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Direito Canônico na Igreja Católica

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1 
 
ANA LAURA CORRÊA 
DÉBORAH DIAS GONÇALVES 
ELLEN CARLA P. M. TEIXEIRA 
GABRIEL JOSÉ ANGELO ALVES 
LUIZ GULHERME A. DE SOUZA 
MARIA RITA DE C. P. DA SILVA 
MARINNA SILVA SANTOS 
PATRICIA MATEUS LIMA 
RAFAELLA M. M. SANTOS 
RUI APARECIDO A. DO CARMO 
 
 
 
 
Direito Canônico na Igreja Católica 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de graduação em 
Direito, Faculdade de Talentos Humanos, como requisito 
parcial da disciplina História do Direito e do Pensamento 
Jurídico. 
 
Orientador: Antonio Ricardo da Cunha 
 
 
 
 
Uberaba - MG 
2013 
 
2 
 
INDICE 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 
1. DIREITO CANÔNICO .......................................................................................... 5 
1.1 NORMATIVIDADE GERAL ECLESIÁSTICA ................................................. 5 
2. DA JURISDIÇÃO ECLESIÁSTICA ....................................................................... 5 
2.1 ORIGENS DAS COMPETENCIAS DOS TRIBUNAIS ECLESIÁSTICOS ...... 5 
2.2 COMPETENCIAS NA ÉPOCA DO APOGEU (SÉCULOS X - XVI) ............... 7 
3. FATOS HISTÓRICOS INFLUENTES NO DIREITO CANÔNICO ......................... 7 
3.1 CRUZADAS .................................................................................................. 7 
3.2 INQUISIÇÃO ............................................................................................... 11 
3.3 JOANA D’ARC ............................................................................................ 13 
3.4 REFORMA E CONTRARREFORMA........................................................... 14 
3.5 CONCÍLIO DE TRENTO ............................................................................. 17 
4. FONTES DO DIREITO ....................................................................................... 18 
4.1 IUS DIVINUM .............................................................................................. 19 
4.2 A LEGISLAÇÃO CANÔNICA ...................................................................... 19 
4.3 O COSTUME .............................................................................................. 21 
4.4 PRINCIPIOS RECEBIDOS DO DIREITO ROMANO ................................... 21 
4.5 ENCÍCLICAS .............................................................................................. 21 
4.6 CONCILIOS ................................................................................................ 22 
5. DOUTRINAS E MÉTODOS ................................................................................ 22 
5.1 O ENSINO E A DOUTRINA ........................................................................ 22 
5.3 DECRETISTAS E DECRETALISTAS .......................................................... 23 
6. CÓDIGO CANÔNICO ........................................................................................ 23 
6.1 O CÓDIGO DE 1917 ................................................................................... 23 
6.2 O CÓDIGO DE 1983 ................................................................................... 24 
6.3 TEMAS ....................................................................................................... 24 
6.4 A ESTRUTURA DO CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO ............................ 26 
 
3 
 
7. RENUNCIA PAPAL ............................................................................................ 27 
7.1 FUNÇÕES PAPAIS ..................................................................................... 27 
7.2 CONCLAVE ................................................................................................ 28 
8. ESTADO ECLESIÁSTICO E ESTADO LAICO ................................................... 28 
8.1 VATICANO.................................................................................................. 28 
8.2 TRATADO DE LATRÃO .............................................................................. 29 
8.3 ESTADO LAICO ......................................................................................... 30 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 33 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 34 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A importancia do estudo do Direito Canonico dá-se por suas caracteristicas 
peculiares. Diferente das noções juridicas consuetudinárias de outros povos, o 
Direito Canônico estruturou-se de maneira religiosa, assumindo o caráter de uma 
instituição. Tal instituição é hoje a mais influente no mundo: a Igreja Católica. 
A doutrina católica influenciou o destino dos povos de todos os continentes 
desde o inicio da Idade Média. Essa propagação fez com que o direito imposto pelo 
catolicismo afetasse o cotidiano de bilhões de pessoas, sendo estas fiéis ou não. A 
coação e a coerção exercida pela inquisição fizeram com que o Direito Canônico 
impregnasse nas culturas de todos os povos colonizados pelos europeus, fazendo 
com que este direito se tornasse a base do que hoje são nossos costumes jurídicos. 
Responsável pela doutrinação do direito, como ciência, em universidades e 
pela divulgação dos sistemas romanistas por todo o mundo, a Igreja Católica merece 
ser estudada não só como instituição religiosa, mas também como a principal 
instituição histórico-jurídica da humanidade. 
5 
 
1. DIREITO CANÔNICO 
 
1.1 NORMATIVIDADE GERAL ECLESIÁSTICA 
 
Constituída também como corpo social e visível, a Igreja precisa de normas: para 
que se torne visível sua estrutura hierárquica e orgânica; para que se organize 
devidamente o exercício das funções que lhe foram divinamente confiadas, 
principalmente as do poder sagrado e da administração dos sacramentos; para que 
se componham, segundo a justiça inspirada na caridade, as relações mútuas entre 
os fiéis, definindo-se e garantindo-se os direitos de cada um; e finalmente, para que 
as iniciativas comuns empreendidas em prol de uma vida cristã mais perfeita, sejam 
apoiadas, protegidas e promovidas pelas leis canônicas. 
As leis canônicas, por sua natureza, exigem ser observadas. Por isso, foi 
empregada a máxima diligência para que na preparação do Código se conseguisse 
uma precisa formulação das normas e que estas se escudassem em sólido 
fundamento jurídico, canônico e teológico. 
O direito canônico, que faz parte da realidade sacramental da Igreja, não 
pode deixar de ter o mesmo fim da mesma: ser instrumento de salvação eterna para 
cada fiel. O direito canônico é um grande instrumento para a salvação, que é 
conseguido pelo homem quando entra em comunhão com Deus e com os outros. 
Disso deriva a funcionalidade que é realizada pela comunhão na única fé, nos 
sacramentos, na caridade e no governo eclesial. 
 
2. DA JURISDIÇÃO ECLESIÁSTICA 
 
A influência do direito canônico sobre os direitos da Europa Ocidental explica-
se em parte pela extensão da competência dos tribunais eclesiásticos, não apenas 
relativamente aos membros do clero, mas também, na Idade Média, em relação aos 
leigos. 
 
2.1 ORIGENS DAS COMPETENCIAS DOS TRIBUNAIS ECLESIÁSTICOS 
 
6 
 
Os Cristãos encontraram nos ensinamentos de Cristo alguns princípios a 
seguir no caso de se levantarem diferenças entre eles. Assim, segundo as Epístolas 
de São Paulo é aconselhado procurar a conciliação em caso de desacordo entre 
Cristãos e, havendo fracasso, recorrer à arbitragem da comunidade cristã; a 
excomunhão, ou seja, a exclusão do membro que não se submete à decisão da 
comunidade, é a sanção suprema. Vivendonuma clandestinidade, os Cristãos 
deviam evitar a intervenção dos juízes romanos não cristãos; ao mesmo tempo, 
deviam submeter-se à autoridade disciplinar dos seus chefes religiosos, os padres e 
os bispos. 
 O poder jurisdicional da Igreja tem, portanto, uma dupla origem: arbitral e 
disciplinar. 
A partir de 313, Constantino favoreceu o desenvolvimento da jurisdição episcopal. 
Permitiu às partes submeterem-se voluntariamente à decisão do seu bispo, isto é, 
intervolentes, dando à decisão episcopal o mesmo valor da decisão de um 
julgamento. 
Em matéria penal, os imperadores romanos reconheceram, nos séculos lV e 
V, a competência dos bispos para todas as infrações puramente religiosas ou 
espirituais, isto é, para tudo aquilo que se dissesse respeito à fé, ao dogma, aos 
sacramentos, à disciplina no seio da igreja. Os canonistas dirão mais tarde: a 
matéria a clavibus, aquela que diz respeito << às chaves >> da Igreja. 
Em relação aos clérigos (isto é, aos eclesiásticos: padres, bispos, etc.), 
aparece no século V o privilegium fori, “privilégio de foro” ou “de clerezia”, em virtude 
do qual estes só podem se julgados em quaisquer matérias, penais ou civis (com 
reserva de algumas exceções), pelos tribunais da Igreja. Esta regra, inicialmente 
limitada, foi ampliada nos séculos VI e VII e permanecem em vigor durante toda e 
Idade Média. 
Na época carolíngia, em virtude de uma confusão crescente entre o espiritual 
e o temporal, a igreja atribui-se certa competência nas questões temporais que se 
relacionassem, mais ou menos diretamente, com matérias a clavibus, sobretudo com 
aquelas que dissessem respeito aos sacramentos. Foi assim que os tribunais 
eclesiásticos se tornaram os únicos competentes para todas as questões relativas 
ao casamento. Finalmente, constituindo o casamento um sacramento, os tribunais a 
possibilidade de conhecer um largo domínio de poder jurisdicional, mesmo em 
7 
 
relação aos leigos. Laicos entregam toda a jurisdição aos tribunais eclesiásticos no 
domínio desta matéria. 
E desde então, toda uma série de matérias conexas, em relação direta ou 
indireta com o casamento, entra na competência jurisdicional da Igreja, 
nomeadamente: legitimidade dos filhos, divórcio, ruptura de esponsais, rapto, etc. 
 
2.2 COMPETENCIAS NA ÉPOCA DO APOGEU (SÉCULOS X - XVI) 
 
Nesta época, as jurisdições laicas estão em plena decadência na sequência 
do enfraquecimento do poder real pelo feudalismo. A Igreja, na maior parte da 
Europa Ocidental, atinge o seu apogeu e teve. 
 
3. FATOS HISTÓRICOS INFLUENTES NO DIREITO CANÔNICO 
 
Para que se conheça, de fato, o Direito Canônico é necessário que se 
construa um paralelo com a história da instituição responsável por esse código 
jurídico. Portanto, deve-se ter uma noção que alguns fatos históricos causados por 
motivos religiosos influenciarem no Direito Canônico. Dentre muitos movimentos que 
ascenderam desde a fundação da Igreja Católica, os que mais repercutiram no 
Código Canônico, foram: 
a) Cruzadas; 
b) Inquisição; 
c) Joana D’Arc ; 
d) Reforma e Contrarreforma; 
e) Concilio de Trento. 
 
3.1 CRUZADAS 
 
As cruzadas foram movimentos militares de orientação cristã que marcharam 
da Europa Ocidental até a Terra Santa (nome pelo qual era conhecida a região da 
Palestina) e à cidade de Jerusalém, que se encontravam sobre domínio dos turcos 
muçulmanos a fim de conquistá-las e mantê-las sob domínio cristão. 
8 
 
Essas expedições foram feitas em nome de DEUS com o apoio da Igreja 
Católica, e durou do Século XI até o século XVI. O termo Cruzada surgiu porque 
seus participantes se consideravam soldados de Cristo, distinguidos pela cruz 
aposta a suas roupas. A empreitada constituía uma mistura de guerra, peregrinação 
e penitência: os guerreiros cruzados, conhecidos também como "peregrinos 
penitentes", acreditavam que seus pecados seriam perdoados caso completassem a 
jornada e cumprissem a missão divina de libertar locais sagrados, como a Igreja do 
Santo Sepulcro. 
Durante o período das cruzadas foram também criadas as ricas e poderosas 
ordens de São João de Jerusalém (ou ordem dos hospitalários) e a Ordem dos 
Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (ou ordem dos Cavaleiros 
Templários) que tinham o dever de escoltar e oferecer abrigo aos peregrinos que 
marchavam em direção à terra Santa. 
As cruzadas não apresentavam motivos exclusivamente religiosos. 
Mercadores emergentes viram nas Cruzadas uma oportunidade de ampliar seus 
negócios, abrindo novos mercados e obtendo lucro ao abastecer os exércitos que 
atravessavam a Europa a caminho do Oriente. 
Outro objetivo era unificar as forças da cristandade ocidental, divididas por 
guerras internas, e concentrar suas energias contra um inimigo comum, os 
chamados "infiéis muçulmanos". Nesse período de quase dois séculos, oito 
Cruzadas foram lançadas, embora duas delas jamais tenham chegado a Jerusalém. 
A Quarta desviou-se do seu objetivo original para atacar os cristãos ortodoxos de 
Constantinopla - que não reconheciam a autoridade do papa -, saqueando a cidade 
no ano de 1203. Já a Quinta conseguiu conquistar partes do Egito, mas bateu em 
retirada sob a pressão do inimigo antes de atingir a Palestina. 
As cruzadas foram ao todo oito. 
 
3.1.1 Primeira Cruzada (1096-1099) 
 
O movimento foi instigado pelo papa Urbano II, que, no Concílio de Clermont 
(1095), pediu a ação de líderes cristãos para afastar o perigo muçulmano. Sem 
esperar uma segunda ordem, camponeses, religiosos e aventureiros partiram da 
França numa expedição improvisada que terminou em fracasso. Enquanto isso, a 
9 
 
Cruzada "oficial", formada por quatro grupos seguindo rotas diferentes, chegou a 
Constantinopla, de onde marchou para Jerusalém, conquistada em julho de 1099. 
 
3.1.2 Segunda Cruzada (1147-1149) 
 
Conflitos constantes entre as várias colônias cristãs instaladas no Oriente 
levaram o papa Eugênio III a lançar uma nova Cruzada para restaurar a ordem na 
região. Mas mudanças políticas no mundo islâmico permitem ao príncipe Saladino, 
um de seus maiores líderes, unificar a Síria e o Egito sob domínio turco, reforçando 
sua posição militar. Em 1187, os muçulmanos retomaram Jerusalém e cerca de 16 
000 cristãos foram vendidos como escravos. 
 
3.1.3 Terceira Cruzada (1189-1192) 
Com a Europa frustrada pela perda de Jerusalém, o papa Clemente III 
organiza a campanha para reconquistar a cidade. Vários ataques são lançados, sem 
sucesso. Em 1191, os reis cristãos que lideravam a expedição negociam um acordo 
com o inimigo: Jerusalém permanece sob domínio turco, mas os cristãos têm acesso 
ao Santo Sepulcro. 
 
3.1.4 Quarta Cruzada (1202-1204) 
 
Desde que se tornou papa, em 1198, Inocêncio III pregava uma nova Cruzada 
para recuperar Jerusalém. Mas a expedição que partiu de Veneza em 1202 tinha 
como objetivo principal atacar Constantinopla, que - depois de aderir à Igreja 
Ortodoxa - já não reconhecia a autoridade papal. Constantinopla foi ocupada e 
saqueada pelos cruzados em 1203. Mas eles foram expulsos da cidade no ano 
seguinte. 
 
3.1.5 Quinta Cruzada (1218-1221) 
 
Atacar o Egito era cogitado desde a Terceira Cruzada, para conquistar 
posições que pudessem ser barganhadas com os muçulmanos em troca da 
devolução de Jerusalém. Assim, a Quinta Cruzada concentrou-se em tomar o porto 
10 
 
egípcio de Damietta, em 1219. Mas a falta de reforços obriga os cruzados a 
desocupar a cidade. E a missão fracassa. 
 
3.1.6 Sexta Cruzada (1228-1229) 
 
Em 1228, Frederico II, imperador da Alemanha, chegou à Terra Santa e, por 
casamento, tornou-se rei de Jerusalém, negociandoa recuperação do controle sobre 
a cidade. Mas novos conflitos internos enfraqueceram os cruzados, que, em 1243, 
foram expulsos da região. No ano seguinte, os turcos voltaram a tomar Jerusalém. 
 
3.1.7 Guerreiro Cruzado 
 
Sua proteção era a cota de malha, vestimenta feita com pequenas argolas de 
metal encadeadas, que demorava cinco anos para ser confeccionada e pesava mais 
de 10 quilos, cobrindo o peito, as costas e os braços. O capacete tinha uma viseira 
removível. O escudo trazia a cruz, que também enfeitava o manto de tecido branco 
usado sobre a cota de malha. Sua principal arma era a espada, eventualmente 
empunhada com as duas mãos. 
 
3.1.8 Sétima Cruzada (1248-1254) 
 
Liderada por Luís IX, rei da França, que, mais tarde, seria canonizado como São 
Luís, a expedição buscava retomar os ideais religiosos da Primeira Cruzada. 
Permaneceu quatro anos na Síria, mas sem sucesso. Em 1268, o sultão Baibars, 
que conseguira reunificar a Síria e o Egito, expulsou mais uma vez os cruzados da 
Terra Santa. 
 
3.1.9 Guerreiro Muçulmano 
 
Sua cota de malha era mais leve que as dos cruzados, dando maior 
mobilidade. A cabeça era protegida por um capacete pequeno e sua espada - a 
famosa cimitarra - possuía lâmina curva, facilitando o manuseio a cavalo. Arqueiros 
de grande habilidade, disparavam flechas certeiras mesmo sobre montarias a 
11 
 
galope. Outra arma característica era a maça, bloco de ferro com pontas aguçadas, 
preso a um cabo de madeira ou a uma corrente. 
 
3.1.10 Oitava Cruzada (1270-1291) 
 
Luís IX, preso pelos muçulmanos, foi libertado depois de pagar resgate e, em 
1270, desembarcou em Cartago (Túnis). Ali, o sultão local prometeu converter-se e 
ajudar os franceses. Em vez disso, ele voltou-se contra os cristãos, que tiveram sua 
posição enfraquecida com a morte de Luís IX no mesmo ano. Em 1291, o reino 
franco deixa de existir no Oriente. 
 
3.2 INQUISIÇÃO 
 
O Tribunal do Santo Oficio ou Santa Inquisição foi um método de censura 
encontrado pela Igreja católica para reprimir todos aqueles que eram contra os 
dogmas eclesiásticos. Aqueles que professavam uma doutrina diferente da católica, 
conhecidos como hereges, eram entregues ao Estado, que em conjunto com a Igreja 
os condenavam e puniam. 
O Tribunal do Santo Oficio não foi montado inesperadamente, mas sim a cada 
vez que a Igreja sofria um confronto de difícil controle. Por isso , ele se subdivide em 
: 
a) Inquisição Medieval: voltada contra as heresias cátara1 e valdense2 nos 
séculos XII e XIII e nos séculos XIV e XV; 
b) Inquisição espanhola: instituída em 1478 por iniciativa dos reis Fernando e 
Isabel; visando principalmente aos judeus e muçulmanos, tornou-se poderoso 
instrumento do absolutismo dos monarcas espanhóis até o século XIX, a 
ponto de quase não poder ser considerada instituição eclesiástica; 
c) Inquisição Romana: (também dita "o Santo Oficio"), instituída em 1542 pelo 
papa Paulo III, em vista do surto do protestantismo. 
 
1Catarismo: movimento cristão dualista surgido no sul da França e norte da Península Itálica. 
2Valdenses: denominação cristão para aqueles que seguiram Pedro Valdo, comerciante de Lyon que pregou aos 
pobres sem ser sacerdote. 
12 
 
A Inquisição acabou oficialmente no século XIX, sendo Espanha o ultimo Estado 
a abdicá-la,porém o Sistema Inquisitório alterou as práticas jurídicas até hoje 
utilizadas. 
 
3.2.1 Inquisidores 
 
Também chamado "Tribunal do Santo Ofício", criado para combater as 
heresias cometidas pelos cristãos confessos, e por muçulmanos vindos do Oriente. 
Foi iniciada em Verona sob Papa Lúcio III no ano de 1184, inspirado em escritos de 
Santo Agostinho, fortaleceu-se sob o Papa Inocêncio III (1198-1216) e o Concílio de 
Latrão (1215), de 1231 a 1234. Gregório IX multiplicou pela Europa os Tribunais de 
Inquisição, presidido por inquisidores permanentes. Todos os inquisidores deveriam 
ser doutores em Teologia, Direito Canônico e também Direito Civil; deveriam ter no 
mínimo 40 anos de idade ao serem nomeados. 
 
3.2.2 Metodologia Inquisitorial 
 
 Qualquer pessoa poderia denunciar um herege para um monge. Os 
acusados não poderiam ter ninguém para lhes defender, uma vez que as 
testemunhas ou advogados também poderiam ser acusados por estarem encobrindo 
e ajudando um herege. Eles eram apresentados sozinhos aos inquisidores, se 
confessassem o crime à sentença era dada. Caso houvesse a negação por parte do 
acusado , procediam-se os seguintes passos: 
1º) ameaça de morte por empalamento; 
2º) confinamento com grilhões em cela escura; 
3º) pressão psicológica por parte dos inquisidores; 
4º) tortura física ( feita com instrumentos como a virgem de ferro,gaiola de 
suspensão, máscaras da infâmia, mesa do estiramento, entre outros) 
 As sessões de torturas eram assistidas por um inquisidor , a fim de que 
quando o acusado confessasse a heresia, a mesma já seria documentada 
oficialmente, para que acusado fosse sentenciado rapidamente. As sentenças, 
normalmente consistiam em execução em praça pública, punição física ou 
13 
 
confiscamento de todos os bens e utilização de uma cruz amarela para a 
identificação dos hereges. 
 
3.2.3 Sistema Inquisitorial 
 
 A Inquisição criada na Idade Média usada para repreender aqueles 
que eram contra a Igreja e os Estados a ela aliado, deixou de herança o caráter 
investigativo do sistema jurídico atual. 
 O Sistema Inquisitorial implica que a maioria dos membros do tribunal 
trabalhem na investigação do caso em questão. E o juiz deixa de ser um mero 
espectador, para ser uma parte da investigação. 
 
3.3 JOANA D’ARC 
 
No contexto histórico da guerra dos cem anos (1337-1453) travada entre 
França e Inglaterra, nasce, em 1412, Joana D’Arc , camponesa que mais tarde seria 
considerada uma heroína francesa. Filha mais nova de Jacques D'Arc e Isabelle 
Romée, quando criança, já era responsável por ajudar seu pai a cuidar do rebanho 
de carneiros e cumprir tarefas domésticas. 
Mesmo analfabeta Joana foi educada sob os princípios da fé católica e 
frequentemente deixava o campo para poder rezar na igreja do vilarejo de Domrémy. 
Aos doze anos, afirmava ouvir vozes divinas de São Miguel, Santa Catarina de 
Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. Segundo ela, entre as mensagens 
recebidas estavam recomendações para que procurasse o príncipe Carlos VII, 
libertasse a cidade de Orléans, que estava em poder dos ingleses, e coroasse 
Carlos VII como soberano da França. 
Com dezesseis anos, obedecendo às mensagens, Joana solicita uma escolta 
para acompanhá-la até o príncipe. Ela viaja, então, portando roupas masculinas, a 
Chinon, onde o delfim está escondido e é recebida graças aos esforços de 
Baudricourt, capitão da guarnição real. Depois de ouvi-la, Carlos VII faz com que ela 
seja submetida ao interrogatório e avaliações de bispos e cardeais. Apenas depois 
de várias entrevistas, o delfim finalmente convence-se do seu discurso e concede-
lhe um exército de cinco mil homens. Surpreendentemente, ela enfrenta os ingleses 
14 
 
no cerco de Orléans e os derrota em 8 de maio de 1429. É o início de uma série de 
campanhas vitoriosas, que resultam na coroação de Carlos VII em 17 de julho de 
1429 na catedral de Reims. 
Na primavera de 1430, pressionada pelo exército e o setor da nobreza que 
apoiava Carlos VII, Joana retoma a campanha militar na tentativa de libertar a 
cidade de Compiègne, dominada pelos borgonheses, aliados dos ingleses. Por não 
ouvir mais as vozes que a orientava, Joana chega a cogitar voltar para casa, 
contudo opta por continuarlutando. Em um ataque à Paris ela é ferida, presa e 
entregue aos ingleses para que fosse julgada pelo tribunal da Santa inquisição. 
Após meses de julgamento, Joana D’Arc foi condenada a ser queimada viva, 
no dia 30 de maio de 1431, pelos crimes de heresia e feitiçaria. Após a execução na 
praça Vieux Marché, suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não se 
tornassem objeto de culto. 
Depois de 25 anos, o papa Calixto III reabre o processo de Joana D'Arc e 
reconhece sua inocência. Séculos depois, em 1909, Joana é beatificada. Em maio 
de 1920, o papa Bento XV a proclama santa. Atualmente, Joana D'Arc é 
considerada Santa Padroeira da França. 
 
3.4 REFORMA E CONTRARREFORMA 
 
3.4.1 Reforma Protestante 
 
A mudança de mentalidade europeia causada pelo movimento renascentista 
influenciou também o campo religioso no inicio do século XVI. A sociedade 
começou a questionar e a criticar o comportamento da Igreja Católica. A corrupção 
do clero, a ignorância e a amoralidade dos padres abalaram a confiança da 
população nos representantes da Igreja. As regras religiosas estavam sendo 
desrespeitadas resultando em uma perda da identidade da Igreja que vinha 
ocorrendo desde o fim da Idade Média. A simonia e a venda de indulgências, que 
eram práticas comuns no meio religioso, começaram a ser duramente criticadas 
pelos cristãos. Além disso, escândalos de membros da Igreja que desrespeitavam o 
celibato ficavam cada vez mais frequentes aumentando o descontentamento dos 
fiéis. 
15 
 
Enquanto a burguesia comercial estava insatisfeita, pois seu trabalho e a sua 
visão capitalista era condenado pelos clérigos, a nobreza estava descontente com a 
interferência do papa nas questões políticas. O fortalecimento das monarquias 
nacionais e o consequente surgimento de um sentimento nacionalista fez com que 
os reis enxergassem a igreja como uma entidade estrangeira que não tinha o direito 
de intervir em outros territórios. Nesse contexto, a Reforma Protestante não foi 
motivada por fatores resultantes puramente da contestação dos dogmas católicos, 
mas sim por um conjunto de interesses políticos, ideológicos e culturais. 
 Uma das primeiras contestações concretas aos abusos cometidos pelos 
representantes da Igreja Católica veio do monge alemão Martinho Lutero, que mais 
tarde iria romper com o catolicismo fundando uma nova religião, baseada na 
interpretação individual da bíblia: o luteranismo ou protestantismo. 
Martinho Lutero nasceu em 1483 na cidade de Eisleben. Inicialmente, Lutero 
planejava construir uma carreira jurídica, até que em 1505 perdeu repentinamente 
um amigo e pouco tempo depois foi quase atingido por um raio em uma tempestade. 
Esses acontecimentos foram determinantes para a entrada de Martinho no mosteiro 
dos eremitas agostinianos em Erfurt, onde dedicou seu tempo à busca pela 
salvação. Para Lutero, a salvação era obtida pela fé dada, gratuitamente, por Deus 
e não pelas práticas defendidas pela Igreja, como as boas ações, missas e outros 
sacramentos. 
Martinho Lutero destacou-se na vida monástica e em 1507 foi ordenado 
sacerdote. Pouco tempo depois, tornou-se professor de teologia na cidade se 
Wittenberg. Em seus estudos, Lutero teve como referência Guilherme de Occan, 
Duns Scotus e Santo Agostinho. 
Em 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel, 
Lutero afixou à porta da Igreja do castelo de Wittenberg as Noventa e Cinco Teses, 
nas quais questiona várias práticas abusivas dos clérigos, marcando o inicio da 
reforma protestante. As teses eram um convite para que os teólogos repensassem o 
comportamento questionável dos representantes religiosos e propunham a fundação 
do luteranismo. Em seu texto, Lutero condenou com veemência a venda de 
indulgências (perdão pelos pecados), o culto a imagens e a corrupção dentro da 
Igreja, além de se manifestar favorável à revogação do celibato. 
16 
 
Em pouco tempo, as teses espalharam-se pela Europa, resultando em um 
novo conjunto de normas e condutas cristãs desvinculado do papado. Em resposta à 
repercussão da atitude de Lutero, em 1520, a bula papal Exsurge Domine deu-lhe 
sessenta dias para retirar seus escritos ou ser excomungado, mas estudantes e 
professores universitários queimaram a bula e um exemplar da lei canônica 
publicamente. Desse modo, Martinho foi excomungado e depois considerado, pelo 
imperador espanhol Carlos I, criminoso. 
 
3.4.2 A Contrarreforma 
 
Na tentativa de barrar o avanço do protestantismo, que se difundia na Europa 
conquistando inúmeros seguidores, a primeira iniciativa da Igreja foi punir os 
rebeldes. Contudo, a reforma já estava consolidada. Diante disso, os papas Paulo III 
(1534-1549), Paulo IV (1555-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V (1585-1590) 
lideraram um movimento de moralização do clero e de reorganização administrativa 
da Igreja que ficou conhecido como Contrarreforma. Nesse contexto, medidas 
relevantes foram tomadas objetivando restabelecer a confiança dos fiéis no 
catolicismo e amenizar os efeitos e a influência do Luteranismo. 
Em 1540, o papa Paulo III aprovou a criação da Ordem dos Jesuítas ou 
Companhia de Jesus, cujos integrantes eram os jesuítas. Estes foram 
encaminhados aos continentes africano, americano e asiático com o objetivo de 
catequizar os nativos. Escolas religiosas também foram criadas. 
Cinco anos depois, o papa convocou uma reunião de bispos, na cidade de 
Trento, na Itália, para traçar um plano eficiente de reação. O Concílio de Trento foi 
realizado entre os anos 1545 e 1563 e definiu uma nova postura para a Igreja, mas 
sempre reafirmando sua doutrina tradicional. Assim, o Concílio reiterou pontos 
fundamentais da crença católica, como a questão da salvação humana, que 
dependeria da fé e das boas obras rejeitando a predestinação defendida por Lutero. 
A fonte de fé era a Bíblia que deveria ser interpretada, exclusivamente, pelos 
clérigos e os dogmas que também seriam transmitidos para os fiéis por estes. Além 
disso, a Igreja também reafirmou que no ato da eucaristia ocorria a presença de 
Cristo, crença rejeitada pela doutrina protestante. Ficou determinada a elaboração 
17 
 
de um catecismo, a criação de seminários para a formação adequada dos 
sacerdotes e manutenção do celibato sacerdotal. 
As medidas mais severas tomadas pelo Concílio de Trento foram sem dúvida 
o retorno da inquisição (Tribunal do Santo Ofício) e a criação do índice de livros 
proibidos (Index Librorium Proibitorium). Enquanto a Inquisição objetivava condenar 
e punir os hereges, o índice de livros proibidos mantinha o controle cultural nas 
mãos da igreja. 
A intolerância religiosa resultou em guerras e perseguições em muitos países 
da Europa. Os conflitos entre católicos e protestantes continuaram por muitas 
décadas e tiveram como consequência mais devastadora à 
Guerra dos Trinta Anos, que envolveu metade do continente europeu. Em 1648 as 
fronteiras político-religiosas foram definitivamente fixadas com a Paz de Westfália 
marcando o final do período da Reforma. 
 
3.5 CONCÍLIO DE TRENTO 
 
Concílio de Trento é o nome de uma reunião convocada pelo papa Paulo III 
em 1546 na cidade de Trento, na área do Tirol italiano. Com o surgimento e 
consequente expansão do protestantismo, profundas modificações atingiram a Igreja 
Católica. Uma reação a tal expansão, vulgarmente denominada “Contra-Reforma”, 
foi guiada pelos papas Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, 
buscando combater a expansão da Reforma Protestante. Além da reorganização de 
várias comunidades religiosas já existentes, outras foram criadas, dentre as quais a 
Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas,tendo como fundador Santo Inácio de 
Loyola. 
O Concílio tinha como objetivo estreitar a união da Igreja e reprimir os abusos. 
Em tal concílio, os teólogos mais famosos da época elaboraram os decretos, que 
depois foram discutidos pelos bispos em sessões privadas. Interrompido diversas 
vezes, o concílio durou 18 anos e seu trabalho foi concluído somente em 1562, 
tendo realizado 25 sessões plenárias em três períodos diferentes (1545 a 1547; 
1551 a 1552; 1562 a 1563), quando afinal suas sessões foram solenemente 
promulgadas em sessão pública. 
18 
 
Para opor-se ao protestantismo, o Concílio emitiu numerosos decretos 
disciplinares e especificou claramente as doutrinas católicas quanto à salvação, os 
sete sacramentos (como por exemplo, confirmou a presença de Cristo na 
Eucaristia), o cânone bíblico (reafirmou como autêntica a Vulgata) e a tradição, a 
doutrina da graça e do pecado original, a justificação, a liturgia e o valor e 
importância da Missa (unificou o ritual da missa de rito romano, abolindo as 
variações locais, instituindo a chamada "Missa Tridentina"), o celibato clerical, a 
hierarquia católica, o culto dos santos, das relíquias e das imagens, as indulgências 
e a natureza da Igreja. Regulou ainda as obrigações dos bispos. 
Foram criados seminários nas dioceses como centros de formação sacerdotal 
e confirmou-se a superioridade do papa sobre qualquer concílio ecumênico. Foi 
instituído o "Index Librorum Prohibitorum", um novo Breviário (o Breviário Romano) e 
um novo Catecismo (o Catecismo Romano). Foi reorganizada também a Inquisição. 
Ao contrário dos concílios anteriores, foi estabelecida neste a supremacia dos 
papas, tendo o papa Pio IV que ratificar suas decisões. 
As primeiras nações a aceitarem incondicionalmente as resoluções do 
concílio foram Portugal, Espanha, Polônia e os Estados Italianos. A França, dividida 
pelas lutas entre católicos e protestantes, demorou mais de meio século para aceitar 
oficialmente as normas e dogmas instituídos pelo Concílio, sendo o último Estado 
europeu a fazê-lo. 
Na altura da promulgação das decisões do Concílio de Trento, as ideias 
protestantes já haviam se espalhado por toda a Europa Ocidental e Setentrional, e o 
propósito do concílio tridentino, de reafirmar as doutrinas tradicionais e reorganizar o 
predomínio católico foram seguidas de reações distintas: uma na área teológica e 
outra na área vivencial. Um dos papas teria confessado que Deus permitiu a revolta 
protestante por causa dos pecados dos homens, “especialmente dos sacerdotes e 
prelados”. A cristandade a partir daí permaneceria definitivamente dividida entre 
católicos e protestantes, sem mencionar a divisão anterior, ocorrida em 1054 entre 
Igreja Cristã e Igreja Ortodoxa Grega. 
 
4. FONTES DO DIREITO 
 
19 
 
A principal fonte do Direito Canônico é a vontade de Deus da forma que está 
revelada nos livros sagrados, especialmente nas Sagradas Escrituras. Este direito 
divino é completado por atos de caráter legislativo que emanam das autoridades 
constituídas da Igreja Católica (concílios e papas) e pelo costume. 
 
4.1 IUS DIVINUM 
 
O direito divino é o conjunto das regras jurídicas que pode ser extraído da 
Sagrada Escritura (Antigo e Novo Testamento), bem como dos Escritos dos 
Apóstolos e Doutores da Igreja (sobretudo Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo 
Agostinho e São Gregório de Naziano). A doutrina patrística, isto é, a doutrina dos 
Patres, dos Doutores da Igreja, expõe a explicação autorizada da Sagrada Escritura. 
Através do ius divinum, o direito oriental e o direito grego exerceram grande 
influência na formação do direito canônico. O Antigo Testamento foi redigido pelos 
Hebreus entre os séculos XV e V a.C., assim o antigo direito hebraico constitui uma 
das fontes históricas do direito canônico. O Novo Testamento e os Atos dos 
Apóstolos refletem a doutrina de Cristo, que era amplamente influenciada pela 
evolução das religiões, da filosofia e do direito no mundo helenístico do século IV ao 
século I. 
 
4.2 A LEGISLAÇÃO CANÔNICA 
 
É constituída pelas decisões das autoridades eclesiásticas. Estas decisões 
formam a fonte viva do direito canônico. Conhecem um desenvolvimento 
considerável, pelo menos até o século XVI. Estas decisões foram muitas vezes 
reunidas sob a forma de compilações de coleções canônicas. Distinguem-se os 
decretos dos concílios e os decretos dos Papas. 
 
4.2.1 Os Decretos 
 
Os decretos (ou cânones) são as decisões dos concílios. Segundo os 
cânones 337 e 341 do Código de Direito Canônico, um concílio ecumênico 
(ecumênico: universal, ou seja, toda a Igreja Católica) é uma reunião de todos os 
20 
 
bispos da Igreja para refletir sobre pontos de doutrina e de disciplina que precisam 
ser esclarecidos, promulgar dogmas, corrigir erros pastorais, condenar heresias e, 
em suma, dirimir sobre todas as questões de interesse para a Igreja. É convocado e 
presidido pelo papa ou por algum bispo. Não é necessário o papa estar presente 
para a realização de um concílio, mas para o concílio ser válido é preciso a sua 
confirmação. 
Foram 21 os concílios ecumênicos. O primeiro concílio ecumênico reuniu-se 
em Nicéia em 325, e chamado Nicéia I, realizado pelo Papa São Silvestre I. O 
concílio mais longo (com duração de 18 anos) foi o da Contra-Reforma de Trento, 
realizado pelos Papas Papa Paulo III, Papa Júlio III, Papa Marcelo II, Papa Paulo IV 
e Papa Pio IV. O último concílio a ocorrer foi o Vaticano II (1962-1965), realizado 
pelos Papas João XXIII e Paulo VI. 
 
4.2.2 As Decretais 
 
As decretais são os escritos dos papas, respondendo a uma consulta ou a um 
pedido emanado de um bispo ou de uma alta personagem eclesiástica ou laica. São, 
como os reescritos dos imperadores romanos, decisões dos papas, complementares 
dos decretos dos diversos concílios, tendendo nomeadamente a dar a explicação 
autorizada e a indicar as modalidades de aplicação dessas regras conciliares. De 
fato, o poder legislativo no seio da Igreja passou progressivamente, em larga 
medida, dos concílios para os papas. 
Uma das mais antigas decretais é a do Papa Sirício (384-399) aos bispos da 
Gália. Elas foram muito numerosas na época do apogeu do papado, nos séculos XII 
a XIV. 
Não houve muitas decretais entre 891 e 1049, do mesmo modo que não 
houve nessa época qualquer concílio ecumênico. A legislação canônica conhece, 
portanto um declínio na mesma época da legislação laica. 
Atualmente, os Papas fazem ainda constituições pontificais, que são 
verdadeiras leis da Igreja. Mas dirigem-se aos bispos através de encíclicas. Uma vez 
que o Papa foi declarado infalível pelo concílio de 1870, as suas diretivas gozam de 
um grande alcance. 
 
21 
 
4.3 O COSTUME 
 
O costume a que se chama jus non scriptum (direito não escrito), na doutrina 
romanística da Baixa Idade Media, não desempenha um papel considerável na 
evolução do direito canônico, em razão da abundância das regras jurídicas escritas. 
Na Idade Média, os canonistas construíram alguns princípios para reconhecer o 
caráter obrigatório do uso jurídico; para ser válido, o costume canônico deve 
obedecer, então, as seguintes condições: ser seguido há certo tempo (30 anos pelo 
menos), ser razoável (isto é, não ofender a razão), ser legítimo (isto é, ser conforme 
ao direito divino, aos decretos e ao ensino autorizado pela Igreja). 
Em certa medida, o costume foi muitas vezes consagrado pela jurisprudência 
dos tribunais eclesiásticos como fonte local do direito, mas raramente como fonte 
geral do direito canônico. 
 
4.4 PRINCIPIOS RECEBIDOS DO DIREITO ROMANO 
 
O direito romano constituiu o direito supletivodo direito canônico. A Igreja 
Católica desenvolveu-se no Império Romano. Depois da queda do Império no 
Ocidente, ela continuou a viver segundo o direito romano. Aplica-o na medida em 
que ele não é contrário ao ius divinum, aos decretos e as decretais. Assim o direito 
canônico recebe do direito romano uma grande parte da sua teoria das obrigações e 
os elementos essenciais do seu processo civil. 
 
4.5 ENCÍCLICAS 
 
Encíclica significa, denotativamente, “cartas circulares”, pois estas eram 
enviadas pelos bispos aos seus colegas de uma mesma região, para assegurar a 
unidade entre a doutrina e a vida eclesiástica. 
Esse termo restringiu-se às mensagens dirigidas pelo papa, em forma de 
carta, a toda a Igreja Católica: "aos patriarcas, primazes, arcebispos, bispos e outros 
ordinários (comuns) em paz e em comunhão com a Sé apostólica". 
Normalmente, uma encíclica é designada pelas suas primeiras palavras a 
partir do texto em latim. O seu objetivo é, de forma genérica, ensinar sobre algum 
22 
 
tema doutrinal ou moral, avivar a devoção, condenar os erros ou informar aos fiéis 
sobre os eventuais perigos para a fé. 
 
4.6 CONCILIOS 
 
Um concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de 
discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes (moral). Os 
concílios podem ser ecumênicos, plenários, nacionais, provinciais ou diocesanos. 
O primeiro concílio ocorreu em Jerusalém, conforme pode ser lido no livro dos 
Atos dos Apóstolos, quando os Apóstolos se reuniram para tratar sobre os temas 
que estavam dividindo os primeiros cristãos: de um lado os judaizantes (judeus 
convertidos) e do outro os gentios (os convertidos não-judeus). 
 
5. DOUTRINAS E MÉTODOS 
 
5.1 O ENSINO E A DOUTRINA 
 
O ensino do direito canônico na Idade Média dava-se junto á teologia, sendo 
estudado e aplicado por clérigos. Seu desenvolvimento aflorou no século XII 
influenciado pelo Decreto de Graciano, com isso levou a formação de escolas 
especializadas em suas doutrinas e ensinamentos. As universidades que mais se 
destacaram em transmitir esse ensinamento foram as das cidades de Bolonha, 
Montipeller, Toulousse e Orleães. 
Com a evolução do dos métodos de ensino do Direito Canônico surgiram duas 
correntes diferentes de pensamento: os Decretistas e os Decretalistas. 
 
5.2 DECRETO DE GRACIANO 
 
Por volta de 1140, Graciano, um monge teólogo, reuniu aproximadamente 
3800 textos de caráter juridico-religioso e propôs, em uma obra de seis volumes, a 
unificação do direito canônico através da análise desses textos. Essa obra foi 
denominada de Decretum. 
23 
 
Essa obra abrange documentos como bulas papais, canons pertencentes a 
concílios e a própria Bíblia Católica. A dimensão deste decreto é tão ampla que foi 
responsável pela união do direito da Igreja na Alta e Baixa Idade Média. E dela 
surgiram duas correntes responsáveis pela sistematização do Direito Canônico, 
permitindo que este fosse estudado em universidades e ensinado não só a clérigos, 
mas a laicos também. 
 
5.3 DECRETISTAS E DECRETALISTAS 
 
Baseados no Decreto de Graciano, as universidade medievais dotaram o Direito 
Canônico de unidade e especialidade, separando-o da teologia. Sua importância foi 
tão grande, que ao contrário do direito Romano, ele se manteve em evolução. 
Subdividindo os estudiosos canonistas em : 
a) Decretistas: surgem no século XII, devem seu nome ao fato de se dedicar ao 
estudo do Decreto de Graciano Entre os mais famosos, destacam-se 
Paucapalea, Bandinelli e Juan Sémeca. 
b) Decretalistas: surgem nos séculos XII e XVI, assim chamados por terem se 
dedicado principalmente ao estudo das decretais. Destacam-se Bernardo de 
Botono, Vicente de Espanha e Sinaldo Fiesco. 
 
6. CÓDIGO CANÔNICO 
 
 O Código de Direito Canônico é o conjunto ordenado das normas 
jurídicas do direito canônico que regulam a organização da Igreja Católica Romana, 
a hierarquia do seu governo, os direitos e obrigações dos fieis e o conjunto de 
sacramentos e sanções que se estabelecem pela contravenção das mesmas 
normas. Na prática é a constituição da Igreja Católica. 
6.1 O CÓDIGO DE 1917 
 Até 1917 a Igreja Católica era regida por um conjunto disperso e em 
código unificado de normas jurídicas tanto espirituais como temporais. O Concílio 
Vaticano I fez referência à necessidade de realizar uma compilação onde se 
agrupassem e ordenassem essas normas, se eliminassem as que já não estavam 
em vigor e se codificassem as restantes com ordem e clareza. 
24 
 
 As ligeiras compilações efetuadas pelos papas Pio IX e Leão XIII 
resultaram insuficientes, Teriam de esperar até que Pio X criasse em 1904 uma 
comissão para a redação do Código de Direito Canônico. Após doze anos de 
trabalho, seria o Bento XV que promulgaria o Código em 27 de maio de 1917. O 
Código entrou em vigor em 19 de maio de 1918. O Código de Direito Canônico de 
1917 é conhecido pelos seus dois principais impulsionadores, como Código Pio – 
Beneditino. 
 O novo código passou a formar um corpo único e autêntico para toda a 
Igreja Católica de rito latino, criando uma comissão de interpretação do mesmo no 
ano da sua promulgação que, desde então, era a única competente para esclarecer 
as dúvidas que poderiam surgir e cujos ditames têm o valor de uma interpretação 
autêntica sobre qualquer dos cânones do código. 
 
6.2 O CÓDIGO DE 1983 
 Em 25 de janeiro de 1983 o Papa João Paulo II promulgou o novo Código, que 
entrou em vigor em 27 de novembro do mesmo ano. Igualmente nomeou o novo 
órgão de interpretação do texto, denominado Pontifícia Comissão, para a 
interpretação autêntica do Código de Direito Canônico, com as mesmas funções que 
tinha a anterior comissão de interpretação. Em 1988, mediante a constituição 
apostólica Pastor Bonus, esta comissão transformou-se no Pontifício Conselho para 
os Textos Legislativos, com umas competências mais amplias e articuladas. 
Paralelamente, com a convocatória do Concílio Vaticano II foi 
abandonada a codificação oriental e começou-se uma nova codificação do direito 
oriental, que terminou em 1991 com a promulgação do Codex Canonum 
Ecclesiarum Orientalium, ou Código dos Cânones das Igrejas Orientais. Este Código 
veio completar a codificação na Igreja Católica, ao estar em vigor para as Igrejas sui 
iuris católicas de rito oriental. 
 
6.3 TEMAS 
Os temas principais tratados pelo CDC de 1983 são: 
1. O papel do Romano Pontífice e do Colégio Episcopal. 
2. A organização da Cúria Romana, seus conselhos, congregações e tribunais; 
as funções da Secretaria de Estado e do Sínodo permanente. 
25 
 
3. As regras para a constituição das associações de fiéis, das sociedades de 
vida apostólica, dos institutos de vida consagrada, das prelazias pessoais e 
das administrações apostólicas. 
4. A organização da igreja nacional. A estrutura das dioceses, arquidioceses, 
das prelazias, abadias territoriais, administrações apostólicas, prelazias 
pessoais, dos ordinariatos militares, eparquias, das províncias e regiões 
eclesiásticas, das conferências episcopais, dos sínodos diocesanos, dos 
concílios provinciais e plenários, dos cabidos metropolitanos e das paróquias. 
5. A organização das dioceses; o papel dos vigários episcopais, dos vigários 
gerais e dos vigários judiciais no governo da diocese; o papel do Arcebispo e 
suas funções na administração da província eclesiástica; a organização da 
Igreja Católica de Rito Oriental - os patriarcas, os eparcas e exarcas e a 
liturgia específica dessas igrejas. 
6. Os critérios para a definição de "sede vacante" e de "sede impedida".7. As obrigações e os direitos dos bispos, dos párocos e dos fiéis. 
8. As regras sobre o dízimo; uma obrigação de todos, e o seu modo de 
utilização. 
9. As atribuições dos ministros ordinários e extraordinários da Eucaristia. 
10. As exigências para ser padrinho de Batismo, Crisma e Matrimónio. 
11. A idade mínima para o presbiterato e para o episcopado; as normas para os 
seminários. 
12. Quem pode celebrar os sacramentos; a Comunhão em duas espécies - 
libação e intinção. 
13. Regras sobre o Batismo; o Batismo fora da Igreja; o Batismo de não católicos; 
o Batismo por imersão, infusão e aspersão. 
14. O Matrimónio com não católicos; impedimentos matrimoniais; os divorciados e 
a Igreja; a situação do padre casado. 
15. Os casos de excomunhão de leigos e clérigos. 
16. Outras punições canónicas a leigos e clérigos. 
17. Quem não pode receber os sacramentos. 
18. Regras sobre a Confissão; a confissão anual. 
26 
 
19. Sobre o Colégio Cardinalício (cardeais-diáconos, presbíteros e bispos); sobre 
o Consistório; sobre a eleição do Papa e sobre o governo temporário da 
Igreja. 
20. Regras sobre as ordens religiosas; normas sobre o hábito eclesiástico. 
21. Os tipos de sacramentais, as orações e os objetos sagrados; o ritual do 
exorcismo. 
22. Os tribunais eclesiásticos e os processos judiciais. 
23. Tipos de leis canónicas; promulgação de leis; dispensa de leis; tipos de penas 
- o perdão e a extinção das penas. 
6.4 A ESTRUTURA DO CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO 
O Código de Direito Canônico em vigor se divide em sete livros: 
Livro I- Das Normas Gerais 
Trata das Leis e Costumes eclesiásticos, dos Decretos Gerais e Instruções, 
dos Estatutos e Regimentos, dos Ofícios Eclesiásticos. 
Livro II- Do Povo de Deus 
Trata das obrigações e direitos de todos fiéis (clérigos e leigos), das 
Associações de fiéis, da estrutura hierárquica da Igreja, da organização interna das 
igrejas particulares, dos Institutos e Sociedade religiosas e seculares. 
Livro III- Do Múnus de Ensinar da Igreja 
Trata do Ministério da Palavra, da Ação Missionária, da Educação escolar, 
dos Meios de Comunicação Social e dos Livros. 
Livro IV- Do Múnus de Santificar da Igreja 
Trata dos Sacramentos, do Culto Divino, do Culto dos Santos e das Imagens 
Sagradas, dos lugares e tempos sagrados. 
Livro V- Dos Bens Temporais da Igreja 
Trata da aquisição, administração, alienação dos bens eclesiásticos em geral. 
Livro VI- Das Sanções na Igreja 
Trata dos delitos e das penas em geral, do processo penal, da aplicação e 
cessação da penas, dos diversos tipos de delitos. 
Livro VII- Dos Processos 
Trata dos diversos foros e tribunais, das partes no processo, ações e 
exceções, do julgamento das causas e dos recursos, dos processos para as 
27 
 
declarações de nulidade do matrimônio e das ordenações. Trata ainda dos 
processos administrativos e dos recursos nestes processos. 
 
 
7. RENUNCIA PAPAL 
 
A renuncia do papa foi um dos eventos mais marcantes da segunda década 
do século XXI. Na história da Igreja Católica, o Papa Bento XVI é o sétimo a 
renunciar. A renúncia, aqui, é um conceito eclesiástico, porque inclui a aceitação da 
deposição do Trono de Pedro, sem resistência aos inimigos que obrigam o pontífice 
a sair. 
A renúncia de um papa está prevista no Código de Direito Canônico em vigor 
, e estabelece que o papa pode deixar o Trono de Pedro , desde que por vontade 
própria , como fez Joseph Ratzinger: 
Cân.332 - §2. Se acontecer que o Romano Pontificie renuncie ao seu 
múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e 
devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém. 
 
Quando o Papa renuncia, ele deixa de assumir o título de bispo de Roma, 
vigário de Jesus Cristo, sucessor do príncipe dos apóstolos. Sumo pontífice da Igreja 
Universal, primaz da Itália, arcebispo metropolitano da Província Romana e 
soberano do Estado da Cidade do Vaticano, passando a ser chamado de Bispo 
Emérito de Roma. 
 
7.1 FUNÇÕES PAPAIS 
 
O Papa é o bispo de Roma, chefe de estado da cidade do Vaticano e líder 
mundial da Igreja Católica. Seu cargo é vitalício, e sua autoridade descende 
diretamente de Jesus Cristo. Entre suas funções e deveres está manter integridade 
e fidelidade do deposito da fé; se dedicar à Expansão do catolicismo e da fé cristã 
pelo mundo; nomear cardeais e eleger bispos; canonizar santos e criar dioceses; 
intervir em questões administrativas do Vaticano e da Igreja Católica em todo o 
mundo; trabalhar pelo diálogo inter-religioso e pela defesa dos direitos humanos. 
 
28 
 
7.2 CONCLAVE 
 
Com o início do Conclave, os cardeais seguem em cortejo da Capela Paulina, 
onde se reúnem inicialmente, até a Sistina, onde ocorrem as votações. Em seguida, 
as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo 
cardeal Camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior. Três 
cardeais assistentes são escolhidos para auxiliar o Camerlengo – eles são trocados 
a cada três dias. 
Os eleitores ficam isolados em celas particulares e se reúnem na Capela 
Sistina duas vezes por dia para votar – caso não um nome não obtenha dois terços 
dos votos na primeira votação. Além deles, ficam alojados nos arredores da Capela 
Sistina apenas o Secretário do Colégio Cardinalício o Mestre das Celebrações 
Litúrgicas Pontifícias, com dois Cerimoniários e dois religiosos adscritos à Sacristia 
Pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo Cardeal Decano ou pelo Cardeal que o 
substitua, para lhe servir de assistente; além de alguns religiosos de diversas 
línguas para as confissões, dois médicos para eventuais emergências e pessoas 
responsáveis pela alimentação e limpeza. 
Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada 
vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o resultado. No 
momento da eleição, ficam na capela apenas os eleitores, o Mestre das Celebrações 
Litúrgicas Pontifícias e o eclesiástico escolhido para fazer aos cardeais eleitores a 
segunda das duas meditações. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for 
eleito não renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice 
romano. 
 
 
8. ESTADO ECLESIÁSTICO E ESTADO LAICO 
 
8.1 VATICANO 
 
O tratado de Latrão, de 1929, que criou a cidade-estado do Vaticano, a 
descreve como uma nova criação (preâmbulo e no artigo II) e não como um vestígio 
dos muito maiores Estados Pontifícios ( 756-1870), que anteriormente abrangiam a 
29 
 
região central da Itália. A maior parte deste território foi absolvido pelo Reino de Itália 
em 1860 e a porção final, ou seja, a cidade de Roma, com uma pequena área perto 
dele, dez anos depois, em 1870. 
 A cidade do Vaticano é um Estado eclesiástico ou teoccratico-
monarquico, governado pelo bispo de Roma, o Papa. A maior parte dos funcionários 
públicos são todos os clérigos católicos de diferentes origens raciais, étnicas e 
nacionais. É o território soberano da Santa Sé (Sancta Sedes) e o local de 
residência do Papa, referido Palácio Apostólico. 
 Os Papas residem na área, que em 1929 tornou-se Cidade do Vaticano, 
desde o retorno de Avignon em 1377. Anteriormente, residiam no Palácio de Latrão 
na colina celio no lado oposto de Roma, local que Constantino deu ao Papa 
Milcíades em 313. A assinatura dos acordos que estabelece o novo estado teve 
lugar neste último edifício dando origem ao nome Tratado de Latrão, pelo qual é 
conhecido. 
 
8.2 TRATADO DE LATRÃO 
 
 O Tratado de Latrão, "tratado de Santa Sé", "tratado deRoma - Santa Sé" é 
um dos pactos lateranenses de 1929 feito entre o Reino de Itália e a Santa Sé, 
ratificado em 7 de junho de 1929, dando fim à "Fronteira Ferroviária" 
Em 756, Pepino, o rei dos francos, deu ao Papa um grande território no centro 
de Itália. a existência destes Estados Pontifícios terminou quando, em 1870, as 
tropas do Rei Vítor Emanuel II entraram em Roma e incorporaram no Reino de Itália 
está parte do território. Em 13 de março de 1871, Vítor Emanuel II ofereceu como 
compensação ao Papa Pio IX uma indenização e o compromisso de mantê-lo como 
Chefe do Estado do Vaticano, um bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja. O 
Papa, porém, recusa-se a reconhecer a nova situação e considera-se prisioneiro do 
poder laico, dando início assim à Questão Romana. 
Embora tenha negado inicialmente a proposta do Governo italiano, a Igreja 
aceita estas condições em 11 de fevereiro de 1929, por meio do Tratado de São 
João de Latrão ou simplesmente Tratado de Latrão, que criou um novo estado, 
assinado pelo ditador fascista Benito Mussolini, então chefe do Governo italiano, e o 
cardeal Pietro Gasparri, secretário de Estado da Santa Sé. Este Tratado formalizou 
30 
 
a existência do Estado do Vaticano (cidade do Vaticano), Estado soberano, neutro e 
inviolável, sob a autoridade do papa, e os privilégios de extraterritorialidade do 
palácio de Castelgandolfo e das três basílicas de São João de Latrão, Santa Maria 
Maior e São Paulo Extramuros. Por outro lado, a Santa Sé renunciou aos territórios 
que havia possuído desde a Idade Média e reconheceu Roma como a capital da 
Itália. 
O acordo também garantiu ao Vaticano o recebimento de uma indenização 
financeira pelas perdas territoriais durante o movimento de unificação da Itália. O 
documento estabeleceu normas para as relações entre a Santa Sé e a Itália, 
reconheceu o catolicismo como religião oficial desse país, instituiu o ensino 
confessional obrigatório nas escolas italianas, conferiu efeitos civis ao casamento 
religioso, aboliu o divórcio, proibiu a admissão em cargos públicos dos sacerdotes 
que abandonassem a batina e concedeu numerosas vantagens ao clero. 
 O Vaticano emite selos e moeda [metálica] própria e conta com todos os 
serviços próprios de um país independente, como uma central telegráfica, estação 
de rádio (Rádio Vaticano), um jornal (L'Osservatore Romano) e a rede ferroviária, 
interligada à ferrovia italiana. Com base na Convenção de Barcelona, de 1921, pode 
dispor também de uma frota marítima com bandeira própria. 
 A Constituição de 2001, que substituiu à de 1929, e foi promulgada pelo 
Papa João Paulo II, estabelece, entre outros artigos: que o Papa é o soberano 
absoluto, concentrando em si os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, os 
quais, em caso de falecimento do Pontífice, passam ao Colégio Cardinalício até a 
eleição do sucessor; que a bandeira oficial do Vaticano é amarela e branca, em 
vertical, tendo, ao centro o escudo com as chaves entrecruzadas sobre as quais se 
encontra a tiara papal. 
 
8.3 ESTADO LAICO 
 
Conhecido também como Estado Secular ou Estado Leigo é o conceito de um 
Estado oficialmente neutro às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a 
nenhuma religião, e não privilegiando determinado cidadão de determinada religião 
em detrimento dos demais cidadãos das demais religiões. 
31 
 
O Estado secular deve garantir e proteger a liberdade religiosa e filosófica de 
cada cidadão, evitando que alguma religião exerça controle ou interfira em questões 
políticas. Difere-se do estado ateu - como era a extinta URSS - porque no último o 
estado se opõe a qualquer prática de natureza religiosa. Entretanto, apesar de não 
ser um Estado ateu, o Estado Laico deve respeitar também o direito à descrença 
religiosa. 
Vale ressaltar que um Estado Secular não implica a eliminação da religião; o 
Estado Laico deve garantir a liberdade religiosa, respeitando os traços religiosos 
culturais e da tradição do povo. 
O conceito do Estado Secular implica ainda que, em hipótese alguma, nenhum 
dos três poderes podem nortear suas decisões por alguma doutrina religiosa. Tais 
decisões devem ser norteadas apenas pela lei. 
A constituição federal no Brasil estabelece em seu artigo 19, I o seguinte: 
 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – 
estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou suas representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público. 
 
Com base nesta disposição, o Estado brasileiro foi caracterizado como 
Estado Laico. 
Esta corrente ideológica surgiu no fim da Idade Média e início da Idade Moderna 
onde podemos constatar o Alerta de alguns filósofos e pensadores da época para a 
necessidade do Estado Laico. A afirmação de Max Weber de que "Deus é um tipo 
ideal criado pelo próprio homem", demonstra a ânsia por deixar de lado a forte 
influência religiosa percebida na Idade Média, em busca do fortalecimento de um 
Estado laico. 
Nicolau Maquiavel, também defendia a separação de Igreja e Estado. Em seu 
livro “O Príncipe” Maquiavel questiona o domínio da igreja sobre o Estado e faz 
menção ao estado laico criticando a moral cristã mas fazendo uso dela quando 
disse: "mais conveniente seguir a verdade efetiva da coisa do que a imaginação 
desta" ele queria a separado da Igreja do Estado mas não queria que o Estado se 
separasse da Igreja. O Estado tem que ter e seguir sua ética e moral e não a moral 
da Igreja, porem o príncipe (político com mandato) deve lutar para manter a moral e 
a fé do povo pois é de vital importância para a manutenção da paz no Estado. 
32 
 
Muito embora a corrente Laicista tenha nascido muito antes, o primeiro 
grande exemplo de Estado Laico da história foram os Estados Unidos da América, 
podendo-se dizer que foram inclusive, a personificação do Estado Laico proposto 
por Maquiavel, uma vez que apesar de o Estado Americano não ter uma religião 
oficial e não permitir que as religiões se intrometam nos assuntos e decisões 
governamentais, este sofre grande influência da religião protestante. 
 
 
33 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O Direito Canônico é o código jurídico e religioso que rege os Estado do 
Vaticano e as comunidades eclesiásticas em todo o mundo. È impossível estudar os 
sistemas jurídicos sem mencioná-lo, uma vez que o poder da Igreja é atemporal, 
pois o cristianismo é considerado a religião universal. O direito canônico católico é o 
direito da Igreja reunida sob a autoridade do Papa, seu chefe visível. A Igreja se 
considera a si mesma como a Igreja de Jesus Cristo e atribui as suas ordenações 
jurídicas vigência para todos os batizados. 
O direito canônico participa da natureza geral do direito, distinguindo-se por 
sua característica de ser direito de Igreja, isto é, de uma sociedade sobrenatural de 
instituição divina, a qual se edifica mediante a Palavra e o Sacramento, e é chamada 
a transmitir a Salvação aos homens. O direito canônico é colocado ao serviço desta 
missão da Igreja e é por isso um direito sagrado que se distingue claramente do civil, 
embora conserve o caráter geral do direito. 
 Assim como qualquer outro sistema jurídico religioso, o direito canônico retira 
suas regras de princípios divinos, revelados nos Testamentos bíblicos. Sua principal 
diferença com os outros sistemas, é que a Igreja Católica diferenciou o direito 
religioso do regime religioso. Portanto, ela admite o direito laico na vida dos 
ecumênicos. 
 Nos últimos 2000 anos, esse sistema se modificou a fim de se adaptar aoscostumes e formas de cada povo que o adotou. Mas nunca perdeu sua finalidade 
principal : manter as normas e a autoridade da Santa Igreja. Direito Canônico é o 
direito estabelecido por Deus e pela Igreja para sua regulamentação. 
 
34 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 GILISSEN, John: Introdução Histórica ao Direito. 2ª. ed. Tradução de A. M. 
Hespanha e L. M. Macaísta Malheiros.Lisboa:Fundação Calouste Gulbenkian, 
1995. 
CARMO, Octávio. 296 encíclicas na história da Igreja. Jul. 2009. Disponível 
em: <http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.PL?&id=74017>. Acesso 
em: 31 mar. 2013. 
 
 WIKIPEDIA. Encíclicas. Disponível em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Enc%C3%ADclica> Acesso em: 31 mar. 2013. 
 
 FOLHA ONLINE. O que é encíclica? Disponível em: 
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/papa-enciclica.shtml> Acesso em: 
31 mar. 2013. 
 
 WIKIPEDIA. Concílio ecumênico. Disponível em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlios_ecum%C3%A9nicos_cat%C3
%B3licos#Da_Igreja_Cat.C3.B3lica> Acesso em: 31 mar. 2013. 
 
 WIKIPEDIA. Concílio. Disponível em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio> Acesso em: 31 mar. 2013. 
 
 INFO ESCOLA. Concílio de Trento. Abr. 2010. Disponível em: 
<http://www.infoescola.com/historia/concilio-de-trento/> Acesso em: 31 mar. 
2013. 
 
 PORTAL SÃO FRANCISCO. Concílio de Trento. Disponível em: 
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/contra-reforma/concilio-de-
trento.php>. Acesso em: 31 mar. 2013. 
 VERITATIS SPLENDOR. Conceito,surgimento, finalidade e surgimento do Dir. 
Canônico. Disponível em : http://www.veritatis.com.br/direito-
35 
 
canonico/nocoes-gerais/640-o-que-entendemos-por-direito-canonico. Acesso 
em 13/04/2013. 
 VERITATIS SPLENDOR. Noções Gerais do Dir. Canônico. Disponível em 
http://www.veritatis.com.br/direito-canonico/nocoes-gerais/637-conceito-
surgimento-finalidade-e-usufruto-do-dir-canonico. Acesso em 13/04/2013.

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