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BIOGEOQUÍMICA AMBIENTAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ellen Caroline Baettker de Faria 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, serão abordados alguns dos problemas globais relacionados 
à emissão de poluentes como os contaminantes das águas, contaminação por 
plásticos, extinção de espécies e mineração. Considerando que a humanidade 
vem acelerando essa degradação, será explanado o processo de restauração 
ecológica, que consiste na recuperação de um ecossistema que foi degradado, 
perturbado ou destruído. Algumas ferramentas de biotecnologia no controle de 
processos ambientais visam à aplicação de processos para a proteção e 
restauração da qualidade do meio ambiente, sendo elas para detectar, prevenir 
e até remediar a emissão de poluentes. 
Explicaremos, aqui, também, sobre o consumo sustentável, seus 
objetivos e as perspectivas futuras de sustentabilidade ambiental e o escopo de 
novos desenvolvimentos na sociedade, economia e política e um pouco do viés 
sobre ecologia política e como ela contribui para uma visão mais social do 
consumo. Alternativas para combater tudo isso consistem em princípios de 
sustentabilidade e de justiça socioambiental. 
TEMA 1 – PROBLEMAS GLOBAIS RELACIONADOS À EMISSÃO DE 
POLUENTES 
A poluição ambiental e nossa sobrevivência estão entre os maiores 
desafios do futuro, pois a poluição e a contaminação dos recursos naturais estão 
afetando adversamente a subsistência global. 
Os principais problemas estão relacionados com a emissão de poluentes, 
como o aquecimento global, a emissão de gases de efeito estufa devido à 
industrialização, queimadas e urbanização, e os produtos químicos residuais 
aplicados nas indústrias e no setor agrícola. Para Ahmad et al. (2022), esses 
tipos de poluição estão tirando 100 milhões de vidas por ano e causando o 
aumento crítico em riscos de saúde em 20%, devido a compostos cancerígenos. 
As estatísticas sugerem que até 2050, se nenhuma medida sustentável for 
tomada, as florestas tropicais do mundo diminuirão, resultando em perda de 
biodiversidade e extinção de espécies. 
O aquecimento global está resultando em declínio nas reservas mundiais 
de geleiras, causando um aumento notável de 3,3 mm no nível do mar 
anualmente; além disso, o crescimento demográfico, a urbanização e a 
 
 
3 
industrialização e os desenvolvimentos agrícolas estão entre os principais 
desafios da sustentabilidade ambiental. Por isso, é preciso discutir em detalhes 
as estratégias futuras para mitigar seus efeitos e dar ênfase em abordagens 
sustentáveis para a restauração ambiental. 
Abordaremos, aqui, alguns dos problemas globais relacionados à emissão 
de poluentes que foram pouco abordados nas etapas anteriores, sendo eles: 
contaminantes das águas, contaminação por plásticos, extinção de espécies e 
mineração e exploração. 
1.1 Contaminantes das águas 
A poluição da água é um dos principais desafios ambientais globais do 
século XXI, devido às descargas de substâncias tóxicas de atividades 
antropogênicas. Numerosos novos produtos químicos/compostos e seus 
subprodutos são frequentemente detectados em corpos d'água em todo o 
mundo. 
Existem várias fontes por meio das quais a água pode ser poluída, a 
maioria delas faz parte de um grupo de substâncias de natureza orgânica e 
inorgânica, como resíduos que exigem oxigênio, patógenos, nutrientes, sólidos 
suspensos, sais, metais pesados, pesticidas, compostos orgânicos voláteis e 
poluentes orgânicos persistentes. 
Esses poluentes podem ser por meio de fontes pontuais ou difusas, 
contendo patógenos (que são causados por dejetos humanos e animais), 
matéria orgânica (incluindo nutrientes vegetais de escoamento agrícola, como 
nitrogênio ou fósforo), e poluição química e salinidade (de irrigação, águas 
residuais domésticas e escoamento de minas para rios). 
1.1.1 Poluentes orgânicos 
A poluição orgânica dos rios geralmente é liberada por fontes pontuais e, 
a jusante da fonte pontual, as concentrações de oxigênio dissolvido podem cair 
muito. A fauna normalmente diversa do rio é eliminada e substituída por uma 
abundância de poucas espécies que podem tolerar baixos níveis de oxigênio. À 
medida que a matéria orgânica é processada, o rio pode se recuperar mais a 
jusante. Contudo, a entrada contínua de poluentes pode ultrapassar a 
 
 
4 
capacidade de o ecossistema receber essas cargas, levando a perdas 
dramáticas e possivelmente irreversíveis devido aos efeitos da eutrofização. 
Além disso, poluentes orgânicos têm diversas variedades acompanhadas 
de enorme gama de toxicidade, como resíduos de produtos de higiene pessoal, 
petróleo e seus resíduos, corantes, produtos farmacêuticos vegetais e animais, 
produtos químicos com disruptores endócrinos. Em humanos, os disruptores 
endócrinos aumentam o risco de câncer por meio de atividades endócrinas 
anormais, enquanto no ambiente aquático seus efeitos variam desde a 
interrupção do sistema endócrino até a redução na produção de óvulos e 
espermatozoides para feminização de fêmeas aquáticas (Ajibade et al., 2021). 
Os produtos farmacêuticos são usados universal e inevitavelmente, eles 
poluíram o meio ambiente pelo descarte indiscriminado de resíduos hospitalares 
e domésticos por meio de lixiviação em aterros sanitários, água de drenagem e 
esgoto. Os principais efeitos que a grande concentração de poluentes 
farmacêuticos tem sobre a saúde dos ecossistemas e humanos são: a seleção 
de bactérias resistentes a antibióticos, a feminilização de peixes e o aumento da 
suscetibilidade dos peixes à predação. 
Os corantes são substâncias químicas gigantes solúveis em água muito 
usadas em indústrias para impactar a cor dos produtos, mas sua presença na 
água afetou muito os organismos aquáticos, plantas e seres humanos. Estes, 
por sua vez, estão expostos à toxicidade dos corantes pelo consumo de vegetais 
e peixes, que bioacumulam os corantes. Os principais problemas de saúde que 
os corantes podem causar é devido ao seu alto poder cancerígenos e 
mutagênicos; portanto, sua remoção das águas residuais antes do descarte é 
importante. 
1.1.2 Contaminação salina 
Os processos de salinização ocorrem normalmente no solo devido ao 
excesso e acúmulo de sais minerais oriundos das práticas de irrigação, pois, em 
muitas partes do mundo, essa prática é utilizada e pode reduzir os fluxos dos 
rios e criar salinização extensiva (contaminação por sal). A salinização ocorre 
quando a água evapora dos campos irrigados e deixa para trás os sais que foram 
dissolvidos na água. O aumento dos níveis de sal no solo mata a vegetação 
terrestre. O sal concentrado pode entrar em rios e lagos, onde elimina a maioria 
dos invertebrados de água doce, exceto algumas larvas e crustáceos tolerantes. 
 
 
5 
O Mar de Aral, na Rússia, já foi rico em água salobra e fauna. Suas entradas de 
água doce foram desviadas para irrigação, e agora recebe águas muito salinas 
de terras irrigadas. Como consequência, encolheu muito em tamanho para se 
tornar um mar salino com uma fauna muito empobrecida. 
Outro processo que pode causar a salinização e contaminação de águas 
subterrâneas é a intrusão marinha, que consiste na penetração da água do mar 
na zona de água doce do aquífero. A contaminação ocorre principalmente pelo 
excesso de retirada de água dos aquíferos por meio de poços, que 
desestabilizam o equilíbrio natural da interface água-salgada e água-doce. De 
acordo com o artigo do site Águas do Brasil (2013), o fenômeno da intrusão 
marinha degrada os aquíferos, tornando as suas águas impróprias para muitos 
usos, incluindo o consumo humano. O problema da intrusão marinha nos 
aquíferos costeiros afeta a maioria das cidades costeiras do mundo que utilizam 
águas subterrâneas para abastecimento público de água. 
1.1.3 Metais pesados 
Os metais pesados entram no meio ambiente por meio de várias 
atividades de indústrias, agricultura,mineração, entre outras. Esses poluentes 
não são facilmente decompostos ou desativados. Uma vez que eles entram em 
um sistema de água doce por fontes pontuais ou não pontuais, eles persistem e 
continuam a causar danos por muitos anos é até mesmo causar prejuízos 
irreparáveis. 
Os seres humanos e animais estão expostos à toxicidade desses metais 
por inalação, cadeia alimentar e consumo direto de água com metal. Os efeitos 
da toxicidade desses metais, principalmente em humanos, incluem fortes dores 
de cabeça (que resultam em leves irritações nos olhos, nariz e, às vezes, na 
pele); tontura a disfunção orgânica; vômito; dor de estômago; hematêmese; e 
diarreia. 
Mesmo alguns metais pesados considerados elementos essenciais 
(cobalto, cobre, ferro, manganês, vanádio e zinco) são necessários em 
pequenas quantidades no corpo para vários processos bioquímicos, enquanto 
metais como arsênico, chumbo, mercúrio e cádmio são considerados uma 
grande ameaça ou perigo no corpo (Ajibade et al., 2021). 
Água poluída com arsênico quando ingerida pode estimular câncer de 
pulmão, fígado e bexiga, enquanto aquela com cádmio pode resultar em danos 
 
 
6 
renais e pulmonares. Danos cerebrais, perda de memória e dificuldade de 
aprendizado podem resultar da exposição ao chumbo, enquanto o mercúrio 
(embora único entre outros metais pesados) pode percorrer uma ampla gama de 
distâncias no corpo de humanos e animais – ele vai para a corrente sanguínea 
e só pode ser liberado pela urina ou fezes. Tem o potencial de permanecer no 
sistema urinário por dois meses ou menos, causando disfunção renal. É, assim, 
classificado como um poluente global (Ajibade et al., 2021). 
1.2 Contaminação por plásticos 
Por muitos anos, a poluição plástica foi reconhecida como uma ameaça 
ao ecossistema e se tornou uma questão de preocupação global, em particular 
pela contaminação dos ambientes aquáticos e da biodiversidade. Esse tipo de 
poluição ocorre de diferentes formas no meio ambiente, como lixo plástico, 
detritos marinhos e partículas plásticas. 
Alguns tipos de plásticos que podem ser encontrados no ambiente natural 
incluem polipropileno, polietileno, poliestireno, poliamidas e poliésteres. Na 
maioria dos países em desenvolvimento, as sacolas plásticas são usadas 
principalmente para compras e armazenamento de alimentos devido à sua 
resistência e custo. Além disso, a maioria das bebidas vendidas em garrafas de 
vidro é embalada em garrafas de plástico, descartadas indiscriminadamente, 
somando-se ao grande número de plásticos no meio ambiente. 
A porcentagem desses resíduos que vão para a reciclagem é muito 
pequena; por isso, grande parte dos plásticos acabam em aterros sanitários, 
enquanto os oceanos se tornaram um reservatório de plásticos mal 
administrados por meio de diferentes canais de água, como rios, lagos e água 
doce. Como resultado, os plásticos mal administrados tornaram-se um grande 
desafio, levantando preocupações sobre questões sanitárias, ambientais e de 
saúde humana. 
Os plásticos nem sempre são biodegradáveis, mas podem ser reduzidos 
a macro, micro ou nanoplásticos. Os nanoplásticos (NPs) também podem ser 
partículas de plástico produzidas intencionalmente que são usadas em produtos 
de consumo ou para aplicações industriais, lançadas no meio ambiente. Os 
microplásticos (MPs) são encontrados em produtos de consumo, como tintas, 
cosméticos e fibras em roupas sintéticas lavadas, enquanto os MPs secundários 
 
 
7 
resultam da decomposição de detritos plásticos maiores. Muitos dos plásticos de 
superfície são MPs (0,33 - 4,75 mm) (Ukaogo et al., 2020). 
Os plásticos encontrados no meio aquático são principalmente de fontes 
terrestres e oceânicas, pois são descartados de forma inadequada e 
transportados de suas fontes por vários canais de água e ETEs para o 
ecossistema aquático. 
A ingestão de plásticos por organismos aquáticos é uma crise ambiental 
emergente devido à proliferação desse poluente nos ecossistemas aquáticos. 
Essa ingestão e/ou aderência de plásticos expõe os organismos a poluentes 
como ftalatos e bisfenol A – BPA, essas substâncias são componentes de muitos 
tipos de plástico. Em particular, o BPA tem recebido atenção crescente devido 
aos seus efeitos como desregulador endócrino, que tem impactos negativos nos 
sistemas endócrino, reprodutivo e nervoso, podendo se acumular nos peixes e 
transferir para humanos por seu consumo (Ribeiro-Brasil et al., 2020). 
1.3 Extinção de espécies 
Há a necessidade de conservar as espécies, pois a diversidade biológica 
do planeta está se esgotando rapidamente como consequência direta ou indireta 
das ações humanas. Um número desconhecido, mas grande de espécies já está 
extinto, enquanto muitas outras reduziram os tamanhos populacionais, 
colocando-as em risco. Muitas espécies agora requerem intervenção humana 
para otimizar seu manejo e garantir sua sobrevivência. A escala do problema é 
enorme, segundo os dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2022), a Lista 
Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção, ao todo, foram 
avaliadas 5.353 espécies da flora, sendo que dessas, 136 espécies saíram das 
categorias de ameaça a partir da reavaliação de seus estados de conservação, 
1.845 permaneceram na mesma categoria de avaliações anteriores e 54 foram 
indicadas para categorias de menor ameaça do que aquelas em que estavam 
em 2014, enquanto 1.243 entraram na lista como avaliações inéditas. 
Para a fauna foram avaliadas 8.537 espécies, sendo: 1.249 foram 
consideradas ameaçadas; 465 estão na categoria Vulnerável (VU); 425 na 
categoria Em Perigo (EN); 358 estão Criticamente em Perigo (CR); e uma está 
extinta na natureza. Elas são 257 espécies de aves, 59 espécies de anfíbios, 71 
espécies de répteis, 102 espécies de mamíferos, 97 de peixes marinhos, 291 de 
 
 
8 
peixes continentais, 97 de invertebrados aquáticos e 275 invertebrados 
terrestres (MMA, 2022). 
Tendo em vista que o Brasil é um país diverso, possuindo 
aproximadamente 20% das espécies existentes no mundo, a Lista Oficial 
brasileira é um dos maiores esforços em avaliação da biodiversidade 
empreendidos em nível global. 
Mas enquanto algumas espécies recebem atenção social e apoio 
financeiro, que é o primeiro requisito para qualquer ação de resgate, outras não 
recebem nenhuma atenção. E nesse ponto a conscientização pública é crucial 
para a proteção da biodiversidade e a implementação de políticas de gestão de 
conservação da vida selvagem. 
Outro ponto é que a conservação é amplamente impulsionada pelo 
carisma da espécie, e não por características objetivas. Pandas, ursos, baleias 
e pássaros, para citar apenas alguns, têm características físicas que os tornam 
adequados para campanhas de resgate emocional com retorno de imagem e 
dinheiro para os promotores, por exemplo, mexilhões de água doce não 
aparecem nas imagens promocionais usadas por organizações de conservação, 
além de peixes e abelhas, só para citar alguns exemplos, que não são 
emocionalmente atraentes, mas têm um valor econômico bem conhecido do 
cidadão comum (Riccardi et al., 2022). 
Campanhas publicitárias são usadas para tornar atraentes até mesmo 
essas espécies, não apenas por seu valor socioeconômico, mas também por sua 
“simpatia”. O peixinho Nemo e a abelha maia são exemplos bem conhecidos. Às 
vezes, essas campanhas saem pela culatra, criando um “efeito Nemo” quando a 
fama contribui para aumentar a pressão sobre a espécie ou mesmo sua 
introdução fora de sua área nativa. Mas se, por um lado, a popularidade pode 
envolver riscos, por outro, pode estimular ações de aplicação da lei (Riccardi et 
al., 2022). 
Um esforço conjunto deve ser feito para prevenir o declínio da 
biodiversidade. Proteger e restaurar o hábitat é apenas uma parte da história, 
combater a caça ilegal, a pesca e o comércio de vida selvagem é outra. Isso 
deve ser feito em parceria com apopulação local para que a conservação da 
vida selvagem seja do seu interesse social e econômico. 
 
 
 
9 
1.4 Mineração e exploração 
O processo de mineração e exploração pode gerar vários graus de 
poluição, afetando a qualidade do ar, da água e da terra. O grau de poluição 
depende da fase e magnitude do trabalho que está sendo realizado no local. A 
escavação do local da mina por si só pode produzir resíduos, formar sumidouros 
e resultar na perda de hábitat. 
No processo de mineração de determinado material valioso, como minério 
de ouro, outros elementos tóxicos, como chumbo (Pb), podem entrar em erupção 
e causar poluição do solo e da água. Embora a exploração mineral possa causar 
uma poluição leve, os diferentes estágios da exploração em grande escala 
podem resultar em poluição mais intensa do solo, da água e do ar. 
A poluição é ainda maior quando decorre da exploração em larga escala 
de rochas, petróleo e calcário utilizados em diversas obras. Na maioria dos 
estados produtores de petróleo, atividades ilegais para desviar petróleo para 
refino em refinarias ilegais são incendiadas por agências de segurança com a 
intenção de acabar com o abastecimento de combustível. No entanto, essa 
atividade de queima produz enormes quantidades de compostos de carbono, 
compostos de enxofre, poluentes orgânicos e metais tóxicos que trazem 
consequências graves não apenas para o meio ambiente, mas também para a 
vida terrestre e aquática. Por exemplo, observa-se chuva ácida, aumenta a 
intensidade do calor devido à presença de gases de efeito estufa e ocorre a 
morte de peixes e outros animais aquáticos nas águas superficiais. Fábricas de 
cimento e operações de mineração em pedreiras de calcário podem liberar 
grandes volumes de poeira no ar, o que agrava ainda mais a poluição ambiental. 
Outra questão é que a mineração constitui a atividade econômica que está 
longe dos centros urbanos e, por isso, tem um olhar menos atento da sociedade 
favorecendo o desleixo, embora algumas mineradoras tenham progredido nesse 
sentido. 
Essa atividade consome volumes extraordinários de água: na pesquisa 
mineral (sondas rotativas e amostragens), na lavra (desmonte hidráulico, 
bombeamento de água de minas subterrâneas etc.), no beneficiamento 
(britagem, moagem, flotação, lixiviação etc.), no transporte por mineroduto e na 
infraestrutura (pessoal, laboratórios etc.). Há casos em que é necessário o 
 
 
10 
rebaixamento do lençol freático para o desenvolvimento da lavra, prejudicando 
outros possíveis consumidores (Portella, 2015). 
Segundo Portella (2015), em virtude dessa exploração, uma série de 
impactos pode ocorrer na água, como: aumento da turbidez e consequente 
variação na qualidade da água e na penetração da luz solar no interior do corpo 
hídrico; alteração do pH da água (acidificando), derrame de óleos, graxas e 
metais pesados (altamente tóxicos, com sérios danos aos seres vivos do meio 
receptor); redução do oxigênio dissolvido dos ecossistemas aquáticos; 
assoreamento de rios; poluição do ar, principalmente por material particulado; 
perdas de grandes áreas de ecossistemas nativos ou de uso humano etc. 
TEMA 2 – RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA URBANA E RURAL 
Em 2020, as Nações Unidas declararam os anos de 2021 a 2031 como a 
Década da Restauração. Essa ação, liderada pelo Programa das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para a 
Alimentação e a Agricultura (FAO), define uma série de estratégias para reunir 
apoio político, pesquisa científica e força financeira para ampliar massivamente 
a restauração de ecossistemas degradados (Sampaio et al. 2021). 
A restauração ecológica pode ser entendida como a renovação e 
reabilitação intencional de ecossistemas degradados, danificados ou destruídos, 
resultado de ações humanas ou naturais. Portanto, o termo restauração 
ecológica aborda diversos conceitos, como: recuperação, restauração, 
reabilitação, recomposição e reflorestamento. 
As principais causas ou agravantes naturais são vulcões, enchentes ou 
tempestades, que ocorrem a tal ponto que o ecossistema não consegue se 
recuperar, isto é, voltando ao estado anterior à perturbação. As principais ações 
antrópicas que aceleram a degradação estão relacionadas com o crescimento 
das áreas urbanas, o aumento da queima de combustíveis fósseis e o 
esgotamento dos recursos naturais. 
A restauração ecológica pode ser empregada como medida para reverter 
o processo de degradação ambiental, por meio de ações para potencializar a 
conservação da biodiversidade, gerando bens e serviços ecossistêmicos. 
Podendo servir de estratégias para a manutenção da biodiversidade e da 
integridade de ecossistemas, em alguns casos representa a primeira opção para 
aumentar os níveis de biodiversidade local (Moreira, 2017). 
 
 
11 
Portanto, esse processo tornou-se nas últimas décadas uma nova 
dimensão importante da prática conservacionista. Ele forneceu uma alternativa 
ativa e positiva tanto para a proteção da biodiversidade quanto para o uso 
sustentável, com o objetivo de recuperar a diversidade e função perdida do 
ecossistema. 
O WWF (World Wide Fund for Nature) Brasil lançou, em 2017, um relatório 
técnico sobre os desafios e as oportunidades sobre a restauração ecológica no 
Brasil, e entre vários assuntos, cita a finalidade da restauração ecológica, como 
sendo um projeto motivado pelo fator da recuperação da biodiversidade por 
elementos socioeconômico e regulatório (Código Florestal Brasileiro). São eles: 
• a necessidade de compensação ambiental; 
• a obrigatoriedade de preservar APP e Reserva Legal; 
• a mitigação e adaptação às mudanças climáticas; 
• a recuperação de microbacias hidrográficas e da paisagem; 
• a conservação/produção de água; 
• a integração com sistemas produtivos; 
• a exploração econômica de espécies nativas; 
• a possibilidade de gerar renda com a produção de sementes, viveiros e 
mudas. 
Resultados positivos são esperados a partir de ações de manejo em uma 
área degradada, contudo, os resultados nem sempre são previsíveis, pois as 
mesmas ações, em condições semelhantes, repetidas em locais similares, têm 
resultados diferentes devido a fatores bióticos característicos daquela área. 
Isso significa que em um ecossistema que foi recuperado, ou restaurado, 
é preciso conter recursos bióticos suficientes para continuar seu 
desenvolvimento sem intervenções externas. Para Moreira (2017), há nove 
atributos que podem servir de base para determinarmos se uma restauração foi 
completada ou se está na trajetória adequada do desenvolvimento do 
ecossistema na direção do objetivo pretendido ou referência. Desses atributos, 
alguns são mensuráveis e outros dependem da resposta do meio e suas 
interações, portanto, muita pesquisa e avaliações: 
1. O ecossistema restaurado contém um conjunto característico de espécies 
que ocorrem em ecossistemas de referência e que provém de uma 
estrutura de comunidade apropriada; 
 
 
12 
2. O ecossistema restaurado consiste de espécies nativas na maior 
extensão possível. Em ecossistemas culturais restaurados, podem ser 
permitidas espécies exóticas domesticadas, ruderais não invasivas e 
vegetais que presumivelmente coevoluíram com eles. Ruderais são 
plantas que colonizam áreas perturbadas e vegetais tipicamente que 
crescem com espécies cultivadas; 
3. Todos os grupos funcionais necessários para o desenvolvimento contínuo 
e/ou estabilidade do ecossistema restaurado são representados por ou, 
se não forem, os grupos faltantes têm o potencial de colonizar por meios 
naturais; 
4. O ambiente físico do ecossistema restaurado é capaz de sustentar 
suficientes populações reprodutivas de espécies para sua estabilidade 
continuada ou desenvolvimento ao longo da trajetória desejada; 
5. O ecossistema restaurado aparentemente funciona normalmente para 
seu estágio ecológico de desenvolvimento e nãohá sinais de disfunção; 
6. O ecossistema restaurado é adequadamente integrado em uma ampla 
paisagem ou matriz ecológica que interage por meio de trocas e fluxos 
bióticos e abióticos; 
7. Ameaças potenciais da paisagem circundante à saúde e integridade do 
ecossistema restaurado foram eliminadas ou reduzidas ao máximo 
possível; 
8. O ecossistema restaurado é suficientemente resiliente para suportar 
eventos estressantes normais e periódicos no ambiente local que servem 
para manter a integridade do ecossistema; 
9. O ecossistema restaurado é autossustentado no mesmo grau que seu 
ecossistema de referência e tem o potencial de persistir indefinidamente 
sob as condições ambientais existentes. Não obstante, aspectos da sua 
biodiversidade, estrutura e funcionamento podem mudar como parte do 
desenvolvimento normal de um ecossistema, e podem flutuar em resposta 
a estresses periódicos normais e perturbações ocasionais de maior 
consequência. Assim como em qualquer ecossistema intacto, a 
composição de espécies e outros atributos de ecossistemas restaurados 
pode evoluir conforme mudam as condições ambientais. 
Cada projeto pode definir seus atributos, podendo conter esses ou outros. 
O principal ponto de um projeto é ter um ecossistema de referência que deverá 
 
 
13 
servir como modelo para planejar e avaliar. As fontes de informações que 
auxiliam para descrever a referência podem ser: 
• as descrições locais ecológicas, listas de espécies e características da 
área antes do dano, como mapas; 
• imagens aéreas e do solo antigas e recentes da área a ser restaurada, 
para indicar as condições físicas e da biota anteriormente; 
• lista de espécies do ecossistema avaliado, bem como as principais 
descrições; 
• descrições das pessoas locais que viviam na área do projeto antes do 
dano. 
Vale ressaltar que cada referência vai ter seu valor de acordo com as 
informações que ela contém, isso de acordo com a especificidade do projeto, 
tempo e recursos. A restauração de atributos ecológicos tem sido 
tradicionalmente o foco das metas de restauração. Mas metas realistas também 
devem estar relacionadas ao fluxo de bens e serviços que os ecossistemas 
fornecem à sociedade, tecnologia disponível, legislação e contexto 
socioeconômico, bem como diferentes valores pessoais e culturais (Aradottir; 
Hagen, 2012). 
2.1 Restauração urbana 
A urbanização transforma as paisagens e reduz a biodiversidade devido 
à fragmentação ou modificação do hábitat, geralmente o domínio de espécies 
exóticas e espécies urbanas adaptadas contribui para a perda de biodiversidade 
e homogeneização biótica em escala global. As áreas urbanas estão sujeitas a 
diversos tipos de poluição, como do solo, do ar, da luz e do ruído, além de efeitos 
das ilhas de calor urbanas e a cobertura impermeável de muitas estruturas 
urbanas que alteram a hidrologia e canalizam poluentes para riachos ou outros 
corpos d'água. 
Os objetivos dos projetos de restauração urbana ilustram uma forte 
conexão entre a natureza e a sociedade, que variam desde a melhoria da 
biodiversidade, da conectividade ecológica, recreação ao ar livre e no controle 
da poluição. 
A restauração em áreas urbanas assume várias formas, entre elas 
parques, áreas verdes, áreas abertas, rios urbanos e áreas ribeirinhas, com o 
 
 
14 
principal intuito de preservar as espécies nativas, criar corredores ecológicos, 
além da gestão de águas pluviais, conservação de energia, provisão de hábitat 
para a vida selvagem e benefícios estéticos. 
Existem inúmeros efeitos positivos da biodiversidade em ambientes 
urbanos, como o bem-estar fisiológico e físico; além disso, hábitats ribeirinhos 
de alta qualidade podem agregar valor às residências próximas indicando que 
os compradores de imóveis valorizam de forma discriminada os espaços verdes. 
2.2 Restauração rural 
Os ecossistemas degradados têm um impacto negativo nas comunidades 
locais e no desenvolvimento econômico nas áreas rurais, pois podem afetar a 
subsistência nas comunidades e a produção agrícola tradicional, além da 
qualidade ambiental. 
As ações de restauração em terras agrícolas e pastagens geralmente 
incluem tentativas de moderar os efeitos da perda e fragmentação de hábitat ou 
diminuir a intensidade do manejo. Isso pode levar a um aumento em vários 
serviços ecossistêmicos, como regulação da erosão do solo, melhor retenção de 
nutrientes e água, sequestro de carbono e conservação da biodiversidade. 
Alguns serviços ecossistêmicos podem melhorar a produção de culturas 
ou forragem, regulando a erosão do solo e a ciclagem de nutrientes, serviços de 
polinização e controle biológico. Por outro lado, pode haver compensações entre 
a produção agrícola e outros serviços ecossistêmicos devido a colheitas mais 
baixas ou rendimentos forrageiros em ecossistemas restaurado, do que em 
ecossistemas intensivamente manejados. Essas compensações podem ser 
recuperadas pelo aumento do valor de outros serviços, como sequestro de 
carbono, serviços hidrológicos, produtos madeireiros ou não madeireiros 
(Aradottir; Hagen, 2012). 
Hoje, a agronomia enfrenta novos desafios com crescente incerteza, 
mudanças climáticas e outras pressões ambientais sobre os ecossistemas e uma 
necessidade crescente de produção sustentável de alimentos. Os ecossistemas 
naturais podem fornecer fontes de inspiração para o desenho de sistemas de 
cultivo, por um lado, em termos de sua estrutura e função, e, por outro, o 
conhecimento dos agricultores. Isso exige novas tecnologias, paradigmas e 
formas de pensar, onde as contribuições da ciência e aplicação da ecologia da 
restauração podem ser altamente relevantes. 
 
 
15 
TEMA 3 – BIOTECNOLOGIA NO CONTROLE DE PROCESSOS AMBIENTAIS 
Biotecnologia Ambiental é uma área multidisciplinar, pois consiste na 
aplicação de técnicas biológicas para resolver e/ou prevenir problemas de 
contaminação ambiental contemplando os aspectos científicos, tecnológicos, 
sociais, econômicos e legislativos. De acordo com Florêncio et al. (2019), a 
biotecnologia ambiental trata do ramo da biologia que utiliza diferentes técnicas 
para prevenção e resolução de problemas relacionados à contaminação 
ambiental. 
O intuito da Biotecnologia Ambiental é a melhoria do meio ambiente; para 
isso, destacam-se as ações como a elaboração de fontes novas e mais limpas 
de energia reciclável, o desenvolvimento de novos métodos para detecção e 
tratamento de contaminações ambientais, a obtenção de novos produtos e o 
remodelamento de processos visando à obtenção de técnicas menos danosas 
para o ambiente em questão (Jesus, 2005). 
Além do desenvolvimento de bioferramentas que podem auxiliar na 
avaliação do estado de saúde do ecossistema; no avanço no tratamento de 
águas residuais; na obtenção de novos agentes de biorremediação, 
monitoramento integrativo de poluentes, microplásticos, patógenos e biotoxinas; 
e auxiliar no monitoramento e prevenção das mudanças climáticas e na gestão 
e conservação ambiental. 
Compreendendo que a biotecnologia ambiental visa criar métodos, 
processos e produtos para remediar problemas ambientais, nos itens seguintes 
estão descritos algumas aplicações e técnicas para processos ambientais. 
3.1 Biorremediação 
A biorremediação tem como foco a utilização de agentes biológicos para 
recuperar solos contaminados por produtos químicos, por meio da utilização de 
enzimas ou microrganismos (bactérias, fungos, leveduras etc.), principais 
exemplos de aplicação são a contaminação que ocorre nos lixões e aterros 
sanitários sem planejamento. 
Esse método emprega diversas técnicas capazes de degradar, mobilizar, 
mineralizar, transformar ou remover agentes contaminantes. Além disso, podem 
ser aplicados in situ, com realização do tratamento da contaminação no local, 
ou ex situ, onde tem de ser feita a retirada do material contaminado para o 
 
 
16 
tratamento em outro local. Paradeterminar a melhor maneira e o método a ser 
realizado, deve-se analisar a natureza do agente poluente, o tipo de ambiente 
contaminado, a localização e o nível de contaminação (Diniz; Lima, 2021). 
3.2 Biocombustíveis 
Os combustíveis limpos, isto é, os biocombustíveis, são produtos que 
podem ser gerados pela aplicação de processo da biotecnologia. São produzidos 
a partir de material vegetal que não sofreu processo de fossilização, como 
biomassa da cana-de-açúcar, beterraba, milho, óleo de sementes e de grãos. 
Eles contribuem na redução da poluição ambiental, e já existem técnicas 
para modificar geneticamente as variedades de cana-de-açúcar transgênicas e 
de leveduras geneticamente modificadas, bem como há técnicas para aumentar 
a eficiência da produção de etanol. 
Os principais biocombustíveis líquidos utilizados no Brasil são obtidos a 
partir de cana-de-açúcar, o etanol, e o produzido a partir de óleos vegetais ou de 
gorduras animais, o biodiesel. 
3.3 Bioindicação 
A bioindicação é uma técnica muito utilizada no controle ambiental e utiliza 
organismos, animais e/ou vegetais para estimar o nível de poluição e seu 
impacto no meio ambiente. Cada tipo de bioindicadores é selecionado 
dependendo do que será monitorado (Diniz; Lima, 2021). 
Essa técnica tem baixo custo comparando a outros métodos de avaliação 
de qualidade ambiental, podendo auxiliar em avaliações de eventos cumulativos, 
isto é, que ocorreram mais de uma vez em determinado período, resgatando um 
histórico ambiental. 
Os principais organismos utilizados como bioindicadores são os que 
possuem tolerância ambientais moderadas, já que grupos muito sensíveis ou 
muito tolerantes podem não refletir a resposta das outras espécies presentes no 
local. Mas também é comum utilizar comunidades compostas de organismos 
com diferentes tolerâncias ambientais para indicar a qualidade ambiental 
daquele local, pois o mais importante é a capacidade de fornecer respostas 
capazes de mensurar e que reflitam a condição geral da população, bem como 
de reagir ao grau de perturbação de forma proporcional. 
 
 
17 
Portanto, a bioindicação é um registro sensível e de utilização atraente 
devido às suas vantagens, podendo indicar com clareza as alterações 
ambientais e a saúde do meio ocasionadas por fatores antropogênicos. 
TEMA 4 – CONSUMO SUSTENTÁVEL 
É amplamente divulgado que o consumo sustentável reduz o impacto no 
meio ambiente para que as necessidades humanas possam ser atendidas, não 
só no presente, mas também para as futuras gerações. Essa mudança no 
consumo deve ocorrer, pois a maneira que compramos, consumimos e depois 
descartamos afeta e impacta diretamente a qualidade ambiental e o equilíbrio 
ecológico. 
O consumo em si não é algo a ser evitado, pois é um aspecto importante 
para melhorar o bem-estar humano. Igualmente importante é o reconhecimento 
de que as relações entre bem-estar, níveis de consumo e impactos ambientais 
dependem dos sistemas de valores, da eficácia das instituições, incluindo formas 
de governança, bem como da ciência, tecnologia e conhecimento. 
A definição de consumo sustentável de acordo com as Nações Unidas, 
consiste no: 
uso de serviços e produtos relacionados, que respondem às 
necessidades básicas e trazem uma melhor qualidade de vida, 
minimizando o uso de recursos naturais e materiais tóxicos, bem como 
as emissões de resíduos e poluentes ao longo do ciclo de vida do 
serviço ou produto de forma a não comprometer as necessidades das 
gerações futuras. (PNUMA, 2003). 
O plano de ação para a Produção e Consumo Sustentável (PCS), feito em 
2011, alertou sobre a necessidade de melhorar as condições de vida dos mais 
pobres, ajudando-os a satisfazer suas necessidades básicas em um ambiente 
sadio e equilibrado, apontado os seguintes quesitos sobre o consumo: 
• 15% da população mundial que hoje vivem em países desenvolvidos são 
responsáveis por cerca de 56% do consumo mundial, enquanto 40% da 
população mais pobre, que habitam países em desenvolvimento, 
consomem apenas 11%; 
• graças à expansão da economia mundial ocorrida durante a década de 
1990, hoje as pessoas têm mais acesso ao consumo, porém, a taxa de 
consumo média de uma família africana é de cerca de 20% inferior aos 
níveis de 25 anos atrás; 
 
 
18 
• por volta de 2025, a população mundial deverá alcançar a casa dos 8 
bilhões de habitantes. Essa pressão demográfica, quando combinada à 
elevação dos padrões de vida, poderá causar sérias tensões na 
distribuição de recursos como terras, água e energia, principalmente nos 
países emergentes; 
• a produtividade agrícola vem aumentando; porém essa maior 
produtividade e expansão não se dão sem sérias ameaças a outros 
ecossistemas. Os mais ameaçados são as grandes florestas, as regiões 
de montanhas e os mananciais e aquíferos. 
Além disso, tem o consumo consciente, consumo verde e o consumo 
responsável que são as práticas do consumo sustentável. E de acordo o MMA 
(2003), implica escolhas de produtos que: 
• possam utilizar menos recursos naturais em sua produção; 
• garantam que os empregados tenham mais diretos e remuneração digna; 
• possam ser reaproveitados ou reciclados; 
• sejam úteis e gerem valor. 
Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs 17 objetivos 
do desenvolvimento sustentável (ODS), visando modificar as práticas atuais de 
consumo (padrões e níveis), desafiando a sociedade e os governantes. 
Entre eles, tem-se o ODS 12, cujo propósito é assegurar padrões de 
produção e de consumo sustentáveis. Para atingir esse objetivo, são 
necessárias mudanças macroestruturais, aliadas a fatores institucionais e de 
mercado, sendo elas (ODS Brasil, 2022): 
1. implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo 
Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países 
desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento 
e as capacidades dos países em desenvolvimento; 
2. até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos 
naturais; 
3. até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita 
mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de 
alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo 
as perdas pós-colheita; 
 
 
19 
4. alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e 
todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com 
os marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente a 
liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos 
negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente; 
5. até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da 
prevenção, redução, reciclagem e reuso; 
6. incentivar as empresas, especialmente as grandes e transnacionais, a 
adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade 
em seu ciclo de relatórios; 
7. promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as 
políticas e prioridades nacionais; 
8. até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham 
informação relevante e conscientização para o desenvolvimento 
sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza; 
9. apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades 
científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de 
produção e consumo, como aumentar a capacidade instalada de geração 
de energia renovável nos países em desenvolvimento (em watts per 
capita); 
10. desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do 
desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera 
empregos, promove a cultura e os produtos locais; 
11. racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que 
encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, 
de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da 
reestruturação fiscal e aeliminação gradual desses subsídios prejudiciais, 
caso existam, para refletir os seus impactos ambientais, tendo 
plenamente em conta as necessidades específicas e as condições dos 
países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos 
adversos sobre o seu desenvolvimento de maneira que proteja os pobres 
e as comunidades afetadas. 
Essas ações estão pautadas no processo de “esverdeamento do 
mercado” por meio de ganhos de eficiência, com a utilização de tecnologias 
menos intensivas em energia e materiais, análise do ciclo de vida do produto e 
 
 
20 
emissão zero nos processos de produção, mas o volume de extração de 
recursos renováveis e não renováveis continuam crescentes, bem como as 
questões de acesso não são consideradas. 
Algumas das principais barreiras ao consumo sustentável estão 
relacionadas com o preço alto dos produtos ecológicos, falta de informação e 
conhecimento por parte dos consumidores, hábitos insustentáveis e baixos 
níveis de consciência ecológica, entre outras questões complexas e contextuais 
que envolvem aspectos macroestruturais, institucionais e de mercado, os quais 
devem ser considerados no desenvolvimento de pesquisas e formulação de 
políticas para promover o consumo sustentável (Araújo et al., 2021). 
O foco das definições de consumo sustentável tem saído do âmbito 
apenas dos aspectos econômicos e ambientais, porém, aspectos sociais, como 
a qualidade de vida, equidade no acesso e distribuição dos recursos e satisfação 
de necessidades devem ser consideradas, pois são elementos cruciais para a 
transição de um modelo de desenvolvimento que seja justo, equitativo e inclusivo 
e que respeite os limites do ecossistema. 
TEMA 5 – ECOLOGIA POLÍTICA 
A ecologia política surgiu na década de 1980 como um campo 
interdisciplinar que analisava os problemas ambientais usando os conceitos e os 
métodos da economia política. Uma premissa central do campo é que a mudança 
ecológica não pode ser compreendida sem a consideração das estruturas e 
instituições políticas e econômicas nas quais está inserida, sendo a dialética 
natureza-sociedade o foco fundamental da análise (Miranda, 2013). 
A ecologia política é um campo dentro dos estudos ambientais com foco 
nas relações de poder, bem como na coprodução da natureza e da sociedade. 
As inspirações teóricas são retiradas de diferentes fontes, como economia 
política, pós-estruturalismo e estudos camponeses. As contribuições para esse 
campo tendem a questionar o status de atores poderosos (por exemplo, 
governos, empresas, organizações de conservação) e o que é dado como certo 
nos principais discursos (Robbins, 2019). 
A abordagem multidisciplinar vem da ecologia, geografia, antropologia, 
filosofia, ciências naturais e ciências sociais, sendo os principais paradigmas 
estudados e pesquisados e a escassez ecológica e da modernização, buscando 
explicar, alternativamente, os problemas ecológicos contemporâneos como 
 
 
21 
partes de processos políticos. Portanto, o lugar e o papel da “ecologia” dentro da 
ecologia política continua sendo uma discussão em andamento. Algumas 
contribuições da ecologia política se envolvem ativamente com a ciência natural, 
enquanto outras partes dessa literatura permanecem dentro de debates teóricos 
baseados em ciências sociais, onde “ecologia” se refere ao meio ambiente de 
forma mais ampla. Os principais temas abordados dentro da Ecologia Política 
incluem (Miranda, 2013): 
• a ideia de que a utilização dos recursos naturais é organizada por relações 
sociais que pressionam o meio ambiente; 
• o reconhecimento da pluralidade de posições, interesses e racionalidades 
sobre o ambiente, de modo que o lucro de uma pessoa possa representar 
a pobreza de outra; 
• a ideia de uma conexão global por meio da qual os processos políticos e 
econômicos externos estruturem e sejam influenciados por questões 
locais; 
• a defesa de que a degradação da Terra é um resultado e uma causa da 
exclusão social. 
Enrique Leff é um dos principais estudiosos da área, e aponta que os 
problemas ambientais são causados pela “apropriação social da natureza”, e que 
não são perceptíveis no cotidiano, o que eleva a complexidade do problema, 
podendo levar a natureza em colapso, como extinções em massa, eventos 
climáticos extremos e exterminar as comunidades mais vulneráveis. 
Por isso, as principais alternativas para combater tudo isso seria baseada 
nos princípios de sustentabilidade e de justiça socioambiental. Umas das pautas 
discutidas na Ecologia Política é retomar as demandas e saberes das 
populações tradicionais, com o intuito de frear o consumo e valorizar a vida e os 
recurso naturais. 
FINALIZANDO 
A degradação ambiental e as alterações e mudanças extremas no 
ambiente natural podem ser encontradas em todos os lugares e fazem parte dos 
desafios do desenvolvimento sustentável. Tudo isso pode ser observado em 
muitas partes do mundo e reduz a capacidade de manipulação e alteração das 
relações fundamentais que sustentam os ecossistemas do planeta; para isso, é 
 
 
22 
preciso usar ferramentas que busquem controlar os impactos, mas também 
pensar na prevenção. 
O desenvolvimento sustentável é claramente um dos desafios mais 
difíceis que a humanidade já enfrentou. Alcançar a sustentabilidade requer 
abordar muitas questões fundamentais nos níveis local, regional e global, e 
alcançar as metas e os objetivos da sustentabilidade representa um grande 
desafio para todos os segmentos da sociedade. Um princípio básico das novas 
políticas sustentáveis consiste em olhar para as pautas sociais, econômicas e 
políticas tendo em vista o avanço das mudanças climáticas e a crescente 
demanda por recursos e energia. 
 
 
 
23 
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	Conversa inicial
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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