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MICROBIO P2 BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS Giulia Arima 21.2 I. GENÉTICA BACTERIANA Profa. Keite 1. Cromossomo bacteriano ● Formato circular ● Contém os genes essenciais à sobrevivência ● A grande maioria das bactérias têm apenas UM cromossomo ○ Exemplo de exceção: Brucella ○ Antigamente acreditava-se que todas elas tinham apenas um 2. DNA Extracromossomal (Plasmídeos) ● Moléculas de DNA menores ● Replicam-se de forma autônoma, independente da replicação do cromossomo ○ Por quê? → Mesmo sem estar fazendo replicação, pode passar o plasmídeo para outra bactéria que não o tem por meio da conjugação ○ É uma das formas de ter variabilidade genética ● Presença de genes relacionados a/que conferem alguma vantagem seletiva ○ Capacidade de usar substratos diferentes para sua subsistência (ex. bactéria que só usa glicose no metabolismo recebe gene no plasmídeo que a torna capaz de utilizar frutose e sacarose também) ○ Maior capacidade de adesão → adesinas mais fortes ○ Resistência a desinfetantes, metais, microbianos... Conceitos > REPLICAÇÃO ● O DNA bacteriano é muito maior que a célula e portanto deve estar compactado, mas não há a presença de histonas como nos eucariotos ● Está compactado e entrelaçado em torno de si mesmo ● Durante a replicação, abre-se as duas fitas do DNA circular, formando a forquilha de replicação. DNA polimerase sintetiza as novas fitas, uma em cada sentido, e a forquilha vai "andando" ● Quando essa forquilha se abre, no entanto, o restante do DNA se enovela ainda mais → superenovelamento do DNA, em frente à forquilha ● Para solucionar esse problema, as bactérias possuem as enzimas topoisomerases e DNA girase ○ Impedem o superenovelamento ○ São alvo do medicamento quinolona, que irá inibir essas enzimas. Assim, elas não desfazem o enovelamento, o que impede a replicação do DNA, exterminando a bactéria (ver em Antimicrobianos e resistência) ○ Ao final da replicação, as duas moléculas de DNA estão juntas. Serão clivadas pela topoisomerase e depois conectadas por intermédio da DNA ligase (imagem abaixo) ● O fenômeno da replicação ocorre na divisão celular (reprodução assexuada) Tortora, Gerard, J. et al. Microbiologia. 12a edição. > TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO ● Regiões codificadoras transcritas de DNA para RNA, e depois de RNA para proteína ● Não há membrana nuclear no procarioto; o DNA não está separado dos demais componentes celulares ● As bactérias são capazes de produzir grande quantidade de proteína rapidamente, em casos de maior demanda, pois replicação e tradução são feitas simultaneamente ● Figura do Tortora (abaixo): fita de DNA sendo transcrito; ao mesmo tempo, ribossomos já se ligam ao RNA e sintetizando proteínas “Transcrição e tradução simultâneas em bactérias. Muitas moléculas de mRNA são sintetizadas simultaneamente. As moléculas mais longas de mRNA foram as primeiras a serem transcritas no promotor. Observe os ribossomos ligados ao mRNA recém formado. A micrografia mostra um polirribossomo (muitos ribosso- mos) em um único gene bacteriano.” > REGULAÇÃO ● Bactérias possuem muitos genes sujeitos à regulação ○ Expressos só quando a bactéria precisa ○ Os genes não-sujeitos à regulação são sempre expressos ● Os genes possuem uma região reguladora, que será transcrita pelo operador ● Genes de uma mesma via metabólica compartilham a região promotora, e estarão em elementos chamados de OPERONS ● Ou seja: o operon é uma região onde há vários genes que geralmente participam da mesma via metabólica, e portanto compartilham uma mesma região reguladora. Formado por um sítio para ligação da RNA polimerase, e um sítio para ligação do operador ● Em situação normal, o operador fica estacionado no sítio e impede FISICAMENTE a ação da RNA polimerase fazer transcrição. Quando o gene regulado é necessário, operador é deslocado, possibilitando a expressão daquela região gênica ● Também pode-se alterar a conformação do sítio em que o operador está, tornando-o incompatível, ao invés de deslocar a molécula ● É uma forma de “economia” da bactéria; como ela possui um único cromossomo contendo todos os genes, isso a poupa de precisar ter múltiplos reguladores. Além disso, poupa-a de expressar todas as proteínas e estruturas contidas no seu genoma ao mesmo tempo, expressando apenas quando necessário ● O operon pode estar tanto no cromossomo quanto no plasmídeo ● Os genes podem ser regulados por INDUÇÃO ou REPRESSÃO ● INDUÇÃO ○ O operador fica ligado antes da região onde a RNA polimerase se liga para fazer a transcrição. Quando há necessidade de expressão de determinado gene, o operador libera o sítio para a RNA polimerase encaixar e fazer transcrição ○ “Gene desligado, e na presença da substância indutora, ele é ligado e transcrito.” ○ Exemplo: Operon lac - na ausência de glicose, certas bactérias tornam-se capazes de obter energia pela lactose que existe no meio. A lactose do meio é detectada e a molécula de operador perde a afinidade pelo sítio, saindo do operon lac. Assim, deixa de inibir a transcrição, e os genes de moléculas necessárias à digestão de lactose são expressos ○ Betalactamases - na presença de betalactâmico há alteração do sítio do operon, permitindo a expressão de genes de betalactamases para digerir esse composto ● REPRESSÃO ○ Região que está sendo sempre transcrita, mas que em determinado momento para de ser expressa ○ Operon para produção de triptofano: triptofano é um aminoácido importante para a bactéria. Mas há excesso dele no meio, a bactéria não vê necessidade de produzi-lo (pois está disponível no meio), e "desliga" a expressão dos genes por meio da entrada do operador no sítio ● Genes de virulência bacterianos costumam estar em operons para serem regulados e expressos somente quando há necessidade ● Ilhas ou lócus de patogenicidade → os genes responsáveis pela patogênese estão todos espacialmente próximos no DNA bacteriano. Quando a bactéria for causar infecção, não vai precisar ativar um por um para causar a patogenia ○ Exemplo: Clostridioides difficile – faz parte da microbiota normal, geralmente em baixas qtdes. Na presença de antimicrobianos, esporula e sobrevive, diferente do restante da microbiota normal, o que elimina a competição e fornece condições para ele se multiplicar. Ativa quórum sensing, e ao chegar na fase exponencial de crescimento, ativa a expressão de toxinas que causam diarreia ○ Também há uma proteína de membrana que ajuda na entrada de toxinas na célula, que é ativada. Assim, os genes dessas três estruturas (as duastoxinas e a proteína) compartilham uma região Tortora, Gerard, J. et al. Microbiologia. 12a edição. Desenho do quadro da profa. Keite – estrutura do operon > VARIABILIDADE GENÉTICA ● Importante para manutenção da espécie ● E. coli: diferentes cepas possuem resistência a diferentes microbianos ● A variedade genética é garantida por mecanismos de recombinação; se adaptam ao meio ao longo de sua evolução, “ganhando e perdendo” DNA ● Mycobacterium leprae: é tão adaptada ao seu hospedeiro que não é capaz de sobreviver ou se reproduzir fora da célula humana ● Há três mecanismos de TRANSFERÊNCIA HORIZONTAL usados pelas bactérias para obter variabilidade genética 1. Transdução ● A aquisição do gene pela bactéria é mediada por um vírus bacteriófago ● Vírus infecta bactéria e coloca seu material genético no dela, para que ela replique ● As proteínas originadas disso serão usadas na montagem de novos vírus ● Às vezes, pequenos fragmentos de DNA bacteriano ficam juntos na hora da replicação; quando o vírus for para a próxima bactéria, ele leva um "pedacinho" da bactéria infectada anterior juntamente com seu próprio genoma. Isso é a transdução. 2. Transformação ● Bactéria morreu e o seu material genético fica suspenso em solução ("DNA nu") ● Outra bactéria capta esses fragmentos de DNA e insere no seu próprio genoma ● Não tem mediador 3. Conjugação ● Ocorre no plasmídeo ● Bactéria consegue transmitir o plasmídeo mesmo sem replicar para várias outras bactérias, inclusive de espécies e gênerosHBV, HSV, VZV, CMV, influenza, etc ○ Nenhuma é viricida, são virustáticas; buscam estacionar a replicação do vírus. A partir do momento que deixam de ser administradas o vírus volta a se replicar ○ Maioria das medicações desenvolvidas são antirretrovirais. Isso ocorre porque quanto maior o número de pessoas infectadas em países desenvolvidos/não-tropicais, mais recursos estão disponíveis contra a doença, e HIV/AIDS foi uma epidemia significativa no primeiro mundo ○ Quanto mais se sabe sobre a biologia do vírus, mais fácil desenvolver a droga ● AZT - droga inibidora nucleosídica da transcriptase reversa (TR). Sua estrutura lembra o nucleosídeo TIMIDINA ○ HIV entra na célula, faz transcrição reversa e se integra ao material genético. Timina presente no DNA normal tem hidroxila com par de elétrons livres ○ AZT possui grupamento N3 ao invés do par de elétrons livres; quando AZT está em circulação, é ativado, sofre fosforilação e é inserido no DNA nascente no lugar da timina ○ Não ocorre ataque nucleofílico na base seguinte devido à falta dos elétrons livres, e impede a continuidade da replicação ○ Depois de dois anos, no entanto, os pacientes se tornavam resistentes à droga, pois os vírus sofriam mutações. Se ocorre mutação no sítio catalítico em que AZT se insere, o vírus não responde mais à droga ○ Para combater a resistência entram inibidores não-nucleosídicos da TR ● Inserem-se em regiões alostéricas da enzima transcriptase reversa, que é um sítio distante do sítio catalítico, mas que ao receberem certos ligantes mudam a conformação da proteína ● Exemplos: Rescriptor, viramune ● Uso de coquetel (várias drogas simultaneamente): caso o vírus desenvolva resistência a um fármaco, já haverá outro antiviral com outro mecanismo. É muito difícil que o vírus seja resistente a todos os antivirais ● Após um tempo de uso a carga viral se torna indetectável, diminui drasticamente a replicação do vírus e consequentemente a sua taxa de mutação também. Dificilmente os indivíduos infectados transmitem o vŕus ● Deve haver ação combinada do fármaco e do sistema imune ● Paciente crônico não consegue eliminar o vírus apenas pelo antiviral, pois as céls do sistema imune já estão infectadas e não contribuem com a ação do fármaco ● Para alguém que acaba de ser exposto, deve-se administrar o antiviral dentro de 72h. Irá impedir a replicação, e quando as células já infectadas morrerem, a pessoa estará livre do vírus ○ Profilaxia pós-exposição e pré-exposiçãoque não os próprios ● "Doação" de plasmídeos ● Mecanismos de resistência bacterianos são transmitidos para outras bactérias com velocidade muito maior por esse método que por outros ● Gram-negativos são muito eficazes nisso, principalmente enterobactérias ● Klebsiella pneumoniae: conhecida por ser um “reservatório de plasmídeos” Observações: ● Transdução e conjugação: o fragmento de DNA que vai junto com o vírus ou está em solução contém genes ao acaso. É aleatório e as bactérias fazem isso o tempo todo, podendo ou não ter a “sorte” de adquirir algo que lhe dará vantagem. O gene que adquirirem pode ser, por exemplo, um fragmento não-codificante ● Já na conjugação, não é tão ao acaso; as bactérias "moldam" o plasmídeo, descartando aqueles dos quais não necessita e mantendo os relevantes ● No plasmídeo pode haver grandes quantidades de genes de virulência e resistência → dispersão rápida de genes de resistência ● Uso indiscriminado de antimicrobianos leva à resistência pois faz PRESSÃO SELETIVA. Ficam vivos somente os exemplares com os genes de resistência (multirresistentes), dominando todos os nichos ecológicos ● Região de alta recombinação: presentes em alguns plasmídeos, conseguem se inserir no cromossomo. Quando o plasmídeo é transmitido para outra bactéria, ele “leva junto” um fragmento do cromossomo ● Elementos genéticos móveis (MGR)→ genes saltadores, transposons, integrons... possuem enzimas responsáveis pela recombinação. Regiões gênicas dos cromossomos e plasmídeos que "saltam" do cromossomo para o plasmídeo e vice-versa. Mais comum que a região de alta recombinação ══════════════════ II. ANTIMICROBIANOS E RESISTÊNCIA Profa. Keite Classificação ● Antibióticos: produzidos por micro-organismos, como Streptomyces, Penicillium e Cephalosporium ● Quimioterápicos: obtidos por via sintética ○ Espectro de ação microbiana (Brock): “Cada agente quimioterápico antimicrobiano afeta um grupo limitado e bem definido de micro-organismos. Alguns poucos agentes são muito específicos e afetam o crescimento de apenas um único gênero. Por exemplo, a isoniazida afeta somente organismos do gênero Mycobacterium.” ● Semissintéticos: produzidos total ou parcialmente por micro-organismos e modificados por via sintética Mecanismo de ação ● Os agentes são classificados de acordo com suas estruturas-alvo na célula bacteriana ● Inibidores de síntese de parede celular → beta lactâmicos e glicopeptídeos ● Agem na membrana celular, desestruturando os lipídios e causando perda de componente celular → polimixinas, daptomicina ● Inibidores de síntese proteica → tetraciclinas, estreptomicina, mupirocina, eritromicina, etc ○ Interagem com as regiões ribossomais 30S, 50S, ou RNAr ou RNAt (estruturas envolvidas na síntese proteica) ● Inibidores da síntese de DNA → quinolonas, novobiocina ● Inibidores da síntese do ácido fólico (o que inibe a síntese de purinas do DNA) → sulfonamidas e trimetoprima Microbiologia de Brock, 14a Ed (2016) Mecanismos de resistência 1. Mecanismos que reduzem a concentração do antimicrobiano dentro da bactéria ○ Redução da permeabilidade → fármaco não consegue entrar na célula ○ Aumento do efluxo → antimicrobiano é jogado para fora da célula ○ Enzimas que degradam/hidrolisam ou modificam a molécula, alterando a sua conformação e fazendo perder a afinidade com o alvo 2. Mecanismos que inibem a ligação ao sítio no alvo ○ Alteram afinidade ○ Alvo é alterado, continua executando a sua função mas antimicrobiano não se liga mais BETA-LACTÂMICOS ● Antimicrobiano mais utilizado ● Age na síntese do peptideoglicano da parede celular ● Sua toxicidade ao organismo humano é muito baixa, já que as céls do organismo não têm peptideoglicano ● Molécula versátil; com pequenas modificações, pode-se mudar o seu espectro de atividade (grupo bacteriano contra o qual o antimicrobiano consegue agir) ○ Amplo espectro: age contra bactérias Gram positivas e Gram negativas ● Mecanismo de ação ○ Substratos da síntese de peptideoglicano: NAG, NAM, peptídeos ○ PBPs ("penicillin binding proteins”, proteínas ligantes de penicilina) ligam açúcar com açúcar e peptídeo com peptídeo. Junta as unidades, fazendo com que a parede celular seja rígida ○ Esses processos são chamados de transglicosilação (ligação açúcar com açúcar) e transpeptidação (ligação peptídeo com peptídeo) ○ Beta lactâmico se liga à região da PBP que faz as ligações de transpeptidação ○ Parede celular fica "frouxa", pois não há coesão das moléculas; desestruturação da parede e subunidades soltas ○ Bactéria detecta o problema e faz autólise (ativação de mecanismos de proteção – autolisinas) ○ Logo, além de inibir o crescimento bacteriano, é um fármaco bacteriófago ● Classes de beta-lactâmicos: Penicilinas, cefalosporinas, carbapenens, monobactâmicos ○ Diferença entre elas está no anel ○ Cefalosporinas: possuem múltiplas gerações ■ 1a geração: atuação sobre Gram positivas e algumas Gram negativas ■ 2a geração: maior atuação em Gram negativas ■ 3a geração: Gram positivas e Gram negativas (ainda mais potentes). Aqui se desenvolveu a resistência à betalactamase ■ 4a geração: Gram positivas e Gram negativas, incluindo Pseudomonas ○ Monobactâmicos: formado apenas pelo anel beta-lactâmico ligado a longas cadeias laterais. Exerce ação sobre Gram-negativas aeróbias. No Brasil, o único disponível é o aztreonam ○ Carbapenens: possuem amplo espectro de ação, e são estáveis à maioria das betalactamases. Agem sobre cocos Gram-positivos e negativos (exceto alguns bacilos não-fermentadores) ● Mecanismos de resistência ○ Betalactamases: enzimas bacterianas que degradam o anel beta-lactâmico do antimicrobiano. Perde a afinidade pela PBP e deixa de ter atividade inibidora ○ As betalactamases são codificadas pelo gene BLA, que é um gene regulado; fica na forma reprimida, e quando necessário, a bactéria tem mecanismos que possibilitam a sua expressão. Apenas produz betalactamase quando na presença do betalactâmico ○ Exemplos de betalactamases: ■ Penicilinases (S. aureus, Enterococcus faecalis, Neisseria sp., Haemophilus sp.) ■ Cefalosporinases (BGN) ■ Amplo espectro/espectro estendido (degradam penicilinas e cefalosporinas) ■ Carbapenemases (BGN) ○ Alteração de alvo ○ Quando a bactéria altera o alvo do betalactâmico (no caso, o PBP), impedindo o mecanismo que a mataria ○ Ocorre com maior frequência em Gram positivas, principalmente S. aureus ○ Porção transpeptidase da PBP (sítio ativo do betalactâmico) ○ Gene MEC adquirido pelo Staphylococcus → codifica uma PBP mutante (PBP2A), de forma que o beta lactâmico não se liga à PBP. Não ocorre morte da bactéria ■ Em condições normais, a bactéria terá sempre um pouco de cada tipo de PBP. Diante da inibição pelo betalactâmico, ela aumentará a expressão de PBP2A, que é a única que não é bloqueada pelo antimicrobiano ● A alteração de alvo confere resistência a TODOS os betalactâmicos ● MRSA: S. aureus resistente à meticilina. Muito comum em hospitais Outros inibidores da síntese do peptidoglicano ● Cicloserina e fosfomicina ○ Interferem nas reações que produzem NAG (N-acetilglicosamina) e NAM (ácido N-acetilmurâmico) ● Bacitracina ○ Impede desfosforilação do bactoprenol, lipídio da membrana plasmática utilizado nas reações que originam a parede celular ○ Ativa contra organismos Gram-positivos ● Vancomicina ○ Liga-se ao tetrapeptídeo D-Ala-D-Ala, e impede a transpeptidação Slide da profa. Camila GLICOPEPTÍDEOS ● Agem na síntese de parede celular, na reação de transpeptidação ● Liga-se à subunidade proteica (peptídeo), sendo que ela não consegue mais fazer a transpeptidação e se unir às demais subunidades ● Inibição da síntese de parede celular ● Toxicidade mais alta que a do betalactâmico ● Só age em Gram positivos ● Ex: vancomicina ● Mecanismos de resistência ○ No Staphylococcus (VRSA) ou Enterococcus resistente (VRE) → adquirem o gene Van, que altera a subunidade. Sua estrutura deixa de ser alanina-alanina, antimicrobiano não se liga mais e a parede vai ser produzida normalmente○ Excesso de subunidade → bactérias sintetizam uma grande quantidade de subunidades, de forma que mesmo que a vancomicina se ligue com sucesso, ainda sobram subunidades livres o suficiente para compor a parede celular. Não é uma resistência plena, mas restam bactérias vivas o suficiente para caracterizar falha terapêutica → Betalactâmicos e glicopeptídeos não agem em bactérias que não possuem parede celular, como o Mycoplasma LIPOPEPTÍDEOS ● Tem afinidade pelo LIPÍDIO da membrana bacteriana ● Possui carga e se liga ao cálcio da membrana, intercalando-se com os fosfolipídeos. Em seguida, faz OLIGOMERIZAÇÃO (junta várias moléculas, gerando um polímero e um “buraco” na membrana). Entra pelo buraco, extravasam componentes bacterianos (efluxo de íons), levando à morte do micro-organismo ● Despolarização → inibição da síntese de proteínas → altera DNA e RNA → extravasamento de conteúdo citoplasmático ● Exemplo: Daptomicina ● Mecanismo de resistência ○ Bactéria altera a carga da sua membrana ○ O antimicrobiano depende de uma carga que se ligue à porção negativa dos lipídios; ao adicionar radicais com carga nos fosfolipídios, diminui a afinidade por daptomicina ○ Reduz afinidade pelo alvo devido à carga OXAZOLIDINONAS ● Liga-se à região 23S do ribossomo, impedindo a ligação do RNAt com o aminoácido e inibindo portanto síntese proteica ● Só age em Gram positivas; não é capaz de penetrar na membrana externa das bactérias Gram negativas ● Mecanismo de resistência ○ A resistência à linezolida é rara ○ Relacionada à alteração da região 23S, com diminuição da afinidade ● Ex: linezolida MACROLÍDEOS E LINCOSAMIDAS ● Agem na síntese proteica, durante a síntese do peptídeo ● Ligam-se irreversivelmente à subunidade ribossômica 50S ● Agentes bacteriostáticos, podendo ser bactericidas em dosagens mais elevadas ● Seletividade parcial do ribossomo (pois os ribossomos bacterianos são diferentes dos humanos), reduzindo a potencial toxicidade ● Mecanismo de resistência ○ Metilação ribossomal, ou seja, metilação do alvo ○ Enzima metilase (adenil-n-metiltransferase) insere um radical metila no sítio da porção ribossomal que é alvo dos macrolídeos e lincosaminas ○ Faz resistência cruzada a três tipos de microbiano ○ Barreira física para a ligação do antibiótico com o alvo ● Também existem mecanismos de resistência que modificam a estrutura do microbiano AMINOGLICOSÍDEOS ● Substâncias hidrofílicas formadas por dois ou mais amino-açúcares que se ligam através de uma ponte glicosídica ao núcleo aminocicliol (radicais amino em um ciclo) ● Inibidores de síntese proteica ● Bom espectro de atividade → afeta Gram positivas, Gram negativas, bactérias intracelulares, etc ● Toxicidade maior ● Dois tipos: estreptidina e 2-deoxistreptamina ● Amicacina, gentamicina, tobramicina ● Mecanismo de ação ○ Ligam-se na porção 30s do ribossomo, inibindo síntese proteica ○ Pode não sintetizar nenhuma proteína ou causar a síntese de proteínas defeituosas, que quando inseridas na membrana criam poros ○ Aumenta a entrada de mais antimicrobiano, além de causar danos que levam à morte microbiana ○ "Para de produzir a proteína na metade" ● Mecanismos de resistência ○ Aumento do efluxo ○ Redução da permeabilidade ○ Alteração do ribossomo (metilação ribossomal) por R-metiltransferase. O gene da metiltransferase está associado também a genes de resistência a betalactâmico ○ Modificação do aminoglicosídeo (enzima modificadora de aminoglicosídeo -AME). Podem ser de três tipos: acetiltransferases, adeniltransferases e fosfotransferases. Diminuem a afinidade pelo alvo, que é o ribossomo, impedindo o encaixe pela inserção de radicais diferentes → Metilases frequentemente ficam no mesmo plasmídeo que genes de resistência a betalactâmico Tortora, Gerard, J. et al. Microbiologia. 12a edição. QUINOLONAS ● Agem na síntese do DNA ● Grande variedade de moléculas ● Agem em Gram positivas e Gram negativas (diferentes subtipos serão mais efetivos para cada Gram), dependendo dos patógenos e sua concentração no sítio de infecção ● Bom espectro de atividade ● Taxa de resistência muito alta; deixou de ser a primeira escolha de tratamento (terapia empírica) para muitas infecções ● Mecanismo de ação ○ Inibem as TOPOISOMERASES, enzimas responsáveis por desfazer a torção da molécula de DNA (fazem cortes na fita e juntam da forma certa) ○ Começa a ocorrer danos no DNA; é ativado o sistema SOS da bactéria que leva à sua autólise ● Mecanismo de resistência ○ Mutação no sítio-alvo → É um mecanismo lento, que depende do acúmulo de diversas mutações ao longo do tempo, tornando-o o menos eficiente para a bactéria ○ Alteração de permeabilidade do antibiótico (reduzir entrada e aumentar saída) ○ Adquiridos por plasmídeo: enzima modificadora de aminoglicosídeo que adquiriu a habilidade de alterar a quinolona também + bombas de efluxo adicionais por meio de expressão gênica Obs: aparentemente a DNA girase é um tipo de topoisomerase (topoisomerase II). Nos slides da profa. Camila consta que as quinolonas inibem DNA girase, enquanto em aula a profa. Keite menciona apenas o nome “topoisomerase”. Pelo SanarMed: “As quinolonas atuam inibindo a ação das subunidades “A” da topoisomerase II nas bactérias gram-negativas. Já nos estafilococos e pneumococos, o local primário de ação é a topoisomerase IV, e, a DNA-girase se torna um local secundário.” POLIMIXINA ● Ação sobre a membrana celular ● Maior atividade em Gram negativas, pois tem afinidade com a membrana externa ● Semelhança com detergentes catiônicos ● Toxicidade muito alta, especialmente aos rins (nefrotoxicidade) ● Aplicada a bactérias resistentes a carbapenêmicos; recentemente foi alterada a molécula para tentar diminuir a nefrotoxicidade. Hoje o uso é mais seguro ● Um dos mais utilizados em hospital, em casos de "falta de opção" ● Não deve ser usado sozinho em infecção grave, devendo ser associado a outro antimicrobiano ● Resistência a ela já é alta na população ● Mecanismo de ação ○ Insere-se na membrana externa (onde tem mais ação) e na membrana citoplasmática, onde se intercala ○ É uma molécula grande; ao ligar-se no lipídio, funciona como detergente, mudando a conformação dele e causando vazamento dos componentes citoplasmáticos ○ Tem carga positiva e se liga na carga negativa dos ácidos graxos ● Mecanismo de resistência ○ Alteração de carga dos ácidos graxos da MP ○ No LPS: modificação de carga, alterando a afinidade do antimicrobiano ■ Ausência de 2-hidroxilaurato, aumento no teor de palmitato A, presença de 4-aminoarabinose (carga positiva) e fosfoetanolamina (carga positiva) → Bactéria panresistente = resistente a tudo SULFONAMIDAS ● Agem inibindo síntese do ácido fólico/folato, que é usado na composição de aminoácidos e bases nitrogenadas da bactéria ● São antagonistas do metabolismo, atuando sobre o metabolismo intermediário ● Em casos de resistência: altera-se o antimicrobiano Slide da profa. Camila Outros ● Metronidazol – inibe o grupo nitro, que é receptor de elétrons, levando à liberação de compostos tóxicos e radicais livres que atuam no DNA bacteriano. ● Fluoroquinolonas – inibem topoisomerase IV ● Rifampicina – se liga à RNA polimerase, causando sua inativação. Uso indiscriminado de antimicrobianos > Leva a surgimento de linhagens resistentes > Limitações nas opções terapêuticas > Ameaça para a saúde pública Possíveis perguntas de prova segundo a Keite: Citar 2 mecanismos relacionados à alteração do alvo, alteração da molécula Quais alterações a bactéria pode fazer pra ficar resistente Off: Site interessante pra quem quiser se aprofundar nos conceitos. Encontrei enquanto editava o resumo e achei bom. https://profluiscarloscarvalho.comunidades.net/antibioticos3 ══════════════════ III. MICOBACTÉRIAS Profa. Keite (aula online) ● Mycobacterium tuberculosis: principal micobactéria patogênica Gênero Mycobacterium ● Ordem Actinomycetales, família Mycobacteriaceae https://profluiscarloscarvalho.comunidades.net/antibioticos3 ● Principais espécies: 130 espéciesconhecidas, a grande maioria saprófitas de solo e água e apenas algumas espécies patogênicas ao homem ● Todas as Mycobacterium são bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), propriedade relacionada ao grande conteúdo lipídico observado nas suas paredes celulares, composto principalmente por ácidos micólicos ● Ácidos micólicos contêm ácidos graxos com 70-90 carbonos na cadeia → longos e extremamente hidrofóbicos, fazendo com que sejam resistentes a várias substâncias como microbianos e corantes, além de conferir a álcool-ácido resistência ● Ou seja, após ser corada (durante um método como o Gram), não é capaz de ser descorada pelo álcool ● Possuem 61-71% mol de GC no DNA → maior parte do DNA é composto por guanina e citosina ● Bacilos aeróbios estritos, imóveis, não-formadores de esporos ● Medem de 0,2 a 0,6 de largura e 1ˆ10um de comprimento (bastante variável de acordo com a espécie) ● Não produzem toxinas e não possuem cápsula, ou seja, não possuem nenhum fator de virulência. Sua patogenicidade está relacionada à resposta do hospedeiro; sintomas, destruição tecidual, característica da infecção, estão todos relacionados à resposta do hospedeiro à presença da bactéria ● Agem de forma a evitar a fagocitose e causar destruição tecidual ● FATOR CORDA: Formam filamentos ramificados, sendo importantes na patogenicidade ● Principais componentes da parede celular: lipídios, proteínas e polissacarídeos Parede celular ● Não tem a composição nem de Gram positivas nem de Gram negativas. Isso também implica características únicas com relação à patogenicidade ● Camada estreita de peptideoglicano ligada à membrana plasmática ● Polissacarídeos e ácidos micólicos ligados ao peptideoglicano ● Lipoarabinomananos (LAM): moléculas que saem da MP e atravessam a parede celular, fazendo parte da sua composição ● Camada única de peptideoglicano, tal qual Gram positivas, mas o resto dos componentes é todo diferente ● 70% composta de lipídios (ácidos micólicos) ● Infecções crônicas; resistentes à fagocitose Slide da profa. Keite Doenças causadas por micobactérias ● Hanseníase (Mycobacterium leprae) ● Tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) ● Infecções pulmonares e/ou disseminadas em pacientes imunocomprometidos ou com doenças pulmonares crônicas (Complexo Mycobacterium avium) ● Síndrome semelhante à tuberculose pulmonar (Mycobacterium bovis e kansasii) ● Infecções cutâneas (Mycobacterium ulcerans e M. marinum – atípicas), principalmente relacionadas a traumas ou cirurgias (contaminação de instrumentos médicos) Tuberculose ● Principal infecção causada por Mycobacterium ● Doença infecciosa causada por algumas micobactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis, incluindo M. bovis, M. africanum e principalmente M. tuberculosis ● Previamente chamada de tísica, escrófula (atinge também os gânglios), doença de Pott/deformidade de Gibbous (atinge também os ossos) ● Mycobacterium tuberculosis ○ Patógeno intracelular de macrófagos; entra no organismo e é fagocitado, mas consegue sobreviver dentro dos macrófagos e parasitá-los ○ Estabelece infecção primária preferencialmente nos pulmões, e é onde a doença geralmente se desenvolve ○ Sua ação é regulada pelo sistema imune. Quando o sistema imune consegue regular a disseminação e replicação, condicionará o Mycobacterium a um estado de dormência (não morre, mas fica inativo) ○ Estudos genéticos mostram que ela pode apresentar alguns fatores de virulência (ex. fosfolipases, lipases, esterases, proteinases, que favorecem destruição de MP e vacúolos do macrófago), mas esses fatores ainda não foram relacionados à patogenicidade dessa bactéria ○ A maior parte dos sintomas são relacionados à resposta do hospedeiro ● Epidemiologia ○ Desde 1933 a tuberculose é considerada uma urgência pública global pela OMS ○ Estima-se que 1/3 da população já entrou em contato e foi infectada ou está infectada ○ 6 milhões de novos casos por ano, e 1-2 milhões de óbitos por ano (mundial) ○ Maior índice de mortalidade humana causada por um único agente infeccioso (a sepse, por exemplo, tem mortalidade maior, mas pode ser causada por múltiplos agentes diferentes) ○ 26% dessas mortes poderiam ter sido prevenidas, mas ocorreram porque o paciente não teve acesso ao tratamento, ou recebe diagnóstico tardio, ou não conclui o tratamento ○ Responsável por apx. 2% das mortes na Terra ○ Com a expansão do HIV nos anos 80, os índices de tuberculose (que estavam em queda) apresentaram uma ascensão, devido à imunossupressão trazida pelo HIV ○ "HIV alterou drasticamente a epidemiologia e a história natural da tuberculose" ○ Os pacientes imunodeprimidos por HIV costumam apresentar infecções oportunistas por bactérias atípicas: complexo M. avium, kansanii, fortuitum e chelonae, cujo tratamento é diferente daquele aplicado para M. tuberculosis ○ 51% dos pacientes com TB têm HIV. Na África, esse número é de 79% ○ Diagnóstico é difícil → intradermarreação. É injetado um derivado da parede celular da bactéria e observa se há resposta imunocelular. Em pacientes com HIV, essa resposta está prejudicada ○ O não-diagnóstico e não-tratamento favorece a seleção de bacilos resistentes nesses pacientes co-infectados. A mortalidade entre eles é maior que 80%, e ocorre com intervalo médio de 16 semanas entre o diagnóstico e óbito ○ "Mais maligna infecção oportunista associada ao HIV" ○ Países subdesenvolvidos concentram 95% dos casos e 98% dos óbitos, podendo a doença ser relacionada à qualidade de vida da população ○ Relacionado a questões socioeconômicas → mais casos onde há aglomerações, condições ruins de higiene e nutrição ○ A população em maior risco são os desabrigados, dependentes de álcool/drogas, presidiários e pacientes portadores de HIV ○ Dados nacionais ■ Brasil está na 17a posição em número de casos de TB ■ 25-30% da população está infectada (40 milhões de pessoas) ■ 70 mil casos novos e 4,6 mil mortes por ano ■ SP, RJ, BA, MG, RS ■ Importância de reduzir a disseminação → surge o projeto do Ministério da Saúde para melhorar o diagnóstico por meio do equipamento GeneXpert, que identifica rapidamente a doença, possibilitando o início precoce do tratamento ● Transmissão ○ Seres humanos são o único reservatório natural da doença ○ Disseminada pessoa-pessoa ○ Contágio pela inalação de gotículas respiratórias ○ Após serem inalados, os bacilos chegam aos alvéolos pulmonares ● Patologia ○ A bactéria é fagocitada nos alvéolos pulmonares ○ Em algumas pessoas, será totalmente destruída; ou pode sobreviver dentro dos macrófagos ○ A progressão é determinada pela quantidade de bactérias que foi inalada, pela multiplicação bacteriana (atividade, rapidez na proliferação) e pela resposta imune do hospedeiro ○ Ou seja: a produção e desenvolvimento da lesão e a cura ou progressão é determinada pelo inóculo e multiplicação bacteriana, ou pela resposta imune do hospedeiro ○ O sistema imune tenta isolar os patógenos, formando uma cápsula chamada de tubérculo (infecção latente/estado de dormência). Se há muita bactéria, elas podem gerar uma lesão produtiva e se propagar pelos outros alvéolos ○ Quando fazem isso, vai haver liquefação do tubérculo, formando o tubérculo com centro caseoso, que pode se romper e disseminar bactérias ao resto do pulmão ou na corrente sanguínea, de onde migrará para vários órgãos ○ Forma-se a lesão exsudativa (doença inflamatória aguda), que ainda assim pode evoluir para uma cura, ou para necrose/lesão produtiva Outra explicação: 1. Os bacilos da tuberculose são fagocitados pelos macrófagos, mas sobrevivem dentro deles 2. A resposta inflamatória leva mais células de defesa à área. As citocinas danificam a parede alveolar 3. Forma-se um tubérculo com o centro caseoso 4. Ruptura do tubérculo. As bactérias se espalham nas outras partes dos pulmões e em outros órgãos ● Disseminação dos micro-organismos a outros órgãos: por extensão direta, através de brônquios, canais linfáticos, corrente sanguínea, TGI (ao ser deglutida) ● Na primeira infecção, são atingidos principalmenteos nódulos linfáticos ● A localização intracelular da bactéria dificulta o tratamento. A maior parte dos microbianos não passa pela parede celular da bactéria, e ela ainda está dentro de outra célula Diagnóstico ● Deve ser adequado e precoce ● Amparado por: ○ Evidência radiográfica de doença pulmonar ○ Teste de reatividade de pele positivo (PPD ou intradermorreação) ○ Detecção laboratorial da micobactéria, por microscopia ou cultura (PADRÃO OURO) ● LTB - Intradermorreação ○ PPD (derivado proteico purificado) ou reação de Mantoux ○ É aplicada uma injeção intradérmica de tuberculina, proteína extraída da parede celular da bactéria ○ Após 72h, deve ser feita a leitura com uso de uma régua. A região de intumescimento maior que 10mm é considerada REATIVA; menor que 5mm é negativa; entre 5 e 10mm devem ser consultados outros critérios e fatores ○ Indica que há uma infecção latente (que a pessoa já teve contato/foi infectado por Mycobacterium) ○ Teste realizado antes de iniciar algum tratamento imunossupressor, pois ao suprimir o sistema imune a tuberculose em dormência pode se manifestar. Abre-se a possibilidade de usar um anti-tuberculostático antes do tratamento imunossupressor ● Microbiológico ○ Observação da bactéria por microscopia ou cultura ○ Padrão ouro ○ Indica infecção ATIVA (está causando infecção e se multiplicando naquele momento) ○ A amostra depende do sítio de infecção. Ex: se for tuberculose pulmonar, a amostra é o escarro. Para tuberculose renal pode ser usada urina, e do TGI pode-se usar fezes ou biópsia. Meningite usa-se líquor ○ Hanseníase → diagnóstico por linfa dos lóbulos auriculares e cotovelos, onde é possível visualizar os bacilos. Cora com Ziehl-Neelsen ○ Infecção atípica→ amostra é o abscesso ○ Baciloscopia: usa-se a pesquisa de BAAR (bacilo álcool-ácido resistente). Coloração de Ziehl-Neelsen, com fucsina. Descora-se com álcool-ácido, todas as outras estruturas vão descorar e só o bacilo da tuberculose permanece vermelho. Depois cora o fundo com azul de metileno ○ Ziehl-Neelsen é uma coloração a quente, precisa ser esquentado para o corante entrar na parede ○ Quando os BAAR estão um ao lado do outro, formam PALIÇADAS, características do M. tuberculosis ○ M. leprae forma globias (não ficam um do lado do outro) ○ Apresenta 40-60% de sensibilidade ○ Padronização de resultado dada em cruzes (+, ++, +++) pois pode ser usado para acompanhar o tratamento ● Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR) ○ Bactérias fastidiosas, que exigem meios enriquecidos para crescer ○ Primeiro meio descrito: Lowenstein-Jensen, feito com gema de ovo, que é rica em lipídios. Ainda é o meio mais usado, apesar de existirem outras alternativas ○ A velocidade de crescimento é variável ○ Maioria tem crescimento lento (tempo de geração dura 12-24h, ou seja, o tempo que leva pra uma bactéria se multiplicar em duas. A título de comparação, o Tg de E. coli é de 30 min) ○ Por isso leva no mínimo 3 semanas para poder se trabalhar com a cultura ○ No máximo se espera 8 semanas, se não crescer nada é porque é negativo ○ Colônia cerebriforme ○ Exceção: M. leprae não cresce em meio de cultura. Seu diagnóstico microbiológico é feito só por microscopia ● Cultura ○ Meios sólidos: Lowenstein-Jensen, Ogawa-Kudoh (tubo inclinado para aumentar superfície de crescimento bacteriano) ○ Meio líquido: Middlebrook 7H9 ○ A bactéria possui pigmento amarelo e cresce em aspecto cerebriforme ○ Quando ocorre crescimento, faz-se identificação do M. tuberculosis, e teste de sensibilidade aos tuberculostáticos ○ Quando há amostras que estão potencialmente contaminadas com microbiota do organismo, deve-se fazer descontaminação antes de semear, do contrário as bactérias da microbiota irão dominar o meio e não deixar a micobactéria crescer ○ Descontaminação: deixa a amostra durante alguns minutos em solução ácida ou alcalina, depois neutraliza a amostra e coloca em cultura. Isso elimina Tratamento ● Prolongado, com múltiplos fármacos ○ Devido às características do patógeno → habita ambientes diferentes (bactérias intra e extracelulares), com metabolismo lento e resistência natural ou adquirida ○ A maioria das substâncias anti-bacterianas agem no metabolismo, inibindo a replicação, síntese de parede e proteínas, etc. Como as bactérias têm metabolismo lento, as drogas também irão demorar mais para agir, explicando a necessidade do tratamento prolongado ○ Isso pode levar à resistência. Por isso devem-se usar múltiplos fármacos; a chance de uma mesma bactéria ter desenvolvido mais de uma mutação é mínima ● Drogas de primeira linha: bactericidas e de toxicidade mais baixa ○ Isoniazida, rifampicina, estreptomicina, etambutol, pirazinamida, fluoroquinolonas ● Drogas de segunda linha: bacteriostáticas, menos eficientes e mais tóxicas ○ Ácido para-amino salicílico, etionamida, cicloserina, etc ● O tratamento dura no mínimo 6 MESES ● Infecções em imunocomprometidos ou casos mais graves podem durar mais tempo Profilaxia ● Vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guerin) → M. bovis atenuado ● Usada desde 1948 ● Sua eficácia varia de 0-80% ● Eficaz na prevenção de meningite nas crianças (forma mais grave da doença), mas não em tuberculose pulmonar em adultos ● Com o tempo vai perdendo seu efeito ● Controle é realizado com diagnóstico e tratamento dos doentes ══════════════════ IV. MICOLOGIA Profa. Camila ● Estudo dos fungos ● Fungos são importantes patógenos ao humano; causam as MICOSES, podendo variar desde superficiais (não comprometem a saúde geral do indivíduo) até sistêmicas (ex. infecções pulmonares) ● Micoses se dão pela ação direta dos fungos no indivíduo ● Ação INDIRETA: Micoalergoses → alergia ao fungo ○ 300 espécies descritas como alérgenos ○ Rinite e sinusite alérgica ○ Rinosinusite crônica ● Outros exemplos de ação INDIRETA: ○ Micotoxicoses (ingestão das toxinas do fungo, e não o fungo em si) ○ Micetismo (ingestão do fungo em si, que é tóxico) ● Fungos fitopatogênicos: causadores de doenças em plantas ● São deteriorantes: decompõem matéria orgânica. Possuem grande variedade enzimática, sendo capazes de extrair matéria orgânica das mais variadas fontes ● Produção de agrotóxicos e fármacos ○ Penicilina → a partir de Penicillium chrysogenum notatum ○ Ciclosporina ● Alimentação: além de cogumelos, produtos dependentes da fermentação de leveduras ● Metabolização de queratina, celulose... Características gerais dos fungos ● Acumulam glicose na forma de glicogênio ● Parede celular composta de quitina ● Heterotróficos→ retiram do ambiente o substrato para sua subsistência e produção de energia ● IMPORTANTE: Metabolismo - absorção dos nutrientes do ambiente se dá APÓS A DIGESTÃO EXTRACELULAR. Liberam enzimas digestivas no substratos, e só absorvem quando as macromoléculas já foram quebradas em moléculas mais simples ● Células eucarióticas ● São mais parecidos com animais que com vegetais Organização somática dos fungos ● Leveduras ○ Unicelulares ○ Ao microscópio: algumas possuem brotamento, pois estão sofrendo divisão ● Filamentosos (bolor) ○ Multicelulares ○ Compostos por células tubulares (HIFAS) que se organizam em um tecido chamado MICÉLIO ○ Ao microscópio: aspecto de bolor ○ Hifas são muito maiores que a célula da levedura ○ O micélio é dividido em dois tipos ■ Vegetativo: hifas ficam imersas no substrato. Mais especializada na absorção e transporte de nutrientes para áreas do fungo que têm demanda energética. Gestão do substrato em que está imerso ■ Aéreo: hifas se projetam acima do nível de substrato. Sua principal função é se diferenciar em micélio reprodutivo, onde serão encontradas a maior parte das estruturas que possibilitam a reprodução do fungo ■ Em microscópio não há muitas diferenças estruturais ● Dimórficos ○ Apresentam-se ora como unicelulares, ora como multicelulares ○ Ao causar infecção, altera sua organização somática daquela em que era encontrado na natureza Estruturas da célula fúngica Não essenciais: ● Flagelo → nenhum fungo de interesse médico possui flagelos.Característicos de ambientes aquáticos ● Cápsula → polissacarídica, maior que a própria célula. Importante para a patogênese de algumas infecções, como a pneumonia por Cryptococcus Essenciais: ● Parede celular ○ Composta por QUITINA, um conjunto de GLUCANAS (açúcar) e MANANAS/manoproteínas (proteínas associadas a resíduos de manose) ○ A proporção entre esses componentes varia de espécie para espécie ○ Não é tão organizada quanto a parede celular bacteriana; componentes mais dispersos ○ Conferem forma, proteção contra agressões externas, transporte do meio intra-extra, aderência em superfícies bióticas e abióticas, e antigenicidade (reconhecimento pelo SI) ● Membrana plasmática ○ Lipídios, glicoproteínas e ergosterol ○ Presença de ESTEROL DE MEMBRANA, ergosterol. Sua síntese é o ciclo de ação de vários fármacos de ação antifúngica; maior parte dos antifúngicos terá como mecanismo inibir a síntese de ergosterol ● Citoplasma ○ Surgimento das organelas: aparelho de Golgi (armazenamento de substâncias que serão desprezadas pela célula fúngica), mitocôndrias (fosforilação oxidativa), retículos endoplasmáticos (liso e rugoso, ligado à membrana nuclear. Síntese de proteínas e lipídios), vesículas (armazenamento de substâncias de reserva. Maior quantidade na região apical de hifas) ○ Presença de ribossomos→ síntese proteica. Porções 60S e 40S ● Núcleo ○ Abriga o genoma dos fungos ○ Os cromossomos são lineares, em número que varia de 6-14 cromossomos dependendo da espécie ○ Na maioria das estruturas fúngicas, cada cromossomo está presente em apenas uma cópia: células HAPLOIDES Nutrição e crescimento dos fungos ● São heterotróficos ● Substratos mais simples são absorvidos por absorção passiva ou transporte ativo ● Repertório enzimático dos fungos varia de espécie para espécie; as enzimas determinarão em qual ambiente o fungo poderá crescer ○ Ex: uma micose cutânea não pode se transformar em uma infecção sistêmica, pois não possui repertório para consumir componentes de outros locais que não o seu ● Fatores ambientais que determinam a velocidade de crescimento dos fungos: ○ A maioria dos fungos são AERÓBIOS, crescem em temperaturas médias (mesófilos), em pH levemente ácido ○ Tensão de O2, temperatura, umidade, pH e luz, portanto Reprodução ● Todos fazem assexuada, alguns sexuada ● Assexuada ○ Propagação e formas de resistência ○ Fase anamórfica ○ Forma de divisão celular predominante: mitoses ○ Objetivo: disseminação/propagação da espécie e formação de estruturas de resistência, úteis caso o meio não seja favorável. ○ Sem troca de material genético; não há fusão de núcleos ○ Formação de BLASTÓPOROS ou BLASTOCONÍDEOS: estruturas originadas do brotamento de leveduras. Pode haver formação de hifa caso seja um fungo dimórfico ○ ARTROCONÍDEO: modificações de hifas, formando paredes mais resistentes. A hifa é tubular e alongada; forma uma hifa mais retangular e menor, de parede mais resistente. Fica no meio aguardando condições favoráveis novamente ○ CLAMIDÓSPORO: duas paredes reforçando a estrutura da hifa. Objetivo de resistência ○ ESPORO ■ Esporangiósporos: internos, podem estar contidos no ESPORÂNGIO. Ex: filo Zygomycota ■ Conidiósporos: externos, ficando apoiados no CONIDIÓFORO, estrutura que se forma nas extremidades das hifas. Ficam soltos. ■ Objetivo de dispersão ■ Formam o micélio reprodutivo assexuado e permitem identificação presuntiva das espécies ● Sexuada ○ Objetiva a recombinação genética, maior variabilidade, conferindo poder adaptativo à espécie ○ Fase teleomórfica ○ Propágulos sexuados: fusão de estruturas diferenciadas ■ Internos: ascósporos ■ Externos: basidiósporos ● Etapas ○ Plasmogamia ○ Cariogamia ○ Meiose Patogênese das infecções fúngicas ● Fatores de virulência – capacidade de: ● Aderência às células do hospedeiro, tendo resistência à remoção física ● Invasão de células e tecidos ● Competição por nutrientes (arsenal enzimático → local da infecção) ● Resistência às defesas da resposta imune (defensinas, fagossomos, sistema complemento) Tipos de micose ● Superficiais ● Cutâneas ● Subcutâneas ● Sistêmicas ● Oportunistas (alguns autores consideram subtipo das sistêmicas) > SUPERFICIAIS ● Fungo cresce na pele, especialmente em regiões de maior oleosidade, como tórax, abdome, pescoço e face (pois metabolizam os lipídios) ● Não é capaz de invadir a derme ● Geralmente comprometem pele, pelos e unhas, limitando-se a parasitar a superfície da pele (camadas mortas), o que não tende a causar repercussão histológica ● Podem provocar uma reação inflamatória variável no hospedeiro ● Dimórfico: couro cabeludo (levedura) e patogênica (hifa) ● Lesões hipopigmentadas (interfere na melanogênese por meio do ácido azelaico, descolorindo a pele) ou hiperpigmentadas (aumenta ou muda a distribuição dos melanossomas) ● Popularmente conhecidas como micoses de praia; bronzeamento evidencia hipopigmentação ● Diagnóstico: raspado de lesão. Aspecto de macarrão (hifas) com almôndegas (leveduras) ● Pitiríase versicolor - Malassezia furfur > CUTÂNEAS ● Dermatofitoses – acometem a epiderme mais profunda ● Maior número de consultas em dermatologia ● Metaboliza queratina, produz elastase, alcança camadas mais profundas da pele, desencadeando resposta inflamatória e sinais (vermelhidão, prurido, etc) ● Aproximadamente 40 espécies de fungos dermatófitos dos gêneros Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton ● Lesão em folículos pilosos, couro cabeludo, pele, unha (onicomicoses) ● Clínica bastante característica, sendo esse o principal método de diagnóstico ● Não é capaz de "virar" sistêmica > SUBCUTÂNEAS ● Precisam de um agente que introduza o fungo ao tecido subcutâneo (lesão na pele) ● Importante: Esporotricose - Sporothrix schenckii - dimórfico, sendo que a levedura que causa a infecção. "Doença do jardineiro", amplamente difundido na natureza ● Solo, vegetais e animais (patogênicos - gatos) ● Via de infecção: traumatismo com entrada de esporos ● Manifestação: Lesões ulceradas no local de inoculação, e posteriormente nódulos no trajeto dos vasos linfáticos (se rompem liberando pus. Nem sempre presentes) ● Grupo bem diversificado de fungos ● Inoculação traumática de micro-organismos ● Esporotricose, cromoblastomicose, micetomas SISTÊMICAS/OPORTUNISTAS ● Candidíase - gênero Candida (Candida albicans mais comum) ○ Candida está presente na microbiota normal (levedura); apenas C. albicans forma hifa ● Imunocomprometidos temporários ou crônicos: com a queda da imunidade, o número dessa bactéria aumenta e pode formar hifa, que tem potencial de invasão ● Para imunocomprometidos pode ser uma infecção hospitalar ● Solicita-se cultura e antifungigrama ● Cavidade oral (sapinho), região perianal, unhas, endocárdio, pulmões, trato urinário, pele, vagina (localizadas ou disseminadas) ● Candida forma biofilme (comum infecções no cateter por exemplo) ● Aumento dos casos de resistência de Candida não-albicans ● Fungos patogênicos primários ● Porta de entrada: trato respiratório ● Paracoccidioidomicose, histoplasmose, criptococose, candidemia, fusariose, aspergilose ══════════════════ V. ANTIFÚNGICOS Prof. José Neto Doenças causadas por fungos ● Quatro grandes áreas: superficiais, cutâneas, subcutâneas, sistêmicas ● Aumento recente dos casos de doenças fúngicas devido a uso prolongado de antibióticos, uso de dispositivos de longa duração (cateteres), imunossupressão (transplantes, quimioterapia, pacientes portadores de HIV…) Principais alvos dos antifúngicos ● Parede celular ○ Matriz polissacarídica que se projeta para o meio exterior, na qual ficam embebidas microfibrilas de quitina ○ Alfa glucanas, beta glucanas, mananas e glicoproteínas ● Membrana celular ○ Presença de ergosterol (humano tem colesterol) Antifúngicos que agem na MEMBRANA CELULAR ● Poliênicos: anfotericina B e formulações lipídicas, Nistatina ● Azóis: terminados em -zol; cetoconazol, miconazol, fluconazol, itraconazol, voriconazol, posaconazol, isavuconazol ● Alilamina: terbinafina, butenafina >Mecanismos de funcionamento 1. Ruptura de membrana celular ● Anfotericina ○ Streptomyces nodosus (1956) ○ Abre poros na membrana, se ligando ao ergosterol ○ Desvantagem - muito tóxico ○ Vantagem - amplo espectro de ação fungicida (efetivo contra várias espécies) ○ Extremamente nefrotóxico em 50% dos pacientes ○ Formulação tópica e endovenosa ○ Efeitos adversos: febre, calafrio, vômitos, náusea, cefaléia, nefrotoxicidade, anemia, efeito neurotóxico ● Nistatina ○ Isolada de levedura Streptomyces noursei (1949) ○ Uso somente tópico – suspensão, pastilhas, pomadas, cremes ○ Tratamento de infecções mucocutâneas por Candida, como candidíase oral ○ Altamente tóxico ○ Muito usados em lavagem bucal 2. Derivados dos azóis ● Azóis ○ Divididos em imidazóis e triazóis ○ Imidazóis ■ Cetoconazol: fungistático (reduz ação, não mata). Dermatofitoses, candidíase cutânea/mucocutânea. Uso tópico (creme, loção, shampoo) e sistêmico (comprimido). São hepatotóxicos, e alteram níveis de testosterona e cortisol ■ Miconazol: Interfere na síntese do ergosterol. Usado mais para candidíase cutânea, oral e vaginal. Uso tópico, oral e vaginal ○ Triazóis ■ Fluconazol: inibidor da síntese de ergosterol na sua etapa final. Ótimo para leveduras. Poucos efeitos colaterais. Resistência crescente. ■ Voriconazol: inibidor da síntese de ergosterol na sua etapa final. Amplo espectro. Tratamento da aspergilose invasiva e infecções invasivas graves por Candida ■ Itraconazol: inibidor da síntese de ergosterol na sua etapa final. Espectro mais amplo de ação. Sofre interferência de várias drogas. Não deve ser administrado durante a gravidez. 3. Inibidores da síntese de ergosterol na etapa inicial ● ALILAMINAS: Terbinafina e naftifina ○ Inibidores de ergosterol da etapa inicial da síntese; além de causar acúmulo de esqualeno ○ Usadas em onicomicoses causadas por dermatófitos ○ Acumula na pele, unha e tecido adiposo ○ Reações adversas incluem diarréia, náuseas, erupções cutâneas, urticária e fotossensibilidade Antifúngicos que agem na SÍNTESE DA PAREDE CELULAR 1. Inibição da síntese de glucanas ● Equinocandinas ○ Perda da integridade da parede ○ Efeito fungicida ○ Caspofugina, anidulafugina, micafugina são similares – eficácia e segurança ○ Via de administração: Intravenoso 1x por dia ○ Pouca interação com outras drogas ○ Efeitos adversos: gastrointestinais ○ Caspofungina, micafungina, anidulafungina Antifúngicos que inibem a SÍNTESE DE ÁCIDOS NUCLEICOS ● 5-Fluorocitosina (5-FC) ○ Análogo de pirimidina ○ Inibe a síntese de DNA/RNA pelo fungo ○ Espectro limitado, resistência crescente ○ Bom espectro de ação contra Candida e Cryptococcus ○ Raramente usado sozinho “Antifúngico ideal” ● Toxicidade seletiva (afetar somente o fungo e não o hospedeiro) ● Amplo espectro de ação ● Não ser alérgeno ● Boa estabilidade e farmacocinética – absorção, distribuição, metabolismo e excreção ● Baixo custo Mecanismos de resistência ● Entrada de droga bloqueada ● Droga bombeada para fora da célula ● Enzimas secretadas pela célula fúngica inativam a droga ● Alteração de alvo ● Enzima do fungo inativada ● Vias metabólicas modificadas ● Superprodução do alvo da droga Minimização de cepas resistentes ● Evitar o uso indiscriminado de antifúngicos ● Diagnóstico correto e tratamento adequado ● Usar dosagens adequadas e suficientes ● Fazer teste de susceptibilidade à droga quando necessário Como saber se há resistência a uma droga? ══════════════════ VI. FUNDAMENTOS DA VIROLOGIA Profa. Lucy ● Maior chance de surgirem novas pandemias virais: ○ Devido à migração entre países/regiões ○ Transporte por animais: criação intensiva de animais para possibilitar subsistência a baixo custo, aumentando a transmissão de doenças infecciosas ○ Doenças que costumavam ser zoonoses; o humano invade os nichos ecológicos desses animais selvagens e adquire a doença ● PARASITA INTRACELULAR OBRIGATÓRIO → vírus não possui metabolismo próprio ○ Metabolismo: Conjunto de reações que envolvem síntese e degradação de moléculas, absorção de nutrientes do meio, produzir ATP, replicar material genético, etc ● Bactérias, fungos, células vegetais e até outros parasitas podem ser infectados por vírus ● Estima-se que existam cerca de 320 mil espécies de vírus ainda não descobertas provenientes de mamíferos ● Mais de 11 mil espécies de vírus já foram identificadas, e o número tende a crescer cada vez mais, de forma exponencial. As novas tecnologias da biologia molecular permitem a rápida identificação de novas espécies ● Sequenciamento de Nova Geração: ○ A metodologia permite amplificar e sequenciar qualquer tipo de segmento genético presente em uma amostra. Material genético humano misturado com viral, por exemplo, será separado pelo sequenciador. Não demanda primers específicos ○ Não é necessário cultivar vírus em laboratórios para saber que ele existe (mesma coisa com bactérias); já se sabe que existe pela identificação do seu ácido nucleico ● 70% das doenças virais relevantes aos humanos vêm de animais Componentes do vírus ● MATERIAL GENÉTICO ○ Ácido nucleico viral (DNA ou RNA. Raríssimos os casos de vírus que apresentam os dois ao mesmo tempo) ○ DNA ou RNA de fita simples ou dupla, codificante ou não ○ Vírus tipo RNA costumam sofrer mutações com mais facilidade, sendo mais preocupantes ○ RNA pode ser fita simples codificante, de polaridade positiva, pode ser traduzido diretamente pelos ribossomos ○ Também pode ser necessário que ele seja processado ● Proteínas e lipídios (Polissacarídeos raramente são encontrados em vírus) ● CAPSÍDEO VIRAL ○ Função do capsídeo: proteção da informação genética, para que não fique livre/solto no ambiente e sujeito à ação de endonucleases. Mas não confere proteção ilimitada ○ Pode ser icosaédrico ou helicoidal ● ENVELOPE ○ Estrutura adicional que envolve o capsídeo. Bicamada fosfolipídica onda haverá proteínas virais ancoradas ○ É adquirido durante a replicação do vírus. Pode ser formado ainda dentro da célula hospedeira, ou no momento da saída do vírus ○ Papiloma vírus humano não tem envelope, HIV e Sars-COV-2 têm ○ Função do envelope: interação com os receptores do capsídeo. O envelope possui espículas virais ancoradas nele. ■ Ex: SARS-COV-2 têm spikes, que estão ancorados no envelope ○ Possui estruturas responsáveis pela entrada na célula, por meio de interações específicas com receptores de membrana. Precisam ter uma sequência específica de aminoácidos para se encaixar "chave-fechadura" nos receptores ○ O envelope é inativado por sabão, pois é solubilizado. Se não há mais envelope o vírus não fará a ligação dos receptores ● A identificação de espécies de vírus é dada por critérios morfológicos ● A análise morfológica do capsídeo não é feita em laboratório para diagnóstico; há metodologias mais rápidas e efetivas que o microscópio óptico ● Envelope e capsídeo NÃO têm a função de evadir o sistema imune ● COVID-19: capsídeo helicoidal, presença de envelope Características gerais ● Vírus não são células ● Costumam ser menores que bactérias e fungos ● Necessidade de infectarem e parasitarem células hospedeiras ● Existem propriedades inerentes à vida que possibilitam que células eucariontes e procariontes consigam sobreviver sem parasitar outras células, e que os vírus não possuem. São elas: ○ Absorção de nutrientes, que são usados para constituir macromoléculas para a estrutura celular ou para gerar energia. As reações do metabolismo são movidas por energia ○ Conseguem produzir seu próprio ATP ● Vírus não possui o sistema enzimático para produção de ATP ● Nem todo vírus tem polimerases para replicação do seu material genético ● Vírus não possui ribossomos e RNAt, de modo geral; logo, não tem a capacidade de se replicar ● O vírus utiliza as estruturas da célula que parasita para realizar a replicação do material genético viral ● Vírus não realiza fissão binária ou mitose ● Cada componente da partícula viral é produzido individualmente dentro da cél parasitada ● Em um ciclo de replicação, há a liberaçãode milhares de partículas virais simultaneamente Células Vero ● Célula imortalizada que permite a replicação de muitas espécies diferentes de vírus, usada em laboratório para desenvolver vacinas, por exemplo. ● Sofre alterações genéticas, que podem ser induzidas ou surgir naturalmente ● Genes que causam a imortalidade das células Vero: genes que codificam telomerase (promove o crescimento da ponta telomérica), p53 ● Só morre por meio de necrose, nunca vai programar a sua morte. Deixa de se multiplicar apenas se as condições de temperatura, pH etc não estiverem adequadas ● São usadas nos laboratórios de virologia pois podem ser replicadas indefinidamente, e são pouco diferenciadas ● Espraiada, achatada, alongada, que cresce aderida a um substrato ● Efeito citopático: alteração da forma da célula induzida pela replicação viral. Não precisa usar ME para deduzir que há vírus, pois já se visualiza a mudança de morfologia ● Citomegalia ou sincício celular: formação de uma grande célula multinucleada. Uma única delimitação de membrana com múltiplos núcleos dentro. Efeito produzido pela infecção por vírus ● Algumas espécies virais conseguem se replicar célula por célula Sars-Cov-2 ● Proteína S (spike/espícula): composição de vacinas. Fica ancorada no envelope. Responsável por se ligar a receptores da célula hospedeira ● Anticorpos que neutralizam epítopos dessa proteína → anticorpos neutralizantes. Não deixam o vírus se ligar a receptores da célula hospedeira VACINAS VIRAIS INATIVADAS ● "Vacinas mortas" ● Feita com agente/micro-organismo que não é capaz de se multiplicar no hospedeiro ● Ex: vacina contra a gripe humana, SARS-COV-2 (Coronavac), poliomielite infantil SALK (intramuscular) ● Anticorpo induzido pela SALK fica no sangue. Não impede a infecção pelo vírus pelo TGI, mas a criança não adoece, pois o anticorpo impede que chegue ao SNC ● Como inativar o vírus: ○ Usar um agente desnaturante, tal qual o formol, que altera a estrutura tridimensional. Quando a proteína perde a forma, o vírus não consegue mais se ligar ao receptor da célula hospedeira. ○ Epítopo conformacional: betapropil-lactona (agente alquilante, que alquila o ácido nucleico viral, silenciando o gene) ○ A chance de desenvolver a doença para a qual está recebendo vacina é zero, pois o patógeno está inativado ● Desvantagens: ○ Fragmentos inativos são absorvidos por uma célula apresentadora de antígeno. Associa a MHC de classe II, LT e LB serão ativados (humoral) ○ Não ativa de modo eficiente o braço celular da resposta imune VACINAS VIRAIS ATENUADAS ● "Vacinas vivas" ● Capazes de se replicar dentro do hospedeiro ● Sabin (Zé Gotinha), febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ● Sabin imuniza a mucosa do TGI. Dessa forma, se a pessoa adquire por via oral, há imunidade no TGI; se mesmo assim passar para a corrente sanguínea, há anticorpos induzidos pela SALK lá ● Desvantagens: o vírus é capaz de infectar o hospedeiro ● Vantagens: A manifestação de uma vacina segura deve ser subclínica; o vírus consegue se replicar, mas raramente produz doença. Algumas pessoas podem ter o quadro ao receber a vacina, mas é uma reação adversa grave que ocorre apenas em 1 a cada 500 mil indivíduos ● Não devem ser administradas a pacientes imunodeprimidos, transplantados, que façam uso de imunossupressores, pacientes com AIDS. Pois quem "segura" o desenvolvimento da doença pela infecção do vírus atenuado é o sistema imune ● Como atenuar o vírus? ○ Utiliza-se soro de um paciente doente que possui o vírus selvagem ○ É dada uma cultura de células imortalizadas – que não é do mesmo tipo da hospedeira verdadeira, logo não tem receptores para o vírus se ligar ○ Eventualmente, surge um vírus que tem certa afinidade pela célula Vero, que não deveria ter. Isola-se esse vírus e faz ele se replicar, sendo que a cada nova geração aumenta a afinidade pela célula Vero e diminui a afinidade pela célula humana ○ Quando essa amostra for inserida no organismo por meio da vacina, pouquíssimas se ligarão aos monócitos ou macrófagos, e o sistema imune conseguirá eliminar todas antes que desenvolvam a doença de fato ● Alguns vírus podem reverter o processo de atenuação; para estes, essa vacina não é uma opção VACINAS RECOMBINANTES QUIMÉRICAS ● Vacina da dengue e Astrazeneca ● Vacina da dengue: não foi aprovada pois não funciona (e até piora o caso) em indivíduos que já foram infectados previamente, e aumentaria muito o custo da vacina se precisasse testar todo mundo sorologicamente pra ver se ja tiveram dengue ● Astrazeneca: adenovírus (vírus atenuado). É uma quimera não replicante, como se fosse um vírus inativo VACINAS RECOMBINANTES DE SUBUNIDADES ● Hepatite B (HBV), papilomavírus humano (HPV) ● Não é composta pela partícula viral inteira, e sim só uma proteína do vírus. ● Clona-se o gene de interesse (ex: aquele que codifica para as proteínas do capsídeo do vírus), dentro de um vetor de expressão (levedura, bactéria... pouco exigentes para crescer em laboratório) ● Quando a bactéria se multiplica ela expressa a proteína de interesse, e essa proteína é a vacina ● Método realizado quando não dá pra "criar" determinados vírus em laboratório ● Genes estruturais do genoma viral: codifica para uma proteína que faz parte da partícula viral ● Genes não-estruturais: não codificam Vírus da pólio: infecção via oral A ordem da vacinação deve ser SALK → Sabin. Caso contrário pode-se desenvolver a paralisia VÍRUS DA GRIPE - H_N_ ● Hemaglutinina e neuraminidase = HN - subtipos da gripe ● Cada vírus possui diferentes combinações de H e N ● Proporcional à ligação ao ácido siálico das células ● 8 segmentos de RNA viral - cada um dos fragmentos carrega genes diferentes, compondo um GENOMA SEGMENTADO ● Por que o genoma segmentado do vírus da gripe é preocupante? ○ Ele é capaz de fazer rearranjos genéticos diferentes, originando novos vírus que não existiam antes ● Dividem-se em três grupos ○ Vírus aviários: infectam aves e causam a gripe aviária. Geralmente não infectam o homem, mas quando acontece gera um quadro muito grave. A ligação glicosídica do ác. siálico nos humanos (alfa 2,6) é diferente daquela do ácido siálico presente nas céls das aves (alfa 2,3); o vírus aviário prefere os receptores das céls aviárias ○ Vírus de gripe humana ○ Vírus suíno: é compatível com os dois tipos de ácido siálico. Hospedeiro suíno pode ser infectado por três vírus da gripe diferentes, um de cada tipo ● H1N1 - em 2009, houve grande número de pessoas infectadas pois não possuíam resposta para esse novo vírus. Proveniente de combinação de vírus humano, vírus aviário e suíno HIV ● Vírus da imunodeficiência humana ● Sofre mutações com muita facilidade ○ Dificulta o desenvolvimento de vacinas eficientes. Não protegem contra as diferentes variantes ○ Dificulta a sua eliminação, juntamente com o tipo de célula que o HIV infecta ● Tipo RNA, recoberto por capsídeo ● Matriz entre capsídeo e envelope ● Ancoradas ao envelope: proteínas gp120 e gp41 ○ Diagnóstico→ ELISA buscando anticorpos anti-gp120 e anti-gp-41 ○ gp120 possibilita a adsorção do vírus à célula que vai infectar ● Período de incubação: entre o contato inicial e a manifestação do quadro clínico aparente, o período é de apenas algumas semanas, mas os sintomas são facilmente confundíveis com gripe comum ● O corpo começa a produzir anticorpos para o vírus e diminui a carga viral num primeiro momento; no entanto, o vírus sofre modificações genéticas, podendo alterar a estrutura do seu gp120, por exemplo. Organismo passa a tentar neutralizar essa nova variante, mas então surge outra, e assim vai por vários anos ● O período de incubação para o desenvolvimento da AIDS é em média de 7-10 anos, e no mínimo 5 ○ Porque o no. de células T CD4 infectadas por HIV é tão alto que não há mais defesa. Manifestação vem na forma de infecções oportunistas ○ Lembrar que AIDS é diferente de HIV ● Apesar das mutações frequentes, o vírus possui uma região ESTÁVEL ou CONSERVADA, que não é alterada ○ EpítoposGPGRAFY e ELDKWA - presentes em todos os HIV independente da variante ○ Isso não significa que nunca ocorrem mutações nessas regiões; mas quando acontece, esses vírus não são selecionados, pois levam à produção de partículas inviáveis, que não conseguem contaminar a célula ou se replicar dentro dela CICLO DE VIDA VIRAL ● Usa os componentes de células para poder se replicar, parasitando a célula 1. Fixação/adsorção ao receptor da célula hospedeira ● Por meio de receptores que não são específicos para o vírus, servem outras funções daquela célula. A célula já os tem naturalmente 2. Penetração/internalização da partícula viral ● Vírus envelopado entra, por exemplo, por endocitose mediada por receptor (ex. vírus da gripe). HIV funde o seu envelope com a MP da célula hospedeira ● Importância de saber o mecanismo de entrada do vírus e as proteínas envolvidas: com essas informações, a indústria farmacêutica pode projetar drogas que impeçam essa penetração ● Fuseon: inibidora da fusão do vírus com a MP 3. Desmudamento ● Separa a informação genética dos demais componentes da partícula viral ● Isso ocorre principalmente por meio de alterações no pH (tratando-se de molécula de endocitose) 4. Replicação, transcrição e tradução ● Informação genética é transcrita em RNAm e traduzida em proteínas; o material genético viral também é replicado 5. Organização/maturação 6. Liberação das partículas para o ambiente extracelular ● Exemplo de mecanismo: Brotamento na membrana plasmática ● A MP que formará o envelope dos vírus não é idêntica à MP da cél hospedeira, pois aquela possui proteínas virais ● Qualquer uma dessas etapas podem ser alvo de terapias medicamentosas, como antirretrovirais, Tamiflu (bloqueia a liberação de partículas), Aciclovir ● No entanto, drogas antivirais são menos comuns que antibacterianas, pois são mais caras e mais complexas de desenvolver. É difícil de achar um alvo que seja específico do vírus FLUXO DA INFORMAÇÃO GENÉTICA NA CÉLULA HOSPEDEIRA > Cada tipo de vírus, conforme o seu material genético (DNA, RNA, retrovírus) vai ter seus próprios mecanismos para garantir a replicação do DNA e a formação de um RNAm, possibilitando uma futura transcrição/tradução e a formação de novas partículas virais > Caso a célula hospedeira não possua a enzima que o vírus precisa, ele deve “trazê-la” em seu capsídeo para possibilitar a sua reprodução > Nos quadros: as duas enzimas que a célula humana possui e suas funções Vírus DNA (ex. HPV) ● Pode utilizar enzimas da célula para replicar e transcrever; as enzimas que necessita são as que a célula hospedeira do humano normalmente já possui ● DNA polimerase dependente de DNA ○ Propriedade: capacidade de revisar e corrigir eventuais erros. Confere estabilidade ao DNA nascente ● RNA polimerase dependente de molde de DNA: vírus DNA a utiliza para dar origem ao seu RNAm a partir de DNA ● Precisa produzir cópias de DNA e o RNAm Vírus RNA (ex. SARS-COV-2) ● Precisa da enzima: ● RNA polimerase dependente de RNA (lê molde de RNA) → NÃO TEM NA CÉLULA HOSPEDEIRA, pois a célula hospedeira não executa essa função. ● Logo todo vírus RNA precisa carregar enzimas próprias para sua replicação ● Não possuirá capacidade revisora, pois quanto mais mutações ocorrerem, mais chance de aparecer um atributo/variante favorável à sobrevivência da espécie. Vírus RNA (HIV) - Retrovírus ● Passa por um intermediário de DNA a partir do RNA original → é o contrário da transcrição da célula hospedeira ● Precisa da enzima TRANSCRIPTASE REVERSA; sua estratégia é o contrário da transcrição. É uma DNA polimerase dependente de molde de RNA ● Logo, só pode ser uma enzima que veio do próprio vírus ● Essa polimerase tem 10.000x menos habilidade de corrigir erros que a DNA polimerase celular ● Para cada vez que o HIV faz transcrição reversa, no DNA nascente surgem de 1-3 erros em média ● Ou seja, nenhum HIV replica sem nascer mutado. Toda nova molécula genética possuirá uma mutação ● Enzima INTEGRASE: integra o material genético viral no genoma da célula. Célula hospedeira possui integrases, mas com uma sequência de aminoácidos diferentes ● Não induz a formação de células tumorais, mas vários outros virus (ex.: HTLV - relacionado ao desenvolvimento de leucemia) levam a isso ● Vantagem do vírus ligar seu material genético ao da célula: todas as células nascerão carregando o material genético viral, potencializando a disseminação do vírus. As células-filhas humanas serão capazes de produzir partículas virais ● Algumas células filhas possuirão o provírus latente e se escondem do sistema imune, dificultando que o organismo se defenda contra a infecção PROVÍRUS ● Tortora: “O DNA viral integra-se, então, ao cromossomo da célula hospedeira na forma de um provírus. [...] Na forma de provírus, o HIV é protegido do sistema imune do hospedeiro e dos fármacos antivirais. Algumas vezes o provírus simplesmente permanece em estado latente e se replica somente quando o DNA da célula hospedeira é replicado. Em outros casos, o provírus é expresso e produz novos vírus, que podem infectar células vizinhas. [...] O provírus também pode, no caso dos retrovírus oncogênicos, converter a célula hospedeira em uma célula tumoral.” FATORES QUE INFLUENCIAM NO DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA CAUSADA POR VÍRUS Desenvolvendo cada fator: 1. Características determinadas geneticamente, próprias do vírus. Para isso fazem-se estudos de sequenciamento do material genético de vírus. Também é útil para comparar vírus circulantes com aqueles de alta taxa de mortalidade e portanto maior virulência 2. Toda infecção ocorre com alteração bioquímica da célula, que podem levar a alterações da forma da célula (efeito citopático viral) ou eventualmente transformá-las em células tumorais 3. Resposta imune desregulada pode agravar o quadro de uma doença causada por vírus. Ex. hepatite B aguda fulminante vs. hepatite B crônica. É o mesmo vírus causando esses dois quadros; a diferença não está nas características próprias do vírus, e sim na resposta imune do hospedeiro. Células hepáticas morrem mais pela ação do linfócito T CD8 do que pela ação do vírus em si 4. Indivíduos resistentes ou mais sensíveis: existe predisposição genética. No aspecto da resistência: mesmo em casos de exposição ao HIV existem indivíduos que são resistentes a essa infecção e não se tornam portadores apesar de terem sido expostos. Isso é porque o HIV não usa só a proteína CD4 para penetrar na célula, também usam correceptores como CCR-5 e CXCR4 (geralmente receptores de interleucinas). Alguns indivóduos têm mutações nos genes dos correceptores e não os expressam. Logo, o indivíduo não é infectado, independente do número de partículas que entrar em contato. Conhecimento importante na busca por uma cura para a infecção por HIV → desenvolveram leucemia, transplante de medula óssea, doador possuía essa mutação. Paciente com HIV conseguiu eliminar completamente o vírus. Mas não é eficiente para ser usado na população em geral, pois há risco de rejeição do transplante, necessidade de fazer uso de imunossupressores COVID-19 ● Características próprias do hospedeiro não se limitam a predisposição genética ○ Indivíduos com comorbidades associadas (doença cardiovascular, hipertensos, diabéticos, obesos, idosos) têm maior sensibilidade ● ECA2: enzima expressa nos pulmões e tecido cardíaco/renal, facilita a disseminação desse vírus ● Mais grave que a gripe, pois se multiplica em outros tecidos com receptores para ligação do vírus além do trato respiratório ● Dano vascular + replicação do vírus no epitélio vascular = aparecimento de trombos que levam a infarto do miocárdio e desenvolvimento de AVC ○ Potencialmente não contabilizaram todos os mortos por COVID da pandemia, pois muitos devem ter tido infarto e AVC associados à infecção por COVID DROGAS ANTIVIRAIS ● Maiores riscos de danos colaterais, pois são menos específicas que os antibióticos e portanto de maior toxicidade ● Existem hoje cerca de 90 drogas antivirais licenciadas ○ HIV,