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Resumo de Microbiologia - Medusão de Microbiologia

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~ 
 
Oi gente, tudo bem? 
Passando aqui só pra dar um recadinho importante para vocês sobre 
o resumo de Microbio: este resumo foi, em grande parte, baseado 
nas aulas que os professores ministraram pra gente. Desta forma, se 
os professores decidirem trocar entre si quem dá cada aula, pode ser 
que eles não fiquem totalmente fiéis às aulas, ok? Mas olhando os 
materiais mais antigos dos drives, parece que eles não têm muito 
costume de inverter. 
É isto, bons estudos 
Sumário 
INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA ..........................................................................................1 
MORFOLOGIA BACTERIANA ..................................................................................................5 
FISIOLOGIA BACTERIANA .................................................................................................... 15 
GENÉTICA BACTERIANA ...................................................................................................... 29 
MICROBIOTA HUMANA ...................................................................................................... 51 
RELAÇÃO BACTÉRIA-HOSPEDEIRO ....................................................................................... 62 
CONTROLE MICROBIANO .................................................................................................... 82 
ANTIMICROBIANOS: MECANISMOS DE AÇÃO E RESISTÊNCIA ................................................ 96 
COCOS GRAM NEGATIVOS ................................................................................................ 120 
COCOS GRAM POSITIVOS .................................................................................................. 139 
COCOS GRAM POSITIVOS – STREPTOCOCCUS E ENTEROCOCCUS......................................... 157 
MICOBACTÉRIAS............................................................................................................... 174 
BACTÉRIAS ANAERÓBIAS................................................................................................... 189 
BACILOS GRAM-NEGATIVOS.............................................................................................. 207 
BACILOS GRAM-NEGATIVOS – FAMÍLIA VIBRIONACEAE e FAMÍLIA PSEUDOMONADACEAE ... 239 
BACTÉRIAS ESPIRALADAS .................................................................................................. 249 
CLAMÍDIA, RIQUÉTSIAS E MICOPLASMAS ........................................................................... 268 
MICOLOGIA...................................................................................................................... 279 
DIAGNOSTICO MICROBIOLÓGICO DAS MICOSES E TERAPEUTICA EM MICOLOGA ................. 287 
MICOSES SUPERFICIAIS E CUTÂNEAS ................................................................................. 299 
MICOSES SUBCUTÂNEAS................................................................................................... 307 
MICOSES SISTÊMICAS ....................................................................................................... 318 
VIRUS – CARACTERÍSTICAS GERAIS E CULTIVO .................................................................... 334 
MULTIPLICAÇÃO VIRAL ..................................................................................................... 343 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS INFECÇÕES VIRAIS ......................................................... 354 
PATOGÊNESE DAS INFECÇÕES VIRAIS................................................................................. 362 
VIROSES HUMANAS IMPORTANTES ................................................................................... 370 
1 
 
INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA 
Medusa - 86 
 Mikro (seres pequenos) + bio (vida) + logia (estudo) 
 Os microrganismos foram os primeiros seres vivos a habitarem a Terra 
(há cerca de 3,5 – 3,8 bilhões de anos). Este grupo contempla os protozoários 
(vistos na parasitologia), algas (não serão abordadas), bactérias, fungos e 
vírus. 
 Apesar de todos estes seres possuírem tamanho microscópico, eles são 
totalmente distintos: bactérias são procariotas, fungos são eucariotos, e vírus 
são acelulares. Apesar de serem microscópicos, o tamanho entre os 
microrganismos varia muito (como mostrado na escala abaixo). O conhecimento 
dessa variação é importante para realizar técnicas de filtração microbiana (pois 
cada filtro possui um poro de tamanho diferente – precisa-se saber, portanto, se 
o microorganismo é maior ou menor do que o poro, para que assim seja filtrado) 
e para fins diagnósticos. 
 
 
• Célula procariota: 1 a 3 micrômetros 
• Célula eucariota: 15 a 20 micrômetros 
• Vírus: 20 a 200 nanômetros 
• Fungos: maiores que bactérias, mas menores que as células humanas 
normalmente 
OBS: 1 micrômetro = 1000 nanômetros 
 
2 
 
ACUIDADE VISUAL PARA AS MEDIDAS: 
• Olho nu: são visíveis apenas seres maiores do 200 micrômetros 
• Microscópio de luz: de 200 micrômetros a 200 nanômetros 
• Microscópio eletrônico: abaixo de 200 nanômetros (por isso vírus são 
normalmente vistos apenas nos microscópios eletrônicos – há exceções, 
como o vírus da varíola, que possui 300 nanômetros). 
IMPORTÂNCIA DOS MICROORGANISMOS: 
• Causam benefício/prejuízo à saúde do homem, animais e outros seres 
vivos 
• Realizam ciclagem dos elementos pela degradação da matéria orgânica 
(são decompositores) - São importantes na reciclagem de resíduos 
• São importantes para os animais, plantas e saúde do homem 
• São fonte de alimento e importantes na produção de alimentos 
• Usados na síntese de produtos químicos: antibióticos, vitaminas, ácidos 
orgânicos, álcoois, etc. 
• Importantes na aplicação da tecnologia de DNA recombinante, terapia 
gênica 
• Utilizados para controle biológico (ex.: de pragas em lavouras) 
Dentre os microrganismos conhecidos, a grande maioria é benéfica ou 
inócuos ao homem, enquanto apenas uma pequena porcentagem é patogênica. 
 
HISTÓRICO DA MICROBIOLOGIA 
• Leeuwenhoek: pai da microbiologia (criação de lentes de 200 a 300x), 
observando “animáculos”. 
• Teoria da geração espontânea: até a segunda metade do século XIX, 
muitos cientistas e filósofos acreditavam que algumas formas de vida 
poderiam aparecer espontaneamente da matéria morta. 
o Todavia, a teoria foi refutada com os experimentos de Francesco 
Redi, que observou que as moscas se originavam a partir de 
carnes apodrecidas apenas quando outras moscas tinham um 
contato prévio com a carne; de modo que isso não acontecia se as 
moscas não entrassem em contato com o alimento previamente. 
 
3 
 
o Entretanto, a descoberta dos microrganismos reaqueceu os 
debates: passou a se acreditar que os animais mais complexos não 
poderiam ser originados pela abiogênese, mas os microrganismos 
sim. 
o John Needham: realizou experimento que mostrou que fluidos 
nutritivos, quando aquecidos e em seguida resfriados e colocados 
em frascos cobertos, eram abundantemente ocupados por 
microrganismos 
 
o Lazzaro Spalanzani: demonstrou que fluidos nutritivos aquecidos, 
após terem sido primeiramente lacrados em um frasco, não 
desenvolviam microrganismos 
 
▪ Os críticos responderam que a “força vital” necessária para 
a geração espontânea tinha sido distruída pelo calor e pelo 
fato de tampar o frasco 
o Pasteur: com o experimento do pescoço de cisne, teve resultados 
conclusivos. Colocou-se um líquido nutritivo no interior de um 
frasco e depois se alongou o seu bico. Em seguida, o líquido foi 
fervido e tornou-se estéril. Os microrganismos ficavam contidos na 
parte inicial do bico encurvado, não desenvolvendo nada na 
solução estéril. Todavia, quando se tirava o pescoço de cisne 
(quebrava o bico do vidro), os microrganismos conseguiam 
alcançar o líquido e passavam a lá se desenvolver. 
 
4 
 
o Idade de ouro da microbiologia: 1857-1911. Pasteur, Koch, Chagas 
• Primeira cirurgia asséptica: Lister (1867)• Pasteur: com seu experimento, deu origem ao processo de pasteurização, 
utilizado na indústria alimentícia. 
• Teoria microbiana das doenças: Postulados de Koch 
 
NOMENCLATURA BINOMINAL: 
Fungos e bactérias seguem como dos seres vivos: Gênero + espécie ou Gênero 
+ espécie 
Ex.: Escherichia coli ou Escherichia coli 
• Podem ser devido a homenagens nominais 
o Escherichia (nome de quem descobriu) coli (fica no cólon) 
• Podem ter relação com morfologia e organização 
 
5 
 
MORFOLOGIA BACTERIANA 
Medusa – 86 
 
 A Morfologia Bacteriana abarca diferentes formas e arranjos, tanto no 
aspecto macroscópico quanto no microscópico. 
Forma macroscópica: 
É possível observar a olho nu a morfologia da colônia, e não da bactéria 
em si. A velocidade de duplicação (tempo de geração) das bactérias é em média 
de 15 a 20 minutos (mas há algumas mais rápidas que realizam isso em até 7 
minutos). Características específicas do tipo de organismo podem ser 
identificadas ao observar a sua colônia (ex.: tamanho, coloração, relevo, etc). 
 O meio de cultura (diferencial) possibilita o crescimento de diferentes tipos 
de bactérias em cores distintas. 
Forma microscópica – Formas básicas: 
 
• Esférica (cocos): Grupo homogêneo em relação ao tamanho, sendo 
células menores (0,8 a 1,0 micrômetros) 
• Cilíndrica (bacilos): Forma de bastão, podendo ser longos ou delgados, 
pequenos ou grossos, com a extremidade reta ou arredondada. 
• Espiraladas 
o Espirilos: possuem corpo rígido e se movem às custas de flagelos 
externos 
o Espiroquetas: são flexíveis e bem finas. Locomovem-se 
provavelmente às custas de contrações do citoplasma 
Forma microscópica – Formas de transição: 
6 
 
• Cocobacilos: bacilos muito curtos, parecendo cocos 
 
 
• Vibriões: espirilos muito curtos, assumindo formas de vírgula 
 
Arranjos: Os arranjos podem funcionar como critério para nomear as bactérias 
• Diplococos: aparecem aos pares 
• Estreptococos: forma uma cadeia (a bactéria vai se dividindo e não se 
separa) 
• Tétrade: 4 células 
• Sarcina: 8 células, como em um cubo 
• Estafilococos: arranjos irregulares, formando uma massa como um cacho 
de uva. 
• Diplobacilos: aos pares 
• Estreptobacilos: em forma de cadeia 
 
 
ESTRUTURAS DA CÉLULA BACTERIANA 
A célula bacteriana não possui compartimentalização (seu núcleo não 
está envolvido por membrana, estando agrupado em um local denominado zona 
nucleoide) e nem organelas membranosas. Há ribossomos (vistos como 
grânulos na MO). As bactérias possuem membrana plasmática e por vezes 
parede celular (a qual faz com que a bactéria possua uma forma definida e 
rígida). 
As seguintes estruturas estão sempre presentes na bactéria: 
1. Nucleoide 
Zona em que fica compactado o material genético, estando associado a 
proteínas (as quais não são histonas, não confundir!). O DNA não é delimitado 
por membrana. Normalmente o DNA bacteriano é circular e único, sendo 
formado por uma fita dupla hélice superenovelada com 1mm de comprimento. 
2. Membrana plasmática: 
Possui função de transporte e permeabilidade seletiva, assim como nos 
eucariotos. Além disso, nos procariontes, o processo de geração de energia 
ocorre na membrana plasmática, onde estão localizadas as enzimas para 
7 
 
realização dos processos de produção energética. É formada por uma bicamada 
lipídica com proteínas transmembrana e poros. Os fosfolipídeos das 
membranas são formados por cabeças hidrofílicas com caudas hidrofóbicas. As 
funções da membrana são: 
• Transporte de solutos 
• Produção de energia 
• Biossíntese de macromeléculas: lipídios de membrana, 
peptidoglicanos, polissacarídeos extracelulares (em algumas) e 
duplicação de DNA. 
 
 
3. Ribossomos 
Os ribossomos procariotos são diferentes dos eucariotos. Eles possuem 
tamanho diferente e as unidades de segmentação também são diferentes. A 
importância desta diferença é que alguns antibióticos inibem a síntese proteica 
apenas das bactérias, e não do hospedeiro, por possuírem afinidade com os 
ribossomos das células bacterianas, e não com os do ser humano. Os 
ribossomos bacterianos possuem uma subunidade 50s e uma 30s, sendo que 
cada antibiótico pode se ligar a uma ou a outra. Por atingirem o funcionamento 
das bactérias inespecificamente, estes antibióticos acabam atingindo as 
bactérias da flora também. 
 
 
 
8 
 
4. Citoplasma 
É formado por água, macronutrientes, compostos de baixo peso 
molecular e íons, sendo o sítio em que ocorrem as reações químicas 
Estruturas que nem sempre estão presentes em bactérias: 
1. Parede celular: 
A maioria das bactérias possui, mas algumas não a apresentam. Suas 
funções são: 
• Manutenção da forma celular 
• Suportar a elevada pressão osmótica – proporciona proteção contra 
lise osmótica 
• Auxiliar na divisão celular 
A divisão em Gram positivas e Gram negativas ocorre devido a diferenças 
presentes na parede celular. Gram é uma coloração diferencial, que apresenta 
resultados diferentes dependendo dos componentes presentes na parede celular 
da bactéria. A coloração de Gram é feita a partir de 2 corantes: o cristal violeta 
(que é adicionado primeiramente) e o iodo (que é acrescentado em seguida). 
Juntos, estes dois corantes se ligam e formam um complexo: o complexo cristal 
violeta-iodo. Este complexo não consegue sair de dentro da bactéria, ficando 
aprisionado em seu interior. Adiciona-se em seguida álcool, realizando uma 
lavagem. Com a adição do álcool, algumas bactérias perdem o corante, 
enquanto outras o mantém. Para melhor visualização, adiciona-se a safranina 
(corante vermelho utilizado para corar as bactérias que perderam o corante e 
ficaram incolores com a adição do álcool). A bactéria gram positiva é a que fica 
corada em roxo e a gram negativa é a que fica corada em vermelho. 
 
 
 
 
Parede celular de bactéria Gram positiva: 
9 
 
Possui várias camadas de peptidioglicanos (de modo que estes formam 
cerca de 90% da parede). Os peptideoglicanos são compostos exclusivos de 
bactérias, e são alvo da ação de antibióticos (ex.: penicilina atua inibindo a sua 
síntese). Os peptideoglicanos são formados por sequências de NAM (ácido N-
acetilmurâmico) e NAG (N-acetilglicosamina). Cada camada da parede celular é 
formada por uma alternância de NAM e NAG. Cada cadeia (camada)se liga à 
outra por um tetrapeptídeo. 
 
 
As bactérias Gram positivas possuem ácido teicoico (polissacarídeo ácido 
com resíduo de glicerol fosfato ou ribitol fosfato). Estão relacionados com a 
adesão da bactéria a superfícies. 
 
Parede celular de bactéria Gram negativa: 
Ao contrário das bactérias Gram positivas, as Gram negativas possuem 
poucos peptideoglicanos (poucas camadas – cerca de 10% da parede). A sua 
parede celular é formada por uma membrana externa (a qual por vezes é 
responsável por levar a uma menor pearmibilidade da bactéria Gram negativa) 
e por um espaço periplasmático: 
10 
 
 
• Espaço periplasmático: se localiza entre a membrana externa e 
membrana citoplasmática. Possui enzimas e atividade metabólica 
importante 
• Membrana externa: é marcada por lipopolissacarídeos (LPS – os quais 
funcionam como uma endotoxina ao serem liberados no organismo) e 
proteínas como porinas e lipoproteínas. Isso faz com que alguns 
antibióticos não a ultrapassem. A diferenciação da coloração Gram 
ocorre devido a uma desestruturação da membrana externa da parede 
celular da bactéria Gram negativa, fazendo com que ela se desintegre e 
assim o corante violeta saia, ficando incolor. O álcool não é capaz de 
desestruturar a membrana da Gram positiva, mantendo o complexo cristal 
violeta-iodo em seu interior 
o Os LPS são endotoxinas (toxinas que são parte integrante das 
bactérias Gram negativas e que só são liberadas após a lise 
celular). São formados por uma parte lipídica (tóxica) e uma parte 
formada por açúcar. A parte lipídica está ancorada na membrana 
(na bicamadalipídica) e a parte de açúcar se projeta para o meio 
externo. As manifestações dos efeitos tóxicos das bactérias 
ocorrem com a morte celular, quando a bactéria é lisada (e com 
isso as endotoxinas são liberadas). Por isso, ao se utilizar alguns 
antibióticos que rompem a bactéria, causa-se a ativação de 
macrófagos, levando a ativação do sistema complemento, 
leucocitose, liberação de citocinas, podendo levar a 
trombocitopenia, coagulação intravascular disseminada, febre, 
diminuição da circulação periférica, choque e morte. 
11 
 
 
o Todo antibiótico para Gram negativa possui esse efeito em 
menor ou pior grau. Normalmente, estes efeitos indesejados são 
contornáveis e desaparecem após um período de tempo 
o As bactérias Gram negativas são pouco sensíveis à penicilina e às 
sulfonamidas 
 
2. Fímbrias e Pili: 
o Fímbrias: São estruturas numerosas e mais curtas do que os 
flagelos. Possuem função de adesão, podendo ser utilizadas para 
aderir a bactéria a receptores da célula hospedeira, por exemplo. 
Estão presentes apenas nas bactérias Gram negativas. 
 
o Pili: Realiza transferência de material genético (nas bactérias, o 
material genético pode ser transferido por transformação, 
transdução e conjugação, sendo este último o meio no qual o pili é 
utilizado). É uma estrutura maior do que as fímbrias, mas está 
presente em menor número (podendo ser único ou em poucas 
unidades). Conecta uma bactéria a outra, funcionando como um 
12 
 
tubo para transportar o DNA. Estão normalmente presentes nas 
Gram negativas. 
 
3. Flagelos: 
Se as bactérias apresentam flagelos, são bactérias móveis. Devido a isso, 
estas bactérias formam colônias não tão bem definidas quanto as formadas 
pelas não móveis. A locomoção é realizada por meio de movimento rotatório. 
Os flagelos são formados por proteínas chamadas de flagelinas, as quais 
formam longos filamentos que partem do corpo da bactéria e se estendem 
externamente ao meio. São classificados em: 
o Monotríquio: flagelo único 
o Anfitríquio: nas duas extremidades 
o Peritríquio: ao redor de toda célula 
o Lofotríquio: tufos (vários saindo em apenas uma extremidade) 
 
 
 
 
4. Endosporos: 
13 
 
São esporos formados no interior das bactérias para conferir-lhe 
resistência. Atuam como estrutura de sobrevivência em condições 
ambientais desfavoráveis. São as estruturas vivas mais resistentes 
conhecidas. São produzidas no interior das bactérias, sendo células 
altamente diferenciadas e que possuem pouca quantidade de água. São uma 
forma de sobrevivência, e não uma forma de reprodução. 
o Ex.: Bactérias sem endósporos podem possuir menores taxas de 
sobrevivência a altas temperaturas do que bactérias com 
endósporos. 
o São estruturas de importância para a indústria alimentícia (ex.: se 
a bactéria sobrevive a altas temperaturas, é mais difícil de eliminá-
la antes da alimentação, e, se ela liberar exotoxinas, isto pode ser 
algo prejudicial para a saúde humana). 
o Processo de esporulação: a bactéria passa da forma vegetativa 
para a forma com esporos. Ocorre quando as condições estão 
desfavoráveis. 
o Processo de germinação: o esporo maduro se torna uma célula 
vegetativa quando as condições estão favoráveis. 
 
 
o São resistentes ao calor, desidratação, valores extremos de pH, 
radiação (principais gêneros: Bacillus e Clostridium) 
o A presença de esporos funciona como um fator de virulência da 
bactéria. 
 
 
5. Plasmídeo: 
Porção de DNA acessório que pode ser transmitido de uma bactéria para 
outra. Carregam genes específicos. 
 
6. Grânulos de reserva/Inclusão: 
Consistem em grânulos de substâncias armazenadas, sendo estas 
principalmente reservas energéticas. Exemplos: grânulos de glicogênio, amido, 
lipídeos, polifosfato, óxido de ferro (magnetossomos). 
 
14 
 
7. Glicocálice: 
É um revestimento feito de açúcares (polissacarídeos) que envolve a parede 
celular. Pode ser classificado em: 
• Cápsula: quando o glicocálice está bem organizado e firmemente aderido 
à parede celular. Normalmente, segue a forma da bactéria. É um fator de 
virulência, pois pode impedir a fagocitose. 
• Camada viscosa: está pouco organizado e fracamente aderido à parede 
celular. Pode ser utilizado na indústria alimentícia como espessante 
(goma xantana). 
o Pode auxiliar na adesão (ex.: placa bacteriana da cárie) e também 
funcionar como reserva energética (usa o açúcar em seu 
metabolismo). 
 
 
15 
 
FISIOLOGIA BACTERIANA 
Medusa - 86 
 
 A Fisiologia Bacteriana consiste no estudo das funções mecânicas, físicas 
e bioquímicas das bactérias - o funcionamento deste organismo. 
 As células microbianas são formadas, em sua maioria, por carbono, 
hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre (CHONPS). Estes 6 elementos 
são necessários em maior quantidade pelas bactérias (do que os outros 
elementos). Elas os obtêm por meio da disponibilidade no meio de cultura. A 
partir destes elementos, a bactéria sintetiza as suas macromoléculas e 
constituintes celulares. 
 Além destes elementos, há alguns íons que são importantes para 
atividade enzimática (como Na+, Ca+2, Mg+2, K+, Cl-). 
No laboratório, todos estes nutrientes devem estar contidos no meio de 
cultura. Quanto mais complexos os microrganismos (mais fastigiosos), mais 
nutrientes são necessários para o seu desenvolvimento. 
 
Fatores que afetam o crescimento bacteriano: 
A. Químicos: 
1. Água 
Necessário para o funcionamento adequado das enzimas 
2. Macronutrientes: 
Necessários em maior quantidade. Os 6 CHONPS acima. 
3. Micronutrientes: 
São utilizados principalmente como cofatores enzimáticos. São utilizados em 
menor quantidade (algumas bactérias nem necessitam destes micronutrientes, 
como a E. coli). São os cátions e ânions citados acima. 
4. Fatores de crescimento: 
São necessários em pequenas quantidades por determinados micro-
organismos, que não são capazes de sintetizar esses fatores. São vitaminas, 
aminoácidos, purinas e pirimidinas. Por vezes, há bactérias que possuem uma 
maior necessidade de vitaminas do que os humanos. As funções destes fatores 
de crescimento são: 
• São precursores de constituintes celulares 
• São parte de coenzimas em reações enzimáticas 
 
16 
 
 
B. Ambientais: 
1. Temperatura: 
É o fator que mais exerce influência no crescimento bacteriano. Em taxas 
mais baixas de temperatura, há uma menor taxa de crescimento bacteriano. Isto 
ocorre pois a membrana lipídica fica mais sólida, e, como ela possui a função de 
produção de energia nas bactérias, há uma menor taxa de crescimento e menor 
transporte de substâncias. Devido a esta menor proliferação, a baixa 
temperatura é uma boa estratégia de controle microbiano. 
 
Conforme se aumenta a temperatura, há um aumento na taxa de 
crescimento (as reações enzimáticas aumentam), até ser alcançada uma 
temperatura ótima de crescimento: acima dela, ocorre a desnaturação de 
proteínas e enzimas, havendo uma queda na taxa de crescimento e alterações 
na membrana. O aumento de temperatura pode até levar à morte celular (isto 
explica porque as altas temperaturas são utilizadas como estratégia para 
esterilização). 
• Temperatura mínima: mínimo para haver crescimento 
• Temperatura ótima: máximo de crescimento bacteriano 
• Temperatura máxima: sem crescimento bacteriano 
 
As bactérias, de acordo com a temperatura ótima, podem ser classificadas 
em: 
17 
 
• Psicrófilos: 10-15ºC 
• Psicotróficos: 25ºC 
• Mesófilos: normalmente as patogênicas estão nesta faixa – 36-37ºC. 
Deterioradores de alimentos também estão neste grupo. 
• Termófilos: 60-70ºC 
• Hipertermófilos: 100ºC. Próximos a vulcões e no fundo do oceano (?) 
 
Para que cada bactéria consiga sobreviver em diferentes condições de 
temperatura, elas possuem diferentes enzimas com diferentes estabilidades. 
 
2. pH 
De acordo com o pH necessário para o que organismo se desenvolva de 
maneira ótima,os microrganismos podem ser divididos em: 
• Acidófilos: próximo a 3,5 
• Neutrófilos: próximo a 7. A maior parte das bactérias se encontra nesta 
faixa. 
• Alcalófilos: próximo a 8 
 
3. Concentração salina 
Os microrganismos são divididos em: 
18 
 
• Não halofílico: não dependem da concentração de NaCl do meio de 
cultura. Maioria dos organismos. 
• Halotolerantes: necessitam de 5 a 8% de NaCl na cultura 
• Halofílicos: necessitam de aproximadamente 15% de concentração salina 
para crescer 
• Halofílicos extremos: necessitam de cerca de 30% da NaCl no meio. Estes 
microrganismos são normalmente encontrados em ambientes marinhos. 
 
Como a grande maioria dos microrganismos é não halofílico, a adição de sal 
ou açúcar também é uma boa estratégia para controle microbiano. 
 
4. Pressão osmótica 
 
• Ambiente Isotônicos: Normalmente são os preferíveis. Ocorrem trocas de 
água com o meio externo, mas elas não impactam a fisiologia da célula 
bacteriana. 
• Ambiente Hipotônicos: há menor concentração de soluto no meio. Ocorre 
a lise celular se um organismo adaptado a ambiente isotônico é colocado 
neste meio. 
• Ambiente Hipertônicos: há maior concentração de soluto no meio. Ocorre 
a desidratação se um organismo adaptado a ambiente isotônico é 
colocado neste meio. 
• Osmofílicos: são organismos que requerem altas pressões osmóticas 
(ambientes ricos em açúcar). 
19 
 
 
5. Atmosfera 
É o segundo fator mais importante para o crescimento. Refere-se ao acesso 
que o organismo possui ao oxigênio. 
 
• Aeróbios estritos: utilizam O2 como aceptor final de elétrons. Estes 
organismos realizam a respiração celular como mecanismo de obtenção 
energética. A utilização deste mecanismo possibilita a fabricação de uma 
maior quantidade de ATP. Como há mais ATP, estes microrganismos 
crescem mais rapidamente do que os outros. Ao serem colocadas em um 
tubo de ensaio, as células bacterianas aeróbias estritas tendem a se 
acumular na superfície do tubo, local mais próximo do O2 
• Anaeróbios estritos: realizam respiração sem O2 (anaeróbica, utilizando 
outros aceptores finais que não o O2). Tendem se acumular no fundo do 
tubo de ensaio (mais longe possível do O2 – o O2 é tóxico em suas formas 
reativas a estes microrganismos) 
• Anaeróbios facultativos: conseguem fazer respiração aeróbica, 
anaeróbica ou fermentação. Se adaptam mais facilmente às diversas 
condições – podem habitar diversos tipos de ambientes. Se distribuem 
por todo o tubo, mas ficam concentradas mais perto da superfície para ter 
O2 e gerar mais energia pelo processo de respiração celular. 
• Microaerófilos: Fazem respiração aeróbica, mas requerem menor 
quantidade de O2 do que a presente na atmosfera para viverem 
adequadamente. Ficam um pouco mais abaixo do local que os aeróbios 
estritos ficam no tubo. 
• Anaeróbios aerotolerantes: Independem da ausência ou dependência de 
O2. Fazem fermentação. Se distribuem ao longo de todo o tubo 
uniformemente. 
20 
 
 
Quando se é utilizado o O2 no processo de obtenção energética, são 
gerados subprodutos deste metabolismo, chamados espécies reativas de O2 
(radicais livres). Para que ocorra a redução completa do oxigênio, é necessário 
que o O2 receba 4 elétrons: 
• 1 elétron recebido: torna-se ânion superóxido 
• 2 elétrons recebidos: torna-se peróxido de hidrogênio 
• 3 elétrons recebidos: torna-se radical hidroxila 
• 4 elétrons recebidos: torna-se água: é quando ocorre a redução 
total 
 
Se 1 a 3 elétrons são recebidos, há a formação das espécies reativas. 
Estas moléculas possuem este nome pois possuem cargas, e devido a isso 
reagem com macromoléculas e realizam a oxidação de lipídios, proteínas e DNA 
(causando morte celular). 
Devido a isso, existem nos metabolismos aeróbicos enzimas específicas 
para reagir com as espécies reativas e eliminá-las (processo denominado 
detoxificação). Estas enzimas são: 
o Superóxido dismutase (SOD) 
o Catalase 
o Peroxidase 
21 
 
 
Os aeróbios e anaeróbios facultativos possuem SOD e catalase (alguns 
possuem peroxidase). Os anaeróbios são incapazes de eliminar as espécies 
reativas, morrendo em contato com o O2. 
 
VISÃO GERAL DO METABOLISMO 
 Há reações catabólicas e anabólicas. Nas reações catabólicas, os 
substratos são quebrados e convertidos em produtos por meio de reações que 
são utilizadas para liberar energia (que será armazenada e utilizada 
posteriormente). Os substratos são geralmente lipídios, carboidratos ou 
proteínas. Nas reações anabólicas, ocorrem vias de biossíntese para 
constituição de macromoléculas e demais constituintes celulares. As vias 
anabólicas utilizam a energia gerada pelas reações catabólicas. As formas de 
armazenamento da energia são a geração do o ATP e a força próton-motora 
(presente na membrana mitocondrial no organismo eucarioto; na bactéria está 
na membrana plasmática). 
 
 Há também outros compostos que armazenam energia dentro da célula 
(glicose-6-fosfato, fosfoenolpiruvato), mas o ATP é o principal (é a “moeda 
energética”). 
 A energia produzida é utilizada para: 
o Crescimento e multiplicação celular (por divisão binária) 
o Transporte de nutrientes e excreção de metabólitos indesejáveis através 
da membrana 
22 
 
o Reparo e manutenção da célula 
o Motilidade 
o Síntese de componentes estruturais (proteínas, ácidos nucleicos, 
polissacarídeos, fosfolipídios): anabolismo. 
 
Fontes de carbono e energia: 
Dependendo da fonte de C que o indivíduo utiliza, o indivíduo pode ser: 
o Autotrófico: utiliza C inorgânico 
o Heterotrofico: utiliza C orgânico 
Dependendo da fonte de energia que o indivíduo utiliza, o indivíduo pode ser: 
o Fototrofico: utiliza energia proveniente da luz 
o Quimiotroficos: utiliza energia proveniente de compostos químicos 
 
Os organismos patogênicos são geralmente heterotróficos 
quimiotroficos (quimio-organotróficos/quimio-heterotróficos) 
 
Grupos nutricionais: classificação baseada na junção entre a forma de carbono 
utilizada e a fonte de energia utilizada 
o Quimioautotróficos 
o Quimioheterotróficos (o mais importante) 
o Fotoautotróficos 
o Fotoherotróficos 
As estratégias metabólicas dos quimioheterotróficos são: Respiração 
aeróbia, respiração anaeróbia e fermentação 
 
FERMENTAÇÃO 
 Neste processo de obtenção energética, há a degradação parcial do 
substrato. Normalmente são degradados carboidratos, mas também podem ser 
degradadas proteínas (este último metabolismo é realizado pelas bactérias do 
gênero Clostridium). Uma infecção por microrganismos anaeróbicos que fazem 
fermentação de proteína apresenta odor de carne podre. 
 Na fermentação, não há aceptor externo de elétrons. O piruvato é o 
aceptor final de elétrons: ele é reduzido (recebe os elétrons), formando os 
subprodutos da fermentação. 
 A síntese do ATP é feita pela fosforilação a nível de substrato (não há 
cadeia de transporte de elétrons). Consequentemente, estas bactérias possuem 
menor rendimento energético (2 ATP/Mol de glicose fermentada) e seu 
crescimento é mais lento. A fermentação pode ocorrer na presença ou na 
ausência de O2 (não interfere no processo). 
23 
 
 No processo de fermentação, há a via glicolítica, que ocorre até o 
momento em que a glicose é convertida em ácido pirúvico. Nesta via, o saldo 
total é de 2 ATP por mol de glicose (são formados 4, mas são utilizados 2). Em 
seguida, ocorre a redução do piruvato, processo no qual o piruvato recebe 
então os elétrons carreados pelo NADH, sendo reduzido para formar os 
subprodutos da fermentação: 
o Fermentação láctica: lactato 
o Fermentação alcoolica: etanol 
o Acetato, formato e CO2 (em algumas bactérias em específico) 
 
A quantidade de ATP gerada é pequena e ocorre apenas pela fosforilação 
a nível de substrato. A ligação pirofosfato do ATP é formada pois um 
intermediário de alta energia (que está fosforilado) doa diretamente a energia na 
forma de ligação pirofosfatopara o ADP. 
 
 
RESPIRAÇÃO AERÓBIA 
 A primeira etapa da respiração aeróbia é idêntica à glicólise - até o 
momento em que é formado o piruvato. Todavia, na respiração aeróbia ele é 
24 
 
oxidado (e não reduzido). Os elétrons gerados do ciclo de Krebs e na via 
glicolítica são armazenados na forma de NADH e FADH2 – os quais seguem 
então para a cadeia transportadora de elétrons, que está na membrana 
citoplasmática da célula. 
 Há formação de 2 ATP (por fosforilação a nível de substrato) na via 
glicolítica e de 2 ATP (por fosforilação a nível de substrato) no CK. 
 
O NADH e o FADH2 são direcionados para a cadeia de elétrons, de modo 
que passam a doar seus elétrons para o primeiro componente desta cadeia. Os 
elétrons passam pelos componentes da cadeia transportadora até chegar ao 
oxigênio (e realizar a redução final). Na cadeia, há 3 pontos de extrusão de íons 
H+, que saem da célula conforme os elétrons vão passando. Os H+ que saem 
se acumulam na parte externa da membrana plasmática. Estes H+ são 
provenientes da água presente no citoplasma da bactéria. O OH- fica acumulado 
na face interna da membrana e o H+ na face externa, o que proporciona a criação 
de uma diferença de carga entre as diferentes faces – sendo esta um dos 
componentes necessários para originar a força próton-motora. 
25 
 
 
 Como há mais H+ na face externa, o pH lá é mais ácido. O gradiente 
eletroquímico (diferença de pH e de carga) é o que constitui a força próton-
motora. Esta força próton-motora funciona como estratégia de armazenamento 
de energia por fosforilação oxidativa. 
 Como existe uma diferença de concentração dos íons H+, a tendência é 
que o H+ volte para dentro da célula pela membrana (mas ele não consegue 
realizar isso devido à carga + que a membrana está apresentando devido à alta 
concentração de H+ na face externa). Devido a isso, a única maneira do H+ 
retornar para o interior da célula é passando pela ATP sintase. O fluxo de H+ 
para dentro da célula faz com que a ATP sintase rode – a sua rotação auxilia na 
síntese do ATP. Para cada 3 ou 4 H+ que passam, há 1 ATP gerado. 
 
Na teoria, são gerados 38 ATP, mas o rendimento é por volta de 36 ATP 
na prática. São gerados ATP diretamente por fosforilação a nível de substrato 
(na glicólise e no CK) e por meio da fosforilação oxidativa (na cadeia 
transportadora de elétrons). Esta maior quantidade de ATP explica porque os 
seres aeróbicos crescem mais rápido. 
 
26 
 
RESPIRAÇÃO ANAEROBIA 
 Como o O2 não está presente em todos os ambientes, há processos de 
respiração nos quais o O2 não é o aceptor final de elétrons, de modo que são 
utilizados os aceptores alternativos de elétrons. Há enzimas especificas que 
definem qual será o aceptor final utilizado (NO3-, Fe3+, SO4-2, CO3-2 e CO2). 
 A primeira etapa da respiração anaeróbia é a mesma da respiração 
aeróbica (há a glicólise e o CK com fosforilação a nível de substrato). Na 
segunda etapa, os elétrons também vão para a cadeia transportadora, é 
gerada a força próton-motora e há a síntese de ATP – o que difere é o aceptor 
final de elétrons (que não é o oxigênio). 
 A menor quantidade de ATP gerada ocorre devido ao fato de o aceptor 
final de elétrons não ser o O2 (a quantidade é menor que a da aeróbica porque 
o O2 é mais eletronegativo). Devido a isso, os micro-organismos que realizam 
respiração anaeróbia se reproduzem mais lentamente que os que realizam 
respiração aeróbia, mas mais rapidamente do que os que realizam fermentação. 
 
CRESCIMENTO BACTERIANO 
Fissão binária 
 Neste modo de divisão celular, a célula se divide, originando duas novas 
células idênticas (nas quais, por vezes, podem ocorrer mutações). É necessário 
que sejam duplicadas todas as estruturas internas e externas. Suas etapas são: 
1 – A bactéria duplica o DNA 
2 – Há a formação de um septo na membrana plasmática 
3 – A bactéria se divide em 2. 
 Esta divisão ocorre de forma exponencial, de modo que o número inicial 
afeta o número final (1,2,4,8,16...). O tempo necessário para que a bactéria se 
divida em 2 (duplique a população) é chamado de tempo de geração. Este 
tempo é bastante variável de acordo com o microrganismo, mas quanto melhor 
estiverem as condições, mais rápida será a multiplicação. 
 Crescer = aumentar o número de células (se aumentou a população 
inicial). É percebido que uma bactéria se duplicou por meio da turvação do meio 
de cultura líquido ou por meio da formação de colônias em meio sólido (possuem 
cores/formatos/tamanhos diferentes). 
27 
 
 
Curva de crescimento bacteriano: Ao se colocar a bactéria em um meio de 
cultura com ambiente ótimo, há 4 fases de crescimento: 
 
1. Fase lag: a bactéria deve inicialmente se adaptar ao meio de cultura (ex.: 
passar da temperatura do freezer de -20ºC para a condição atual). Sua 
duração depende de cada microrganismo e das condições ambientais 
(quanto melhor as condições, mais rápida). A multiplicação já tem início 
no final desta fase. 
2. Fase exponencial/logarítmica: há o crescimento bacteriano 
exponencial. Ocorre intensa atividade metabólica e divisão celular. Este 
aumento de células não é contínuo, porque os nutrientes do ambiente vão 
começando a cessar e começa a haver acúmulo de metabólitos - assim, 
a velocidade de duplicação vai progressivamente diminuindo. 
28 
 
3. Fase Platô/Estacionária: Quando a bactéria diminui a sua velocidade 
de duplicação, se igualando ao número das que vão morrendo. É 
decorrente da depleção de nutrientes e acúmulo de metabólitos no meio. 
4. Morte celular: O número das bactérias que morrem é superior ao das 
que se duplicam. Morrem e sofrem lise normalmente. Nunca chega a 0 
(pois as bactérias nunca somem totalmente, ficando em formas latentes). 
Estas 4 fases ocorrem apenas em um ambiente ótimo. As bactérias em 
processos infecciosos não passam pelas 4 fases desta maneira, pois os 
nutrientes e as condições do ambiente podem ir variando. 
Muitos dos compostos produzidos pela indústria e fatores de virulência dos 
microrganismos são produzidos no início da fase estacionária. Como estes 
compostos são necessários para a contaminação, eles funcionam como uma 
estratégia do organismo para permanecer no local mesmo quando a sua 
multiplicação celular já está cessando. A produção destes compostos também 
pode ocorrer durante a fase exponencial (nos dois casos citados acima). 
 
 
UFC por ml: unidade formadora de colônia por ml (como se conta quantas 
bactérias há no meio de cultura sólido). Podem ser contadas também por 
densidade optica (se o meio for líquido). 
 
29 
 
GENÉTICA BACTERIANA 
Medusa - 86 
 
Há algumas diferenças entre os mecanismos que ocorrem na genética 
das bactérias e os que ocorrem na genética dos eucariotos. 
O cromossomo bacteriano é único, com DNA dupla hélice e circular - 
suas extremidades são unidas (não são lineares como nos eucariotos). O 
tamanho do cromossomo varia nas bactérias (indo de 580 a 10.000 kb). Esta 
diferença ocorre porque durante a evolução, algumas bactérias foram perdendo 
alguns genes, mantendo apenas os que eram essenciais ao seu 
desenvolvimento. 
O DNA bacteriano possui replicação autônoma: há uma região no DNA 
bacteriano denominado origem de replicação (origem) – ponto a partir do qual 
se inicia o processo de replicação. 
Não há introns, apenas partes codificáveis (não há material genético 
extra como nos eucariotos – tudo o que é encontrado no material genético 
bacteriano forma um produto adicional). 
Também não há histonas, embora o cromossomo seja superenovelado 
(utiliza o auxílio de outras proteínas semelhantes às histonas para se enovelar). 
Para que o DNA caiba dentro da célula bacteriana, ele se dobra ao longo de seu 
próprio eixo, sendo superenovelado. 
 
PLASMÍDEOS 
Além do cromossomo, a bactéria também pode apresentar elementos 
genéticos extracromossomais: os plasmídeos. O genoma da célula bacterianacompreende o cromossomo e os elementos extracromossomais. 
 
30 
 
Os plasmídeos são moléculas de DNA fita dupla, muitas vezes circular, 
de tamanho variável, que se replicam independentemente do cromossomo 
bacteriano. Dentro do plasmídeo, há genes não essenciais, mas que conferem 
algumas vantagens seletivas em termos de competição (como genes de 
resistência a antibióticos, genes de síntese de toxinas, genes de síntese de 
fatores de virulência e genes para degradação de compostos tóxicos). 
Muitos plasmídeos são passiveis de transferência (de modo a 
disseminar o gene, incluindo os de resistência a antibióticos). Como os 
plasmideos replicam de forma independente, a célula bacteriana consegue 
aumentar o número de plasmídeos mesmo se a célula não está em processo de 
mitose. 
 
Plasmídeo R (de resistência): confere resistência a 4 tipos diferentes de 
antibióticos e à degradação de mercúrio. A transferência dos plasmídeos é 
feita por meio do processo de conjugação. 
 
TRANSPOSONS: 
Também são elementos genéticos extracromossomais. São 
chamados “elementos saltadores”. Estão localizados dentro de uma molécula 
de DNA (seja do cromossomo, do plasmídeo ou do genoma viral), podendo saltar 
de uma posição e se integrar a outra molécula de DNA. Isto ocorre tanto em 
procariotos quanto em eucariotos. 
Sua relevância é que a movimentação deste segmento de DNA de um 
local para outro gera variabilidade genética, pois altera a sequência do DNA. 
Pode favorecer o organismo ou não (pode ser que interrompa uma sequência 
importante ou gere uma proteína nova que capacite o microrganismo a viver 
melhor). 
 
É composto por repetições de bases nucleotídeas invertidas nas 
extremidades (5’ e 3’), genes necessários para a sua transferência (transposase 
- enzima que cliva as sequencias para que exista a movimentação do 
transposon) e por genes extras (como genes de resistência a drogas, síntese de 
toxinas, síntese de enzimas). 
31 
 
 
 
 
REPLICAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO: 
O que normalmente ocorre: as mesmas bases nitrogenadas presentes 
nos eucariontes estão compondo o material genético dos procariontes. Os 
nucleotídeos são compostos por cadeias de açúcar, fosfatos e bases 
nitrogenadas. O DNA bacteriano também é uma dupla hélice, complementar (AT, 
CG), com fitas anti-paralelas (3’ e 5’) e superenoveladas. As bases são ligadas 
por ligação de hidrogênio. O DNA apenas apresenta aspecto de dupla hélice pois 
as fitas são complementares e anti-paralelas. 
A replicação é semi conservativa: cada fita na dupla hélice atua como 
modelo para a síntese de uma nova fita complementar. 
 
Para se abrir a dupla hélice (forquilha de replicação), há todo o aparato 
enzimatico (helicases, primases, etc). A síntese da fita complementar ocorre de 
maneira diferente nas 2 fitas após se abrir a dupla hélice. Isto ocorre pois a DNA 
polimerase apenas segue em um sentido: de 5’ para 3’. Como as fitas que 
compõem a dupla-hélice são anti-paralelas, o sentido de 3’ para 5’ acompanha 
32 
 
a abertura da forquilha em uma das fitas (azul no exemplo abaixo) e é contrário 
à abertura da forquilha na outra (vermelha no desenho abaixo). 
 
A DNA polimerase apenas consegue acompanhar continuamente na 
direção 5’ para 3’. Isso faz com que apenas a fita que possui direção de 3’ para 
5’ consiga ter a sua síntese feita continuamente (já que as fitas feitas são sempre 
antiparalelas). Esta fita é chamada de fita líder. 
A outra fita é chamada de fita tardia. Ela vai de 5’ para 3’, e devido a isso 
a DNA polimerase tem que trabalhar “contra o fluxo” da abertura da forquilha. 
Para que ela consiga replicar todo o DNA corretamente, ela tem que parar a 
replicação e seguir para a nova região que foi aberta na forquilha, fazendo isso 
repetidamente. Devido a isso, a fita tardia possui sua replicação feita em 
fragmentos, denominados fragmentos de Okazaki. Após isso, a DNA ligase vai 
unindo os fragmentos, para que assim a fita fique completa. 
Há mais tipos de DNA polimerase nas bactérias, mas elas possuem a 
mesma função que nos eucariotos. 
 
33 
 
 
 
 
Diferença no processo de replicação nos eucariotos e nas bactérias: 
A replicação nas bactérias é bidirecional (em eucariotos é apenas em um 
único sentido). O fato de a replicação ser bidimensional faz com que a replicação 
seja mais rápida. A forquilha se abre bidireccionalmente e vai se movimentando 
da oriC (origem da replicação) para ambos os lados até atingir a outra 
extremidade da molécula de DNA, se soltando no final e formando 2 moléculas 
de DNA dupla fita circular. 
34 
 
 
 
 
TRANSCRIÇÃO: 
Nos eucariotos, há 3 regiões do DNA, chamadas de promotora, operadora, 
região codificadora (onde há introns e exons). Os introns são removidos para 
que exista a molécula de RNA funcionando. 
• Promotora: sequência de nucleotídeos que é reconhecida pela RNA 
polimerase (onde ela se liga para iniciar a síntese do RNA). 
• Operadora: onde se ligam indutores para facilitar ou reprimir a transcrição 
genica 
 
Nos procariotos: não há introns, apenas exons. Com isso, não é necessário 
realizar o processamento do RNA (sendo esta uma forma de fazer mais 
rapidamente o processo da transcrição e gastando menos energia). Há nos 
procariotos uma região chamada de terminador, sendo o sítio que a RNA 
polimerase reconhece para se terminar a transcrição. 
Pode haver também nos procariotos os operons: 2 ou mais genes sob 
controle do mesmo promotor e do mesmo operador. É o caso das enzimas da 
via glicolitica. Em um único RNA, codifica-se 3 produtos diferentes: com isso, há 
um menor gasto de energia. Portanto, nos procariotos há genes únicos e genes 
sob controle do mesmo promotor e operador. 
35 
 
 
O processo de transcrição se dá da seguinte forma: há o início do processo 
pelo reconhecimento do promotor pela RNA polimerase, de modo que ela vai 
adicionando os nucleotideos de forma complementar a fita de molde. Quando a 
RNA polimerase atinge o terminador, ela se desliga da molécula de RNA. 
Ressalva: quando há RNA, há uracila também entre as bases nitrogenadas. 
 
 
 
 
 
TRADUÇÃO: 
36 
 
Enquanto o ribossomo dos procariotos é 70s, e dos eucariotos é 80s 
(possuem tamanho diferentes, mas a mesma função). Isto é importante pois os 
antibióticos agem apenas nos ribossomos 70s e não afetam a síntese proteica 
do hospedeiro. 
Para os procariotos, há as subunidade 30s e 50s (S: unidades Svedberg 
- define apenas o tamanho ser diferente). Quando estão separadas, ficam em 
formato diferente do que quando estão juntas. Ambas são constituídas de RNA 
ribossômico e proteínas. 
OBS: O RNA 16s é o utilizado para sequenciar e reconhecer um microrganismo 
procarioto (em eucariotos, é utilizado do 18s). 
 
 
Diferenças na tradução dos procariotos e na dos eucariotos: 
O código genético é uma sequência de 3 bases nitrogenadas que 
correspondem a um aminoácido. Ha 64 possibilidades (códons), que indicam: 
• Os aminoácidos essenciais 
• Os códons de iniciação (onde se inicia o processo de tradução) 
o O códon de iniciação na bactéria é o AUG, que confere uma N-
formilmetionina. 
• Os códons de parada. 
o Os códons de parada são UAA UAG e UGA - quando o ribossomo 
os encontra no RNA mensageiro, se desliga e tem fim o processo 
de tradução 
O código genético é chamado de degenerado porque há mais de um 
códon que corresponde ao mesmo aminoácido. Isso é importante pois, se houver 
algum erro no processo de transcrição, é conferido o mesmo aminoácido 
(geralmente a alteração é na última base nitrogenada). Os eucariotos também 
possuem o código genético degenerado. 
37 
 
 
O RNA transportador é responsável por trazer os aminoácidos 
correspondentes ao codificado pelo códon. Para isso, nele há uma região 
complementar ao códon denominada anticódon. Ao interagir o anticódon do 
RNAt com o códon do RNAm, há a ligação dos aminoácidos trazidos peloRNAt, 
de forma que vai sendo formada a cadeia peptídica. 
 
Inicialmente, há um RNAm, que é reconhecido pela subunidade menor do 
ribossomo. O ribossomo vai se movendo pelo RNAm, indo reconhecendo a trinca 
de nucleotídeos (códon), e interagindo com o RNAt que vai trazendo os 
aminoácidos equivalentes ao códon. Este processo vai ocorrendo até que se 
forme as ligações peptídicas e atinja o término (códon de parada) (explicado o 
de cima mas mais bonitinho rs). 
38 
 
 
 Na extremidade 3 linha do RNAt há o aminoácido correspondente 
sinalizado pelo códon do RNAm. 
 
 
* O RNA transportador também é uma fita simples, mas possui um 
pareamento entre as próprias bases para que seja possível que o anticódon 
pareie com o códon, e a extremidade 3’ fique livre para que seja anexado o 
aminoácido. 
39 
 
Outra variação no processo que ocorre nas bactérias é que a transcrição 
e a tradução podem ser acopladas (acontecer ao mesmo tempo), conferindo 
maior rapidez no processo de replicação. Antes de terminar a síntese do RNAm, 
já há os ribossomos realizando o processo de tradução e sintetizando a proteína. 
 
 
 
PROCESSO DE REGULAÇÃO GÊNICA 
Este processo também ocorre nos eucariotos, mas é mais importante nas 
bactérias. Faz com que não seja permitido que a bactéria sintetize compostos 
que não são necessários no momento. Muitos genes só são expressos 
quando há a necessidade da expressão. Este processo visa a economia de 
energia, assim como o acoplamento do processo de transcrição e de tradução 
descritos acima. 
A regulação gênica é realizada por 2 controles: a repressão e a indução. 
• Repressão: processo que inibe a expressão gênica. Há proteínas 
reguladoras que se ligam na região do operador (ou a outro local 
também), inibindo o processo de transcrição. 
• Indução: ativam a transcrição do gene. Se liga à região do operador ou a 
outro local. 
Ex.: operon Lac: da lactose. Há 3 genes (LacZ, LacY e LacA), que codificam 3 
enzimas necessárias para metabolizar a lactose (que normalmente é utilizada 
como fonte energética quando não há glicose no ambiente). O operon Lac só vai 
ser expresso na presença da lactose. 
• Na ausência da lactose, há a repressão da transcrição do gene. A proteína 
repressora se liga ao operador e impede a movimentação da RNA 
polimerase. 
40 
 
 
• Na presença de lactose, há uma indução do processo de transcrição: a 
lactose se liga ao repressor, inativando-o e não deixando que ele continue 
a se ligar no operador. Assim, a RNA polimerase fica livre para circular e 
realizar a transcrição. 
 
Quando ocorre a esporulação da bactéria, não há transcrição de nada (os 
genes são reprimidos porque todo o citoplasma fica diferenciado e não há 
nenhuma atividade). 
O processo de regulação gênica ocorre também para a produção de 
fatores de virulência. Ex.: algumas bactérias só passam a produzir estruturas 
relacionadas com a invasão do hospedeiro (como cápsula e determinadas 
enzimas) ao passar pelo TGI (ex.: se deparar com pH ácido e depois com sais 
biliares). 
Quando há um operon, o RNAm que traz estas 3 informações é chamado 
de RNAm policistronico: dá origem a 2 ou mais proteinas/produtos. 
Diferentemente de um RNAm monocistrônico (que carrega apenas 1 gene por 
vez), apenas 1 RNAm policistrônico já gera os 3 produtos (o que faz ser mais 
rápido o processo). 
 
41 
 
ALTERAÇÕES FENOTIPICAS E GENOTIPICAS 
 
As possíveis alterações na bactéria podem ser tanto genotípicas quanto 
fenotípicas. 
• Alterações fenotípicas: Resultantes da adaptação da bactéria ao 
ambiente. São reversíveis, e não ocorre alteração do DNA. Consistem em 
variações temporárias (ex.: bactéria Serratia marcescens: quando 
cultivada a 37ºC não apresenta pigmento, mas se cultivada a 25ºC, 
apresenta pigmento vermelho – isto ocorre pois o gene da cor só é 
expresso na encubação de 25 graus. É um tipo de regulação de 
expressão gênica induzido pela temperatura). 
• Alterações genotípicas: há alterações no genótipo, na sequência de 
nucleotídeos do microrganismo e contribuem com a variabilidade genética 
da bactéria. Há processos de mutação e recombinação. 
o Mutação: pode ser resultado de deleção, inserção ou substituição 
de nucleotídeos. Esta alteração é transmitida às células filhas. 
Pode ser um evento espontâneo (ocorre na própria atividade da 
DNA polimerase (quando escapam dos processos de correção dos 
erros)) ou induzido (ex.: em laboratório pela luz ultravioleta). 
▪ Se a mutação leva à geração de algum composto que faça 
ela sobreviver a um antibiótico, quando há contato com 
antibiótico, as demais populações morrem e só a que 
desenvolveu a mutação sobrevive. Este mecanismo é 
chamado de pressão seletiva (possibilita seleção de 
bactérias mutantes) 
 
42 
 
• A mutação pode não causar nenhuma alteração, mas pode ser 
que cause alguma alteração que deixe a bactéria mais 
resistente. 
 
o Recombinação: ocorre quando as bactérias trocam material genético. 
Ocorre principalmente em ambientes polimicrobianos. Ocorre durante 
os processos de transferência de genes (transformação, transdução e 
conjugação). É preciso que o material genético externo recombine com 
o material genético de uma determinada célula. São necessárias duas 
subpopulações bacterianas – uma sensível e uma resistente a 
determinada droga. Estas duas subpopulações vão trocar material 
genético entre si, de modo que a célula resistente passe o gene de 
resistência para ALGUMAS bactérias da subpopulação sensível, 
tornando apenas algumas dessas bactérias resistentes. Quando há a 
exposição ao antibiótico e a pressão seletiva, há a morte das bactérias 
sensíveis e as resistentes permanecem. Também gera variabilidade 
genética e altera o DNA da célula, mas depende de outra molécula de 
DNA que vá agir no material genético. 
 
 
3 PROCESSOS PRINCIPAIS PARA A RECOMBINAÇÃO E MUTAÇÃO: 
TRANSFORMAÇÃO, TRANSDUÇÃO E CONJUGAÇÃO. 
 
TRANSFORMAÇÃO: 
Descoberto por Frederick Griffith, que estudava Streptococcus 
pneumoniae. Esta bactéria possui cápsula, que possibilita o escape à 
43 
 
fagocitose. Quando é injetado este microrganismo no camundongo, o animal 
desenvolvia a doença e morria. Quando observado o sangue do animal morto, a 
colônia observada era rugosa (pois possuía cápsula). 
Ao colocar a bactéria viva, mas sem a cápsula, o rato não morria e a 
colônia observada ao se realizar a cultura do sangue não era rugosa. 
Se as bactérias encapsuladas eram mortas e injetadas, o camundongo 
não morria e a colônia formada com a cultura do sangue também não era rugosa. 
Se fossem misturadas as bactérias capsuladas mortas pelo calor e as 
vivas sem capsula, e fossem injetadas no camundongo, este viria a falecer. 
Quando realizada a cultura do sangue do animal, foi observada a presença 
apenas de bactérias vivas e com capsula (tornava-se mais virulenta). 
O que acontecia era que o DNA livre do meio era absorvido pela bactéria 
viva, se recombinando e fazendo parte do DNA desta bactéria. A bactéria morta 
dissemina partes do seu DNA no meio, as quais são capturadas pela bactéria 
viva e recombinadas em seu DNA, conferindo a capacidade de sintetizar a 
capsula. 
 
 Nem todas as bactérias são capazes de captar o DNA externo. Somente 
as bactérias em estado de competência são capazes de realizar a 
transformação. O estabelecimento deste estado ocorre devido à presença de 
proteínas de superfície que realizam a captação. 
 O DNA livre normalmente vem de bactérias que morreram e sofreram 
lise, liberando parte de seu DNA no meio. Não é necessário que as duas 
bactérias estejam vivas para haver a transmissão de material genético na 
transformação. 
 
CONJUGAÇÃO 
44 
 
Fenômeno descoberto na E. coli, mas ocorre em outras bactérias 
também. Há transferência de material genético entre 2 células vivas (viáveis). 
Era chamada de reprodução sexuada das bactérias. 
 
Há a capacidade do plasmideoF se integrar ao cromossomo 
(acompanhando assim todas as reproduções celulares da bactéria) ou de ficar 
na forma de plasmídeo livre no citoplasma da célula. Se o plasmideo F fica 
integrado ao DNA, a célula não é mais chamada de F+, mas sim Hfr (high 
frequency of recombination). Esta célula também pode transmitir os plasmídeos 
para uma célula F-, visto que também possui o cromossomo para a síntese do 
pilus F. Ambas as formas (F+ e Hfr) podem transmitir material genético, mas de 
forma diferente. 
 
O pilus reconhece a membrana da célula F- (não consegue reconhecer 
célula F+ pois sua membrana é diferente) e vai aproximando as células, até que 
elas se fundam, e a célula F+ passe uma cópia do plasmídeo F para a célula F-
. O plasmídeo F (que era uma estrutura em dupla fita) passa uma de suas fitas 
para a célula F-. Cliva na oriT (origem de transferência) e depois vai passando o 
resto do material genético. Enquanto isso, a célula F- que vai recebendo a fita já 
vai sintetizando a outra fita do DNA (a complementar), enquanto a célula F+ 
também vai (para repor a fita que foi doada). No final, as duas bactérias têm o 
plasmídeo F inteiro (em fita dupla). Como este processo demora alguns minutos, 
as vezes só são passados alguns genes, e não o plasmídeo todo. No final do 
processo há a presença de 2 células F+. 
Há duas células, sendo uma 
delas denominada Célula F+ e 
outra de F-. A célula F+ possui 
em seu interior o plasmídeo F, 
que expressa o material pra 
síntese do pilus F. O pilus F é 
um apêndice deste 
microrganismo usado para 
reconhecer a célula F- e 
transmitir material genético 
para ela. 
 
45 
 
 
Se ao invés de possuir o plasmídeo F em sua forma livre a célula for HfR, 
ocorre o seguinte processo: as células se unem, havendo a clivagem do material 
a ser transferido na OriT também. Quando começa a transferência do plasmideo 
(e ele está integrado ao cromossomo), para que a celula F- receba todo o 
plasmideo, deve ser passado todo o material genético da Hfr. Como isso, o 
processo torna-se demorado, de modo que a F- recebe apenas parte do DNA do 
plasmideo F, virando uma célula F- recombinante (a qual é incapaz de gerar 
pilus porque não há toda informação genética pra gerar). A célula F- pode 
receber apenas genes do plasmídeo F ou também genes do cromossomo 
principal da bactéria Hfr. 
 
 
OBS.: Quando estabelecida esta união entre as membranas das células, pode 
acontecer de outros plasmídeos conjugativos, além do F, serem trocados. 
TRANSDUÇÃO 
46 
 
 O processo de transdução foi descoberto em 1952, também em 
experimentos com E.coli. A transdução consiste na transferência de DNA 
(bacteriano ou plasmidial) mediada por um bacterófago (vírus que infecta 
bactéria) 
 Há 2 tipos de transdução, sendo que cada um deles está ligado a 
determinado momento do ciclo do bacteriófago: 
▪ Transdução generalizada: está relacionada ao ciclo lítico (ciclo no qual 
a invasão do vírus mata a bactéria infectada). Neste tipo de transdução, 
qualquer fragmento do DNA da bactéria (seja cromossômico ou 
plasmidial) pode ser transferido 
▪ Transdução especializada: está relacionada ao ciclo lisogênico (ciclo no 
qual o material genético do bacteriófago integra ao cromossomo da célula 
bacteriana, não causando a sua morte a primeiro momento). Neste caso, 
somente alguns fragmentos específicos de DNA são transferidos. 
 
Ciclos lítico e lisogênico 
 O ciclo lítico é o ciclo que normalmente ocorre quando os vírus infectam 
bactérias. Ao injetar o seu material genético na bactéria, o material genético do 
vírus é replicado (utilizando-se a maquinaria da célula bacteriana), são montadas 
as partículas virais e a célula bacteriana acaba sofrendo lise, liberando as 
partículas para o meio externo. Durante esse processo, o cromossomo da 
célula acaba sendo clivado em pequenos fragmentos, os quais acabam ficando 
livres no citoplasma da célula. 
 
 Por outro lado, no ciclo lisogênico ocorre a integração do material 
genético do bacteriófago ao cromossomo da célula bacteriana. Este ciclo 
também pode ser considerado um evento de recombinação, visto que o material 
genético passa a ficar integrado ao cromossomo da bactéria, e cada vez 
47 
 
que a célula se divide ele é repassado para as células filhas. Os genes do 
bacteriófago podem ser expressos e podem capacitar a bactéria a sintetizar 
algumas toxinas ou outros produtos que ela não tinha capacidade de 
sintetizar antes. Essa situação é comum na Corynebacterium diphtheriae: é 
uma bactéria que está lisogenizada por um bacteriófago, e a toxina que esta 
bactéria sintetiza estava presente no material genético do fago. Esse mecanismo 
é chamado de conversão lisogênica. 
 Em algumas situações (ex.: alguma alteração ambiental, como de 
temperatura), o bacteriófago que estava em ciclo lisogêncio pode entrar em 
ciclo lítico (o material genético do vírus excisa do cromossomo, passando a 
realizar o ciclo lítico: forma as partículas virais e lisa a bactéria). 
 
Transdução generalizada 
 A transdução generalizada associa-se com o ciclo lítico do bacteriófago. 
O bacteriófago injeta o seu material genético na célula bacteriana (chamada de 
“célula doadora”). O DNA viral fragmenta o DNA bacteriano, fazendo com que 
fiquem presentes no citoplasma tanto segmentos de material genético do vírus 
quanto da bactéria. Após isso, são formadas partículas contendo somente 
material genético do bacteriófago (chamadas de partículas infectivas), e 
partículas contendo o material genético da própria bactéria (chamadas de 
partículas transdutoras). A formação das partículas transdutoras é um erro que 
ocorre no processo de formação de novas partículas virais (visto que era apenas 
para o DNA viral ser empacotado para ser transportado para novas células, e 
não o bacteriano). 
 A partícula transdutora, ao infectar uma segunda célula, injeta na célula 
não o material genético do bacteriófago, mas sim o material genético da 
bactéria previamente infectada. Este material genético inserido pode passar a 
fazer parte do material genético da segunda bactéria (entrando no ciclo 
lisogênico). 
 Este processo é chamado de transdução generalizada pois qualquer 
fragmento de DNA da célula inicialmente infectada pode ser transferido para 
uma segunda célula (por meio da atuação do bacteriófago). 
 
48 
 
Transdução especializada 
 Na transdução especializada, somente os genes que estavam 
próximos ao local onde o material genético do fago estava inserido (quando 
ele estava em ciclo lisogênico) podem ser transferidos para uma segunda 
célula bacteriana. 
 Inicialmente, o bacteriófago insere o seu material genético no 
cromossomo bacteriano, entrando em ciclo lisogênico. Devido a alguma 
situação (ex.: alterações ambientais), o material genético do bacteriófago 
pode excisar do cromossomo bacteriano: ocorre um processo de clivagem, 
de modo que este material genético saia do cromossomo bacteriano em que 
estava inserido. Após isso, novas partículas virais são montadas, e são 
liberadas quando a célula sofre lise (já que o bacteriófago entrou em ciclo 
lítico). Este processo é o que normalmente ocorre. 
 Todavia, pode ocorrer um evento raro, no qual o bacteriófago, ao excisar 
do cromossomo, carrega consigo partes do cromossomo da célula 
bacteriana (em rosa no desenho). Somente os genes que estão próximos ao 
material genético do bacteriófago podem ir junto durante o processo de 
excisão do bacteriófago. Quando o material genético do bacteriófago é 
duplicado, os genes da bactéria que vieram junto na excisão acabam sendo 
replicados também. Quando as partículas virais são montadas, há no seu 
interior material genético tanto da bactéria quanto do vírus. Com isso, 
quando o vírus infectar uma nova célula, se adotar o ciclo lisogênico, o material 
genético da primeira bactéria passará a integrar o cromossomo da segunda. 
 Este processo é chamado detransdução especializada pois apenas os 
genes que estão adjacentes ao material genético excisado são replicados e 
dispersados. 
 
49 
 
VARIABILIDADE GENÉTICA – E.COLI 
 Os processos de transferência horizontal de material genético permitem 
que linhagens bacterianas que fazem parte da microbiota residente possam 
começar a causar doenças se receberem materiais genéticos específicos. Esse 
processo ocorre com a Escherichia coli. O genoma da E.coli que é comensal 
com o ser humano (fazendo parte da microbiota intestinal) é diferente do 
genoma das suas linhagens patogênicas: embora o micro-organismo seja 
E.coli em todas as situações, apresenta genes de virulência distintos, 
habilitando-o a causar doenças específicas. 
 As linhagens patogênicas são: 
▪ E. coli enterotoxigênica 
▪ E. coli enteropatogênica 
▪ E.coli enterohemorrágica 
▪ E.coli enteroinvasiva 
▪ E. coli uropatogênica 
 
 
BACTÉRIAS RECOMBINANTES E SÍNTESE DE COMPOSTOS DE 
INTERESSE 
 A genética bacteriana também pode ser utilizada para a síntese de 
compostos de interesse industrial. A síntese de insulina, de outros hormônios 
e de enzimas é realizada por meio da manipulação da genética bacteriana. As 
bactérias que sintetizam estes compostos são chamadas de bactérias 
recombinantes. 
 Para se realizar a síntese destes compostos, insere-se na bactéria um 
plasmídeo recombinante contendo o gene de interesse. Quando este plasmídeo 
50 
 
passa a fazer parte do genoma bacteriano. o produto relativo ao gene de 
interesse passa a ser sintetizado pela bactéria. 
 
 
 
51 
 
MICROBIOTA HUMANA 
Medusa - 86 
 
 Os micro-organismos são ubíquos (habitam diversos tipos de ambientes, 
como ar, solo, superfícies, alimentos, calotas polares, vulcões, etc). 
A microbiota humana é a população de micro-organismos que habita 
a pele e as mucosas dos seres humanos (sendo estes micro-organismos 
bactérias, fungos, vírus e protozoários). O termo microbioma funciona como 
sinônimo para microbiota. 
 Os ecossistemas da microbiota humana são os diversos nichos 
anatômicos presentes em nosso corpo. A microbiota é diversificada de acordo 
com os ecossistemas. Cada ecossistema conta com as suas próprias condições 
ambientais (de temperatura, oxigênio, umidade e nutrientes), as quais acabam 
por selecionar os micro-organismos mais aptos para se estabelecer em cada 
local. 
 As comunidades microbianas interagem bastante entre si e com o 
hospedeiro. A microbiota desenvolve funções específicas para o hospedeiro, as 
quais estão relacionadas com a sua fisiologia. 
 Há muito mais células microbianas compondo o nosso corpo do que 
células humanas. A proporção é de 1 célula humana para 1.3 células 
microbianas. 
 
MICROBIOTA E IDADE 
 Dentro do útero materno, o feto ainda não apresenta microbiota. Ela 
começa a ser estabelecida durante o parto. A colonização inicial do recém-
nascido é proveniente principalmente da microbiota materna (que pode possuir 
origem vaginal, fecal ou de superfícies corporais da mãe) e da equipe cirúrgica 
presente no parto. A via de parto tem influência na colonização in icial da 
microbiota (principalmente intestinal) da criança. 
 Em seguida, a via de alimentação do bebê também influencia no 
desenvolvimento da microbiota. São observadas diferenças na microbiota 
intestinal da criança se ela é alimentada somente com leite materno ou com 
fórmulas industrializadas. 
 À medida que a criança vai crescendo e possuindo contato com outras 
fontes de alimento e com micro-organismos presentes em superfícies, a sua 
microbiota vai aumentando. Quando a criança atinge a idade de 2-3 anos, a 
comunidade microbiana atinge um equilíbrio (steady state). Por conta de 
inúmeros fatores, existem flutuações nessa microbiota, mas ela tende sempre a 
retornar ao seu equilíbrio 
52 
 
 Na adolescência e na fase adulta a microbiota não apresenta grandes 
alterações. 
 Com a senilidade, há alteração quantitativa e qualitativa da microbiota. 
Devido a isso, as pessoas em idade mais avançada são mais susceptíveis e 
vulneráveis a infecções do TGI. 
 
COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA 
 Além da via de parto, alimentação nas primeiras semanas de vida e idade 
(principais fatores que influenciam na microbiota), há também outros fatores que 
influenciam na composição da microbiota, como dieta, exercício, região 
geográfica, aparecimento de doenças e tratamento com drogas antimicrobianas 
 
RELAÇÃO DOS MICRO-ORGANISMOS COM O HOSPEDEIRO 
 Antigamente, achava-se que a relação da microbiota com o hospedeiro 
era de simbiose. Atualmente, sabe-se que esta relação é um estado 
intermediário, uma anfibiose: o hospedeiro e a microbiota coexistem sob a forma 
de equilíbrio estável. Desequilíbrios na microbiota e fatores externos podem 
fazer com que membros da microbiota do indivíduo se tornem patogênicos. 
 Antibiose: relação em que a bactéria e o hospedeiro são antagonistas. É 
o que ocorre nas infecções que causam doença. Esta relação pode ocorrer 
também com membros da própria microbiota do indivíduo (se houver algum 
desequilíbrio como descrito acima). 
 
CLASSIFICAÇÃO DA MICROBIOTA 
 A microbiota humana é dividida em dois grupos: microbiota residente e 
microbiota transitória. 
Microbiota residente/permanente 
 É composta por micro-organismos encontrados com regularidade em 
determinados sítios anatômicos (alguns micro-organismos são encontrados 
com mais frequência na pele, outros na cavidade oral, etc.). 
 Em condições de saúde, estes micro-organismos são compatíveis com o 
hospedeiro, não comprometendo a sua saúde. 
 São capazes de efetivamente colonizar os sítios anatômicos (a 
transitória não consegue). Se fixam à pele ou às membranas mucosas, 
colonizando estes nichos. Cada um dos sítios anatômicos possui condições 
ambientais diversas (diferente temperatura, pH, nível de oxigênio, água, 
nutrientes), que selecionam os microrganismos que possuem maior capacidade 
de sobreviver nessas condições. 
53 
 
 Os micro-organismos da microbiota residente apresentam diversificada 
atividade metabólica para assim conseguir sobreviver aos diferentes sítios 
anatômicos. Esta diversa atividade metabólica possui impacto importante na 
fisiologia do hospedeiro. 
 
 
 
Algumas bactérias são capazes de ocupar mais do que um sítio 
anatômico (ex.: membros dos gêneros Staphylococcus, Streptococcus e 
Corynebacterium), enquanto outras apresentam um tropismo tecidual (só 
conseguem ocupar aquele sítio em específico devido ao fato de as bactérias 
apresentarem adesinas específicas que reconhecem apenas determinadas 
células). 
 Sítios normalmente estéreis: bexiga urinária, útero, sangue, LCR, e 
liquido sinovial. Bexiga e útero, em algumas condições, podem apresentar 
pequenas quantidades de micro-organismos. 
 
Microbiota transitória/transiente 
 É formada por micro-organismos patogênicos ou não patogênicos 
provenientes do meio externo. Estes micro-organismos não conseguem 
efetivamente colonizar o ambiente. Permanecem por horas, dias ou semanas 
no sítio anatômico. Essa menor permanência ocorre devido à competição com 
os membros da microbiota residente e devido à sua eliminação por células do 
sistema imune. 
54 
 
 A microbiota residente, se estiver em equilíbrio, é suficiente para impedir 
que a transitória cause doenças. Todavia, desequilíbrios nela podem causar as 
doenças pelos transitórios. 
 
 Membros da microbiota residente podem causar doença quando: 
• Ocorre desequilíbrio da microbiota residente 
o Ex.: A Candida faz parte da microbiota residente do trato 
urogenital. Em condições normais, este gênero está em equilíbrio 
com diversos outros gêneros de bactérias. Se houver o 
desequilíbrio, pode haver uma superestimulação do seu 
aparecimento (ex.: devido ao uso de antibióticos, pode ser que as 
outras populações diminuam e ela não, de modo que ela comece 
a se proliferar mais. Isso explica porque às vezes é necessáriorealizar tratamento para candidíase depois de ter sido feito um 
tratamento com antibióticos). 
• Se são removidos do ambiente normal e introduzidos em outro sítio 
anatômico (devido a cirurgias, traumas, perfurações, etc) 
o Ex.: Infecções urinárias causadas por bactérias provenientes do 
TGI (como E.coli por exemplo). 
• Após antibioticoterapia (após tratamento prolongado com antibióticos de 
largo espectro) 
• Se o sistema imune está comprometido 
• Se os micro-organismos caem em sítios estéreis (ex.: sangue, LCR e 
líquido sinovial) 
 
MICROBIOTA – PELE 
 Possui grande contato com o ambiente, e devido a isso apresenta 
microbiota transitória variada. Pessoas que vivem juntas ou no mesmo grupo de 
amigos/familiares tendem a ter essa microbiota mais semelhante. 
 Há alguns gêneros e espécies predominantes, como Staphylococcus 
epidermidis, Stapjylococcus aureus, Propiobacterium e Corynebacterium. 
 Os menos frequentes são Streptococcus, Peptostreptococcus e Candida. 
 Quanto mais úmido o local da nossa pele, maior o número de 
microrganismos presentes. São encontradas 10⁶ bacterias/cm² nas axilas e entre 
os dedos do pé, e cerca de 10² a 10⁴ bactérias/cm² nas áreas mais secas da 
pele. 
 As condições especificas da pele como pH baixo, ácidos graxos nas 
secreções sebáceas e lisozima acabam eliminando parte da microbiota 
transitória. A sudorese e o banho não eliminam ou modificam significativamente 
a microbiota residente, mas modificam a transitória. 
 
55 
 
 
 
MICROBIOTA - OLHOS 
 É bastante escassa, sendo controlada principalmente pelo fluxo de 
lágrimas (pela lisozima contida nas lágrimas). Os micro-organismos 
predominantes são difteróides, Staphylococcus epidermides e estreptococos 
não hemolíticos. 
 
MICROBIOTA - OUVIDO 
 No ouvido externo e canal auditivo, a microbiota predominante é 
semelhante à da pele. O ouvido médio e interno são sítios normalmente estéreis. 
 
MICROBIOTA – TRATO RESPIRATÓRIO 
 O trato respiratório superior (nasofaringe e orofaringe) possui um 
predomínio de Staphylococcus e de Streptococcus: Staphylococcus aureus, 
Staphylococcus epidermidis, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus (α e γ 
hemolíticos) e Corynebacterium. 
 O trato respiratório inferior (traqueia e pulmão), em condições normais, 
não possui microbiota. A microbiota que atinge os pulmões consegue ser 
eliminada por células fagocíticas e também pela remoção mecânica por meio 
dos fluidos desse órgão. 
 
MICROBIOTA ORAL 
 Há diferentes sítios dentro dessa microbiota, havendo muitos gêneros e 
espécies. A microbiota oral possui menor complexidade apenas se comparada 
à microbiota intestinal (é a 2ª mais complexa do nosso organismo). 
 Dentro da cavidade oral, há variações de tensão de oxigênio, de fontes 
nutricionais, diferentes pHs e diferentes composições teciduais – variáveis que 
acabam por selecionar os micro-organismos. Exemplo disso é que um micro-
organismo que habita a região periodontal é diferente de um que habita a 
superfície da língua. 
 Muitas vezes, esses micro-organismos se acumulam de forma 
exacerbada na superfície dos dentes, formando o biofilme dental (placa 
bacteriana). O biofilme é formado por uma complexidade de micro-organismos 
(e não apenas por uma espécie/gênero de bactéria). Algumas bactérias 
começam a formação do biofilme e outros microrganismos vão aderindo a ele. 
No início da sua formação, ele é reversível, mas depois que vai ficando mais 
complexo (pois vai sendo revestido por uma camada de exopolissacarídeos - 
uma matriz extracelular produzida pelos próprios micro-organismos que estão 
56 
 
formando o biofilme), a remoção vai ficando mais difícil, devendo ser realizada 
por um dentista. 
 
 
MICROBIOTA - TRATO GENITURINÁRIO 
 O trato urinário superior (rins, ureteres, bexiga) são usualmente 
estéreis. A uretra anterior (em ambos os sexos) apresenta pequeno número de 
micro-organismos provenientes da pele e períneo. 
 A vagina apresenta microbiota complexa, que varia com a idade e com o 
ciclo menstrual. Ao nascimento, o pH é bastante ácido e há o predomínio de 
lactobacilos, sendo que esta situação vai sendo alterada ao longo da vida. Na 
menopausa, ocorre uma significativa variação na microbiota. 
 
MICROBIOTA – TGI 
 É a que possui maior complexidade. Isso decorre devido ao fato de 
existirem diferentes condições ao longo do TGI, as quais realizam seleção sobre 
o crescimento microbiano, limitando ou favorecendo este crescimento. 
• Estômago: a colonização é restringida devido ao fluxo rápido do alimento 
e ao pH mais baixo. Todavia, ainda há alguns micro-organismos que 
conseguem sobreviver a estas condições, como os Lactobacillus, 
Streptococcus e Helicobacter. No geral, o estômago possui uma pequena 
concentração microbiana se comparado aos outros sítios do TGI. 
o O H. pilori é considerado como integrante da microbiota residente 
de alguns indivíduos, mas em situações de desequilíbrio, pode 
aumentar em número e causar doenças como gastrite e úlceras no 
hospedeiro. 
• Duodeno: a microbiota é bem semelhante à do estômago, visto que as 
condições adversas ainda permanecem neste órgão. 
57 
 
• Jejuno e Íleo: nestes órgãos, o pH já não é mais tão ácido e a motilidade 
é mais lenta, fatores que favorecem a colonização microbiana. Há uma 
maior diversidade em termo de gêneros e espécies colonizando os 
órgãos, como Lactobacillus, Strpetococcus, Bacteroides, Bifidobacterium 
e Fusobacterium. São encontradas 10⁴ a 10⁷ UFC/ml. 
• Cólon: onde há o maior número de bactérias no TGI. O pH neutro e a 
concentração relativamente elevada de nutrientes que não foram 
digeridos são fatores que favorecem essa maior colonização. Há cerca de 
10¹¹-10¹² UFC/ml. É encontrada uma grande variedade de micro-
organismos: bactérias Gram positivas, bactérias Gram negativas, 
bactérias no geral, leveduras e fungos filamentosos. 
 
FUNÇÕES DA MICROBIOTA 
As principais funções da microbiota são: 
1. Funcionar como barreira contra a colonização por micro-organismos 
patogênicos provenientes do meio externo: esta é a principal função 
da microbiota, independentemente de onde ela esteja localizada. A 
microbiota residente é muito mais adaptada às condições do ambiente, 
competindo com os micro-organismos exógenos por sítios de ligação e 
por nutrientes essenciais. Além disso, a microbiota residente também 
produz substâncias antimicrobianas (peróxidos, peptídeos 
antimicrobianos ou antibióticos). Com isso, a microbiota forma uma 
espécie de barreira física que impede os outros microrganismos de se 
ligarem às células do hospedeiro. 
a. As células bacterianas possuem alguns ligantes (adesinas) que 
reconhecem receptores presentes na membrana da célula do 
hospedeiro. São estas ligações entre a bactéria e o tecido que são 
mais fortes na microbiota residente, fazendo com que os 
organismos mais adaptados permaneçam no ambiente 
 
2. Produção de substâncias utilizáveis pelo hospedeiro (vitaminas K e 
B12 e ácidos graxos de cadeia curta (acetato, butirato e propionato – os 
quais são utilizados como fonte de energia para outras células, como 
hepatócitos e células musculares)). 
3. Modulação do sistema imune: o contato do microrganismo com a 
superfície intestinal é importante para modular o sistema imunológico - 
58 
 
para que ele não reconheça as bactérias da microbiota residente como 
estranhas ao corpo. Isso explica porque os indivíduos germ free criados 
em laboratório possuem o sistema imune mais deficitário. 
4. Metabolização de alguns componentes da dieta: são responsáveis por 
metabolizar componentes não digeríveis (como fibras) e tóxicos (como 
carcinogênicos e metais). Essa função da microbiota possui impacto 
sobre a quantidade de energia captada da dieta do indivíduo. 
Desta forma, estabelece-se que a microbiota exerce papel extremamente 
relevante na manutenção da integridade do hospedeiro, com forte impacto na 
sua

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