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Gestão de preços e custos Autoria Lucas Mendes Pereira GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou par- cialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotos- tática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: luCas Mendes Pereira suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: antonio Carlos vieira / Ana Lúcia do Nascimento Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / MiGuel José de andrade Carvalho diagramação e tratamento de imagens: MiGuel José de andrade Carvalho revisão textual: antonio Carlos vieira Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu PEREIRA, Lucas Mendes. Gestão de preços e custos. / Lucas Mendes Pereira. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 120 p. ISBN: 1. Gestão de preços e custos. 2. Métodos de custeio. 3. Formação de preços. 4. Estrutu- ra de mercado. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SEJA BEM-VINDO! Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da disciplina Gestão de Preços e Custos. Ao ler e estudar por este material, você terá condições de responder as atividades preparadas para o seu curso. Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da disciplina. Iniciaremos com conceitos básicos sobre gastos, desembolsos, investimentos, desperdícios, perdas, despesas e custos, buscando promover o entendimento do processo de formação de preços a partir da análise da estrutura de custos de cada produto e serviço. Em seguida, demonstraremos os principais métodos de rateio através da apropriação dos custos diretos e indiretos, fazendo comparações entre um método e outro, para depois entendermos como realizar um diagnóstico de mercado (demanda e concorrentes) e os mecanismos de avaliação da produtividade, que podem ser usados por uma empresa, projetando lucro ou prejuízo, a partir de indicadores fundamentais como: a margem de contribuição unitária e os pontos de equilíbrio. Posteriormente, avaliaremos a formação de preços a partir da técnica de mark-up e o valor percebido pelo cliente. E, por fim, conheceremos os principais impostos que incidem no comércio das mercadorias, como o ICMS e o IPI, as características do preço de transferência, a estrutura de mercado, as estratégias de penetração de preço e desnatamento de mercado no lançamento de produtos e serviços, a importância do uso da planilha P&L; os elementos que determinam a lei geral da demanda; a mensuração de desempenho nas operações de uma empresa e as decisões de investimento de capital. Não é nosso objetivo esgotar todo o assunto neste material didático, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além deste livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. Bons estudos! SUMÁRIO CONECTE-SE ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem e significam: SUMÁRIO 1. Introdução à gestão de preços e custos.................. 8 2. Gastos e desembolsos ............................................ 9 3. Custos de fabricação e despesas ......................... 10 4. Perdas, desperdícios e investimentos ................... 11 5. Classificação dos custos ....................................... 13 6. Sistemas de acumulação de custos ...................... 16 7. Custos na indústria e no comércio ........................ 20 8. Custos nas empresas de serviços......................... 21 Referências ............................................................... 26 01 1. Método do custeio variável ou direto ..................... 28 2. Método de custeio por absorção ........................... 30 3. Método de custeio por absorção total ou pleno .... 33 4. Método de custeio activity based costing (abc) ..... 36 5. Método de custeio padrão ..................................... 44 Referências ............................................................... 52 02 MÉTODOS DE CUSTEIO GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 1. Preço de transferência .......................................... 84 2. Estrutura de mercado ............................................ 92 3. Preço de penetração de mercado e desnatamento ......................................................... 97 4. Planilha P&L ........................................................ 101 5. Lei geral da demanda .......................................... 103 6. Mensuração de desempenho .............................. 108 7. Decisões de investimento de capital ................... 111 Referências ............................................................. 119 04 APERFEIÇOAMENTO NO APREÇAMENTO 1. Análise do custo-volume-lucro .......................... 54 2. Considerações sobre ICMS e IPI ...................... 76 Referências ............................................................ 81 03 FORMAÇÃO DE PREÇOS Apresentação Nesta unidade, iniciaremos o curso falando sobre as diferenças e os conceitos básicos de gastos, desembolsos, investimentos, desperdícios, perdas, despesas e custos. Esta etapa é de suma importância para que possamos entender os conceitos principais do assunto e darmos seguimento aos estudos. Posteriormente, classificaremos o que são custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Para, então, entendermos os sistemas de acumulação de custos. Em seguida, conheceremos as características dos custos na indústria, comércio e na prestação de serviços. A presente unidade pretende promover o entendimento do processo de formação de preços a partir da análise da estrutura de custos de cada produto, mercadoria e serviço com o intuito de ajudar profissionais do mercado, empreendedores e administradores na análise de resultados nas vendas e, assim, alcançar ótimos resultados na gestão dos negócios. Unidade 01 Gestão de preços e custos lucas Mendes peReiRa 8 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer os conceitos da contabilidade de custos; • Diferenciar os termos: gastos, custos, despesas, investimentos, desperdícios e perdas; • Diferenciar custos de fabricação e despesas; • Entender os sistemas de acumulação de custos; • Compreender o processo de formação de preço a partir da classificação de custos na indústria, comércio e prestação de serviços. 1. Introdução à Gestão de preços e custos De acordo com Padoveze (2015), a contabilidade de custos é o segmento da ciência contábil especializado na gestão econômica do custo e dos preços de venda dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. Desta forma, a contabilidade de custos surge no contexto histórico da Revolução Industrial com a chegada da automação dos processos e com o novo paradigma de produção em massa. Daí a importância do entendimento da estrutura dos custos dos produtos para obtenção da margem de lucro. Conforme Yanase (2018), compreender a relevância sobre a formação de custos e preços dos produtos é uma boa maneira para a gestão dos negócios. Ele estabelece uma relação de importância do conhecimento sobre os custos dos produtos, mercadorias e serviços afirmando que é tão importante quanto dominar o mercado, a concorrência e o chão de fábrica. Já que a partir desses pressupostos se obtém uma administração adequada dos custos e das despesas, e, portanto, melhor formação do preço.Já Kotler (2000) afirma que dentre os elementos do mix de marketing, é o preço o responsável pela produção de receita, os demais produzem custos. Além de ele ser um dos mais flexíveis devido à possibilidade de ser alterado com maior facilidade diante de outros fatores mais complexos, como a mudança de canais de distribuição e características dos produtos. O autor ainda considera que a concorrência de preços é o maior problema com o qual as empresas se deparam. E muitas delas não determinam seus preços de forma adequada. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 9| 2. Gastos e desembolsos Muitas pessoas se confundem na hora de classificar os seus gastos. De uma forma geral, podemos classificar gastos ou desembolso como qualquer saída de dinheiro do seu bolso ou do bolso da empresa para pagar alguma coisa. Segundo Padoveze (2015, p. 20), a diferenciação do conceito de custo e despesa direciona os tipos de gastos: os custos são gastos para o produto (efetuados para o processo de produção, manufatura dos produtos) e as despesas representam todos os gastos que são associados às vendas de um período (os gastos administrativos e comerciais). Figura 01: Gastos, custos e despesas no comércio. Fonte: . Logo, os gastos para produto é o custo de tudo aquilo que está associado à necessidade fim do processo de produção, ou seja, são os gastos industriais ligados diretamente à manufatura de produtos. Por exemplo: se eu tenho uma loja de calçados, comprar os calçados é custo, se eu tenho uma indústria e fabrico sabonetes, a matéria-prima para produzir esses sabonetes é custo. Todas as outras como aluguel do espaço, salário dos funcionários, entre outros, chamamos de gastos para o período e com isso temos a diferenciação de uma forma mais clara do que são custos e despesas. 10 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| 3. custos de fabrIcação e despesas Classificar os custos e despesas de forma correta é importante para a apuração segura e precisa dos resultados de um negócio. Como já explicado no tópico anterior, os custos são todos aqueles gastos embutidos no processo produtivo. Ou seja, na linha de produção seria o salário da pessoa que trabalha na fábrica, a manutenção de uma máquina, o valor da matéria-prima utilizada no processo produtivo, a energia elétrica consumida, enfim, tudo aquilo que está ligado diretamente à linha de produção de uma fábrica. Figura 02: Saber a diferença de custos e despesas é essencial para a formação de um bom gestor. Fonte: . A despesa é identificada como sacrifício de recurso para obtenção da receita e manutenção da estrutura administrativa do negócio. Ela é um desembolso que visa à obtenção de receitas. Ou seja, são os gastos com salário do pessoal do administrativo, telemarketing, vendas, tarifas bancárias, comissões, frete de entrega, dentre outros. Resumindo, as despesas são aqueles gastos externos ao produto e que são direcionados para vender ou administrar a empresa que faz o produto. Já a relação de custo-despesa da embalagem de um produto vai ser considerada um custo se no processo produtivo essa embalagem estiver acondicionada ao produto. Caso a embalagem seja apenas um adereço do GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 11| produto, por exemplo, uma sacola personalizada com a marca da empresa, não precisando necessariamente daquela embalagem para o produto ser comercializado, ela se torna uma despesa. Se ainda estiver em dúvida de como distinguir custos de despesas, faça a seguinte pergunta para um melhor entendimento: se por acaso eu eliminar determinado gasto dentro do processo produtivo de minha empresa, o meu estoque de produtos seria afetado diretamente? Se a resposta for sim, então, temos um custo e não uma despesa. Logo, se o custo para fabricação das unidades de produtos de uma empresa estiver acima da média setorial, então, há algum problema dentro do processo, ou seu preço precisa ser revisto. Caso a despesa que esteja elevada, então, a empresa possui uma estrutura muito superior ao volume de vendas e precisa reestruturar o seu negócio ou alavancar as vendas. MEMORIZE Custos são todos os gastos associado à fabricação de um produto numa indústria ou aquisição de mercadoria para revenda no comércio. Despesas são os gastos para manutenção de toda a estrutura administrativa de uma empresa e que tem a intenção de obter receita. 4. perdas, desperdícIos e InvestImentos Organizar atividades diversas como compra e estoque de produtos, definição de preços e verbas para propaganda e marketing, dentre outras atividades, exige uma boa gestão financeira, visto que um equívoco na contabilidade de custos pode gerar uma cadeia de prejuízos para uma empresa. Portanto, conhecer as diferenças entre, perdas, desperdícios e investimentos é de suma importância para que um negócio funcione de forma eficaz. • Perdas: é um prejuízo que a empresa adquire devido a danos ou sobras anormais. Pode ser devido a causas naturais como uma en- chente ou terremoto que danifica máquinas e equipamentos, danifica 12 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| a matéria-prima, o prazo de validade vencido de um produto, roubo ou pode ser uma sobra anormal em excesso, como o corte errado de um pano de uma calça ou camisa que não pode ser mais aproveitado. Figura 03: Segundo a ONU, perdas econômicas causadas por desastres relacionados com o clima subiram 151% nos últimos 20 anos. Fonte: . Numa confecção de tecidos, por exemplo, se o fabricante faz cortes estilizados pequenos para dar um design a uma calça, esse material que sobrou é considerado como custo, mas se o corte for fora dessa proposta, e for cortado equivocadamente, não dando para aproveitar nada do que sobrou, esse tecido é considerado uma perda. • Desperdícios: “Podemos caracterizar desperdício como a realização atual de um processo, tarefa ou atividade que já poderia ser realizada de forma mais eficiente ou eficaz com um menor dispêndio de recur- sos.” (PADOVEZE, 2013, p. 18). Como exemplo, pode-se citar uma empresa especializada em desenvolvimento de games que decide utilizar a verba de marketing disponível para direcionar sua campanha para estratégias de marketing digital, com o intuito de divulgar de maneira mais segmentada e assertiva informações e ofertas para o seu público-alvo, ao invés de desperdiçar tempo e dinheiro fazendo propaganda de seus produtos e serviços nos meios tradicionais como TV, rádio e jornal, que atinge toda uma massa consumidora. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 13| Figura 04: Ter uma boa segmentação torna mais fácil planejar estratégias e evitar desperdícios. Fonte: . • Investimento: investimento se refere a todo gasto que vai produzir benefícios futuros, ou seja, um gasto efetuado hoje que gerará be- nefícios por um determinado período de tempo. É tudo aquilo com a busca ou finalidade de trazer mais receita ou melhorar a imagem de uma empresa. Esse investimento pode ser em pesquisa de marketing, adoção de uma auditoria ou consultoria empresarial, na compra de maquinário, equipamentos, imóveis, veículos, softwares, na realização de uma obra para melhorar ou aumentar a estrutura de uma loja ou fábrica, e quaisquer outros serviços ligados a produtividade. A compra por si só de matéria-prima que vai para estoque ao chegar numa indústria é considerável um investimento. No momento que ela é utilizada na produção, o consumo dessa matéria-prima é considerado um custo, mas no ato da compra ela é um investimento. Portanto, nem sempre a matéria-prima vai ser um custo. Numa visão econômica, o investimento constitui aplicação de capital para aumento da capacidade de produção de uma empresa. 5. classIfIcação dos custos A classificação de custos e despesas é importante para cálculos de precificação, definição do ponto de equilíbrio, entre outras diversas análises econômicas e financeiras. Abaixo segue a classificação dos principais tipos de custos de umaempresa. 14 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| • Custos diretos: são os custos vinculados diretamente a um de- terminado produto que foi fabricado na indústria ou empresa, são perfeitamente mensuráveis, e de forma objetiva. Podem ser alocados diretamente a cada unidade/produto vendido, com uma proporção pré- -estabelecida e conhecida. Exemplos: na produção de uma geladeira, a quantidade de peças já é determinada na fabricação, logo é possível saber a quantidade exata do custo de cada unidade. Já o serviço de uma loja especializada em consertos de celulares e/ou computadores, por exemplo, identificam-se quais peças foram trocadas e quanto tem- po o profissional gastou no conserto, dessa maneira os custos diretos têm maior clareza de serem mensuráveis, e de forma objetiva. Outros exemplos são as comissões definidas por venda de um determinado produto, os custos com insumos para produzir um item numa fábrica, o custo de aquisição de uma mercadoria, dentre outros. • Custos indiretos: são aqueles custos mais difíceis de calcular, pois não são conhecidas as quantidades exatas para a produção de cada unidade de produto. Sabemos, por exemplo, que foi gasto aluguel e energia na produção de uma calculadora, mas não se sabe dizer o quanto foi gasto por cada item. Portanto, a forma de se calcular isso é através do critério de rateio. Uma proporção aproximada para calcular o custo unitário daquele produto. Exemplo: imagine que você tem uma loja de produtos eletrônicos e o custo de aluguel é de R$ 2.000,00 e ao longo de um mês você comprou direto no fabricante 1.000 calculadoras para revenda, então, dividindo o custo do aluguel pelo número de unidades adquiridas, você tem R$ 2,00, assim, den- tro da estrutura do custo unitário de cada calculadora, você tem, por exemplo, além de R$ 1,50 de aquisição de cada produto junto ao fornecedor, R$ 2,00 de aluguel e R$ 0,50 de comissão por vendedor em cima de cada calculadora. E isso tem que ser repetido com conta luz, água, e todos os outros custos indiretos, que você consegue visualizar no seu negócio. Outros exemplos de custos indiretos são a mão de obra indireta, no caso dos supervisores, manutenção de equipamentos e estruturas, entre outros custos. É preciso conhecer o custo unitário de cada produto para poder definir com segurança o preço de venda ou entender o quanto está o seu custo em relação ao preço de venda do mercado. Dessa forma, entender a parcela de custos diretos e os custos indiretos são imprescindíveis para análise de resultado na venda e assim alcançar ótimos resultados na gestão. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 15| • Custos fixos e variáveis: para Kotler (2000), os custos de um negó- cio são divididos em custos fixos (também conhecidos como custos indiretos) os quais a empresa deve pagar mensalmente independente da variação da produtividade ou receita de vendas. Exemplos: despesas com energia, juros, folhas de pagamentos, dentre outros. E os custos variáveis que se alteram de acordo com o nível de pro- dutividade. O autor cita, como exemplo, cada calculadora de mão produzida pela Texas Instruments, na qual sua produção envolve o custo de plástico, de microprocessadores e de embalagem. E esses custos são chamados variáveis, pois o seu total varia de acordo com o número de unidades fabricadas. Portanto, existem dois principais tipos de classificação, uma em relação ao volume e outra em relação ao produto. Quanto ao volume, temos a diferenciação do que é fixo e do que é variável. Custos e despesas fixas existem independentemente das vendas, seus gastos iniciam-se juntamente com a atividade empresarial, sem relação com o volume de receita, como exemplo, podemos citar o salário do segurança, que deve ser pago independentemente do desempenho das vendas, e esse mesmo raciocínio vale para salários administrativos, despesas com alugueis, internet, telefone, tarifas bancárias, entre outras contas. Já os custos variáveis estão diretamente relacionados ao faturamento, por exemplo, os gastos com comissões possuem comportamento variável, aumenta os seus gastos quando a receita cresce e diminuem quando a receita cai. Outros exemplos são os impostos sobre vendas, frete de entrega, custo da mercadoria vendida etc. Essa análise é realizada na relação ao curto e médio prazo da empresa. Quando avaliamos o longo prazo, todos os custos e despesas são considerados variáveis, já que o crescimento contínuo nas vendas requer um aumento na estrutura do negócio, melhoria nos equipamentos e processos, logo um aumento em todos os gastos da empresa. Quando avaliamos o longo prazo, todos os custos e despesas são considerados variáveis... 16 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| FIQUE ATENTO Não devemos confundir classificação de custos fixos com valores iguais todo mês. A despesa pode ter valores diferentes entre os meses, e ainda ser considerada fixa, como exemplo, pode-se citar as contas de água e energia elétrica de uma empresa comercial. Haverá um consumo todo mês, porém, o valor pode ser diferente. Contudo, seu comportamento é fixo em relação ao faturamento, e mesmo que a empresa fique com zero de receita, ainda deverá pagar essas despesas. 6. sIstemas de acumulação de custos Segundo Yanase (2018, p. 49), “Sistema de acumulação de custos refere-se à forma como os custos serão integrados em vista da característica principal do processo produtivo: processo contínuo ou processo por ordem de produção ou encomenda” 6.1. Sistema de custeio por processo No sistema de custeio por processo, a produção de determinado item segue um padrão de fabricação, uma linha pré-definida de dimensões e especificações. Quadro 01: Características do sistema de custeio por processo. Produção contínua. Padronização na linha de produtos. Mercadoria produzida a partir de estudos de mercado (clientes consomem o que é fabricado e disponível pela empresa). O cálculo do custo médio unitário é feito a partir de informações e gastos incorri- dos na produção. Fluxo operacional de produção homogêneo. Setores que utilizam o sistema: indústrias de confecção, alimentícia, química, automobilística etc. Fonte: YANASE (2018) (adaptado). GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 17| Figura 05: Modelo de fluxograma do sistema de produção por processo de fabricação de calçados. 1ª FASE: DESIGN 2ª FASE: MODELAGEM 3ª FASE: CORTE 4ª FASE: COSTURA 5ª FASE: MONTAGEM 6ª FASE: ACABAMENTO Fonte: (adaptada). 6.2. Sistema de custeio por ordem de produção ou por encomenda De acordo com Yanase (2018), é quando uma empresa atende demandas específicas de cada cliente ou de cada pedido dentro de suas possibilidades técnicas, mobilizando toda a produção para atender uma encomenda específica, com condições de pagamentos previamente acertadas, com maior qualidade e definição do prazo de entrega. Portanto, o sistema de produção por ordem ou encomenda muitas vezes envolve produtos de alta tecnologia, valor e complexidade para atender os desejos e necessidades do cliente, visto que não são adquiridos em quantidade e exigem que todas as atividades da empresa estejam voltadas para a produção. E geralmente para fabricação de uma unidade de produto, é necessário mais tempo, mão de obra especializada de vários colaboradores, peças e materiais com custo elevado. 18 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| Quadro 02: Características do sistema de produção por ordem ou encomenda. Produtos que atendem às necessidades específicas dos clientes. Encomendas são atendidas a partir de: especificações técnicas, de qualidade, prazo determinado, preço e condições de pagamento. Não há estocagem de produtos pela empresa, pois a entrega é imediata após fabricação. Para maior segurança e controle de custos da empresa, geralmente o cliente adianta uma parte do pagamento para fabricação do produto. A fabricação do produto exige mão de obra especializada e um plano específi- co de produção. Exemplos de produção por encomenda: impressos gráficos,máquinas espe- ciais, navios, carros de luxo etc. Fonte: YANASE (2018) (adaptado). Figura 06: Etapas de um sistema de produção por encomenda. Fonte: (adaptada). Quadro 03: Demonstrativo das diferenças da produção por ordem e por processo. Característica analisada Produção por ordem Produção por processo Desenvolvimento do produto. Especificação do cliente. Especificação do fabricante. Contratação do fornecimento. Seleção subjetiva (concorrência). Seleção objetiva (amostra). Produção. Limitada pelo cliente. Planejada pelo fabricante. Dimensão da produção. Número de pessoas contratadas. Número de peças do período. Mercado. Poucos compradores. Muitos compradores. GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 19| Vendas Procura do cliente. Procura do cliente ou oferta do fabricante. Produto. Sob medida. Seriado. Necessidade do produto. Especificação do cliente. Global do mercado. Local de produção. Na fábrica ou no campo. Na fábrica. Estoque de matéria-prima. Temporário e específico. Permanente, geral para vários produtos. Estoque de produtos. Indesejável. Necessário. Prazos de produção. Geralmente, médio e longos. Geralmente, curtos. Fonte: YANASE (2018). Quadro 04: Demonstrativo das diferenças da produção por ordem e por processo. Característica analisada Produção por ordem Produção por processo Acumulação dos custos. Por ordem de produção. Por departamento e, em seguida, por produto. Apuração dos custos unitários. Custo específico por ordem de produção ou lote de produtos. Custo médio por unidade produzida no período. Requisição de mate- riais. Indica-se o número de ordem de produção. Indicam-se o departa- mento e/ou o código do produto. Período de apuração dos custos finais. Início e término de produção ou abertura e fechamento da ordem de produção. Início e término do período contábil. Custo unitário. Subsídios para preços em atividades futuras. Compara custo médio em diferentes períodos para conhecer as cau- sas das variações. Forma de custeamento. Predeterminada ou real. Padrão ou real. Fonte: YANASE (2018). 20 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| 7. custos na IndústrIa e no comércIo Conforme Padoveze (2015), as empresas comerciais se diferenciam das empresas industriais no que diz respeito à aquisição de insumos e estoque, pois as primeiras trabalham com apenas um insumo de custos, que são as mercadorias, apresentando um único tipo de estoque chamado de estoque de mercadorias. Enquanto que as indústrias possuem três tipos de estoques: as matérias-primas, os componentes, os materiais de embalagens e os auxiliares, que no momento em que não são usados para fabricação dos produtos, são chamados de estoques de materiais. Quando esses materiais são requisitados pela fábrica para serem processados, o seu estoque passa a ser chamado de produção em andamento ou em elaboração. E depois de concluído todo o processo de fabricação do produto e que o mesmo vai ficar disponível para venda, essa etapa final é chamada de estoque de produtos acabados. Quadro 05: Custos nas empresas comerciais x empresas industriais. Empresa Comercial Empresa Industrial INSUMOS (custos) INSUMOS (custos) Mercadorias adquiridas. Matérias-primas e componentes; Materiais de embalagens; Materiais auxiliares ou indiretos; Mão de obra industrial; Gastos gerais fabris; Depreciações industriais. ESTOQUES ESTOQUES De mercadorias. De materiais; De produção em processo; De produtos acabados. CUSTOS DAS VENDAS CUSTOS DAS VENDAS Custos das mercadorias vendidas. Custos dos produtos e serviços industriais vendidos. Fonte: PADOVEZE (2013). GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 21| MEMORIZE A diferença fundamental entre custo dos produtos nas empresas comerciais e o custo dos produtos nas empresas industriais é que as primeiras têm só um insumo para o custo das mercadorias adquiridas para revenda, ao passo que as segundas têm de utilizar vários insumos para o processo de obtenção (produção) dos produtos (PADOVEZE, 2013). 8. custos nas empresas de servIços Muitas empresas estão sujeitas ao fechamento de seus negócios pelo simples fato de não dominar os custos dos seus serviços e não saber cobrar o preço ideal para realizá-los. Encontrar empresas do segmento da prestação de serviços que apresentam tais dificuldades na gestão desses custos é muito comum. Figura 07: Principais dificuldades dos profissionais e empresas de serviços para gestão de custos. Fonte: YANASE (2018) (adaptada). 22 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| No instante em que um profissional que presta serviços de consultoria apresenta uma proposta comercial para uma empresa, é comum que ela considere o valor do serviço alto, no entanto, o profissional que está avaliando nem sempre tem ciência dos custos e benefícios envolvidos. Figura 08: Uma proposta comercial é um atrativo para o cliente escolher por contratar o serviço ou comprar o produto da empresa. Fonte: . Portanto, a dica é que o prestador de serviços busque apresentar de forma detalhada os custos embutidos no processo, por exemplo, como o contador ou advogado na elaboração dos contratos, os custos com deslocamento, projeção das horas de trabalho, os profissionais envolvidos no processo, as atividades que serão executadas, tempo de entrega, materiais utilizados, e os diferenciais de sua atividade de consultoria. Todos esses elementos devem ser embutidos como custos do serviço de forma que fique mais claro o preço do serviço e o trabalho a ser realizado. Figura 09: Importância do domínio dos custos de uma empresa. Avaliar o custo dos serviços ofertados e definir o preço com uma melhor margem de lucro. Conhecer os resultados alcançados com as vendas realizadas. Valorizar o trabalho a ser feito, detalhando os custos de cada etapa e demonstrando com mais clareza para a empresa que vai adquirir os serviços. Tomar as decisões mais adequadas perante o mercado e a concorrência. Fonte: PADOVEZE, 2015 (adaptada). GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 23| Segundo Padoveze (2015), naturalmente os serviços se caracterizam por ser produzidos e vendidos ao mesmo tempo e por isso não possuem estoques de seus produtos finais. O teórico, também, afirma que é normal que uma variedade de serviços determine a utilização de insumos de materiais, por exemplo: refeições, transportes, procedimentos médicos, dentre outros. ...os serviços se caracterizam por ser produzidos e vendidos ao mesmo tempo e por isso não possuem estoques de seus produtos finais. O autor ainda chama a atenção para o fato de que a composição do custo dos serviços também inclui os insumos de materiais, além dos demais necessários para a execução dos serviços, como mão de obra, gastos gerais e depreciação dos equipamentos e bens utilizados. E nas empresas de serviços que consomem materiais, existe o estoque de materiais ou de insumos. Quadro 06: Custo nas empresas de serviços. EMPRESA DE SERVIÇO INSUMOS (custos) Materiais e componentes; Materiais auxiliares ou indiretos; Mão de obra aplicada nos serviços; Mão de obra de apoio à operação dos serviços; Gastos gerais; Depreciações da operação dos serviços. ESTOQUES Materiais diretos; Materiais indiretos. CUSTOS DAS VENDAS Custos dos serviços vendidos. Fonte: PADOVEZE (2013, p .9). 24 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| PRATIQUE 1. Qual a importância de entender a estrutura do custo para definição do preço de venda? 2. Defina o que são gastos para o produto e gastos para o período. 3. Diferencie custos de fabricação e despesas. Cite 2 exemplos de cada. 4. Conceitue perdas e desperdícios. 5. Quais as finalidades do investimento numa empresa? GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS 25| 6. Explique o que são custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. 7. Cite as principais características do sistema de custeio por processo e do sis- tema de custeio por ordem de produção ou por encomenda. 8. Qual a diferença fundamental entreos custos de produtos na indústria e cus- tos de produtos no comércio? 9. Cite os 3 tipos de estoques nas empresas industriais. 10. Por que é importante compreender os custos na prestação de serviços? 26 GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS| RELEMBRE Nesta unidade, você observou a necessidade de se entender e estruturar os custos dos produtos, mercadorias e serviços para definir melhor a margem de lucro dos preços. Aprendeu a diferenciar conceitos e terminologias como gastos, desembolso, custos, despesas, investimentos, perdas e desperdícios, e ainda a importância de classificar os custos em diretos, indiretos, fixos e variáveis para obter uma maior vantagem competitiva na formação de preços. Conheceu os sistemas de acumulação de custos como ferramenta importante para a organização do processo da fabricação dos produtos na indústria. Compreendeu que há diferenças na classificação de custos e estoques na indústria, comércio e prestação de serviços. REFERÊNCIAS YANASE, João. Custos e formação de preços: importante ferramenta para tomada de decisões. São Paulo: Trevisan Editora, 2018. PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade de custos: teoria, prática, integração com sistemas de informações (ERP). São Paulo: Cengage Learning, 2015. PADOVEZE, Clóvis Luis; TAKAKURA JUNIOR, F. K. Custos e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: Atlas, 2013. KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. Capa_GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS-compactado GESTÃO DE PREÇOS E CUSTOS Contra-capa_reduzido