autoridade de inexistência de risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes. 
· As medidas protetivas de urgência serão concedidas independentemente da tipificação penal da violência, do ajuizamento de ação penal ou cível, da existência de inquérito policial ou do registro de boletim de ocorrência. 
· As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes. 
Medidas protetivas que obrigam o agressor:
· I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826/03; 
· II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
· III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
· IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
· V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
· VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e
· VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. 
· Essas medidas não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo ser comunicado o Ministério Público da providência. 
· Inclusive, para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
Medidas protetivas de urgência à ofendida:
· Arrolou a lei, no âmbito das medidas protetivas de urgência, outras que dizem respeito especificamente à integridade física e ao patrimônio da ofendida e de seus dependentes, nos arts. 23 e 24. 
· I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; 
· II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
· III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
· IV - determinar a separação de corpos; 
· V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.
Medidas protetivas de urgência ao patrimônio do casal ou da ofendida:
· I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
· II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
· III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
· IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
· Observação: deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos itens II e III supra. 
Eficácia das medidas protetivas 
· As medidas protetivas de urgência são eficazes para preservar a vida e a integridade corporal da mulher? 
· Há, por parte do agressor, o efetivo cumprimento das medidas protetivas de urgência? 
· Como dar efetividade às medidas protetivas de urgência? 
· A prisão imediata do agressor não seria a melhor solução? 
Prisão preventiva do agressor:
· Admite expressamente o art. 20 da Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher que, em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
· Art. 313 do CPP. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (...) 
· III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
· Atenção: A ofendida deverá ser notificada dos atos processuaisrelativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. 
· A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor. 
Prisão em flagrante do agressor:
· Nada impede a prisão em flagrante do agressor no caso de crime que envolva violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda que seja de lesão corporal de natureza leve, já que não mais é possível a lavratura de termo circunstanciado, pela inaplicabilidade dos preceitos da Lei nº 9.099/95. 
· Caso a ofendida reporte à polícia (militar ou civil) a prática de violência doméstica e familiar, poderá o agressor ser preso em flagrante delito, nos termos do que dispõem os arts. 301 e seguintes do Código de Processo Penal. 
· Nesse caso, poderá a autoridade policial arbitrar fiança. 
· Caso a autoridade policial não arbitre fiança, poderá o juiz faze-lo, podendo, inclusive, conceder liberdade provisória sem fiança. 
· Nesse último caso, entretanto, além da ausência dos requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, deverá o juiz verificar se a liberdade do agressor não comprometerá a execução das medidas protetivas de urgência. 
Novo crime – acrescentado pela Lei 13.641/18 
· Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.
Juizados de VDFM 
· Inspirada pelo Princípio da Especialização, a Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher previu, no art. 14, a criação, pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária, com competência cível e criminal, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Foro concorrente especial:
· O art. 15 da Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher criou um foro concorrente especial, que, por opção da ofendida, passa a ser competente para os processos abrangidos pela nova legislação. Assim, é competente o Juizado: 
· a) do domicílio ou da residência da mulher; 
· b) do lugar do fato em que se baseou a demanda; 
· c) do domicílio do agressor. 
Divórcio ou dissolução de união:
· Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) 
· § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019).
· § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. 
VDFM e Lei nº 9.099/95
· Previu expressamente o art. 41 da Lei nº 11.340/06 a impossibilidade de aplicação da Lei nº 9.099/95, em sua integralidade, aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo, por consequência, que os crimes que a envolvem não são de menor potencial ofensivo. 
Posição do STF e do STJ 
· Recentemente, é pacífico nos Tribunais Superiores o entendimento de que NÃO SE APLICA A LEI nº 9.099/95 aos crimes que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda que seja de menor potencial ofensivo. 
· Portanto, DESCABEM os institutos da: 
· a) TRANSAÇÃO. 
· b) REPRESENTAÇÃO em caso de Lesão Corporal Leve. 
· c) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.
Penas restritivas de direitos 
· Súmula 588 - STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
Rito processual 
· O rito processual será o previsto pelo Código de Processo Penal (comum ordinário ou sumário) inclusive podendo ser decretada a prisão preventiva do agressor, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (art. 313, III, do CPP). 
Ação penal 
· Seguindo a regra geral do Código de Processo Penal, a ação penal nos crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher é pública incondicionada, com iniciativa do Ministério Público. 
· Nada impede, entretanto, sejam praticados contra a mulher crimes envolvendo violência doméstica e familiar de ação penal pública condicionada a representação (ex.: ameaça – art. 147 do CP) ou de ação penal privada (crimes contra a honra ou alguns crimes sexuais), oportunidade em que será necessário o oferecimento de representação, no primeiro caso, ou de queixa-crime, no segundo caso. 
Vedação de “cestas básicas” 
· No contexto da proteção integral à mulher em situação de violência doméstica e familiar, proibiu expressamente a Lei nº 11.340/06, no art. 17, a “aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”.
Crime de lesão corporal 
· Art. 129 - § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
· § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
· § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência 
· §13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021).
Feminicídio:
· Art. 121, §2º, VI, CP – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (...) 
· Trata-se de hipótese de homicídio qualificado. 
· Pena de reclusão de 12 a 30 anos. 
· Art. 121, § 2º-A. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
· I - violência doméstica e familiar; 
· II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
· Art. 121, § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
· I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
· II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
· III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
· IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
· I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826/03 ; 
· II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
· III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
· a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
· b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
· c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
Crime de ameaça – Lei 14.132/21 
· Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
Novo crime de perseguição – Lei 14.132/21 
· Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: 
I – contra criança, adolescente ou idoso; 
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código; 
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma. 
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
§ 3º Somente se procede mediante representação.
Novo crime de violência psicológica contra a mulher - Lei 14.188/21 
· Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: 
· Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. 
Atuação do Ministério Público e violência doméstica 
· Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
· Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros; 
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; 
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Assistência Judiciária 
· Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. 
· Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado. 
Resolução Nº 254 de 04/09/2018 - CNJ 
· Art. 1º Instituir a Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, definindo diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres e garantindo a adequada solução de conflitos que envolvam mulheres em situação de violência física, psicológica, moral, patrimonial e institucional, nos termos da legislação nacional vigente e das normas internacionais sobre direitos humanos sobre a matéria. 
Recomendação Nº 128 de 15/02/2022 – CNJ
· O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, em fevereiro de 2022, uma guinada em direção à equidade de direitos entre homens e mulheres. 
· A Recomendação CNJ n. 128/2022 orienta a magistratura a compreender a perspectiva de gênero para superar estereótipos e preconceitos em seus julgamentos. 
· Espécie de guia, o Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero vem sendo usado como fundamento e reflexão em diversos processos que tramitam nos vários ramos de Justiça. 
· RESOLVE: 
· Art. 1º Recomendar aos órgãos do Poder Judiciário a adoção do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, aprovado pelo Grupo de Trabalho instituído por intermédio da Portaria CNJ nº 27/2021, para colaborar com a implementação das Políticas Nacionais estabelecidas pelas Resoluções CNJ nº 254/2020 e 255/2020, relativas, respectivamente, ao Enfrentamento à Violência contra as Mulheres pelo Poder Judiciário e ao Incentivo à Participação Feminina no Poder Judiciário. 
· Parágrafo único. O referido Protocolo encontra-se anexo a este ato normativo. 
· Art. 2º O Protocolo para julgamento com Perspectiva de Gênero poderá ser adotado no âmbito de todos os órgãos do Poder Judiciário brasileiro. 
· Art. 3º Esta Recomendação entra em vigor na data de sua publicação.
Violência Doméstica e Familiar contra a Criança e o Adolescente
Antecedentes 
· A Lei nº 14.344/22, conhecida como Lei Henry Borel, trata de medidas de prevenção e combate à violência doméstica contra crianças e adolescentes. Para entender os antecedentes fáticos e legislativos dessa lei, é importante observar o caso específico que motivou sua criação. 
· Antecedentes fáticos: 
· Em março de 2021, ocorreu um trágico caso de violência doméstica que chocou o Brasil. O menino Henry Borel, de 4 anos, foi encontrado morto em seu apartamento no Rio de Janeiro. As investigações revelaram indícios de que ele havia sido vítima de agressões praticadas pelo namorado de sua mãe, o vereador Dr. Jairinho. 
· Esse caso ganhou grande repercussão na mídia e provocou uma série de debates sobre a proteção de crianças e adolescentes contra a violência doméstica. A comoção pública e a necessidade de garantir a segurança e o bem-estar das crianças impulsionaram a criação de uma legislação mais rigorosa e abrangente nessa área. 
· Antecedentes legislativos: 
· A Lei Henry Borel foi promulgada em 28 de abril de 2022, após tramitação no Congresso Nacional. Seu objetivo principal é aprimorar a proteção das crianças e adolescentes contra a violência doméstica, por meio de medidas preventivas, investigativas e punitivas. 
· Essa lei altera dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), incluindo a tipificação de novos crimes e o aumento das penas para os crimes existentes. 
· Além disso, ela estabelece diretrizes para a atuação dos órgãos de proteção e assistência à infância e à adolescência, como os conselhos tutelares e os serviços de acolhimento.
Lei Henry Borel – principais tópicos:
· A seguir, os principais tópicos abordados pela Lei Henry Borel, com o objetivo de fortalecer a proteção e o combate à violência doméstica contra crianças e adolescentes, bem como a promoção de uma cultura de respeito e cuidado em relação aos direitos infantojuvenis: 
· Alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): A Lei Henry Borel promove modificações no ECA, estabelecendo medidas mais rigorosas para proteger crianças e adolescentes contra a violência doméstica. 
· Tipificação de crimes: A lei cria novos tipos penais relacionados à violência doméstica contra crianças e adolescentes, tais como homicídio qualificado, lesão corporal grave ou gravíssima, maus-tratos, tortura etc. Além disso, ela aumenta as penas para esses crimes. 
· Tipificação de crimes: A lei cria novos tipos penais relacionados à violência doméstica contra crianças e adolescentes, criando a figura do homicídio qualificado contra menor de 14 anos, incluído no rol dos crimes hediondos do art. 1º da Lei n. 8.072/90. 
· Medidas protetivas: A legislação prevê a possibilidade de aplicação de medidas protetivas de urgência em casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes, incluindo o afastamento do agressor do lar, a proibição de aproximação e a determinação de acompanhamento psicossocial para a vítima. 
· Acolhimento institucional: A lei estabelece diretrizes para o acolhimento institucional de crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica, garantindo a devida assistência e proteção, bem como a realização de avaliações psicológicas e sociais. 
· Conselhos Tutelares: A lei estabelece diretrizes para a atuação dos conselhos tutelares, reforçando o papel desses órgãos na proteção de crianças e adolescentes e na fiscalização de casos de violência doméstica. 
· Educação e conscientização:A legislação também prevê a realização de campanhas educativas e de conscientização sobre a violência doméstica contra crianças e adolescentes, visando sensibilizar a sociedade e promover a prevenção. 
Configuração da violência 
· Art. 2º Configura violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente qualquer ação ou omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico ou dano patrimonial: 
I - no âmbito do domicílio ou da residência da criança e do adolescente, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que compõem a família natural, ampliada ou substituta, por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a vítima, independentemente de coabitação. Parágrafo único. Para a caracterização da violência prevista no caput deste artigo, deverão ser observadas as definições estabelecidas na Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. 
Lei n. 13.431/17 
· Art. 1º Esta Lei normatiza e organiza o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, cria mecanismos para prevenir e coibir a violência, nos termos do art. 227 da Constituição Federal , da Convenção sobre os Direitos da Criança e seus protocolos adicionais, da Resolução nº 20/2005 do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e de outros diplomas internacionais, e estabelece medidas de assistência e proteção à criança e ao adolescente em situação de violência. 
· Art. 2º A criança e o adolescente gozam dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhes asseguradas a proteção integral e as oportunidades e facilidades para viver sem violência e preservar sua saúde física e mental e seu desenvolvimento moral, intelectual e social, e gozam de direitos específicos à sua condição de vítima ou testemunha. 
· Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios desenvolverão políticas integradas e coordenadas que visem a garantir os direitos humanos da criança e do adolescente no âmbito das relações domésticas, familiares e sociais, para resguardá-los de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, abuso, crueldade e opressão. 
· Art. 3º Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento, às quais o Estado, a família e a sociedade devem assegurar a fruição dos direitos fundamentais com absoluta prioridade. 
· Parágrafo único. A aplicação desta Lei é facultativa para as vítimas e testemunhas de violência entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos, conforme disposto no parágrafo único do art. 2º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
· Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de violência: 
· I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico; 
· II - violência psicológica: 
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional; 
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este; c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometido, particularmente quando isto a torna testemunha; 
· III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda: 
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro; 
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico; 
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos na legislação; 
· IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização. 
· V - violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluídos os destinados a satisfazer suas necessidades, desde que a medida não se enquadre como educacional. 
Violação dos Direitos Humanos – Lei Henry Borel 
· Art. 3º A violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. 
Assistência à Criança e ao Adolescente 
· Art. 6º A assistência à criança e ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos nas Leis nºs 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e 8.742, de 7 de dezembro de 1993, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente, quando for o caso. 
· Art. 7º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, para a criança e o adolescente em situação de violência doméstica e familiar, no limite das respectivas competências e de acordo com o art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) 
· I - centros de atendimento integral e multidisciplinar; 
· II - espaços para acolhimento familiar e institucional e programas de apadrinhamento; 
· III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados; 
· IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar; 
· V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
· Art. 8º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, juntamente com os sistemas de justiça, de saúde, de segurança pública e de assistência social, os Conselhos Tutelares e a comunidade escolar, poderão, na esfera de sua competência, adotar ações articuladas e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à responsabilização do agressor. 
· Art. 9º Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à criança e ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar, darãoprioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Proteção à Criança e ao Adolescente. 
· Art. 10. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei. 
Medidas de natureza policial 
· Art. 11. Na hipótese de ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. 
· Art. 12. O depoimento da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar será colhido nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, observadas as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
· Art. 4º. § 1º. Lei n. 13.431/17: Para os efeitos desta Lei, a criança e o adolescente serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de escuta especializada e depoimento especial.
Escuta especializada e depoimento especial.
· Lei n. 13.431/17. 
· Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade. 
· Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária. 
· Art. 9º A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, coação ou constrangimento. 
· Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência. 
Depoimento especial 
· Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado. 
· § 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; 
II - em caso de violência sexual. 
· § 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal. 
· Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o seguinte procedimento: 
I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem adotados e planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais; 
II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, podendo o profissional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos; 
III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real para a sala de audiência, preservado o sigilo; 
IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas complementares, organizadas em bloco; 
V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor compreensão da criança ou do adolescente; 
VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. 
· §1º À vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de prestar depoimento diretamente ao juiz, se assim o entender. 
· § 2º O juiz tomará todas as medidas apropriadas para a preservação da intimidade e da privacidade da vítima ou testemunha. 
· § 3º O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que a presença, na sala de audiência, do autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em situação de risco, caso em que, fazendo constar em termo, será autorizado o afastamento do imputado.
· § 4º Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à integridade física da vítima ou testemunha, o juiz tomará as medidas de proteção cabíveis, inclusive a restrição do disposto nos incisos III e VI deste artigo. 
· § 5º As condições de preservação e de segurança da mídia relativa ao depoimento da criança ou do adolescente serão objeto de regulamentação, de forma a garantir o direito à intimidade e à privacidade da vítima ou testemunha. 
· § 6º O depoimento especial tramitará em segredo de justiça. 
Crime da Lei n. 13.431/17 
· Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu representante legal. • Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
· Art. 13. No atendimento à criança e ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - encaminhar a vítima ao Sistema Único de Saúde e ao Instituto Médico-Legal imediatamente; 
II - encaminhar a vítima, os familiares e as testemunhas, caso sejam crianças ou adolescentes, ao Conselho Tutelar para os encaminhamentos necessários, inclusive para a adoção das medidas protetivas adequadas; 
III - garantir proteção policial, quando necessário, comunicados de imediato o Ministério Público e o Poder Judiciário; 
IV - fornecer transporte para a vítima e, quando necessário, para seu responsável ou acompanhante, para serviço de acolhimento existente ou local seguro, quando houver risco à vida. 
· Art. 14. Verificada a ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência doméstica e familiar, com a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da criança e do adolescente, ou de seus familiares, o agressor será imediatamente afastado do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima: 
I - pela autoridade judicial; 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.
· § 1º O Conselho Tutelar poderá representar às autoridades referidas nos incisos I, II e III do caput deste artigo para requerer o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima. 
· § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, bem como dará ciência ao Ministério Público concomitantemente. 
· § 3º Nos casos de risco à integridade física da vítima ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. 
· Medidas protetivas de urgência 
· Art. 15. Recebido o expediente com o pedido em favor de criança e de adolescente em situação de violência doméstica e familiar, caberá ao juiz, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas: 
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; 
II - determinar o encaminhamento do responsável pela criança ou pelo adolescente ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso; 
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis; IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. 
· Art. 16. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, da autoridade policial, do Conselho Tutelar ou a pedido da pessoa queprevisto no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Foi acrescentado o parágrafo único para incluir crimes que estão fora do Código Penal?
Cenário: se um assaltante mata o outro assaltante para ficar com todo o dinheiro, é latrocínio? Não, para ser latrocínio a morte deve ser da vítima proprietária dos bens. Nesse caso, é concurso de crimes, roubo e homicídio qualificado. 
Entretanto, se em um segundo cenário, o assaltante quisesse matar a vítima do roubou, mas acaba matando o comparsa, nesse caso é aberratio ictus (erro na execução), responde como se tivesse atingido a vítima (art. 73 do CP)
#Existe algum crime hediondo que não está no Código Penal? Sim! São aqueles indicados no parágrafo único do art. 1º da Lei n. 8.072/90. 
#E os crimes militares? Percebe-se que o legislador da Lei n. 8.072/90 não teve o cuidado de conferir natureza hedionda aos crimes militares. Sendo assim, homicídio qualificado, no CP é hediondo; já no Código Penal Militar, NAO é, por falta de previsão legal, etc. (Esse raciocínio vale para os demais delitos indicados na Lei n. 8.072/90, também!)
Art. 2º, da Lei 8.072/90 
Inc. I - Anuncia que os delitos hediondos e os equiparados, são insuscetíveis de anistia, graça ou indulto; 
A CF, em seu art. 5º, XLIII, afirma que esses delitos somente são insuscetíveis de graça ou anistia (não faz referência ao indulto). O legislador ordinário agiu corretamente ao incluir a proibição do indulto? Há duas correntes:
1ª corrente: a ampliação com a vedação do indulto é inconstitucional. As vedações previstas na Constituição Federal são máximas, não podendo o legislador ordinário suplantá-las. Essa corrente entende, aliás, que o indulto é poder soberano do chefe do Executivo da União e pretender impedi-lo caracteriza interferência de um Poder em outro! 
2ª corrente: A ampliação é constitucional. As vedações constitucionais são mínimas, podendo o legislador ampliá-las. Aliás, a Constituição Federal quando proíbe graça, proíbe também indulto, que nada mais é do que graça coletiva. É a que prevalece! – Inclusive no STF.
#Mas, e o indulto humanitário? 
Chama-se indulto humanitário aquele concedido por razões de grave deficiência física ou em virtude de debilitado estado de saúde. Há mais de uma corrente: 
1ª corrente: Por força do princípio da humanidade (dignidade da pessoa humana), até mesmo condenados por crimes de especial gravidade tem direito ao indulto humanitário. Em relação a essa corrente, há julgados no STJ, sustentando dessa forma (não majoritários, mas existe!) 
2ª corrente: A Constituição Federal proíbe indulto, inclusive o humanitário, sob pena de proteção deficiente do Estado ao bem jurídico tutelado; O STF já apresenta mais julgados de acordo com essa segunda corrente – a tendência é se fortalecer essa corrente;
• Art. 2º, §4º, da Lei n. 8.072/90 
A prisão temporária (Lei. 7.960/89) nos crimes hediondos e equiparados terá prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade; 
Há crimes hediondos ou equiparados que não estão no rol de crimes que admitem prisão temporária (ex. tortura, corrupção de medicamentos, etc). E agora? Podem ser alvos de prisão temporária mesmo não estando no rol indicado na Lei n. 7.960/89? 
Sim, e com prazo de 30 + 30 dias (se for o caso). Note que o par. 4o do art. 2o da Lei 8.072/90 assevera que a prisão temporária, “...nos crimes previstos neste artigo (hediondos + equiparados), terá prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade”.
#Cabe restritiva de direitos e “sursis” para crimes hediondos ou equiparados? 
1ª corrente: Não cabe, pois são benefícios incompatíveis com a gravidade de crimes dessa natureza; 
2ª corrente (STF): Cabe, pois não há vedação a tais benefícios. Reforça o entendimento que a análise dessas benesses compete ao juiz, aquilatando o caso concreto, não competindo ao legislador vedar benefícios com base na gravidade abstrata do delito;
CUIDADO 
Não obstante a possibilidade de concessão de sursis aos crimes hediondos, é bom ressaltar que, especificamente em relação ao tráfico de drogas, ante a vedação constante do art. 44 da Lei n. 11.343/06, os Tribunais ainda vêm considerando ser legítima a proibição da concessão da suspensão condicional da pena aos crimes dos arts. 33, caput e §1º, e 34 e 37 da referida Lei. O HC 101.919 (STF), também decidiu “O óbice, previsto no artigo 44 da Lei n. 11.343/06, a suspensão condicional da pena imposta ante o tráfico de drogas mostra-se afinado com a Lei n. 8.072/90 e com o disposto no inciso XLIII do artigo 5º da Constituição Federal”.
#É possível remição para crimes hediondos ou equiparados? É a possibilidade de o condenado trabalhar, estudar ou mesmo ler, para fazer jus a resgate de parcela da pena. A lei não proíbe sequer implicitamente, tratando-se de importante instrumento de ressocialização. 
#É possível trabalho externo para crimes hediondos ou equiparados? A lei não veda, portanto, não se pode criar vedação não prevista pela lei. Preenchidos os pressupostos dos arts. 36 e 37 da LEP, é possível o trabalho externo.
#É possível prisão domiciliar para os delitos hediondos ou equiparados? Preenchidos os requisitos do art. 117 da LEP, admite-se, pois a Lei 8.072/90 não proíbe! Se não existe proibição, não cabe ao interprete vedar! 
#É possível a celebração do ANPP em crimes hediondos? O ANPP não está vedado em crimes hediondos, salvo quando se amoldar nas vedações expressas do art. 28-A do CPP! Porém, o MP brasileiro editou Enunciado que não se deve trabalhar ANPP em crimes hediondos ou equiparados, por incompatibilidade axiológica.
LEI DE TORTURA
Art. 5º, inciso III, da CF - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Art. 5º, inciso XLIII, da CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Crimes equiparados a hediondo: Tortura, tráfico de drogas e terrorismo. 
A Lei n. 8072/90 traz um rol taxativo – quais são os crimes hediondos – consumados ou tentados. 
Os crimes de tortura estão previstos na Lei n. 9.455/1997.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
· Tortura prova: Art. 1º, inciso I, alínea a, Lei n. 9.455/1997 - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
· É um crime comum: qualquer pessoa pode praticar;
· Meios de execução: violência ou grave ameaça;
· Elemento subjetivo: obter alguma informação, declaração ou confissão dessa pessoaatue em favor da criança e do adolescente. 
· Juiz não pode conceder as medidas de ofício, depende de requerimento de algum órgão.
· 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, o qual deverá ser prontamente comunicado. 
· § 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
· § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, ou a pedido da vítima ou de quem esteja atuando em seu favor, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da vítima, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público 
· Art. 17. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
· Art. 311 - CPP. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). 
· Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como decretá-la novamente, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
· Art. 18. O responsável legal pela criança ou pelo adolescente vítima ou testemunha de violência doméstica e familiar, desde que não seja o autor das agressões, deverá ser notificado dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. 
· Art. 19. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. 
· Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão, após sua concessão, imediatamente registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso instantâneo do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos órgãos de segurança pública e de assistência social e dos integrantes do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas. 
Medidas protetivas que obrigam o agressor 
· Art. 20. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente nos termos desta Lei, o juiz poderá determinar ao agressor, de imediato, em conjunto ou separadamente, a aplicação das seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - a suspensão da posse ou a restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - o afastamento do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima; III - a proibição de aproximação da vítima, de seus familiares, das testemunhas e de noticiantes ou denunciantes, com a fixação do limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
IV - a vedação de contato com a vítima, com seus familiares, com testemunhas e com noticiantes ou denunciantes, por qualquer meio de comunicação; 
V - a proibição de frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da criança ou do adolescente, respeitadas as disposições da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 
VI - a restrição ou a suspensão de visitas à criança ou ao adolescente; 
VII - a prestação de alimentos provisionais ou provisórios; 
VIII - o comparecimento a programas de recuperação e reeducação; 
IX - o acompanhamento psicossocial, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. 
· § 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da vítima ou as circunstâncias o exigirem, e todas as medidas devem ser comunicadas ao Ministério Público. 
· § 2º Na hipótese de aplicação da medida prevista no inciso I do caput deste artigo, encontrando-se o agressor nas condições referidas no art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (agentes e instituições com permissão de porte de arma), o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, e o superior imediato do agressor ficará responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. 
· § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
· Art. 21. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas, determinar: 
I - a proibição do contato, por qualquer meio, entre a criança ou o adolescente vítima ou testemunha de violência e o agressor; 
II - o afastamento do agressor da residência ou do local de convivência ou de coabitação; 
III - a prisão preventiva do agressor, quando houver suficientes indícios de ameaça à criança ou ao adolescente vítima ou testemunha de violência; 
IV - a inclusão da vítima e de sua família natural, ampliada ou substituta nos atendimentos a que têm direito nos órgãos de assistência social; 
V - a inclusão da criança ou do adolescente, de familiar ou de noticiante ou denunciante em programa de proteção a vítimas ou a testemunhas; 
VI - no caso da impossibilidade de afastamento do lar do agressor ou de prisão, a remessa do caso para o juízo competente, a fim de avaliar a necessidade de acolhimento familiar, institucional ou colação em família substituta; 
VII - a realização da matrícula da criança ou do adolescente em instituição de educação mais próxima de seu domicílio ou do local de trabalho de seu responsável legal, ou sua transferência para instituição congênere, independentemente da existência de vaga. 
· § 1º A autoridade policial poderá requisitar e o Conselho Tutelar requerer ao Ministério Público a propositura de ação cautelar de antecipação de produção de prova nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente, observadas as disposições da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. 
· § 2º O juiz poderá determinar a adoção de outras medidas cautelares previstas na legislação em vigor, sempre que as circunstâncias o exigirem, com vistas à manutenção da integridade ou da segurança da criança ou do adolescente, de seus familiares e de noticiante ou denunciante.
Ministério Público
· Ministério Público na CF 
· Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. 
Proteção Integral 
· Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Proteção integral no ECA 
· Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todosos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. 
· Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
Ministério Público na Lei Henry Borel:
· Art. 22. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, quando necessário: 
I - registrar em seu sistema de dados os casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente; 
II - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros; 
III - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à criança e ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas. 
Ministério Público no ECA:
· Art. 201. Compete ao Ministério Público: (...) 
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude; 
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; 
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas; 
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições. 
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adolescente.
Proteção ao noticiante/denunciante 
· Art. 23. Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente tem o dever de comunicar o fato imediatamente ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao Disque 100 da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ao Conselho Tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, tomarão as providências cabíveis. 
· Art. 24. O poder público garantirá meios e estabelecerá medidas e ações para a proteção e a compensação da pessoa que noticiar informações ou denunciar a prática de violência, de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente. 
· A Lei n. 14.344/22 adota um conceito amplo de vítima, para fins de proteção. 
· Vítima direta: é a pessoa que sofreu imediatamente a conduta delituosa (que foi ameaçada, agredida, violada). 
· Vítima indireta: é a pessoa que possui laços afetivos com a vítima com a vítima direta e, portanto, são emocionalmente afetadas pela prática delituosa, como é o caso de familiares. 
· Vítima por extensão (ou potencial): pessoas que não são propriamente vítimas, mas que serão chamadas a intervir no processo criminal em favor do esclarecimento dos fatos e que, em razão desse envolvimento posterior, possuem o risco de eventualmente se tornarem vítimas ao sofrer algumas das consequências negativas na interação com as agências de persecução penal ou pelo risco de retaliação pelo agressor. 
· É o caso das testemunhas, do noticiante e do denunciante. 
· A Lei Henry Borel traça clara distinção entre denunciante e noticiante. 
· Denunciante é a pessoa que formalmente comunica o fato às autoridades. 
· Noticiante é a pessoa que aciona, que comunica o fato às autoridades, embora não seja o responsável pelo registro formal. Ex.: liga para o Disque 100 ou chama a PM. 
· Também as pessoas que estão prestando apoio à vítima estão inseridas no direito de proteção. 
· O art. 13, IV, da Lei fala em “responsável ou acompanhante”, indicando que a proteção policial deve recair também sobre estas pessoas. 
· Ex.: uma pessoa amiga da família, uma empregada, uma vizinha, uma integrante da igreja ou da comunidade, desde que esteja auxiliando a vítima. 
· Art. 24, § 1º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer programas de proteção e compensação das vítimas, das testemunhas e dos noticiantes ou denunciantes das condutas previstas no caput deste artigo. 
· O entendimento que vem sendo dado a esse dispositivo é o de que essa compensação se refere aos gastos que o noticiante/denunciante ou testemunha tenha tido em razão da comunicação da situação de violência doméstica e familiar para os órgãos públicos e com a sua colaboração ativa com a proteção à criança e ao adolescente. 
· Quem decide a compensação?
· Quem a concretiza? 
· Deve ser determinada no processo-crime? 
· Haverá procedimento administrativo para tanto? 
· § 2º O noticiante ou denunciante poderá requerer que a revelação das informações de que tenha conhecimento seja feita perante a autoridade policial, o Conselho Tutelar, o Ministério Público ou o juiz, caso em que a autoridade competente solicitará sua presença, designando data e hora para audiência especial com esse fim. 
· § 3º O noticiante ou denunciante poderá condicionar a revelação de informações de que tenha conhecimento à execução das medidas de proteção necessárias para assegurar sua integridade física e psicológica, e caberá à autoridade competente requerer e deferir a adoção das medidas necessárias. • Quais são essas medidas? 
· Art. 20. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente nos termos desta Lei, o juiz poderá determinar ao agressor, de imediato, em conjunto ou separadamente, a aplicação das seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: (...) 
III - a proibição de aproximação da vítima, de seus familiares, das testemunhas e de noticiantes ou denunciantes, com a fixação do limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
IV - a vedação de contato com a vítima, com seus familiares, com testemunhas e com noticiantes ou denunciantes, por qualquer meio de comunicação;
· Art. 21.§ 2º. O juiz poderá determinar a adoção de outras medidas cautelares previstas na legislação em vigor, sempre que as circunstâncias o exigirem, com vistas à manutenção da integridade ou da segurança da criança ou do adolescente, de seus familiares e de noticiante ou denunciante. 
· Art. 17. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, a requerimentodo Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como decretá-la novamente, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
· Art. 24. § 4º. Ninguém será submetido a retaliação, a represália, a discriminação ou a punição pelo fato ou sob o fundamento de ter reportado ou denunciado as condutas descritas no caput deste artigo. 
· Essa regra é de fundamental importância, pois visa resguardar o noticiante/denunciante da vitimização terciária, que é aquela que ocorre no meio social em que vive a vítima. 
· É a vitimização causada pela família, grupo de amigos, no seio do seu trabalho etc. 
· Visa resguardar também o noticiante/denunciante de uma eventual imputação de denunciação caluniosa. 
· Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
· Art. 70-B. ECA. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere o art. 71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança e o adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) 
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) 
· Art. 24.§ 5º. O noticiante ou denunciante que, na iminência de revelar as informações de que tenha conhecimento, ou após tê-lo feito, ou que, no curso de investigação, de procedimento ou de processo instaurado a partir de revelação realizada, seja coagido ou exposto a grave ameaça, poderá requerer a execução das medidas de proteção previstas na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, que lhe sejam aplicáveis. 
· § 6º O Ministério Público manifestar-se-á sobre a necessidade e a utilidade das medidas de proteção formuladas pelo noticiante ou denunciante e requererá ao juiz competente o deferimento das que entender apropriadas. 
· § 7º Para a adoção das medidas de proteção, considerar-se-á, entre outros aspectos, a gravidade da coação ou da ameaça à integridade física ou psicológica, a dificuldade de preveni-las ou de reprimi-las pelos meios convencionais e a sua importância para a produção de provas. § 8º Em caso de urgência e levando em consideração a procedência, a gravidade e a iminência da coação ou ameaça, o juiz competente, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, determinará que o noticiante ou denunciante seja colocado provisoriamente sob a proteção de órgão de segurança pública, até que o conselho deliberativo decida sobre sua inclusão no programa de proteção. 
· §9º Quando entender necessário, o juiz competente, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade policial, do Conselho Tutelar ou por solicitação do órgão deliberativo concederá as medidas cautelares direta ou indiretamente relacionadas à eficácia da proteção.
· Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de urgência prevista nesta Lei: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu a medida. 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. 
· Inicialmente, é preciso saber se a nova infração penal, em razão do montante da pena cominada, pode ser considerada de menor potencial ofensivo, aplicando-se as disposições da Lei n. 9.099/95. 
· Cremos que não. 
· Não se trata de infração penal de menor potencial ofensivo, em razão do disposto no §1º do art. 226 do Estatuto da Criança e do Adolescente, acrescentado pela própria Lei Henry Borel, que veda a aplicação da Lei n. 9.099/95 aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, independentemente da pena prevista. 
· Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. 
§ 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) 
§ 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
· Cremos que o art. 25 não constitui infração penal de menor potencial ofensivo também em virtude do que dispõe o §2º, estabelecendo que, na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. 
· No caso dessa regra, a inafiançabilidade do crime em sede policial evidencia a gravidade da conduta, retirando a infração penal do âmbito daquelas de menor potencial ofensivo. 
· O crime tem como objetividade jurídica a Administração da Justiça, garantindo o caráter cogente das determinações judiciais. 
· A tutela recai, também, sobre a proteção integral a crianças e adolescentes, estampada no art. 227 da Constituição Federal, assegurando-lhes, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
· Sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Há penalistas entendendo que se trata de crime próprio, pois só pode ser praticado por quem deve observância às medidas protetivas decretadas.
· Sujeito passivo é o Estado, já que se cuida de uma modalidade de desobediência. Secundariamente, também figuram como sujeitos passivos o magistrado que deferiu a medida protetiva de urgência e a criança ou adolescente em situação de violência doméstica e familiar, atingidos pelo descumprimento da decisão. 
· A conduta típica vem caracterizada pelo verbo “descumprir”, que significa desobedecer, transgredir, infringir. 
· O objeto material é a “decisão judicial que defere medida protetiva de urgência prevista nesta Lei”. 
· Portanto, a conduta deve recair sobre a “decisão judicial” que defere a medida protetiva de urgência. 
· Trata-se de crime doloso, que se consuma com o efetivo descumprimento da decisão judicial, que pode se dar por ação (quando a decisão implicar em uma abstenção por parte do agente) ou por omissão (quando a decisão implicar em uma atuação positiva por parte do agente). 
· A tentativa é admissível apenas na forma comissiva, já que, em caso de omissão, o “iter criminis” não admite fracionamento. 
· Art. 26. Deixar de comunicar à autoridade pública a prática de violência, de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra criança ou adolescente ou o abandono de incapaz: • Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. • § 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte. • § 2º Aplica-se a pena em dobro se o crime é praticado por ascendente, parente consanguíneo até terceiro grau, responsável legal, tutor, guardião, padrasto ou madrasta da vítima. 
· Se trata de crime omissivo próprio ou puro, em que o comportamento nuclear, a conduta,vem caracterizada por um “não fazer”. 
· Implicitamente, o dispositivo penal estabelece um dever de comunicação à autoridade pública a todos aqueles que se deparem, presenciem ou tenham conhecimento da prática de violência, de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra criança ou adolescente ou de abandono de incapaz. 
· Nesse aspecto, a norma penal em análise fornece eficácia ao mandamento estampado no art. 23 da mesma Lei Henry Borel, que estabelece o dever de qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar contra criança e adolescente, de comunicar o fato imediatamente ao serviço de recebimento e monitoramento de denúncias, ao Disque 100 da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ao Conselho Tutelar ou à autoridade policial, os quais, por sua vez, deverão tomar as providências cabíveis. 
· Embora o art. 23 se refira a “violência doméstica e familiar” contra criança e adolescente, o escopo da proteção normativa trazida pelo crime do art. 26 vai além, encampando a prática de violência (de todas as formas – vide art. 4º da Lei n. 13.431/17), de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina e o abandono de incapaz. 
· Cuidando o “caput” do art. 26 de um dever genérico de comunicação, imposto a qualquer pessoa que tenha conhecimento ou presencie ação ou omissão, praticada em local público ou privado, que constitua violência doméstica e familiar contra criança ou adolescente, o crime se torna comum. 
· Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime, que é de concurso eventual, podendo admitir pluralidade de agentes, ocasião em que o dever de comunicar recairá sobre todos, que responderão igualmente pelo crime. 
· No caso de um deles comunicar a violência à autoridade, os demais ficam isentos de fazê-lo, inocorrendo o crime. 
· Ainda com relação ao sujeito ativo, o §2º determina a aplicação da pena em dobro se o crime é praticado por ascendente, parente consanguíneo até terceiro grau, responsável legal, tutor, guardião, padrasto ou madrasta da vítima. 
· Com relação ao sujeito passivo, é a criança ou o adolescente em situação de risco, ou seja, vítimas de violência, de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina ou de abandono de incapaz. 
· O crime é punível apenas a título de dolo, não se admitindo a modalidade culposa. O dolo pode ser direto, quando o agente quis deixar de fazer a comunicação, ou eventual, quando o agente aceita ou aquiesce com a situação de risco. 
· Tratando-se de crime omissivo próprio, a consumação ocorre no momento da omissão, ou seja, com a abstenção de comportamento, independentemente de qualquer resultado que possa decorrer da ausência de comunicação por parte do sujeito ativo. 
· Justamente por consistir em crime omissivo próprio, não se admite a tentativa, por impossibilidade de fracionamento do “iter criminis”. 
· É crime de perigo abstrato, presumindo-se o risco a que é exposta a criança ou o adolescente vítima de violência, de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra criança ou adolescente ou de abandono de incapaz. 
· O §1º prevê que a pena seja aumentada da metade se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte. 
Execução Penal:
· Art. 30. O parágrafo único do art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: 
· “Art. 152. [...] Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o adolescente e a mulher e de tratamento cruel ou degradante, ou de uso de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR) 
· Penas restritivas de direitos no CP 
· Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; II - perda de bens e valores; III - limitação de fim de semana. IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana. 
· Limitação de fim de semana no CP 
· Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. • Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. 
· Limitação de fim de semana na LEP 
· Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que deverá cumprir a pena. • Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento. 
· Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas. 
· Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança, o adolescente e a mulher e de tratamento cruel ou degradante, ou de uso de formas violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o adolescente, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. 
· Substituição da PPL em PRD 
· Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
· Súmula 588 do STJ: "A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
· Mudanças no Código Penal 
· Art. 31. Os arts. 111, 121 e 141 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passam a vigorar com as seguintes alterações: 
· “Art. 111. [...] V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.” (NR).
· Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou; •
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
· Art. 121. Matar alguém: 
(...) § 2° Se o homicídio é cometido: 
(...) IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos
· § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: 
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; 
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 
Crimes contra a honra:· Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código. 
· Art. 32. O inciso I do caput do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 (Lei de Crimes Hediondos), passa a vigorar com a seguinte redação: 
· “Art. 1º [...] I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX); 
Organização Criminosa
· Lei 12.850/2013 (contexto de promulgação da lei) 
· Convenção de Palermo (Convenção das Nações Unidas sobre o Crime Organizado Transnacional - 2004) 
· § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
· Art. 288 do Código Penal 
· Art. 288, parágrafo único, do Código Penal 
· Art. 35 da Lei n. 11.343/06 
· Art. 1° , §2°, inc. II, da Lei n. 9.613/1998 
· Art. 1° da Lei n. 12.850/2013
· Conceito de organização criminosa 
· § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
· 1) associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
· 2) estruturalmente ordenada 
· 3) divisão de tarefas, ainda que informalmente 
· 4) objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza 
· 5) infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
· Delito de organização criminosa
· Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. 
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo. 
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
· A imputação no crime de organização criminosa e a questão das denominadas “mulas” 
· Aspectos do injusto do crime de organização criminosa 
· 1) “injusto de sistema” ou “injusto sistêmico” 
· 2) “modelo de transferência” e “modelo de responsabilidade por fato próprio” 
· 3) Dois injustos autônomos (“injusto específico para a coletividade”) 
· A questão das denominadas “mulas”
· Lei 12.850/2013 (contexto de promulgação da lei) 
· Colaboração Premiada (arts. 3° a 7° da Lei n. 12.850/2013) 
· Histórico (casos notórios) 
· Holanda (1698) 
· Alemanha (1789) 
· EUA (anos 1970s)
· Colaboração Premiada (arts. 3° a 7° da Lei n. 12.850/2013) 
· Conceito Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos
· Críticas 
· Estado estimularia comportamento antiético 
· Violação de princípios do processo penal brasileiro 
· Propensão a mentir do colaborador
· Colaboração Premiada em outras leis Art. 41 da Lei n. 11.343/06 Art. 1° , §5°, da Lei n. 9.613/1998 Art. 159, §4° , do Código Penal
· Requisitos da colaboração premiada 1) Voluntariedade da colaboração 2) Confissão 3) Efetividade da colaboração 4) Exame da personalidade do colaborador 5) Natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato 6) Ausência de retratação 7) Provas (elementos de confirmação) 
· Efetividade da colaboração Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
· Efeitos da delação premiada depende do momento processual 
· Extensão subjetiva (individual e incomunicável) 
· Não há direito subjetivo do investigado de receber proposta de acordo e não há obrigatoriedade de aceitação de proposta oferecida a ele. 
· É obrigatória a presença de advogado 
· Rescisão: i) descumprimento dos termos do acordo; b) omissão dolosa sobre fatos objeto da colaboração; iii) continuação da conduta ilícita relacionada ao objeto da colaboração 
· Participação do juiz é vedada na negociação (art. 4° , §6°) 
· Juiz não pode alterar os termos do acordo. Ele apenas controla a regularidade do procedimento e não é obrigado a homologar o acordo (ele pode devolver às partes para adequação). 
· Juiz está vinculado ao acordo homologado, mas pode avaliar, no momento da sentença, a eficácia da delação. 
· Cláusulas vedadas 
§7°, inc. II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
· Jurisprudência: vedação à concessão de liberdade provisória.
· Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração premiada; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; III - ação controlada; IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termosda legislação específica; VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
· Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. § 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. § 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada. § 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. § 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. 
· Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. 
· Competência territorial 
· Art. 1º-A. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais poderão instalar, nas comarcas sedes de Circunscrição ou Seção Judiciária, mediante resolução, Varas Criminais Colegiadas com competência para o processo e julgamento: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - de crimes de pertinência a organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - das infrações penais conexas aos crimes a que se referem os incisos I e II do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competência para todos os atos jurisdicionais no decorrer da investigação, da ação penal e da execução da pena, inclusive a transferência do preso para estabelecimento prisional de segurança máxima ou para regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Ao receber, segundo as regras normais de distribuição, processos ou procedimentos que tenham por objeto os crimes mencionados no caput deste artigo, o juiz deverá declinar da competência e remeter os autos, em qualquer fase em que se encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua Circunscrição ou Seção Judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste artigo, a Vara Criminal Colegiada terá competência para todos os atos processuais posteriores, incluindo os da fase de execução. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
· Progressão de Regime
· Art. 2° §9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
· Transferência para penitenciárias federais (Lei n. 11.671/2008) 
· Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no atendimento do interesse da segurança pública, será em regime fechado de segurança máxima, com as seguintes características: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e de amigos somente em dias determinados, por meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) pessoas por vez, além de eventuais crianças, separados por vidro e comunicação por meio de interfone, com filmagem e gravações; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de correspondência escrita. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Os estabelecimentos penais federais de segurança máxima deverão dispor de monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns, para fins de preservação da ordem interna e da segurança pública, vedado seu uso nas celas e no atendimento advocatício, salvo expressa autorização judicial em contrário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º As gravações das visitas não poderão ser utilizadas como meio de prova de infrações penais pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Os diretores dos estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou o Diretor do Sistema Penitenciário Federal poderão suspender e restringir o direito de visitas previsto no inciso II do § 1º deste artigo por meio de ato fundamentado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Configura o crime do art. 325 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a violação ao disposto no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Lei de Organizações Criminosas, Lavagem de Capitais e Crimes Contra a Ordem Tributária
· Lavagem de Dinheiro
· Brasil
· Lei n. 9.613/1998
· Alterada pela Lei n. 11.343/06
· Alterada (alteração mais importante) pela Lei n. 12.683/2012
· Plano Internacional
· Convenção de Viena (Convenção da ONU contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas) – Decreto Legislativo 162, de 14/06/91 
· Convenção de Palermo (crime organizado transnacional) – (2000) 
· Convenção de Mérida (Convenção da ONU contra a Corrupção) – (2003)
· Conceito: 
· “Lavagem de dinheiro é o ato ou a sequência de atos praticados para mascarar a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, valores e direitos de origem delitiva ou contravencional, com o escopo último de reinseri-los na economia formal com aparência de licitude. É um “processo em virtude do qual os bens de origem delitiva se integram no sistema econômico legal com aparência de terem sido obtidos de forma licita”1, um movimento de afastamento dos bens de seu passado sujo, que se inicia com a ocultação e termina com sua introdução no circuito comercial ou financeiro, com aspecto de legalidade.” BADARO, Gustavo Henrique; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de Dinheiro: Aspectos Penais e Processuais Penais. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais). 
· Money laundering, Geldwaschen 
· Não usar expressões como “blanchiment d’argent” ou “branqueamento”
· Fases da Lavagem de dinheiro (modelo do GAFI – Grupo de Ação Financeira Internacional em Lavagem de Dinheiro) 
· COLOCAÇÃO (PLACEMENT) 
· DISSIMULAÇÃO (LAYERING) 
· INTEGRAÇÃO (INTEGRATION OU RECYCLING)
· Bem jurídico: 3 correntes: 
· 1) mesmo bem jurídico da infração penal anterior; 
· 2) administração da justiça; 
· 3) ordem econômica ou socioeconômica. É possível defender que se trata de crime pluriofensivo
· Sujeito ativo, sujeito passivo, crime antecedente
· Sujeito ativo: crime comum 
· Pode ser o mesmo sujeito ativo do crime anterior (“autolavagem” ou “selflaudering”), mas o STF impõe algumas limitações (STF, AP 694). 
· Sujeito passivo: coletividade ou Estado. 
· INFRAÇÕES PENAIS ANTECEDENTES 
· lavagem de dinheiro é crime parasitário ou acessório. 
· Infração penal anterior: são necessários indícios da infração penal antecedente ou crime-base. Não é precisocondenação prévia. 
· Ocultação de valores para práticas de delitos futuros não caracteriza lavagem. 
· Atualmente não há rol de crimes antecedentes. 
· É cabível a lavagem da lavagem ou lavagem em cadeia 
· Art. 1° Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· Tentativa do crime anterior: irrelevante. 
· Crime anterior pode ter sido cometido no exterior. 
· Tipo penal: Art. 1° Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. 
· Elementos do tipo: 
· Núcleos: ocultar e dissimular. 
· Outros elementos: natureza, origem, localização, disposição, movimentação e propriedade. 
· Objeto material: bens, direitos e valores. Proveniência: direta ou indireta. 
· Tipo objetivo: Ocultar e dissimular. 
· Nem sempre é clara a distinção entre ocultação e dissimulação. 
· Os dois verbos podem ser combinados com quaisquer das outras elementares do art. 1°. Não é necessária sofisticação na prática dos núcleos. 
· Tipo objetivo: DISSIMULAR (DISSIMULAÇÃO) HIPÓTESES 
· Tipo subjetivo: dolo. 
· Não existe modalidade culposa. 
· Consciência: Autor da lavagem de dinheiro deve ter conhecimento da origem criminosa dos bens ou valores. 
· Dolo eventual: é admitido. 
· Doutrina da cegueira deliberada (“wilfull blindness”) ou evitação da consciência (“consciousness avoidance”) 
· Consumação: tipo misto alternativo (modalidade básica do crime – caput – ou nos tipos derivados - §§1° e 2°). 
· Para a consumação não é necessário que sejam praticadas as três fases da lavagem de dinheiro conforme o modelo do GAFI (STJ AP 923). 
· Adquirir, trocar, movimentar e transferir (crimes instantâneos). 
· Guardar, ter em depósito e ocultar (crimes permanentes). 
· Tentativa: teoricamente é possível, salvo no §1°, porque nele basta a finalidade de ocultação. 
· Tipos Derivados: 
· §1° - tipifica algumas condutas específicas, mas com o mesmo objeto material do caput do art. 1° da Lei n. 9.613/1998. 
· §2° - criminaliza as condutas de integração e de associação 
· §1° Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· I - os converte em ativos lícitos; 
· II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; 
· III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. 
· §2° Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. 
· A pena prevista para todas as modalidades de lavagem de dinheiro é de reclusão de 3 a 10 anos e multa (art. 1° da Lei n. 9.613/1998). 
· Crítica: diferente gravidade dos crimes antecedentes 
· Causa de aumento 
· § 4º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada, por intermédio de organização criminosa ou por meio da utilização de ativo virtual.
· Causa de diminuição. 
· § 5° A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular; II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
· Art. 2°. Inc. III - são da competência da Justiça Federal: a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal. 
· §1° A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· §2° No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· Medidas assecuratórias 
· A ideia da criminalização da lavagem de dinheiro é atacar o braço financeiro da criminalidade organizada. Assim, há preocupação com a utilização de medidas eficazes para se atingir o proveito ou produto do crime. 
· Estas medidas não violam a presunção de inocência. 
· Medidas assecuratórias 
· 1) Busca e apreensão (art. 6°, inc. II, 240 e 250 do CPP) 
· 2) Sequestro (art. 125 do CPP) 
· 3) Hipoteca Legal 
· 4) Arresto 
· 5) Apreensão ou Sequestro da Lei n. 9.613/1998 
· 6) Sequestro de bens de pessoa indicada por crime de que resulta prejuízo para a fazenda pública (DL 3.240/1941) 
· Art. 4° O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· §4° Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· §1° Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· §2° O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· §3° Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no §1°. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
· 
· CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA E CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL 
· 1. Previsão legal 
· Os crimes contra a ordem tributária estão previstos nas seguintes normas:· Arts. 1º, 2º e 3º da Lei 8.137/98 – trata também dos crimes contra a ordem econômica e contra as relações de consumo. 
· Art. 168-A, CP – Crime de apropriação indébita previdenciária 
· Art. 337-A, CP – Sonegação de contribuição previdenciária
· Art. 334, CP – Descaminho
· Vigência da Lei 9.983/00 
· Essa lei ficou conhecida como a lei que definiu crimes contra a previdência social (preocupada com a quantidade de fraudes praticadas em detrimento do INSS). Essa lei vai ser importante, na medida em que vai consolidar no Código Penal quatro crimes previdenciários: 
· Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP). Trata-se de delito que ocorre quando o empregador (responsável tributário) desconta a contribuição do INSS e não repassa aos cofres do INSS. 
· Estelionato previdenciário (art. 171, § 3º) ➔ O §3º do art. 171 prevê causa de aumento do estelionato, quando a vítima é o INSS. A Súmula 24 do STJ aprova a incidência desse dispositivo. 
· Falsificação de documentos destinados ao INSS (art. 297, §§ 3º e 4º, CP); 
· Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A, CP). 
· Esta figura do 168-A não foi criada pela Lei 9.983/2000, pois já vinha prevista na Lei 8.212/91, em seu art. 95-D (com pena de 2 a 6 anos, mais gravosa). Com a Lei 9.983/2000, o art. 95-D foi revogado, mas a conduta delituosa não deixou de ser típica (não houve abolitio criminis1 ); ela simplesmente migrou de um dispositivo legal para outro, por aplicação do princípio da continuidade normativo-típica (posicionamento pacífico: STF RHC 78/1984). 
· 3. Noções introdutórias 
· 3.1. Prisão por dívida 
· Sabemos só ser possível a prisão por dívida do devedor de alimentos. 
· Questão: seria constitucional a criação de crimes tributários? Não constituiriam nova hipótese de prisão por dívida? NÃO. Não se trata de prisão por dívida porque a conduta foi tipificada como crime (e isso é opção do legislador). 
· 3.2. Sujeitos dos Crimes 
· Os crimes contra a ordem tributária são crimes comuns, que podem ser praticados por qualquer pessoa. Observações: 
· Art. 3º da lei 8.137/90 prevê crimes próprios (praticados por funcionários públicos). Esse art. prevê os crimes funcionais contra a ordem tributária. 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
· 3.2.1. Responsabilidade penal da pessoa jurídica 
· Segundo o brocardo societas delinquere non protest, segundo o qual a pessoa jurídica não poderia figurar como sujeito ativo de crime. Contudo, alguns doutrinadores defendem que a Constituição Federal permite a responsabilidade penal da pessoa jurídica tanto em relação a crimes ambientais como em relação a crimes contra a ordem econômico-financeira. 
· A jurisprudência já vem admitindo a responsabilidade penal da pessoa jurídica, e a CF/88, em duas situações, faz referência a ela: 
· Embora a Constituição Federal tenha autorizado a responsabilidade penal da pessoa jurídica nos casos de crimes contra a ordem econômico-financeira e de crimes ambientais, o legislador infraconstitucional só previu a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais (art. 3º da lei dos crimes ambientais 9.605/98). 
· A pessoa jurídica NÃO pode ser responsabilizada por crimes contra a ordem econômico-financeira porque não há lei prevendo (não houve interesse político do legislador). 
· Obs: A Lei 8.137/90 (Lei dos Crimes Tributários) não prevê a responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
· 3.2.2. Agentes políticos e crimes contra a Previdência Social 
· Será que um agente político pode responder por crime contra a ordem tributária? 
· Agentes políticos podem responder por crimes contra a previdência social, desde que comprovado o conhecimento acerca do fato delituoso[footnoteRef:2]. Julgado: STJ, Resp 299.830. [2: O caso mais comum é de prefeitos que cometem crimes contra a previdência social] 
· I. Anistia concedida aos agentes políticos 
· É muito comum a concessão da anistia a esses agentes políticos. O art. 11 da lei 9.639/98 gerou grande controvérsia ao conceder anistia aos agentes políticos. 
· Art. 11. São anistiados os agentes políticos que tenham sido responsabilizados, sem que fosse atribuição legal sua, pela prática dos crimes previstos na alínea "d" do art. 95 da Lei no 8.212, de 1991, e no art. 86 da Lei no 3.807, de 26 de agosto de 1960.
· A Lei 9.639/98, em seu art. 11, caput, concedeu anistia aos agentes políticos pela prática do antigo crime de apropriação indébita previdenciária do art. 95-D da Lei 8.212. O parágrafo único do art. 11 não foi aprovado pelo Congresso Nacional, contudo, teve vigência durante um dia por um problema técnico que passou despercebido. Duas observações: 
· O parágrafo único do art. 11 jamais foi aprovado pelo Congresso Nacional, portanto, é dotado de inconstitucionalidade formal, não sendo possível que a anistia seja concedida aos demais agentes responsabilizados por crimes previdenciários com base nesse dispositivo (STF, HC 82045 e HC 77734). 
· É possível, a título de isonomia, estender a anistia para as demais pessoas? Para os tribunais superiores, não é dado ao Poder Judiciário estender a anistia a outras pessoas, a título de isonomia, pois estaria violando a separação dos poderes e usurpando a competência do Congresso Nacional (que concede a indulgência, delimitando seus beneficiários). 
· Agentes políticos podem ser responsabilizados por crimes contra a Previdência Social, desde que fique evidenciado o seu conhecimento acerca do fato. 
· 3.2.3. Responsabilidade pessoal 
· Os crimes contra a ordem tributária e crimes contra a ordem previdenciária geralmente são praticados sob o manto da pessoa jurídica, esses crimes são chamados de crimes societários ou de gabinete. 
· A dificuldade é descobrir as pessoas físicas envolvidas, pois a denuncia terá que ser contra elas oferecidas, então no momento do oferecimento da peça acusatória a condição de sócio gerente, administrador, procurador é um indício da culpabilidade do acusado. Porém, se ao final da instrução não tiver sido comprovada a prática de atos de gerência, o acusado deve ser absolvido, sob pena de responsabilidade penal objetiva (STJ, HC 53305; STF HC 84402). 
· 3.3. Denúncia genérica 
· Posição do STJ ➔ Para o STJ, nos crimes societários, não se exige a descrição minuciosa e individualizada da conduta de cada acusado, sendo suficiente a narrativa dos fatos delituosos e sua suposta autoria, de modo a permitir o exercício da ampla defesa (STJ HC 47709 e HC 62328).
· Posição do STF ➔ Não se admite denúncia genérica em crimes societários, por violação ao princípio da ampla defesa. Deve ser considerada inepta denúncia fundada, tão-só, na circunstância de o agente constar do quadro societário da empresa, sendo necessário o mínimo de individualização da conduta com a indicação do nexo de causalidade entre esta o resultado produzido. 
· A inépcia da peça acusatória deve ser argüida até a sentença, sob pena de preclusão. É o que entende a jurisprudência, no sentido de que, se o acusado não argüiu nada, não houve prejuízo a ensejar qualquer nulidade. 
· 3.4 Visão geral dos tipos da Lei 8.137/1990 
· Art. 1° Constituicrime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. 
· Obs.: Súmula Vinculante 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo”. Como veremos nos tópicos seguintes, trata-se de tipos materiais, exigindo lançamento. Os demais são formais, de modo que o resultado naturalístico é dispensado. 
· Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
· Seção II 
· Dos crimes praticados por funcionários públicos 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; 
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
· 4. Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A) 
· 4.1. Natureza jurídica 
· Para identificar a natureza jurídica do delito de apropriação indébita previdenciária, vale distinguir esse delito do crime de apropriação indébita, previsto no art. 168 do CP. 
· Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
· Inicialmente, os delitos seguiam a seguinte sistemática: 
· Obs: Tipo congruente X tipo incongruente 
· De acordo com a doutrina majoritária. A omissão é própria e não imprópria porque está prevista no tipo, e não no art. 13 (só para garantidores). 
· Qual o tipo objetivo e o tipo subjetivo do art. 121 do CP? O tipo objetivo é matar alguém. O tipo subjetivo é querer matar alguém (animus necandi). Nesse caso, o tipo é congruente, pois há perfeita adequação entre o tipo objetivo e o tipo subjetivo. 
· Qual o tipo objetivo e o tipo subjetivo do art. 159 do CP (extorsão mediante seqüestro)? O tipo objetivo é seqüestrar pessoa. O tipo subjetivo é querer seqüestrar alguém (dolo genérico) + o especial fim de agir (dolo específico): obter para si ou para outrem qualquer vantagem como condição ou preço do resgate. Nesse caso, se houver o dolo genérico mas não o específico, o crime não estará configurado por falta de dolo (atipicidade). É isso que diferencia o crime do art. 159 do delito de seqüestro ou cárcere privado. 
· No inq. 2537, o STF entendeu que o art. 168-A é crime omissivo MATERIAL: 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - CRIME - ESPÉCIE. A apropriação indébita disciplinada no artigo 168-A do Código Penal consubstancia crime omissivo material e não simplesmente formal. INQUÉRITO - SONEGAÇÃO FISCAL - PROCESSO ADMINISTRATIVO. Estando em curso processo administrativo mediante o qual questionada a exigibilidade do tributo, ficam afastadas a persecução criminal e - ante o princípio da não-contradição, o princípio da razão suficiente - a manutenção de inquérito, ainda que sobrestado. 
· O STF alterou a natureza jurídica do art. 168-A porque no crime formal a persecução penal não fica condicionada à prévia decisão definitiva no procedimento administrativo de lançamento, já que o crime não formal não depende de resultado. Contudo, quando o delito passa a ser material, a persecução penal passa a depender da conclusão do procedimento administrativo. Assim, pendente recurso administrativo em que se discuti a exigibilidade do tributo, é inviável tanto a propositura da ação penal quanto a instauração de inquérito policial (S. vinculante 24). 
· ATENÇÃO: O crime de apropriação indébita previdenciária é omissivo MATERIAL. 
· Obs.: no julgamento da AP n. 516 (Info 602/2010), o STF decidiu o seguinte: “a orientação jurisprudencial do STF é firme no sentido de que, para a configuração do crime de apropriação indébita previdenciária, basta a demonstração do dolo genérico, sendo dispensável um fim especial de agir, conhecido como animus rem sibi habendi (a intenção de ter a coisa para si)”. 
· 4.2. Dispensabilidade do emprego de fraude 
· Embora os crimes contra a ordem tributária tenham, como regra, o emprego de fraude como elementar do tipo, o crime previsto no art. 168-A não exige o emprego de fraude. 
· A prática de fraude não é elementar do art. 168-A. 
· 4.3 Continuidade delitiva com a sonegação fiscal 
· No informativo 493 (fevereiro/março de 2012), o STJ reconheceu a possibilidade de continuidade delitiva entre apropriação indébita previdenciária e sonegação previdenciária praticados na administração de empresas de um mesmo grupo econômico. O tema não é pacífico dentro do tribunal, havendo divergência entre as turmas. 
· 5. Falsificação de documentos destinados à previdência social (art. 297, §§ 3º e 4º) 
· Por conta da lei 9.983/2000 foram inseridos no Código Penal os §§ 3º e 4º ao art. 297 
· Falsificação de documento público 
· Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pelaLei nº 9.983, de 2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
· Essa falsidade dos §§ 3º e 4º é uma falsidade material ou ideológica? 
· Exemplos: Cheque legitimamente assinado que é falsificado por outra pessoa que não seja o emissor. Quando a pessoa tinha legitimidade para a produção do documento, ele existe. O delito será de falsidade ideológica.
· Quando a pessoa não tinha legitimidade para a produção do documento, há falsidade material. Uma carteira de identidade, colocando uma outra foto ➔ Falsidade material 
· Folha assinada em branco, o sujeito aproveita-se desse fato e insere-se algumas informações? Falsidade ideológica ou material? Depende do exemplo. Tem que analisar a legitimidade.
· Se a informação estiver sujeita a verificação não há falar em crime de falsidade ideológica.
· Cheque assinado em branco ➔ Depende do exemplo. Eu dou um cheque assinado em branco pedindo para X pagar a conta, dou autorização para X preencher o cheque e X abusa da confiança – falsidade ideológica. Se eu encontro o cheque na rua e assino, a falsidade é material, pois não tenho legitimidade. O cheque equipara-se a documento público, art. 287, §2º. 
· Os arts. 297 e 298 são exemplos de falsidade material, porém os §§3º e 4º do art. 297 configuram FALSIDADE IDEOLÓGICA (pois o sujeito que pratica o crime tinha legitimidade para a produção do documento). Eles foram colocados de forma indevida. 
· A falsidade de documentos destinados à previdência social termina funcionando como crime-meio para o crime-fim (de apropriação indébita, v.g.). Assim, por força do princípio da consunção, essa falsidade dos §§ 3º e 4º do art. 297 acabam sendo absorvida pelo crime-fim. 
· Súmula 17 do STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
· Questão de prova: falsidade ideológica e crime contra a ordem tributária O cidadão inseriu uma informação falsa no IR para pagar menos imposto. Sua casa caiu, mas ele paga tributo. O pagamento desse tributo tem o condão de extinguir a punibilidade da falsidade, já que o pagamento extingue a punibilidade dos crimes tributários? Para o STJ como o crime fiscal absorve o delito de falsidade nessa hipótese (S. 17, STJ), efetuado o pagamento do tributo devido, não haverá justa causa para a ação penal pelo crime de falsidade. 
· Obs: Cuidado com a súmula 62 do STJ, que foi editada antes de a lei 9.983/00 ter inserido os §§ 3º e 4º no art. 297 do CP. Ela afirma que o crime de falsa anotação na CTPS deve ser julgado pela Justiça Estadual. 
· Súmula 62 do STJ. Compete à justiça estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalhado e previdência social atribuída a empresa privada. 
· Na aplicação dessa súmula deve-se atentar qual foi a intenção do agente:
· Se a falsa anotação na CTPS não tinha interesse em causar prejuízo ao INSS, a competência será da Justiça Estadual (mas apenas ao particular – contra o empregador para comprovar experiência prévia na função, v.g.)
· Se a falsidade tinha intuito de fraudar o INSS, autarquia federal, o crime será o do art. 297, §3º, II, da competência da Justiça Federal (ex: falsa anotação com o objetivo de fazer prova perante a Previdência Social) – STJ CC 58443 
· 6. Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A do CP) 
· É um crime material, pois pressupõe que o sujeito tenha suprimido ou reduzido a contribuição previdenciária (resultado). Nesse caso, deve haver conclusão do procedimento administrativo de homologação como condição prévia à denúncia criminal. 
· Art. 337-A - Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Acrescentado pela L-009.983-2000) I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas á previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: 
I - (Vetado)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa RS 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. 
§ 4º o valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.
· O emprego de fraude é elementar do art. 337-A.
· Benefício previsto: Neste delito, a simples confissão espontânea, desde que ocorra antes do início da ação fiscal, já é causa extintiva da punibilidade, não sendo necessário que o pagamento seja efetuado. Ou seja, basta confessa para a extinção da punibilidade
· Ademais, se o valor sonegado for inferior ao mínimo estabelecido para o ajuizamento, o § 2º prevê a possibilidade de perdão judicial. Essa norma foi esvaziada pelo princípio da insignificância, que gera o arquivamento ou trancamento por meio de HC (pois a conduta será considerada atípica por falta de tipicidade material).
· Também os §§ 3º e 4º foram esvaziados pelo princípio da insignificância. 
· Obs: os incisos remetem ao caput, sendo indispensável a supressão ou redução da contribuição previdenciária. 
 
· 7. Estelionato contra a previdência social (art. 171, § 3º)
· A tipificação do crime de estelionato contra a previdência social está no art. 171, § 3º, do CP, que traz uma importante CAUSA DE AUMENTO de 1/3, o que afasta a possibilidade de suspensão condicional do processo: 
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
· Sobre o tema, aplica-se a súmula 24 do STJ.
· Súmula 24 do STJ. Aplica-se ao crime de estelionato em que figura como vítima entidade autárquicas da previdência social, a qualificadora do §3º do art. 171 do Código Penal.
· Cuidado, pois tecnicamente falando não se trata de qualificadora, mas de aumento de pena.ou de outra pessoa; 
· Consumação (consumatio – meta optata): quando o agente emprega a violência ou a grave ameaça contra a vítima – provocação de sofrimento físico ou mental – a obtenção de declaração não importa;
· Competência: a competência é da justiça comum, contudo se o crime for cometido por militar em serviço será competência da justiça militar; 
· Tortura para prática de crime: Art. 1º, inciso I, alínea a, Lei n. 9.455/1997 - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
· É um crime comum: qualquer pessoa pode praticar;
· Meios de execução: violência ou grave ameaça;
· Elemento subjetivo: utiliza a violência ou grave ameaça para obrigar a pessoa a praticar uma ação ou omissão criminosa, abarca apenas a prática de crime, não engloba contravenção penal (nesse caso vai ser constrangimento ilegal) – se o sujeito obriga alguém a cometer o crime responde pela tortura em concurso material com o crime que fez a pessoa praticar
· Consumação (consumatio – meta optata): quando o agente emprega a violência ou a grave ameaça contra a vítima – provocação de sofrimento físico ou mental – a prática de crime pela vítima não importa, porém se a vítima praticar haverá concurso material com o crime praticado pela vítima;
· Tortura discriminatória: Art. 1º, inciso I, alínea c, Lei n. 9.455/1997 - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
· É um crime comum: qualquer pessoa pode praticar;
· Meios de execução: violência ou grave ameaça;
· Elemento subjetivo: a lei que punir o emprego da violência e da grave ameaça motivadas por discriminação racial ou religiosa;
· Consumação (consumatio – meta optata): quando o agente emprega a violência ou a grave ameaça contra a vítima e provoca sofrimento físico ou mental na vítima;
· Dependendo da conduta vai ter praticado crime previsto na Lei 7.716/89
· Tortura Castigo: Art. 1º, inciso II, da Lei n. 9.455/1997 - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
· Existe relação de subordinação entre o sujeito ativo e passivo;
· É um crime próprio: quem tem autoridade/guarda/poder sobre a vítima; pode ser praticado no campo público ou privado; Exemplo: contra filho, preso, interno em escola e hospital;
· Diferença tortura castigo e maus-tratos: intenso sofrimento físico ou mental não tem no crime de maus-tratos; 
· Meios de execução: ação livre, qualquer meio de execução, omissivo ou comissivo – exemplo: privação de alimentos, castigos imoderados, etc. 
· Consumação (consumatio – meta optata): quando a vítima e submetida a intenso sofrimento físico ou mental;
· Tentativa (conatus): é cabível a tentativa na forma comissiva, não é admitida na modalidade omissiva;
· Não existe tentativa de crime omissivo próprio ou puro; 
· Qual o tipo de ação penal? É pública incondicional em todas as hipóteses.
· Cabe ANPP? Não é cabível ANPP porque tem emprego de violência ou grave ameaça. 
· O crime de tortura absorve delitos menos graves decorrentes do emprego daa violência ou da grave ameaça (Exemplo: lesão corporal leve, constrangimento ilegal, maus tratos);
· § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
· No crime de tortura o objetivo é provocar sofrimento físico ou mental, no abuso de autoridade é submeter o preso a vexame. 
· Consumação: no instante em que é causado o sofrimento na vítima.
· § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos Art. 13, § 2º, do CP – somente será aplicável aquele que tem o dever jurídico de apurar – não é considerado crime de tortura - 
· Forma qualificada: § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
· Figuras preterdolosas: dolo no antecedente e culpa no consequente. Dolo de torturar e culpa na lesão/morte.
· Diferença do crime de tortura qualificada pela morte e o homicídio qualificado pela tortura: no crime de homicídio qualificado pela tortura, eu quero ou assumo o risco de marar e o meio é a tortura. Já o de tortura qualificado pela morte, o agente quer torturar e de forma culposa a vítima morre. 
· Causas de aumento: 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;             '(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
· Agente público: art. 327 do CP “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” – não se aplica o §1º do art. 327 do CP.
· Criança, gestante, PCD e adolescente ou maior de 60 anos: agente deve ter ciência da condição da vítima.
· Crime cometido mediante sequestro: privação da liberdade da vítima (curso espaço de tempo não se aplica) mediante violência ou grave ameaça.
· Efeitos da sentença condenatória: § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Não é necessária motivação específica nesse caso. É necessário que conste na sentença. 
· A tortura é inafiançável - XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; - O Juiz pode relaxar o flagrante, conceder liberdade provisória, com ou sem fiança; pode conceder liberdade provisória acompanhada de medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP);
· Liberdade provisória só o Juiz pode conceder (art. 310 do CPP)– fiança o Juiz e o Delegado[footnoteRef:1]; [1: Art. 322.  A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. ] 
· Insuscetível de Graça e anistia: o STF considera que a graça abrange o indulto – não pode ser concedido o indulto;
· Regime inicial de cumprimento da pena: segundo a lei o condenado iniciaria a pena em regime fechado - § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. O STF declarou o art. 2, §1º, da Lei n. 8.072/90 inconstitucional – o sujeito pode iniciar o cumprimento da pena no regime fechado, semiaberto e aberto. 
· Extraterritorialidade: lei brasileira – crime praticado em território estrangeiro - Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
· Aplica-se a lei brasileira em um crime praticado no exterior – crime estrangeiro – lei brasileira – que a vítima seja brasileira ou que o autor da tortura esteja em local que a legislação pátria seja aplicável. 
· Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. – assim quando a criança for vítima, aplica-se a Lei de tortura. 
LEI ANTITERRORISMO
· Lei n. 13.260/2016.
· Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça,· 7.1. Natureza jurídica e prescrição
· A natureza jurídica do estelionato contra a previdência social tem importância para definição da prescrição, pois, geralmente, o estelionato contra o INSS é uma conduta que se prolonga pelo tempo. Nesse caso, o crime é de natureza permanente, instantâneo, em continuidade delitiva? A questão incide sobre duas situações diversas: 
· Quando o fraudador fica com o benefício previdenciário.
· Quando o fraudador implementa a fraude para que terceiro receba o benefício.
· Assim, formaram-se 3 correntes:
· 1ª Corrente (LFG) → Há vários delitos de estelionato praticados em concurso FORMAL (art. 70 do CP). Com uma só ação são produzidos vários crimes (vários resultados jurídicos). Essa posição não é boa, pois, para fins de prescrição, dizer que o crime foi praticado em concurso formal é ruim para fins de cálculo de pena, pois terá que aumentar a pena da pessoa. Por outro lado, em relação à prescrição em concurso formal de crimes, o concurso é ótimo, pois a prescrição incide sobre cada delito isoladamente (não considera as penas majoradas ou somadas). 
Art. 119 do CP - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. 
· 2ª Corrente → Há vários crimes de estelionato praticados em continuidade delitiva. Muitos procuradores da República adotavam essa posição (costumavam denunciar a pessoa com base no art. 71), entendendo que cada vez que pessoa recebe o benefício previdenciário indevido pratica um crime. A prescrição será igual ao previsto na 1ª corrente, pois, em relação ao crime continuado não se leva em consideração o quantum resultado do acréscimo. Súmula 497 do STF. Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação. [Na hora de calcular a prescrição tem-se que tirar o acréscimo da continuação]. 
· 3ª Corrente (PREVALECE) → Há crime único de estelionato. Surge o questionamento: Qual a sua natureza? Quando o crime é permanente (ex.: seqüestro), a prescrição começa a correr a partir do final da permanência. Quando o crime é instantâneo, a prescrição começa a correr do dia em que ele se consumou. Antigamente, os tribunais não faziam essa distinção. Hoje, já fazem. Para identificar a natureza jurídica do crime e, por conseguinte, a prescrição, deve-se verificar quem praticou o delito (se foi o próprio beneficiário ou não): 
· Quando o fraudador fica com o benefício previdenciário ➔ Trata-se de CRIME PERMANENTE. A prescrição só começa a contar a partir do pagamento da última parcela (momento em que cessar o pagamento do benefício).
· Quando o fraudador implementa a fraude para que outra pessoa receba o benefício ➔ Trata-se de CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PEMANENTES. Significa que a prescrição começa a correr a partir do primeiro pagamento (1ª parcela do benefício). Para o terceiro (fraudador, que não receber o benefício), a prescrição começa a contar do pagamento da 1ª parcela ao beneficiário. Julgados: STF, HC 80349; 94148. 
· 8. Responsabilidade pessoal 
· Somente responde por crime previdenciário ou crime tributário a pessoa física que tenha efetivamente contribuído para a prática das condutas criminalizadas.
· O grande problema acerca da responsabilidade pessoal refere-se à dificuldade de identificar as pessoas físicas a serem denunciadas nos crimes de gabinete ou “crimes societários”: crimes praticados por pessoas físicas sob o manto protetor de uma pessoa jurídica.
· Para os tribunais, revela-se adequada a denúncia quando dela consta a narrativa de que os sócios da empresa contavam com poderes de gestão. A doutrina e jurisprudência entendem que a condição de sócio-gerente ou de administrador é um indício de culpabilidade da pessoa. Durante a instrução criminal, demonstrado que um dos acusados não tinha poderes de gerência, deve ser absolvido, sob pena de responsabilidade penal objetiva. 
· 9. Denúncia Genérica
· Denúncia genérica é aquela que não descreve de maneira individualizada a conduta de cada um dos denunciados. Ocorre bastante em crimes previdenciários e tributários.
· Sua validade sempre foi discutida pelos tribunais. Atualmente, a denúncia genérica não é admitida pela jurisprudência majoritária. Um julgado isolado recente do STF sobre o assunto diz que a denúncia não pode ser “de todo” genérica, mas pode ser “um tanto quanto genérica”.
· Por conta da discussão em torno da denúncia genérica, a doutrina (Pacelli) passou a distinguir: 
· 10. Tipicidade material e princípio da insignificância nos crimes contra a ordem tributária
· Lembremos que a teoria moderna da tipicidade a divide em tipicidade formal (consistente na mera adequação típica) e tipicidade material (exige efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico).
· O princípio da insignificância afasta a TIPICIDADE MATERIAL. Obs.: Embora o princípio da insignificância afaste o crime, não afasta as penalidades administrativas.
· O princípio da insignificância considera o desvalor da conduta + o desvalor do resultado. É usado um parâmetro objetivo. Segundo antigo entendimento jurisprudencial, aplicava-se o quantum definido no art. 18, §1º da Lei 10.522/02, segundo o qual “ficam cancelados os débitos inscritos em dívida ativa da União, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais)” (STJ, REsp 495872 e 685135). Entendeu-se que se o débito está sendo cancelado, é porque é insignificante.
· Posteriormente, uma mudança de posicionamento jurisprudência do STF passou a considerar como insignificante o valor constante do art. 20 da mesma lei: R$ 10.000,00 (dez mil reais). Essa norma não fala do cancelamento do débito, mas da não propositura da ação: “serão arquivados sem baixa na distribuição, mediante requerimento do PFN, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos na Dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000.00”.
· Esse limite depois foi ampliado.
· Atualmente, incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.
· Além disso, o STF já decidiu que, em se tratando de crime de descaminho, deve ser considerada a soma dos débitos consolidados para a análise do preenchimento do requisito objetivo necessário à aplicação do princípio da insignificância. (STF, 1ª Turma, HC 167235 AgR, Relator Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 10.05.2019) 
· 11. Dificuldades financeiras
· Se existentes, estas dificuldades financeiras funcionariam como causa supralegal de exclusão da culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa (STJ, REsp 327738). Não é qualquer dificuldade financeira que pode fundamentar a exclusão da culpabilidade.
· Excepcionalmente, em situações extremas, os tribunais admitem a tese da inexigibilidade de conduta diversa por dificuldades financeira, mas exige a prova documental para comprová-la e desde que seja muito robusta. A doutrina tem aceitado com documentação: títulos protestados; várias ações de execução em andamento; várias reclamações trabalhistas em andamento; pedidos de falência ou de recuperação judicial; bens penhorados e; situação financeira complicada dos próprios sócios.
· A jurisprudência entende que haverá o afastamento da culpabilidade em raríssimos casos, de modo que não é uma dificuldade financeira momentânea que autoriza a absolvição. 
· 12. Delação premiada
· Na Lei 8.137/1990, a delação premiada é uma CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA.
· 13. Acordo de leniência
· Encontra-se previsto na Lei 12.529/2011, consistindo em uma espécie de delação premiada em favor de pessoa jurídica.
· 14. Ação penal e competência
· Os crimes tributários e previdenciários são de ação penal PÚBLICA INCONDICIONADA.
· Em relação aos crimes contra a previdência social, acompetência é da Justiça Federal. 
· Em relação aos crimes contra a ordem tributária (L. 8.137/90), deve-se analisar a natureza do tributo sonegado: se o sujeito passivo for ente federal, a competência será da Justiça Federal; se o sujeito passivo for algum ente estadual, será da Justiça Estadual. Nestes casos, a competência varia de acordo com o interesse arrecadatório lesado. 
· 15. Procedimento administrativo nos crimes contra a ordem tributária
· 15.1. Decisão final do procedimento administrativo nos crimes materiais contra a ordem tributária
· É preciso aguardar a decisão do fisco em processo administrativo para iniciar a ação penal? Qual a natureza jurídica dessa decisão final? 
· As discussões iniciaram com o art. 83 da Lei 9.430/96, que dispõe: 
· Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, será encaminhada ao Ministério Público após proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspondente. 
· Parágrafo único. As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denúncia pelo juiz. 
· Inicialmente, alguns doutrinadores passaram a dizer que o artigo 83 criou uma condição específica da ação penal em crimes contra a ordem tributária: o MP só pode ajuizar a ação após a conclusão do processo administrativo.
· Contra este artigo 83, foi ajuizada a ADI 1571 pelo PGR, concluindo o STF que:
· O art. 83 não criou condição de procedibilidade da ação penal por crime contra a ordem
· tributária.
· Este dispositivo tem como destinatário as autoridades fazendárias, prevendo o momento em que devem encaminhar ao MP notitia criminis de crime contra a ordem tributária.
· Assim, o MP não está impedido de agir se, por outros meios, toma conhecimento do lançamento definitivo.
· Pergunta-se: Qual é, então, a natureza jurídica da decisão final no procedimento administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária? 
· 1ª Corrente (hoje, está superada pela jurisprudência) → A decisão final de apuração do débito tributário na via administrativa não é uma condição da ação de procedibilidade, nem de punibilidade, mas sim
· questão prejudicial heterogênea4. Seria possível, assim, aplicar o art. 93 do CPP: havia o oferecimento da denúncia e a posterior suspensão do processo e da prescrição.
· Art. 93 do CPP. Se o reconhecimento da EXISTÊNCIA da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal PODERÁ, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente. 
· 2ª Corrente (LFG) → A decisão final do processo administrativo funciona como elementar do delito tributário de natureza material. Crime material é aquele que depende da produção de um resultado.Essa posição não prevalece na jurisprudência.
· 3ª Corrente (majoritária nos tribunais) → A decisão final do processo administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária funciona como CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE, antes da qual não é possível o exercício da pretensão punitiva por falta de consumação do crime (STF, RHC 90532; STJ, HC 54248). 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (LEI Nº 8.137⁄90). LANÇAMENTO DEFINITIVO DO CRÉDITO (CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE). ESFERA ADMINISTRATIVA (LEI Nº 9.430⁄96). ESTELIONATO (INÉPCIA FORMAL). – STJ, HC 54248 1. A propósito da natureza e do conteúdo da norma inscrita no art. 83 da Lei nº 9.430⁄96, o prevalente entendimento é o de que a condição ali existente é condição objetiva de punibilidade. 2. Conseqüentemente, a ação penal pressupõe haja decisão final sobre a exigência do crédito tributário correspondente. 3. Notícia não há, no caso, de decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário, o qual se torna exigível somente após o lançamento definitivo do crédito. 4. É necessário, antes, que o procedimento seja unicamente administrativo-fiscal; evitando-se, com isso, que expedientes próprios da investigação criminal sejam indevidamente usados para a definição de créditos tributários. Em boa verdade, esse não é o propósito de tais expedientes, porquanto dispõe a administração de expedientes seus para a constituição desses créditos. Depois é que virá a ação penal, contanto que se apresentem condutas ilícitas em tese, por exemplo, a omissão, a fraude, a falsificação. 5.É inepta formalmente a denúncia que não expõe, às claras, o fato criminoso – no caso, estelionato –, qual a descrição contida no art. 171 do Cód. Penal. 6.Habeas corpus concedido com extensão da ordem à co-ré. 
· Convém diferenciar a condição de procedibilidade da condição objetiva de punibilidade:
Antes do implemento da condição objetiva de punibilidade, o Estado não pode iniciar o processo criminal.
Alguns doutrinadores defendem que também nesse caso haverá extinção do processo sem julgamento do mérito.
CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (L. 8137/90, ART. 1º): LANÇAMENTO DO TRIBUTO PENDENTE DE DECISÃO DEFINITIVA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO: FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL, SUSPENSO, PORÉM, O CURSO DA PRESCRIÇÃO ENQUANTO OBSTADA A SUA PROPOSITURA PELA FALTA DO LANÇAMENTO DEFINITIVO. 1. Embora não condicionada a denúncia à representação da autoridade fiscal (ADInMC 1571), falta justa causa para a ação penal pela prática do crime tipificado no art. 1º da L. 8137/90 - que é material ou de resultado -, enquanto não haja decisão definitiva do processo administrativo de lançamento, quer se considere o lançamento definitivo uma condição objetiva de punibilidade ou um elemento normativo de tipo. 2. Por outro lado, admitida por lei a extinção da punibilidade do crime pela satisfação do tributo devido, antes do recebimento da denúncia (L. 9249/95, art. 34), princípios e garantias constitucionais eminentes não permitem que, pela antecipada propositura da ação penal, se subtraia do cidadão os meios que a lei mesma lhe propicia para questionar, perante o Fisco, a exatidão do lançamento provisório, ao qual se devesse submeter para fugir ao estigma e às agruras de toda sorte do processo criminal. 3. No entanto, enquanto dure, por iniciativa do contribuinte, o processo administrativo suspende o curso da prescrição da ação penal por crime contra a ordem tributária que dependa do lançamento definitivo. HC 81611 / DF Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE. j. 10/12/2003 - Tribunal Pleno
· CUIDADO: O raciocínio feito quanto à condição objetiva de punibilidade só é valido em relação aos crimes materiais contra a ordem tributária.
· Por isso que o STF passou a entender que a apropriação indireta previdenciária é um crime material (para incidir nessas normas).
· Obs: no art. 1º da lei 8.137/90 há previsão de crime material. O art. 2º prevê crimes formais (há quem ache que há crime material em razão da expressão do caput “constitui crime da mesma espécie”).
· Obs. 2: A sentença declaratória de falência é também condição objetiva de punibilidade.
· Art. 180 da lei 11.101/2005. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei. 
· 16. Parcelamento e pagamento do débito tributário
· Cuidado: a depender do delito tratado, o pagamento gerará um benefício distinto. 
· Em regra, o pagamento implicará em ARREPENDIMENTO POSTERIOR e conseqüente benefício de diminuição da pena (de 1/3 a 2/3). Ele pode ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa:
· Art. 16 do CP. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparadoo dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
· EXCEÇÕES:
· O pagamento, no peculato culposo, gera a extinção da punibilidade até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Se posterior ao trânsito, gera a diminuição da pena (até ½):
· § 3º - No caso do parágrafo anterior [peculato culposo], a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
· O pagamento, no crime especial de estelionato de fraude no pagamento por meio de cheque, até o recebimento da denúncia, gera a extinção da punibilidade, segundo os tribunais. Essa jurisprudência decorre de política criminal, por se tratar de um crime comum, assim como o peculato culposo.
· Súmula 554 do STF. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
· Art. 171, § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. 
· I. Art. 14 da lei 8.137/90
· A norma abaixo foi revogada pela lei 8.383/91. Ou seja, entre 1990 e 1991 esteve em vigor, e será aplicada aos crimes cometidos em sua vigência. Essa norma definia que o pagamento gerava a extinção da punibilidade, se efetuado até o recebimento da denúncia.
· Art. 14. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos nos arts. 1° a 3° quando o agente promover o pagamento de tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. (Artigo revogado pela Lei nº 8.383, de 30.12.1991)
· II. Art. 34 da lei 9.249/95
· Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.
· O art. 34 define que o pagamento gera a extinção da punibilidade, se realizado até o recebimento da denúncia. Essa norma é uma novatio legis in mellius e, por isso, se aplica aos crimes praticados antes de sua edição.
· Apesar de o art. 34 referir-se apenas aos crimes da lei 8.137/90 e 4.729/65, a jurisprudência passou a entender que o pagamento também seria causa extintiva da punibilidade em relação aos crimes contra a previdência social de apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária. Há, aqui, analogia in bonam partem. STF, HC 73418: 
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. "HABEAS CORPUS", NÃO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIARIAS. PAGAMENTO DO DÉBITO ANTES DO RECEBIMENTO DA DENUNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 34 DA LEI 9.249/95. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. "HABEAS CORPUS": CONCESSÃO DE OFICIO. LEIS 8.137/90, 8.212/91, 8.383/91 e 9.249/95. I. - Aplicação do art. 34 da Lei 9.249/95, que determina a extinção da punibilidade dos crimes definidos na Lei 8.137/90, quando o agente promover o pagamento do débito antes do recebimento da denuncia. II. - H.C. concedido de oficio.
· Questionaram no STJ se é possível aplicar esse benefício ao crime de estelionato. Para o STJ, não é possível a aplicação do art. 34 ao crime de estelionato. Para ele se aplica a regra geral do arrependimento posterior, pois ele se consuma quando o agente obtém a vantagem ilícita. Logo, a reparação do dano configura, tão-somente, arrependimento posterior, com a consequente diminuição da pena. Não é viável, portanto, a aplicação do art. 34 da Lei 9.249/95. STJ HC 61928: 
PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 171, CAPUT, DO CP. REPARAÇÃO DO DANO. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. SÚMULA 554 DO PRETÓRIO EXCELSO. APLICAÇÃO DO ART. 34 DA LEI Nº 9.249⁄95.
IMPOSSIBILIDADE. I - A reparação integral do dano, antes do recebimento da denúncia, no crime de estelionato (art. 171, caput, do CP), autoriza, tão somente, o reconhecimento da causa de redução da pena prevista no art. 16 do Código Penal. II - Na linha dos precedentes desta Corte, a reparação do dano, anteriormente ao recebimento da denúncia, não exclui o crime de estelionato em sua forma básica, uma vez que o disposto na Súmula nº 554 do STF só tem aplicação para o crime de estelionato na modalidade emissão de cheques sem fundos, prevista no art. 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal. III - Inviável a aplicação do disposto no art. 34 da Lei nº 9.249⁄95 ao crime de estelionato. Ordem denegada.
· Observe: Para os tribunais, a extinção da punibilidade também se aplica aos casos de parcelamento (STJ, HC 2538 e Resp 1026214), uma vez que o parcelamento tributário também é uma hipótese de pagamento.
· III. Art. 9º da Lei 10.684/03
· O art. 34 diz que o pagamento do débito tributário antes do recebimento da denúncia é causa extintiva da punibilidade. Surgiu na época, então, a discussão acerca do parcelamento.
· O art. 9º da lei 10.684 (que trata do REFIS/PAES) trata do regime de parcelamento do débito tributário, dispondo: 
Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.
§ 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. 
· Inicialmente, como o art. 9º não estabelece qualquer limite temporal para o pagamento (como fez o art. 34 da lei 9.249/95), os tribunais entendiam que, mesmo se efetuado o pagamento integral do débito tributário após o trânsito em julgado, estaria extinta a punibilidade. Julgado: STJ, Resp 453766; STF, HC 81929: 
EMENTA: AÇÃO PENAL. Crime tributário. Tributo. Pagamento após o recebimento da denúncia. Extinção da punibilidade. Decretação. HC concedido de ofício para tal efeito. Aplicação retroativa do art. 9º da Lei federal nº 10.684/03, cc. art. 5º, XL, da CF, e art. 61 do CPP. O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que após o recebimento da denúncia, extingue a punibilidade do crime tributário. 
· A lei 12.382/2011, que alterou a lei 9.430/96 (que trata da legislação tributária federal), definiu que o parcelamento do débito tributário só suspende a pretensão punitiva se feito integralmente ATÉ O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA CRIMINAL.
· Mas se ligue: segundo o STF, essa previsão não afeta a extinção da punibilidade, no caso de pagamento a qualquer tempo, até o trânsito em julgado:
· EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E PAGAMENTO INTEGRAL DE DÉBITO - 1
· O pagamento integral de débito fiscal — devidamente comprovado nos autos — empreendido pelo paciente em momento anterior ao trânsito em julgado da condenação que lhe foi imposta é causa de extinção de sua punibilidade, conforme opção político-criminal do legislador pátrio (Lei 10.684/2003: “Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. ... § 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”). A LEI 12.382/2011, QUE TRATA DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DOS CRIMES TRIBUTÁRIOS NAS SITUAÇÕES DE PARCELAMENTO DO DÉBITO TRIBUTÁRIO, NÃO AFETA O DISPOSTO NO § 2º DO ART. 9º DA LEI 10.684/2003, O QUAL PREVERIA A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM VIRTUDE DO PAGAMENTODO DÉBITO A QUALQUER TEMPO. HC 116828/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 13.8.2013. (HC-116828).
Art. 83 da lei 9.430/96. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a
ordem tributária previstos nos arts. 1º e 2º da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos
crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público depois de
proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário
correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010)
§ 1º Na hipótese de concessão de parcelamento do crédito tributário, a representação fiscal para
fins penais somente será encaminhada ao Ministério Público após a exclusão da pessoa física ou
jurídica do parcelamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
§ 2º É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
§ 3º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
§ 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento INTEGRAL dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
§ 5º O disposto nos §§ 1º a 4º não se aplica nas hipóteses de vedação legal de parcelamento.
(Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
§ 6º As disposições contidas no caput do art. 34 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denúncia pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
· O quadro atual é o seguinte:
· • O pagamento integral (inclusive juros e multa), a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, extingue a punibilidade dos crimes contra a ordem tributária em geral e contra a ordem previdenciária do CP, excluindo-se o descaminho e outros crimes contra a previdência social, como o estelionato.
· • O parcelamento a qualquer tempo suspende a punibilidade e a ação penal enquanto o interessado estiver adimplente, até o pagamento total (art. 68 da Lei 11.941/09 -- REFIS IV). Exceção: apropriação indébita previdenciária, que não permite parcelamento.
Art. 68. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, limitada a suspensão aos débitos que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento, enquanto não forem rescindidos os parcelamentos de que tratam os arts. 1o a 3o desta Lei, observado o disposto no art. 69 desta Lei.
Parágrafo único. A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.
Art. 69. Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento.
Parágrafo único. Na hipótese de pagamento efetuado pela pessoa física prevista no § 15 do art. 1o desta Lei, a extinção da punibilidade ocorrerá com o pagamento integral dos valores correspondentes à ação penal.
· Lei de Interceptação Telefônica, Abuso de Autoridade e Juizados Especiais Criminais
· Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
· XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
· LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1.996 REGULAMENTA O ARTIGO 5º, INCISO XII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
· 1º. A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto neste Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. 
· CONCEITO: Interceptação telefônica consiste em captação de diálogos entre terceiros, sem seu conhecimento, mediante autoridade com poder de investigação. 
· A finalidade principal é a busca da verdade real sobre determinado fato; é instrumento para obtenção de prova. 
· Princípios: VERDADE REAL LEGALIDADE NECESSIDADE/PROPORCIONALIDADE CONTRADITÓRIO DEVIDO PROCESSO LEGAL INADMISSIBILIDADE DA PROVA ILÍCITA 
· PRESSUPOSTOS: ART. 2º. NÃO SERÁ ADMITIDA A INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS QUANDO OCORRER QUALQUER DAS SEGUINTES HIPÓTESES: I – NÃO HOUVER INDÍCIOS RAZOÁVEIS DA AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO EM INFRAÇÃO PENAL; II – A PROVA PUDER SER FEITA POR OUTROS MEIOS DISPONÍVEIS; III – O FATO INVESTIGADO CONSTITUIR INFRAÇÃO PENAL PUNIDA, NO MÁXIMO, COM PENA DE DETENÇÃO
· PARÁGRAFO ÚNICO. EM QUALQUER HIPÓTESE DEVE SER DESCRITA COM CLAREZA A SITUAÇÃO OBJETO DA INVESTIGAÇÃO, INCLUSIVE COM A INDICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS INVESTIGADOS, SALVO IMPOSSIBILIDADE MANIFESTA, DEVIDAMENTE JUSTIFICADA. 
· REQUISITOS: FUMUS BONI IURIS - PERICULUM IN MORA FUNDAMENTAÇÃO DA ORDEM JUDICIAL 
· A ORDEM DEVE SER DETERMINADA POR AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE E TERÁ COMO DESTINATÁRIO O SUSPEITO, O INVESTIGADO OU O ACUSADO DE DETERMINADO CRIME 
· Artigo 3º. A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I – da autoridade policial, na investigação criminal; II – do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. 
· Art. 4º. § 1º. Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2º. O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. 
· Art. 5º. A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova 
· 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. 
· § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. 
· § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas 
· Art. 8º. A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas. 
· Parágrafo único. Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar de inquérito policial ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal. 
· Fundamentação, Encontro Fortuito de outros crimes ou agentes
· Art. 5º. A decisão será fundamentada,sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. 
· Encontro fortuito – debate sobre a validade ou não da prova - SERENDIPIDADE CRITÉRIOS: 1) Conexão com o agente ou que o delito descoberto se vincule ao objeto da investigação; 2) momento da descoberta; 3) desvio ou não de finalidade. 
· Descarte dos elementos irrelevantes; Prova emprestada e excludentes de ilicitude em prol do investigado; 
· Art. 9º. A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
· Artigo 372 do Código de Processo Civil: Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório. 
· CONSTITUIÇÃO FEDERAL ARTIGO 5º, INCISO LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 
· Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
· Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. 
· Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
· § 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. 
· § 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o sigilo judicial. 
· Pacote Anti-crime e gravação ambiental 
· Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando: I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. 
· § 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dispositivo de captação ambiental. 
· § 2º A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por meio de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do caput do art. 5º da Constituição Federal. 
· § 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada. 
· § 4º A captação ambiental feita por um dos interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em matéria de defesa, quando demonstrada a integridade da gravação. 
· § 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica para a interceptação telefônica e telemática 
· Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
· Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. 
· Lei de Abuso de Autoridade
· Ação Penal, Efeitos da Condenação, Penas e Procedimento 
· Artigo 3º. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
· § 1º. SERÁ ADMITIDA AÇÃO PRIVADA SE A AÇÃO PENAL PÚBLICA NÃO FOR INTENTADA NO PRAZO LEGAL, CABENDO AO MP ADITAR A QUEIXA, REPUDIÁ-LA E OFERECER DENÚNCIA SUBSTITUTIVA, INTERVIR EM TODOS OS TERMOS DO PROCESSO, FORNECER ELEMENTOS DE PROVA, INTERPOR RECURSO E, A TODO TEMPO, NO CASO DE NEGLIGÊNCIA DO QUERELANTE, RETOMAR A AÇÃO COMO PARTE PRINCIPAL. 
· §2º. A AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA SERÁ EXERCIDA NO PRAZO DE 6 MESES, CONTADO DA DATA EM QUE SE ESGOTAR O PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA.
· Art. 4º. São efeitos da condenação:
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
· II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos;
· III – a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
· Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
· Art. 5º  As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
· Art. 7º  As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal.
· Art. 8º  Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
· Art. 39.  Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Código de Processo Penal e da Lei nº 9.099/95.
· Art. 9º  Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
· Parágrafo único.  Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.
· Art. 10.  Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
· Art. 12.  Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
· Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
· I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamenteapós recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
· Lei 13.869/2019
·  Art. 1º. Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. 
· § 1º. AS CONDUTAS DESCRITAS NESTE LEI CONSTITUEM CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE QUANDO PRATICADAS PELO AGENTE COM A FINALIDADE ESPECÍFICA DE PREJUDICAR OUTREM OU BENEFICIAR A SI MESMO OU A TERCEIRO, OU, AINDA, POR MERO CAPRICHO OU SATISFAÇÃO PESSOAL.
· §2º. A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade.
· Juizado Especial Criminal
· A Lei 9.099/98 instituiu um novo modelo de justiça e criou institutos, como a composição civil do dano, a transação penal e a suspensão condicional do processo’. Já a Lei 10.259/01 estabelece a competência do Juizado Especial Criminal em ÂMBITO FEDERAL.
· Da Competência Legislativa
· Art. 22. Compete privativamente à união — legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, PROCESSUAL, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
· Art. 24. Compete à UNIÃO, AOS ESTADOS E AO DISTRITO FEDERAL legislar concorrentemente sobre: x - CRIAÇÃO, FUNCIONAMENTO E PROCESSO DO JUIZADO de pequenas causas;
· art. 98. A UNIÃO, NO DISTRITO FEDERAL E NOS TERRITÓRIOS, E 0 ESTADOS criarão: 1 - JUIZADOS ESPECIAIS, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, mediante os PROCEDIMENTOS ORAL E SUMARÍSSIMO, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
· § 10 LEI FEDERAL disporá sobre a criação de JUIZADOS ESPECIAIS NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL.
· Da Justiça Federal e Estadual.
· Art. 109. Aos Juízes Federais compete processar e julgar: IV - OS CRIMES políticos e as INFRAÇÕES PENAIS praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, EXCLUÍDAS AS CONTRAVENÇÕES e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
· V - OS CRIMES previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
· VI - OS CRIMES contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
· IX - OS CRIMES cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
· X - OS CRIMES DE INGRESSO OU PERMANENCIA IRREGULAR DE ESTRANGEIRO, a execução de carta rogatória, após o "exequatur”, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
· Da Competência do Juizado Especial Criminal
· Compete ao Juizado Especial Criminal a conciliação, o julgamento e a execução das INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. Essa competência será deslocada para o Juízo comum nos casos de impossibilidade de citação pessoal (Artigo 66, parágrafo único, da Lei 9.099/95) e em razão da complexidade da causa (Artigo 77, parágrafo 2º, da Lei 9.099/95).
· Lei 9.099/95
· Da Procedimento Sumarissimo (Artigos 77 a 83).
· Da Fase Preliminar e Transação Penal (Artigos 69 a 76).
· Abrangência da Lei 9.099/95
· Art. 60. O juizado especial criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, respeitadas as regras de conexão e continência.
· Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.
· Da Competência do Juizado Especial Criminal
· Compete ao Juizado Especial Criminal a conciliação,o julgamento e a execução das INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. Essa competência será deslocada para o Juízo comum nos casos de impossibilidade de citação pessoal (Artigo 66, paragrafo único, da Lei 9.099/95) e em razão da complexidade da causa (Artigo 77, parágrafo 2º, da Lei 9.099/95). 
· Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
· STJ: Na linha da jurisprudência desta Corte de Justiça, tratando-se de concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da competência do Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, em concurso material, ou a exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas máximas cominadas ao delitos, caso em que, ultrapassado o patamar de 2 (dois) anos, afasta-se a competência do Juizado Especial (RHC 102381 / BA- RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2018/0222168-0).
· DIREITO PROCESSUAL PENAL — JUIZADOS ESPECIAIS
· Competência relativa dos juizados especiais para aplicação dos institutos da transação penal e da composição dos danos civis na reunião de processos.
· RESUMO: Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexo ou continência, observados, quanto aqueles, os institutos despenalizadores, quando cabíveis.
· Transação penal e a Súmula 243 do STJ
· STJ SÚMULA N. 243 - O benefício da suspensão do processo NÃO É APLICÁVEL em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
· Art. 28 da Lei n. 11.343/2006:
· Art. 28. Quem ADQUIRIR, GUARDAR, TIVER EM DEIÉ__SITU, TRANSPORTAR OU TROUXER CONSIGO, PARA CONSUMO PESSOAL, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - adverténcia sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
· RELAÇÕES DE CONSUMO – PARTE I
· A SOCIEDADE DE CONSUMO
· Revolução Industrial: antes a produção era manual, relação de consuma mais pessoalizada, novo modelo de produção; concentração de pessoas na cidade, aumento de produção e consumo. Produção massificada de produtos e demanda aumentada criou a sociedade de consumo.
· CARACTERÍSTICAS
· impessoalidade;
· produção em larga escala;
· não intervenção do consumidor no processo de manufatura (não tem nenhuma ingerência sobre como é produzido ou consumido);
· Surgimento do desequilíbrio entre fornecedores e consumidores.
· A defesa do consumidor na esfera constitucional
· Artigo 5º, inciso XXII, CF; 
· Artigo 170, inciso V, CF; 
· Artigo 48, Ato das Disposições Transitórias
· DIREITO FUNDAMENTAL COLETIVO: indisponível, inalienável e irrenunciável; 
· Aplicabilidade imediata; 
· Cláusula Pétrea; 
· Princípio da Ordem Econômica;
· O Caráter Principiológico do CDC
· Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990
· Normas de ordem pública (não é derrogada pela vontade das partes, não precluí);
· Norma de interesse social (facilitar o acesso à justiça pelo consumidor);
· Consequência: todas as leis que se propõem a reger especificamente uma relação de consumo devem se subordinar aos seus princípios e direitos. 
· Princípios do CDC
· Artigo 4º, da Lei 8.078/90:
· princípio da dignidade do consumidor;
· princípio da transparência;
· reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor;
· princípio da harmonia do mercado de consumo;
· princípio da equidade contratual e no da boa-fé objetiva;
· Direito Penal do Consumidor
· O Direito Penaldo Consumidor encontra-se inserido no contexto do
· Direito Econômico.
· A finalidade do direito econômico é a de assegurar um mercado transparente, honesto e seguro, orientado para o desenvolvimento social.
· O direito econômico lança mão do direito penal, instituindo-o como instrumento de resguardo dos bens jurídicos de caráter supraindividual, quais sejam, as diversas relações dos agentes econômicos entre si, entre estes e os consumidores e, ainda, entre todos esses e a Administração Pública, e que se processam em seu interior.
· Os crimes contra as relações de consumo são enquadráveis na categoria de infrações penais econômicas por se consubstanciarem em uma forma de abuso do poder econômico por uma das partes da relação de consumo sobre a outra. 
· OBJETIVO DA CRIMINALIZAÇÃO: dar maior garantia de obediência aos preceitos disciplinadores do Código; assegurar a efetividade das demais normas e princípios insertos no Código de Defesa de Consumidor; garantir a qualidade de vida da população consumidora.
· A Relação de Consumo como bem jurídico penal 
· Noções de bem jurídico penal; 
· Relações de consumo como bem jurídico penal supraindividual: 
· Interesses e direitos novos que, pelas suas características próprias, não se encaixavam nas categorias tradicionais de bens jurídicos até então reconhecidos; 
· Interesses difusos no CDC; Consequência penal: subjetividade passiva. 
· Artigo 61, do CDC;
· Aspectos penais
· Do sujeito ativo nos crimes contra as relações de consumo: fornecedor - Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
· Do sujeito passivo nos crimes contra as relações de consumo: consumidor - Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
· Do objeto material dos crimes contra as relações de consumo: produtos e serviços -  art. 3º § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
· Do concurso de agentes nos crimes contra as relações de consumo -  Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições por ele proibidas.
· Das circunstâncias agravantes genéricas:
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código:
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade;
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
IV - quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental interditadas ou não;
V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais .
· Da pena pecuniária:    Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal.
· Das penas restritivas de direito: Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: I - a interdição temporária de direitos; II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; III - a prestação de serviços à comunidade.
· Da fiança nos crimes contra as relações de consumo:  Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
· Dos assistentes do Ministério Público:   Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
· Aspectos Gerais da Tutela Penal nos Crimes contra as Relações de Consumo
· O procedimento penal nos crimes contra as relações de consumo.
· Procedimento sumaríssimo – Lei 9.099/95
· Procedimento ordinário – artigo 394, inciso I, do CPP.
· Da transação penal: 
· Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
· § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
· § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. 
· § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. 
· § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
· Da suspensão condicional do processo 
· Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal) 
· § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente,para informar e justificar suas atividades. 
· § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
· § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
· § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. 
· § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. 
· § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
· § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
· Do acordo de Não Persecução Penal 
· Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: 
· I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; 
· II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; 
· III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Código Penal; I
· V - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; 
· V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
· § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas. 
· § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. 
· Crimes em espécie - CDC 
· ART. 61 Constituem crime contra as relações de consumo previstas neste Código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. 
· ART. 62 - VETADO Colocar no mercado, fornecer ou expor para fornecimento produtos ou serviços impróprios. Pena – detenção, de seis meses a dois anos e multa. §1.° - Se o crime é culposo: Pena – detenção, de três meses a um ano e multa. §2.° - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte. 
· Art. 63 Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. §1º Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. §2º Se o crime é culposo: Pena – Detenção de um a seis meses ou multa. 
· Art. 64 Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. 
· Art. 65 Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente. Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte. 
· Art. 66 Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. § 2º Se o crime é culposo: Pena - Detenção de um a seis meses ou multa. 
· Art. 67 Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena – detenção de três meses a um ano e multa. Parágrafo único. (Vetado) 
· Art. 68 Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. (vetado). 
· Art. 69 Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade: Pena – detenção de um a seis meses ou multa. 
· Art. 70 Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor. Pena - detenção de três meses a um ano e multa. 
· Art. 71 Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa. 
· Art. 72 Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros. Pena – Detenção de seis meses a um ano ou multa. 
· Art. 73 Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber inexata. Pena – Detenção de um a seis meses ou multa. 
· Art. 74 Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo. Pena – Detenção de um a seis meses ou multa. 
· Crimes em espécie – LEI 8.137/90 
· Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo: 
· I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores; Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· II — vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial; Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· III — misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os de mais alto custo; Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· IV — fraudar preços por meio de: a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementostais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço; b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto; c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços; 
· V — elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais; Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· VI — sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação; 
· VII — induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária; Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· VIII — destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros; Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· IX — vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo. 
· Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
· Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1° , 2° e 4° a 7°: I - ocasionar grave dano à coletividade; II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções; III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. 
· Estatuto do torcedor (Lei Geral do Esporte) 
· O Desporto na Constituição 
· Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-profissional; IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. 
· § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. 
· Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
· § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de 60 dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final. § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social. 
· Lei 10.671, de 15 de maio de 2003. 
· Art. 1º. Este Estatuto estabelece normas de proteção e defesa do torcedor. 
· Lei nº 14.597, de 14 de junho de 2023 - Institui a Lei Geral do Esporte. Houve revogação expressa do estatuto do torcedor.
· Art. 1º É instituída a Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre o Sistema Nacional do Esporte (Sinesp) e o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Esportivos (SNIIE), a ordem econômica esportiva, a integridade esportiva e o Plano Nacional pela Cultura de Paz no Esporte. 
· Art. 4º A prática esportiva é dividida em 3 níveis distintos, mas integrados, e sem relação de hierarquia entre si, que compreendem: I - a formação esportiva (infância); II - a excelência esportiva (alto-rendimento); III - o esporte para toda a vida (saúde). 
· Da Gestão Temerária no Esporte
· Art. 66. Os dirigentes das organizações esportivas, independentemente da forma jurídica adotada, têm seus bens particulares sujeitos ao disposto no art. 50 do Código Civil. 
· § 1º Para os fins do disposto nesta Lei, dirigente é aquele que exerce, de fato ou de direito, poder de decisão na gestão da entidade, inclusive seus administradores. 
· 2º Os dirigentes de organizações esportivas respondem solidária e ilimitadamente pelos atos ilícitos praticados e pelos atos de gestão irregular ou temerária ou contrários ao previsto no contrato social ou estatuto. 
· § 3º O dirigente que tiver conhecimento do não cumprimento dos deveres estatutários ou contratuais por seu predecessor ou pelo administrador competente e deixar de comunicar o fato ao órgão estatutário competente será responsabilizado solidariamente. 
· Art. 67. Consideram-se atos de gestão irregular ou temerária praticados pelo dirigente aqueles que revelem desvio de finalidade na direção da organização ou que gerem risco excessivo e irresponsável para seu patrimônio, tais como: 
· I - aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros; 
· II - obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte ou possa resultar prejuízo para a organização esportiva; 
· III - celebrar contrato com empresa da qual o dirigente, seu cônjuge ou companheiro ou parentes, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau sejam sócios ou administradores, exceto no caso de contratos de patrocínio ou doação em benefício da organização esportiva; 
· IV - receber qualquer pagamento, doação ou outra forma de repasse de recursos oriundos de terceiros que, no prazo de até 1 ano, antes ou depois do repasse, tenham celebrado contrato com a organização esportiva; 
· V - antecipar ou comprometer receitas em desconformidade com o previsto em lei; 
· VI - não divulgar de forma transparente informações de gestão aos associados; 
· VII - deixar de prestar contas de recursos públicos recebidos. 
· § 1º Em qualquer hipótese, o dirigente não será responsabilizado caso: 
· I - não tenha agido com culpa grave ou dolo; ou 
· II - comprove que agiu de boa-fé e que as medidas realizadas visavam a evitar prejuízo maior à entidade. 
· § 2º Para os fins do disposto no inciso IV do caput deste artigo, também será considerado ato de gestão irregular ou temerária o recebimento de qualquer pagamento, doação ou outra forma de repasse de recursos por: I - cônjuge ou companheiro do dirigente; II - parentes do dirigente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau; III - empresa ou sociedade civil da qual o dirigente, seu cônjuge ou companheiro ou parentes, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau sejam sócios ou administradores. 
· Art. 68. Os dirigentes que praticarem atos de gestão irregular ou temerária poderão ser responsabilizados por meio de mecanismos de controle social internos da organização, sem prejuízo da adoção das providências necessárias à apuração das eventuais responsabilidades civil e penal. 
· § 1º Na ausência de disposição específica, caberá à assembleia geral da organização deliberar sobre a instauração de procedimentos de apuração de responsabilidade. 
· § 2º A assembleia geral poderá ser convocada por 30% dos associados com direito a voto para deliberar sobre a instauração de procedimento de apuração de responsabilidade dos dirigentes caso, após 3 meses da ciência do ato tido como de gestão irregular ou temerária: I - não tenha sido instaurado o referido procedimento; ou II - não tenha sido convocada assembleia geral para deliberar sobre os procedimentos internos de apuração da responsabilidade. 
· § 3º Em organizações em cuja estrutura não haja assembleia geral, competem ao conselho fiscal os procedimentos previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo. § 4º Caso constatada a responsabilidade, o dirigente será considerado inelegível por 10 anos para cargos eletivos em qualquer organização esportiva. 
· Art. 69. Compete à organização esportiva, mediante prévia deliberação da assembleia geral, adotar medida judicial cabível contra os dirigentes pararessarcimento dos prejuízos causados ao seu patrimônio. § 1º Os dirigentes contra os quais deva ser proposta medida judicial ficarão impedidos e deverão ser substituídos na mesma assembleia. 
· § 2º O impedimento previsto no § 1º deste artigo será suspenso caso a medida judicial não tenha sido proposta após 3 meses da deliberação da assembleia geral. 
· § 3º Em organizações em cuja estrutura não haja assembleia geral, competem ao conselho fiscal os procedimentos previstos neste artigo.
· DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NOS EVENTOS ESPORTIVOS 
· Seção I Disposições Gerais 
· Art. 142. As relações de consumo em eventos esportivos regulam-se especialmente por esta Lei, sem prejuízo da aplicação das normas gerais de proteção ao consumidor. 
· § 1º Para os efeitos desta Lei e para fins de aplicação do disposto no Código de Defesa do Consumidor, consideram-se consumidor o espectador do evento esportivo, torcedor ou não, que tenha adquirido o direito de ingressar no local onde se realiza o referido evento e fornecedora a organização esportiva responsável pela organização da competição em conjunto com a organização esportiva detentora do mando de campo, se pertinente, ou, alternativamente, as duas organizações esportivas competidoras, bem como as demais pessoas naturais ou jurídicas que detenham os direitos de realização da prova ou partida. 
· § 2º As organizações esportivas que administram e regulam modalidade esportiva em âmbito nacional caracterizam-se como fornecedoras relativamente a eventos esportivos por elas organizados, ainda que o cumprimento das tarefas materiais locais a eles pertinentes seja incumbência de terceiros ou de outras organizações esportivas.
· Subseção II 
· Da Segurança nas Arenas Esportivas e do Transporte Público 
· Art. 146. O espectador tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das provas ou partidas. Parágrafo único. Deve ser assegurada acessibilidade ao espectador com deficiência ou com mobilidade reduzida. 
· Art. 147. Os responsáveis pela organização da competição apresentarão à Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte (Anesporte) e ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, previamente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e pelas autoridades competentes pela vistoria das condições de segurança das arenas esportivas a serem utilizadas na competição. 
· § 1º Os laudos atestarão a real capacidade de público das arenas esportivas, bem como suas condições de segurança. 
· § 2º Será proibida de competir em arenas esportivas localizadas no mesmo Município de sua sede e na respectiva região metropolitana, por até 6 meses, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a organização esportiva que: I - tenha colocado à venda número de ingressos maior do que a capacidade de público da arena esportiva; II - tenha permitido o acesso de pessoas em número maior do que a capacidade de público da arena esportiva; III - tenha disponibilizado locais de acesso à arena esportiva em número inferior ao recomendado pela autoridade pública. 
· Art. 148. O controle e a fiscalização do acesso do público a arena esportiva com capacidade para mais de 20.000 pessoas deverão contar com meio de monitoramento por imagem das catracas e com identificação biométrica dos espectadores, assim como deverá haver central técnica de informações, com infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público presente e o cadastramento biométrico dos espectadores. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo deverá ser implementado no prazo máximo de até 2 anos a contar da entrada em vigor desta Lei. 
· Art. 149. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12, 13 e 14 do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade pela segurança do espectador em evento esportivo será da organização esportiva diretamente responsável pela realização do evento esportivo e de seus dirigentes, que deverão: 
· I - solicitar ao poder público competente a presença de agentes públicos de segurança, devidamente identificados, responsáveis pela segurança dos espectadores dentro e fora dos estádios e dos demais locais de realização de eventos esportivos; 
· II - informar imediatamente após a decisão acerca da realização da partida, entre outros, aos órgãos públicos de segurança, de transporte e de higiene os dados necessários à segurança do evento, especialmente: a) o local; b) o horário de abertura da arena esportiva; c) a capacidade de público da arena esportiva; d) a expectativa de público; 
· III - colocar à disposição do espectador orientadores e serviço de atendimento para que ele encaminhe suas reclamações no momento do evento, em local: a) amplamente divulgado e de fácil acesso, especialmente pela internet; e b) situado na arena; 
· IV - disponibilizar 1 médico e 2 profissionais de enfermagem, devidamente registrados nos respectivos conselhos profissionais, para cada 10.000 torcedores presentes ao evento; V - comunicar previamente à autoridade de saúde a realização do evento. 
· § 1º O detentor do direito de arena ou similar deverá disponibilizar 1 ambulância para cada 10.000 torcedores presentes ao evento. 
· § 2º A organização esportiva diretamente responsável pela promoção do evento deverá solucionar imediatamente, sempre que possível, as reclamações dirigidas ao serviço de atendimento referido no inciso III do caput deste artigo, bem como reportá-las ao ouvidor da competição, e, nos casos relacionados à violação de direitos e interesses de consumidores, aos órgãos de proteção e defesa do consumidor. 
· Art. 150. É dever da organização esportiva responsável pela organização da competição: I - confirmar, com até 48 horas de antecedência, o horário e o local da realização das provas ou das partidas para as quais a definição das equipes dependa de resultado anterior; II - contratar seguro de acidentes pessoais, cujo beneficiário será o espectador portador de ingresso, válido a partir do momento em que ingressar no estádio. 
· Art. 151. É direito do espectador a implementação de planos de ação referentes a segurança, a transporte e a contingências durante a realização de eventos esportivos com público superior a 20.000 pessoas. § 1º Os planos de ação de que trata o caput deste artigo serão elaborados pela organização esportiva responsável pela realização da competição, com a participação das organizações esportivas que a disputarão e dos órgãos das localidades em que se realizarão as partidas da competição responsáveis pela segurança pública, pelo transporte e por eventuais contingências. § 2º Planos de ação especiais poderão ser apresentados em relação a eventos esportivos com excepcional expectativa de público. § 3º Os planos de ação serão divulgados no sítio eletrônico dedicado à competição, no mesmo prazo de publicação de seu regulamento definitivo. 
· Art. 152. As organizações esportivas regionais responsáveis diretamente pela realização da prova ou da partida, bem como seus dirigentes, responderão solidariamente com as organizações esportivas que disputarão a prova ou a partida e seus dirigentes, independentemente de culpa, pelos prejuízos causados ao espectador decorrentes de falhas de segurança nos estádios ou da inobservância do disposto neste Capítulo. 
· Art. 154. Em relação ao transporte de espectadores para eventos esportivos, ficam a eles assegurados: I - acesso a transporte seguro e organizado; II - ampla divulgação das providências tomadas em relação ao acesso ao local do evento esportivo, em transporte público ou privado; III - organização das imediações da arena esportiva em que será realizado o evento, bem como de suas entradas e saídas, de modo a viabilizar, sempre que possível, o acesso seguro e rápido ao evento, na entrada, e aos meios de transporte, na saída. 
· Art. 155. A organização esportiva responsável pela organização da competição e a organização esportiva que detém o direito sobre a realização da prova ou da partida solicitarão formalmente,cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
§ 1º São atos de terrorismo: 
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa; 
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:
· No inciso I é necessário que as condutas sejam capazes de provocar danos ou promover destruição em massa.
· Não se aplica: § 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei.
· Embora o MP seja parte no processo penal, nunca deixa de ser custus legis. 
· Sujeito ativo do crime: crime comum;
· Sujeito passivo do crime: Estado e toda a coletividade; 
· Consumação: (consumatio ou meta optata) se consuma com a prática da conduta, crime formal;
· Tentativa (conatus);
· Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito: Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade. – aplica o código penal pelo princípio da proporcionalidade (1/3 a 2/3 – redução do CP é maior e mais benéfica)
§ 1º Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo:
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços.
· Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista:
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.
· Organização terrorista: art. 1º, §2º, Inciso II, Lei n. 12.850/2013 – no mínimo quatro pessoas – que tenham se associada para cometer atos terroristas;
· Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei.
· Asilo político: estão fora da condição de refugiados políticos aqueles que tenham praticado atos terroristas – STF: os atos delituosos de natureza terrorista não podem ser considerados crimes políticos – extradição. 
Lei de Drogas
O Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD
· Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
· Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
· Drogas com princípios ativos naturais e artificiais (sintéticas).
· Gênero: droga - Espécies: entorpecentes e psicotrópicos 
· Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com:
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social - SUAS. 
Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento do Sisnad e suas normas de referência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades, indicadores e definir formas de financiamento e gestão das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - promover a integração das políticas sobre drogas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a execução das políticas sobre drogas, observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
X - estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XI - garantir publicidade de dados e informações sobre repasses de recursos para financiamento das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes transfronteiriços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XIV - estabelecer uma política nacional de controle de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - promover a interdisciplinaridadede forma direta ou mediante convênio, ao poder público competente: I - serviços de estacionamento para uso por espectadores durante a realização de eventos esportivos, assegurado a eles acesso a serviço organizado de transporte para a arena esportiva, ainda que oneroso; II - meio de transporte, ainda que oneroso, para condução de idosos, de crianças e de pessoas com deficiência física às arenas esportivas, com partida de locais de fácil acesso previamente determinados. 
· II - meio de transporte, ainda que oneroso, para condução de idosos, de crianças e de pessoas com deficiência física às arenas esportivas, com partida de locais de fácil acesso previamente determinados. Parágrafo único. Ficará dispensado o cumprimento do disposto neste artigo quando se tratar de evento esportivo realizado em arena com capacidade inferior a 10.000 pessoas. 
· Das Condições de Acesso e de Permanência do Espectador nas Arenas Esportivas 
· Art. 158. São condições de acesso e de permanência do espectador no recinto esportivo, independentemente da forma de seu ingresso, sem prejuízo de outras condições previstas em lei: I - estar na posse de ingresso válido; II - não portar materiais que possam ser utilizados para a prática de atos de violência; III - consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança; IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, ou entoar cânticos que atentem contra a dignidade da pessoa humana, especialmente de caráter racista, homofóbico, sexista ou xenófobo; V - não arremessar objetos de qualquer natureza no interior do recinto esportivo; VI - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos; VII - não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer que seja a sua natureza; VIII - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área restrita aos competidores; IX - não estar embriagado ou sob efeito de drogas; X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não seja o de manifestação festiva e amigável; XII - para espectador com mais de 16 (dezesseis) anos de idade, estar devidamente cadastrado no sistema de controle biométrico para efeito do art. 148 desta Lei. Parágrafo único. O não cumprimento das condições estabelecidas neste artigo implicará a impossibilidade de acesso do espectador ao recinto esportivo ou, se for o caso, o seu afastamento imediato do recinto, sem prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais eventualmente cabíveis. 
· DOS CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA ESPORTIVA 
· Seção I Do Crime de Corrupção Privada no Esporte 
· Art. 165. Exigir, solicitar, aceitar ou receber vantagem indevida, como representante de organização esportiva privada, para favorecer a si ou a terceiros, direta ou indiretamente, ou aceitar promessa de vantagem indevida, a fim de realizar ou de omitir ato inerente às suas atribuições: Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. (Crime próprio).
· Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem oferece, promete, entrega ou paga, direta ou indiretamente, ao representante da organização esportiva privada, vantagem indevida (Crime comum) 
· Art. 166. Vender ou portar para venda ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete: Pena - reclusão, de 1 a 2 anos, e multa. (Cambismo)
· Art. 167. Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete: Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Parágrafo único. A pena será aumentada de 1/3 até a metade se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário de organização esportiva que se relacione com a promoção do evento ou competição, de empresa contratada para o processo de emissão, distribuição e venda de ingressos ou de torcida organizada e se utilizar dessa condição para os fins previstos neste artigo. 
· Dos Crimes contra a Propriedade Intelectual das Organizações Esportivas 
· Utilização indevida de símbolos oficiais 
· Art. 168. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer sinais visivelmente distintivos, emblemas, marcas, logomarcas, mascotes, lemas, hinos e qualquer outro símbolo de titularidade de organização esportiva: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. 
· Art. 169. Importar, exportar, vender, distribuir, oferecer ou expor à venda, ocultar ou manter em estoque quaisquer sinais visivelmente distintivos, emblemas, marcas, logomarcas, mascotes, lemas, hinos e qualquer outro símbolo de titularidade de organização esportiva ou produtos resultantes de sua reprodução, imitação, falsificação ou modificação não autorizadas para fins comerciais ou de publicidade: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
· Marketing de Emboscada por Associação 
· Art. 170. Divulgar marcas, produtos ou serviços, com o fim de alcançar vantagem econômica ou publicitária, por meio de associação com sinais visivelmente distintivos, emblemas, marcas, logomarcas, mascotes, lemas, hinos e qualquer outro símbolo de titularidade de organização esportiva, sem sua autorização ou de pessoa por ela indicada, induzindo terceiros a acreditar que tais marcas, produtos ou serviços são aprovados, autorizados ou endossados pela organização esportiva titular dos direitos violados: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. 
· Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, sem autorização da organização esportiva promotora de evento esportivo ou de pessoa por ela indicada, vincular o uso de ingressos, de convites ou de qualquer espécie de autorização de acesso aos eventos esportivos a ações de publicidade ou a atividades comerciais, com o intuito de obter vantagem econômica. 
· Marketing de Emboscada por Intrusão 
· Art. 171. Expor marcas, negócios, estabelecimentos, produtos ou serviços ou praticar atividade promocional, não autorizados pela organização esportiva proprietária ou por pessoa por ela indicada, atraindo de qualquer forma a atenção pública nos locais da ocorrência de eventos esportivos, com o fim de obter vantagem econômica ou publicitária: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. 
· Art. 172. Nos crimes previstos nesta Seção, somente se procede mediante representação da organização esportiva titular dos direitos violados, com exceção do crime previsto no art. 169 desta Lei, em que a ação é pública incondicionada. 
· DO TORCEDOR 
· Art. 178. Torcedor é toda pessoa que aprecia, apoia ou se associa a qualquer organização esportiva que promove a prática esportiva do País e acompanha a prática de determinada modalidade esportiva, incluído o espectador-consumidor do espetáculo esportivo. 
· § 1º É facultado ao torcedor organizar-se em entidades associativas, denominadas torcidas organizadas. § 2º Considera-se torcida organizada, para os efeitos desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato que se organiza para fins lícitos, especialmente torcer por organização esportiva de qualquer natureza ou modalidade. § 3º Não se confunde a torcida organizada com a organização esportiva por ela apoiada. 
· § 4º É obrigatório à torcida organizada manter cadastro atualizado de seus associados ou membros, o qual deverá conter, pelo menos, as seguintes informações: I - nome completo; II - fotografia; III - filiação; IV - número do registro civil; V - número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF); VI - data de nascimento; VII - estado civil; VIII - profissão; IX - endereço completo; X - escolaridade. 
· § 5º A torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer de seus associados ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida e volta para o evento. § 6º O dever de reparar o dano, nos termos do § 5º deste artigo, é responsabilidade da própria torcida organizada e de seus dirigentes e membros, que respondem solidariamente, inclusive com o próprio patrimônio. 
· Da AutoridadeNacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte (Anesporte) 
· Art. 183. (VETADO): § 2º A torcida organizada que em evento esportivo promover tumulto, praticar ou incitar a violência, praticar condutas discriminatórias, racistas, xenófobas, homofóbicas ou transfóbicas ou invadir local restrito aos competidores, aos árbitros, aos fiscais, aos dirigentes, aos organizadores ou aos jornalistas será impedida, bem como seus associados ou membros, de comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 5 anos. 
· Art. 184. O disposto no § 5º do art. 178 e no § 2º do art. 183 desta Lei aplica-se à torcida organizada e a seus associados ou membros envolvidos, mesmo que em local ou data distintos dos relativos à competição esportiva, nos casos de: I - invasão de local de treinamento; II - confronto, ou induzimento ou auxílio a confronto, entre torcedores; III - ilícitos praticados contra esportistas, competidores, árbitros, fiscais ou organizadores de eventos esportivos e jornalistas direcionados principal ou exclusivamente à cobertura de competições esportivas, mesmo que no momento não estejam atuando na competição ou diretamente envolvidos com o evento. 
· DOS CRIMES CONTRA A INTEGRIDADE E A PAZ NO ESPORTE Seção I Dos Crimes contra a Incerteza do Resultado Esportivo 
· Art. 198. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. 
· Art. 199. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. 
· Art. 200. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. 
· Dos Crimes contra a Paz no Esporte 
· Art. 201. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência ou invadir local restrito aos competidores ou aos árbitros e seus auxiliares em eventos esportivos: Pena - reclusão, de 1 a 2 anos, e multa. 
· § 1º Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência em um raio de 5.000 metros ao redor do local de realização do evento esportivo ou durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento; II - portar, deter ou transportar, no interior da arena esportiva, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência; III - participar de brigas de torcidas. 
· § 2º Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades da arena esportiva, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 meses a 3 anos, de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas neste artigo. 
· § 3º A pena impeditiva de comparecimento às proximidades da arena esportiva, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. 
· § 4º Na conversão de pena prevista no § 2º deste artigo, a sentença deverá determinar ainda a obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período compreendido entre as 2 horas antecedentes e as 2 horas posteriores à realização de provas ou de partidas de organização esportiva ou de competição determinada. 
· § 5º No caso de o representante do Ministério Público propor aplicação da pena restritiva de direito prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a sanção prevista no § 2º deste artigo. 
· § 6º A pena prevista neste artigo será aumentada de 1/3 até a metade para aquele que organiza ou prepara o tumulto ou incita a sua prática, inclusive nas formas dispostas no § 1º deste artigo, não lhe sendo aplicáveis as medidas constantes dos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste artigo. 
· § 7º As penalidades previstas neste artigo serão aplicadas em dobro quando se tratar de casos de racismo no esporte brasileiro ou de infrações cometidas contra as mulheres. 
· CRIMES FALIMENTARES AULA: LEI DE FALÊNCIAS E OS CRIMES FALIMENTARES
· LEI Nº 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. 
· Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. 
· Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 
· Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil 
· CAPÍTULO VII DISPOSIÇÕES PENAIS art. 168 → art. 188 Seção I Dos Crimes em Espécie 
· CRIMES FALIMENTARES X CRIMES FALENCIAIS 
· Fraude a Credores 
· Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
· § 1º A pena aumenta-se de 1/6 a 1/3, se o agente: I – elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos; II – omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou altera escrituração ou balanço verdadeiros; III – destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou sistema informatizado; IV – simula a composição do capital social; V – destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábil obrigatórios. 
· Contabilidade paralela e distribuição de lucros ou dividendos a sócios e acionistas até a aprovação do plano de recuperação judicial (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) § 2º A pena é aumentada de 1/3 até metade se o devedor manteve ou movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação, inclusive na hipótese de violação do disposto no art. 6º-A desta Lei. (Caixa 2)
· Concurso de pessoas 
· § 3º Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outros profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas neste artigo, na medida de sua culpabilidade. 
· Redução ou substituição da pena 
· § 4º Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte, e não se constatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá o juiz reduzir a pena de reclusão de 1/3 a 2/3 ou substituí-la pelas penas restritivas de direitos, pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas. 
· Violação de sigilo empresarial 
· Art. 169. Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados confidenciais sobre operações ou serviços, contribuindo para a condução do devedor a estado de inviabilidade econômica ou financeira: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Divulgação de informações falsas 
· Art. 170. Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informação falsa sobre devedor em recuperação judicial, como fim de levá-lo à falência ou de obter vantagem: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Indução a erro 
· Art. 171. Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo de falência, de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro o juiz, o Ministério Público, os credores, a assembleia-geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Favorecimento de credores 
· Art. 172. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de disposição ou oneração patrimonial ou gerador de obrigação, destinado a favorecer um ou mais credores em prejuízo dos demais: Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o credor que, em conluio, possa beneficiar-se de ato previsto no caput deste artigo. 
· Desvio, ocultação ou apropriação de bens 
· Art. 173. Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperação judicial ou à massa falida, inclusive por meio da aquisição por interposta pessoa: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens 
· Art. 174. Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida ou influir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Habilitação ilegal de crédito 
· Art. 175. Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relação de créditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas, ou juntar a elas título falso ou simulado: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Exercício ilegal de atividade 
· Art. 176. Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial, nos termos desta Lei: Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. 
· Da Inabilitação Empresarial, dos Direitos e Deveres do Falido 
· Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei. 
· Violação de impedimento 
· Art. 177. Adquirir o juiz, o representante do Ministério Público, o administrador judicial, o gestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou por interposta pessoa, bens de massa falida ou de devedor em recuperação judicial, ou, em relação a estes, entrar em alguma especulação de lucro, quando tenham atuado nos respectivos processos: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
· Omissão dos documentos contábeis obrigatórios 
· Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios: Pena – detenção, de 1 a 2 anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
· Disposições Comuns 
· Art. 179. Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades, os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao devedor ou falido para todos os efeitos penais decorrentes desta Lei, na medida de sua culpabilidade. 
· Art. 180. A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei. 
· Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. 
· § 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. 
· § 2º Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados. 
· Art. 182. A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-se-á pelas disposições do Código Penal, começando a correr do dia da decretação da falência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperação extrajudicial. 
· Parágrafo único. A decretação da falência do devedor interrompe a prescrição cuja contagem tenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperação extrajudicial. 
· Do Procedimento Penal 
· Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei. 
· STJ, 5ª T., HC 106.406, rel. Min. Felix Fischer, j. 16-06-2009, Dje 03-08-2009. “Especificamente no Estado de São de Paulo, a Lei Estadual nº 3.947/83, em seu art. 15, determina que as ações por crime falimentar e as que lhe sejam conexas são da competência do respectivo Juízo Universal da Falência, tendo sido tal diploma legislativo declarado constitucional pelo c. Supremo Tribunal Federal, por se tratar de norma típica de organização judiciária, inserida, portanto, no âmbito da competência legislativa privativa dos Estados, a teor do art. 125, § 1º, da Lex Fundamentalis. 
· Na espécie, o despacho que recebeu a denúncia e compõe o juízo de admissibilidade da ação penal encontra-se suficientemente fundamentado, porquanto além de verificar quantum satis a adequação típica das condutas, se funda em relatório da Síndica da falência, no qual são apontadas as irregularidades que configurariam, em tese, os delitos imputados. Ademais, à época do recebimento da proemial acusatória, já estava em vigor a atual Lei de Falências (Lei 11.101/05) que passou a não mais exigir fundamentação para o ato que determina a instauração da ação penal (Precedente).” 
· Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 
· Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º , sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 meses. 
· Art. 185. Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á o rito previsto nos arts. 531 a 540 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. 
· DO PROCESSO SUMÁRIO 
· Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. 
· Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 testemunhas arroladas pela acusação e 5 pela defesa. 
· Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código. 
· Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. § 1º. As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferiras consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. § 2º. Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. 
· Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10, proferindo o juiz, a seguir, sentença. § 1º. Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2º. Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. 
· Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. 
· Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. 
· Art. 186. No relatório previsto na alínea e do inciso III do caput do art. 22 desta Lei, o administrador judicial apresentará ao juiz da falência exposição circunstanciada, considerando as causas da falência, o procedimento do devedor, antes e depois da sentença, e outras informações detalhadas a respeito da conduta do devedor e de outros responsáveis, se houver, por atos que possam constituir crime relacionado com a recuperação judicial ou com a falência, ou outro delito conexo a estes. Parágrafo único. A exposição circunstanciada será instruída com laudo do contador encarregado do exame da escrituração do devedor. 
· Art. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial. 
· § 1º O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo art. 46 do Código de Processo Penal, salvo se o Ministério Público, estando o réu solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação da exposição circunstanciada de que trata o art. 186 desta Lei, devendo, em seguida, oferecer a denúncia em 15 dias. Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 
· § 2º Em qualquer fase processual, surgindo indícios da prática dos crimes previstos nesta Lei, o juiz da falência ou da recuperação judicial ou da recuperação extrajudicial cientificará o Ministério Público. 
· Art. 188. Aplicam-se subsidiariamente as disposições do Código de Processo Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei. 
· Crimes no Código de Trânsito Brasileiro 
· Código de Trânsito Brasileiro 
· Capítulo XIX do Código de Trânsito Brasileiro - Lei 9.503/97 
· 2 Seções - Disposições gerais (seção I) e Crimes em espécie (seção II).
· Disposições gerais - arts. 291 a 301; Crimes em espécie - arts. 302 a 312-B.
· VEÍCULO AUTOMOTOR - veículo a motor de propulsão a combustão, elétrica ou híbrida que circula por seus próprios meios e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas, compreendidos na definição os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico). (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) 
· - não inclui barcos e aeronaves (meios de transportes não abordados no CTB), nem bicicletas (propulsão humana) ou carroças (propulsão animal). 
· Vias terrestres urbanas e rurais - as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias (art. 2º do CTB). 
· Vias terrestres - as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo (par. único do art. 2º do CTB). 
· inclui-se no conceito de estabelecimentos privados de uso coletivo os estacionamentos de shoppings centers, clubes, supermercados. 
· Crimes de trânsito 
· Infração penal- crimes (pena de reclusão e detenção) e contravenções (pena de prisão simples ou de multa; Nélson Hungria - crime anão) (art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal). 
· No CTB, estipulam-se crimes, que têm por objeto a proteção de bens jurídicos específicos (crimes de trânsito). 
· A previsão destes crimes configuram um novo campo especializado do Direito Penal. 
· Normas aplicáveis 
· Aos crimes na direção de veículos automotores previstos no CTB aplicam-se subsidiariamente (art. 291): 
· a) as normas do Código Penal; b) do Código de Processo Penal; e c) Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais) 
· Lesão corporal culposa no trânsito 
· Conceito de crime culposo: O agente não deseja o resultado nem assume o risco de produzi-lo, mas a ele dá causa por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, II, do Código Penal). 
· 3 modalidades de culpa: 
· imprudência - ação descuidada. Ex: dirigir em excesso de velocidade e atropelar uma pessoa. 
· negligência- omissão por descuido. Ex: dirigir sem olhar para a rua e atropelar uma pessoa. 
· imperícia- falta de habilidade técnica. Ex: não saber dirigir um carro e em função disto atropelar uma pessoa. 
· Regras sobre crime de lesão corporal culposa no trânsito 
· Aplica-se a composição civil dos danos (art. 74 da Lei 9.099/95), a transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95) e a necessidade de representação para as lesões corporais leves e culposas (art. 88 da Lei 9.099/95), EXCETO SE: 
· A) AGENTE SOB INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL OU OUTRA SUBSTÂNCIA PSICOATIVA; 
· B) PARTICIPANDO DE CORRIDA NÃO AUTORIZADA; 
· C) TRANSITANDO EM VELOCIDADE SUPERIOR À MÁXIMA PERMITIDA EM 50 KM/H.
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image2.pnge integração dos programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - viabilizar a ampla participação social na formulação, implementação e avaliação das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articulados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a família para a prevenção do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas, promovendo programas que priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - promover o acesso do usuário ou dependente de drogas a todos os serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade dos programas, ações e projetos das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento telefônico com orientações e informações para apoio aos usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de promover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o plano individual de atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - promover formas coletivas de organização para o trabalho, redes de economia solidária e o cooperativismo, como forma de promover autonomia ao usuário ou dependente de drogas egresso de tratamento ou acolhimento, observando-se as especificidades regionais; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
X - propor a formulação de políticas públicas que conduzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XI - articular as instâncias de saúde, assistência social e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XII - promover estudos e avaliação dos resultados das políticas sobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de 5 (cinco) anos a contar de sua aprovação.
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas.
Seção II
Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas, constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - colaborar com os órgãos governamentais no planejamento e na execução das políticas sobre drogas, visando à efetividade das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - propor a celebração de instrumentos de cooperação, visando à elaboração de programas, ações, atividades e projetos voltados à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - promover a realização de estudos, com o objetivo de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - propor políticas públicas que permitam a integração e a participação do usuário ou dependente de drogas no processo social, econômico, político e cultural no respectivo ente federado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - desenvolver outras atividades relacionadas às políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e com os respectivos planos.
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção.
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence;
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas;
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias;
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados;
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessidades específicas;
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares;
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
XII - a observância das orientações e normas emanadas do Conad;
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais específicas.
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. 
Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais.
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada.
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União e articuladas com os serviços de assistência social e em etapas que permitam: (Incluído pela Lei nº 13.840,de 2019)
I - articular a atenção com ações preventivas que atinjam toda a população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, baseados em evidências científicas, oferecendo atendimento individualizado ao usuário ou dependente de drogas com abordagem preventiva e, sempre que indicado, ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - preparar para a reinserção social e econômica, respeitando as habilidades e projetos individuais por meio de programas que articulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, cultura e acompanhamento individualizado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de forma articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de tratamento, em âmbito nacional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º A internação de dependentes de drogas somente será realizada em unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a existência de motivos que justifiquem a medida. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solicitante de que optou por este regime de tratamento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - seu término dar-se-á por determinação do médico responsável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - deve ser realizada após a formalização da decisão por médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término determinado pelo médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema informatizado único, na forma do regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico individual deverão observar, no que couber, o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elaboração e execução do projeto terapêutico individual a ser adotado, levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de drogas ou das pessoas com as quais convive. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das diversas fases do atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - atividades de integração e apoio à família; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o cumprimento do previsto no plano; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data do ingresso no atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as registradas no plano individual de atendimento são consideradas sigilosas.
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou dependente de drogas que visam à abstinência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por escrito, entendida como uma etapa transitória para a reinserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - ambiente residencial, propício à formação de vínculos, com a convivência entre os pares, atividades práticas de valor educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IV - avaliação médica prévia; (Incluído pelaLei nº 13.840, de 2019)
V - elaboração de plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou dependente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso em que deverão ser encaminhadas à rede de saúde. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
· Decreto 154 de 26 de junho de 1991. Promulga a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas. 
ARTIGO 3 
Delitos e Sanções
1 - Cada uma das Partes adotará as medidas necessárias para caracterizar como delitos penais em seu direito interno, quando cometidos internacionalmente: 
i) a produção, a fabricação, a extração, a preparação, a oferta para venda, a distribuição, a venda, a entrega em quaisquer condições, a corretagem, o envio, o envio em trânsito, o transporte, a importação ou a exportação de qualquer entorpecente ou substância psicotrópica, contra o disposto na Convenção de 1961 em sua forma emendada, ou na Convenção de 1971;
ii) o cultivo de sementes de ópio, do arbusto da coca ou da planta de cannabis, com o objetivo de produzir entorpecentes, contra o disposto na Convenção de 1961 em sua forma emendada;
iii) a posse ou aquisição de qualquer entorpecente ou substância psicotrópica com o objetivo de realizar qualquer uma das atividades enumeradas no item i) acima; 
iv) a fabricação, o transporte ou a distribuição de equipamento, material ou das substâncias enumeradas no Quadro I e no Quadro II, sabendo que serão utilizados para o cultivo, a produção ou a fabricação ilícita de entorpecentes ou substâncias psicotrópicas; 
v) a organização, a gestão ou o financiamento de um dos delitos enumerados nos itens i), ii), iii) ou iv);
i) a conversão ou a transferência de bens, com conhecimento de que tais bens são procedentes de algum ou alguns dos delitos estabelecidos no inciso a) deste parágrafo, ou da prática do delito ou delitos em questão, com o objetivo de ocultar ou encobrir a origem ilícita dos bens, ou de ajudar a qualquer pessoa que participe na prática do delito ou delitos em questão, para fugir das conseqüências jurídicas de seus atos; 
ii) a ocultação ou o encobrimento, da natureza, origem, localização, destino, movimentação ou propriedade verdadeira dos bens, sabendo que procedem de algum ou alguns dos delitos mencionados no inciso a) deste parágrafo ou de participação no delito ou delitos em questão;
c) de acordo com seus princípios constitucionais e com os conceitos fundamentais de seu ordenamento jurídico; 
1.1. a aquisição, posse ou utilização de bens, tendo conhecimento, no momento em que os recebe, de que tais bens procedem de algum ou alguns delitos mencionados no inciso a) deste parágrafo ou de ato de participação no delito ou delitos em questão; 
1.2. a posse de equipamentos ou materiais ou substâncias, enumeradas no Quadro I e no Quadro II, tendo conhecimento prévio de que são utilizados, ou serão utilizados, no cultivo, produção ou fabricação ilícitos de entorpecentes ou de substâncias psicotrópicas; 
1.3. instigar ou induzir publicamente outrem, por qualquer meio, a cometer alguns dos delitos mencionados neste Artigo ou a utilizar ilicitamente entorpecentes ou de substâncias psicotrópicas;
1.4. a participação em qualquer dos delitos mencionados neste Artigo, a associação e a confabulação para cometê-los, a tentativa de cometê-los e a assistência, a incitação, a facilitação ou o assessoramento para a prática do delito.
PORTARIA Nº 344, DE 12 DE MAIO DE 1998
· Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
· O Secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, no uso de suas atribuições e considerando a Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961 (Decreto n.º 54.216/64), a Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971 (Decreto n.º 79.388/77), a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988 (Decreto n.º 154/91), o Decreto-Lei n.º 891/38, o Decreto-Lei n.º 157/67, a Lei n.º 5.991/73, a Lei n.º 6.360/76, a Lei n.º 6.368/76, a Lei n.º 6.437/77, o Decreto n.º 74.170/74, o Decreto n.º 79.094/77, o Decreto n.º 78.992/76 e as Resoluções GMC n.º 24/98 e n.º 27/98, resolve:
LISTA E – plantas que podem originar substancias entorpecentes e/ou psicotrópicas
LISTAS F – substancias de uso proibido (proscrito) no Brasil
LISTA F1 - SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES
LISTA F2 - SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS LISTA 
F3 – OUTRAS SUBSTÂNCIAS
· Os crimes da lei de drogas são normais penais em branco heterogêneas – cujo complemento está em norma inferior.
Porte de drogas para uso próprio
· Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
· Crime, contravenção ou infração penal sui generis? Tem apenas penas restritivas de direito. É crime segundo o STF. Retirada da possibilidade de prisão – descarcerização.
·  Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
· Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
Prazo: 5 meses (primários) – 10 meses (reincidentes)
	Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá: 
· à natureza; 
· à quantidade da substância apreendida; 
· ao local e às condições em que se desenvolveu a ação 
· às circunstâncias sociais e pessoais 
· bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
· § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. 
· § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
· § 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
· § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal; 
II – multa (creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas).
· § 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
· Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
· Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nosarts. 107 e seguintes do Código Penal.
· Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. 
· A lei antiga aplicava pena de 3 a 15 anos – nova lei 5 a 15 anos – contudo a nova lei previu a redução do §4º - não pode aplicar apenas o parágrafo - combinando as leis – criando uma nova lei (lex tertia)
Crimes e penas relativas ao tráfico de drogas
Tráfico de drogas:
· Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multa.
· § 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Tráfico privilegiado (pequeno traficante): (lembrar que não é considerado crime equiparado a hediondo)
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
O que são bons antecedentes? O correto é ausência de antecedentes. 
· Tema/Repetitivo 1139, STJ: É vedada a utilização de inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do art. 33, § 4.º, da Lei n. 11.343/06.
Participação no Uso: induzir e instigar fica no campo psicológico e auxiliar no campo material. 
· § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa de 100 a 300 dias-multa.
Uso compartilhado:
· § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de 700 a 1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
Petrechos para o tráfico: é autônomo em relação ao crime de tráfico. Para punir de forma autônoma - não consegue prova do tráfico ou consegue separar em momentos diversos os petrechos do tráfico.
· Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 1.200 a 2.000 dias-multa
Associação para o tráfico: o vínculo deve ser estável e permanente.
· Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Financiamento do tráfico:
· Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a 4.000 dias-multa.
Informante:
· Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de 300 a 700 dias-multa.
Prescrição ou aplicação culposa:
· Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de 50 a 200 dias-multa. Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
Condução sob efeito: crime de perigo concreto
· Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 a 400 dias-multa. 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dias-multa, se o veículo for de transporte coletivo de passageiros.
Causas de aumento de pena:
· Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
Tema/Repetitivo 1052, STJ: Para ensejar a aplicação de causa de aumento de pena prevista no art. 40, VI, da Lei n. 11.343/2006 ou a condenação pela prática do crime previsto no art. 244-B da Lei n. 8.069/1990, a qualificação do menor, constante do boletim de ocorrência, deve trazer dados indicativos de consulta a documento hábil - como o número do documento de identidade, do CPF ou de outro registro formal, tal como a certidão de nascimento.
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime
· Súmula 607, STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.
Colaboração premiada:
· Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá penareduzida de um terço a dois terços.
Aplicação da pena:
· Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.
· STF, TEMA 712 - Possibilidade, em caso de condenação pelo delito de tráfico de drogas, de valoração da quantidade e da natureza da droga apreendida, tanto para a fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006. 
· As circunstâncias da natureza e da quantidade da droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas em uma das fases do cálculo da pena.
· Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 vezes o maior salário-mínimo. 
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
Excludente de culpabilidade: 
· Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
· Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Consequências da condenação:
· Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com competência específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
Procedimento penal:
· Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.
· Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.
· § 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
· § 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor. ]
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
· Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal. 
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. (Procedimento sumaríssimo).
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conveniente, e em seguida liberado. 
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 (transação penal) da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
· Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999.
Da investigação:
· Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. (o perito que participa do laudo provisório não está impedido de elaborar o laudo definitivo).
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (destruição de drogas depende da determinação do Juiz – das plantas pode ser o delegado).
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. 
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas.
· Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 dias contados da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
	Tipo
	Prazo da destruição
	Quem determina
	Plantação
	imediata
	Delegado
	Droga com flagrante 
	15 dias
	Juiz
	Droga sem flagrante 
	30 dias
	Juiz
· Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
· Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias

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