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Incompatibilidades 454 Capítulo 8 - Incompatibilidades 1. Incompatibilidades Físico-químicas 1.1. Introdução No meio farmacêutico, "incompatibilidade medicamentosa" é considerado um assunto complexo que assusta e amedronta, por isso muitas vezes é ignorado e pouco estudado no âmbito geral pelos profissionais. Sobretudo, na farmácia magistral onde se trabalha com inúmeras substâncias e se manipula com maior freqüência as- sociações das mesmas em uma formulação. Para Voigt, incompatibilidades compreendem os efeitos recí- procos entre dois ou mais componentes de uma preparação farma- cêutica, com propriedades antagônicas entre si que frustram ou colocam em dúvida a finalidade para qual foi concebido o medica- mento. As incompatibilidades podem prejudicar a atividade ou impe- dir a dosificação exata do medicamento, influindo no aspecto da formulação tornando-a inaceitável, até mesmo do ponto de vista estético. Quando se pensa em incompatibilidades em farmácia deve-se pensar no sentido amplo da formulação. As incompatibilidades po- dem desenvolver-se entre as substâncias ativas, entre as substâncias coadjuvantes (excipientes) da formulação, entre as substâncias ati- vas e as coadjuvantes ou entre uma ou outra e o material da emba- lagem ou impurezas. Segundo a sua origem e manifestação as incompatibilidades medicamentosas podem ser classificadas em: • Incompat ib i l idades físicas (incompatibilidades farmacêuticas) • Incompatibilidades químicas; • Incompatibilidades terapêuticas (farmacoiógicas) Devido à extensão do assunto vamos nos ater aqui a incom- patibilidades quimicas e físicas de importância e possível interesse aos farmacêuticos magistrais. 455 Capítulo 8 - Incompatibilidades 1.2. Incompatibilidades Físicas: Formulações com incompatibilidades físicas se caracterizam pela não-uniformidade, por serem desagradáveis ao paladar e pelo risco potencial de dosificações não uniformes. As incompatibilidades físicas ou farmacêuticas podem ser classificadas nos seguintes tipos: • Solução Incompleta • Precipitação • Separação de líquidos imiscíveis • Liquefação de ingrediente sólido • Prescrição incorreta da forma farmacêutica 1.2.1. Solução Incompleta: Ocorre quando duas ou mais substâncias são combinadas e a mistura não resulta em um produto homogêneo, devido a imiscibili- dade ou insoiubilidade. Algumas vezes é prescrito o solvente, o veículo errado ou em quantidade insuficiente. A. Exemplos: Silicones são imiscíveis em água Gomas são insolúveis em álcool Resinas são insolúveis em água B. Estratégias para correção: Aquecimento. Filtração (somente é permitido se o material não dissolvido for dispensável) Trocar o veículo. Aumentar o solvente ou veículo. Adicionar um solvente. 1.2.2. Precipitação: Ocorre geralmente, quando uma substância precipita de uma solução quando outro solvente no qual ela é insolúvel é adicionado a esta solução. A. Exemplos: Resinas são freqüentemente precipitadas em soluções alcoó- licas quando se adiciona água. Substância mucilaginosas e albuminosas em soluções aquosas 456 Capítulo 8 - Incompatibilidades se precipitam quando se adiciona álcool Soluções coloidais freqüentemente se precipitam com a adi- ção de eletrólitos. Substâncias de soluções saturadas podem precipitar com a adição de outra substância. 1.2.3. Separação de liquidos imiscíveis: Óleos dissolvidos em álcool se separam com a adição de á- gua. Soluções alcoólicas de compostos orgânicos podem ter separa- ção de fases se altas concentrações de sais inorgânicos são adicio- nadas. 1.2.4. Liquefação de Ingredientes Sólidos: Algumas vezes misturas de sólidos se liquefazem através da formação de misturas eutéticas ou liberação da água de hidratação. A. Exemplo: Sulfato de sódio (10 H20) 90,0g Bicarbonato de sódio 30,Og Cloreto de potássio 15,0g Nesta formulação a liquefação ocorre devido a água de cris- talização do sulfato de sódio. Esta incompatibilidade poderia ser evitada utilizando-se quantidade equivalente de sulfato de sódio na forma anidra. Algumas substâncias que contêm água de cristalização: alú- mem, sulfato de atropina, cafeína, cloreto de cálcio, lactato de cálcio, ácido cítrico, codeína, fosfato de codeína, sulfato de cobre, sulfato ferroso, bromidrato de escopolamina, acetato de sódio, car- bonato de sódio, sulfato de sódio, sulfato de zinco e hidrato de ter- pina. Problema similar pode ocorrer em substâncias que absorvem a umidade do ar, durante a mistura ou armazenagem em área úmi- da. Exemplos: sais de amônio (acetato, brometo, cloreto, iodeto, sulfato), brometo de cálcio, cloreto de cálcio, cloreto de cobalto, sulfato de efedrina, bromidrato de hiosciamina, sulfato de hioscia- mina, citrato de ferro e amônio, carbonato de lítio, pepsina, feno- barbital sódico, pilocarpina, acetato de potássio, citrato de potás- sio, brometo de sódio, iodeto de sódio, hidróxido de sódio, cloreto de magnésio, cloridróxido de alumínio, etc. Substâncias eutéticas podem também produzir liquefação através da redução do ponto de fusão quando combinadas intima- 457 Capítulo 8 - Incompatibilidades mente. Exemplo: ácido acetilsalicílico, betanaftol, cânfora, hidrato de clo- ral, mentol, fenol, fenilsalicilato e timol. 1.2.5. Prescrição incorreta da forma farmacêutica: Ocorre quando o prescritor prescreve uma forma farmacêuti- ca incorreta para uma preparação mais eficiente. A. Exemplo: Problema organoléptico. Substância insolúvel no excipiente e no solvente. 1.3. Incompatibilidades Químicas As incompatibilidades químicas caracterizam-se pela trans- formação parcial ou total das substâncias associadas, formando compostos secundários, com novas propriedades químicas e conse- qüentemente, novas propriedades farmacodinâmicas. Das classes de incompatibilidades esta é a que merece maior atenção, não só por ser a mais freqüente, como também pelos grandes prejuízos que pode acarretar à reputação do médico, ao farmacêutico que prepa- ra o medicamento e acima de tudo, às condições do paciente. A associação de substâncias químicamente incompatíveis podem causar acidentes (ex. explosões, vapores tóxicos), formar produtos tóxicos, inativação total ou perda parcial da atividade farmacológica. 1.3.1. Formação de compostos muito pouco solúveis A. Precipitação de ácidos e bases fracas, pouco solúveis, devido a alteracão do valor do pH: As precipitações condicionadas pelo pH se originam principalmente pela adição de sais de reação ácida ou bá- sica, à soluções medicamentosas. Para predizer e compreender as reações de incompatibilidades é necessário o conhecimento das condições de pH compatíveis com os componentes da formulação. B. Precipitação devido à adicão do mesmo íon já presente na formu- lação: em preparações que se apresentam como solução saturada ou quase saturada, pode produzir precipitação pela adição de sais que contenham um íon comum da formulação que diminui a solubilidade do sal. Ex.: manipulação de soluções que contenham cloridratos e que de- 458 Capítulo 8 - Incompatibilidades vam ser isotonizadas com cloreto de sódio. C. Precipitação devido à formação de sais muito pouco solúveis: reação iônica entre os componentes de uma formulação provocando a formação de um sal insolúvel ou pouco solúvel, que, por diminui- ção da solubilidade do produto resultante ocorre uma precipitação ou uma turbidez. Freqüentemente a aparição de um precipitado é devido a uma reação química. D. Exemplos: Formação de sais alcaloídicos muito pouco solúveis: os alca- lóides são normalmente utilizados na forma de cloridratos ou nitra- tos. A adição de íons de halogênio (ex. íons de iodo ou bromo) leva à precipitação, pois há formação de compostoscorrespondentes dif ici lmente solúveis (Ex.: iodohidratos e bromidratos alcaloídicos). Salicilatos, acetatos, benzoatos, tanatos (taninos) e citratos também levam a formação de sais alcaloídicos di f ic i lmente solúveis. Formação de sais, muito pouco solúveis de bases sintéticas nitrogenadas, especialmente misturas de amônio quaternário: Ex.: cloreto de benzalcônio e cloreto de ceti lpir idíneo com nitratos, sali- cilatos e iodetos formando precipitados. Os sais de benzalcônio são incompatíveis com a fluoresceína sódica util izada no preparo de colírios para diagnóstico, com os sais de benzilpenicil ina e com o lauril sulfato de sódio. Formação de compostos muito pouco solúveis, com tensioati- vos aniônicos do tipo lauril sulfato de sódio: o lauri l sulfato de sódio ta l como outros tensioativos aniônicos, é incompatível e forma pre- cipitados insolúveis com substâncias catiônicas, como o cloridrato de efedrina, o fosfato de codeína, o cloridrato de procaína, o clori- drato de tetracaína e com íons cálcio, bário e íons de metais pesa- dos. 1 .3 .2 . Reações de oxidação Químicamente a oxidação envolve a perda de elétrons de um átomo ou de uma molécula. Cada elétron perdido é aceito por al- gum outro átomo ou molécula, de ta l modo a promover a redução do átomo ou molécula recipiente. Em compostos inorgânicos a oxi- dação é acompanhada por um aumento da valência de um elemento - por exemplo o íon ferroso ( Fe*2) em íon férr ico (Fe*3). Em compos- tos orgânicos o processo oxidação frequente envolve a perda de hidrogênio (dehidrogenação). A deterioração de drogas por oxidação requer a presença de oxigênio e procede sob determinadas condi- 459 Capitulo 8 - Incompatibilidades ções. 0 oxigênio existe não só sob a forma de oxigênio molecular 02, mas também como um diradical 0 - 0 . Esta espécie de radical possui 2 elétrons desemparelhados, os quais podem iniciar reações em cadeia, resultando a quebra das moléculas da droga, particu- larmente se a reação ocorre na presença de catalisadores, como a luz, o calor e alguns íons de metais e peróxidos. A oxidação é o processo onde um átomo aumenta o número de ligaçoes dele com o oxigênio, diminui o número de ligações com hidrogênio e perde elétrons. A Autoxidação é uma reação espontânea que acontece sob condições ambientais de exposição ao oxigênio atmosférico. Com- postos fenólicos tais como aminas simpaticomiméticas são rapida- mente oxidadas em pH neutro ou alcalino. Esta reação ocorre muito mais lentamente em pH menor que 4,0. Para o controle deste pro- cesso de degradação são normalmente empregados agentes antio- xidantes e sequestrantes. A. Classes de drogas susceptiveis à oxidação: • Substâncias Fenólicas: morfina, fenilefrina, catecolaminas (ex. adrenalina, noradrenalina), hidroquinona, resorcinol, paracetamol e salbutamol. • Aminas aromáticas. • Compostos polinsaturados: óleos, gorduras, vitaminas lipos- solúveis (ex. vitamina A, E), Ácido Retinóico e isotretinoína. • Fenotiazínicos (tioéteres): clorpromazina, prometazina, tri- fluoperazina, tioridazina e flufenazina. • Substâncias esteroidais: corticosteróides. • Estatinas: lovastatina, pravastatina, sinvastatina, etc. • Antidepressivos tricíclicos: imipramina, amitriptilina, etc. • Outras substâncias: Vitamina C, anfotericina B, nitrofuranto- ína, tetraciclina, furosemida, ergotamina, sulfacetamida e captopril. B. Fatores que afetam a velocidade de oxidação: • Presença de oxigênio • Luz • ' Presença de íons de metais pesados • Temperatura . PH • presença de outras substâncias que podem atuar como agen- tes oxidantes 460 Capítulo 8 - Incompatibilidades C. Estratégias possíveis para protecão frente a oxidacão: C.I.Proteção do produto ou fármaco (matéria-prima) contra a ação do oxigênio: • utilizaçào de gás inerte de nitrogênio. • limitação do efeito do oxigênio atmosférico pela utilização de embalagens menores e completamente cheias sem espaço para o ar. C.2. Proteção contra luz: utilização de embalagens foto-resistentes, como por exemplo, frascos de vidro âmbar. C.3. Utilizacão de agentes sequestrantes na formulação: utilização de quelantes de metais pesados (catalisadores de reações de oxida- ção), como os sais de EDTA. C.4. Adicão de antioxidantes: BHT, BHA, acetato de tocoferol (vit. E), palmitato de ascorbila e propil galato para sistemas oleosos. Àcido ascórbico (vit.C), bissulfito de sódio, metabissulfito de sódio, tiossulfato de sódio e cloridrato de cisteína para sistemas aquosos. C.5. Controie da temperatura de armazenamento ueralmente a velocidade do processo oxidativo é mais rápida em temperaturas elevadas e pode ser retardada se determinado produto sensível for estocado sob refrigeração. C.6. Controle do pH da formulaçào A oxidação é freqüentemente favorecida pelo pH alcalino. Deve-se tomar cuidado ao adicionar alguma substância em uma formulação que contenha algum componente sujeito à oxida- ção, devendo-se monitorar o pH no f inal da manipulação da fórmula e efetuar ajustes no pH se necessário. Adicione na formulação substâncias que são faci lmente oxi- dadas separadamente daquelas que são faci lmente reduzidas A cianocobalamina tem compatibil idade limitada com o áci- do ascórbico (24 horas), a tiamina e a niacinamida. 0 Ácido fólico é incompatível com agentes oxidantes, agen- tes redutores e ions metálicos. 1 .3 .3 . Fo tó l i se ou Fo todeg radação É a catálise pela luz de reações de degradação, como a oxidação ou hidrólise. Uma variedade de mecanismos de decomposição pode ocorrer da absorcão da energia de radiação 461 Capitulo 8 - Incompatibilidades pode ocorrer da absorção da energia de radiação luminosa. A capta- ção de luz por uma molécula produz sua ativação, a partir da qual a molécula ativada pode emitir energia de frequência diferente da recebida (fenômeno denominado "fluorescência" ou "fosforescên- cia" ) ou também, pode provocar a decomposição das moléculas (fotólise). As reações de fotodegradação dependem tanto da inten- sidade, como do comprimento de onda da luz. Quanto maior a in- tensidade e comprimento de onda da luz, maior será a velocidade e o grau de fotodegradação, portanto, a luz UV é mais deletéria que a luz visível (os raios solares são mais deletérios do que a luz fluores- cente). Um grande número de fármacos é sensivel à luz, permitindo a degradação fotolítica, tais como: a amfotericina B, a furosemida, a vitamina A, a nifedipina, a hidrocortisona, a prednisolona e o áci- do fólico, dentre vários outros. 1.3.4. Redução Uma espécie química (átomo ou molécula) é reduzida quan- do ganha elétrons. As reações de redução têm importância relati- vamente menor, como fenômenos originadores de incompatibilida- des. A. Exemplo: Formação de prata e mercúrio elementar a partir dos sais correspondentes em presença de agentes redutores inorgânicos. Conhecem-se as transformações de medicamentos sensíveis à redu- ção com ácido ascórbico, tióis, fenóis e outros. 1.3.5. Hidrólise A hidrólise é um processo de solvólise no qual a molécula (droga) interage com moléculas de água decompondo a molécula. 0 ' H jO ^ O C — C H 3 II 0 ÁCiDO ACETILSALICÍLICO oT OH v ^OH ÁCIDO SALIClLlf ;o + CH3COOH ÁCIDO ACÉTICO 462 Capítulo 8 - Incompatibilidades A. Exemplo: 0 ácido acetilsalicílico combina-se com uma molécula de água e se hidrolisa em uma molécula de ácido salicílico e uma molécula de ácido acético. 0 processo de hidrólise é provavelmente a causa mais impor- tante de decomposição de fármacos, devido ao grande número de substâncias de uso medicinal que são ésteres ou que contenham outros grupamentos, tais como amidas substituídas, lactonas e a- néis lactâmicos, os quais são susceptíveis ao processohidrolítico. B. Classes de fármacos susceptíveis à hidrólise • Ésteres: ex. ácido acetilsalicílico, procaína, benzocaína e a- tropina. • Ésteres cíclicos ou lactonas: ex. warfarina, nistatina, digoxi- na, digitoxina, pilocarpina e ácido ascórbico. • Tioésteres: ex. espironolactona. • Amidas: ex. nicotinamida, paracetamol e procainamida. • Imidas: ex. fenitoína, barbitúricos e riboflavina. • Amidas cíclicas (anéis tipo lactâmicos): ex. penicilinas e ce- falosporinas. • Carbamatos (uretanos): ex. carbachol, neostigmina e carbi- mazol. • Acetal: digoxina e aldosterona. • Tioacetal: lincomicina e clindamicina. • Ésteres sulfato: heparina. • Ésteres fosfato: fosfato sódico de hidrocortisona e triclofos sódico. • Iminas (azometina ou base de Schiff): diazepam e pralidoxi- ma. C. Fatores que afetam a velocidade de hidrólise • Presença de água no veículo, no excipiente ou na própria matéria-prima. • pH • Presença de ácidos e bases (citratos, acetatos, fosfatos) que são freqüentemente usados como tampões. • Concentração da droga. • Temperatura. • Presença de outros componentes que podem catalizar a hi- drólise. Ex. dextrose. 463 Capítulo 8 - Incompatibilidades D. Estratégias para manipulação de drogas sujeitas à hidrólise Controle da exposição de drogas sólidas à umidade, com o uso de recipientes hermeticamente fechados e de dessecantes. Controle do pH de formulações aquosas. Checar o pH de to- das soluções de fármacos que serão combinadas, bem como, do produto final adequando-os ao pH ideal se preciso for. Checar referências apropriadas para possíveis efeitos negati- vos de ácidos e bases em geral sobre os fármacos. Se estes fatores puderem acelerar o processo de hidrólise, evite a adição de com- postos, como tampões. Considerar a concentração da droga como um fator impor- tante. Ex.: Ampicilina sódica. Temperatura de armazenamento: a velocidade de hidrólise é maior em temperaturas elevadas e pode ser retardada através do armazenamento de produtos sensíveis sob refrigeração. 1.3.6. Complexação Moléculas de um composto ativo podem interagir reversivel- mente com excipientes para formar complexos, os quais apresentam propriedades fisico-químicas diferentes do composto de origem. A tetraciclina é um exemplo clássico de droga que é inativa- da por complexação. Esta reação ocorre com íons multivalentes, tais como de cálcio, magnésio, ferro e alumínio. A tetraciclina não deve ser misturada com outras substâncias que contenham alguns destes íons multivalentes. Interação excipiente-excipiente. Parabenos podem ser inativados em complexos com deriva- dos de polietilenoglicol. Povidona pode formar complexos com outros excipientes (ex. corantes aniônicos ou catiônicos) ou com determinados fármacos, como por exemplo cloridrato de clorpromazina e cloranfenicol. Amido forma complexos com drogas ácidas e alguns outros coadjuvantes, como ácido benzóico e ácido salicílico. 1.3.7. Reações de esterificação e substituição Devido a pequena velocidade desta reação, os produtos da incompatibilidade só são detectáveis analiticamente, em geral após certo tempo de armazenamento. Formação de acetato de prednisolona a partir de prednisolo- na base na presença do ácido acetilsalicílico. Produção de um glico- sídeo de procaína (sem atividade anestésica) em soluções de clori- drato de procaína que contenham glicose. 464 Capítulo 8 - Incompatibilidades Os bissulfitos, amplamente utilizados como antioxidantes, dão lugar a reações de substituição de menor valor. Originam-se produtos finais sulfonados de escassa atividade fisiológica. Ex.: A adrenalina reage com os ions sulfito originados a partir do bissulfito, perdendo grande parte da sua atividade farmacológica. 1.3.8. Outras Interações Químicas A. Liberação de dióxido de carbono (CQ2): Oriundas das reações devido à mistura de bicarbonatos ou carbonatos com ácidos ou subs- tâncias fortemente ácidas, podendo até causar explosões. B. Composições com ácido acetilsalicílico associado à feniíefrina: 0 ácido acético formado pela hidrólise do ácido aceti l salicílico pode interagir com a fenilefrina formando um composto acetilado; tran- sacetilação também pode ocorrer entre o ácido acetilsalicílico e o paracetamol. C. Reação de Maillard: Uma incompatibilidade comum que pode ser exarcebada após o aquecimento a altas temperaturas de formas sólidas é a Reação de Maillard, reação entre grupos aldeídicos da glicose (ou outros açúcares reduzidos) e aminas primárias (ex. ami- noácidos, amfetaminas) formando produtos amarronzados. Reação de Maillard R - NH2 + 0 = C DCfUVADO M AMINAS CRIMÁKIAS - c - R I OH R - N = C —C—R' + H20- I OH R — N - C - C — R* I I 0 -» ALDOSK > GLliCOSILAMINA KBTOSAMINA 465 Capitulo 8 - Incompatibilidades 1.4. Incompatibilidades quimicas entre fármacos e al- guns excipientes A estabilidade química de um fármaco pode ser reduzida, caso o mesmo seja incorporado em um excipiente inadequado ou que contenham coadjuvantes farmacotécnicos incompatíveis. 1.4.1.Exemplos de incompatibilidades químicas entre fár- macos e excipiente ou coadjuvantes: A. 0 propilenoglicoi e polietilenoglicóis podem catalizar a degrada- ção do peróxido de benzoíla, levando a formação de ácido benzóico e dióxido de carbono. B. A adição de coaltar (aicalino) a um creme com valerato de beta- metasona, cataiisa a conversão do 17-valerato de betametasona para o menos efetivo, 21-valerato de betametasona. C. Traços de íons férricos catalisam a oxidação da hidrocortisona. D. A lactose reage com compostos contendo grupo amino primário (ex. anfetaminas e aminoácidos), resultando em produtos de cor amarronzada, devido à condensação do tipo Maillard. Também rea- ge e produz escurecimento na presença de compostos contendo ar- sênico e trinitrato de glicerila. Reage com a isoniazida formando uma coloração amarelada. A lactose é incompatível com aminoáci- dos, anfetaminas (ex. anfepramona, femproporex, mazindol), ami- nofilina, fluoxetina, sertralina, imipramina, amitriptilina, clomi- pramina, nortriptilina, hidroxitriptofano e compostos reiacionados. E. 0 tatco é incompativei com quaternários de amônio. F. 0 manitoi compiexa-se com alguns metais, como ferro, alumínio e cobre. Recomenda-se não utilizá-lo em formulações que conte- nham sais com estes metais. G. 0 cauiim apresenta propriedades de absorção em concentrações a partir de 7,5%. Esta propriedade pode influenciar a absorção de outras drogas administradas via orai. Já foi relatado que o caulim afeta a absorção das seguintes drogas: amoxacilina, ampicilina, ci- metidina, lincomicina, fenitoína, clindamicina, tetraciclina e warfa- rina. 466 Capítulo 8 - Incompatibilidades H. 0 dióxido de silício coloidal (Aerosil®) é incompativel com prepa- rações contendo dietilestilbestrol. É incompatível com substâncias ácidas, alcalinas e sais de ferro; evitar associá-lo com materiais for- temente oxidantes. Usar com precaução em drogas incompatíveis com álcalis. I. A Carboximetilcelulose sódica (CMC-Na) é incompatível com goma xantana, ácidos fortes, sais de ferro e outros metais, como o alumí- nio, o mercúrio e o zinco. J. 0 carbonato de cálcio é incompatível com ácidos e sais de amônio (ex. cloreto de amônio). H. 0 lauril sulfato de sódio é incompatível com alguns sais alcaloídi- cos, sais de chumbo e sais de potássio. K. Álcool etílico (etanol): em condições ácidas, soluções etanólicas podem reagir violentamente com substâncias oxidantes; misturas com álcalis podem escurecer devido a reações com quantidades residuais de aldeídos; substâncias orgânicas e gomas podem precipi- tar. L. Glicerina: a glicerina pode explodir se misturada com agentesoxidantes fortes, tais como trióxido de cromo, clorato de potássio ou permanganato de potássio; pode ocorrer escurecimento na pre- sença de luz em contato com óxido de zinco ou nitrato básico de bismuto; contaminantes de ferro na glicerina são responsáveis pelo escurecimento de misturas contendo fenóis, salicilatos e taninos. M. Propiíenoglicol: é incompatível com reagentes oxidantes, como o permanganato de potássio. N. Pohetilenogiicóis (carbowaxes): podem ser incompativeis com alguns corantes; a atividade antibacteriana de certos antibióticos, particularmente, a penicilina e a bacitracina é reduzida em bases com polietilenoglicóis; a eficácia conservante dos parabenos pode ser reduzida através de ligações dos mesmos com os polietilenogli- cóis; descolorações do ditranol e sulfonamidas podem ocorrer e o sorbitol pode precipitar de misturas. 0 ácido salicílico, fenol, resor- cinol, barbitúricos, taninos também são incompatíveis com os PEG. 0. Óleo mineral é incompatível com agentes oxidantes fortes. 467 Capitulo 8 - Incompatibilidades P. A vaselina é um excipiente inerte com poucas incompatibilida- des, exceção se faz com o bálsamo do peru que forma duas camadas quando adicionado à vaselina (incompatibilidade física). Q. A lanolina pode conter alguns pró-oxidantes, os quais poderiam afetar a estabilidade de determinados fármacos. É interessante a adição do BHT na concentração de 0,02% na pomada de lanovaselina para prevenir o processo oxidativo. R. Géis com metilcelulose são incompatíveis com cloridrato de ami- nacrina, clorocresol, cloreto de mercúrio, fenol, resorcinol, ácido tânico, nitrato de prata, cloreto de cetilpiridíneo, metilparabeno, propilparabeno, butilparabeno. Sais de ácidos minerais e particu- larmente fenóis e taninos, coagulam soluções de metilcelulose. Po- de ocorrer complexação da metilcelulose com tetracaína. S. Polímeros de carboxivinil e derivados (Carbopóis®): são incompa- tíveis com resorcinol, fenol, polímeros catiônicos, ácidos fortes e altas concentrações de eletrólitos. Traços de ferro e outros metais de transição podem cataliticamente degradar as dispersões de car- bopol. T. Ciorobutanol (conservante): é inativado em meio alcalino, de- composto pelo calor e incompatível com nitrato de prata e sais só- dicos de sulfamidas. U. Cioreto de benzalcônio: é incompatível com compostos aniônicos e nitratos. V. Parabenos: são incompatíveis com polisorbato 80 e pH > 8. X. Ciorexidina: é incompatível com nitrato de prata, cloranfenicol, alginato sódio, CMC, sulfamidas sódicas, penicilinas, íons cloreto, fosfato e sulfato. Podemos concluir que este assunto por sua complexidade e importância, merece atenção e estudos mais aprofundados por par- te dos farmacêuticos magistrais comprometidos com a qualidade e o aperfeiçoamento profissional. 468 Capitulo 8 - Incompatibilidades 2. Incompatibilidades e Estabilidade de Vitaminas em Preparações Magistrais As vitaminas nos alimentos estão em contato com antioxi- dantes naturais que as estabilizam, tais como os bioflavonóides e outras vitaminas também presentes. Já as vitaminas sintéticas, sem esta proteção, demonstram-se muito instáveis quando incorporadas em preparações farmacêuticas, destacadamente nas formas líqui- das, como soluções e suspensões. A degradação das vitaminas é ace- lerada pela presença de oxigênio, luz, pelo aumento da temperatu- ra, pela presença de água e metais catalizadores de reações de oxi- dação e redução (como por exemplo o ferro e cobre). Um outro fa- tor relevante que pode afetar a estabilidade de algumas vitaminas é a possibilidade de interação química entre algumas vitaminas quan- do associadas entre si, levando à degradação das mesmas. Devido ao fato das vitaminas apresentarem desejáveis efeitos farmacológicos sinérgicos entre si, a prescrição de polivitamínicos é comum na te- rapêutica. Portanto, o farmacêutico encontra aqui um problema farmacotécnico na conciliação entre os diferentes perfis de estabi- lidade, apresentados pelas diversas vitaminas e a conveniência te- rapêutica de associá-las em uma mesma forma farmacêutica, além da vulnerável condição de estabilidade quando vista de modo isola- do. Para a elaboração de uma formulação vitamínica estável é importante que o farmacêutico faça um estudo pré-formulação, levando em consideração as características físico-químicas das vi- taminas, como o pH de maior estabilidade, a termolabilidade e as interações químicas possíveis entre as vitaminas e entre elas e os veículos ou adjuvantes farmacotécnicos. Após este estudo deve se fazer seleção criteriosa do veiculo, reduzindo ao máximo o teor de água da formulação (substituindo em parte por líquidos newtonia- nos, por exemplo: a glicerina, o propilenoglicol e o PEG 400), esco- Ihendo o sistema conservante, antioxidante e sequestrante adequa- dos. Para a formulação de vitaminas fácilmente oxidáveis, pode ser necessário trabalhar com atmosfera de gás inerte (exemplo N2) que pode ser borbulhado na preparação com o objetivo de retirar o 02 incorporado no processo de manipulação ou nos componentes da mesma. Após o preparo, a formulação deve ser envasada em emba- lagem que a proteja contra a atmosfera e a luz, lembrando que muitas embalagens plásticas são permeáveis ao oxigênio e a vapo- res, permitindo a entrada de oxigênio e evaporação de parte do veículo. Portanto, para formulações magistrais, o frasco de vidro 469 Capítulo 8 - Incompatibilidades âmbar seria uma das embalagens de escolha para preparações vita- mínicas. Deve-se ressaltar também a escolha de embalagem cuja capacidade volumétrica esteja próxima do volume da formulação, de maneira que haja o menor espaço possível entre o produto e tampa da embalagem, diminuindo o chamado "head space". Se pos- sível, purgar o frasco com gás inerte (N2) reduz o nível de oxigênio presente dentro da embalagem. A manipulação de formas farma- cêuticas contendo vitaminas é crítica, devendo o farmacêutico estar atento aos fatores que afetam sua estabilidade. Incompatibilidades e Estabilidade de Vitaminas Vitaminas Vitamina A Vitamina D2 Ergocalciferol Vitamina D3 Colecalciferol Vitamina E Vitamina K1 Fitonadiona (natural) Vitamina K3 Menadiona (sintética) Vitamina C (ác. Ascórbico) Faixa de pH de maior estabilidade NR' NR NR Meio ácido Meio ácido Meio ácido 3,5 a 4,5 Termolabilidade Sensivel a temperaturas maiores que 40 *C e ao con- gelamento Sensivel a temperaturas maiores que 100 C Sensivel ao calor a temperaturas acima de 40'C Sensível a temperaturas elevadas Estável ao calor Estável ao calor. Termolábil Sensibilidade ao 02 e à luz Muito oxidável (o retinol é menos estável que os éste- res). Inativada pelos raios UV. Oxidável Sensivel ao oxigênío, luz e umidade Oxidável (sobretudo em meio básico). Sensível aos raios UV. Os ésteres são muito estáveis Sensível ao oxigênio e á luz Sensível ao oxigênio e á luz Muito oxidável (trabalhar em atmosfera inerte) e sensivel à luz Incompatibilidades Metais traços (ferro, cobre). PVC Metais traços Metais traços Alcalis, sais alcalinos e carbonatos alcalinos. Subs- tàncias redutoras em geral. Atcalis, sais alcalinos. Substàncias redutoras. Ferro, cobre (cataiisam o ácido ascórbico promovendo sua oxidação). Vitamina B12 (o ác. Ascórbico degrada a vit. B12 por redução) Açúcar, lactose e outras substàncias orgânicas (redução lenta). Sais metálicos em geral (sais de ferro e cobre). Álcalis e sais alcalinos. NR - não realizado 470 Capítulo 8 - Incompatibilidades Continuação Vitaminas Biotina Vitamina B1 Tiamina (cloridrato) Vitamina B2Riboflavina Vitamina B3 Niacina Vitamina B5 Vitamina B6 Cloridrato de Piridoxina Vitamina B12 Cianocobala- mina Acido fólico Faixa de pH de maior estabilidade Estável em meio ácido e neutro Estável em pH mais ácido pH entre 4,0 a 5,0 Muito está- vel 6,0 a 7,0 Muito está- vel 4,5 a 5,0 5,0 a 9,8 Termolabilidade Termolábil Pouco termolá- bil Em solução alcalina é des- truidoa 100°C Termoestável quando não associada (120C-1 hora). Quando associa- da a v i t . B1 nesta faixa de temperatura a perda de ativi- dade pode chegar a 60%. Termolábil (principalmente em meio ácido) Sensibilidade ao 02 e à tuz Pouco oxidá- vel Sensivel a luz. Muito sensível à luz, sobre- tudo em meio básico. Pouco oxidá- vel. Sensivel à luz. (o piridoxal é mais estável do que outras formas) Sensivel á luz em soluçôes diluidas. Sensível à luz. Incompatibilidades Alcalis e sais alcali- nos.lnstável em meio alcali- no Álcalis, sais e carbonatos alcalinos. Meio básico. Sais de iodo. Sais de Ferro, cobre e outros mctais. Alcalis e sais alcalinos. Meio básico. Metais pesados e seus sais. Substâncias redutoras (redu- ção lenta da vitamina) Vitamina C. Alcalis e carbonatos alcalinos Instável em pH ácido (< 5,0) e com pH básico. Decomposição catalisada por metais. Goma arábica (qdo. em solução aquosa). Ácido ascórbico (forte redu- ção, anulando a ação dos dois componentes). Sais ferrosos. Sais de metais pesados. Glicose. Aromas aldeídicos. Vanilina. Vitamina B1 (na temperatura de autoclava- ção) Substâncias redutoras. Riboflavina, tiamina (qdo. o ác. Fólico estiver solubiliza- do). 471 Capitulo 8 - Incompatibilidades 3. Sumário de Incompatibilidades Comuns e Correções recomendadas: TIPOS Proccd imcrno Recomer id jdo TERAPEUTICA I B 1 - Coniaaar o medtco C & 2 - U u r t e tn l ca farmaceuUca especial s • mod i fK i f . i o fdcm dc m i « U r a * o ditpemar com róiulo dc Aqite anies de usar" * c - dttpefttar com rôtu lo dc Conservar em getadcHa' ' d - permltir que a feacào ocorra anles dc cmbalaf a fofmuta " c ■ pfoteçer d o . « . tuz ou umidade * : ^ r r d t c n w i ■ adioonar anonie suspensor • 3 .1.1 ■ '.■■" i - y : t ■ utStffcantC ' ■ ' .d iao ia i volubuti ianie &u agcme d - adKvyiar di luenie e dosf co f re la e • adkwnar cspcssanle ou amoleccdor ' 1 ■ adit ionai cstabt l i iante ( lampao, an l iox idanio. conscrvan- t c i-;-1 * H • adioonar coranle. l lavor i ían ie . perfutne 4 - Omissao de um ingrcd icn tc C i ■ rcurar o ingiedientc probtema 0 ■ l l l t ia f C dcscarur o sodimcnlo mai ivo t ■ dividtr t m duas prescricóes FISICA i 1 S ■'■■ 1 5 E 3 i « f 1 '. 1 a I 5 | "S 2 o » 1 ! A 1 * ■ ! • QUIMICA s « 1 a ! » ^ i ,v 6 s f s i & ■ * * * * 6 • a - a & 9 , -- h » , 3 P & * B B • 9 B a K 9 f <T @ ■ 0 • 9 B § * * i B 9 9 a e t a » i (S 6 '? P 9 & f S B - e B t ff S f « f n ■ - » h & 1 B b g 9 f B H B B •' « I « * 3 | > 6 • , t » B m B ■ U « - B • s n ■ ■ ■ • ■■ 9 | • * ■■ I ■■ » * H ' 0 a & » • • ' ' 0 f * « ff 9 i * s a - ■- 9 í! B B 1 • - ■ - 9 . ■ « 9 ® ff 9 ■ B 9 9 a ■ <a 9 9 9 f * ® 1 6 cr 9 <B | !? 6 & (V • B f S • Mudanca de ve t tu lo i - aumcnto do volumc. aumenlo dose b diminuicao de votufntj i ' n . : . n çJJO út dOH '■ • i i i dose 6 • Mudança de lngred lem> C a • usar (orma mals COfnQtfJvel < am ouKos imjredienies b ■ usar forma solúvel no v e k u l o c • usar (orma c i l avc l no vc i tu lo -' * ff 9 9 9 9 ■ ■ 9 9 ■- 9 a • & » «» ■ - B « 9 ■ 9 0 0 1 * V t tf * t f - f I J ■' * f f & 6 ■ i & & 6 â & b B 1 h 9 9 • - ■ h ■ ■ & B 9 6 « e 6 f ■ 6 * 8 & f t í 7 ■ Mudancas na forma farmacéut lca B ■ usai (o ima íarmacèutica maís adecpjada > • usar maica dtfet enio * 1 9 ■ 9 IV .» 0 - ■ ò » t 9 ■ • ; ■ ' • • í & ce ■ s Legenda A • mudanças lentas na aparència e na formação de gás pode ser devido ao crescimento de microorganismos B - Risco de explosão C - Consulte o médiço, a significância terapêutica da droga ou sç é necessãrio mudança na dose & • procedimento preferivel (?> - procedimento aceitável n • procedimento não aplicável • FS.A - procedimento que não requer aprovação do médico F.S.A (" Fiat secundum artem") 472
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