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GERENCIAL III DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA E GERENCIAL ©2021. FATECNA - Faculdade CNA a Distância Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.610). Fotos Banco de imagens do SENAR Getty Images Shutterstock Informações e Contato SBN – Quadra 1, Bloco F. Edifício Palácio da Agricultura – 1º e 2º andar Asa Norte - Brasília – CEP 70.040-908 Telefone: (061) 3878-9500 Site: www.faculdadecna.com.br/ead/ Presidente do Conselho Deliberativo João Martins da Silva Júnior Entidades integrantes do Conselho Deliberativo Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Ministério do Trabalho e Emprego - MTE Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA Ministério da Educação - MEC Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB Agroindústrias / indicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI Diretor Geral Daniel Klüppel Carrara Coordenação de Assistência Técnica e Gerencial Matheus Ferreira Pinto da Silva Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial Módulo 4 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 4 Sumário Introdução do módulo ............................................................................................................... 6 Praticando... ............................................................................................................................. 8 Desafios da jornada ................................................................................................................ 8 Tema 1: Introdução ao estudo de indicadores ..................................................................10 Introdução ..............................................................................................................................10 Tópico 1: Gestão de desempenho ......................................................................................12 Tópico 2: Introdução aos indicadores técnicos e econômicos ......................................16 Tópico 3: Indicadores e informações técnicas e econômicas ........................................22 Tópico 4: Aplicação dos indicadores técnicos na atividade de fruticultura ................31 Tópico 5: Aplicação dos indicadores econômicos na produção de uva .......................46 Encerramento do tema ........................................................................................................56 Atividade de passagem ........................................................................................................57 Tema 2: Indicadores das principais cadeias produtivas .................................................59 Introdução ..............................................................................................................................59 Tópico 1: Indicadores na atividade da cafeicultura ........................................................61 Tópico 2: Indicadores na fruticultura (produção de mamão) ........................................79 Tópico 3: Indicadores na produção de soja ......................................................................97 Tópico 4: Indicadores na horticultura (produção de cebola) .......................................104 Tópico 5: Indicadores na floricultura ...............................................................................119 Encerramento do tema ......................................................................................................136 Atividade de passagem ......................................................................................................137 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 5 Tema 3: Principais formas de interpretação de indicadores técnicos e econômicos........................................................................................................................... 138 Introdução ............................................................................................................................138 Tópico 1: Análise da composição dos custos ..................................................................140 Tópico 2: Interpretação de indicadores técnicos e econômicos .................................152 Tópico 3: Análise comparativa ..........................................................................................163 Tópico 4: Evolução dos indicadores .................................................................................174 Tópico 5: Aplicação das principais formas de interpretação dos indicadores ..........181 Encerramento do tema ......................................................................................................189 Atividade de passagem ......................................................................................................190 Encerramento do módulo .................................................................................................... 191 Final de etapa ......................................................................................................................... 193 Gabarito das questões ......................................................................................................... 195 Referências .............................................................................................................................. 197 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 6 Introdução do módulo Bem-vindo! Você está iniciando o módulo Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial. Observe no infográfico a sua posição no curso e atente- se ao seu progresso! Você está aqui! Início da jornada Final da jornada Módulo 1 Metodologia da Assistência Técnica e Gerencial Aprimorar conhecimentos metodológicos para o desempenho necessário de ações de assistência técnica, destacando as competências requeridas ao exercício da atividade. Módulo 2 Gerencial I da Assistência Técnica e Gerencial Reconhecer os conceitos gerenciais da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial Calcular e interpretar indicadores técnicos e econômicos nas principais cadeias produtivas da pecuária ou da agricultura.Módulo 3 Gerencial II da Assistência Técnica e Gerencial Contextualizar os conceitos gerenciais da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial. Módulo 5 Planejamento da Propriedade Rural Definir em que consiste o planejamento estratégico da propriedade rural assistida pela Metodologia de ATeG, facilitando sua compreensão e aplicabilidade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 7 Na prática, este módulo tem o objetivo de apresentar a você os indicadores, ferramentas essenciais para guiar as melhores decisões e monitorar constantemente o desempenho das empresas. Por isso, dominar suas definições, cálculos e resultados se torna fundamental para que você seja um gestor cada vez melhor. O módulo foi dividido em três temas: Tema 1 Introdução ao estudo de indicadores Tema 2 Indicadores das principais cadeias da linha de produção vegetal Tema 3 Principais formas de interpretação dos indicadores técnicos e econômicos Nossa expectativa é que, ao final do módulo, você entenda como utilizar os indicadores técnicos e econômicos na gestão das principais cadeias produtivas da linha de produção vegetal, podendo definir, calcular, interpretar e usá-los para basear a tomada de decisões e o monitoramento do negócio. Tudo isso para que você possa se tornar um gestor capaz de: • entender cálculos, definições e interpretações de indicadores técnicos e econômicos, assim como sua aplicação nas principais cadeias da linha de produção vegetal, • conhecer melhor o desempenho, suas dimensões e subdimensões, aprendendo a coletar informações técnicasa todas as benfeitorias, máquinas, equipamentos e utensílios da propriedade, ou seja, é o valor do capital que a propriedade possui. Indicadores econômicos Agora, observe a aplicação dos indicadores econômicos, custo, gasto e margem nesta cadeia produtiva! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 70 Custos Custo operacional efetivo / saca (R$/saca) Custo operacional efetivo no ano dividido pela produção anual de sacas de café, ou seja, desembolso necessário para produzir uma saca de café. Custo operacional total / saca (R$/saca) Custo operacional total no ano dividido pela produção anual de sacas, isto é, o custo operacional total referente à produção de uma saca de café. Custo total / saca (R$/saca) Custo total no ano dividido pela produção anual de sacas, que equivale a todos os gastos envolvidos para a produção de uma saca de café. COE Produção COT Produção CT Produção Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 71 Custo operacional efetivo médio / preço da saca (%) É a porcentagem do preço da saca de café comprometida para pagar o custo operacional efetivo. O preço médio ponderado (PMP) de saca é dado pela fórmula: Custo operacional total médio / preço da saca (%) É a porcentagem do preço da saca de café comprometida para pagar o custo operacional total. Custo total / preço da saca (%) É a porcentagem do preço da saca de café comprometida para pagar o custo total. COE / Produção Preço médio ponderado da saca x 100 Renda do café vendido sacas vendidas COT / Produção Preço médio ponderado da saca x 100 CT / Produção Preço médio ponderado da saca x 100 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 72 Gastos Gasto com mão de obra contratada / renda bruta da atividade (%) Corresponde à porcentagem do gasto com a mão de obra contratada ao longo do ano em relação à renda bruta da atividade. Gasto com mão de obra Renda bruta da atividade x 100 Este indicador é utilizado para mensurar o quanto da renda da atividade está comprometido para pagar a mão de obra. Ele é muito importante, pois a mão de obra é um componente essencial do custo, especialmente em casos em que a escala de produção é baixa. Gasto com produtos fitossanitários na atividade / renda bruta da atividade (%) Corresponde à porcentagem de gasto com produtos fitossanitários ao longo do ano em relação à renda bruta. Consideramos tanto as despesas relacionadas ao controle de pragas e doenças como aquelas associadas ao controle de ervas daninhas quando realizado com químicos. Gasto com produtos fitossanitários Renda bruta da atividade x 100 Margem Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 73 Margem bruta É a diferença entre a renda bruta da atividade e o COE. RB COEMB Este indicador pode ser analisado sob vários aspectos. Conheça os possíveis desdobramentos! Margem bruta unitária (R$/saca) Margem bruta da atividade dividida pela produção anual de sacas de café. Margem bruta por área para produção de café (R$/ha) Margem bruta da atividade dividida pela área total utilizada na produção de café, não incluindo: • reservas, • áreas de preservação permanente, • demais áreas da propriedade (caso apenas essa atividade seja desenvolvida no local). Este indicador, assim como a taxa de retorno do capital, é utilizado para comparar uma atividade com outras. MB Produção de sacas MB Área em hectares Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 74 Margem bruta por saca de café vendida (R$/saca) É o valor da margem bruta da atividade dividido pelo número médio de sacas vendidas para o mercado ao longo do ano. Ela tem a função de mostrar qual é o ganho direto com a venda de uma saca de café. Vale destacar que, se a propriedade trabalhar com o processamento do produto, a venda do café em quilogramas pronto para o consumo e a venda de café em sacas para o mercado, a renda bruta e o COE devem ser separados, porque são duas atividades. Margem líquida É a diferença entre a renda bruta e o COT. RB COTML Também se calcula por saca e por hectare. Acompanhe! Margem líquida unitária (R$/saca) É a margem líquida da atividade dividida pela produção anual de sacas de café. MB Sacas de café vendidas É definida uma MB por tipo de produto (MB = RB - COE) e aplicada a fórmula em cada uma delas. Assim, são encontradas a margem bruta por saca e a margem bruta por quilograma de café para consumo. O gestor pode, então, definir qual produto deixa maior contribuição para o sistema. ML Produção de sacas Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 75 Margem líquida por área para produção de café (R$/ha) É a margem líquida da atividade dividida pela área total utilizada para a produção de café. Margem líquida quilograma ou saca vendida (café processado ou não processado – R$/kg ou por saca) É a margem líquida da atividade dividida pelos quilogramas ou sacas de café vendidas ao longo do ano. Quando a propriedade vende café como produtos diferentes (com processamento ou sem processamento), o gestor deve separar a renda e os custos de cada um dos produtos para calcular a margem líquida do café em cada um deles. Para qualquer tipo de produto, a fórmula para o cálculo será: ML Área em hectares ML do tipo de produto Quantidade de café vendido em um tipo de produto Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 76 Outros indicadores Observe, agora, outros indicadores importantes para essa atividade! COE da atividade (R$) Preço médio unitário (R$ por saca) Ponto de cobertura operacional efetivo (em R$) O ponto de cobertura operacional efetivo é calculado por meio do COE da atividade dividido pelo preço médio unitário por saca. Ponto de cobertura operacional total (em R$) O ponto de cobertura operacional total é calculado por meio do COT da atividade dividido pelo preço médio unitário por saca. Ponto de cobertura total (em R$) O ponto de cobertura total é calculado por meio do CT da atividade dividido pelo preço médio unitário por saca. COT da atividade (R$) Preço médio unitário (R$ por saca) CT da atividade (R$) Preço médio unitário (R$ por saca) Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 77 Estoque de capital sem terra O estoque de capital sem terra é calculado em função da soma dos seguintes componentes: Estoque de capital com terra O estoque de capital com terra é calculado somando o valor da terra. Taxa de retorno do capital sem terra (% ao ano) Este indicador é calculado em função da ML dividida pelo estoque de capital sem terra e multiplicado por 100 (%). Taxa de retorno do capital com terra (% ao ano) Este indicador é calculado em função da ML dividida pelo estoque de capital com terra e multiplicado por 100 (%). ML da atividade Estoque de capital sem terra x 100 ML da atividade Estoque de capital com terra x 100 Benfeitorias Máquinas Forrageiras Refloresta- mento Terra Benfeitorias Máquinas Forrageiras Refloresta- mento Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 78 Relação benefício-custo A relação benefício-custo é calculada em função da renda bruta total dividida pelo custo total. O resultado dessa relação aponta quanto está retornando quando se investiu R$ 1,00. Nesse sentido, o resultado deve ser sempre acima de R$ 1,00 para ser positivo. RB total (R$ por ano) CT (R$ por ano) O Senar em Campo mostra uma história de sucesso da produção de café. Acesse o link: https://www.cnabrasil. org.br/videos/senar-em-campo-hist%C3%B3rias-de- sucesso-caf%C3%A9-es Resumindo o tópico Neste primeiro tópico, você: Entendeu como aplicar os indicadores na produção de café. Reconheceu as peculiaridades dessa cadeia produtiva, entendendo quais cálculos realizar para esse processo. Aprendeu qual é a forma correta de interpretar as informações e os dados gerados por esses indicadores.Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 79 Tópico 2: Indicadores na fruticultura (produção de mamão) Você conhece as peculiaridades da produção de mamão para a aplicação correta dos indicadores? Neste tópico, você verá mais a fundo os indicadores da produção de mamão, entendendo suas particularidades. Essa cadeia é bastante complexa, com particularidades que devem ser consideradas no momento do plano de gestão e gerenciamento. Gerenciar corretamente uma propriedade dessas cadeias ajudará a alavancar ainda mais este setor. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 80 Fruticultura (produção de mamão): indicadores técnicos Acompanhe como aplicar os indicadores técnicos e interpretar as informações das fases de reprodução das plantas matrizes e produção de mudas. Idade de frutificação das plantas Taxa de fecundação Idade da planta na primeira colheita Idade de floração das plantas matrizes Idade de floração das plantas matrizes É a idade em que a planta atinge sua primeira produção de frutos e sementes, ou seja, sua idade reprodutiva. Esse indicador expressa o resultado do manejo empregado no desenvolvimento das plantas matrizeiras. A referência considera vários aspectos na seleção de uma planta matrizeira, como altura, ramificação e tamanho de frutos. Referência: de 120 a 180 dias de idade, dependendo da região. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 81 Idade de frutificação das plantas É a idade em que a planta de mamão teve seus primeiros frutos. É importante conhecer esse período para o produtor monitorar a produção e observar perdas de frutos por ataque de pragas ou alguma deficiência nutricional que possa causar abortamento de frutos. Referência: de 40 a 60 dias após o início da floração. Idade da planta na primeira colheita É a idade em que a planta de mamão produz seus primeiros frutos e que estão aptos a serem colhidos. • Idade de reprodução: de 20 a 180 dias. • Período de frutificação da planta matriz de mamão: de 40 a 60 dias. • Frutos aptos para colheita e comercialização: 120 dias após a floração. O período de produção do mamão varia de região para região e pode ter, em geral, um ciclo de vida de 3 a 4 anos ou mais, com a necessidade de nova implantação da área após esse tempo. Assim, a idade na primeira produção é: Referência: 120 dias após o início da floração. Taxa de fecundação É a porcentagem de número de flores de mamão abertas em uma planta no universo de número de frutos destacados na mesma planta. Esse indicador mostra a eficiência da polinização, já que é uma característica da cultura existirem plantas de ambos os sexos (masculinas e femininas). De 120 a 180 De 240 a 300 dias, ou de 8 a 10 meses 120 dias (média) Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 82 Ela é calculada seguindo a seguinte fórmula: Intervalo entre a colheita e o início da nova frutificação É o intervalo entre o término da colheita (a colheita é realizada quando as frutas ainda estão com aspecto e coloração verdes) e a nova frutificação que gerou uma nova colheita. O monitoramento desse período é muito importante para a cultura, pois ele influencia o intervalo entre uma produção e outra, que pode ser mais tardia ou mais precoce, e, ao longo do tempo, também influencia o número total de colheitas. Não existe uma referência concreta para esse indicador já que a cultura do mamoeiro produz o ano todo, exceto em algumas regiões que apresentam épocas do ano com temperaturas baixas. O intervalo entre a colheita e a nova frutificação é de aproximadamente 2 meses. Taxa de reposição das plantas matrizes É a porcentagem de substituição de plantas matrizes por causa de problemas sanitários, reprodutivos, baixa qualidade dos frutos ou baixa produção de frutos. Esse cálculo apresenta a seguinte fórmula: Plantas matrizes novas Total de plantas matrizes 100 Taxa de reposição de plantas Não existe uma referência específica para a reposição de plantas, pois isso depende da quantidade de área de produção e, principalmente, da quantidade de semente a ser produzida. Número de frutos Número de flores abertas 100Taxa de fecundação Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 83 Na prática Considere os dados sobre uma propriedade produtora de sementes de mamão: • território = 2 hectares; • quantidade de plantas = 3.000 com média de 1.500 plantas por hectare; • ciclo do mamão = 3 anos O produtor tem que atender à demanda de sementes de mamão o ano todo. Sabendo disso, ele escalonou a produção em três etapas: 3.000 plantas 3 etapas 1.000 plantas Número de plantas por etapa 1.000 plantas 3.000 plantas 100 Taxa de reposição após 3 anos 33,3% Taxa de reposição após 1,5 ano Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 84 Vida útil das plantas matrizes de mamão A vida útil das plantas matrizes é o tempo médio que elas permanecem em produção no pomar. Referência: 3 anos. Indicadores da produção de mamão São dois os principais indicadores da produção de mamão. Observe! Relação fruto-semente É a quantidade de semente por fruto de mamão. É um importante indicador de eficiência na produção de mudas. A referência para esse indicador é de 200 a 500 sementes por fruto. Ciclos produtivos por ano Expressa a média de ciclo de produção por ano (considera-se em média um ciclo de 10 meses ou 300 dias). Esse indicador é calculado ao dividir 365 dias do ano pela duração de um ciclo. Veja a fórmula: 365 dias Duração de um ciclo produtivo Ciclos produtivos por ano = Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 85 Pare para pensar Talvez você pense que a diferença de 1,5 para 2 ciclos produtivos por ano seja pequena. Observe o resultado dessa variação para uma propriedade com 3.000 plantas de mamão: • 1,5 ciclo x 50 frutos por planta = 75 frutos/planta/ano, aproximadamente; • 2 ciclos x 50 frutos por planta = 100 frutos/planta/ano; • 25 frutos/planta x 3.000 plantas = 75.000 frutos/ano; • 75.000 frutos x 500 g de peso por fruto = 37.500 kg de frutos não comercializados naquele ano. 37.500 kg frutos não comercializados R$ 2,00 quilo da fruta R$ 75.000,00 a menos de faturamento para o produtor no ano. x Indicadores da fase de produção de sementes e mudas de mamão Veja a seguir os principais indicadores da fase de sementes e mudas! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 86 Altura das mudas 30 dias após a semeadura Total de mudas produzidas por planta/ano Sementes por planta/ano Porcentagem de sementes não germinadas Porcentagem de germinação de sementes índice de desenvolvimento diário da muda Sementes por planta/ano Este indicador permite avaliar o potencial genético das plantas matrizes para produzir sementes, assim como o manejo no pomar e a fase de reprodução das plantas. Ele é um indicador muito amplo, que deve ser constantemente monitorado pelos gestores. O cálculo é pela fórmula: Referência: de 15.000 a 25.000 sementes/planta/ano. Porcentagem de germinação de sementes Este indicador pode apontar se ocorreram problemas de manejo na reprodução ou mesmo questões sanitárias que envolvam as plantas matrizes. Segue a fórmula: Número de frutos por ano × Número de sementes por fruto Sementes germinadas Sementes semeadas x 100 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 87 Porcentagem de sementes não germinadas Este indicador também pode demonstrar problemas sanitários, de manejo na reprodução ou de extração da semente. A fórmula dele é: Referência: 20%. Total de mudas produzidas por planta/ano Este indicador expressa o manejo do pomar e o potencial genético das plantas matrizes de produzirem sementes e, em consequência, mudas. A fórmula para ele é: Referência: de 15.000 a 20.000 mudas por ano por planta. Essa análise pode serrestrita a cada ano ou a cada ciclo produtivo. Assim, basta contar quantas mudas foram produzidas pela planta matriz avaliada. Índice de desenvolvimento diário da muda O crescimento diário das mudas expressa o manejo a que estas estão sendo submetidas, com influência no vigor e na força que a planta apresenta para se desenvolver, e também pode evidenciar problemas sanitários ou nutricionais. Sua fórmula: Referência: de 1,5 cm a 2 cm de crescimento diário. Sementes não germinadas Sementes semeadas x 100 Total de mudas produzidas Nº de plantas matrizes Altura média das mudas Idade em dias Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 88 Esse indicador é muito utilizado na avaliação das mudas provenientes de cada planta matriz. Depois, é feita a média de todas as plantas matrizes para saber o resultado médio do pomar. Altura das mudas 30 dias após a semeadura (altura de transplante a campo) A altura das mudas 30 dias após a semeadura é um importante indicador, pois, se estiverem abaixo da altura indicada, as plantas poderão ter seu desenvolvimento comprometido nas outras fases. Referência: 20 cm. Indicadores da fase de transplante das mudas a campo Os indicadores são: Mortalidade Nutrição de plantas Referência para espaçamento de plantio Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 89 Mortalidade O indicador de mortalidade expressa a situação sanitária do lote de mudas e o efeito do manejo ao qual essas plantas são submetidas. A fórmula para este indicador é: Referência: 1,0%. Nutrição de plantas A nutrição de plantas mostra o quanto de nutriente uma planta necessita para converter em ganho de altura ou em matéria seca ou, ainda, em produtividade. Isto é, qual é a resposta de uma planta em relação a uma determinada quantidade de nutrientes disponível para ela. O gasto com adubação é o principal custo a partir dessa fase, logo, a conversão dos nutrientes em altura, matéria seca e principalmente produtividade é muito importante para a saúde financeira da propriedade. Sua fórmula: O indicador mostra, além do efeito da nutrição na produção vegetal, o efeito de todo o sistema, pois plantas com problemas sanitários, submetidas a estresse térmico, com injúrias, entre outros problemas, não expressarão o seu potencial genético de produção. Referência: é possível citar como referência uma pesquisa da Embrapa Trigo. Entenda melhor pelo Saiba Mais! Plantas mortas x 100 Total de plantas transplantadas Nutrição de plantas = kg de nutrientes fornecidos no período Quantidade de quilogramas de grãos produzidos Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 90 Referência para espaçamento de plantio A referência para o espaçamento de plantio é extremamente importante, uma vez que esse indicador reflete-se diretamente na produção de mamão por área e, consequentemente, nos custos de produção, já que, com mais ou menos plantas, irá demandar mais ou menos insumos. Referência: 3,0 m x 2,0 m, 3,0 m x 3,0 m ou 4,0 m x 2,5 m. Referência em relação ao número de plantas por hectare: 1.666 plantas, 1.111 plantas e 1.000 plantas por hectare, respectivamente. Cálculo para determinar a densidade de plantio para o espaçamento: Densidade = 10.000 m² / 3,0 × 2,0 Densidade = 10.000 m² / 6 m² Densidade = 1.666 plantas por hectare Saiba Mais Não há uma referência específica para a indicação “nutrição de plantas”, principalmente a campo, onde existem vários fatores que interferem nos resultados, diferentemente dos testes realizados em laboratório, ou seja, a campo o produtor pode trabalhar com esse indicador para gerar uma estimativa de produção em relação à quantidade de adubo disponibilizado para a cultura. No entanto, podemos citar como referência uma pesquisa da Embrapa Trigo, mencionada por SF Agro, em relação à adubação com doses de nitrogênio e ao resultado em produção. “A Embrapa Trigo avaliou a máxima eficiência econômica de cultivares semeadas em 32 experimentos, conduzidos durante dez anos (1990 a 2000) no Rio Grande do Sul. O melhor resultado foi alcançado com 83 kg por hectare de N, o que produziu 3.410 kg por hectare no rendimento de grãos.” Disponível em: . Acesso em: 4 jun. 2018. 3,0 m x 2,0 m em uma área de 1 hectare 10.000 m² Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 91 Indicadores da produção de mamão Mortalidade de plantas adultas no pomar A mortalidade nesta fase pode sinalizar diversos problemas nutricionais e sanitários, entre outros. Referência: para a fase é de 0,5% de mortalidade de plantas. Nutrição de plantas Com as mesmas importâncias definidas nas fases anteriores, não há uma referência específica para este indicador, e sim pode-se realizar uma estimativa de produção. Para cada quilograma de fruta produzida, o produtor gastou 100 g de adubo, ou seja, é apenas uma estimativa de gasto sobre a produção, mas, a partir dela, o produtor pode melhorar esse resultado, por exemplo, realizando uma análise de solo e adequando a adubação — quanto mais quilogramas de frutas produzidas, menor é o gasto com a adubação, ou seja, o custo será diluído na quantidade de produção. Nutriente fornecido no períodoNutrição de plantas = Quilogramas de frutos produzidos no período 2,5 kg de adubo por planta Nutrição de plantas = 25 kg de frutas por planta Nutrição de plantas 100 g de fertilizante= Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 92 Indicadores técnicos da produção de plantas adultas Este indicador refere-se ao efeito do espaçamento de plantio sobre a produção em quilogramas de mamão, bem como número de frutos por planta, produção em toneladas, número de frutos por hectare e peso médio de frutos de mamão. Seguem os indicadores de referência para cada item. Observe! Espaçamento de plantio e número de plantas por hectare Como exemplo, pense em pomares onde todas as fases sejam realizadas manualmente. O produtor utiliza o espaçamento de 3,0 m x 3,0 m, ou seja, o espaçamento entre fileiras e na fileira, respectivamente. Veja o cálculo para o número de plantas por hectare: • Número de plantas = 3,0 x 3,0 = 9 m² • Um hectare = 10.000 m² Número de plantas = 10.000 m² / 9 m² Número de plantas = 1.111 plantas Produção por planta A produção por planta pode ser expressa em quilogramas por planta ou número de frutos por planta. Por exemplo, um produtor possui em sua propriedade: • Plantas = 1.111 • Colheita da safra = 60.000 frutos Veja o cálculo: Número de frutos por planta = 60.000 frutos / 1.111 plantas Número de frutos por planta = 54 frutos por planta Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 93 Para o cálculo de quilogramas por planta: • Plantas = 1.111 • Produção = 30.000 kg Cálculo: Kg de frutas = 30.000 kg / 1.111 plantas Kg de frutas = 27 kg de frutas por planta Produção por hectare A produção por hectare pode ser expressa em toneladas de mamão por hectare ou número de frutos por hectare. Veja o cálculo utilizando valores anteriores: Número de frutos por hectare = 1.111 plantas x 54 frutos por planta Número de frutos por hectare = 60.000 frutas por hectare Para calcular a produção em toneladas, é necessário outro indicador, que é o peso médio dos frutos. Supondo que o produtor tenha produzido frutos com peso médio de 500 gramas, o cálculo fica da seguinte forma: Toneladas por hectare = 60.000 frutas x 500 gramas por fruta Toneladas por hectare = 30 toneladas de mamão por hectare Peso médio dos frutos Este indicador refere-se à qualidade dos frutos produzidos. Nesse sentido, o valor de mercado é maior, e o produtor torna-se mais competitivo. Observe o cálculo: Peso médio dos frutos = 30 toneladas x 1.000 kg Peso médio dos frutos = 30.000 kg x 1.000 g Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnicae Gerencial pg. 94 Peso médio dos frutos = 30.000.000 g de frutas Peso médio dos frutos = 30.000.000 g / 60.000 frutas Peso médio dos frutos = 500 gramas por fruto Todos esses indicadores são considerados ideais para o espaçamento utilizado e pelo nível tecnológico empregado na produção, ou seja, para a produção manual da fruta, eles servem como referência. Indicadores econômicos e de produtividade na produção de mamão Entenda melhor cada um desses indicadores! Indicadores de produtividade Indicador Fórmula Unidade Função Produção média de frutos/matriz/ano Produção total de frutos Nº médio de plantas matrizes Kg/planta/ano Avaliar a produtividade da planta matriz Sementes produzidas/matriz/ ano Total de quilogramas de sementes produzidas Nº médio de plantas matriz Quilogramas Avaliar a produtividade da planta matriz com enfoque na melhoria da produção Indicadores econômicos Indicador Fórmula Unidade Observações Renda bruta unitária Renda bruta Produção total de mamão R$/Kg Riqueza gerada por funcionário no mês Renda bruta Nº de funcionários R$/func/ano COE/Kg de mamão COE Produção total de mamão R$/Kg Avaliar o custo por kg Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 95 COT/Kg de mamão COT Produção total de mamão R$/Kg Avaliar o custo por kg CT/Kg de mamão CT Produção total de mamão R$/Kg Avaliar o custo por kg Representatividade do COE na RB (%) COE unitário Renda bruta unitária x 100 % Avaliar a % da renda comprometida com o COE Representatividade do COT na RB (%) COT unitário Renda bruta unitária x 100 % Avaliar a % da renda comprometida com o COT Representatividade do CT na RB (%) CT unitário Renda bruta unitária x 100 % Avaliar a % da renda comprometida com o CT Gasto com fertilizantes/RB da atividade Gasto com adubos na atividade RB da atividade x 100 % Avaliar a % da renda comprometida com o uso de fertilizantes Gasto com MDO/RB da atividade Gasto com MDO na atividade RB da atividade x 100 % Avaliar a % da renda comprometida com MDO Gasto com fertilizante/ Produção anual de mamão Gasto com fertilizantes Produção anual de mamão R$/Kg Definir quanto em R$ de fertilizante é necessário para produzir 1 kg de mamão Margem bruta unitária Margem bruta Produção anual de mamão R$/KG Avaliar a margem de contribuição de cada kg de mamão produzido Margem bruta por planta produtiva Margem bruta Nº médio de plantas produtivas R$/planta Avaliar a margem de contribuição de cada planta Margem líquida unitária Margem líquida Produção anual de mamão R$/KG Margem líquida por área de produção da cultura (ha) Margem líquida Área de produção da cultura (ha) R$/ha Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 96 Lucro Renda bruta – CT R$ Lucro unitária Lucro Produção anual de mamão R$/KG Lucro por área de produção da cultura (ha) Lucro Área de produção da cultura (ha) R$/ha Estoque de capital por Kg de mamão Estoque de capital Produção anual de mamão R$/Kg Avaliar a eficiência na utilização do capital (estrutura, máquinas etc.) Estoque de capital por área em hectares Estoque de capital Área em hectares R$/ha Avaliar a eficiência na utilização do capital (estrutura, máquinas etc.) Resumindo o tópico Neste segundo tópico, você: Compreendeu a forma correta de aplicar os indicadores na produção de mamão. Entendeu as particularidades dessa cultura, identificando os cálculos adequados para ela. Conheceu a forma correta de interpretar os dados e informações extraídos dos indicadores dessa produção. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 97 Tópico 3: Indicadores na produção de soja Será que a aplicação de indicadores vistos até agora funciona da mesma forma na produção de soja? A partir de agora, você verá como aplicar os indicadores na produção de soja, entendendo suas particularidades e como interpretá-los. Estimativa de produtividade (EP) A estimativa de produtividade é o principal indicador a ser utilizado para analisar o desempenho de lavouras anuais — neste caso, de uma lavoura de soja. Ele é um indicador composto e influenciado por quatro outros: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 98 Peso de mil grãos (g) Sementes por vagem Número de plantas por área Vagens por planta Entenda, agora, cada um dos componentes desse índice! Número de plantas por área É o parâmetro de maior influência sobre o EP e possui grande importância para a produção de grãos, visto que a população de plantas por hectare representa o item de maior influência na produtividade. Para realizar o cálculo de número de plantas por área, é necessário contar o número de plantas por 10 metros em linha, ou verificar o número de plantas em quatro linhas de 2,5 metros. Para obter a estimativa de plantas por metro, o número total dessas plantas deve ser dividido por 10. Considere o seguinte exemplo: em uma lavoura com espaçamento de 45 cm entre linhas, foram contadas plantas em 10 metros lineares, totalizando 120 plantas. Dessa forma, teremos: Plantas por metro 12 plantas por metro= Plantas por metro = 120 plantas 10 metros lineares Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 99 Logo, o cálculo por hectare fica da seguinte forma: Número de plantas por ha x 10= Número de plantas por metro Espaçamento (metros) Número de plantas por ha x 10= 12 plantas 0,45 m Número de plantas por ha 266,6 mil plantas/ha= Vagens por planta É o produto da divisão do número total de vagens pelo número de plantas avaliadas. O número de plantas por hectare ou por área é grandemente influenciado pelo manejo da lavoura, já que o ganho de vagens por planta é importante na produção final da lavoura. Observe o cálculo: Vagens por planta = Número total de vagens / Número de plantas avaliadas Considere os dados como exemplo: • Plantas de soja = 10 • Vagens = 300 Cálculo: Vagens por planta 30 vagens por planta= Vagens por planta = 300 vagens 10 plantas Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 100 Sementes por vagem De uma forma geral, uma boa estimativa de grãos por vagem é de 2,5 sementes. Essa estimativa é feita com a contagem do número de grãos por vagem. O resultado desse valor deve ser dividido pelo número de vagens contadas. Observe o cálculo! Sementes por vagem = Número total de grãos Número total de vagens contadas Considere os dados como exemplo: • Vagens: 50 • Total de grãos: 228 Cálculo: Sementes por vagem = 128 grãos 50 vagens Sementes por vagem = 2,6 grãos por vagem Peso de mil grãos A variação no peso dos grãos pode ser influenciada pela cultivar que está sendo utilizada, bem como pelas condições de manejo da lavoura. Esses valores variam entre 140 e 220 g por 1.000 grãos, porém, para fins de estimativa, utilizaremos o valor de 170 g por 1.000 grãos. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 101 Considere os dados para a estimativa de produção: • Número de plantas por hectare = 267 mil plantas • Vagens por planta = 30 vagens • Grãos por vagem = 2,6 grãos • Peso de mil grãos = 170 gramas • Peso em gramas de uma saca de soja = 60.000 g O cálculo fica da seguinte forma: EP = Planta por ha x Vagens por planta x Sementes por vagem x Peso de mil grãos 60.000 EP = 267 x 30 x 2,6 x 170 60.000 EP = 59,0 sacas por ha Seguindo essa metodologia, é possível ter a estimativa da produtividade da lavoura, porém sua precisão será mais próxima da realidade se forem amostrados mais pontos dentro da área. Pare para pensar Na sua opinião, após estudar este tópico, quais são as principais diferenças entre os indicadores das cadeias produtivas apresentadas? Com qual item se deve ter mais atenção em cada um deles? Módulo 4 Gerencial III da AssistênciaTécnica e Gerencial pg. 102 Indicadores econômicos A produção de soja requer o acompanhamento de alguns indicadores econômicos. Observe! Indicador Fórmula Unidade Observações Renda bruta unitária Renda bruta Produção total de soja R$/saca Riqueza gerada por funcionário no ano Renda bruta Nº de funcionários R$/ funcionários/ ano COE unitário COE Produção total de soja R$/saca Avaliar o custo por saca de soja COT unitário COT Produção total de soja R$/saca Avaliar o custo por saca de soja CT unitário CT Produção total de soja R$/saca Avaliar o custo por saca de soja Representatividade do COE na RB (%) COE unitário × 100 Renda bruta unitária % Avaliar a % da renda comprometida com o COE Representatividade do COT na RB (%) COT unitário × 100 Renda bruta unitária % Avaliar a % da renda comprometida com o COT Representatividade do CT na RB (%) CT unitário × 100 Renda bruta unitária % Avaliar a % da renda comprometida com o CT Gasto com fertilizante/RB da atividade (Gasto com fertilizante na atividade/RB da atividade) × 100 % Avaliar a % da renda comprometida com fertilizante Gasto com MDO/RB da atividade (Gasto com MDO na atividade/ RB da atividade) × 100 % Avaliar a % da renda comprometida com MDO Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 103 Gasto com adubo/ Produção de soja Gasto com adubo Produção de soja R$/saca Definir quanto em R$ de fertilizante é necessário para produzir uma saca de soja Margem bruta unitária Margem bruta Produção de soja R$/saca Avaliar a margem de contribuição de cada saca de soja produzida Margem bruta por saca vendida Margem bruta Nº sacas vendidas R$/saca Avaliar a margem de contribuição de cada saca de soja Margem líquida unitária Margem líquida Produção de soja R$/saca Margem líquida por saca vendida Margem líquida Nº sacas vendidas R$/saca Lucro unitário Lucro Produção de soja R$/saca Lucro por saca vendida Lucro Nº de sacas produzidas R$/saca Estoque de capital por saca de soja vendida Estoque de capital Produção de soja R$/saca Avaliar a eficiência na utilização do capital (estrutura, máquinas etc.) Resumindo o tópico Neste terceiro tópico, você: Conheceu mais a fundo os indicadores da produção de soja. Entendeu como aplicar os indicadores no processo produtivo, considerando suas particularidades. Compreendeu como interpretar os dados e as informações dessa produção. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 104 Tópico 4: Indicadores na horticultura (produção de cebola) Em quais outras culturas você acredita ser possível aplicar os indicadores técnicos e econômicos? No decorrer deste tópico, você conhecerá mais a fundo a produção de cebola, entendendo suas particularidades e seus indicadores, como interpretá-los e criar um bom plano de gestão e gerenciamento para esta cadeia produtiva. Na produção de cebola, o uso da irrigação é indispensável, exceto na Região Sul, onde os índices pluviométricos atendem à necessidade da cultura. Nesse sentido, a produção da hortaliça é maior, gerando maior renda para o produtor quando aliada a uma boa gestão da atividade. Aqui, também se aplicam os indicadores técnicos e econômicos. Sabendo como interpretá-los, você terá embasamento para a tomada de decisões, pensando assertivamente em prol do crescimento da propriedade rural. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 105 Área total (ha) Em propriedades produtoras de cebola, mede-se a área total destinada à atividade, incluindo as áreas dos depósitos de água para irrigação, das construções, das estradas, da reserva legal etc. A mensuração das áreas deve ser a mais precisa possível, pois influencia diretamente o indicador de taxa de retorno do capital com terra e também do capital empatado na atividade. Área de produção (ha) A mensuração das áreas de produção deve ser a mais precisa possível, pois influencia diretamente o indicador da produtividade por área — geralmente, utiliza-se a unidade de medida em hectares. No caso da produção de cebola, são três as formas de implantar uma lavoura. Conheça cada uma delas: Semeadura direta Sabe-se que 1 ha equivale a 10.000 m², por isso a medida mais comum é em hectares, por se tratar de uma medida universal. Ela será utilizada para o cálculo dos indicadores técnicos e econômicos. A semeadura em áreas maiores é realizada por sementes, e geralmente é o método de cultivo utilizado por grandes produtores. São usados de 3 kg a 5 kg de sementes por hectare, o que resulta em uma população de 800 a 1.200 mil plantas por hectare na semeadura. Transplante de mudas Na implantação de uma lavoura por mudas, é necessário produzir a muda por meio da semeadura de sementes em bandejas de isopor com número e tamanho de células variados. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 106 Esse método exige conhecimento técnico por parte do produtor, uma vez que um erro na produção de mudas compromete a produção final. Cultivo de pequenos bulbos Usa-se a cebola na fase jovem. Nesses casos, a área a ser utilizada é variada e pode ser em hectares ou em metros quadrados. A produção de bulbinhos para serem transplantados definitivamente é realizada: • em canteiros, • em linhas espaçadas de 10 cm, • na profundidade de 1 cm a 1,5 cm. São necessário: • de 2 g a 4 g de sementes por m² de canteiro, • de 1 kg a 2 kg de sementes para a obtenção de 1.500 a 1.800 bulbinhos. Isso é suficiente para o plantio de um hectare. A área a ser semeada para a produção de bulbinhos para um hectare é de 800 m². Para obter a unidade de medida metros quadrados, é simples: basta multiplicar um lado pelo outro = m². Em todos os casos, a área identificada como útil para a atividade desconsidera APPs, reservas legais, estradas, construções etc. Entenda os indicadores para essa atividade! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 107 Produção (kg) É a produção de cebola no período analisado. Esse volume é utilizado para a determinação da renda bruta e da produtividade por área em quilos por hectare. Ao fazer o levantamento, nenhum valor deve ser esquecido, pois isso causaria erro no cálculo de outros indicadores fundamentais para a tomada de decisão dentro da empresa rural. Entram também: Produção por área (kg/ha) Renda bruta do ciclo (R$/safra) Preço médio de venda (R$/safra) Produção de cebola no período analisado pela área de produção. Renda obtida com a venda da produção e dos subprodutos do beneficiamento da produção, se houver. Preço médio recebido a cada quilo vendido ao longo do período analisado. Como já visto, o valor é calculado pela divisão da renda bruta total apurada e a quantidade produzida. Aqui, também são aplicáveis outros indicadores ativos, que já foram estudados neste módulo e que também se aplicam a esta atividade. Não se esqueça de considerá-los em seu processo de gestão e gerenciamento! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 108 Gastos Gasto com mão de obra contratada para a atividade (R$/safra) Total dos gastos com pagamento da mão de obra contratada para a produção de cebola ao longo do período analisado. Gasto com água para irrigação (R$/safra) Na cultura da cebola com irrigação, o gasto com água é um fator importante a ser considerado em termos de gestão e deve ser contabilizado ao longo do período. A quantidade de água a ser utilizada na cultura pode variar de acordo com as condições climáticas e o ciclo da cultura. A necessidade de água para a cultura gira em torno de 350 mm a 650 mm, isto é, de 350 a 650 litros de água por metro quadrado por hectare durante seu ciclo de produção (que é em torno de quatro meses). Custos Conheça os indicadores de custos envolvidos na produção de cebola com irrigação! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 109 Custooperacional efetivo da atividade (R$/safra) Custo operacional total da atividade (R$/safra) Custo total da atividade (R$/safra) Total dos gastos diretos ao longo do ano para a produção de cebola. Envolve os gastos com mão de obra, insumos em geral, impostos e taxas, manutenção de máquinas e benfeitorias etc. Custo operacional efetivo da produção de cebola somado às despesas com a mão de obra familiar e às depreciações dos bens utilizados na atividade ao longo da safra. Custo operacional total da atividade somado ao custo de oportunidade investido na atividade ao longo da safra. Utiliza a taxa de juros de 6% ao ano. Também é importante considerar: Ponto de cobertura total (PCT) (kg/safra) Custo total da atividade no ano dividido pelo preço médio de venda do quilograma da cebola ao longo do período. Ponto de cobertura operacional efetivo (PCOE) (kg/safra) Custo operacional efetivo da atividade no ano dividido pelo preço médio de venda do quilograma da cebola ao longo do período. Ponto de cobertura operacional total (PCOT) (kg/safra) Custo operacional total da atividade na safra dividido pelo preço médio de venda da cebola ao longo do período. E para finalizar os indicadores de custos: PCT = CT da atividade na safra Preço médio de venda no período PCOE = COE da atividade na safra Renda bruta no período PCOT = COT da atividade na safra Preço médio de venda no período Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 110 Custo operacional efetivo/produção de cebola no período (R$/kg) Custo operacional efetivo da atividade na safra dividido pela produção de cebola no período em quilogramas. Esse indicador mostra qual é o COE de cada quilograma de cebola produzido (R$/kg). Custo operacional total/produção de cebola no período (R$/kg) Custo operacional total da atividade na safra dividido pela produção de cebola no período em quilogramas. Esse indicador mostra qual é o COT de cada quilograma de cebola produzido (R$/kg). Custo total/produção de cebola no período (R$/kg) Custo total da atividade na safra dividido pela produção de cebola no período em quilogramas. Esse indicador mostra qual é o CT de cada quilograma de cebola produzido (R$/kg). Custo operacional efetivo/preço do quilo da cebola (%) Custo operacional efetivo da atividade na safra dividido pelo preço médio de venda da cebola. COE da atividade na safra Produção total em kg COT da atividade na safra Produção total em kg CT da atividade na safra Produção total em kg COE unitário x 100 Preço médio de venda de cebola Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 111 Custo operacional total/preço do quilo da cebola (%) Custo operacional total da atividade na safra dividido pelo preço médio de venda da cebola. Custo total/preço do quilo da cebola (%) Custo total da atividade na safra dividido pelo preço médio de venda do quilograma da cebola. Estoques de capital Na produção de cebola, existem diferentes tipos de estoque. Observe! COT unitário x 100 Preço médio de venda de cebola CT unitário x 100 Preço médio de venda de cebola Estoque de capital em benfeitorias, máquinas e equipamentos (R$/safra) É o capital médio referente a todas as benfeitorias, máquinas e equipamentos cadastrado para a atividade, somado ao valor total da terra usada na cultura. Estoque de capital em benfeitorias, máquinas, equipamentos e terra (R$/safra) Estoque de capital em máquinas e equipamentos (R$) É o capital médio referente a todas as benfeitorias, máquinas e equipamentos cadastrado para a propriedade, somado ao valor total da terra. É o capital médio referente a todas as máquinas e equipamentos cadastrado para a propriedade. Estoque de capital em benfeitorias (R$) Estoque de capital em terra (R$) É o capital médio referente a todas as benfeitorias cadastrado para a propriedade. É o capital total referente a toda a área da propriedade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 112 Margem Margem bruta Margem bruta (R$/safra) Renda bruta da atividade descontando o custo operacional efetivo da atividade. A partir da apuração da margem bruta passamos a ter noção da capacidade da atividade de arcar com os custos fixos. Estes sendo pagos, passaremos para o cenário de lucro positivo. Margem bruta unitária da atividade (R$/kg) Margem bruta da atividade dividida pela produção de cebola no período analisado. Permite analisar o valor da margem bruta por unidade produzida. Margem bruta por área produtiva (R$/ha) Margem bruta da atividade dividida pela área total utilizada para a atividade. Importante indicador para analisar a eficiência no uso da área disponível para a produção, permitindo fazer comparações com outras atividades. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 113 Interpretações da margem bruta MB > 0 MB = 0 MB 0 | Margem bruta positiva Quando a margem bruta for maior que zero, significa que, pelo menos no curto prazo, a atividade está sendo viável. Neste caso, a análise deve avançar para a margem líquida e para o lucro. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 114 Margem líquida Margem líquida da atividade (R$/safra) Margem líquida unitária (R$/kg ou R$/L) Margem líquida por área (R$/ha) Renda bruta da atividade, descontando o custo operacional total da atividade. Margem líquida da atividade dividida pela produção de cebolas no período analisado. Margem líquida da atividade dividida pela área total utilizada para a produção de cebolas. Interpretações da margem líquida ML > 0 ML = 0 ML 0 | Margem líquida positiva Quando a margem líquida for maior que zero, isso significa que a atividade está sendo economicamente viável tanto no curto prazo como no médio prazo. Nesse caso, a análise deve avançar para o lucro da atividade. Lucro Lucro total da atividade (R$/safra) Rendabruta da atividade descontando o custo total da atividade. Lucro unitário da atividade (R$/kg) Lucro total da atividade dividido pela produção total de cebola. Lucro por área (R$/ha) Lucro da atividade dividido pela área total utilizada para a produção de cebola. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 116 Interpretações do lucro Lucro negativo Quando o lucro for negativo com margem líquida positiva, significa que a renda bruta da atividade não está sendo suficiente para cobrir o custo operacional efetivo, a mão de obra familiar, a depreciação e o custo de oportunidade do capital de acordo com a taxa de 6% estabelecida pela metodologia de ATeG. Isso caracteriza que a atividade está sendo rentável, porém não atrativa economicamente. Portanto, será mais vantajoso para o produtor investir todo o capital imobilizado na propriedade em outro negócio que apresente maior rentabilidade. Lucro igual a zero O lucro igual a zero é a situação que chamamos de lucro normal e é buscado pela maioria das empresas, pois neste ponto todos os custos estão sendo pagos e o produtor obtém a atratividade mínima determinada (custo de oportunidade do capital). Quando a empresa atinge esse patamar, está no seu ponto de cobertura total. Lucro positivo Quando o lucro é maior que zero, temos o que se chama de lucro supernormal. Isso significa que a empresa está cobrindo todos os custos de produção, tanto os variáveis quanto os fixos. Assim, a atividade pode ser considerada atrativa economicamente e viável no curto, no médio e no longo prazo. Essa situação mostra que o empresário deve investir mais na atividade, pois ela está remunerando seus investimentos. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 117 Capital empatado por unidade produzida – CEU (R$/kg) É a soma do capital médio empatado na atividade dividido pela produção total no período analisado. Demonstra a eficiência de uso dos bens para a produção de cebola. Quanto menor o valor de capital empatado por quilograma, melhor estão sendo utilizados os bens para produzir. Por outro lado, valores elevados podem indicar que a produção alcançada está sendo insuficiente para justificar os investimentos em infraestrutura produtiva. A fórmula de cálculo é a seguinte: Estoque de capital médio empatado na atividade Produção total Como a produção de cebola é um ramo de negócio muito versátil e com algumas especificidades, não é possível traçarmos valores padronizados para servirem de meta. Entretanto, veja o exemplo de uma propriedade que produz essa hortaliça. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 118 Fazenda São João Fazenda São João O Brasil é um país privilegiado no cenário da aquicultura, graças ao seu tamanho e à riqueza de suas bacias hidrográficas. Praticante da aquicultura, no ano anterior a propriedade produziu muito bem, trazendo grande satisfação ao seu proprietário, que agora passou a contar com a Assistência Técnica e Gerencial. Atente-se aos dados: • Proprietário: Sr. Antônio. • Atividade principal: produção de cebola, com cultivares do tipo baia periforme. • Técnica de Campo: Natália. Até aqui, foi possível perceber que o resgate de dados tem por finalidade identificar os resultados alcançados no exercício anterior da atividade, nos moldes de análise da metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, acelerar a análise comparativa com o exercício atual e auxiliar a gestão do negócio de forma mais rápida e eficiente. Resumindo o tópico Neste quarto tópico, você: Conheceu a atividade de produção de cebola, suas características e particularidades. Entendeu como aplicar os indicadores técnicos e econômicos nessa atividade, da forma mais aderente a ela. Compreendeu a interpretação dos indicadores, considerando as diferenças dessa atividade para com as demais apresentadas. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 119 Tópico 5: Indicadores na floricultura Você já imagina como aplicar os indicadores na floricultura? Neste tópico, você conhecerá mais a fundo a floricultura, suas particularidades e seus indicadores, sabendo como interpretá-los obtendo informações para o futuro planejamento e gerenciamento da atividade. A floricultura tem como objetivo a produção de rosas, orquídeas, cravos, margaridas e outros produtos dependendo da espécie de flor utilizada. Um maior intercâmbio de técnicas e experiências contribuiu decisivamente para o estabelecimento da produção de flores como setor importante da agropecuária brasileira. Hoje, existe um número significativo de produtores atuando nesta cadeia, o que reforça a importância de um bom gerenciamento das empresas rurais que atuam neste setor. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 120 Número de plantas por hectare A mensuração do número de plantas é obtida por meio da média anual durante o ano produtivo das quantidades de plantas que estão em produção somadas àquelas que vão começar a produzir (plantas em desenvolvimento vegetal). É importante separar esse indicador por espécie de flor produzida na propriedade para facilitar a compreensão e a tomada de decisão em relação à produtividade. Colheita da produção (botões florais, hastes ou plantas inteiras) Na floricultura, são produzidos cravos, orquídeas, rosas, margaridas, crisântemos, bocas-de-leão, copos-de-leite, bromélias, entre muitos outros. Portanto, é possível ter vários produtos que podem se tornar atividades produtivas na floricultura ao mesmo tempo. No cálculo da renda bruta da atividade, devemos somar todos os produtos e subprodutos comercializados, considerando sua produção anual. Preço médio de venda do produto (R$/un.) É o preço médio recebido a cada haste, botão floral ou unidade vendida ao longo do período analisado. Como já foi mostrado neste módulo, o valor é calculado por meio de uma média ponderada pela quantidade vendida do produto ao longo do período produtivo. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 121 Renda bruta da floricultura É a renda obtida com a comercialização de orquídeas, rosas, margaridas, cravos, crisântemos, bocas-de-leão, copos-de-leite, bromélias etc. no ano produtivo. Caso o foco do empresário rural seja somente produzir rosas, ele pode obter sua renda bruta ao calcular a quantidade de rosas vendidas em hastes multiplicada pelo preço médio ponderado no período avaliado. Representatividade por produto É a porcentagem da renda do produto comercializado em relação à renda total da atividade de produção de flores. Caso um empresário rural tenha foco na produção de rosas e esse produto represente 80% do faturamento da atividade de produção de rosas, a representatividade da rosa será de 80%. Essa porcentagem será utilizada para rateio dos custos. O mesmo raciocínio vale para todos os produtos da floricultura. Custos Para este estudo, os custos estão divididos em: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 122 Custo Operacional Total Custo Total Custo Operacional Efetivo COE COT CT Custo operacional efetivo da atividade (R$/ano) Total dos gastos diretos ao longo do ano para produção dos produtos da floricultura como um todo ou por espécie. Envolve os gastos com mão de obra, impostos e taxas, manutenção de máquinas e benfeitorias etc. Caso um empresário rural tenha foco na produção de orquídeas e esse produto represente 60% do faturamento da atividade de produção de flores, o custo operacional efetivo da produção de orquídea será 60% do custo operacional efetivo da atividade de produção de flores. Custo operacional efetivo por planta (R$/planta) É o custo operacional efetivo da atividade de produção de flores dividido pelo número de plantas dessa espécie de flores. COE da espécie Nº de plantas dessa espécie Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 123 Custo operacional efetivo porproduto (R$/un.) É o custo operacional efetivo da atividade da produção de flores (por espécie) multiplicado pela porcentagem de representatividade do produto no faturamento e dividido pela quantidade do produto que foi produzido no ano produtivo. Na prática Uma fazenda produtora de orquídeas precisa calcular seu custo operacional efetivo Observe os dados: • representatividade de orquídea no faturamento: 80%; • custo operacional efetivo da atividade de produção de orquídea: R$ 8.000/ano; • produção de orquídeas: 10.000 un./ano. 80 % x R$ 8.000,00 R$ 6.400,00 R$ 6.400,00 10.000 unid = R$ 0,64 Ou seja, o custo operacional efetivo por unidade de orquídea produzido foi de R$ 0,64 naquele ano. COE da atividade da produção de flores x % representatividade do produto Quantidade de produto produzido no ano produtivo Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 124 Custo Operacional Total Custo Total Custo Operacional Efetivo COE COT CT Custo operacional total da atividade (R$/ano) Total dos gastos diretos para obtenção dos produtos das plantas somado às despesas com a mão de obra familiar e às depreciações dos bens utilizados na atividade ao longo do ano. O cálculo pode ser realizado com o total de espécies que existem dentro da propriedade ou por cada espécie de flores. Caso um empresário rural tenha na produção margaridas e esse produto represente 65% do faturamento da atividade de produção de flores, o custo operacional total para a produção de margaridas será 65% do custo operacional total da atividade de floricultura. Custo operacional total por planta (R$/planta) É o custo operacional total da atividade da produção de flores, porém com o custo operacional total de cada espécie dividido pelo número de plantas dessa espécie. COT Nº de plantas da espécie Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 125 Custo operacional total por produto (R$/un.) É o custo operacional total da atividade produção de flores (por espécie) multiplicado pela porcentagem da representatividade do produto e dividido pela quantidade do produto que foi produzido no ano produtivo. Na prática Ainda sobre a fazenda produtora de orquídeas, veja como realizar o cálculo do custo operacional total por produto. Dados: • representatividade da orquídea no faturamento: 80%; • custo operacional total da atividade de produção de flores: R$ 15.000/ano; • produção de orquídea: 10.000 un./ano. 80 % x R$ 15.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 10.000 unid = R$ 1,20 Assim, o custo operacional total por unidade de orquídea produzida é de R$ 1,20 naquele ano. COT x % representatividade do produto quantidade de produto que foi produzido no ano produtivo Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 126 Custo Operacional Total Custo Total Custo Operacional Efetivo COE COT CT Custo total da atividade (R$/ano) Custo operacional total da atividade somado aos custos de oportunidade do capital empatado na atividade ao longo do ano. O cálculo pode ser realizado com o total de espécies de flores que existem na propriedade ou por cada espécie de flor. Custo total por planta (R$/planta) É o custo total de uma determinada espécie de flor dividido pelo número de plantas dessa espécie. Custo total por produto (R$/un.) É o custo total da atividade de produção de flores (por espécie) multiplicado pela porcentagem da representatividade do produto e dividido pela quantidade que foi produzida no ano produtivo. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 127 Na prática Caso uma propriedade rural seja focada na produção de crisântemos, considere o exemplo! Dados: • representatividade: 80%; • custo total da atividade de produção de flores: R$ 16.000/ano; • produção de crisântemos: 8.000 un./ano. 80 % x R$ 16.000,00 R$ 12.800,00 R$ 12.800,00 8.000 unid = R$ 1,60 Assim, o custo total por unidade de crisântemos produzida foi de R$ 1,60 naquele ano. Margem Conheça os indicadores de margens bruta e líquida na floricultura! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 128 Margem bruta Margem bruta da atividade de produção de flores (R$/ano) Margem bruta por planta (R$/planta) Margem bruta por produto (R$/un.) Renda bruta da atividade descontando o custo operacional efetivo da atividade, utilizando o total de espécies de flores implantadas na propriedade ou por espécie individualmente. Margem bruta da atividade dividida pelo número de plantas da mesma espécie. Margem bruta da atividade de produção de flores (por espécie) multiplicada pela especificação e dividida pela produção do produto no período analisado. Na prática Ainda considerando a propriedade produtora de crisântemos, vamos calcular sua margem bruta por produto: • representatividade: 80%; • margem bruta da atividade: R$ 7.000/ano. • produção de crisântemos: 6.000 un./ano. 80 % x R$ 7.000,00 R$ 5.600,00 R$ 5.600,00 6.000 unid = R$ 0,93 Assim, a margem bruta por unidade de crisântemos produzida foi de R$ 0,93 naquele ano. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 129 Interpretações da margem bruta MB > 0 MB = 0 MB 0 | Margem bruta positiva Quando a margem bruta for maior que zero, isso significa que, pelo menos no curto prazo, a atividade está sendo viável. Nesse caso, a análise deve avançar para o cálculo da margem líquida e do lucro. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 130 Margem líquida Margem líquida da atividade da produção de flores (R$/ano) Margem líquida por planta (R$/planta) Margem líquida por produto (R$/un.) Renda bruta da atividade, descontando o custo operacional total da atividade. Margem líquida da atividade (por espécie) dividida pelo número de plantas dessa espécie. Margem líquida da atividade de produção de flores (por espécie) multiplicada pela porcentagem da representatividade específica do produto e dividida pelo volume produzido no período analisado. Na prática Agora, considerando uma propriedade produtora de rosas, veja como calcular a margem líquida desse produto. Dados: • representatividade: 80%; • margem líquida: R$ 6.000/ano; • produção de rosas: 3.000 hastes/ano 80 % x R$ 6.000,00 R$ 4.800,00 R$ 4.800,00 3.000 hastes = R$ 1,60 Assim, a margem líquida por haste de rosa produzida foi de R$ 1,60 naquele ano. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 131 Interpretações da margem líquida ML > 0 ML = 0 MLigual a zero Se a margem líquida for igual a zero, isso significa que, pelo menos no médio prazo, o produtor pode continuar com a atividade, pois ele consegue manter o seu sistema de produção. Cabe ressaltar que ela não é viável no longo prazo, pois normalmente existe a necessidade de aplicar novas tecnologias e modelos produtivos, o que requer novos investimentos, tornando o sistema produtivo atual obsoleto e não mais competitivo no mercado. ML > 0 | Margem líquida positiva Quando a margem líquida for maior que zero, isso significa que a atividade está sendo economicamente viável no curto prazo e no médio prazo. Nesse caso, a análise deve avançar para o cálculo do lucro da atividade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 132 Lucro Veja os indicadores de lucro para a atividade de produção de flores: Lucro total da atividade de produção de flores (R$/ano) Renda bruta da atividade descontando seu custo total. Também se pode realizar o cálculo por espécie. Lucro unitário da atividade (R$/planta) Lucro total de uma espécie de flor dividido pelo número de plantas dessa mesma espécie. Interpretações do lucro Lucro negativo Quando o lucro for menor que zero, significa que a remuneração da atividade não está sendo suficiente para cobrir o custo de oportunidade do capital de acordo com a taxa de 6% estabelecida pela metodologia de ATeG. Isso caracteriza que a atividade não está sendo atrativa economicamente, portanto, caso todo o capital imobilizado na propriedade seja investido em outro negócio que apresente maior rentabilidade, será mais vantajoso para o empresário. No longo prazo, manter-se na situação de lucro negativo inviabiliza a atividade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 133 Lucro igual a zero O lucro igual a zero é a situação que chamamos de lucro normal e é buscado pela maioria das empresas, pois nesse ponto todos os custos estão sendo pagos e o produtor obtém a atratividade mínima determinada (custo de oportunidade do capital). Quando a empresa atinge esse patamar, está no seu PCT. Lucro positivo Quando o lucro é maior que zero, temos o chamado lucro supernormal. Isso significa que a empresa está cobrindo todos os custos de produção, tanto os variáveis quanto os fixos. Dessa forma, a atividade pode ser considerada atrativa economicamente e viável no curto, no médio e no longo prazo. Essa situação mostra que o empresário deve investir mais na atividade, pois ela está remunerando seus investimentos. Capital empatado por planta (R$/planta) Demonstra a eficiência de uso dos bens para a produção na floricultura. ...melhor será a utilização dos bens para a produção. Quanto menor for o valor por planta... Como já mostrado neste módulo, também pode ser calculado o capital empatado por produto produzido na floricultura. Exemplo: capital empatado por unidade de orquídea produzida. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 134 Ponto de cobertura total Corresponde à quantidade de plantas que a empresa deve possuir para cobrir os custos totais de produção. O indicador é obtido dividindo o custo total de cada espécie que compõe a atividade da floricultura pelo resultado obtido com a divisão da renda bruta da espécie pela quantidade de plantas dessa mesma espécie. Na prática Ainda sobre a propriedade com produção de crisântemos em que foi calculado o PCT. Dados: • renda bruta da produção de crisântemos: R$ 30.000,00/ano; • número de plantas: 600; • custo total da produção de crisântemos: R$ 20.000,00/ano; • renda bruta por planta = R$ 30.000,00 ÷ 600 = R$ 50,00/planta. R$ 20.000,00 R$ 50,00 = 400 plantasPCT = Caso as estruturas de custos e a produtividade média das plantas não se alterem, serão necessárias 400 plantas para o empresário rural cobrir todos os custos da atividade de produção de flores. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 135 Observe os dados e o cálculo: • preço do pacote de crisântemos: R$ 13,00/pacote; • quantidade de pacotes produzidos: 100/ano; • custo total do crisântemo: R$ 1.000,00/ano; • ponto de cobertura total = R$ 1.000,00 ÷ R$ 13,00 = R$ 76,00/pacote. Isso significa que para cobrir seus custos totais o produtor deverá produzir 76 pacotes, desde que a estrutura de custos identificada (variáveis + fixos) não seja alterada. Também podemos calcular o ponto de cobertura total por produto produzido na floricultura. Veja o exemplo do cálculo do ponto de cobertura total de pacotes de crisântemos. R$ 1.000,00 R$ 13,00/pacote = 76 pacotesPCT = Resumindo o tópico Neste quinto tópico, você: Conheceu melhor a floricultura, suas características e peculiaridades. Compreendeu a forma de aplicar os indicadores nessa cadeia produtiva que está em plena expansão no Brasil. Entendeu como interpretar dados e informações extraídos dela. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 136 Encerramento do tema Você chegou ao final do segundo tema e, durante os estudos, pôde conhecer os diversos indicadores técnicos e econômicos das principais cadeias produtivas da linha de produção vegetal em nosso país. Agora, finalizada esta etapa, você é capaz de: Avaliar qualquer tipo de atividade rural, já que não há grande variação na forma como esses indicadores são obtidos e na finalidade para a qual são utilizados. Reconhecer que a anotação e a mensuração dos indicadores de forma correta são fundamentais para a análise de viabilidade técnica e econômica dos negócios rurais. Aplicar esses conhecimentos para a identificação de entraves tecnológicos ou de gestão. Esta etapa está no fim, mas foi bem relevante e aprofundada sobre indicadores e informações essenciais para a gestão da propriedade rural! Agora, para finalizar, acesse o Ambiente de Estudos para assistir ao vídeo de Encerramento do Tema e continue acompanhando Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 137 Atividade de passagem Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu! Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok? Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos. Questão Sobre indicadores econômicos e técnicos das cadeias, podemos afirmar: a. Os indicadores das cadeias de soja e fruticultura (produção de mamão) surgiram a partir dos indicadores adotados na cadeia de produção de café. b. Cada cadeia agrícola possui os seus indicadores, conhecer e compreender as particularidades de cada cadeia contribui para o planejamento de ações assertivas. c. Os indicadores econômicos são semelhantes entre as cadeias. Os indicadores técnicos, por sua vez, são específicos para cada cadeia. • Somente A é verdadeira. • Somente B é verdadeira. • Somente C é verdadeira. • A e B são verdadeiras. • B e C são verdadeiras. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 138 Tema 3: Principais formas de interpretação de indicadores técnicos e econômicos Introdução Você está iniciando o terceiro tema do módulo. O objetivo é que você entenda, na prática, que os indicadores apontam a situação da empresa no momento da análise, pois são o reflexo dos custos e receitas da propriedade. Interpretando os indicadores, você terá embasamento para a tomada de decisões. Ao final deste tema, você será capaz de: • reconhecer que os indicadores ajudam nas decisões internas da empresa rural, • manter a consonância com a realidade de uma propriedade rural, • garantir o aproveitamento máximo das condições favoráveis. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 139 Estrutura do tema Para facilitar o entendimento do conteúdo, este tema está dividido em tópicos. Conheça o objetivo de cada umdeles. Tema 3 Tópico 1 Tópico 2Tópico 5 Tópico 4 Tópico 3 Análise e composição dos custos Entender como analisar os custos e os fatores que o compõem, tomando como base o princípio ou Lei de Pareto. Interpretação dos indicadores técnicos e econômicos Aprofundar os conhecimentos sobre os indicadores que serão utilizados na gestão do negócio. Aplicação das principais formas de interpretação dos indicadores Aplicar os conceitos vistos ao longo do módulo no exemplo da Fazenda Santa Felicidade. Evolução dos indicadores Aprender a aferir se o trabalho desenvolvido dentro da propriedade está gerando resultados positivos, se as metas estão sendo alcançadas e, até mesmo, verificar a necessidade de alterações no que foi planejado devido a mudanças no cenário interno ou externo da propriedade. Análise comparativa Compreender melhor os métodos de análise para comparar os valores encontrados nos cálculos realizados ao longo do curso. Agora que você conhece o objetivo de cada um, siga em frente e ótimos estudos! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 140 Tópico 1: Análise da composição dos custos Você reconhece a composição dos custos quando está analisando os dados da propriedade? No decorrer deste tópico, você verá como os indicadores podem mostrar pontos críticos presentes nas propriedades e que, muitas vezes, são negligenciados. A análise segmentada das estruturas dos custos é uma alternativa rápida e altamente viável de ser implementada na maioria das empresas rurais. Esse é um ponto de partida para a redução dos custos totais de produção, que culminará numa perspectiva de maior lucro ao final do período apurado. Vale destacar que não estamos afirmando que uma redução de custos é garantia de maior lucro. Isso porque o lucro vai variar não somente em função de fatores internos (custos), mas também de fatores externos, como nos preços dos produtos pagos ao produtor. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 141 Custo total Observe um esquema básico, que demonstra a inter-relação existente entre as estruturas do custo total (CT), para facilitar o entendimento e a tomada de decisões. Isso ajuda a identificar a origem de cada custo e em qual deles o administrador deve agir. Analisando de maneira detalhada e entendendo intimamente a estrutura dos custos, o administrador poderá tomar decisões mais assertivas para o negócio, do ponto de vista gerencial. Observe a ligação indireta que há entre o custo fixo e o estoque de capital médio (inventário da infraestrutura da empresa rural), cuja entrada nos custos de produção se dá através das depreciações e remunerações sobre o capital empatado na atividade. Assim, quanto maior o estoque, maiores serão os custos em depreciações e o custo de oportunidade, e vice-versa. Custo Total Custo Operacional Total Juro Sobre Capital Próprio Estoque de Capital Médio Depreciação Pró-labore do Administrador Custo Operacional efetivo Custo Fixo Custo Total Juro Sobre Capital Próprio Estoque de Capital Médio Depreciação Pró-labore do Administrador Custo Operacional efetivo Custo Fixo Custo Operacional Total Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 142 Esse tipo de análise de composição dos custos indica os principais pontos que, ao serem trabalhados, podem causar maior impacto nos resultados financeiros da empresa rural. Por exemplo, ao analisar detalhadamente os grupos de despesa que compõem o custo operacional efetivo (COE) e identificar quais estão onerando mais o COE, é possível identificar os gargalos da atividade na empresa rural. O ideal é analisar com base em parâmetros de propriedades que alcançam bons resultados (benchmarking), até porque ao simplesmente eleger os itens de maior peso na composição do COE como os vilões, é possível cometer equívocos. Naturalmente alguns grupos serão de maior vulto, como concentrado, volumoso e mão de obra na produção leiteira, por exemplo. Estes grupos de maior peso merecem sim maior atenção por parte dos gestores e técnicos, já que são mais representativos no montante total do COE, portanto se estiverem em desequilíbrio, o impacto negativo será maior. Para facilitar a análise, sugerimos a utilização de uma teoria chamada Princípio ou Lei de Pareto. Entenda melhor a Lei de Pareto lendo o quadro a seguir! Custo Total Juro Sobre Capital Próprio Estoque de Capital Médio Depreciação Pró-labore do Administrador Custo Operacional efetivo Custo Fixo Custo Operacional Total Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 143 Lei de Pareto O papo de hoje é sobre a Lei de Pareto. Você a conhece? Essa lei também é chamada de Princípio 80-20, pois ela afirma que, para muitos fenômenos, 80% das consequências é resultado de 20% das causas. Mas o que isso tem a ver com os custos? Bom, de acordo com esse pensamento, as causas seriam os grupos de elementos de despesa que compõem o custo de produção. Já as consequências seriam os resultados econômicos. No momento de definir as metas e decidir em que direção devem ser investidos os maiores esforços, é coerente utilizar a Lei de Pareto. Na prática, seria identificar os grupos de maior impacto. Ou seja, entre todos os grupos, quais são os 20% responsáveis por 80% dos resultados. Dessa forma, ao resolver os problemas responsáveis por essa porcentagem, teoricamente pelo menos 80% dos problemas com os custos estariam resolvidos. Assim fica mais prático, não é? Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 144 Composição do COE na atividade de citricultura Observe um exemplo de composição do COE na atividade de citricultura em uma propriedade. 19,73% 28,97% 0,10% 0,66% 8,89% 11,01% 13,80% 16,84% Transporte Mão de obra contratada Produção Compras Administração e gestão Comercialização Manutenção dos pomares Adubação de cobertura dos pomares Você pode observar que três grupos de despesas (adubos, transporte e mão de obra contratada) representam mais de 60% do desembolso do produtor no período analisado. Se no planejamento de melhorias o foco estiver em mais eficiência na utilização desses insumos e fatores de produção, com certeza será possível alcançar melhores resultados econômicos. É importante ressaltar que o trabalho de gestão do custo de produção não é simples e depende de análise técnica especializada. Em alguns momentos, ao invés de reduzir custos, talvez seja necessário aumentá- los, para que se possa alcançar os resultados almejados através da economia de escala. Esse é um processo que deve ser tratado permanentemente pelo Técnico de Campo que vai usar a metodologia de ATeG para alcançar o equilíbrio dos custos. Além disso, ao identificar o grupo de elementos de despesas que será alvo da intervenção na empresa, o Técnico de Campo precisa avaliar quais são os elementos mais impactantes, ou seja, qual ou quais deles estão contribuindo mais para o somatório das despesas. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 145 Pare para pensar É bastante comum que a ideia inicial de quem quer “cortar custos” seja eliminar os gastos considerados supérfluos, uma vez que, à primeira vista, eles não são indispensáveis ao processo produtivo. Sob esse ponto de vista, um gasto “supérfluo” pode ser a própria contratação da Assistência Técnica e Gerencial. Afinal, o produtor tende a pensar que “antes de contratar a assistência, eu já produzia”. Entretanto, a lógica do equilíbrio de custos é analisar as despesas mais impactantes para o custo total. Sem essas orientações gerenciais, a tomada de decisões pode ser equivocada. Pense nisso! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 146 Composição dos custos fixos e variáveis Ao identificar o gasto com a mão de obra contratada como o mais relevante item de despesa, devemos colocar em prática ações quee econômicas, • conhecer os indicadores técnicos e econômicos aplicados a cada uma das principais cadeias, entendendo como são calculados e qual é a origem das referências, • interpretar os indicadores, usando decomposição dos custos, análise comparativa e análise evolutiva. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 8 Praticando... Agora que você conhece os temas que serão trabalhados no módulo, o que acha de ver esses conceitos de forma mais prática? Assista ao vídeo Introdução no Ambiente de Estudos e entenda como poderá praticar e refletir durante todo o módulo, acompanhando a história do Técnico Marcelo e da Fazenda Santa Felicidade. Desafios da jornada Vale lembrar que o conteúdo é todo interligado, por isso, você precisa conhecer o primeiro tema, lendo todos os tópicos, e realizar a Atividade de Passagem, para depois iniciar o tema seguinte. Veja os ícones abaixo e relembre os tipos de desafios que você encontrará ao longo do módulo! Pense e Decida Situações práticas e objetivas em que você deve analisar o cenário e tomar uma decisão. Não possui valor para a certificação. Atividade de Passagem Tem o objetivo de verificar se você teve um bom aproveitamento em relação ao conteúdo do tema correspondente para prosseguir para o tema seguinte. Estudo de Caso Obrigatório e de valor avaliativo, o Estudo de Caso consiste em uma questão reflexiva, relacionada aos temas estudados. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 9 Simulado Depois de passar por todos os temas do módulo e tiver completado a última atividade, você deverá responder o Simulado. Avaliação A Avaliação é obrigatória e tem como objetivo verificar o seu desempenho em cada módulo. Fórum O Fórum proporciona o debate e a troca de conhecimento entre você e o tutor. Existe um Fórum por módulo, que fica aberto durante todo o seu período de estudos nesta fase. Ah, não se esqueça: • Realize, no Ambiente de Estudos, a pesquisa de satisfação. • A nota do módulo é composta por uma média simples. • Para passar: Avaliação + Estudo de Caso ÷ 2 = 6 ou mais. Tenha uma ótima jornada de conhecimento e crescimento. Bons estudos! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 10 Tema 1: Introdução ao estudo de indicadores Introdução Você está iniciando o primeiro tema do módulo. O objetivo é que você conheça o desempenho em suas duas dimensões – esforço e resultado – e a mensuração deles, feita pelos indicadores técnicos e econômicos. Além disso, é preciso compreender esses conceitos aplicados na linha de produção vegetal, já que a composição e a interpretação dos indicadores é a base para a gestão. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 11 Ao final deste tema, você será capaz de: • utilizar os conceitos de desempenho e seus indicadores, • diferenciar informações técnicas e econômicas de indicadores técnicos e econômicos, • realizar corretamente os cálculos dos indicadores, • aplicar esses conceitos na linha de produção vegetal. Estrutura do tema Em um bom gerenciamento, é importante medir o desempenho nas propriedades e evitar que as decisões sejam tomadas empírica e automaticamente com o risco de que os resultados encontrados sejam aleatórios. Para garantir que esse conteúdo seja melhor assimilado por você, o tema foi dividido em tópicos. Conheça o objetivo de cada um. Tema 1 Tópico 1 Tópico 2Tópico 5 Tópico 4 Tópico 3 Gestão de desempenho Conhecer o conceito de desempenho em suas duas dimensões: esforço e resultado. Introdução aos indicadores técnicos e econômicos Aprofundar seus conhecimentos sobre cálculo e sobre as definições que os indicadores devem utilizar na gestão do negócio. Tópico 5: Aplicação dos indicadores econômicos na produção de uva Aplicar os indicadores econômicos na produção de uva. Aplicação dos indicadores técnicos na atividade de fruticultura Aplicar os indicadores técnicos para avaliar a atividade de fruticultura. Indicadores e informações técnicas e econômicas Obter as principais informações técnicas e econômicas que fundamentam a produção de indicadores técnicos e econômicos. Tópicos bem interessantes, não? Agora que você já sabe qual é o tema de cada um, siga em frente! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 12 Tópico 1: Gestão de desempenho Muito se fala sobre desempenho, mas o que esse conceito significa na gestão de uma propriedade rural? No decorrer deste tópico, você vai conhecer o que são indicadores, quais são os tipos de desempenho e como analisar os resultados obtidos, para ter em mente todos os aspectos que envolvem essa etapa da gestão. A palavra desempenho possui algumas variações em sua interpretação, mas na área dos negócios, existe um consenso para o seu entendimento. O desempenho pode ser definido pela quantidade de esforços aplicada num sistema de produção, que tenha sido capaz de alcançar os resultados predefinidos pela organização. Ou seja, Esforços ResultadosDesempenho Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 13 Para sua aplicação prática, o desempenho precisa ser medido. Essa mensuração é realizada pelos indicadores, que são distribuídos de forma setorizada pelo sistema de produção para dimensionar os esforços e os resultados. Indicadores são instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das propriedades, pois permitem: Acompanhar o alcance das metas Correção de problemas Melhorias de qualidade Identificar avanços Verificação de necessidades de mudança Isso significa que os indicadores são as ferramentas de mensuração do desempenho. “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia” (DEMING, 1989). Sistema de produção e cadeia de valor O sistema de produção é o conjunto de processos e ações realizadas sobre uma base de recursos (máquinas, equipamentos, benfeitorias, pessoas, terra, animas e vegetais) para se produzir algo. No meio agropecuário os sistemas são amplos e complexos, sujeitos a forças da natureza, como clima, vegetação, solo, biologia etc. Isso faz com que parte do sistema de produção não esteja sempre sob o controle de decisão do gestor. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 14 Já a cadeia de valor é definida como o somatório de toda ação ou processo necessário para gerar ou entregar produtos ou serviços a um beneficiário. É uma representação organizacional que permite melhor visualização do valor ou do benefício agregado no processo, sendo utilizada amplamente na definição dos resultados e impactos de organizações. Mensurar o desempenho com base nos elementos da cadeia de valor permite que as organizações analisem suas principais variáveis associadas ao cumprimento dos seus objetivos: Quantos e quais insumos são requeridos. Quais ações serão executadas. Quantos e quais produtos/ serviços serão entregues. Quais impactos finais serão alcançados. Modelo dos “6 Es” do desempenho O modelo dos “6 Es” é uma sistematização da análise do desempenho. O estudo desse modelo permite entender o desempenho sob a ótica de 6 subdimensões que derivam do esforço e do resultado. O detalhamento desse estudo é a base para a análise dos indicadores técnicos e econômicos que serão apresentados no decorrer do módulo. Os indicadores são as ferramentas utilizadas para medir o desempenho em suas subdimensões. Os “6 Es” são distribuídos da seguinte forma: 3 na dimensão do esforço e 3 na dimensão do resultado. Entenda! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 15 Dimensão do Esforço Dentro de um sistema de produção, são definidos procedimentos, tarefas e metas a serem alcançadas, que são as bases para a mensuração do esforço. Ele se divide em três pilares, que serão vistos adiante. Dimensão do Resultado As três dimensões dos resultados estãovisem à melhoria do resultado desse elemento de despesa. São exemplos de investimento em mais produção (ganhos de escala) e que visam a melhor eficiência da mão de obra na atividade: tecnologias, entre outras ações. sistema de bonificação, treinamento e capacitação da mão de obra, bom relacionamento entre patrão e colaborador, Não se pode esquecer que também deve ser analisada a composição dos custos totais, pois é principalmente neles em que se verifica o impacto dos custos fixos (depreciações, custo de oportunidade do capital e mão de obra familiar). Veja um exemplo de composição dos custos fixos e variáveis em uma atividade rural. Custos variáveis: 80% Custos fixos: 20% Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 147 Essa é uma análise importante, pois os custos fixos tendem a ser “invisíveis” ao produtor. Se a atividade não estiver pagando esses custos fixos... a propriedade entrará numa fase de descapitalização, não poderá substituir seus bens ou investir mais na atividade, o que inviabiliza o negócio em médio e longo prazo. Os custos fixos tendem a se manter constantes em curto e médio prazos, não sofrendo alterações significativas de valor global de acordo com o volume produzido – se as mesmas estruturas forem mantidas. A retirada de bens do inventário por meio da venda, doação ou exclusão, em caso de benfeitorias, pode contribuir para a redução dos custos fixos, já que cessa a incidência de depreciação sobre o valor do bem, o que acarretará a redução do capital empatado para a atividade. Entretanto, é possível diluir os custos fixos individualmente nas unidades produzidas, através do ganho de escala, mantendo-se as mesmas estruturas. Dentro de uma visão sistêmica genérica, pode- se dizer que não existe parâmetro de limite financeiro para o COE, pois ele vai variar de acordo com o volume que se deseja produzir. Porém, isso não anula a necessidade de analisar frequentemente sua composição e participação esperada dentro de cada sistema, de acordo com parâmetros técnicos médios do mercado. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 148 Custo operacional total O COT deve ser o mais próximo possível do COE, o que indica baixo impacto das depreciações e da mão de obra familiar na estrutura de custos da empresa rural. Consequentemente, o CT também deverá ficar o mais próximo possível do COT, o que indicará baixo impacto do custo de oportunidade do capital empatado na atividade. O gráfico a seguir apresenta dois cenários distintos. 0% 20% 40% 60% 80% 100% COE COT CT A barra inferior representa o elevado distanciamento entre COE, COT e CT, demonstrando ineficiência na gestão dos custos fixos. 0% 20% 40% 60% 80% 100% COE COT CT Na barra superior, há proximidade entre os indicadores de custos, demonstrando uma boa gestão dos custos fixos. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 149 Agora, veja se o conceito foi bem entendido. Pense um pouco sobre e responda! Considere que duas propriedades rurais: • produzem os mesmos produtos, • obtêm as mesmas receitas e os mesmos custos variáveis e • contam com a mesma estrutura de mão de obra familiar. Porém, nas análises comparativas a partir do cálculo do COT, elas apresentam diferenças significativas, conforme mostra a tabela. Descrição Propriedades A B Renda Bruta (RB) R$ 600.000,00 R$ 600.000,00 Custo Operacional Efetivo (COE) R$ 350.000,00 R$ 350.000,00 Custo Operacional Total (COT) R$ 450.000,00 R$ 500.000,00 Custo Total (CT) R$ 490.000,00 R$ 560.000,00 Lucro R$ 110.000,00 R$ 40.000,00 Levando em conta a mesma estrutura de custos da mão de obra familiar, é possível atribuir essa discrepância de lucro entre as duas propriedades a: Componentes essenciais do custo total (CT) Demais componentes de custo fixo (COT) Justifique aqui a sua escolha! Pense e decida Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 150 Feedback É essencial se atentar a todos os dados apresentados a você durante a análise financeira. O contexto já dizia que os custos da mão de obra familiar têm a mesma estrutura. Logo, fica mais claro atribuir a discrepância entre os lucros das duas propriedades considerando os outros dois componentes do custo fixo: a depreciação e o custo de oportunidade. • Diante de um resultado como esse, cabe ao Técnico de Campo analisar: • se há “excesso” ou subutilização de infraestrutura na propriedade, o que leva ao aumento do COT e, por consequência, do CT, fazendo com que o seu lucro fique menor. • se é possível um aumento de produção para diluir os custos de depreciação e custo de oportunidade, tendo isso como objetivo futuro. • se é possível ajustar a produção, realizar um planejamento e as adequações técnicas e econômicas que possam aumentar a produção sem comprometer a saúde financeira do produtor. Realidade do campo É interessante ressaltar que na maioria dos casos, ao se deparar com propriedades em situação como as apresentadas no exemplo, você pode ouvir que ambos os produtores obtêm o mesmo lucro em suas respectivas atividades. Mas na realidade, eles estão calculando o que, na metodologia de ATeG, é caraterizado como margem bruta, ou seja, MB = RB - COE. Ou seja, os custos fixos, por não exigirem desembolso financeiro, estão sendo negligenciados ou são desconhecidos. O Técnico de Campo deve também analisar se esse “excesso de estrutura” não fazia parte do planejamento estratégico da empresa, a qual estaria ciente desse impacto, pois tem um projeto de expansão e de aumento de produção. Portanto, fique sempre atento! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 151 Resumindo o tópico Neste primeiro tópico, você: Se aprofundou na composição dos custos, conhecendo cada elemento que faz parte desses indicadores. Entendeu como encontrar esses elementos em algumas cadeias produtivas apresentadas. Compreendeu a forma correta de analisar esses indicadores, considerando os aspectos relacionados a eles. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 152 Tópico 2: Interpretação de indicadores técnicos e econômicos Você saberia interpretar os indicadores de forma detalhada na propriedade que atende? Neste tópico, você vai aprender a interpretar detalhadamente o que os indicadores apontam, para criar estratégias gerenciais inteligentes com suas indicações, entre os aspectos da propriedade. Depois de estimar os custos de produção e seus gargalos, o próximo passo é analisar os resultados técnicos e econômicos, para identificar a viabilidade econômica e a perpetuidade da atividade em questão. Vale destacar que a literatura reúne uma grande variedade de indicadores técnicos e econômicos, mas o importante não é o cálculo do maior número possível de indicadores, mas sim de um conjunto que permita conhecer a situação da propriedade rural, segundo o grau de profundidade pretendido pela análise aplicada. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 153 A quantidade de indicadores que deve ser utilizada depende exclusivamente da profundidade da análise que se pretende fazer. A interpretação de indicadores pode ser segmentada em duas vertentes: técnicos e econômicos. Acompanhe! Índices técnicos Técnico Econômico Os índices técnicos são indicativos do desempenho da planta dentro do sistema produtivo e: • podem ser analisados individual ou coletivamente, • possibilitam um diagnóstico sobre a eficiência do sistema, • fornecem dados para a tomada de decisões gerenciais. Eles são obtidos por meio da escrituração da propriedade, abastecida pela coleta e registro de dados específicos para cada cadeia produtiva. Esses dados são muito importantes e precisam ser monitorados no decorrer do processo produtivo, devendo permanecer sem alterações por todo o período, para evitar possíveis distorções. A partir deles, o técnico e o produtor poderãoobservar se os resultados alcançados a cada etapa estão dentro do esperado para a atividade escolhida e na época e na região em que está inserida. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 154 Entenda melhor a importância das anotações para o produtor assistido! A importância das anotações para o produtor assistido Vamos falar sobre anotações? Parece bobagem, mas essa é uma prática essencial para a gestão de diversas coisas, principalmente, de uma empresa. Por isso, é muito importante que você, técnico de campo, faça com que o grupo de produtores que você atende se sensibilize sobre isso. Um gerenciamento baseado na realidade de uma propriedade é fundamental para garantir resultados efetivos. Então, reforçar que eles façam anotações no momento da ocorrência, permite essa fidelidade. Existe uma tática usada em propriedades atendidas pela ATeG, que tem feito sucesso. A ideia é estimular o envolvimento da família, como cônjuge, filhos e outros familiares, no processo de gestão. Como você sabe, muitos produtores dizem que a culpa pelos problemas de gestão é a falta de tempo ou cansaço. Outros, mais conscientes, assumem a falta de habilidades para lidar com planilhas ou fazer anotações. Assim, envolver uma terceira pessoa pode ser um motivador para que a metodologia seja aplicada. Isso se torna ainda mais relevante quando consideramos que existe um índice bem alto de analfabetismo adulto nas comunidades rurais, o que pode inviabilizar as anotações de campo. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 155 Por isso, vale sensibilizar e também observar a realidade dessas pessoas. para poder ajudá-las nessa questão tão importante para a propriedade. Uma boa dica para o Técnico de Campo é demonstrar sua organização pessoal, apresentando a planilha de controle de custos e mostrando que entende dos pontos necessários para a execução da assistência técnica. Assim, ele ficará mais confortável quando cobrar do produtor a anotação dos dados, não caindo no dito popular “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Na prática Em uma propriedade de produção de erva-mate, o Técnico de Campo encontra uma produtividade de 300 @/ha/ano. Como a referência de produtividade é igual a 500 @/ha/ ano, fica nítido que a propriedade se encontra abaixo do esperado. A situação vai comprometer os resultados econômicos da propriedade, uma vez que esse indicador está fortemente atrelado ao sucesso, ou não, da atividade. Apenas essa constatação, por si só, não vai alterar o resultado econômico – deve haver uma tomada de decisão no campo prático. É aí que entra o conhecimento técnico! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 156 A causa para o fraco desempenho desse indicador deverá ser investigada: • Nutrição das plantas? • Doenças que estão influenciando a produção? • Baixa eficiência dos produtos fitossanitários usados no controle de doenças ou pragas? • Baixa densidade de plantas por hectare? • Alta taxa de mortalidade de plantas: qual é a causa? • Baixa quantidade de massa verde por planta (manejo incorreto na colheita anterior)? O Técnico de Campo deve realizar uma investigação completa no sistema de produção para identificar corretamente qual (ou quais) dos pontos analisados deve ser aprofundado, em vista do resultado encontrado. Indicadores econômicos Técnico Econômico A interpretação de indicadores econômicos visa analisar apenas os resultados financeiros apurados no período analisado. Portanto, para o entendimento correto dos resultados obtidos, é imprescindível o conhecimento conjunto dos indicadores técnicos e econômicos, que estão intimamente ligados. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 157 É por meio dessa visão de conjunto, em que a análise técnica é utilizada para melhorias econômicas, que a ATeG se diferencia das demais metodologias em nível de exigência e comprometimento do Técnico de Campo. Outro fator diferencial é a limitação do número de propriedades em que profissional vai atuar. Assim, a metodologia de ATeG se baseia na melhoria dos resultados econômicos das propriedades assistidas. Se não for para “ganhar dinheiro”, o produtor não precisa de assistência técnica. Nesse sentido, é fundamental que o Técnico de Campo conheça e use o quadro a seguir, que resume os indicadores econômicos já estudados! Situação Análise da RB Resultado Tendência 1 RB CT Lucro positivo (supernormal) Possibilidade de investimentos O alinhamento da produção com o mercado consumidor é fundamental na etapa de planejamento, antes do início da atividade, com a interpretação dos indicadores para o planejamento da atividade em curso e futura. Assim, o produtor poderá mitigar os efeitos do meio externo, ajustando-se à relação entre preço e demanda, podendo assim atuar em um mercado com preços justos e custos competitivos. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 158 [informação extra] Uma vez fixado o conceito de que é necessário ficar atento aos valores dos indicadores técnicos como forma de obter um melhor retorno econômico da atividade, podemos lançar mão de uma ótima ferramenta para avaliarmos o desempenho da atividade monitorada. A ferramenta consiste em criar um quadro de referências bibliográficas para aquela cultura, de preferência na região em que se está trabalhando. É muito importante buscar esses dados de produção locais para termos comparativos mais realistas, não frustrando expectativas ao superestimar os indicadores, nem correndo o risco de subestimá-los naquela região, gerando a sensação de que a produção está dentro do ótimo referenciado, mas sem que tenham sido consideradas as características edafoclimáticas e econômicas locais. Fazenda Boa Esperança e Fazenda Campo Santo Vamos conhecer um exemplo para a viticultura, uma das cadeias mais estudadas da fruticultura e que possui muitas referências técnico-econômicas, possibilitando o benchmarking. Veja no quadro a seguir, índices hipoteticamente alcançados em duas fazendas (fictícias) atendidas pela ATeG: Fazenda Boa Esperança e Fazenda Campo Santo: 1 Indicadores técnico-econômicos Referência Fazenda Boa Esperança Fazenda Campo Santo 2 Total de plantas em produção (PP) sobre o total de plantas adultas (PA) 83% 70% 95% 3 Total de plantas em produção (PP) sobre o total de plantas do pomar (PPo) 40% 39% 20% 4 Gasto com fertilizantes sobre COE da uva 30% 34% 15% Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 159 Observando a tabela, é possível que gestores realizem diversas análises que vão subsidiar a tomada de decisões na empresa rural. Essas medidas de referência devem ser sempre levadas em consideração como um parâmetro a ser atingido, porém não significa que, ao alcançar essas metas, será possível dizer que a atividade é totalmente viável, pois teremos que considerar as características locais do negócio. Ao analisar o total de plantas em produção (PP) sobre o total de plantas adultas (PA), é possível ver a referência de 83% (meta). Na fazenda Boa Esperança, o alcançado foi de apenas 70%. Na fazenda Campo Santo, o alcançado foi superior ao esperado, 95%. Em ambos os casos os gestores devem realizar um levantamento de dados para complementar a análise desse cenário. Fazenda Boa Esperança: fica nítido que há um grande número de plantas que não estão produzindo ou com pouca produção e que deveriam estar em boa produção. O dever do técnico, agora, é investigar o motivo para essa situação: • Reprodução (taxa de fecundação de frutos)? • Aumento do número de plantas? • Erros técnicos no momento de uma pulverização?• Problemas sanitários e/ou nutricionais? • A medição utilizada foi a mensal ou a média anual? 1 2 2 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 160 Fazenda Campo Santo: os questionamentos também devem ser realizados, pois se esse indicador se mantiver, poderá haver período de escassez do produto. Isso porque cada safra é diferente, ou seja, na próxima safra, o número de plantas produtivas pode ser menor por causa de um problema relacionado à produção, o que causará uma queda brusca desse indicador. • Houve morte de plantas? Enfim, tudo deve ser analisado, já que um grande número de fatores está envolvido. Ao analisar o total de plantas em produção (PP) sobre o total de plantas do pomar (PPo), é possível ver: Fazenda Boa Esperança: o índice alcançado de 39% foi bem próximo ao desejado (40%). Isso indica que o pomar está estabilizado e essa diferença de um ponto percentual pode ter sido causada por um aumento de plantas produtivas do pomar. Fazenda Boa Esperança: é possível notar que a fazenda possui grande quantidade de plantas em fase não produtiva (áreas sendo implantadas e áreas com plantas em desenvolvimento vegetativo), o que faz com o que o índice alcançado fique abaixo do ideal. Quando analisamos esse indicador com o anterior, podemos supor que o produtor está projetando um aumento de produtividade, mas, no momento, encontra-se com boa parte do pomar em fase de desenvolvimento. Pode ter havido remoção de uma área com plantas muito velhas (com padrão genético/produtivo não desejado para suas metas) e a consequente abertura de novas áreas de cultivo da videira, em consonância com seu planejamento estratégico para o negócio. 2 3 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 161 Ao analisar o “Gasto com fertilizantes sobre COE da uva”, já se percebe que a referência é o limite de 30% do COE. • Fazenda Boa Esperança: 34% • Fazenda Campo Santo: 15% Esse indicador exerce forte impacto nos custos totais de produção, porém sua análise é cercada de complexidades, por ser justamente um custo “obrigatório” ao se decidir produzir. Não existe uma determinação para seus limites mínimos ou máximos. É importante termos um parâmetro para os seus componentes mais importantes (gastos com concentrado e mão de obra contratada). Uma vez definido em porcentagem, e não em valores, esse indicador sofrerá alterações sempre que o COE total foi modificado. Fazenda Boa Esperança: devemos observar a rotina da propriedade para identificar o motivo desse distanciamento da meta. • Distribuição inadequada do fertilizante? • As plantas estão ou não divididas em áreas por faixa de produção (tempo de produção), premiando as áreas mais produtivas? • Há métodos alternativos para baratear a nutrição das plantas, mantendo o mesmo nível de uso de fertilizantes ou até o diminuindo? • O mercado está remunerando de forma compensatória o valor do quilo da uva, a tal ponto que justifique elevar a produção por meio do maior fornecimento de fertilizante? Assim, notamos que devem ser avaliados diversos fatores antes da tomada de decisão de reduzir, manter ou até mesmo de aumentar o alcançado neste indicador. 4 4 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 162 Fazenda Campo Santo: foi identificado que a empresa opera abaixo do limite estabelecido, não necessariamente indicando uma boa gestão desse recurso. O melhor custo não é o menor ou o maior, mas quando existe equilíbrio em relação à renda bruta gerada. No entanto, é preciso analisar o cenário em que essa empresa se encontra, pois é possível identificar se é necessário: • reduzir ainda mais o indicador, por meio dos mesmos questionamentos realizados para a fazenda Boa Esperança, • aumentar esse gasto, para que a empresa alcance um maior patamar produtivo, diluindo custos fixos, aumentando sua participação no mercado e alcançando competitividade suficiente para discutir preços com fornecedores e clientes. Resumindo o tópico Neste segundo tópico, você: Entendeu como interpretar os indicadores técnicos e econômicos considerando as diversas cadeias produtivas apresentadas. Compreendeu a forma de análise usada na prática, acompanhando os estudos de caso. 4 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 163 Tópico 3: Análise comparativa Você sabe no que consiste uma análise comparativa em uma gestão de propriedade rural? A partir de agora, você vai ver como interpretar comparativamente os indicadores, entendendo melhor suas particularidades quando analisados paralelamente, entre os índices da propriedade rural e também em relação a outras propriedades. A análise comparativa pode ser feita de várias formas: entre estados etc. entre regiões entre grupos de produtores entre fazendas dentro da fazenda Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 164 O produtor, juntamente com o Técnico de Campo, deve mensurar e classificar índices técnicos e econômicos de sua propriedade segundo cada sistema, identificando unidades produtoras de referência ou benchmarking. A utilização de índices dentro da empresa rural é importante para a avaliação da capacidade produtiva do negócio e para a adequação da tecnologia utilizada, com vistas às metas estabelecidas no planejamento. Caso sejam realizadas comparações com outras empresas rurais, elas sempre devem ser feitas com empresas bem-sucedidas. O objetivo das comparações com essas empresas é poder identificar os pontos a serem trabalhados, conhecendo o caminho que já levou a bons resultados. Fazenda São Matias Fazenda São Matias Propriedade com produção de arroz irrigado. – Está recebendo atendimento de ATeG. O Técnico de Campo realizou o diagnóstico e identificou seus indicadores técnicos e econômicos mais relevantes. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 165 Porém, para fugir da visão limitada que essa análise possibilita, ele resolveu fazer a comparação com a média obtida nas 10 propriedades superiores da região em que a propriedade rural está inserida. Observe a tabela! Indicadores técnicos e econômicos Unidade Fazenda São Matias Fazendas superiores Variação Produção por área de arroz* Sacas/ha 130 150 ‒13,34% COE por área de arroz R$/ha 2.149,20 2.073,55 ‒3,64% CT por saca R$/saca 50,93 43,88 ‒36,57% CT por área de arroz R$/ha 7.232,44 6.782,35 ‒6,63% O Técnico de Campo pôde notar que, mesmo com uma produção aparentemente boa por área de arroz, a propriedade possui desempenho inferior à média de produção (13,34%), quando comparada às 10 propriedades superiores de sua região. Caso ele se aprofunde mais na análise, fazendo a comparação com uma propriedade superior nesse indicador em específico, poderia descobrir uma discrepância maior que a encontrada. Isso porque o termo “média” significa assumir que metade dos valores está abaixo e outra metade está acima do valor encontrado. Para solucionar esse “problema”: Será necessária uma análise de mercado e de indicadores técnicos. Ela deve justificar a busca do valor superior (150 sacas/ha). O técnico ainda pode definir esse valor como meta no planejamento. Na análise financeira, observou-se que a propriedade está com sua estrutura de custos, desde o COE até o CT, mais elevada que a média das 10 propriedades superiores em sua região. Assim, também o técnico também deverá buscar soluções para essa situação, que são basicamente gerenciais (ambiente interno). Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 166 Fazenda Campo Largo Fazenda Campo Largo Propriedade com foco na produção de feijão com variedade de média tecnologia. – Está recebendo atendimento de ATeG. O Técnico de Campo realizou o diagnóstico e identificou seus indicadores técnicos e econômicos, conforme mostra o quadro a seguir. Para fugir da visão limitada que essa análise possibilita, ele também resolveu fazer a comparação coma média obtida nas 25 propriedades superiores da região em que a propriedade rural está inserida. Indicadores técnicos e econômicos Unidade Fazenda Campo Largo Superiores Variação Produção por hectare de feijão Sacas/ha 35 45 22,23% COE por hectare de feijão R$/ha 3.650,00 4.200,00 ‒41,82% CT por saca R$/saca 152,85 107,77 ‒41,82% CT por hectare de feijão R$/ha 5.350,00 7.650,00 30,07% Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 167 Notou-se que, mesmo com uma produção aparentemente boa por área de feijão, a propriedade possui desempenho inferior nesse indicador (22,23%), quando comparada com a média de produção das 25 propriedades superiores. Para solucionar esse “problema”, deve haver uma análise de mercado e de indicadores técnicos que justifique a busca pelo valor superior (45 sacas/ha), podendo defini-lo como meta no planejamento. Por exemplo: sementes certificadas, com alto potencial de germinação e vigor. Para elevar a produtividade, a fazenda precisará investir em tecnologias. Devem ser considerados os reflexos ambientais e econômicos dessa decisão. Isso vai alterar os custos variáveis com gasto de combustível (semeadura de qualidade), os custos fixos com depreciação e os juros anuais. Além disso, haverá um maior custo com mão de obra. A análise comparativa dos indicadores financeiros mostra que essa fazenda possui um COE inferior (13,1%) à média das propriedades superiores. Entretanto, deve- se ter em mente que a produção por hectare também é menor, o que justifica o menor gasto com sementes, por exemplo, que é o principal componente do COE na produção de feijão. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 168 Pare para pensar De outro modo, mesmo com o COE mais oneroso, as propriedades superiores apresentam uma média de CT por saca inferior (41,82%) à fazenda analisada. Isso se dá, principalmente, pela diluição dos custos fixos em um maior volume produzido em uma mesma área, mesmo que o CT por hectare seja maior (30,07%). Assim, será obtida uma renda bruta maior na comercialização devido ao volume, considerando-se a prática dos mesmos preços para ambos. Benchmarking Esse conceito já foi apresentado no módulo 1, então é hora de aprofundar um pouco mais o nosso conhecimento sobre ele! Conceito Benchmarking é um processo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais com os valores de referência de empresas bem- sucedidas, visando ao aperfeiçoamento de métodos e melhoria de desempenho de negócios. Esses valores são obtidos por meio de pesquisas para comparar as ações de cada empresa. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 169 Objetivo Além de servir para melhorar as funções e os processos de determinada empresa, o benchmarking também é um importante aliado para vencer a concorrência, uma vez que os valores de referência podem determinar estratégias e possibilitar à empresa ter ideias novas em cima do que já é realizado, ou criar algum diferencial. Referência Os valores de referência devem ser utilizados para comparação entre propriedades com a mesma realidade de produção ou de uma mesma região, além de serem analisados sob o mesmo crivo metodológico. Dessa forma, os valores ficam reais e alcançáveis para cada situação. Na literatura ainda não foram definidos os melhores índices produtivos para as empresas rurais que possam ser aplicados de forma padronizada em todo o território nacional. Tal fato deve-se à diversidade edafoclimática brasileira, que causa grandes diferenças nos sistemas de produção, com diferentes níveis de sucesso em explorações mais ou menos complexas. Benchmarking e a propriedade rural Neste quesito, a ATeG possui um ótimo diferencial, uma vez que o Técnico de Campo atua em propriedades rurais inseridas em uma mesma região, geralmente com uma amostragem de dados elevada (até 30 propriedades por técnico). A busca pelo benchmarking nas propriedades trabalhadas é um processo constante, mesmo dentro de um grupo atendido por um único Técnico de Campo. Isso porque a produção agropecuária é dinâmica e as estruturas de custos e tecnologias são sempre alteradas. O processo deve levar em consideração indicador por indicador. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 170 Se dentro do grupo, uma única propriedade detiver os melhores indicadores técnicos e econômicos, ótimo! Mas, isso é um fato pouco comum. Sob essa ótica, uma propriedade listada como a melhor colocada em determinado indicador, na próxima análise pode não ser mais. Assim, o produtor deverá adequar seu sistema produtivo em busca de melhorias. O benchmarking estimula e facilita as mudanças organizacionais e a melhoria de desempenho através da aprendizagem com os outros. O processo de avaliação e comparação pode ser efetuado para a propriedade como um todo ou para verificar apenas um determinado processo, atividade ou unidade de negócio. A força do benchmarking concentra-se em: • possibilitar a tomada de decisões baseadas em fatos, e não em intuições, • apresentar um potencial enorme de benefícios para as empresas rurais quando usado como um processo contínuo, • identificar de áreas de potencial mudança e como um processo de medição para monitorar as melhorias atingidas. A metodologia de ATeG adota dois indicadores diferentes quando o assunto é “área” em hectares: Segundo É a chamada área total da propriedade. Primeiro É contabilizada somente a quantidade de hectares destinada à atividade, ou seja, a área produtiva, que pode ser denominada de área para pecuária, área de pomar etc. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 171 No processo de análise de benchmarking, é crucial analisar separadamente esses dois indicadores, visto que o Brasil é um país de dimensões continentais e que apresenta diversos biomas e uma das mais completas (e complexas) legislações ambientais do mundo. Consequentemente, esses fatos podem gerar divergências nas análises, caso comparemos propriedades que estão localizadas em diferentes biomas. A delimitação da área para a reserva legal vai variar não somente em função do bioma, mas também em relação à sua localização geográfica. Entenda! Na prática Ao analisar duas fazendas distintas com cálculos simples, uma localizada no estado do Acre e outra no estado de Goiás, foram obtidos os seguintes dados: Item Fazenda Acreana Fazenda Goiana Bioma Amazônico Cerrado Área de reserva legal* 80% 20% Área total da propriedade 100 hectares 100 hectares Área para produção (máximo) 20 hectares 80 hectares *Sem considerar a área de preservação permanente (APP) e demais tratativas do Novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012). Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 172 Caso esses detalhes não sejam observados pelo gestor, poderão ocorrer graves erros ao se buscar comparações técnicas e econômicas de propriedades rurais em outras regiões. Por outro lado, eliminar esse efeito por meio do estudo das áreas realmente utilizadas para as atividades poderá se constituir em uma rica ferramenta de gestão. Ela deve estar sempre evoluindo, conforme evoluem as tecnologias, os processos produtivos e gerenciais. Com a metodologia de ATeG, o efeito da utilização do benchmarking pode ser potencializado, principalmente porque é possível tomar como referência não apenas os indicadores das propriedades e sim todos os processos de produção e manejos utilizados. Na prática Um técnico que atende 25 propriedades leiteiras analisou os indicadores e identificou as 25% melhores. Além disso, percebeu que algumas práticas de manejo e procedimentos eram comuns entre elas, o que as diferenciava dos demais produtores. Para melhorar os resultados dos produtores com resultados inferiores, bastou replicar as práticas que ele identificou como responsáveis pelos resultados dos produtores em melhorsituação. Tudo isso, respeitando obviamente as particularidades de cada propriedade e produtor. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 173 Resumindo o tópico Neste terceiro tópico, você: Conheceu como funciona a análise comparativa no contexto da propriedade rural. Se aprofundou no conceito de benchmarking, entendendo como usá-lo na realidade do campo. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 174 Tópico 4: Evolução dos indicadores Como funciona a evolução dos indicadores considerados nas propriedades rurais? No decorrer deste tópico, você vai entender como analisar a evolução dos indicadores, com exemplos práticos para ajudá-lo a interpretar e fixar os conceitos. Por meio da análise de evolução dos indicadores, é possível medir e aferir se: • o trabalho desenvolvido dentro da propriedade está gerando resultados positivos, • as metas estão sendo alcançadas, • há necessidade de alterações no que foi planejado devido a mudanças no cenário interno ou externo da propriedade. É preciso ter cuidado nas análises de evolução para verificar se fatores externos, como anomalias no mercado ou na propriedade, não influenciaram os resultados de maneira significativa. Essas influências podem ser tanto positivas quanto negativas, mascarando os resultados e levando a uma avaliação equivocada do trabalho desenvolvido. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 175 A análise Esta análise representa o último grau de sofisticação na interpretação dos indicadores, pois para que se chegue a ela, é necessário: Manter o rigor na identificação de custos e resultados Manter a mesma metodologia Preservar sistematicamente os dados obtidos em ciclos anteriores Além disso, nesta etapa há um processo de melhoria interna, uma espécie de autoconcorrência, em que se busca obter resultados superiores aos anteriores, ainda que não se tenha atingido o benchmarking ou mesmo se ele já tiver sido superado. Na realidade do campo Para muitos gestores, é mais difícil encontrar as limitações ou gargalos internos que estão inclusos na atividade da empresa, do que simplesmente buscá- los em referências externas e traçar suas metas. É o que se chama de círculo vicioso da rotina de trabalho – por isso é tão importante a consultoria, a qual traz uma visão sistêmica e externa do negócio. Veja na tabela algumas análises da evolução de indicadores de uma mesma fazenda ao longo de vários ciclos (anos): Indicador Ano 0* Ano 1 Ano 2 Variação no último ano Área para produção (hectares) 80 80 50 -37,5% *“Ano 0” diz respeito ao diagnóstico realizado na propriedade e se refere ao ciclo anterior à implantação da metodologia de ATeG. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 176 Ao analisar esse indicador, foi observado que a área destinada à produção: • No primeiro ano de ATeG (ano 1), se manteve igual ao exercício anterior (80 hectares). • No segundo ano (ano 2) houve uma redução dessa mesma área na ordem de 37,5% em relação ao ciclo anterior. Com base nesses dados, é possível pensar em diversas possibilidades para descobrir o que houve com essa área, além de atualizar o cálculo de todos os indicadores técnicos e econômicos. Análise da evolução Um produtor, ao apurar o valor da sua margem bruta por hectare, resolveu comparar esse índice com os índices alcançados por outros produtores no entorno. Percebendo que a sua atividade estava rendendo menos, resolveu reduzir sua área plantada para não correr o risco de ter prejuízos e buscou assistência técnica para realizar uma análise detalhada de sua produção a fim de descobrir qual ponto deveria ser melhorado para aumentar sua renda e voltar a produzir no total de sua área. Agora, essa área reduzida (exemplo: 30 hectares) deve sair do inventário de recursos da atividade, afinal a metodologia de ATeG usa o conceito de centro de custos de cada atividade, e essa área não pertence mais a ela. Acompanhe um exemplo prático! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 177 Na prática Em uma fazenda com foco na produção de laranjas, será necessário analisar a evolução do indicador da mortalidade de plantas de citros durante seu desenvolvimento. Objetivo: • compreender por que é tão importante não apenas registrar os indicadores e adotar medidas para corrigi-los, mas também compartilhar esses dados com seus produtores (feedback), • estimular os produtores para que continuem constantemente buscando melhores resultados ou para que se mantenham no mesmo patamar Observe a tabela a seguir! Indicador Ano 0 Ano 1 Ano 2 Variação no último ano Mortalidade de plantas durante seu desenvolvimento 30% 5% 2% -60% Este é um indicador muito importante em todos os pomares, pois é um reflexo claro do manejo que a propriedade adota. É mais importante ainda quando se trabalha com pomares de alta produção, pois essas plantas que estão morrendo, antes mesmo de se iniciar uma produção, seriam a garantia de uma longevidade produtiva do pomar. O indicador reflete-se diretamente na renda obtida na atividade, pois... haverá menos plantas e produção de frutas para ofertar ao mercado e... uma quantidade menor para diluir os custos fixos da atividade por unidade produzida (CFM – custo fixo médio). Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 178 Continuando o raciocínio, mesmo não havendo um parâmetro claro que informe ao Técnico de Campo qual é a porcentagem ideal para manter, ele sabe que é a mais próxima possível de zero. Quando constatou a taxa de 30% de mortalidade no ano zero, o Técnico de Campo utilizou toda a sua experiência para identificar corretamente quais eram os fatores que estavam fazendo com que a propriedade tivesse esse péssimo índice e reverteu a situação. Fazendo mais uma vez um resgate do tema anterior, além do conhecimento e da experiência do técnico, ele pode se valer de indicadores e padrões de manejo de outras propriedades que obtêm resultados melhores, ou seja, fazer benchmarking. Benchmarking na prática Na prática Considere o seguinte cenário! O Técnico de Campo identificou que as plantas em produção de uma propriedade não estavam sendo devidamente cuidadas antes e durante o ciclo produtivo, acarretando uma baixa eficiência na produção e na sanidade da planta. Além disso, quando as plantas passavam por uma poda de limpeza ou poda verde (geralmente, após a colheita), não eram realizadas aplicações de produtos fitossanitários para prevenir a entrada de doenças nos ferimentos das podas, pois se acreditava que os ferimentos ocasionados iriam cicatrizar somente com a ação do sol. Outro problema identificado pelo técnico foi a constatação de várias pragas e fungos em plantas daninhas localizadas no meio e nas laterais do pomar, ou seja, plantas hospedeiras de pragas e doenças. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 179 Sugestão O técnico prontamente sugeriu ao produtor que providenciasse o uso de calda bordalesa (produto à base de sulfato de cobre) para aplicar sobre os ferimentos da planta ocasionados pela poda. Também instaurou um cronograma sanitário e de monitoramento de pragas e doenças que contemplava todas as plantas do pomar, de acordo com as necessidades da região, assim como uma rotina de limpeza (eliminação de plantas daninhas) de toda a área do pomar, especialmente nas bordas da área de produção. Resultado Assim, foi possível diminuir a mortalidade drasticamente de 30% para 5%. Ou seja, uma variação de 500%. Conclusão Quando apresentou ao produtor os dados obtidos com a implementação das melhorias, ele ficou muito empolgado e resolveu acompanhar mais de perto esse processo. Assim, ele pôde observar que no pomar havia plantas com baixa habilidade* genética para produção. Por isso, ficou atento em adquirir mudas de produtores idôneos, orientando ainda a eliminação dessas plantas do pomar.*A baixa habilidade genética para produção é um fenômeno que se observa em plantas com baixa produção, baixa taxa de fecundidade de flores (que dão origem ao fruto) ou, até mesmo, frutos de tamanho pequeno e retardo no crescimento da planta, que acaba não respondendo às aplicações de fertilizantes. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 180 Vale destacar que o técnico deve estar sempre atento para realizar essa análise de evolução em conjunto com a análise comparativa, em especial com as propriedades superiores (benchmarking). Da mesma forma que a propriedade evolui individualmente, também estão em constante evolução as referências (indicadores) superiores, forçando a revisão e o estabelecimento de novas metas. Afinal, a gestão é um processo contínuo, e não estático. O ideal é que se estabeleça um sistema de registros de procedimentos e controles de gastos e receitas para que seja possível monitorar e medir os efeitos de cada ação realizada. Ou seja, se a partir de determinada data algo diferente começou a ser feito, quais foram os resultados obtidos a partir desse momento? Assim, a evolução dos indicadores nos mostra se estamos ou não no caminho correto. Resumindo o tópico Neste quarto tópico, você: Conheceu o conceito de evolução dos indicadores e como ele influencia a análise dos dados da propriedade rural. Compreendeu a importância de registrar e controlar os indicadores para melhor gestão da propriedade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 181 Tópico 5: Aplicação das principais formas de interpretação dos indicadores O que acha de aplicar os conceitos na prática? Neste tópico, você verá como aplicar tudo o que foi visto na Fazenda Santa Felicidade, entendendo melhor como analisar todos os indicadores na prática. Para concluir os estudos sobre indicadores, o que acha de aplicar os conceitos vistos no estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade? Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 182 Margem bruta Acompanhe os dados para este indicador! Fazenda Santa Felicidade A Fazenda Santa Felicidade possui margem bruta positiva, conforme mostram os dados: • MB = RB - COE • RB = R$ 281.565,38 • COE = R$ 58.981,20 [LSCR2] • MB = R$ 281.565,38 - R$ 58.981,20 • MB = R$ 222.584,18 Interpretação: MB positiva significa que este negócio é sustentável no curto prazo. Comparação As propriedades da agricultura não devem comprometer mais que 70% de sua renda para pagar o COE, pois isso as torna muito suscetíveis a variações de mercado. As mais eficientes na atividade leiteira comprometem entre 50% e 70% da renda bruta com o COE. Ou seja, possuem margem bruta de 30% a 50% da renda bruta. É preciso critério para seguir esses parâmetros, até porque vão variar significativamente conforme o sistema de produção analisado. Um sistema de produção intensivo tende a ter uma margem bruta menor, porém normalmente ela é compensada pelo volume produzido. Fazenda Santa Felicidade Sendo assim, a fazenda apresenta os seguintes números: MB ÷ RB × 100 R$ 222.584,18 ÷ R$ 281.565,38 × 100 = 79,05% Ou seja, a margem bruta corresponde a 79,05% da renda, ficando acima da faixa desejável. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 183 Estratificação dos custos Mesmo estando com uma margem bruta saudável, será que o negócio explora bem os custos? Para descobrir isso, é necessário decompor os custos em seus vários componentes e analisar a participação percentual de cada estrato no custo total. Observe a tabela com a distribuição dos custos da Fazenda Santa Felicidade. Despesas de custeio Valor anual (R$) % Mão de obra temporária (diarista) 3.300,00 5,59% Técnico agrícola (assessoria) 2.400,00 4,06% Sementes 11.700,00 19,83% Fertilizantes químicos 6.000,00 10,17% Adubos orgânicos 1.170,00 1,98% Substrato 7.800,00 13,22% Fungicida 720,00 1,22% Inseticida 960,00 1,62% Energia 1.600,00 2,71% Combustível 2.280,00 3,8% Aquisição de resíduos orgânicos para compostagem 2.000,00 3,39% Embalagens 1.800,00 3,05% INSS + impostos + contribuição sindical 4.350,00 7,37% Impostos sobre as vendas 2.401,20 4,07% Reparos de benfeitorias 5.000,00 8,47% Reparos de máquinas e equipamentos 3.500,00 5,93% Outros gastos de custeio 2.000,00 3,39% Total R$ 58.981,20 100,00% Nessa distribuição de custos, o empresário procura as oportunidades de melhoria, ou seja, verifica em qual item é possível reduzir os custos sem perder eficiência. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 184 Evolução A Fazenda Santa Felicidade, no ano anterior, apresentava uma margem bruta de R$ 195.998,53, que correspondia a 42% da renda. Ou seja, no ano atual melhorou o valor absoluto e também a participação da MB na renda. Ao avaliar a evolução do indicador, o produtor e o Técnico de Campo elencaram as seguintes justificativas: Melhora no fluxo de produção com menor dependência de mão de obra externa Isso foi medido no indicador de eficiência da mão de obra, que era de 150 unidades de alface/dia homem, e agora é de 329 unidades de alface/dia homem (considerando três homens em uma produção anual de 360.365 unidades, ou uma produção diária de 927 unidades de alface). Ajustes no manejo de produção Permitiram um melhor manejo da produção de mudas. Isso antecipa o plantio e resulta em menos perdas de mudas ou plantas por morte ou um aumento no poder de germinação. Tudo isso gerou receitas que anteriormente eram geradas de forma tardia ou que não eram geradas. Essas mudanças foram conferidas com os seguintes indicadores técnicos: • Taxa de mortalidade de plantas: melhor quando mais próxima de zero. • Taxa de germinação de sementes: sempre melhor quando mais próxima de 100%. Melhor planejamento da produção de alface com o uso de adubos orgânicos Resultou em melhor qualidade do produto, consequentemente, menor demanda por fertilizantes químicos — um dos principais itens da planilha de custo. Isso foi constatado com os seguintes indicadores: • Gasto com fertilizante/renda bruta da alface. • Produção de composto em sacas por ano. Por exemplo: saiu de 200 para 500 sacas por ano. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 185 Essa análise nos permite afirmar que a Fazenda Santa Felicidade, operando na atividade de produção de alface, é viável no curto prazo e possui uma boa estrutura de COE. Mas a escala de produção justifica a estrutura? Para responder essa questão, é preciso evoluir a análise para a margem líquida. Fazenda Santa Felicidade Veja os dados da Fazenda Santa Felicidade: • RB = R$ 281.565,38 • COT = R$ 91.863,85 ML = R$ 281.565,38 - R$ 91.863,85 ML = R$ 189.701,53 Interpretação A Fazenda Santa Felicidade apresenta margem líquida positiva. Isso significa que a escala de produção trabalhada nessa unidade produtiva, que já possui margem bruta positiva, é capaz de justificar depreciações e o serviço da mão de obra familiar. Pode-se concluir que esse negócio se sustenta no longo prazo, mantendo sua estrutura de recursos ativa e renovando-os sempre que necessário. Você Sabia Se uma empresa rural possui margem bruta positiva e suficiente para pagar as depreciações e a mão de obra familiar, poderá se tornar mais eficiente e atrativa aumentando sua escala de produção, pois os valores da depreciação não se alteram à medida que a produção aumenta, desde que não seja necessária uma revisão na estrutura. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 186 Observe no exemplo a seguir! Na prática Imagine as seguintes situações de renda e custos da Fazenda Santa Felicidade. • Cenário 1: ela produz 100 unidades de alface por dia. • Cenário 2: ela produz 400 unidades de alface usando a mesma estrutura Cenário 2 – Produzindo 400 unidades • COE = custo operacional efetivo • d = depreciação • MOF = mão de obra familiar Cenário 1 – Produzindo 100 unidades COE + d + MOF ÷ rendabruta • COE = custo operacional efetivo • d = depreciação • MOF = mão de obra familiar Entenda! No cenário 1, se a Fazenda Santa Felicidade produzisse uma média de 100 unidades por dia, não seria capaz de cobrir o COE, d e MOF. Já no cenário 2, com produção de 400 unidades por dia, a propriedade foi viável. Como a renda bruta aumentou em maior proporção que o COE e o custo de depreciações e da mão de obra familiar não variou, isso resultou em um ganho de escala. COE d MOF Renda bruta COE d MOF Renda bruta COE d MOF Renda bruta COE d MOF Renda bruta Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 187 Por fim, vem a questão: esse negócio é atrativo economicamente? Para responder, é preciso evoluir a avaliação para o indicador de lucro. Fazenda Santa Felicidade Veja os dados da Fazenda Santa Felicidade: • RB = R$ 281.565,38 • CT = R$ 97.988,89 • L = R$ 281.565,38 - R$ 97.988,89 = R$ 183.576,49 Interpretação A Fazenda Santa Felicidade apresenta lucro maior que zero, ou seja, lucro supernormal. Dessa forma, podemos dizer que o negócio é atrativo economicamente. Para verificar o quanto o negócio é atrativo, devemos evoluir a avaliação para a taxa de retorno do capital (TRC), com terra (TRCCT) e sem terra (TRCST). Acompanhe! TRC sem terra (TRCST) Dados e cálculo: • Estoque de capital sem terra (ECST) = R$ 287.750,00 • ML = R$ 189.701,53 x 100TRC sem terra = Margem líquida ECST R$ 189.701,53 R$ 287.750,00 TRCST = x 100 TRCST = 65,92% Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 188 TRC com terra (TRCCT) Dados e cálculos: • Estoque de capital com terra = R$ 292.750,00 • ML = R$ 189.701,53 Em termos médios, ambas as taxas de retorno são boas e mostram a viabilidade econômica de longo prazo, pois estão acima dos 6% considerados como referência mínima. Porém, cada produtor pode definir qual é a sua própria taxa mínima de atratividade, de acordo com o custo de oportunidade que ele tem para o seu capital. Em linhas gerais, as taxas de retorno do capital sem terra de 71,6% e com terra de 70,4% representam bons resultados econômicos. Viu só como com muito estudo e dedicação os cálculos e interpretações ficam mais fáceis? Lembre-se de que eles são fundamentais para seu bom desempenho como Técnico de Campo. Resumindo o tópico Neste quinto tópico, você: Compreendeu como aplicar os indicadores na prática, usando o estudo de caso da Fazenda Santa Felicidade. Entendeu como interpretar os dados extraídos de todos os indicadores aplicados no caso. Aprendeu a usar a evolução e a comparação dos indicadores para melhor gerir a propriedade rural. Margem líquida ECCT TRC com terra = R$ 189.701,53 R$ 292.750,00 TRCCT = × 100 TRCCT = 64,79% Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 189 Encerramento do tema Você chegou ao final do terceiro tema e, com esses estudos, pôde conhecer uma série de indicadores técnicos e econômicos que se tornam importantíssimas ferramentas na gestão de qualquer empresa. Agora, finalizada esta etapa, você é capaz de: Demonstrar aos produtores que os indicadores refletem, em números objetivos, os custos e as receitas da propriedade, mas não são eles os responsáveis pela situação (positiva ou negativa) da empresa. Ter cuidado com números “catastróficos” no resultado da atividade, entendendo que nem tudo que resta depois do pagamento das despesas diretas é lucro. Identificar o principal entrave na empresa analisada e, caso ela não esteja sendo eficiente, determinar se há um fraco desempenho técnico, o que vai refletir negativamente no aspecto econômico. Você está no final desta terceira etapa, que estava repleta de informações importantes para um gerenciamento financeiro eficiente. Agora, para finalizar, acesse o Ambiente de Estudos para assistir ao vídeo de Encerramento do Tema e continuar acompanhando Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 190 Atividade de passagem Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu! Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok? Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor no Ambiente de Estudos. Questão Os indicadores são ferramentas importantes para a análise técnica e econômica dos negócios, porém, para que essas ferramentas auxiliem o gestor na tomada de decisão, ele precisa saber interpretá-las. Para isso, fazemos distribuição dos custos, benchmarking e sua evolução. Com base no estudo de interpretação dos indicadores, assinale a alternativa correta. a. Entender o percentual dos itens de custo serve para o gestor limitar os gastos de cada item, não autorizando a equipe a gastar mais do que o previsto. Isso auxilia o controle dos custos. No meio rural, ganha-se muito adotando a lei dos custos mínimos. b. Benchmarking consiste em comparar seus resultados, processos e práticas com os das empresas de referência, que servirão para o produtor se nortear por aquelas que obtêm os melhores resultados em sistemas semelhantes ao seu. c. O acompanhamento da evolução dos indicadores tem como função constantemente aumentar as metas das equipes e, dessa forma, melhorar os resultados da empresa. No mundo dos negócios não se pode retroagir. d. Uma função importante do benchmarking é copiar as ações das empresas que obtêm maiores ganhos sem fazer qualquer adaptação. Afinal, se deu certo na fazenda superior, vai dar certo na minha. e. A análise dos indicadores de custo não serve para o produtor tomar a decisão de gastar mais de um determinado insumo. Analisar os custos pela lógica é para gastar menos. Se gastamos pouco é bom. Temos de avaliar nossas ações que permitem manter isso. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 191 Encerramento do módulo Durante este módulo você se aprofundou no processo de gestão de um negócio, compreendendo o que são os indicadores e como podemos utilizá-los para a tomada de decisão nas principais cadeias produtivas da linha de produção vegetal. Relembre! • Os indicadores são ferramentas para medir o desempenho nas dimensões do esforço e do resultado. O objetivo do gestor é, com o menor esforço possível, buscar o maior resultado possível. • A primeira coisa a fazer é coletar informações e produzir os indicadores. Depois vamos interpretá- los, saber se operam em níveis ótimos e fazer o acompanhamento de forma perene. • Em qualquer cadeia produtiva escolhida para trabalhar, a técnica e a tecnologia são meios para que o empresário rural ganhe mais dinheiro. • Antes de implementar uma mudança de processo ou de aplicar qualquer tecnologia estrutural na propriedade, é preciso fazer uma análise mais profunda dos investimentos, usando todas as ferramentas gerenciais, e criar um planejamento. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 192 E, para finalizar esta etapa, acesse o seu Ambiente de Estudos e assista ao vídeo de Encerramento do Módulo 04! Siga em frente e acesse no Ambiente de Estudos o Estudo de Caso, o Simulado e a sua Avaliação. Sucesso e até o próximo módulo! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 193 Final de etapa Parabéns pelo seu percurso até aqui! Este é mais um momento para você aplicar os seus conhecimentos! Então, para finalizar o módulo, você deverá realizar as três atividades abaixo, que estão disponíveis no seu Ambiente de Estudos. Veja o que deve ser feito! Estudo de Caso Será apresentada para você, uma situação-problema relacionada aos temas estudados no módulo. Analise a situação e responda em forma de texto. Essa atividade será corrigida pelo tutor, que dará uma nota e um feedback. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 194 SimuladoSão 17 questões objetivas sobre os três temas deste módulo. Você pode realizar o Simulado três vezes, permitindo que você se prepare bem para a Avaliação. A realização dessa atividade é obrigatória, porém não vale nota. Ela é uma ótima oportunidade para verificar o seu conhecimento, estudar e ter uma prévia de como será a Avaliação. Aproveite! Avaliação Depois de realizar o Simulado, você terá acesso à Avaliação. Ela também é composta por 17 questões objetivas de múltipla escolha e é composta por todo o conteúdo estudado no módulo. Essa atividade é obrigatória e vale nota. O seu desempenho nela será contabilizado na sua média. A correção é automática, ou seja, é o LMS que fará a correção da atividade. Onde acessar? Para realizar essas atividades, acesse o seu Ambiente de Estudos, no menu “Minhas Avaliações”. Início | Ambientação | Conteúdo | Biblioteca | Minhas Avaliações | Turma | Comunicação | Importante! A Avaliação estará disponível somente depois que você passar pelo Simulado. Comece apenas quando tiver a segurança e a confiança necessárias nos seus estudos, pois você terá somente uma tentativa de acerto. Para obter informações mais detalhadas sobre o acesso ou se tiver qualquer dúvida, por favor, entre em contato pelo Tira-Dúvidas ou pelo e-mail faleconoscoead@faculdadecna.com.br ou ainda pelo telefone 0800 006 4849 de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no horário de Brasília. Até o próximo módulo! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 195 Gabarito das questões Tema 1 Alternativa correta: D Todas as afirmações são verdadeiras, veja o feedback sequencial delas: A. Entre outras funções, a mensuração do esforço permite que o gestor verifique se são realizados os procedimentos e as técnicas previstas, ao passo que medir o resultado permite ao gestor verificar se o esforço empregado está produzindo os resultados técnicos e econômicos esperados. B. As informações técnicas são os dados do sistema que permitem ao gestor produzir indicadores e tomar decisões. Sem informação não existe gestão. C. Os indicadores econômicos são a conversão de informações e números capazes de mensurar o desempenho econômico nas atividades. D. Esta alternativa é verdadeira e muito importante: diversos gestores, especialmente os de formação na área, incidem em uma falha clássica que é querer o maior desempenho do animal sem considerar os aspectos econômicos. E. A produtividade medida em quilogramas de uva/hectare/ano expressa todas as operações técnicas aplicadas na propriedade, podendo promover avanços ou retrocessos. Se em uma propriedade for melhorado o sistema de formação do pomar, reduzindo a idade da planta na primeira produção em seis meses, vai aumentar a produção de uva, pois a mesma quantidade de plantas passou a produzir mais. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 196 Tema 2 Alternativa correta: E A afirmativa A é incorreta, porque os indicadores utilizados nas cadeias não foram adaptações de outros. A afirmativa B está correta, pois realmente conhecer as especificidades de cada cadeia ajuda a propor um plano de ação mais assertivo. Da mesma forma, a afirmativa C também é correta, pois os indicadores técnicos variam conforme as características de cada atividade e cadeia. Tema 3 Alternativa correta: B É muito importante comparar os produtores que estejam em sistemas de produção semelhantes e que possuem bons resultados. Dessa forma, você pode definir o que fazer para melhorar o seu sistema, sem ter de trocá-lo. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 197 Referências BAHIA, J. Veja a importância de um bom gerenciamento para a empresa. Revista Gestão em Negócios. [s.d.]. Disponível em: http://revistagestaoenegocios. uol.com.br/artigos/veja-a-importancia-de-um-bom-gerenciamento-para-a- empresa/3016/#. Acesso em: 11 jan. 2017. BERNARDO, L. T.; QUEIROZ, A. M. Revista de Economia, v. 7, n. 2, p. 48- 65, Anápolis, jul./dez. 2011. ISSN: 1809 970-X. 2011. Disponível em: http:// www.nee.ueg.br/seer/index.php/economia. Acesso em: 13 out. 2016. DALCIN, D.; OLIVEIRA, S. V.; TROIAN, A. Gestão rural e a tomada de decisão: estudo de caso no setor olerícola. In: 48. Congresso da SOBER – Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Tecnologias, desenvolvimento e integração social. Campo Grande, 2010. UECKER, G. L.; BRAUN, M.; UECKER, A. D. A gestão dos pequenos empreendimentos rurais num ambiente competitivo global e de grandes estratégias. In: XLIII Congresso da SOBER – Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. Anais […], Ribeirão Preto, 2005.mais ligadas aos indicadores econômicos, pois são a expressão dos esforços. As dimensões dos resultados podem sofrer alterações devido às dimensões dos esforços. O entendimento sobre as subdimensões do desempenho pelo modelo dos “6 Es” permite identificar que o desempenho pode e deve ser medido nas empresas em todas suas dimensões. Conheça cada uma das subdimensões do modelo dos “6 Es” assistindo ao vídeo que está disponível no seu Ambiente de Estudos! A mensuração do desempenho é a base para que o gestor de um empreendimento tome decisões técnicas ou econômicas. Existe uma máxima que diz: o que não se mede não se gerencia. Na prática das atividades agropecuárias, são gerados dados por meio de medições dentro do sistema de produção e, para que esses dados se tornem úteis para tomadas de decisões nas empresas, são transformados em indicadores técnicos e econômicos. Resumindo o tópico Neste primeiro tópico, você: Conheceu os conceitos de desempenho e indicadores, entendendo a importância deles para a gestão. Compreendeu que o estudo do desempenho nas empresas serve para ajudar nas tomadas de decisões assertivas. Conheceu o modelo de gestão “6 Es”, entendendo que qualquer decisão depende da mensuração do desempenho na dimensão do esforço e na dimensão do resultado. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 16 Tópico 2: Introdução aos indicadores técnicos e econômicos Quando o assunto é indicadores técnicos e econômicos, a mensuração é parte essencial de um modelo de gestão do desempenho. Mas será só isso? Neste tópico, você verá como mensurar os indicadores, conhecendo as diferenças entre quantidade e qualidade, assim como as características técnicas e econômicas inerentes a eles. A mensuração não deve se restringir apenas à ação que, em sentido estrito, apura valores ou medidas dos esforços e resultados, por meio de indicadores. Um sistema de mensuração é muito mais do que apenas a geração de indicadores. Antes de realizar uma mensuração, devem ser considerados os seguintes fatores: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 17 Dimensões distintas de esforços e resultados Gerar indicadores em dimensões distintas de esforços e resultados, com diferentes pesos entre eles (uma vez que representam medidas de importâncias distintas). Isso porque, do ponto de vista de negócios, esforços sem resultados não conduzem a empresa ao sucesso. Uma nota para cada indicador Gerar uma nota para cada indicador, ou seja, o resultado de cada indicador tem sentido apenas quando associado a um parâmetro a ser alcançado. A distância entre o realizado e o esperado direciona as decisões gerenciais. Mensuração agregada e ponderada Encontrar uma mensuração agregada e ponderada, que permita gerar uma nota global, a qual, de certa forma, carregará nela um componente avaliativo (do real apurado em relação a um ideal). Para o trabalho com indicadores de desempenho, deve-se esquecer o mito da “medição absoluta”. Não é necessário monitorar e controlar tudo, nem todos ao mesmo tempo, nem na mesma hora. A postura correta é a alta seletividade, ou seja, medir apenas o que é importante e significativo. A quantidade ideal sofrerá mudanças pelo nível de amadurecimento da propriedade, principalmente no que tange ao tratamento das questões que envolvem avaliação de performance e desempenho. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 18 Sempre de acordo com o amadurecimento gerencial dos envolvidos. Seguir aumentando gradativamente. É possível começar com poucos indicadores, medindo apenas os processos básicos. Os indicadores apontam a situação da empresa no momento da análise, porém não são os culpados pela situação do empreendimento, mas apenas o reflexo dos custos e receitas da propriedade. Interpretando os indicadores, constituímos um embasamento para a tomada de decisão. Qualidade e quantidade de indicadores A qualidade dos indicadores depende da qualidade dos dados coletados na empresa rural. Para garantir a qualidade dessas informações é importante que o gestor verifique se as informações condizem com a realidade do sistema de produção. Isso pode ser feito com: • revisão dos registros, • controle de estoque, • entrevistas com a equipe e • checagem in loco. Enfim, é fundamental a proximidade do gestor com os setores, para que ele garanta que o realizado está próximo do planejado e que o registrado foi o realizado. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 19 Com relação à quantidade de indicadores, é importante que se produzam os indicadores para serem utilizados na tomada de decisão. Do contrário, pode desmotivar a equipe, pois causa a percepção de pura burocracia. Na prática Uma propriedade possui diversos itens elétricos em seu inventário de recursos. Possivelmente, essa propriedade tem falhas nos registros dos custos de vários itens, o que pode comprometer os indicadores gerados a partir deles! Porém, não tem registros de despesas com energia elétrica. A medição tem que ser orientada para a melhoria do desempenho e vice-versa, pois ela extrai informações de gestão, garantindo a qualidade do procedimento. Ela deve começar a partir do momento em que o gestor e/ou consultor inicia um processo produtivo. A realidade do campo No meio rural, é comum encontrar pessoas que possuem certa aversão a registros e anotações. Porém, é essencial que você conscientize o empresário rural sobre a importância de registrar informações técnicas, mantendo o controle da sua propriedade e da produção. A gestão do desempenho precisa ser dinâmica e gerar indicadores úteis para a tomada de decisões e a melhoria dos resultados do negócio. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 20 Tomar uma decisão não é sinônimo de promover alterações. Manter um processo, procedimento ou método, também é uma tomada de decisão. A medição dos indicadores deve ser realizada a partir do momento que eles passam a ser discutidos. Dessa forma, o produtor rural entende a importância da medição. É importante destacar que, mesmo que uma meta seja atingida, o indicador deve continuar sendo medido. Manter bons indicadores pode ser mais difícil do que alcançá-los, especialmente no meio rural, devido a fatores não controláveis. Na prática Uma propriedade chegou à produção média de 300 unidades de repolho por dia. Logo após a mudança de um colaborador responsável pela área, essa média caiu para 200 unidades por dia. Desesperado, o proprietário: É possível observar que a simples mudança de um colaborador desencadeou uma série de problemas. Na rotina das fazendas isso é muito comum e, portanto, é importante definir bem os padrões de procedimento, com o objetivo de manter a excelência. Checou os procedimentos e identificou o problema. O novo colaborador não estava executando a irrigação e a adubação conforme o recomendado. Por causa disso, as plantas apresentavam retardamento no seu desenvolvimento, o que comprometia a escala de produção da cultura, entre outros problemas. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 21 Diante de situações como essas, é possível elencar algumas utilidades dos indicadores: • Mensurar os resultados e gerir o desempenho. • Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada de decisão. • Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais. • Facilitar o planejamento e o controle do desempenho. • Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização. Para alcançar um melhor entendimento, os indicadores foram divididos em: Indicadores Técnicos de Produtividade de Produção Econômicos Resumindo o tópico Neste segundo tópico, você: Compreendeu que os indicadores são utilizados na mensuração dos esforços e dos resultados e, assim, fundamentam as tomadas de decisão nas empresas rurais. Entendeuque a análise dos indicadores permite estratificar custos, comparar uma empresa em períodos diferentes e com outras empresas similares, e estabelecer metas, além de ter outras funções. Viu que os indicadores bons dependem da qualidade das informações coletadas, e que é importante ter uma rotina de análise da consistência dos dados registrados na empresa. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 22 Tópico 3: Indicadores e informações técnicas e econômicas Você consegue identificar os indicadores e as informações técnicas e econômicas de uma propriedade rural? A partir de agora, você vai conhecer os tipos de informações e de indicadores técnicos e econômicos, além da sua importância e a forma como devem ser interpretados durante o processo de gestão. Acompanhe cada uma das informações e dos indicadores! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 23 Informações técnicas Indicadores técnicos Informações econômicas Indicadores econômicos Informações técnicas Os dados de dimensionamento do sistema de produção e seus componentes, como processos, procedimentos, ações e recursos, assim como os dados de produção de cada componente do sistema, são conhecidos como informações técnicas. Essas informações são essenciais para fundamentar a elaboração dos indicadores e podem estar presentes em diversos momentos. Conheça a seguir cada um deles! Entrada e saída de funcionários Ano da primeira colheita ou primeira comercialização Quantidade de insumos aplicados Estoque de insumos (entrada e saída) Tarefas realizadas e pendências Número de plantas e de produção por planta Quantidade de hectares plantados ou m², dependendo da cultura (como a alface, por exemplo) Perda de plantas Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 24 Informações técnicas Indicadores técnicos Informações econômicas Indicadores econômicos Indicadores técnicos Os indicadores técnicos são obtidos relacionando as informações técnicas entre si, para analisar o desempenho do sistema de produção. Com eles, é possível avaliar o negócio ou uma atividade agropecuária específica, considerando os “6 Es” do desempenho. Para sua boa utilização, deve-se dividir o sistema de produção e atribuir a cada setor os indicadores que melhor representam um bom desempenho. A setorização permite uma análise mais específica sobre cada área de uma atividade agropecuária. É importante ressaltar que não é preciso medir tudo. O processo de gestão de indicadores deve amadurecer junto com a empresa. Dessa forma, são usados os indicadores mais representativos de um setor e, aos poucos, a análise será aprofundada. A setorização não é padrão para todas as propriedades que trabalham na mesma atividade. Cada propriedade tem suas peculiaridades no sistema de produção, como porte, estrutura, mão de obra, mecanização etc. Consequentemente, o número de setores é definido de acordo com a complexidade do sistema. Observe, na tabela a seguir, um exemplo de setorização e de definição de indicadores por fase em uma propriedade de produção de tomate: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 25 Fase Indicadores 1. Produção de mudas • Germinação (indicador de % de sementes germinadas) • Vigor (indicador da capacidade da planta de emergir, medido em %) • Quantidade de mudas por hectare 2. Desenvolvimento vegetativo • Número de hastes por planta que será conduzida para produção (geralmente, duas hastes por planta) • Altura de inserção da primeira inflorescência • Espaçamento de plantio de 1,0 a 1,2 m entre linhas e de 0,5 a 0,7 m entre plantas 3. Nutrição de plantas • kg de fertilizante / kg de tomate • % de custo da adubação por planta • kg de fertilizante por hectare ou por planta 4. Produção de frutos • kg ou caixas / hectare • Caixas por ano • kg / planta • Quantidade de frutos ou inflorescência por planta 5. Reprodução (produção de sementes) • Longevidade das sementes (tempo de durabilidade) • Quantidade de sementes produzidas por planta • Produção de sementes em kg / hectare • Quantidade de sementes por grama ou por fruto Porém, não basta apenas calcular os indicadores. Eles devem ser fornecidos e discutidos com o responsável de cada setor, pois isso vai fazer com que ele seja capaz de medir o resultado do seu trabalho, o que representa um importante motivador da equipe. Informações técnicas Indicadores técnicos Informações econômicas Indicadores econômicos Informações econômicas As informações econômicas são, basicamente, os dados de despesas e receitas. Essas informações podem ser discriminadas por itens ou grupos, especialmente no caso das receitas. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 26 Conheça a seguir quais são os grupos de despesas! Energia e combustíveis Fertilizantes Serviços preliminares para cultivo Manutenção de benfeitorias e ferramentas Impostos e taxas Aluguel e mão de obra Produtos fitossanitáriosProdução de mudas (sementes, substrato etc.) Manutenção de máquinas e equipamentos Essas informações devem passar por uma análise de consistência, pois é preciso tomar cuidado para não esquecer nenhum registro e também para não atribuir às atividades despesas que não são delas. Entenda! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 27 Na prática • Propriedade: trabalha com atividade de produção de banana. • Atividades: banana (fruta) e mudas da planta. • Problema: muitas vezes, as despesas e receitas se misturam. Considerando que o produtor compra fertilizante e produtos fitossanitários para as duas atividades, devendo separar os custos para uma e outra. Para melhorar essa gestão, seria melhor que a muda da bananeira, quando pronta para o plantio, fosse vendida para a atividade de produção de muda. Assim, ele vai compor uma nova atividade, com despesas separadas. O estoque de capital médio investido na atividade também faz parte das informações econômicas. Ele pode ser: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 28 capital em terra Estoque capital médio em máquinas e equipamentos capital em animais capital médio em benfeitorias Informações técnicas Indicadores técnicos Informações econômicas Indicadores econômicos Indicadores econômicos Indicadores econômicos são relações feitas com os itens de despesas, receitas, recursos de produção e informações técnicas que permitam ao gestor tomar decisões. Veja alguns exemplos de indicadores econômicos: Custo / unidade de alface Gasto com fertilizante / renda bruta COT / renda bruta Margem bruta / mão de obra Margem líquida / unidade de alface Margem líquida / estufa de produção Lucro / mão de obra Fluxo de caixa Custo / muda de alface Gasto com substrato / muda Margem bruta / unidade de alface Margem bruta / estufa de cultivo Margem líquida / mão de obra Lucro / unidade de alface Lucro / estufa de produção Taxa de remuneração do capital com terra Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 29 Os indicadores econômicos, assim como os técnicos, ajudam na avaliação do desempenho dos setores e também do negócio como um todo. A implementação de uma técnica ou tecnologia não quer dizer que o negócio ficou mais lucrativo. A análise da evolução dos indicadores econômicos permite ao gestor verificar se suas decisões estão tornando o negócio mais rentável. Antes de seguir em frente, o que acha de reforçar alguns conceitos? Pense e decida Uma propriedade produtora de amendoim, por meio da implementação de tecnologias de nutrição e genética de plantas, consegue colher sua lavoura 15 dias antes do ciclo normal da cultura. Essa otimização na produção significa dizer que a propriedade agora é mais lucrativa? Com certeza, pois esse tipo de esforço já garante retornos financeiros imediatos. Não necessariamente,já que nem sempre esses esforços sozinhos resultam em ganhos. Justifique aqui a sua escolha! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 30 Feedback Nem sempre esses esforços sozinhos resultam em ganhos. Somente depois da análise dos indicadores econômicos desse negócio será possível afirmar se a otimização está sendo convertida em lucratividade. E é essa a principal função dos indicadores econômicos: medir o resultado dos esforços aplicados na produção sob o ponto de vista financeiro. Para deixar esses conceitos mais claros, acesse o seu Ambiente de Estudos e assista ao vídeo Na voz do Especialista, no qual o Prof. Erno explica a importância dos indicadores! Resumindo o tópico Neste terceiro tópico, você: Entendeu a importância dos indicadores, como as informações técnicas e econômicas. Conheceu em detalhes o conceito e a relação entre indicadores e informações técnicas. Viu em detalhes o conceito e a relação entre indicadores e informações econômicas. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 31 Tópico 4: Aplicação dos indicadores técnicos na atividade de fruticultura Afinal, como deve ser a aplicação desses indicadores técnicos em uma atividade produtiva? No decorrer deste tópico, você conhecerá mais a fundo a aplicação dos indicadores técnicos e suas informações técnicas em uma atividade de fruticultura. Produção por planta em produção Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 32 Um dos indicadores técnicos bastante usados pelo produtor rural é a produção por planta que está produzindo. Ele permite avaliar a evolução genética das plantas quanto à produção média de uma determinada fruta considerando o ambiente específico da propriedade e seus fatores de produção. Se o produtor tem um pomar especializado com baixa produção média, isso pode representar um problema nutricional, reprodutivo (polinização, abortamento de frutos etc.), sanitário, ou outro qualquer. O cálculo desse indicador é bem simples. Observação! A produção considera frutas vendidas + frutas consumidas. A avaliação final desse indicador deve ser feita considerando a média dos resultados de 12 meses. Isso se deve à sazonalidade da produção em algumas propriedades, por causa do cultivo geralmente de mais de uma espécie de frutas ou de variedades diferentes dentro de uma mesma espécie, ou seja, a produção é variável de acordo com o sistema de produção. Entenda! Produção por planta em produção = Produção total anual Total de plantas produtivas Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 33 Na prática Assim, é recomendado que na avaliação seja utilizada a média desse indicador em 12 meses. Observe! Uma propriedade usa sistemas de produção de citros com mais de uma variedade implantada no pomar. Assim, o produtor organiza a produção de modo que consiga atender ao mercado com uma variabilidade de citros e por um período maior de tempo. Desse modo, o produtor também consegue agregar mais valor ao seu produto. Isso faz com que a média de produção de citros durante os meses do ano fique homogênea. Mês Colheita JAN. FEV. MAR. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. Média Laranja valência toneladas Outubro a janeiro 12 13 15 20 5 t Limão taiti toneladas Dezembro a maio 6 4 5 6 7 5 2.75 t Tangerinas: ponkan, dancy e Montenegrina toneladas Março a setembro 8 9 10 12 10 9 11 5.75 t Ao longo do ano, o número de plantas em produção é variável. Para este cálculo, deve ser registrada a quantidade de plantas em produção por mês – normalmente, esse registro é feito sempre na mesma época, por exemplo, nos meses de colheita de cada espécie de citros. Depois, é calculada a média entre os 12 meses. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 34 Produção por total de plantas Este indicador tem como objetivo avaliar a situação do pomar de laranja valência como um todo, mas principalmente em relação à produção, ou seja, se o produtor possui, além de plantas produzindo, uma área de pomar em formação. Ele pode ser calculado anualmente para saber a produção por planta do total de plantas e, a partir desse indicador, avaliar o crescimento da produção por ano, seguindo o mesmo raciocínio utilizado no cálculo da produção por planta em produção. Vale destacar que uma variação muito negativa, ou mesmo a estabilização da produção em anos diferentes, pode significar uma disfunção no pomar que pode ser na parte reprodutiva das plantas ou um problema fitossanitário que esteja levando à morte de plantas. A referência para esse indicador depende da genética e do manejo adotado para o pomar. Para definir a quantidade de plantas, deve ser usada a mesma estratégia no cálculo de plantas em produção. Somamos o registro de unidades produtivas e o registro anual da quantidade de plantas ainda não produtivas para definir o total de unidades anualmente. Depois, calculamos a média dos 12 meses. Observe! Produção por total de plantas = Produção +Nº de plantas produtivas Nº de plantas ainda não produtivas Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 35 Porcentagem de plantas em produção (% PP) A porcentagem de plantas em produção sobre o total de plantas é outro indicador que mostra o manejo produtivo do pomar. Digamos que a tangerina seja o principal produto para a geração de renda na atividade de fruticultura, então, quanto mais alto for esse indicador, mais eficiente será o negócio. O cálculo desse indicador é feito anualmente. Referência: usualmente, para esse indicador é calculada ao dividir o período de produção (PP) esperado pelo intervalo entre produções (IP) esperado. Cálculo anual % plantas em produção = plantas em produção ÷ total de plantas × 100 Cálculo por período % plantas produtivas no total de plantas = PP ÷ IP × 100 Entenda melhor acompanhando o exemplo a seguir! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 36 Na prática Em pomares de tangerina, limão e laranja com nível de especialização produtiva médio, encontramos os seguintes dados: • período de produção esperado = 12 meses (utilizando mais que uma espécie e variedade de citros, construindo uma escala de produção); • intervalo entre produções esperado = 12 meses (uma safra por ano). Nesse caso, a referência será: Logo, a porcentagem de plantas em produção desejada é 100%. É importante salientar que produtores que optam por cultivar citros com várias espécies e variedades distribuídas em determinadas épocas do ano conseguem produções o ano todo, ou seja, os 100% das plantas. % plantas em produção no total de plantas = x 100 PP IP % plantas em produção no total de plantas = x 100 12 12 = 100% Em pomares, em que se utiliza somente uma espécie de citros de alta produção, mas que apresentam uma produção concentrada em uma determinada época do ano, essa referência pode ser reavaliada, pois se aceita um menor período de produção em um mesmo, mas não terá, logicamente, produção o ano inteiro. Referência: o valor de referência para pomares, em que se utiliza somente uma espécie de citros de alta produção, deve ser calculado de acordo com a realidade de cada propriedade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 37 Se o período de produção é curto, por exemplo, quatro meses, e o intervalo de produção se mantém (12 meses), a porcentagem de plantas em produção esperada pode diminuir. Na prática Numa propriedade de produção de laranja, encontramos os seguintes dados: • período de produção = 4 meses; • intervalo entre produção = 12 meses. Nesse contexto, a referência para a porcentagem de plantas produtivas no total de plantas é a seguinte: % plantas produtivas no total de plantas = x 100 4 12 % plantas produtivas no total de plantas = 33,3% Para a apuração da situação produtiva do pomar, é necessário registrar e calcular a média dosúltimos anos (12 anos) das porcentagens de plantas em produção sobre o total de plantas do pomar. Esse é um processo a ser repetido ano a ano, pois o resultado poderá variar se ocorrer uma concentração de produção ou a introdução de uma nova variedade que produza em uma época diferente das demais variedades dentro do ano. Veja um exemplo na tabela a seguir: 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Média % Plantas produtivas sobre o total de plantas 71 69 79 81 86 90 94 87 65 73 75 97 80,58 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 38 Observação: espécie é o conjunto de indivíduos (plantas) muito semelhantes, capazes de cruzar entre si e gerar descendentes. Variedade é o cruzamento natural entre plantas da mesma espécie. Plantas em produção / total de plantas Este indicador expressa a pressão para manter um fluxo de caixa positivo em relação às plantas em produção, ou seja, quanto maior a porcentagem de plantas em produção no pomar, menor será a pressão sobre o fluxo de caixa. Isso acontece porque, quanto maior for o número de plantas produtivas dentro do pomar, maior será a produtividade e maior será a renda, o que torna o fluxo de caixa mais estável. A seguir, conheça alguns fatores que podem influenciar o cálculo do total de plantas. Presença de plantas masculinas em pomares de kiwi Taxa de mortalidade de plantas Taxa de reposição de plantas Idade da planta para a primeira produção Presença de plantas masculinas em pomares de kiwi É importante destacar a importância e a influência da utilização de plantas masculinas no pomar. Para haver uma boa produção de kiwi, é fundamental o uso dessas plantas para que ocorra a fecundação das flores e, consequentemente, a formação do fruto. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 39 Nesse sentido, o pomar já está com plantas não produtivas, e isso determina uma porcentagem menor de plantas produtivas em relação ao total, ou seja, em casos de necessidade de introdução de plantas masculinas no pomar, este não terá 100% das plantas produzindo, além de as plantas masculinas terem praticamente os mesmos custos que uma planta produtiva. Na produção de kiwi, a recomendação é utilizar uma planta masculina para oito plantas femininas distribuídas de forma homogênea no pomar, ou seja, no total, são necessárias 500 plantas por hectare. O cálculo Na prática Esse indicador não quer dizer que a produção de kiwi não seja viável, apenas mostra que convém manter a separação dos centros de custos para um cálculo correto. PM Número de plantas por hectare Número de plantas femininas por planta masculina = 62,5 plantas masculinas por hectare PM 500 8 = PM = PM Número de plantas por hectare Número de plantas femininas por planta masculina = 62,5 plantas masculinas por hectare PM 500 8 = PM = Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 40 Presença de plantas masculinas em pomares de kiwi Taxa de mortalidade de plantas Taxa de reposição de plantas Idade da planta para a primeira produção Taxa de reposição de plantas A taxa de reposição das plantas mede a porcentagem de plantas substituídas no pomar no período de um ano. Ela é calculada pela seguinte fórmula: Taxa de reposição de plantas = x 100 Plantas substituídas Total de plantas Essa taxa é utilizada especialmente para medir a eficiência no manejo sanitário do pomar. Problemas reprodutivos como fecundação, por exemplo, fitossanitários e podas drásticas são os fatores que mais afetam esse indicador. Presença de plantas masculinas em pomares de kiwi Taxa de mortalidade de plantas Taxa de reposição de plantas Idade da planta para a primeira produção Idade da planta para a primeira produção Como medida que expressa a eficiência de produção das plantas, este indicador está associado ao peso e à quantidade de frutos por planta na primeira produção. No cultivo de ameixa, por exemplo, a primeira colheita pode ser realizada com 2 anos, mas não é o recomendado. Isso gastaria boa parte de suas reservas, o que prejudicaria tanto seu crescimento como sua recuperação e, consequentemente, atingiria uma menor produção nas próximas safras. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 41 A referência para esse indicador é de 3 anos para o início da produção A expectativa de produção é de 14 kg a 15 kg por planta no terceiro ano A quantidade é variável, dependendo do manejo do pomar, do clima e de outros fatores. Presença de plantas masculinas em pomares de kiwi Taxa de mortalidade de plantas Taxa de reposição de plantas Idade da planta . para a primeira produção Taxa de mortalidade de plantas Este é um importante indicador para avaliar os cuidados iniciais, ou seja, na formação do pomar, principalmente a irrigação. Ele também expressa a qualidade do trabalho realizado na fase de plantio do pomar, abrangendo o sistema de preparo de solo, a adubação, a limpeza da área e a forma de plantio de fato. Veja a fórmula: Plantas mortas Plantas plantadas 100%TMP Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 42 Indicadores de produtividade da terra: plantas produtivas / área total Este indicador pode ser calculado anualmente ou considerando mais que um ano para gerar um indicador mais expressivo. A oscilação do valor dele depende de se a propriedade teve aumento ou diminuição de plantas produtivas* de um ano para outro. A variação das plantas produtivas é gerada por início de produção de um pomar novo, morte de plantas etc. O cálculo é feito pela simples divisão da média de plantas produtivas pela área utilizada para toda a produção, incluindo aquelas de reserva e benfeitorias, estradas e pátios. Esta é a fórmula! Média de plantas produtivas Área totalPP / área total A média de plantas produtivas é calculada ao somar o número de plantas em produção de cada ano (cálculo de 8 anos) e dividindo o total por 8. Observe! Anos 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Plantas produtivas por ano 350 430 425 410 550 530 650 700 800 O cálculo é o seguinte: Média de plantas em produção = Soma do número de plantas em cada ano = 8 anos Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 43 Total de plantas em produção = 350 + 430 + 425 + 410 + 550 + 530 + 650 + 700 + 800 = 4.845 plantas Média de plantas em produção Média de plantas em produção 605,62 plantas = = 4.845 8 Neste exemplo, caso a propriedade tenha 10 hectares, o cálculo da quantidade de plantas em produção sobre a área total será este: PP / área total = Média de plantas em produção área total PP / área total = 605,62 10 PP / área total 60,56 plantas/hectare= Esse indicador é afetado pelo manejo reprodutivo das plantas e pela persistência destas no que diz respeito a maximizar a porcentagem de plantas produtivas no pomar. Expressa, também, a eficiência da utilização da terra para a atividade. O indicador é calculado pela fórmula: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 44 Média de plantas em produção em 8 meses Área total da propriedade PP por área total Vale destacar que existe a necessidade de rateio das áreas improdutivas em propriedades que possuam mais de uma atividade. Confira os itens a seguir: Plantas produtivas por mão de obra A divisão da quantidade de plantas produtivas pela quantidade de pessoas envolvidas na atividade identifica: A partir disso, o produtor pode tomar decisões, como aumentar a área de produção ou contratar mão de obra para suprir a demanda. Quilos de frutas por mão de obra A produção pela mão de obra expressa a capacidade produtiva que cada pessoa possui dentro da atividade. Neste sentido, o produtor pode avaliar se a produção foi alta ou baixa em relação à mão de obra, e assim saber se a mão de obra está ou não onerosa. a capacidadede trabalho que cada indivíduo que compõe a mão de obra precisa alcançar para atender à demanda de serviços da atividade em um determinado período de tempo e em cada fase da cultura (poda de produção, poda verde, adubação, colheita etc.). Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 45 Quilo de frutas/hectare/ano Este é um importante indicador dos sistemas de produção de frutíferas e está atrelado a diversos fatores, tais como: • Persistência de produção das plantas. • Média de produção das plantas. • Afeta a média de produção das plantas. • Porcentagem de plantas em produção. • Precocidade das plantas para a primeira colheita (permite ao produtor produzir mais na mesma área). • Afeta a média de produção por safra. • Afeta a reprodução das plantas, causando os efeitos já citados. • Afeta a média de produção das plantas por motivos diversos (aborto de flores e frutos, morte de plantas etc.). Para definir a área da propriedade usada nos indicadores de utilização da terra em todas as cadeias produtivas do agronegócio, é preciso considerar toda a área da propriedade, como APP, reserva legal, área de construção, estradas e outras não produtivas. Numa propriedade que tenha mais de uma atividade, essas áreas não produtivas devem ser rateadas com base na área útil ocupada em cada atividade. Resumindo o tópico Neste quarto tópico, você: Conheceu mais a fundo a aplicação dos indicadores e informações técnicas considerando a produção da atividade de fruticultura. Entendeu como realizar os cálculos, relembrando fórmulas importantes de indicadores técnicos. Compreendeu a importância das informações técnicas para decisões gerenciais relevantes na cadeia produtiva. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 46 Tópico 5: Aplicação dos indicadores econômicos na produção de uva Você consegue aplicar os principais indicadores e informações econômicas no gerenciamento de uma produção de uva? Neste tópico, você vai entender mais a fundo os indicadores econômicos e sua aplicação na área de produção de uva. Você sabe que indicadores econômicos servem para medir as diferentes rotas que podem ser tomadas pela atividade econômica em nível empresarial ou de rentabilidade, ajudando a tomar decisões importantes pensando no futuro. A seguir, conheça de forma mais aprofundada alguns indicadores econômicos e a aplicação deles na produção de uva. Para facilitar o entendimento, eles estão divididos aqui em 3 grupos: Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 47 Custos Gastos Margem Bruta Acompanhe! Custos Custo operacional efetivo em equivalentes a quilos de uva (kg/ano) – PCOE O custo operacional efetivo da atividade é o valor encontrado durante o ano. Para encontrar o COE equivalente em quilogramas de uva, devemos dividir esse valor pelo valor médio de venda de uva ao longo do período. PCOE = COE Preço Esse resultado permite que seja feita uma análise histórica dos custos, verificando o quanto da produção está comprometido para pagar o COE. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 48 Custo operacional total da atividade em equivalentes a quilos de uva (kg/ano) – PCOT O custo operacional total da atividade no ano é dividido pelo valor médio de venda da uva ao longo do período. Esse resultado permite uma análise histórica dos custos, verificando o quanto da produção está comprometido para pagar o COT. Custo total da atividade em equivalentes a quilos de uva (kg/ano) – PCT O custo total da atividade no ano é calculado dividindo o valor total encontrado pelo valor médio de venda da uva ao longo do período. Esse resultado permite uma análise histórica dos custos, verificando o quanto da produção está comprometido para pagar o CT. Ele é também chamado de ponto de cobertura total. Custo operacional efetivo unitário (R$/kg) O custo operacional efetivo unitário da uva no ano é obtido pela divisão do custo pela produção anual da fruta. PCOT = COT Preço PCT = CT Preço do quilograma da uva COE Produção anual Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 49 Esse resultado permite ao gestor analisar o custo e o preço de comercialização, para que ele possa tomar decisões mais adequadas ao negócio. Adotar estratégias para manter os resultados também é uma tomada de decisão. Custo operacional total unitário (R$/kg) É o custo dividido pela produção anual de uva. A análise deste indicador segue o mesmo raciocínio adotado no cálculo do COE/kg. Custo operacional efetivo / preço da uva (%) É a porcentagem que corresponde ao custo operacional efetivo do quilograma da uva em relação ao seu preço médio ao longo do ano. Parâmetro: o COE deve representar entre 65% e 70% do preço recebido pelo quilograma da uva. Custo operacional total / preço da uva (%) É a porcentagem que corresponde ao custo operacional total do quilograma da uva em relação ao seu preço médio ao longo do ano. COT Produção anual COE Preço médio do quilograma da uva COT Preço médio do quilograma da uva Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 50 Custo total da uva / preço da uva (%) É a porcentagem que corresponde ao custo total do quilograma da uva em relação ao seu preço médio ao longo do ano. Parâmetro: o CT deve ficar o mais próximo possível do valor do COT, demonstrando o baixo efeito dos custos fixos na produção. Gastos Gasto com mão de obra contratada para a atividade da viticultura / renda bruta da uva (%) Trata-se da porcentagem que corresponde ao gasto com a mão de obra contratada ao longo do ano em relação à renda bruta da uva. Como se sabe, o custo da mão de obra contratada é um dos principais componentes do custo da produção de uva. Para diluir esse custo, é necessário aumentar a produtividade d/h (dia/homem). Parâmetro: valor menor que 15%. O produtor também tem o gasto com fertilizantes. O indicador representa a porcentagem correspondente a esse gasto ao longo do ano em relação à renda bruta da uva. Aqui, são consideradas todas as despesas relacionadas à manutenção da cultura. CT Preço médio do quilograma da uva Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 51 Gasto com produtos fitossanitários na atividade da viticultura / renda bruta da uva (%) Este indicador representa a porcentagem correspondente ao gasto com produtos fitossanitários ao longo do ano em relação à renda bruta da uva. O gasto com produtos fitossanitários é o maior componente do custo de produção da uva na maioria dos sistemas de produção no Brasil. Ao contrário da mão de obra, o menor gasto possível de produtos fitossanitários não corresponde à maior rentabilidade, pois, com menos produtos fitossanitários, a produtividade das plantas se torna muito baixa, diminuindo a receita da atividade. Portanto, é preciso ter equilíbrio na utilização desse insumo. Quando existe um gasto excessivo em sistemas de alta produtividade, o comprometimento da rentabilidade vem justamente pela elevação dos custos variáveis. É importante avaliar o que a soma dos gastos com produtos fitossanitários e mão de obra representa em relação à receita, pois, em sistemas de cultivo protegido, os produtos fitossanitários chegam a representar em torno de 10% dela. Quando isso ocorre, pode haver um aumento do gasto com a mão de obra, que então não deve ultrapassar 30%. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 52 Parâmetro: o somatório desses dois indicadores deve girar entre 30% e 40% (no máximo) para não inviabilizar a atividade. Esse parâmetro deve ser utilizado com cautela, pois não representa uma verdade absoluta que se aplique a todas as propriedades e sistemas de produção. Margem bruta Margem bruta anual da atividade de viticultura (R$ por ano) É a renda bruta da uva descontando o custo operacional efetivo da atividade. Veja a fórmula: RB COEMB Este indicador permiteao gestor analisar a capacidade que o negócio tem para se manter no curto prazo. A margem não deve ser confundida com fluxo de caixa. Vale lembrar que o fluxo de caixa consiste nas entradas e saídas de dinheiro do negócio como as entradas e saídas de empréstimos bancários, por exemplo. Margem bruta unitária da atividade de viticultura (R$/kg) A margem bruta unitária é um indicador dado pela margem bruta da atividade dividida pela produção anual de uva. MB unitária MB produção anual Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 53 Este indicador permite ao gestor saber quanto sobra por quilograma depois de pagar o COE. Conhecendo esse valor, ele pode definir a produção necessária para atingir determinada meta financeira. Observe um exemplo! Na prática Considere um produtor que deseja comprar um pulverizador cujas prestações são de R$ 2.000,00 por ano. Ele quer saber quanto de uva deve produzir a mais por mês, para pagar as prestações. Os dados que temos são estes: • Margem bruta unitária = R$ 0,40 • Meta financeira = R$ 2.000,00 Então, o volume de produção adicional necessário para atingir a meta financeira neste exemplo é de 5.000 kg/ano. = 5.000 kg/ano Meta financeira MB unitária R$ 2.000 R$ 0,40 Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 54 Margem bruta por área para a viticultura (R$/ha) É a margem bruta da atividade dividida pela área total utilizada para a viticultura. Esse indicador, assim como a taxa de retorno do capital, é utilizado na comparação com outras atividades. Margem bruta Área total Antes de analisar possíveis alternativas, é interessante verificar se estão sendo eficientes na atividade atualmente trabalhada Permite avaliar a capacidade de cada atividade gerar retorno para remuneração dos custos fixos e para compor o lucro do empresário por unidade de área. Uma vez analisadas as oportunidades na atividade exercida, este indicador serve como base para comparação com outras atividades. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 55 Margem bruta por planta produtiva (R$/planta) É a margem bruta da atividade dividida pelo número de plantas produtivas ao longo do ano. Margem bruta Plantas produtivas Ela é interpretada de três formas: margem bruta negativa, igual a zero ou maior que zero. Agora, assista ao vídeo Na voz do Especialista disponível no seu Ambiente de Estudos e veja a explicação do Prof. Erno sobre a importância dos indicadores e das informações econômicas! Resumindo o tópico Neste quinto tópico, você: Conheceu mais a fundo os indicadores e as informações econômicas aplicados em uma produção da atividade de viticultura. Entendeu como realizar os cálculos, relembrando fórmulas importantes relativas aos indicadores econômicos. Compreendeu que os indicadores econômicos servem para medir as diferentes rotas que podem ser tomadas pela atividade econômica em nível empresarial ou de rentabilidade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 56 Encerramento do tema Você chegou ao final deste primeiro tema. No decorrer deste estudo, pode compreender os conceitos de desempenho nas dimensões do esforço e dos resultados, entendendo que muito esforço com pouco resultado representa perda de energia e, consequentemente, de dinheiro. Agora, finalizada esta etapa, você é capaz de: Medir o esforço e o resultado por meio dos indicadores – métricas que direcionam a tomada de decisão nos negócios. Registrar e coletar dados que vão gerar indicadores técnicos e econômicos, transformando os dados em informações. Aplicar os cálculos dos indicadores técnicos e econômicos da viticultura, melhorando os valores de referência para a tomada de decisão. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 57 Esta primeira etapa foi intensa e repleta de informações numéricas, conteúdo prático essencial para o gerenciamento de excelência e rentabilidade na propriedade atendida! Agora, para finalizar, assista ao vídeo de Encerramento do Tema no Ambiente de Estudos e siga acompanhando Marcelo e o seu trabalho na Fazenda Santa Felicidade. Atividade de passagem Chegou a hora de colocar em prática o que aprendeu! Você deve responder uma questão relacionada ao conteúdo estudado até aqui para passar para o próximo tema, ok? Atenção! Se você estiver com alguma dúvida quanto ao assunto, retorne ao conteúdo do módulo ou, se preferir, entre em contato com o tutor no seu Ambiente de Estudos. Questão Até aqui, você pôde entender a importância da gestão do desempenho, medindo nas organizações o esforço e os resultados obtidos. Para confirmar isso, é importante realizar o registro das informações técnicas. A partir delas, é possível gerar indicadores, que são ferramentas importantes para a medição do desempenho nas empresas. Também pôde compreender como aplicar esses conceitos, abordando os indicadores técnicos e econômicos. Com base em seus estudos, indique quais das afirmações a seguir estão corretas: a. Para as organizações, a mensuração do esforço e dos resultados é importante, pois permite avaliar o andamento das ações propostas, o que possibilita ao gestor avaliar se os esforços empregados produzem os resultados esperados. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 58 b. Informações técnicas são registros que circundam a produção em qualquer atividade. Ex.: produção, data de início da colheita, data de término da colheita, número de pessoas contratadas etc. c. Indicadores econômicos referem-se ao processamento das informações econômicas, transformando-as em números que são utilizados pelo gestor para tomar decisões. d. Os indicadores técnicos e econômicos devem ser analisados em conjunto, pois uma melhoria nos indicadores técnicos que comprometa os indicadores econômicos não faz sentido do ponto de vista empresarial. e. A produtividade na viticultura é medida em quilogramas de uva/hectare/ano. Esse é um indicador influenciado por todas as ações técnicas na propriedade produtora de uva, tanto da parte botânica como da agronômica. 1. A, B, C e D. 2. B, C e E. 3. A, B, D e E. 4. A, B, C, D e E. 5. C, B e D. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 59 Tema 2: Indicadores das principais cadeias produtivas Introdução Você está iniciando o segundo tema do módulo. O objetivo é que você conheça os indicadores das principais cadeias produtivas da agricultura sendo aplicados na cafeicultura, na fruticultura (produção de mamão), na produção de soja, na horticultura (produção de cebola) e na floricultura. Ao final deste tema, você será capaz de: • entender o desempenho nas cadeias produtivas da agricultura, • diferenciar os conceitos que envolvem os indicadores técnicos e econômicos, • aplicar esses conceitos nas cadeias produtivas, realizando os cálculos corretos, • adaptar os conceitos aos diferentes tipos de propriedades, traçando planos de gestão e gerenciamento assertivos. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 60 Estrutura do tema Entender a aplicação dos conceitos relativos aos indicadores é essencial para garantir um gerenciamento empresarial rentável para a propriedade rural. Então, para facilitar o entendimento desse conteúdo, este tema está dividido em tópicos. Conheça o objetivo de cada um deles. Tema 2 Tópico 1 Tópico 2Tópico 5 Tópico 4 Tópico 3 Indicadores na atividade da cafeicultura Aplicar o conteúdo de indicadores na atividade da cafeicultura. Indicadores na fruticultura Aplicar o conteúdo de indicadores na produção de mamão. Indicadores na floricultura Aplicar o conteúdo de indicadores na produção de flores. Indicadores na horticultura Aplicar o conteúdo de indicadores na produção de cebola. Indicadores na produção de soja Aplicar o conteúdo de indicadores na produção de soja. Agora que você já conhece o objetivode cada um, siga em frente e ótimos estudos! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 61 Tópico 1: Indicadores na atividade da cafeicultura Você acredita que a aplicação dos indicadores é a mesma para diferentes cadeias produtivas? No decorrer deste tópico você verá a aplicação dos indicadores técnicos e econômicos da cafeicultura, reconhecendo suas particularidades e entendendo como interpretá-los. Quando se analisa a produção de café, muitas características são distintas em relação a outras espécies que produzem frutos, porém com indicadores comuns em alguns casos. Essa é uma das cadeias produtivas por atividade que figura entre as mais presentes em nosso país. Vale destacar que nos últimos anos o Brasil alcançou excelentes índices de produção e exportação de café. Isso se deve a inúmeros fatores, entre eles a qualidade do sistema produtivo nacional e a confiança crescente no conceito de alimento saudável, especialmente pela produção de café de qualidade. Acompanhe a aplicação dos principais indicadores! Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 62 Indicadores técnicos Observe a aplicação dos indicadores técnicos nesta cadeia produtiva! Área para produção da cafeicultura (ha) É a área total destinada à atividade e inclui a área de produção de café, construções, estradas, reservas etc. A mensuração das áreas deve ser a mais precisa possível, pois ela influencia diretamente: o indicador da produtividade da área para produção de café a quantidade de plantas e o capital empatado na atividade. Além da área total, deve ser considerada em algumas situações aquela área destinada à atividade somada aos locais de reserva da propriedade, incluindo áreas de preservação permanente (APPs). Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 63 Total de plantas produtivas e ainda não produtivas (plantas/ano) O total de plantas produtivas é dado pela média anual do número de plantas em produção da propriedade. Esse valor é proveniente da evolução da produção de café conforme cálculo feito anualmente pelo técnico e de acordo com as informações levantadas pelo produtor. Neste item, são levados em consideração: o número de plantas que estão produzindo no início do período o número de plantas no final do período as plantações de novas áreas as mortes de plantas A apuração do total de plantas na atividade requer um levantamento preciso e imprescindível, uma vez que esse valor determina: • a taxa de mortalidade de plantas, • a taxa de aumento na quantidade de plantas, • o percentual de plantas produtivas em relação ao total de plantas, • outros indicadores. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 64 Pode-se dizer que ele indica a média anual do número de plantas na atividade. Para o cálculo dessa informação, devem ser incluídas todas as plantas, independentemente da fase de desenvolvimento em que se encontram. Número de plantas por hectare (plantas/ha) O número de plantas por hectare é calculado levando em consideração as fileiras de plantas e o espaçamento entre elas. Nesse sentido, para alcançar o resultado do número de plantas por hectare, devemos utilizar também no cálculo o valor correspondente a 1 hectare, que possui 10.000 m². Esse indicador demonstra o nível de intensidade de exploração da atividade, e, para calcular a taxa de lotação de uma área, basta aplicar a seguinte fórmula: 10.000 m² (1 ha) Distância entre fileiras Distância entre plantas Número de plantas por hectare Caso não se conheçam os espaçamentos entre fileiras e plantas, podem-se usar os valores que dependem do sistema de cultivo. Conheça alguns espaçamentos recomendados de acordo com os sistemas de produção mais utilizados na atualidade. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 65 Sistema de plantio com espaçamento único (semiadensado) para zonas montanhosas (sem mecanização) Entre plantas de 0,5 m Entre fileiras de 4,0 m 5.000 plantas por hectare Sistema de plantio adensado (sem mecanização) Entre plantas de 0,5 m Entre fileiras de 1,75 m 11.430 plantas por hectare Sistema semiadensado (sem mecanização) Entre plantas de 0,5 m Entre fileiras de 3,2 m 6.250 plantas por hectare Sistema extremamente adensado (realização de podas das plantas com frequência) Entre plantas de 0,5 m Entre fileiras de 1,0 m 20.000 plantas por hectare Sistema de plantio com espaçamento único (semiadensado) para zonas montanhosas (sem mecanização) Entre plantas de 0,5 m Entre fileiras de 4,0 m 5.000 plantas por hectare Sistema de plantio com espaçamento único (semiadensado) para zonas montanhosas (sem mecanização) Entre plantas de 0,5 m Entre fileiras de 2,0 m 10.000 plantas por hectare Fonte: Embrapa Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 66 Produção anual de sacas (sacas/ano) Este indicador se refere à produção de sacas em um período de 12 meses. Ele pode ser calculado bianualmente no caso do café; em outras culturas, como milho, soja, trigo etc., geralmente é calculado anualmente. Uma área da produção é calculada da seguinte forma: Peso médio por planta (kg/planta) Esse indicador leva em consideração o peso de frutos no momento da sua venda para o mercado. O manejo nutricional e a genética das plantas são os principais fatores que influenciam este indicador, além do clima, que tem sua importância destacada por estar diretamente relacionado à renda obtida pelo produtor. Total de kg produzido 60 (kg por saca) Produção de sacas Total de kg produzido Quantidade de plantaskg por planta Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 67 Taxa de mortalidade de plantas (%) Para o cálculo deste indicador, utiliza-se o número de plantas que morreram durante o ano em relação ao número total de plantas da área. O indicador é influenciado por índices produtivos e de mortalidade obviamente, bem como pelo desempenho de desenvolvimento das plantas. Esse indicador é extremamente importante, uma vez que o produtor pode observar e encontrar problemas em relação ao solo, a pragas e doenças ou ao manejo da cultura, como podas drásticas que levam à morte de plantas. Observe! Esse valor é calculado com base no total de plantas, e não nas que morreram. Além disso, esse indicador também pode ser usado na avaliação da eficiência produtiva. Número de plantas mortas Número total de plantas 100 Taxa de mortalidade de plantas % Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 68 Produção/área para atividade (sacas/ha/ano) É o resultado da divisão da produção anual de sacas pela área total utilizada para produção de café, não são incluídas as áreas de reserva, de preservação permanente e todas as demais áreas da propriedade. Para a maioria das regiões, a produtividade por área é o melhor indicador técnico para predizer se a propriedade é ou não eficiente economicamente, já que envolve um conjunto de fatores necessários à melhoria desse indicador. Observar a área a ser plantada aliado ao espaçamento de plantio é fator preponderante para alcançar boas produtividades, e, para isso, é preciso realizar replantio para reposição das plantas mortas com a finalidade de se manter o stand de plantas planejado no plantio. Módulo 4 Gerencial III da Assistência Técnica e Gerencial pg. 69 Gastos com fertilizantes na atividade (R$/ano) Um dos indicadores mais importantes na produção de café é o gasto com fertilizantes, que remete ao total dos gastos com a nutrição de plantas, ao longo do ano. Gasto com mão de obra contratada na atividade (R$/ano) Total dos gastos com pagamento da mão de obra contratada para manejo das plantações de café ao longo do ano, incluídas as despesas com encargos trabalhistas. Estoque de capital em lavouras, benfeitorias, máquinas, equipamentos e utensílios (R$/ano) Está relacionado ao capital médio referente