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Direito Internacional Obra organizada pelo Instituto IOB – São Paulo: Editora IOB, 2014. ISBN 978-85-63625-49-6 Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Tradição + Inovação Duas grandes instituições de ensino, o IOB Concursos e o Marcato, se juntaram no final de 2013 dando origem ao IOB Concursos Marcato. A tecnologia do IOB Concursos aliada à tradição e reconhecimento do Marcato resultaram numa metodologia simples e interativa. Presente em 100% do território nacional, conseguimos levar nossa tecnologia de ensino a todas as cidades, colaborando para a democratização do ensino no Brasil. As videoaulas e o material didático são as ferramentas de aprendizagem. 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Funções da OMC – Soluções e Controvérsias – Fases do Processo – Entendimento de Soluções de Controvérsias – Implementação da Decisão, 19 4. Funções da OMC – Estrutura – Conferência Ministerial – Temas Levantados, 20 5. Tomada de Decisões na OMC – Acessão de Membro na OMC – Status de Observador e Objetivo no Processo de Acessão – Protocolo e Reservas, 21 6. Textos Legais da OMC – Compromisso Único – Single Undertaking – Pacotes de Acordos – Pilar Institucional – Cláusula da Nação Mais Favorecida, 23 7. Textos Legais – Cláusula da Nação Mais Favorecida – Tratamento Nacional – Concorrência entre Produtos e Similaridade – Tributos Internos e Regularidade – Teste de Consistência, 24 8. Textos Legais – Acordo de Comércio de Bens – Liberdade de Trânsito – Direitos Antidumping – Valoração Aduaneira – Acordo de Facilitação de Comércio, 25 9. Textos Legais – Regras do GATT – Subsídios – Medidas Emergenciais – Importação de Produtos Especiais – Exceções Gerais às Regras do GATT – Exceções Relativas à Segurança, 26 10. Textos Legais da OMC – Regras do GATT – Artigos Mais Relevantes – Acordos Relevantes no Comércio de Bens, 27 11. Textos Legais – Acordos de Valoração Aduaneira – Métodos Alternativos – Acordo sobre Regras de Origem – Licenças de Importação – Propriedade Intelectual, 28 12. Acordo Geral de Comércio de Serviços (GATS) – Princípios e Objetivos Semelhantes ao Comércio de Bens – Integração Regional, 29 Capítulo 3. Integração Regional, 31 1. Integração Regional, 31 2. Características dos Estágios de Integração, 32 3. Artigo XXIV do GATT, 33 4. Cláusula de Habilitação – SGP – Requisitos para Concessão, 34 5. Cláusula de Habilitação – SGPC – Componentes, 35 6. Alalc e Aladi – Pertinência Jurídica – Princípios, 36 7. Alalc e Aladi – Regime de Origem – Acordos de Preferência Tarifária, 37 8. CAN – Nafta – Caricom, 38 9. MERCOSUL – Origens e Objetivos, 39 10. A Estrutura Institucional do MERCOSUL, 41 11. O Atual Estágio de Integração do MERCOSUL, 42 13. Regime de Origem do MERCOSUL, 44 14. Sistema de Solução de Controvérsias do MERCOSUL, 45 Capítulo 4. Práticas Desleais de Comércio e Defesa Comercial, 47 1. Defesa Comercial – Introdução – Instrumento de Defesa Comercial – Diferenças Básicas – Antidumping – Medidas Compensatórias – Salvaguardas, 47 2. Defesa Comercial – Instância de Defesa Comercial – Competência da Secex – Competência da Camex – Competências Excepcionais da Camex, 48 3. Defesa Comercial – Antidumping – Descumprimento dos Requisitos Substantivos – Aplicação de Medidas Antidumping – Prática de Dumping – Produto Similar, 49 4. Defesa Comercial – Antidumping – Valor Normal – Obtenção do Valor Normal – Preço de Exportação – Justa Comparação, 50 5. Defesa Comercial – Antidumping – Cálculo da Margem de Dumping – Margem de Dumping – Indústria Doméstica – Situações que englobam o dano, 52 6. Defesa Comercial – Antidumping – Determinação do Dano – Efeitos da Importação – Impactos das Importações – Nexo Causal – Determinação de Ameaça de Dano Material, 53 7. Novidades na Aplicação de Medidas Antidumping – Aplicação de Direitos e Compromissos de Preços – Vigência dos Direitos Aplicados – Aplicação Específica – Revisão Relativa à Aplicação do Direito, 54 8. Revisões Relativas ao Escopo e à Cobrança do Direito – Revisão Anticircunvenção – Revisão de Restituição – Avaliação de Escopo – Redeterminação – Principais Fases da Investigação de Dumping, 55 9. Subsídios e Medidas Compensatórias – Diferenças – Acordo Antidumping e Medidas Compensatórias – Contribuição Financeira – Especificidade do Benefício – Tipos de Especificidade – Subsídios Proibidos, 56 10. Subsídios e Medidas Compensatórias – Definição e Categorias de Subsídios – Prazos e Procedimento – Determinação de Dano Baseado em Provas Positivas – Diferenças Específicas de Procedimento, 58 11. Medidas Cabíveis para Combater Importações Subsidiárias – Limite da Medida – Aplicação e Duração – Procedimento da Retroatividade – Medidas Compensatórias – Duplo Remédio, 59 12. Defesa Comercial – Salvaguardas – Acordo de Salvaguardas – Princípios que Norteiam a Salvaguarda – Objetivos e Cabimento – Salvaguardas Provisórias, 60 13. Critérios e Causalidades na Aplicação das Salvaguardas – Fatores Objetivos e Qualificáveis Analisados – Aplicação dos Direitos Definitivos – Tratamento Especial e Diferenciado, 61 Capítulo 5. Instituições Intervenientes no Comércio Exterior Brasileiro, 63 1. Órgãos Intervenientes e Siscomex – Camex, 63 2. Órgãos Intervenientes e Siscomex – Secretaria da Receita Federal do Brasil, 64 3. Órgãos Intervenientes e Siscomex – Secretaria de Comércio Exterior (Secex), 65 4. Órgãos Intervenientes e Siscomex – Bacen – MRE – Siscomex, 66 Capítulo 6. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal de Mercadorias, 68 1. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, 68 2. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – Nomenclatura Comum do Mercosul, 69 3. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – Regras Gerais de Interpretação, 70 4. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – RGI 1 e 2 – Classificação por Notas – Artigo Desmontado – Compostos, 71 5. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – RGI 3 – Específica sobre Genérica – Essencialidade – Ordem Numérica, 72 6. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – RGI 4 e 5 – Artigos Semelhantes – Estojos e Hardcases, 73 7. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal – RGI 5 e 6 – RGC 1 e 2 – Embalagem de Utilização Repetida – Classificação nas Subposições, 74 8. Sistema Harmonizado e Classificação Fiscal– NCM – Regras Gerais Complementares, 76 Capítulo 7. Contratos Internacionais e Incoterms, 77 1. Contratos Internacionais e Incoterms – Princípios Contratuais, 77 2. Contratos Internacionais e Incoterms – Convenção de Viena de 1980, 78 3. Contratos Internacionais e Incoterms – Incoterms 2010, 79 4. Contratos Internacionais e Incoterms – Análise dos Grupos E e F dos Incoterms, 79 5. Contratos Internacionais e Incoterms – Análise do Grupo C dos Incoterms, 81 6. Contratos Internacionais e Incoterms – Análise do Grupo D do Incoterms, 82 7. Contratos Internacionais e Incoterms – Resgate sobre os Incoterms, 83 Capítulo 8. Regimes Aduaneiros, 85 1. Regimes Aduaneiros, 85 2. Regimes Aduaneiros – Trânsito Aduaneiro, 86 3. Regimes Aduaneiros – Admissão Temporária, 87 4. Regimes Aduaneiros – Exportação Temporária, 88 5. Regimes Aduaneiros – Drawback, 89 6. Regimes Aduaneiros – Entreposto aduaneiro, 90 7. Regimes Aduaneiros – Área de Livre-comércio, 92 8. Regimes Aduaneiros – Zona de Processamento de Exportações (ZPE), 93 9. Regimes Aduaneiros – Zona Franca de Manaus (ZFM), 94 Capítulo 9. Incentivos Fiscais às Exportações e Cide- -Combustíveis, 96 1. Incentivos Fiscais às Exportações, 96 2. Incentivos Fiscais às Exportações e Cide – Imposto de Exportação – ICMS – IPI, 97 3. Incentivos Fiscais às Exportações e Cide – Befiex – Drawback – DAC, 98 Capítulo 10. Legislação Aduaneira, 99 1. Imposto de Importação: Seletividade e Extrafiscalidade, 99 2. Imposto de Importação: Aspecto Material, 100 3. Imposto de Importação: Aspecto Temporal, 101 4. Imposto de Importação: Aspecto Pessoal, 101 5. Imposto de Exportação: Subsidiariedade e Princípios, 103 6. Imposto de Exportação: Aspecto Material, 104 7. Imposto de Exportação: Aspecto Temporal, 104 8. Imposto de Exportação: Aspectos Espacial e Pessoal, 105 Gabarito, 111 Capítulo 1 Políticas Comerciais 1. Políticas Comerciais – Protecionismo x Liberalismo O Comércio Internacional é um facilitador das relações entre os Estados promo- vendo a paz em nome de interesses comerciais. Tanto os movimentos de liberalismo quanto de protecionismo ocorrem de modo alternado, a depender do período histórico. Entende-se por corrente comercial tudo aquilo que o País importa e exporta. De acordo com a OMC, em 2011, o Brasil ocupou a posição de 22º exporta- dor e 21º importador no mundo. O comércio exterior brasileiro representa as relações comerciais entre o Brasil e o restante do mundo, ou seja, toda legislação doméstica brasileira que se aplica tanto para as importações quanto para as exportações. Já o conceito de comércio internacional deve ser tomado em sentido amplo, isto é, sua definição deve abarcar tudo, desde os meios de pagamento de trans- porte, logística, pagamentos, propriedade intelectual, bens e serviços. São aspectos do liberalismo o mercado livre, a livre concorrência, a iniciativa individual e a desregulamentação. No mercado livre, não há intervenção do Estado na economia, seja tabelando preços ou criando barreiras alfandegárias. Pela livre concorrência, os preços se formam em função do próprio mercado, o que faz com que somente as empresas eficientes sobrevivam. De acordo com a iniciativa individual, qualquer indivíduo pode exercer a fun- ção que quiser. O que não ocorre no regime corporativista. Direito Internacional12 Entende-se que, na desregulamentação, o Estado deve remover todos os obs- táculos legais que cerceiam a atividade econômica. Quanto aos argumentos favoráveis do liberalismo, pode-se afirmar que a divi- são internacional da produção leva à especialização e ao melhor uso dos recursos naturais e à economia de escala. Em relação aos argumentos contrários à corrente liberalista, alguns consideram que essa liberdade, de certa forma, escraviza e possibilita o surgimento de trustes, cartéis, oligopólios e dumping. Outro ponto em desfavor ao liberalismo seria o surgimento de conflito de interesses com a não observância aos valores de interesse público a não ser o lucro. 2. Contexto Brasileiro na Política Comercial – Protecionismo x Liberalismo Na última unidade de estudo, foram analisadas as características e os argu- mentos favoráveis e desfavoráveis do liberalismo, restando, portanto, passar ao estudo do protecionismo. Segundo os defensores do protecionismo, a intervenção do Estado na econo- mia impõe barreiras à importação de mercadorias ou faz aportes governamentais à exportação de seus produtos. A partir do protecionismo, entende-se que há uma maior proteção de recur- sos naturais, já que a busca desenfreada pelo aumento de produção e riquezas degrada de forma devastadora o meio ambiente. Considerando as desvantagens, o protecionismo pode acarretar a divisão da produção, a acomodação da indústria nacional, o que a torna extremamente de- pendente da atividade estatal não promovendo ou estimulando a concorrência. Há, ainda, o perigo da criação de monopólios, já que se defende que o prote- cionismo acarretaria tal impacto para a economia. Considerando que o Brasil é um País em desenvolvimento, ele adotou uma série de políticas protecionistas, como a política de substituição da importação, como houve com a Lei de Informática na década de 80, impondo altas tarifas para a importação de computadores. Com a entrada da OMC na década de 90, houve o esforço de liberalizar a atividade econômica acarretando a redução dos impostos de importação. Direito Internacional 13 Exercício 1. Assinale a alternativa que define “Comércio Internacional”: a) “Comércio Internacional” é a troca de mercadorias entre países, mas não inclui serviços, razão pela qual o Comércio se mede pela chamada balança comercial. b) “Comércio Internacional” é a troca de mercadorias entre países exclu- sivamente por compra e venda internacional e abrange tudo o que for ligado à sua execução, incluindo transporte e pagamento. c) “Comércio Internacional” é mais que “Comércio Exterior” e menos que “Comércio Regional”. d) “Comércio Internacional” designa a troca de mercadorias entre o Brasil e os países do Mercosul. e) “Comércio Internacional”, atualmente, reflete a troca de mercadorias, serviços e até direitos da propriedade intelectual ligado ao comércio, alcançando todos os países, regiões, blocos, bem como tudo que está ligado a sua execução, como frete, seguro e pagamentos. 3. Política Comercial – Comércio e Desenvolvimento Econômico A ideia clássica de crescimento econômico está atrelada às ações promovidas pelo Estado no campo de geração de empregos e de renda e aumento do padrão de vida. O mercantilismo surge como a primeira noção de crescimento econômico na Europa entre os séculos XV a XVIII. Seu objetivo era a acumulação de metais para riqueza do País e o forte intervencionismo estatal com a imposição de altas tarifas. A crítica a esse regime feita por Adam Smith a partir de sua teoria conhecida como Vantagens Absolutas: cada País deveria concentrar seus esforços no que podia produzir a custo mais baixo e trocar o excedente dessa produção por pro- dutos que custassem menos em outros países. David Ricardo apresentou a teoria chamada de Vantagens Comparativas, es- tabelecendo princípios de Economia Política e Tributação. O comércio internacional será vantajoso até mesmo nos casos em que uma nação possa produzir internamente a custos mais baixos do que a nação parceira, desde que, em termos relativos, as produtividades de cada uma fossem relativa- mente diferentes, isto é, a criação do custo de produtividade. Direito Internacional14 Heckscher Ohlin desenvolve a Teoria da Dotação dos Fatores sustentando que o comércio internacional é orientado pela diferença na disponibilidade de fatoresde produção como a terra, com o capital, e com a mão de obra. Nessa toada, o País exportará aqueles bens que são de uso intensivo de fato- res abundantes e importará os bens cuja produção é dependente. Segundo Paul Krugman e sua Teoria da Concorrência Monopolística, também conhecida como gosto dos consumidores, ocorre a geração do comércio intrain- dústria, visto a diferença no gosto desses consumidores. Exercício 2. De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de especialização pro- dutiva de um País e a composição de sua pauta exportadora está diretamen- te relacionada à(s): a) Diferenças entre os custos de remuneração do capital em diferentes indústrias. b) Vantagens relativas determinadas pela produtividade do fator em dife- rentes indústrias. c) Dotação dos fatores de produção. d) Vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da mão de obra. e) Vantagens comparativas relativas determinadas pela produtividade do capital. 4. Indústria Nascente – Substituição das Importações – Industrialização para Exportações – Políticas Comerciais Estratégicas Friederich List e Alexander Hamilton apresentaram a Teoria da Indústria Nascente com o objetivo de proteger a indústria nacional da concorrência de empresas já estabelecidas, favorecendo a criação da indústria nascente. A ideia de indústria nascente surgiu na Alemanha fomentando a economia local com a proteção por tempo determinado e um dos instrumentos capazes de tutelar essa proteção é a salvaguarda. Em 1959, Raúl Prebisch desenvolve a Teoria da Substituição das Importações ou Deterioração dos Termos Internacionais de Troca. Direito Internacional 15 Por essa teoria, os produtos agrícolas de demanda inelástica compõem a pau- ta exportadora de países em desenvolvimento. Já os produtos industrializados de demanda elástica compõem a pauta exportadora de países desenvolvidos. Com isso, o modelo de importação é abandonado e o País se fecha à concor- rência externa por meio de altas tarifas. A Teoria da Industrialização Voltada para as Exportações surge com o modelo dos Tigres Asiáticos formando o bloco de economias de alto desempenho (EAAD) com a participação do Japão após a 2ª Guerra, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Cingapura. Aderiram também à política internacional voltada para as exportações, nos anos 70 e 80, a Malásia, a Tailândia, a Indonésia e a China. Esse modelo não é pautado no livre-comércio, mas no aporte governamental maciço em infraestrutura e educação, criação de subsídios e financiamento de pesquisas. Esse modelo revela a forte exposição à concorrência externa por meio de in- centivos à exportação, como é o caso do comércio chinês. O modelo de Políticas Comerciais Estratégicas prevê a intervenção estatal em setores estratégicos de alta tecnologia. Nesse caso, a dificuldade de apropriação dos conhecimentos justifica a inter- venção governamental, como o subsídio à pesquisa – Embraer. Reconhece-se que o benefício marginal que é irradiado sobre as demais empre- sas gera a externalidade positiva, o que estimula a produção e a competitividade. 5. Barreiras Tarifárias e Não Tarifárias Barreira tarifária é o termo utilizado para designar o protecionismo predominan- temente tarifário, como é o caso do Imposto de Importação, as taxas alfandegá- rias e a valoração aduaneira. A partir dos anos 80, surge, no comércio internacional, a barreira não tarifária aplicada considerando os distintos graus de industrialização, lembrando que, em países em desenvolvimento, ainda há o protecionismo clássico. Quanto às modalidades tarifárias, temos a tarifa ad valorem, em que é calcu- lado um percentual sobre o valor da transação. Na tarifa ad mensuram, é aplicada uma alíquota específica sobre a unidade de medida. Na mista, temos a conjugação tanto da tarifa ad valorem quanto a específica (ad mensuram) em sua aplicação. Direito Internacional16 Na modalidade de tarifa técnica inclui-se a descrição técnica do produto para sua aplicação. Protecionismo não tarifário (BNT) é tudo aquilo que não constitui tarifa, ou seja, o conceito é residual e, muitas vezes, é um impeditivo à importação. São modalidades de protecionismo não tarifário as restrições quantitativas, as medidas de defesa comercial, as formalidades aduaneiras, as exigências de quali- dade, o estabelecimento prévio de preços mínimos, os produtos cuja importação é efetuada pelo Estado, em regime de monopólio. Exercício 3. No que se refere ao comércio internacional, assinale a alternativa correta: a) Ecrudescimento do liberalismo após a crise de 2008. b) Preponderância das exportações de serviços aos países desenvolvidos. c) Na década de 90, houve preponderância da corrente liberal refletida por esquemas unilaterais, aumento do regionalismo e aprovação de acordo multilateral. d) Em 2011, houve desfecho das negociações multilaterais de Doha. e) O Brasil experimentou profunda liberalização comercial na gestão do governo Dilma, fechando diversos acordos de liberalização comercial como Mercosul-UE. 1. Surgimento do Sistema Multilateral do Comércio – Rodadas do GATT – Criação da OMC Em abril de 1994, houve a assinatura do Acordo estabelecendo a OMC, que fi- cou conhecido como Acordo de Marrakech. As cinco primeiras rodadas foram de liberação tarifária. A partir da 6ª rodada (Rodada Kennedy), que ocorreu de 1964 a 1967, surgiram o primeiro código antidumping e uma maior redução tarifária. Na 7ª rodada (Rodada Tóquio), que ocorreu de 1973 a 1979, houve o chama- do GATT à la carte, que uniu partes de outras rodadas como tarifas, barreiras não tarifárias e outros acordos. Na 8ª rodada (Rodada Uruguai), não só as tarifas foram discutidas, mas tam- bém barreiras não tarifárias, serviços, propriedade intelectual, solução de contro- vérsias e agricultura. É importante destacar que a OMC não é vinculada à ONU, mas forma o tripé do sistema multilateral do sistema econômico mundial. Outro ponto a ser destacado é que os idiomas oficiais da OMC são o inglês, o francês e o espanhol e sua sede é em Genebra. Exercícios 4. A Rodada Uruguai (1986-1993) foi a mais importante rodada comercial do GATT, bem como da própria OMC. No entanto, nessa rodada, não foram discutidos: a) Serviços Financeiros – Acordo sobre Serviços Financeiros. b) Propriedade Intelectual – Trade Related Intellectual Property Rights (TRIPS). Capítulo 2 Organização Mundial do Comércio Direito Internacional18 c) Código sobre Investimentos Estrangeiros – Multilateral Investment Agreement (MIA). d) Bens de Alta Tecnologia – Acordo sobre Bens de Alta Tecnologia – Sin- gapura. e) Serviços – Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS). 5. Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), é correto: a) Está vinculada ao sistema ONU. b) Trata-se de organização com personalidade jurídica distinta de seus membros, que presta assessoria ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (ECOSOC) para assuntos de comércio internacional. c) Todos os países-membros da ONU são, ipso facto, membros da OMC. d) O GATT deu personalidade jurídica de direito internacional em 1947. e) A OMC veio finalmente dar vida a uma organização internacional idea- lizada ao final da segunda guerra mundial que, entretanto, não havia saído do papel. 2. Funções da OMC – Acordos e Cooperação – Foro Permanente para Negociações A OMC facilitará a aplicação, a administração e o funcionamento do presente Acordo e dos Acordos Comerciais Multilaterais, promoverá a consecução de seus objetivos e constituirá também o quadro jurídico para a aplicação, administração e funcionamento dos Acordos Comerciais Plurilaterais. A OMC será o foro para as negociações entre seus membros acerca de suas relações comerciais multilateraisem assuntos tratados no quadro dos acordos. A OMC poderá também servir de foro para ulteriores negociações entre seus membros acerca de suas relações comercias multilaterais e de quadro jurídico para a aplicação dos resultados dessas negociações segundo decida a Conferên- cia Ministerial. A OMC administrará o entendimento relativo às normas e procedimentos que regem a solução de controvérsias. A OMC administrará o mecanismo de Exame das Políticas Comerciais (TPRM). Com o objetivo de alcançar por maior coerência na formulação das políticas econômicas em escala mundial, a OMC cooperará no que couber com o Fundo Monetário Internacional e com o Banco Internacional de Reconstrução e Desen- volvimento e com os órgãos a eles afiliados. Direito Internacional 19 O Conselho Geral tomará as providências necessárias para estabelecer coope- ração efetiva com outras organizações intergovernamentais que tenham áreas de atuação relacionadas com a da OMC. Exercício 6. São funções da OMC: a) Receber queixas comerciais de entes privados. b) Cooperar com outras instituições de Bretton Woods. c) Negociar em nome dos diplomatas de países de Menor Desenvolvimen- to Relativo (PMDR). d) Sugerir Recomendações às Políticas Comerciais dos países-membros. e) Propor acordos bilaterais como saída para impasse em negociações multilaterais. 3. Funções da OMC – Soluções e Controvérsias – Fases do Processo – Entendimento de Soluções de Controvérsias – Implementação da Decisão Configuram algumas das funções da OMC implementar acordos, servir como foro de negociação de acordos, solucionar as disputas comerciais e revisar as políticas comerciais aplicadas. A cooperação também é considerada como uma função da OMC resultando num sistema coerente: cooperar com as organizações internacionais de um modo geral. Outra função da OMC é prestar auxílio aos países em desenvolvimento, bus- cando torná-los capazes de adquirir habilidades negociais de comércio. A função de solução de controvérsias foi amplamente reformulada com a criação da OMC, está presente no Anexo II da OMC e estabelece todo o procedi- mento que deve ser utilizado. Insta ressaltar que o foro de soluções de conflitos da OMC é o mais eficaz em termos internacionais, visto o seu mecanismo de retaliação. Até junho de 2014, o número de pedidos de consultas era de 482, sendo que, desses, em 90% dos casos, concluiu-se uma violação, portanto, cada vez mais membros integrantes da OMC trazem conflitos a serem dirimidos por esta instância. Direito Internacional20 Em 85% dos casos, cumprem-se as recomendações. O Brasil se destaca como o País em desenvolvimento mais ativo com 8,5% dos casos, sendo que por 85 vezes representou a terceira parte interessada. Quanto às fases do procedimento, a solução de controvérsias abrange qual- quer violação dos acordos multilaterais e plurilaterais e se constitui pelas fases de consultas, painel e órgão de apelação. Na fase inicial de consulta, há um prazo de 60 dias para que o país resolva a questão amigavelmente. Diante da impossibilidade de se resolver na fase de consulta entre os Estados, é instaurado um painel que funciona como um grupo ad hoc, composto por três árbitros e exclusivamente para essa finalidade. O órgão de apelação é permanente e funciona como uma segunda instância da OMC, lembrando que o painel representaria a primeira instância. Se o País for demandado ocorrerá a implementação da decisão, que poderá acontecer por meio de arbitragem razoável, arbitragem no montante da compen- sação, com o pedido de autorização para retaliação e a retaliação cruzada. 4. Funções da OMC – Estrutura – Conferência Ministerial – Temas Levantados A OMC foi arquitetada de forma a cumprir suas funções e possui sua estrutu- ra hierarquizada. No topo dessa cadeia, está situada a Conferência Ministerial, como se fossem rodadas da OMC contemplando um leque de subsídios, progra- mas de desenvolvimento, ocorrendo a cada 2 anos. O Conselho Geral é o órgão permanente. Esse órgão possui a chamada fun- ção híbrida, ora atuando com a solução de controvérsias, ora atuando como revisor das políticas comerciais. O Órgão de Apelação é decorrente do órgão da solução de conflitos. Esse ór- gão é permanente e configura a segunda instância, sendo composto por 7 juízes indicados a cada 4 anos. No próximo nível da estrutura da OMC, temos o Conselho de Bens cuidando dos acordos relacionados ao comércio de mercadorias de bens (GATT), o Con- selho da Propriedade Intelectual (TRIPS) e o Conselho de Comércios e Serviços (GATS). Direito Internacional 21 Temos ainda os Comitês sobre questões recorrentes na agenda da OMC, como foi o caso da Agenda de Doha e, ainda, os Comitês de Negociações Comerciais da Agenda de Desenvolvimento. A Conferência de Cingapura representou a primeira conferência no âmbito da OMC em 1996. Os temas levantados nessa conferência foram o comércio e o investimento, o comércio e a política da concorrência, a facilitação do comércio e a transparência em compras governamentais. A Conferência de Bali de 2013 resultou em três grandes blocos, o acordo e facilitação do comércio, nas conquistas nos setores da agricultura e do algodão e suscitou questões relacionadas ao desenvolvimento. Exercício 7. (Esaf – 2014 – AFRFB) Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), pode-se afirmar: a) Com o final da Rodada Uruguai, encerrou-se a validade do GATS, per- mitindo, maior liberalização mundial para o comércio de serviços. b) O Brasil não foi membro fundador do GATT, em razão da oposição do Governo Vargas à cláusula do padrão-ouro. c) Apesar de avanços modestos, a reunião ministerial de Bali conseguiu alcançar um Acordo de Facilitação de Comércio. d) A Rodada Uruguai não foi concluída em razão da oposição da Índia quanto ao patenteamento de medicamentos. e) Em razão do acordo de Bali no acordo de quotas agrícolas, o Brasil en- cerrou o contencioso do algodão contra os EUA. 5. Tomada de Decisões na OMC – Acessão de Membro na OMC – Status de Observador e Objetivo no Processo de Acessão – Protocolo e Reservas A OMC é formada por 160 países e a decisão deve ocorrer por maioria absoluta de votos (2/3). Dessa forma, decisão sobre normas financeiras e proposta orçamentária, al- teração dos acordos e acessão de novo integrante deverá ocorrer sempre por maioria absoluta de votos. Direito Internacional22 Dependerá do quorum de 3/4 a tomada de decisão que objetivar interpretar de forma autêntica os acordos ou a derrogação ou suspensão temporária de um artigo, waiver. Na prática, as decisões sempre foram tomadas com consenso e ocorriam pelo green room meetings, ou seja, as salas verdes onde a cúpula se reunia para ajus- tar as questões ainda pendentes após as Rodadas. Poderá ser membro e aceder o Acordo da OMC qualquer Estado ou território aduaneiro separado que tenha completa autonomia na condução de suas rela- ções comerciais externas e de outros assuntos contemplados no Acordo e nos Acordos Comerciais Multilaterais. Outro ponto importante a ser levantado é que com a entrada do Acordo de Marrakesh já não se fala mais em parte contratante e sim em membro integrante da OMC. No processo de acessão, entende-se por status de observador a possibilidade do governo de não membros se tornar observador antes de aplicar para adesão à OMC. No entanto, essa previsão é apenas facultativa, não havendo tal obrigação, podendo aderir diretamente sem passar por este status. O objetivo é permitir aos governos ficarem mais familiarizados com a OMC e suas atividades, e se prepararem para iniciar negociações para acessão. Exercício 8. Sobre o processo decisório da OMC, é correto afirmar que: a) Todas as decisõesdevem ser tomadas por consenso. b) As decisões são tomadas por maioria de 3/4 dos membros, para pe- didos de derrogação temporária de obrigações por um membro e em casos envolvendo a interpretação de medidas previstas nos acordos, e de 2/3 para casos que envolvam a modificação dos acordos e a acessão de novos membros. c) O consenso é a regra básica e, quando não alcançado, adota-se a vota- ção por maioria simples, de modo a conferir agilidade à Organização. d) Apenas as decisões relativas a modificações no Acordo constitutivo da própria Organização e ao processo decisório são tomadas por con- senso. Direito Internacional 23 6. Textos Legais da OMC – Compromisso Único – Single Undertaking – Pacotes de Acordos – Pilar Institucional – Cláusula da Nação Mais Favorecida A expressão single undertaking indica o compromisso único de pegar ou largar, ou seja, os 160 membros aceitarão o mesmo pacote de acordos e estrutura jurí- dica no seu ordenamento doméstico ou, do contrário, não participarão da OMC. Sobre o pacote de acordos, o Acordo de Marrakesh é a base, aquele que ins- titui a OMC, trazendo em seu Anexo 1-A os Acordos Multilaterais em Comércio de Mercadorias, como o GATT/1994, o TBT, o SPS, o AVA e o Anexo 1-B que trata do Acordo Geral de Serviços (GATS). O Anexo 1-C dispõe sobre os aspectos relacionados ao Comércio dos Direi- tos de Propriedade Intelectual (TRIPS); o Anexo 2 trata do entendimento de Solução de Controvérsias; e o Anexo 3 traz o mecanismo de Revisão de Políticas Comerciais. Já no Anexo 4, temos os Acordos Plurilaterais, estabelecendo as compras go- vernamentais, acordo para o comércio de aeronaves civis, acordo internacional de lácteos e o acordo internacional de carne bovina. Como o Acordo de Marrakesh é o pilar que sustenta a OMC, havendo conflito entre os demais pacotes de acordo, este deverá prevalecer. A Cláusula da Nação Mais Favorecida (NMF) tem o objetivo de estender, ime- diata e incondicionalmente, ao produto similar, originário do território de cada uma das outras partes contratantes, qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio. Exercício 9. Os EUA, principal importador de petróleo, adquire o produto de vários países, entre eles, o Brasil, Irã e Síria. No entanto, para defender sua indústria petro- lífera, os EUA decidem majorar tarifa do petróleo vindo do Brasil, mantendo a tarifa antiga para o produto similar oriundo do Irã e da Síria. Considerando que Irã e Síria não fazem parte da OMC, assinale a alternativa correta: a) O Brasil não poderia reclamar a invalidade desse aumento. b) O Brasil poderia reclamar a invalidade desse aumento, com base no princípio do tratamento nacional. Direito Internacional24 c) Por haver discriminação entre origens, o Brasil pode alegar desrespeito à tarifa consolidada por parte dos EUA. d) Sendo o Irã e Síria países que diante do caso concreto gozam de um privilégio perante as exportações de petróleo no Brasil, essa preferência deveria ser imediatamente estendida ao Brasil. 7. Textos Legais – Cláusula da Nação Mais Favorecida – Tratamento Nacional – Concorrência entre Produtos e Similaridade – Tributos Internos e Regularidade – Teste de Consistência A relação de Cláusula NMF e Tratamento Nacional passa pela ideia de concorrên- cia entre produtos, como determinar como será a concorrência de exportação de petróleo da Síria e do Irã com o petróleo brasileiro exportado pelos Estados Unidos. Para que se possa determinar como será estabelecida a concorrência entre produtos similares, é necessária a análise de similaridade, que ocorre tanto para aplicação do artigo I quanto do artigo III do GATT. O artigo I informa sobre a não discriminação dos membros da OMC e a regra do artigo III do tratamento nacional prevê a não discriminação entre o produto importado e o nacional. Já o artigo II é considerado o pilar das concessões tarifárias, fundamentado as tarifas consolidadas, sendo que cada membro não concederá tratamento menos favorável do que o previsto na lista correspondente. As diretrizes analisadas serão em razão da finalidade de uso, gostos e pre- ferências do consumidor, classificação tarifária, sendo o caso paradigmático, e, portanto, de grande incidência em provas, o Japan Alcoholic Beverages (ABR). Assim, se ambos os produtos, o importado e o nacional, têm a mesma clas- sificação tarifária (NCM), isso pode indicar que são similares, havendo entre eles concorrência. O tratamento nacional visa evitar protecionismo por meio de tributos internos e regulamentos e busca garantir igualdade nas condições de concorrência. Nesse caso, aplicam-se as medidas internas e não de fronteira, combatendo a discriminação entre nacional e importado. Direito Internacional 25 Exercício 10. A Cláusula de Tratamento Nacional (artigo III, do GATT) estabelece que: a) Uma nação menos favorecida terá extensão de privilégios concedidos à mais favorecida. b) Um País estende ao produto importado os privilégios (ex.: meios de dis- tribuição, condições e venda) concedidos ao produto similar nacional. c) Os privilégios só alcançam benefícios tributários. d) O produto nacional deve ter o mesmo preço que o importado. e) Países que não fazem parte da OMC não podem discriminar entre pro- duto importado e nacional 8. Textos Legais – Acordo de Comércio de Bens – Liberdade de Trânsito – Direitos Antidumping – Valoração Aduaneira – Acordo de Facilitação de Comércio Com o Acordo de Facilitação do Comércio, o artigo V do GATT trata da liberdade de trânsito; é um dos artigos que o Acordo de Bali regulamenta. Segundo a redação do dispositivo, as mercadorias assim como os navios e outros meios de transporte serão considerados em trânsito pelo território de uma parte contratante quando a passagem por esse território não constitua senão uma fração de uma viagem completa, iniciada e terminada fora das fronteiras da parte contratante cujo território se efetua. Já os artigos VI e VII disciplinam acordos mais específicos e regulamentam de forma mais detalhada, informando como aplicar um antidumping ou como reali- zar uma valoração aduaneira. Entende-se por dumping o momento em que uma parte contratante introduz produtos no comércio de outro País por valor abaixo do normal. Esse processo de dumping será condenado se causar ou ameaçar causar dano material a uma indústria estabelecida no território de uma parte contratante ou retardar, sensivelmente, o estabelecimento de uma indústria nacional. Já na valoração aduaneira, as partes contratantes reconhecem a aplicabilidade de alguns princípios na determinação do valor da mercadoria para fins de cálculo dos direitos alfandegários. Direito Internacional26 O primeiro, e mais importante, é o de se utilizar o valor real da mercadoria im- portada ou de uma mercadoria similar, não usando o valor do produto de origem nacional ou valores arbitrários ou fictícios. Quanto à publicação e aplicação dos regulamentos relativos ao comércio, trata-se da necessidade de tornar público qualquer regulamento relativo ao co- mércio, devendo ser posto em vigor depois de ter sido publicado oficialmente. Esse ato permite também direito de petição aos tribunais administrativos e judiciários para sua revisão. 9. Textos Legais – Regras do GATT – Subsídios – Medidas Emergenciais – Importação de Produtos Especiais – Exceções Gerais às Regras do GATT – Exceções Relativas à Segurança O artigo XVI do GATT determina que, se um membro conceder ou mantiver um subsídio qualquer, inclusive qualquer forma de proteção das rendas ou sustenta- ção dos preços que tenha direta ou indiretamente aumentado as exportações ou reduzido as importações do mesmo, dará conhecimento, por escrito, às partes contratantes. Essa ciência nãoserá somente dada em razão da natureza do subsídio, mas também das circunstâncias que o tornam necessário. As partes contratantes se comprometem a fazer com que as empresas estatais não discriminem os produtos importados ao comprar ou vender. O Estado intervirá no desenvolvimento econômico ao adotar barreiras comer- ciais na intenção de proteger a indústria nascente, ou seja, preservando a econo- mia ainda em suas primeiras fases de relacionamento. São admissíveis as medidas emergenciais para os casos de importação de produtos especiais, com a imposição de salvaguardas quando um produto for importado no território de referida parte contratante em quantidade acrescida em condições que tragam prejuízo sério aos produtores nacionais de produtos similares. Quanto às exceções gerais, são barreiras permitidas, excepcionalmente, para os casos de proteção da moralidade pública, proteção da saúde e da vida das pessoas e dos animais e a preservação dos vegetais e, ainda, as medidas que se fizerem necessárias a assegurar a aplicação das leis que não sejam compatíveis com o GATT, como a manutenção de monopólios de patentes e direito autoral. Direito Internacional 27 Exercício 11. O GATT/1947 criou disciplinas que foram posteriormente melhor explicita- das em acordos criados posteriormente. Indique a disciplina que não teve sua regulamentação expandida por um acordo específico: a) Artigo XIX que cuida de medidas de emergência para o caso de surto de importação. b) Artigo VI que cuida de prática desleal de comércio de dumping. c) Artigo VII que cuida de bases arbitrárias ou fictícias para fins de atribui- ção da base de cálculo do Imposto de Importação. d) Artigos V, VIII e X que velam pela liberdade de trânsito, custos e forma- lidades vinculadas à importação, publicidade e transparência. e) Artigos XI e XIII que cuidam de restrições quantitativas e administrativas de cotas. 10. Textos Legais da OMC – Regras do GATT – Artigos Mais Relevantes – Acordos Relevantes no Comércio de Bens Sobre o Acordo de Agricultura (AA), importa saber que comércio de bens agríco- las é aquele que vai do capítulo 1 ao capítulo 24. O tripé institucional é formado pelas medidas de apoio doméstico, o acesso aos mercados e incentivos às expor- tações. No que tange ao acordo SPS, que se refere à aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias, este regulamenta a aplicação nas medidas necessárias, sendo forte aqui a ideia de não discriminação de maneira arbitrária ou injustificável. Não é permitida, por este acordo, a criação de obstáculos desnecessários. Segue a mesma lógica o acordo TBT, que regulamenta as barreiras técnicas. Novamente, não são permitidos os obstáculos desnecessários nem diferenciações entre produtos importados e produtos nacionais. Já o TRIMS, Acordo de Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio, reconhece que algumas medidas em matéria de investimentos podem ter efeitos de restrição em relação ao comércio. Ele conta com uma lista ilustrativa de medi- das que são contrárias aos TRIMS. A ideia básica é o nivelamento de comércio. Direito Internacional28 Exercício 12. Sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e os acordos firmados em seu âmbito, pode-se afirmar que: a) O processo decisório da OMC tem sua maior instância nas conferências ministeriais, e baseia-se geralmente no consenso entre seus membros. b) O Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionado a Comércio (TRIMS) regulamenta extensivamente a proteção ao investimento es- trangeiro nos países-membros da OMC, pela aplicação da Cláusula do Tratamento Nacional. c) O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT) contém as regras que permitem aos países-membros a aplicação de medidas antidum- ping, desde que verificada a existência de subsídios. d) A OMC foi originada nos Acordos de Bretton Woods, juntamente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. e) Ao sistema de solução de controvérsias da OMC têm acesso os mem- bros, os investidores sediados em seus territórios e, em situações excep- cionais, os países em processo de acessão. 11. Textos Legais – Acordos de Valoração Aduaneira – Métodos Alternativos – Acordo sobre Regras de Origem – Licenças de Importação – Propriedade Intelectual O acordo de valoração aduaneira determina que é possível pedir mais infor- mações sobre a exatidão do valor declarado das mercadorias importadas, sob pena de serem aplicados critérios alternativos para a valoração. São métodos de valoração contemplados no AVA: transação, mercadorias idênticas, mercadorias similares, dedutivo, computado ou razoável. Outro acordo relevante é o Acordo de Regras de Origem, que possui por objeto harmonizar em longo prazo as normas de origem e velar para que essas normas não criem obstáculos desnecessários ao comércio. Estabelecem-se critérios positivos, ou seja, que informam o que confere ori- gem ao invés do que não confere. Os acordos de licenciamento de importação visam estabelecer os requisitos mí- nimos da análise do licenciamento de importação. Fixa, ainda, o prazo de análise. Direito Internacional 29 Quanto à propriedade intelectual (Anexo 1C), temos o acordo de Aspectos de Direito da Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (TRIPS), que reconhe- ce as normas destinadas a proteger os direitos à propriedade intelectual. Exercício 13. Sobre os Acordos da OMC, assinale o item correto: a) A OMC não dispõe de regras para o combate de subfaturamento das importações. b) As Licenças de Importação seguem regime jurídico próprio dos países que as implementam, não havendo necessidade de obedecer a prazos determinados. c) A OMC cuida de regras de origem para acordos regionais celebrados entre países como é o caso do Mercosul. d) O acordo TRIPS buscou estender aos seus membros a aplicação de con- venções internacionais há muito existentes. e) O Brasil, enquanto País em desenvolvimento, ainda não precisa imple- mentar os direitos de propriedade intelectual, razão pela qual produtos falsificados ainda podem ser comercializados no País. 12. Acordo Geral de Comércio de Serviços (GATS) – Princípios e Objetivos Semelhantes ao Comércio de Bens – Integração Regional O GATS apresenta quatro modos de prestação: a) modo 1 – prestação transfronteiriça: são os serviços prestados pelo produ- tor em um País a um consumidor em outro país; b) modo 2 – consumo no exterior (consumption abroad): são os serviços prestados com o movimento do consumidor pele fronteira; c) modo 3 – presença comercial: é o investimento estrangeiro direto. São aqueles cuja presença comercial do prestador de serviço é necessária; d) modo 4 – presença de pessoa física (presence of natural persons): neste caso, ocorre o movimento temporário de pessoas físicas, que prestam o serviço. Relaciona-se com regras de imigração do país que recebe o pres- tador de serviço, já que o país que o importa deve emitir vistos que permi- tam o ingresso do profissional em seu território. Direito Internacional30 Exercício 14. (Esaf – 2012) O comércio internacional de serviços está amparado em acor- do multilateral negociado durante a Rodada Uruguai e entrou em vigor em 1995. Sobre o mesmo é correto afirmar que: a) Tem por objetivo fundamental promover a gradual liberalização do co- mércio de serviços prestados, tanto em bases comerciais como no exer- cício da autoridade governamental. b) Dadas as diferenças em relação ao comércio de bens, os princípios e objetivos básicos que orientam o comércio de serviços são distintos dos previstos no GATT. c) O acordo estabelece como objetivo fundamental a flexibilização do di- reito dos países de regularem setores domésticos de serviços em favor da gradual aberturade seus mercados a prestadores estrangeiros. d) Preconiza a proibição dos monopólios e a eliminação de práticas comer- ciais por prestadores de serviços que restringem a competição nos mer- cados nacionais como meios de promover a liberalização do comércio de serviços. e) Alcança todos os serviços associados aos modos de prestação denomi- nados comércio transfronteiriço, consumo no exterior, presença comer- cial e presença de pessoas físicas. 1. Integração Regional A integração regional, idealizada por Jacob Viner em 1950, é o fenômeno in- ternacional pelo qual ocorre a ampliação, interligação e integração dos sistemas internacionais de produção, financeiros e sociais. O artigo XXIV do GATT embasa os processos de integração regional e esta- belece regramento mais flexível para facilitar o comércio entre países subdesen- volvidos. Segundo esse autor, o desvio de comércio, possibilitou privilegiar o País menos eficiente, aquele que produz com um custo maior. A dicotomia entre criação e desvio de comércio é chamada de efeito estático da integração. No processo de integração regional, o efeito dinâmico é apresentado a partir da criação do comércio intraindústria, ou seja, com o comércio no mesmo setor e na mesma indústria. O conceito de cadeia global de valor indica que a origem do produto não é exclusivamente de um único local; por exemplo, um determinado aparelho pode ter um componente japonês, outro americano e assim por diante. O regionalismo fechado ocorreu na década de 50 com a criação da União Europeia. Nessa época, acontecia uma integração profunda entre os países, mas isso não era expandido para os demais países. Em 1980, nasceu o regionalismo aberto com a possibilidade de expansão entre os países de uma forma mais abrangente, como a expansão entre países da Europa e Ásia. Capítulo 3 Integração Regional Direito Internacional32 Exercício 15. A OMC vem passando por uma crise institucional diante da proliferação de acordos regionais. Diante desse fato, assinale a alternativa correta: a) Acordos regionais são em definitivo um aspecto complementar à libera- lização comercial multilateral. b) Acordos regionais podem abarcar efeitos estáticos ao comércio interna- cional, tal o comércio intraindústria e economias de escala crescente. c) Acordos regionais podem servir como laboratório para depois alcançar maior liberalização comercial. d) Recentes iniciativas como TTP e TTIP são negociados dentro da OMC e irão virar acordos plurilaterais para adesão dos membros. e) Vários acordos regionais estão sendo revisados, pois a OMC já os condenou. 2. Características dos Estágios de Integração No estágio de integração, temos a zona de preferência tarifária, que implica na concessão de preferências, como é o caso dos descontos concedidos nas tarifas de importação. Na Zona de Livre Comércio, há um grupo de países que concordam em eliminar as tarifas, quotas e preferências que incidem sobre os bens importados e exportados. Sua finalidade é estimular o comércio entre os países participantes por meio de especialização, da divisão do trabalho e da vantagem comparativa. A União Aduaneira constitui uma área de livre-comércio com tarifa externa comum, com a coordenação de políticas macroeconômicas. Entende-se por harmonização de política comercial a aplicação de mesma tarifa do Imposto de Importação, surgindo a Tarifa Externa Comum (TEC). No Mercado Comum, há a liberalização do comércio, a harmonização da política comercial e a livre circulação de fatores de produção (terra, mão de obra e capital). Com a União Econômica e Monetária, há a unificação da moeda. Este estágio é o mais avançado do processo de integração dos blocos econômicos. Direito Internacional 33 Exercício 16. Relacione os estágios de integração e assinale a sequência correta: 4) Mercado Comum; 3) Área de preferências tarifárias; 1) Zona de Livre Comércio; 2) União Aduaneira; 5) União Econômica. 1. Livre circulação de bens e serviços pelas fronteiras. 2. Harmonização das políticas comerciais dos países-membros. 3. Concessão mútua dos países-membros, de preferências comerciais. 4. Livre circulação do capital e da mão de obra entre os países. 5. Harmonização das políticas macroeconômicas. a) 3, 4, 1, 5, 2. b) 4, 3, 1, 2, 5. c) 4, 1, 3, 5, 2. d) 4, 3, 1, 5, 2. e) 3, 4, 1, 2, 5 . 3. Artigo XXIV do GATT O artigo XXIV do GATT/1947 (Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras) nasceu no momento em que se analisava o exame de compatibilidade da Comunidade Econômica Europeia. Constatou-se que as barreiras comerciais impostas a terceiros países não deve- riam ser “em conjunto” maiores que aquelas anteriormente adotadas. As barreiras comerciais deveriam ser eliminadas em relação a “substancial- mente todo o comércio” entre os membros do bloco. Verificou-se a necessidade de acordos temporários, visando a uma união aduaneira ou a uma zona livre de comércio, que durassem apenas por um perío- do razoável de tempo até que esses objetivos sejam alcançados. Cada um dos territórios aduaneiros é considerado como se fosse parte contra- tante, exclusivamente aos efeitos da aplicação territorial do acordo. Por união aduaneira se entende a substituição de dois ou mais territórios aduaneiros por um só território aduaneiro. Em caso de necessidade, um acordo provisório poderá ser adotado para o estabelecimento de uma união aduaneira ou de uma zona de livre-comércio. Direito Internacional34 Os direitos e regulamentos previstos nesse acordo provisório não poderão ser mais gravosos que os vigentes antes do estabelecimento da união aduaneira. As provisões do GATT/1994 não devem tornar impossíveis a formação de uniões aduaneiras, ou seja, em certas condições, justifica-se a adoção de uma medida que seja inconsistente com outra provisão do GATT. Exercício 17. Sobre o sistema multilateral de comércio e a Organização Mundial do Co- mércio (OMC), assinale o item correto: a) A acomodação institucional dos acordos regionais de comércio dentro da OMC é fundamentada no artigo XXIV do GATT 1991. b) O artigo XXIV do GATT não encontra paralelo para o comércio de serviços. c) O artigo XXIV é mais flexível que a chamada Cláusula de Habilitação. d) Sob hipótese nenhuma pode haver barreiras intrablocos no processo de formação de União Aduaneira. e) A OMC tem frequentemente condenado no seu Órgão de Solução de Conflitos os processos de integração desconformes às regras do artigo XXIV e seu entendimento. 4. Cláusula de Habilitação – SGP – Requisitos para Concessão A cláusula de habilitação (enabling clause) consiste na decisão das partes contra- tantes do GATT. Foi adotada a partir da Rodada de Tóquio em 1979. Sua finalidade era celebrar acordos regionais ou gerais entre países em de- senvolvimento visando reduzir ou eliminar mutuamente as travas a seu comércio recíproco, excetuando-se da aplicação do princípio consagrado no artigo I do GATT, sobre o tratamento da nação mais favorecida. Seguindo as conversações dentro da linha de trabalho das negociações co- merciais multilaterais, os contratantes decidiram que, não obstante as provisões do artigo I do Acordo Geral, as partes podem acordar tratamento diferenciado e mais favorável aos países em desenvolvimento. O tratamento preferencial tarifário pode ser acordado por países contratantes desenvolvidos aos produtos originários de países em desenvolvimento conforme o Sistema Generalizado de Preferências. Direito Internacional 35 Os arranjos regionais ou globais celebrados entre partes contratantes menos desenvolvidas para redução ou eliminação mútua podem ser prescritas pelas par- tes contratantes, para mútua redução ou eliminação de medidas não tarifárias.O SGP (Sistema Generalizado de Preferências) é unilateral e existem vários outorgantes na União Europeia com 27 estados-membros, nos Estados Unidos, incluindo Porto Rico, a União Aduaneira da Eurásia, Suíça, Japão, Turquia, Cana- dá, Noruega, Nova Zelândia e Austrália. Exercício 18. (Esaf – 2012 – AFRFB) Quanto ao Sistema Geral de Preferências, é correto afirmar que: a) Trata-se de instrumento unilateral e recíproco, pelo qual os outorgantes recebem o mesmo tratamento tarifário preferencial em contrapartida. b) Em razão de regras multilaterais, sua concessão é revestida por cláusula de irrevogabilidade. c) Sua concessão é autorizada, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), por meio da Cláusula de Habilitação, por tempo in- determinado. d) Pode beneficiar apenas as mercadorias oriundas de países de menor desenvolvimento relativo, não se aproveitando para as mercadorias de países em desenvolvimento. e) Sua criação ocorreu no âmbito da rodada Doha da OMC. 5. Cláusula de Habilitação – SGPC – Componentes A Comunidade Europeia impôs como condição para gozo de preferência tarifária (SGP) o dever de países em desenvolvimento possuírem legislação de combate ao tráfico de drogas. Assim, países outorgantes devem se basear em critérios objetivos para a con- cessão de preferências e devem tratar da mesma forma os beneficiários que se encontram em situação semelhante. O SGPC é um sistema global de preferências comerciais estabelecido pela Convenção de Belgrado em 1988. Quanto aos participantes do SGPC, poderá participar qualquer grupo sub- -regional, inter-regional de países em desenvolvimento, membros do Grupo dos 77 que já tenham trocado concessões e se tenham tornado parte no acordo. Direito Internacional36 O SGPC consistirá em ajustes relativos a tarifas, a medidas não tarifárias, a medidas de comércio direto, inclusive contratos de médio e longo prazo, e a acordos setoriais. As concessões tarifárias, para-tarifárias e não tarifárias, que são negociadas e intercambiadas entre os participantes, serão incorporadas em esquemas de con- cessões. O Comitê integrado pelos participantes poderá formular consulta junto à UNCTAD e à ONU. O SGPC será reservado à participação exclusiva de países em desenvolvimento membros do Grupo 77. Exercício 19. (Esaf – 2009 – AFRB) O Sistema Global de Preferências Comerciais, instituído no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvi- mento (UNCTAD), objetiva promover e manter o comércio entre países em desenvolvimento por meio da concessão mútua de preferências comerciais. Sobre seu funcionamento, é incorreto afirmar que: a) Dele participam exclusivamente países em desenvolvimento membros do Grupo dos 77. b) Contempla-se a aplicação da Cláusula da Nação Mais Favorecida quan- to à extensão das concessões negociadas e implementadas pelos países participantes, ressalvado o princípio da mutualidade de vantagens, que lhe é anterior. c) Os países menos desenvolvidos não estão obrigados a fazer concessões em base de reciprocidade aos demais no âmbito do SGPM. d) O sistema abrange produtos manufaturados e de base em todas as formas de processamento. 6. Alalc e Aladi – Pertinência Jurídica – Princípios A Alalc (Associação Latino-americana de Livre-comércio) foi criada com o Tratado de Montevidéu em 1960. Esse tratado tinha uma abordagem multilateralista. A Aladi (Associação Latino-americana de Integração) surgiu em 1980 e subs- tituiu a Alalc impondo um novo ordenamento jurídico operacional para dar con- tinuidade ao processo de integração. Direito Internacional 37 A Aladi é um organismo intergovernamental com sede em Montevidéu e tem o objetivo de contribuir com a promoção da integração da região latino-america- na procurando garantir seu desenvolvimento econômico e social. Treze países compõem a Aladi: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, além de Cuba e Panamá. Dentre os objetivos do processo de integração da região latino-americana, têm-se a eliminação gradativa dos obstáculos ao comércio recíproco dos países- -membros, a impulsão de vínculos de solidariedade e a cooperação entre os povos latino-americanos. A pertinência jurídica da Aladi em relação ao Mercosul e a região andina conta com esquemas sub-regionais. Os princípios informadores da Aladi são o pluralismo, a convergência, a flexibilidade, os tratamentos diferenciais e múltiplos. Pelo pluralismo, predomina a vontade para integração, acima da diversidade política e econômica. A convergência é a multilateralização progressiva dos acordos de alcance par- cial. A flexibilidade possibilita acordos de alcance parcial. Tratamentos diferenciais são mecanismos com base em três categorias de paí- ses, pela magnitude aos países de desenvolvimento médio e de maneira mais favorável aos países de menor desenvolvimento econômico relativo. Exercício 20. (Esaf – 2012) Julgue a assertiva a seguir como correta ou incorreta: A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) é a maior organização latino-americana voltada para a integração econômica. Sobre sua atuação neste campo, é correto afirmar que provê marco jurídico para iniciativas de integração econômica entre os países-membros e uma área de preferências comerciais constituída com base na Preferência Tarifária Regional e em acor- dos de alcance parcial e de complementação econômica celebrados entre os países membros. 7. Alalc e Aladi – Regime de Origem – Acordos de Preferência Tarifária A Aladi possui instrumentos para o processo de integração, tais como uma prefe- rência tarifária regional, acordos de alcance parcial e acordos de alcance regional. Direito Internacional38 Outro tema relevante acerca da Aladi são as regras de origem. A regra de origem preferencial é estabelecida na Aladi para se assegurar que a mercadoria é originária de seu um país-membro. Ainda, uma mudança de posição se dá nos 4 primeiros dígitos da Aladi. As- sim, nota-se que a Aladi se baseia no sistema harmonizado e os quatro primeiros dígitos se referem à posição. Também há que se falar que pode ocorrer a agregação de valor (Resolução nº 252 do Comitê de Representantes da Aladi). Exercício 21. (Esaf – 2009 – Receita Federal) Sobre a Associação Latino-Americana de In- tegração (ALADI), é incorreto afirmar que: a) Por ter como membros países das três Américas, a ALADI constitui, no presente, o mais importante e ativo fórum de negociações comerciais regionais. b) Por não se pautar pela aplicação estrita da Cláusula da Nação Mais Fa- vorecida, a ALADI oferece marco jurídico para acordos de integração bi- laterais bem como para iniciativas de integração econômica de caráter sub-regional, como o Mercado Comum do Sul e a Comunidade Andina de Nações. c) Os principais instrumentos para a integração concebidos no marco da Associação são os Acordos de Complementação Econômica, os Acor- dos de Alcance Parcial e a Preferência Tarifária Regional. d) Criada em 1980 em substituição à Associação Latino-Americana de Li- vre Comércio (ALALC), a ALADI incorporou princípios e instrumentos para a integração econômica mais flexíveis que sua antecessora, aban- donando a abordagem eminentemente multilateralista que marcou o processo de integração regional desde o início dos anos sessenta. e) Em razão dos princípios da gradualidade e flexibilidade, os acordos celebrados no marco da ALADI não necessariamente devem estipular prazos para a consecução dos objetivos a que se reportam. 8. CAN – Nafta – Caricom Inicialmente, cumpre esclarecer que a Comunidade Andina guarda uma pertinên- cia jurídica com a Aladi. Direito Internacional 39 Assim como o Mercosul e a Aladi, a ComunidadeAndina almeja um mercado comum (livre circulação dos fatores de produção – livre circulação de capitais e de mão de obra). Cumpre ressaltar que a Comunidade Andina (CAN) foi criada em 1969 e seus membros atuais são Bolívia, Colômbia, Peru e Equador. Passa-se agora ao estudo do acordo Nafta, que entrou em vigor em 01/01/1994, englobando Canadá, México e Estados Unidos. O objetivo é a Zona de Livre-comércio (regionalismo aberto). Tem como finalidades eliminar barreiras alfandegárias (Imposto de Importa- ção), e facilitar o movimento de produtos e serviços entre os territórios dos países participantes, bem como promover condições para uma concorrência justa den- tro da área de livre-comércio. Ademais, possui como finalidade aumentar subs- tancialmente oportunidades de investimento dos países participantes. Finalmente, a Caricom (Comunidade do Caribe) é composta por catorze paí- ses e seis territórios do Caribe, e tem por objetivo também o mercado comum. Exercício 22. (Simulado/ACE-MDIC/2012 – Adaptada) Sobre os blocos regionais, assinale a alternativa correta: a) A Comunidade Andina busca como fim último atingir o estágio de União Aduaneira que, no entanto, ainda carece de alguns membros. b) O NAFTA possui personalidade jurídica internacional. c) A CARICOM é bloco comercial que busca cooperação comercial entre países da América Central e Ásia. d) A CARICOM é formado por ex-colônias britânicas e almeja atingir o estágio de mercado comum. e) O NAFTA, apesar de assumir um estágio de integração rasa (zona de livre-comércio), tem estrutura institucional sofisticada, contando com sistema de solução de controvérsias e cuida de temas como investimen- tos e propriedade intelectual. 9. MERCOSUL – Origens e Objetivos – Objetivos do Tratado de Assunção: Artigo 1º – Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de 1994, e que se denominará “Mer- cado Comum do Sul” (MERCOSUL). Direito Internacional40 Este Mercado Comum implica: – A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não tarifárias à circulação de mercado de qualquer outra medida de efeito equivalente; – O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma po- lítica comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais; – A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes - de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e comunicações e outras que se acordem -, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes; e – O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. Exercício 23. (TRF-2005) O Tratado de Assunção, acordo constitutivo do MERCOSUL, de- fine, em seu artigo 1o, os objetivos do bloco. Entre esses objetivos, não se inclui: a) A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Esta- dos Partes – como as de comércio exterior, fiscal, monetária, cambial e alfandegária, entre outras, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes. b) O compromisso de os Estados Partes harmonizarem suas legislações nas áreas pertinentes. c) A definição de uma moeda comum, uma vez constituído o mercado comum e harmonizadas as políticas monetária, fiscal e cambial. d) A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os Estados Partes do bloco. e) A adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Es- tados ou agrupamentos de Estados. Direito Internacional 41 10. A Estrutura Institucional do MERCOSUL – Embora o MERCOSUL tenha como objetivo formar um mercado comum, até hoje logrou estabelecer unicamente uma união aduaneira imperfeita. No MERCOSUL, ainda existem exceções ao livre comércio intrabloco e exceções à tarifa externa comum. – Protocolo de Ouro Preto: i) estabeleceu a estrutura institucional do MERCOSUL; ii) conferiu personalidade jurídica de direito internacional ao MERCOSUL; iii) órgãos com capacidade decisória (Conselho do Merca- do Comum; Grupo Mercado Comum e Comissão de Comércio do MER- COSUL). – As decisões no âmbito do MERCOSUL são tomadas por consenso. – Estrutura Institucional do MERCOSUL: 1) Conselho do Mercado Comum: condução política do processo de integração. 2) Grupo Mercado Comum: órgão executivo, responsável por dar cum- primento às decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Comum. 3) Comissão de Comércio do MERCOSUL: fiscalizar o cumprimento das políticas comerciais pelos países-membros. 4) Parlamento do MERCOSUL: órgão de caráter intergovernamental, opina sobre as normas elaborando pareceres. 5) Foro Consultivo Econômico-Social: órgão representativo dos setores econômicos e sociais. 6) Secretaria do MERCOSUL: órgão de apoio operacional. Exercício 24. (ACE-2002) Entre as etapas mais relevantes do processo de criação do Mer- cado Comum do Sul – MERCOSUL, está a assinatura do Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura Institucional do MERCOSUL, co- nhecido como o Protocolo de Ouro Preto, firmado aos 17 de dezembro de 1994. A seu respeito é correto afirmar que: a) deu origem ao Conselho do Mercado Comum e ao Grupo do Mercado Comum, principais instâncias institucionais do MERCOSUL. b) ao levar adiante a decisão de constituir uma união aduaneira, aprofun- dou o processo de integração do MERCOSUL, obrigando os governos Direito Internacional42 dos Estados Partes a coordenar suas políticas macroeconômicas perti- nentes à gestão do déficit fiscal e da busca de estabilidade de preços. c) instituiu a Comissão de Comércio do MERCOSUL e a Secretaria Admi- nistrativa do MERCOSUL, e conferiu ao Conselho do Mercado Comum a faculdade de criar órgãos auxiliares, nos termos do mesmo Protocolo, considerados necessários à consecução dos objetivos do processo de integração. d) ao instituir a representação proporcional ao número de habitantes na Comissão Parlamentar Conjunta, atendeu parcialmente aos reclamos de que haveria um “déficit democrático” no MERCOSUL, criando as condições para que tal comissão evolua no sentido de se tornar um parlamento regional, a exemplo do que hoje é o Parlamento Europeu. e) ao instituir alguns órgãos e especificar as funções de outros, avançou no desenho institucional do MERCOSUL, reduzindo sua dimensão intergo- vernamental e favorecendo a integração das economias, em particular ao prover um eficaz mecanismo de solução de controvérsias comerciais. 11. O Atual Estágio de Integração do MERCOSUL – Embora o MERCOSUL tenha como objetivo formar um mercado comum, até hoje logrou estabelecer unicamente uma união aduaneira imperfeita. No MER- COSUL, ainda existem exceções ao livre comércio intrabloco e exceções à tarifa externa comum. – Exceções ao livre comércio intrabloco: i) automóveis e açúcar; ii) aplicação de medidas de defesa comercial; iii) Mecanismo de Adaptação Competiti- va (MAC); iv) comércio de serviços. – Processo de Incorporação de normas do MERCOSUL: necessidade de inter- nalização das normas pelos 4 (quatro) Estados-membros. – Os órgãos do MERCOSUL possuem caráter intergovernamental. – Parlamento do MERCOSUL: não cria leis regionais. Exercício 25. (AFRF-2002.2) A partir de dezembro de 1994, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) instituiu uma área de livre comércio e uma união aduaneira que ainda carecem de aperfeiçoamento. São medidas necessáriaspara tal fim: Direito Internacional 43 a) eliminar barreiras não tarifárias ainda existentes, promover a liberaliza- ção dos fluxos de capital e de serviços e coordenar políticas macroeco- nômicas. b) aplicar integralmente o Programa de Liberalização Comercial, estabe- lecer regras de origem e incorporar produtos mantidos em listas de exceções à Tarifa Externa Comum. c) aperfeiçoar o sistema de salvaguardas intra- MERCOSUL, implementar um regime de compras governamentais e introduzir mecanismo de sal- vaguardas comerciais. d) liberalizar o comércio de serviços, coordenar políticas macroeconômicas e estabelecer a livre circulação de capital e mão de obra. e) eliminar barreiras não tarifárias ainda existentes, promover a liberali- zação do comércio de serviços e a incorporar à tarifa externa comum produtos mantidos à margem da mesma. 12. As Exceções à Tarifa Externa Comum do MERCOSUL – As exceções à TEC são as seguintes: i) Lista de Exceções à TEC; ii) Lista de Convergência de BIT: iii) Ex-Tarifários; iv) Exceções à TEC por razões de desabas- tecimento. – Lista de Exceções à TEC – Decisão CMC nº 58/2010: Os países podem alterar 20% dos códigos a cada semestre. Brasil e Argentina poderão man- ter 100 códigos na Lista de Exceções à TEC até 31/12/2015; Uruguai até 225 códigos até 31/12/2017; Paraguai poderá manter até 649 códigos até 31/12/2019. Ao compor suas Listas Nacionais, os países deverão valorizar a oferta exportável existente no MERCOSUL. – Bens com problema de Desabastecimento – Resolução GMC nº 69/2000: i) redução, por até 12 meses, da alíquota do I.I para evitar o de- sabastecimento interno; ii) aplicadas sob a forma de cotas tarifárias; iii) 20 produtos por país (pode ser excedido em situações de calamidade ou risco à saúde pública). – Ex-tarifários – Decisão CMC nº 57/2010: entrada em vigor em 1º de janeiro de 2013, para Brasil e Argentina, e em 1º de janeiro de 2015, para Paraguai e Uruguai, do Regime Comum de Bens de Capital não produzi- dos no MERCOSUL. Até 31/12/2012, os Estados Partes poderão manter, em caráter excepcional e transitório, os regimes nacionais de importação de bens de capital atualmente vigentes. – Lista de Exceções p/ Bens de Informática e Telecomunicações- De- cisão CMC nº 57/2010: Previsão de entrada em vigor de um Regime Co- mum de BIT em 1º de janeiro de 2016. Direito Internacional44 1) Argentina e Brasil poderão aplicar, até 31 de dezembro de 2015, alí- quota distinta da Tarifa Externa Comum, inclusive 0%, para os bens de informática e telecomunicações, bem como os sistemas integrados que os contenham. 2) O Uruguai poderá aplicar, até 31 de dezembro de 2018, uma alíquota de 0% às importações de bens de informática e telecomunicações de extrazona, no caso de produtos que constem em listas apresentadas no âmbito da Comissão de Comércio do MERCOSUL, e de 2% no caso dos demais bens de informática e telecomunicações. 3) O Paraguai poderá aplicar, até 31 de dezembro de 2019, uma alíquota de 0% às importações de bens de informática e telecomunicações de extrazona, no caso de produtos que constem em listas apresentadas no âmbito da Comissão de Comércio do MERCOSUL, e de 2% no caso dos demais bens de informática e telecomunicações. Exercícios 26. (AFRF-2005)- Segundo as regras atualmente vigentes, o Brasil pode modifi- car, a cada seis meses, até 40% (quarenta por cento) dos produtos de sua lista de exceção à Tarifa Externa Comum. 27. (AFRF-2005)- Atualmente, o Brasil pode manter até 100 (cem) itens da No- menclatura Comum do MERCOSUL como lista de exceção à Tarifa Externa Comum. 13. Regime de Origem do MERCOSUL – Existem requisitos específicos e requisitos genéricos. – Os requisitos genéricos são: i) salto tarifário; ii) 60% de valor agregado regional; iii) produção integral no bloco. – Os requisitos específicos, quando existirem, prevalecem sobre os genéricos. – Tratamento preferencial para o Paraguai quanto à origem: 40% de valor agregado regional. – Multiplicidade de cobrança da TEC: o processo de aperfeiçoamento da união aduaneira exige a eliminação da multiplicidade de cobrança da TEC. Direito Internacional 45 Exercício 28. (AFRF-2002-2) Conforme as regras de origem aplicáveis aos Estados- Partes do MERCOSUL, adotando exclusivamente o critério do salto tarifário, serão considerados originários do MERCOSUL os produtos em cuja elaboração fo- ram utilizados materiais não originários de seus países membros, quando resultantes de um processo de transformação substancial realizado em seu território, que lhes confira uma nova individualidade caracterizada pelo fato de estarem classificados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL: a) na mesma posição do material cuja função seja preponderante. b) em posição diferente à dos mencionados materiais. c) em subposição diferente à dos mencionados materiais. d) em item diferente ao dos mencionados materiais. e) no mesmo capítulo, porém, em subposição igual e item diferente. 14. Sistema de Solução de Controvérsias do MERCOSUL – Protocolo de Olivos: estabeleceu o sistema de solução de controvérsias no MERCOSUL, substituindo o Protocolo de Brasília. – Fases da solução de controvérsias do MERCOSUL: i) negociações diretas; ii) intervenção do GMC; iii) apreciação pelo tribunal “ad hoc”; iv) apreciação pelo Tribunal Permanente de Revisão. – O TPR pode atuar como primeira ou segunda instância. Ele também possui função consultiva. – Os laudos arbitrais são adotados por maioria. – De acordo com o Protocolo de Olivos, a parte demandante poderá esco- lher o fórum ao qual submeterá a controvérsia. Exercícios 29. (AFRF-2005) O sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL, de- finido pelo Protocolo de Olivos, estabelece um Tribunal Permanente de Revisão para o julgamento de recursos contra decisões dos Tribunais Arbi- trais Ad Hoc – o que não existia no Protocolo de Brasília, antecessor do de Olivos. Direito Internacional46 30. (TRF-2005) É possível que dois países que façam parte do MERCOSUL levem um litígio à apreciação do sistema de solução de controvérsias da OMC ao invés de apresentá-lo ao mecanismo do MERCOSUL. 31. (TRF-2005) É possível que uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do MERCOSUL seja tomada mesmo não havendo consenso entre seus membros. 1. Defesa Comercial – Introdução – Instrumento de Defesa Comercial – Diferenças Básicas – Antidumping – Medidas Compensatórias – Salvaguardas A defesa comercial stricto sensu é o acordo de salvaguarda, o acordo de medidas compensatórias e as medidas antidumping (Trade Remedies). Na defesa comercial lato sensu, não há um paralelo de acordo no arcabouço jurídico da OMC. Dumping não precisa ser necessariamente venda abaixo do custo, mas sim uma discriminação entre o preço de exportação e o valor que as empresas vendem no mercado doméstico. Dumping social são produtos fabricados sem observar padrões trabalhistas mínimos. Dumping cambial é a manipulação da taxa de câmbio para que se consiga um preço competitivo, pois desvalorizam a moeda fomentando a exportação e dificultando a importação. As diferenças entre o antidumping e medidas compensatórias e as salvaguar- das são: – antidumping e medidas compensatórias: combatem as práticas desleais de comércio; medidas seletivas; aplicação por alíquota específica ou ad valorem; prazo de 5 anos em regra, podendo ser renovado quantas vezes for necessário; não demanda ajuste da indústria nem compensação; dano; – salvaguardas: combate a surto de importação não desleal; medidas não sele- tivas; aplicação por adicional à TEC ou quota; prazo de 4 + 4 + 2 (sem reno- vação); ajuste da indústria e compensação se faz necessária; prejuízo grave. Capítulo 4 Práticas Desleais
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