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Liberdade de Locomoção

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Conceito da Liberdade de Locomoção
A liberdade de locomoção é um direito fundamental de primeira geração que se pode valer o cidadão, em defesa da arbitrariedade do Estado no direito de ingressar, retirar-se, permanecer e se locomover no território brasileiro. Este direito encontra-se sobre a égide do art. 5º, XV, da Constituição Federal de 1988. 
	Consoante o inciso XV do referido artigo: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
	Proveniente do direito de liberdade (conceito mais abrangente), não pode ser restringido de forma arbitrária pelo Estado, de forma que o devido processo legal deve ser respeitado para que haja a privação deste direito.
O devido processo legal é um princípio explicito na magna carta, cujo objetivo é a criação de procedimentos no que tange às relações jurídicas, para que sejam cumpridas de maneira lógica e justa. Oferecendo aos governados, destarte, uma segurança jurídica quanto aos seus direitos, garantia que se denota no art. 5º, LIV. 
Consoante o art. 93, IX, da Constituição Federal: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”, garantindo, desta maneira, a delimitação da ação do Estado.
A liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz, contém o direito de ir e vir (viajar e migrar) e de ficar e de permanecer, sem necessidade de autorização. Assim, todos podem locomover-se livremente nas ruas, nas praças, nos lugares públicos, sem preocupação de serem privados de sua liberdade de locomoção.
Pode-se concluir, conforme Alexandre Moraes, que a liberdade de locomoção engloba quatro situações:
· Direito de acesse e ingresso no território nacional;
· Direito de saída do território nacional;
· Direito de permanência no território nacional;
· Direito de deslocamento dentro do território nacional
O direito de locomoção abrande tanto os brasileiros como os estrangeiros, sejam residentes ou não residentes no território nacional.
Alexandre Moraes nos ensina tratar-se de norma constitucional de eficácia contida, cuja lei ordinária onde delimita a amplitude, por meio de requisitos de forma e fundo, nunca obviamente, de previsões arbitrárias. Assim, poderá o legislador ordinário estabelecer restrições referentes ao ingresso, saída, circulação interna de pessoas e patrimônio. 
Liberdade de locomoção, não é apenas ir e vir, mas também permanecer. Não é possível restringir a aplicação do artigo 5º, para quem for. É livre a locomoção para qualquer pessoa, ir, vir ou permanecer.
Evolução Constitucional
A Constituição da Nação Portuguesa de 1822, como, aliás, a maioria das Cartas Políticas escritas e promulgadas no Século XIX sob a influência da Revolução Francesa, dedicou sua 1ª Seção aos direitos individuais dos cidadãos. Para delimitá-los, em seu art. 2º definiu a palavra liberdade "como a faculdade que compete a cada um de fazer tudo o que a lei não proíbe, enquanto que a conservação dessa liberdade depende da exata observância das leis". Esse conceito, apesar de ter sido redigido há cerca de 180 anos, continua atual, porque, ainda hoje, a única limitação que se permite seja imposta à liberdade individual é aquela decorrente da lei.
Nossa primeira Constituição, outorgada em 25 de março de 1824, seguiu a mesma linha da Constituição portuguesa de 1822 e dedicou o Título VIII à garantia dos direitos civis e políticos do cidadão brasileiro, e, ainda que não tenha previsto, de forma expressa, a garantia de locomoção, ela está implícita no art. 178 e seus 35 itens.
O direito de locomoção foi expressamente garantido pela primeira Constituição Republicana, por dispositivo com a seguinte redação: "Em tempo de paz, qualquer pessoa pode entrar em território nacional ou dele sair, com sua fortuna e bens, quando e como lhe convier, independentemente de passaporte" (§ 10 do art. 72). A Constituição de 1934 repetiu a garantia, ressalvando a exigência de passaporte. A Carta de 1937, no art. 122, II, garantiu apenas aos brasileiros o direito de circulação em território nacional, silenciando em relação aos estrangeiros. Já a Constituição de 1946, no art. 142, assegurou o direito de circulação a qualquer pessoa (nacional ou estrangeira), respeitados os limites da lei. Para Carlos Maximiliano, esse preceito constitucional tornava ampla, extensiva aos não-residentes no País, a liberdade de locomoção, embora não fosse absoluta, porque limitada pela lei. A Emenda Constitucional nº 1/69 conservou a garantia de locomoção em seu art. 153, § 26.
A Liberdade de ir e vir e a Constituição Federal de 1988 e suas limitações
Na Constituição em vigor, a liberdade de locomoção está garantida pelo inciso XV do art. 5º, que assim dispõe: "É livre a locomoção no Território Nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens".
Ao comentar esse dispositivo constitucional, J. Cretella Júnior destaca que a locomoção apresenta quatro aspectos: um neutro, o direito de permanecer; três positivos, direito de deslocamento, a pé ou por veículos dentro do território nacional, o de sair e o de entrar no território nacional. É o chamado direito de ir e vir. Essa regra constitucional aplica-se tanto aos brasileiros (natos ou naturalizados) como aos estrangeiros, para esses sendo exigido, para circular em território nacional, passaporte, que "é um documento de identificação para efeito internacional", a que o brasileiro tem direito de obter, a fim de poder circular por países estrangeiros que o exigirem. Os estrangeiros radicados no país podem circular sem passaporte, desde que munidos de documento especial fornecido pelas autoridades brasileiras.
Para José Afonso da Silva, "direito à circulação é manifestação característica da liberdade de locomoção: direito de ir, vir, ficar, parar, estacionar. O direito de circulação (ou liberdade de circulação) consiste na faculdade de deslocar-se de um ponto para outro pela a via pública ou afetada ao uso público. Em tal caso, a utilização da via 'não constituirá uma mera possibilidade, mas um poder legal exercitável erga omnes'".
Como deflui do próprio texto constitucional, o direito à liberdade de ir e vir não é absoluto, tendo em vista que está sujeito às limitações contidas no próprio dispositivo assecuratório, que se reporta à lei regulamentadora. Como ensina Fernando Ribeiro Montefusco: "O exercício da liberdade pode ser pleno e incondicional, mas não é absoluto, pois comporta restrições". Essas restrições, mesmo quando não forem explicitadas em determinado dispositivo garantidor da liberdade, são decorrentes do sistema adotado pela Constituição Federal, que, em seu Título II (que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais), dá ênfase à lei (inciso II), à licitude dos fins (inciso XVIII), à garantia da apreciação pelo Judiciário de toda a lesão ou ameaça a direito (inciso XXXV), ao devido processo legal (inciso LIV), à garantia do contraditório e da ampla defesa (inciso LV), que deverão ser considerados no exercício dos direitos assegurados pela Carta Política. Não será demais destacar que o próprio direito à vida, que é, sem dúvida, o supremo bem, não é garantido de forma absoluta, porque a proibição à pena de morte está excepcionada na letra a do inciso XLVII do art. 5º da Carta Política, no caso de guerra declarada.
O direito de ir e vir, como todos os direitos, tem, inicialmente, como limite natural o direito do outro. Não pode alguém, com base no direito de ir e vir e permanecer, por exemplo, obstar à passagem de quem também esteja exercendo sua liberdade de circulação. Além desse limite natural, indispensável à convivência social pacífica, estáesse direito limitado pela lei, consoante o que dispõe o dispositivo constitucional que o assegura. Como bem ponderam Sebastião Tavares de Lima e Diógenes Gasparini: "Em verdade, não há 'direito absoluto', ou exercício ilimitado de direito, no contexto social. Com efeito, o grupo, a grei, a sociedade, já ao nascer, gera, ipso facto, o seu próprio interesse, que transcende o 'querer' de cada indivíduo: é o 'interesse coletivo', o 'interesse social', o 'interesse público', que, em última análise, é o interesse comum aos membros da societas; e é por ser comum que se superpõe ao interesse individual".
Nos tempos atuais, parece certo afirmar que a interferência no ir e vir pode ser de natureza política e econômica. A instabilidade inerente à dinâmica política, especialmente quando se instalam regimes de exceção e/ou totalitários, afeta todos os direitos humanos e, especialmente, o de livre circulação. As limitações econômicas decorrem do ordenamento dos movimentos das massas, urbanos, interurbanos e rurais, sendo a mais recente a criação de mecanismos de natureza financeira específica, para sustentação do processo de ir e vir, como, por exemplo, a cobrança de pedágio.
Cobranças de Pedágios	
Pela de corrente privatização das estradas, muitos pedágios foram instaurados ao decorrer da extensão rodoviária brasileira. De acordo com o inciso V do art. 150, é legal ser tributado vias de locomoção de bens e pessoas, apesar de as rodovias serem de uso público e comum.
As vias públicas e as rodovias são bens públicos de uso comum (inciso I do art. 66 do CC). O fato de se tratar de bens públicos de uso comum não quer dizer que seu uso será sempre gratuito. A limitação, quanto à gratuidade, está contida no art. 68 do Código Civil Brasileiro, que dispõe que o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou remunerado, conforme o que for estabelecido pelas leis. Esses dispositivos do Código Civil estão em plena vigência, tendo em vista que foram recepcionados pela nova ordem constitucional. Portanto, como ensina Celso Bandeira de Mello, "... a circulação de veículos é livre, mas seus condutores, para fazê-lo, terão que pagar 'pedágio', caso estabelecido".
Apesar da Constituição estabelecer o direito de ir e vir, as restrições e limitações ainda estariam presente na literalidade de tal direito. Cabe ao cidadão estar conforme ao ordenamento jurídico e aos costumes, podendo exemplificar como a necessidade de andar sempre vestido quando utilizar as vias e locais públicos, como também custear os meios de transporte usados, como a passagem do ônibus ou o combustível de um automóvel.
Tendo em visto do uso do pedágio como renda para a manutenção das estradas e rodovias públicas, e a crescente necessidade de locomoção entre os pontos geográficos do nosso território, tal tributo torna-se um “mal necessário” e acaba por colocar circunstâncias ao direito de ir vir
Greves e manifestações públicas 
Atualmente, muitas situações de descontentamento das pessoas geram movimentos em busca de seus direitos constitucionais que muitas vezes estão sendo infringidos. 
Uma das formas mais conhecidas de resistência é o bloqueamento de vias públicas. Tal atitude visa atingir a autoridades políticas, tentando chamar a atenção à sua casa através de um ato de bastante evidência. Porém, consequente na busca por um direito através deste modo, retém-se o direito de ir e vir de muitas pessoas e acaba por direitos entrarem em conflito.
De acordo com o professor de Sociologia da Universidade de Brasília Brasilmar Nunes, apesar de ser uma manifestação legítima, não é uma atitude coletiva. “Tem que ter a consciência de que a vida em sociedade pressupõe ultrapassar o individualismo. Não pensar só em si. Afinal, estamos em uma democracia”.
HABEAS CORPUS
O direito de locomoção, em razão de sua fundamental importância tanto para o particular quanto para a coletividade, faz jus a uma tutela especial por parte do ordenamento jurídico, que é garantida através do remédio constitucional habeas corpus.
A expressão habeas corpus possui origem do latim e sua tradução literal demonstra a real conotação desse instituto que é “tomar o corpo”. Isto é, tomar a pessoa presa e a apresentar ao juiz, para que seja procedido o seu julgamento.
A atual Constituição Federal dispõe sobre o habeas corpus que: "conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder".
O habeas corpus é ação autônoma de impugnação, e não de natureza recursal, constituído através de previsão no Artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, tendo como objetivo evitar a prática de atos atentatórios à liberdade de locomoção ou restabelecê-la, quando ilegalmente violada ou ameaçada.
A ação de habeas corpus é simples, não exige forma prescrita, nem capacidade postulatória e sequer exige capacidade civil, podendo ser impetrado por menores de dezoito anos, deficientes mentais ou por qualquer portador de alguma outra incapacidade.
Dessa forma, os únicos elementos obrigatórios para a apreciação do habeas corpus são a menção ao impetrante, a autoridade coatora e ao paciente. 
O impetrante é aquele que propõe a ação, podendo ser qualquer pessoa física que se achar ameaçada de sofrer lesão a seu direito de locomoção, em benefício do paciente, que pode ser qualquer pessoa do povo. É possível ainda que a figura do impetrante seja a do paciente, no caso de a ação ser impetrada pelo próprio coacto.
É contra a autoridade coatora que se impetra o habeas corpus. No caso de prisão ilegal a autoridade coatora é o Delegado de Polícia e a competência de julgar será do Juiz de primeira instância. Caso o Juiz julgue improcedente o pedido, o próprio magistrado passa a ser a autoridade coatora, cabendo impugnação perante o Tribunal.
A Doutrina traz a classificação das espécies de habeas corpus; quais sejam: 
Habeas Corpus Preventivo
Quando há apenas ameaça ao direito de locomoção. Ou seja, a privação ainda não foi efetivada, mas, dadas as circunstâncias, sua imposição é iminente. Portanto, como a própria denominação evidencia, a impetração é anterior à privação à liberdade. Após a sua concessão, será expedido salvo-conduto, que terá o condão de impedir a prática da ilegalidade que conduziria a segregação da liberdade do paciente.
Habeas Corpus Repressivo
Também chamado de habeas corpus liberatório, será impetrado em face de coação ilegal ou abuso de poder, já praticados, portanto, a privação à liberdade já está materializada. Nessa hipótese, haverá a expedição de alvará de soltura com vistas ao restabelecimento da situação anterior.
REFERÊNCIAS
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo, Atlas: 2015.
GRECCO FILHO, VICENTE. Tutela constitucional das liberdades. São Paulo: Saraiva, 1989.
PACHECO, José Ernani de Carvalho. Habeas corpus. 7. ed. Curitiba: Juruá, 1998.
CASSALES, Luíza Dias. Direito de ir e vir. Disponível em: http://www.amdjus.com.br/doutrina/constitucional/18.htm. Acesso em: 18 nov. 2015.

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