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A UNIDADE MOTORA E SUAS SÍNDROMES 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A unidade motora (UM) é constituída por um conjunto de fibras musculares inervadas por um 
motoneurônio, sendo essa a menor unidade funcional do aparelho locomotor. A UM é 
considerada a via motora final comum voluntária e involuntária descrita por Charles Sherrington. 
As estruturas que estão envolvidas em uma unidade motora são compostas de dois 
componentes: um muscular e um neural. O primeiro contém: o músculo, o sarcômero, o sistema 
T e o retículo sarcoplasmático; e o segundo: o fuso muscular, a unidade motora propriamente 
dita, o órgão neurotendíneo de Golgi, células de Renshaw, miótomos, o nervo periférico, a 
junção neuromuscular e a asa anterior da medula espinhal. 
 
MÚSCULOS 
 
 
Um músculo é constituído por centenas a milhares de fibras musculares individuais. Cada fibra é 
um sincício multinucleado de forma quase cilíndrica e envolvida numa cobertura de tecido 
conectivo chamado de endomísio, o qual se estende por uma longa distância num fascículo 
muscular. Em corte transversal as fibras são poligonais; seu diâmetro varia dependendo de vários 
fatores, mas é relativamente constante num mesmo músculo. Um fascículo muscular é um grupo 
de fibras musculares reunidas dentro de uma bainha denominada de perimísio, contendo no seu 
interior, ramos nervosos intramusculares, capilares e fusos musculares. Já o epimísio separa 
grupos de fascículos e também proporciona uma cobertura para todo o músculo. O epimísio de 
superfície é contínuo com a fáscia, que cobre os músculos, e com os tendões que o ancora na 
origem e na inserção. Os núcleos das fibras musculares situam-se em fileira na periferia da célula, 
logo abaixo do sarcolema. A membrana basal encontra-se na parte externa do sarcolema e, entre 
ambas as membranas, existem células satélites totipotenciais adormecidas, as quais podem 
atuar na regeneração de lesão muscular. Cada fibra muscular é composta por milhares de 
 
 
 
 
 
 
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miofibrilas, as quais são compostas por milhares de miofilamentos ou elementos contráteis, que 
 
constituem os sarcômeros (Fig.1). 
 
 
 
Fig. 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lent, 05 
Sarcômero 
 
 
O sarcômero é a 
unidade bioquímica 
contrátil do músculo 
estriado (esquelético 
ou cardíaco). Cada 
sarcômero é composto 
de filamentos finos e 
grossos, interdigitados 
entre si, delimitado 
 
por duas linhas perpendiculares chamadas de linhas Z, e cada linha Z divide uma banda I. O 
filamento grosso é uma proteína chamada miosina, peso molecular de 500.000, constituída de 
dois fragmentos: meromerosina pesada com atividade ATPásica, e a meromerosina leve que não 
tem essa atividade. A miosina é uma proteína com forma que lembra um pequeno bastão de 
golfe, com a cauda orientada para o centro do filamento e uma cabeça globular flexível orientada 
para fora. Na cabeça globular existe atividade ATPásica e forma a base molecular da ponte 
cruzada. O filamento fino é uma proteína chamada actina, peso molecular de 60.000, que se 
origina em cada lado da linha Z e dirige-se para o centro do sarcômero, deixando um espaço 
entre ambas. Outras proteínas estão associadas com a actina para regular o processo de 
contração muscular: tropomiosina e troponina. As moléculas ou monômeros de actina são 
ordenados no filamento fino de forma helicoidal. 
 
Em resumo, veja na figura abaixo, os distintos níveis de organização estrutural de um músculo 
esquelético. O músculo é constituído de fibras musculares. Cada fibra contém em seu citoplasma 
miofibrilas. Essas são compostas por unidades que se repetem ao longo das miofibrilas, os 
sarcômeros. Esses são formados por filamentos finos e grossos, interdigitados entre si. A 
disposição típica desses filamentos origina as características bandas do sarcômero. Na banda I, 
filamentos finos; na banda A, filamentos finos e grossos; na banda H, filamentos grossos; na 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cingollani, 05 
banda M, observam-se as conexões existentes 
entre os filamentos de miosina na parte 
central do filamento grosso; na banda Z, existe 
uma trama formada por filamentos Z que se 
liga aos filamentos finos. À direita, aparece 
amplificada e em três dimensões, a disposição 
relativa dos filamentos finos e grossos da 
banda A. Cada filamento grosso encontra-se 
circundado por seis filamentos finos, e cada 
um desses, por três grossos (Fig.2). 
As moléculas de tropomiosina, peso molecular 
de 70.000, são longas e estão unidas entre si, 
estendendo-se ao longo de todo o filamento 
fino por sete monômeros da molécula de 
 
actina. A molécula de troponina é formada por três componentes, a troponina T, a I e a C. A 
troponina T é a que une o complexo troponínico à tropomiosina; a I é assim denominada porque 
inibe, junto com a tropomiosina, a interação entre actina e a miosina; a C recebe esse nome 
porque tem a capacidade de unir-se ao íon cálcio, veja na figura abaixo. Além dessas proteínas 
contráteis e reguladoras, existem outras proteínas associadas ao sarcômero como titina ou 
conectina e nebulina. Cada molécula de titina estende-se ao longo de todo o seu filamento, 
desde a linha Z a linha M, e forma um terceiro filamento no sarcômero. As moléculas de titina de 
cada metade do sarcômero, o ancora na linha Z. As suas propriedades elásticas explicam parte da 
tensão-comprimento do músculo estriado em repouso. A nebulina encontra-se desde a linha Z 
até o extremo livre do filamento fino que contribui para o comprimento desse filamento (Fig.3). 
 
 
 
Fig. 03 Cingollani, 05 
 
 
 
 
 
 
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Uma proteína chave do citoesqueleto é a distrofina, uma molécula grande que forma uma malha 
de reforço imediatamente abaixo do sarcolema, ligando o sarcômero ao sarcolema e a matriz 
extracelular. A distrofina não está diretamente conectada ao sarcolema, mas sim ancorada em 
cada extremidade por um complexo glicoprotéico. A distrofina parece dar suporte mecânico ao 
sarcolema, para ajudar a estabilização e dar-lhe firmeza contra as forças da contração muscular. 
A distrofina é controlada por um gene, com pelo menos 2300 kb e 79 exons, que codifica uma 
proteína com 3685 aminoácidos que produz quatro componentes distintos. O aminoácido 
terminal está ligado aos filamentos citoplasmáticos de actina e no outro lado ligado a um 
complexo de proteínas e glicoproteínas chamadas de proteínas associada à distrofina e 
glicoproteínas associada a distrofina. Na transcrição, cada um com o seu próprio promotor, que a 
distrofina influencia um número distinto de funções. A distrofina cortical é encontrada no 
hipocampo, amígdala, tálamo, hipotálamo, neocórtex, e nas células de Purkinge do cerebelo. 
Distúrbios genéticos dessas proteínas do citoesqueleto são subjacentes a muitas das distrofias 
musculares. Veja na figura abaixo, um defeito na proteína distrofina, em uma menina de 13 anos, 
com uma distrofia muscular forma de cinturas e, ao lado direito, existe infiltração de tecido 
adiposo entremeando a musculatura (Fig.4). 
 
 
 
Fig. 04 
Sarcolema, sistema T e retículo 
 
sarcoplasmático 
 
 
A membrana da célula muscular, sarcolema, 
apresenta invaginações que penetram no 
interior da célulaformando os túbulos T, 
curiosamente sobre a Lina Z. Em volta do 
sarcolema, existe uma membrana rica em 
glicoproteína e mucopolissacarídeos, 
chamada lâmina basal, veja na figura 1. O retículo sarcoplasmático (RS) é um conjunto de túbulos 
anastomosados entre si, que envolvem as miofibrilas como um manguito. São orientados 
longitudinalmente e anastomosam-se na sua parte central e dilatam-se nas extremidades, 
formando as cisternas terminais, orientadas em sentido transversal. As cisternas aparecem 
formando pares em ambos os lados do túbulo T: essa estrutura recebe o nome de tríade. Entre 
 
 
 
 
 
 
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os túbulos T e o RS, existem estruturas denominadas de pés. As quais são formadas por uma 
proteína que é conhecida como o canal liberador de cálcio do RS. Devido à alta afinidade por um 
alcalóide, rianodina, essa proteína também é conhecida como receptor de rianodina. Esses 
receptores são formados por quatro polipeptídeos, que lembra um trevo de quatro folhas, e em 
cada unidade do trevo existe um sítio que se liga a uma molécula de cálcio e um onde a rianodina 
se liga. Cada uma das unidades dos pés está associada a uma proteína denominada FKBP12, 
responsáveis pela regulação dos canais de cálcio do RS. Para finalizar, existe uma proteína 
chamada triadina que desempenha um papel importante no acoplamento excitação-contração 
do músculo (Fig.5). 
 
 
 
Fig. 05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cingollani, 05 
Contração muscular 
 
 
O mecanismo básico da 
contração muscular ocorre 
devido à interação cíclica entre 
as cabeças da miosina, pontes 
cruzadas, com a actina, 
associada à hidrólise de ATP. As 
forças geradas dessa interação 
são as que causam o 
deslizamento dos filamentos de 
actina sobre os de miosina. A 
 
ponte cruzada liga-se ao filamento fino, gira sobre seu próprio eixo, de modo que desenvolve 
tensão e traciona o filamento que, desliza sobre o filamento grosso e no final se desliga, para 
voltar a ligar-se a outro ponto do filamento fino, reiniciando o ciclo. As pontes cruzadas das 
metades opostas do sarcômero giram em direções opostas e, dessa maneira, aproximam do 
centro cada metade do sarcômero. Uma molécula de ATP liga-se a cabeça da miosina que inibe a 
união com a actina. A miosina hidrolisa o ATP em ADP+Pi, que não se dissociam imediatamente, 
formando um complexo intermediário de miosina e ADP+Pi. Após a fase de repouso, a miosina 
liga-se à actina e hidrolisa seu ATP em ADP e Pi livre, e grande quantidade de energia é liberada 
para haver o deslizamento do filamento fino sobre o grosso, ocorrendo o estado de rigor 
 
 
 
 
 
 
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muscular. O complexo miosina-actina espera por outra molécula de ATP para voltar ao estado 
ativo e iniciar nova contração. 
 
Sem ATP o complexo miosina-actina possui baixo nível de energia, permanecendo estável até 
que uma nova molécula de ATP se ligue à miosina. Cada sarcômero sem contração, 
progressivamente adquire o estado de rigor mortis, que é a rigidez extrema vista após a morte. A 
somação de sarcômeros sem contração atinge as fibrilas, em seguida as fibras musculares, 
depois músculos para caracterizar o estado de rigor mortis: visto após a morte biológica. Durante 
a vida existe a necessidade de inibição da contração provocada pela avidez de ATP que tem a 
miosina. Isso não acontece devido à presença de duas proteínas: troponina e tropomiosina. O 
músculo em repouso, o complexo troponina-tropomiosina encobre fisicamente o sítio ativo da 
actina, bloqueando a interação entre miosina-actina. Após a excitação neural o cálcio intracelular 
aumenta sua concentração e liga-se a troponina C. Essa ligação promove uma modificação do 
complexo troponina-tropomiosina que determina o deslocamento da tropomiosina. O músculo 
retorna ao estado de relaxamento quando a concentração de cálcio citoplasmático volta ao 
normal. 
 
FUSO MUSCULAR 
 
 
São estruturas complexas descritas por Kühne em 1887, órgãos receptores, cuja função é 
detectar as variações do comprimento do muscular, quando aumentado ou diminuído. Um fuso 
muscular (FM) mede 4 a 7 mm de comprimento e 80 a 200 milimicra de diâmetro. O FM é 
composto de 4 a 10 fibras musculares ou células musculares estriadas envoltas, na sua parte 
mediana, por uma cápsula de tecido conectivo contendo líquido no interior. Esse líquido é uma 
substância gelatinosa formada por acido hialurônico, que facilita o deslizamento das fibras 
intrafusais (FIF) quando se contraem. Atua como uma proteção mecânica e isola o fuso das FEF, 
mantendo constante a composição do meio que circunda as FIF: a alteração desse meio reduz as 
respostas do fuso. Essa cápsula isola mecanicamente, as FIF ou fascículo de Weismann-Koelliker, 
das fibras musculares esqueléticas ou extrafusais (FEF). O número de fuso é maior nos músculos 
responsáveis pelos movimentos mais delicados. As FIF estão dispostas em paralelo com as FEF e 
ambas se ligam, direta ou indiretamente, aos tendões. Cada FIF é fibra embrionária, delgada, 
muito rica em citoplasma, contendo numerosos núcleos; apresentam dois pólos contráteis ricos 
 
 
 
 
 
 
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em miofibrilas separados por uma região equatorial desprovida de miofibrilas e onde se 
localizam os núcleos. Distinguem-se dois tipos de FIF: as fibras com aglomerado nuclear com 6 a 
10 mm de comprimento e 25 milimicra de diâmetro, e as fibras com núcleo em cadeia, com 3 a 4 
mm de comprimento e 12 milimicra de diâmetro. O número de miofibrilas foi tomado como 
índice qualitativo da viscosidade ou elasticidade relativo de uma dada região de fibra. Quanto 
maior o número de miofibrilas, maior a viscosidade; de modo inverso, quanto menor o número 
de miofibrilas, maior a elasticidade (Fig.6). 
 
 
 
Fig. 06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inervação sensitiva do fuso muscular 
 
 
As terminações sensitivas primárias ou terminações anuloespirais ou em aglomerado nuclear, 
presentes nos dois tipos de FIF são constituídas por diversas ramificações terminais que se 
enrolam em torno da região central nucleada da fibra, sendo sensível à velocidade do 
estiramento dessa fibra. As terminações secundárias ou em cacho situam-se nas fibras com 
núcleo em cadeia, a distância variável da região equatorial se enrolam em torna da fibra, 
reagindo às variações do comprimento. Os estímulos que se originam nessas terminações são 
conduzidos pelas fibras Ia e II da classificação de Lloyd, respectivamente. Ambos os tipos de 
terminações são sensíveis ao estiramento da parte central, não contrátil, da FIF, sendo que a 
 
 
 
 
 
 
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estimulação aumenta o estiramento da parte central e diminui quando decresce o estímulo pelas 
 
FEF (veja figura1). 
 
 
Ao abandonar o FM a fibra Ia e a II chegam à medula pelas raízes posteriores de maneira distinta, 
inervando de forma monossináptica os motoneurônios α e β do músculo do qual provêm e, 
assim, fecha um circuito que vai construir o reflexo miotático ou de estiramento: em repouso é 
responsável pelo tônus muscular. A fibra tipo Ia estabelece sinapses com o motoneurônio 
diretamente ou através de interneurônios. Essas sinapses são facilitadoras para os músculos em 
ação e os agonistas e são inibidoras para os motoneurônios que inervam os músculos 
antagonistas: princípio da inervação recíproca. A fibra tipo II estabelece sinapsescom 
interneurônios, sendo facilitadora ao motoneurônio que inerva a musculatura flexora e inibidora 
para aqueles que inervam a musculatura extensora; quer os estímulos sejam provenientes de 
músculos flexores ou extensores. Ambos os tipos de fibras da medula chegam ao cerebelo pelos 
feixes espinocerebelar dorsal e anterior, sendo que a fibra Ia chega ao tálamo, córtex 
sensitivomotor pelo sistema leminiscal que participa da batiestesia e palestesia, veja mais 
adiante. 
 
Mecanismo de transdução no fuso muscular 
 
 
O FM encontra-se disperso dentro da massa muscular extrafusal. Filamentos tendinosos longos 
têm origem nos pólos dos fusos e se estendem a cada extremo do músculo extrafusal, onde se 
inserem sobre os tendões musculares. Diz-se que esse arranjo dá ao FM um relacionamento em 
paralelo com as FEF. O estiramento passivo ou ativo do fuso, por contração das extremidades 
contráteis das FIF, deforma a terminação primária e a secundária. Isso provoca a abertura de 
canais de sódio e cálcio mecanodependentes, o que gera o potencial receptor. Como é um 
receptor de adaptação lenta, o potencial receptor dura, o tempo de aplicação do estímulo. O 
estiramento do FM produz uma rápida despolarização seguida de repolarização lenta. A primeira 
fase é conhecida como resposta dinâmica, sua amplitude tem proporção à amplitude do 
estiramento e à sua velocidade. A fase de repolarização chama-se resposta estática; sua 
amplitude é proporcional à amplitude do estiramento e a sua duração ao tempo de aplicação do 
estímulo. Ao cessar o estímulo ocorre uma hiperpolarização conhecida como pósestatica. A 
terminação secundária não apresenta resposta dinâmica nem hiperpolarização pósestatica, mas 
 
 
 
 
 
 
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apresenta a resposta estática. A resposta dinâmica deve-se as FIF de aglomerado nuclear 
dinâmica, que não se estiram de maneira uniforme devido as suas propriedades viscoelásticas. 
Ao se estirarem, a região equatorial o faz mais que seus extremos, o que ativa rapidamente a 
terminação primária que resulta na resposta dinâmica. Mas, após o estiramento das 
extremidades da fibra, a região equatorial encurta-se ligeiramente, o que diminui a 
despolarização e origina resposta estática. Isso é conhecido como fenômeno de deslizamento: 
veja acima. 
 
Inervação motora das fibras intrafusais 
 
 
É obtida por motoneurônios pequenos, chamados de γ, localizados no corno anterior da medula 
espinhal junto aos motoneurônios α. Os axônios do motoneurônio γ são mielinizados e de 
velocidade de condução relativamente baixa. Inervam as extremidades contráteis das FIF. 
Existem três tipos de terminações motoras nessas extremidades: as placas p1, as placas p2 e as 
terminações difusas. As p1 localizam-se próximas à extremidade das fibras em aglomerado 
nuclear e são semelhantes às placas das FEF. As placas p2, formadas por terminações em buquê, 
situam-se na parte média das fibras em aglomerado nuclear. As terminações difusas, formadas 
por numerosas ramificações amielínicas de forma alongada, estabelecem múltiplos contatos com 
as membranas dos dois tipos de FIF e situam-se principalmente na porção justaequatorial das 
fibras com núcleos em cadeia. A inervação motora das FIF é devido aos axônios γ ou fusimotores, 
cujos motoneurônios estão situados na coluna anterior da medula, constituindo 30% das fibras 
da raiz anterior com velocidade de condução inferior a 50 m\s. Os axônios fusimotores provocam 
a contração das porções polares das FIF e, essas, acarretam o estiramento da porção equatorial 
não contrátil e, consequente, estimulação das terminações sensitivas. 
 
Os axônios fusimotores podem ser divididos em γ dinâmico (γd) que aumentam a resposta, os γ 
estático (γe) que reduzem a resposta e, ultimamente, os γβ ou fusimotores β que excitam tanto 
as FIF como as FEF e ambas se contraem solidariamente. Os neurônios fusimotores estabelecem 
sinapses colinérgicas e excitatórias, que funcionam do mesmo modo que as sinapses com as FEF. 
Os axônios γd inervam apenas as fibras em aglomerado nuclear que através das placas p2 
determinam potenciais de membrana nas FIF que necessitam estimulação repetida para 
aumentar a resposta dinâmica do aferente primário. Os axônios γe inervam fibras com núcleos 
 
 
 
 
 
 
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em cadeia, através das terminações difusas, despolarizando as membranas e gerando potencial 
de ação que leva à contração das fibras, aumentando a resposta estática do aferente secundário. 
Acredita-se que a inervação motora γ determina a sensibilidade do FM ao estiramento. Os 
axônios α ou β, com velocidade de condução superior a 50 m\s, inervam a musculatura extra e 
intrafusal, inervando as fibras em aglomerado nuclear através das placas p1 (veja figura 1). 
 
UNIDADE MOTORA 
 
 
A unidade motora (UM) propriamente dita é constituída por fibras musculares de um mesmo 
tipo. A UM classifica-se de acordo com dois parâmetros: a) o tempo necessário para desenvolver 
a força máxima (isso ocorre devido ao processo de recrutamento iniciado pelos motoneurônios 
pequenos); e b) a frequência de estimulação na qual ocorre fadiga. Todas as fibras musculares 
pertencentes a UM possuem as mesmas propriedades funcionais e bioquímicas. De acordo com 
isso existem três tipos de UM: 1) unidades fatigáveis e de contração rápida (FR); 2) unidades 
resistentes à fadiga e de contração lenta (RL); e 3) unidades resistentes à fadiga e de contração 
rápida (RR). 
 
Unidades fatigáveis e de contração rápida (FR) - São constituídas de motoneurônios α grandes, 
de alta velocidade de condução, com hiperpolarização póspotencial breve que lhes permitem 
disparar em alta frequência. As fibras musculares são grossas e possuem pouca mioglobina, daí a 
sua denominação de pálida ou branca; alcançam sua contração máxima em pouco tempo, 
desenvolvem muita força e fadigam-se rapidamente. A relação de inervação é grande exceto nos 
músculos extrínsecos dos olhos. Por exemplo, na miastenia gravis o paciente não consegue 
manter os olhos elevados em posição tônica por mais de 30 seg. 
 
Unidades resistentes à fadiga e de contração lenta (RL) - são formadas por motoneurônios 
pequenos, de baixa velocidade de condução, com hiperpolarização póspotencial prolongada que 
os impedem de disparar em alta frequência. Suas fibras musculares são de menores diâmetros 
do que as pálidas, ricas em mioglobina e mitocôndrias, bem vascularizadas, portanto, 
denominadas de vermelhas. Contraem-se lentamente, desenvolvem pouca força e são 
resistentes à fadiga. Sua relação de inervação é menor do que a das FR. 
 
 
 
 
 
 
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Unidades resistentes à fadiga e de contração rápida (RR) – são constituídas por motoneurônios 
α médios. Possuem propriedades intermediárias entre os motoneurônios grandes e pequenos. 
As fibras musculares são pálidas ou brancas, contraem-se rapidamente, embora de forma mais 
lenta do que as FR, e desenvolvem o dobro da força do que as RL. A resistência à fadiga é similar 
à das RL. Por exemplo, uma bailarina consegue ficar na ponta dos pés por alguns minutos, 
usando os músculos gêmeos. 
 
Estudos histoquímicos mostraram que as fibras musculares estriadas são mais heterogêneas do 
que indica sua divisão em brancas e vermelhas. Mediante a determinação da atividade da 
succinodesidrogenase nos músculos rápidos e lentos, podem identificar: a) fibras A, brancas 
clássicas; b) fibras B; c) fibras C, ambas vermelhas, mas diferentes entresi. Estudando a atividade 
de várias enzimas, chegou-se a diferenciar até oito tipos diferentes de fibras. No plano funcional 
é importante assinalar que a UM está em estreita relação com o tipo histoquímico de suas fibras. 
Assim, a UM pode ser classificada em tipo 1 e tipo 2, e seus músculos em vermelho e branco. O 
músculo vermelho contém fibras do tipo 1 com mioglobina, mitocôndrias, enzimas oxidativas e 
uma rica rede vascular para liberação de oxigênio; destinam-se a contração contínua e de longa 
duração em condições aeróbicas, como são usados em maratonas. Enquanto o músculo branco 
possui a fibra tipo 2 que são ricas em glicogênio e enzimas glicolíticas, pobre em enzimas 
aeróbicas, mitocôndrias e lipídios; destinam-se a surtos breves e intensos de atividade em 
condições anaeróbicas, como são usados em corrida de curta distância de 100 metros. Estudos 
recentes mostram que se utilizando uma coloração com miosina-ATPase identificou-se essas 
duas populações distintas de fibras musculares, como tipo 1 e tipo 2 descritas acima, as quais 
correspondem às UM do tipo 1 e do tipo 2. Mas, um ajuste adicional do Ph possibilitou a 
separação das fibras musculares do tipo 2 em subtipos: 2A e 2B. As fibras tipo 2B são as clássicas 
fibras ricas em glicogênio e enzimas glicolíticas, de contração rápida, sensíveis à fadiga, as 
pálidas; enquanto as fibras 2A têm características intermediária entre tipo 1 e tipo 2B, com 
alguma capacidade oxidativa, contração mais lenta e maior resistência a fadiga que as fibras 2B: 
exemplo clínico envolvendo as fibras 2B encontra-se na doença de Thomsen, que ocorre por 
agregação tubular e ausência de fibras 2B. A característica clínica dessa doença é a dificuldade de 
iniciar o movimento após um período prolongado de repouso. 
 
 
 
 
 
 
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Um músculo médio contém cerca de 40% de fibras 1 e 60% de fibras tipo 2. Embora essa 
proporção varie com a função e localização do músculo e músculos semelhantes podem variar 
entre indivíduos. Todas as fibras de uma UM específica são as mesmas, e há boa correlação entre 
as propriedades mecânicas e outros atributos de uma UM e as reações histoquímicas de suas 
fibras musculares. A relação entre o número de fibras musculares e o motoneurônio α 
denomina-se relação de inervação. Essa relação depende do tamanho do músculo e da precisão 
do movimento que realiza. Uma relação baixa corresponde aos músculos pequenos 
encarregados de realizar movimentos precisos: os músculos extrínsecos dos olhos que têm uma 
relação de 10:1, ou seja, um motoneurônio α inerva 10 fibras musculares; já os pequenos 
músculos da mão têm relação de 100:1; e o gastrocnêmio ou gêmeos tem uma relação de 
2000:1. Durante o desenvolvimento pósnatal as fibras musculares sofrem alterações na fisiologia 
e nas características histoquímicas. Essas alterações nas propriedades de fibras musculares 
individuais (velocidade de contração, fatigabilidade, tensão máxima, etc.) são provavelmente 
devido a mudanças na atividade dos motoneurônios que as inervam. A UM sofre uma redução de 
tamanho no período pósnatal, provavelmente porque cada fibra muscular está inicialmente 
inervada por mais de um motoneurônio. Depois de adquirir o padrão adulto com somente um 
axônio inervando cada fibra muscular, o tamanho da UM parece tornar-se constante. 
 
A força que desenvolve uma fibra muscular é diretamente proporcional ao seu diâmetro, 
independente de seu comprimento. As fibras de diâmetros iguais, ainda que de diferentes 
comprimentos, desenvolvem a mesma força, mas a energia empregada será maior por parte da 
fibra mais grossa. E, por sua vez, o deslocamento conseguido pela fibra mais grossa na contração 
será indubitavelmente maior que na fibra curta. Nas condições ideais, um músculo deveria ser 
apto a desenvolver tensões que variassem desde aquelas das contrações mais delicadas até as 
das mais intensas, de forma gradual ou brusca, com máxima economia e sem apresentar fadiga, 
além de estar sujeito a controle sobre sua atividade em todas as circunstâncias. Um músculo 
homogêneo não é capaz de combinar tais funções, mas a maioria dos músculos esqueléticos é 
constituída por fibras musculares com características estruturais e propriedades diferentes que 
possibilitam ao músculo um desempenho que se aproxima do ideal. Assim, do mesmo modo que 
a fibra rápida e lenta reflete a função de um músculo e de suas UM, também, o tipo de UM 
predominante em cada músculo se correlaciona com a sua função. E os tipos de UM, por sua vez, 
 
 
 
 
 
 
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se relacionam com as fibras musculares que cada motoneurônio inerva: os motoneurônios α são 
maiores e correlacionam-se com as fibras rápidas e, os γ que são menores, com as fibras lentas. 
 
Os movimentos onde a UM vai atuar podem ser classificados em reflexos, automáticos e 
voluntários. Os reflexos são respostas motoras rápidas, estereotipadas a estímulos específicos; 
os automáticos combinam características dos movimentos reflexos e dos voluntários, no início e 
no término sofrem a ação voluntária e durante a execução são reflexos e automáticos; os 
voluntários são divididos em três tipos: lentos, rápidos e balísticos. Os lentos são aqueles que 
ocorrem em média de um segundo. São assistidos porque durante a sua execução são corrigidos 
e ajustados de acordo com as aferências periféricas: são movimentos precisos e habilidosos; os 
rápidos são os que acontecem em 500 ms. Acredita-se que as aferências periféricas exerceram 
certo controle sobre esse movimento, com base na informação de que o SNC processa uma 
informação proprioceptiva em 120 ms; os balísticos são realizados em menos do que 500 ms. São 
totalmente programados pelo SNC antes de ser iniciado e não sofrem influências de aferentes 
periféricos. 
 
Tônus muscular e reflexo miotático ou de estiramento - ao estirar o músculo por percussão de 
seu tendão, são ativadas as terminações sensoriais do FM que excitam os motoneurônios α, os 
quais produzem a contração do músculo, durante o qual o fuso relaxa. Isso suprime a ativação 
das fibras Ia, levando ao relaxamento do músculo. Esse mecanismo inicia e termina o reflexo 
miotático de estiramento, mas não é útil para a realização de movimentos voluntários porque 
deixa o SNC sem informação dos receptores musculares, o que é importante para controle e a 
percepção do movimento. Portanto, quando se realiza um movimento voluntário o SNC ativa, 
simultaneamente os motoneurônios α e γ, fenômeno que se conhece como coativação α-γ, a 
qual ocorre na maioria dos movimentos voluntários, com exceção dos balísticos, nos quais se faz 
de forma deficiente. O tônus muscular desenvolve-se graças a alguns reflexos de estiramento 
que estão ativados enquanto o músculo encontra-se em repouso. Esses correspondem aos FM 
situados no equador do músculo, região que está estirada devido à inserção do músculo nos 
ossos. Dessa forma, ao serem ativados alguns fusos, se produz a contração de certas UM, 
estirando outros fusos que, por sua vez, são ativados. Esse mecanismo de contração reflexa, que 
se repete alternativamente, constitui a base do tônus muscular. Também por ativação tônica dos 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
motoneurônios γ pode-se manter constante o comprimento do músculo. Se o músculo encurta 
por contração, diminui a ativação dos motoneurônios α pelo relaxamento parcial dos fusos e o 
músculo relaxa, voltando ao comprimento inicial. Ao estirar-se ocorre o inverso. 
 
Regulação do tono postural 
 
 
Em indivíduosnormais, durante a manutenção da postura ereta, há silêncio elétrico nos 
músculos da loja anterior da perna e que a atividade dos motoneurônios γ que os inervam é 
desprezível. Quando o centro de gravidade é deslocado para trás, voluntária ou passivamente, há 
aumento da frequência dos impulsos provenientes dos FM, especialmente os que vêm das 
terminações primárias das fibras em aglomerado nuclear. Concomitantemente, ocorre contração 
dos músculos esqueléticos da loja anterior da perna e, em seguida, há aumento da frequência de 
descargas nas fibras vindas dos fusos desses músculos. A contração da musculatura esquelética 
deveria reduzir a frequência de descargas dos receptores fusais dessa mesma musculatura e não 
a aumentar. Esse fenômeno, aparentemente paradoxal, decorre da ativação simultânea dos 
motoneurônios α e γ. A pequena latência observada entre o início da contração muscular 
verificada à eletroneuromiografia e a acentuação das descargas provenientes dos fusos deve-se à 
menor velocidade de condução nos axônios fusimotores. A co-ativação α-γ mostra que esse 
reflexo postural é integrado em centros supra-segmentares, pois, quando são envolvidos 
exclusivamente os mecanismos espinhais, há apenas ativação dos motoneurônios α em resposta 
ao estiramento muscular. 
 
Regulação do movimento voluntário 
 
 
No movimento voluntário, a contração das FEF inicia-se antes que ocorra aumento das descargas 
nas fibras Ia e II. Estudando o tempo de latência entre atividade da musculatura esquelética e o 
aumento das descargas vindas dos receptores fusais, mostra-se que os motoneurônios α e γ são 
ativados em simultâneo pelos sistemas supra-segmentares envolvidos no movimento voluntário 
e que o tempo de latência se deve à menor velocidade de condução das fibras γ. A co-ativação α- 
γ impede que exista abolição das descargas dos receptores fusais durante a contração da 
musculatura esquelética sem que ocorra retardo no início do movimento. Para demonstrar a 
importância desta co-ativação é interessante descrever o que ocorre durante um movimento 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
voluntário, em que a resistência aplicada externamente seja variável. A ativação dos 
motoneurônios α e γ é precisamente ajustada para a força e a velocidade requerida no 
movimento. Caso exista aumento da resistência, as FEF irão contrair-se mais lentamente e o 
movimento poderá tornar-se mais lento ou mesmo ser bloqueado. Enquanto isso, as FIF 
continuarão a se contrair e, na ausência de contração das FEF, existirá acentuação das descargas 
vindas dos fusos, o que produzirá maior atividade dos movimentos α, que irão opor-se à 
resistência externa. Caso a resistência externa seja reduzida, o mesmo mecanismo irá 
desencadear menor atividade dos motoneurônios α. As correções dos desalinhamentos entre o 
comprimento previsto na contração e o comprimento real do músculo dependem dos níveis 
segmentar e supra-segmentar. Aparentemente, o córtex sensitivomotor que recebe impulsos 
vindos dos fusos é muito mais importante para as correções dos desalinhamentos que os 
mecanismos segmentares. 
 
No exato inicio da contração muscular há apenas uma UM visível no eletromiograma, ou seja, há 
somente um único motoneurônio ativo na parte examinada do músculo. Quando a força de 
contração aumenta, outra unidade aparece em acréscimo, então uma terceira, uma quarta e 
assim por diante. Esse recrutamento das UM é usualmente encontrado segundo uma ordem fixa 
de acordo com seu tamanho. A menor UM, que é solicitada em primeiro tempo, segundo se 
constata, consiste histoquimicamente de fibras tipo 1ou vermelhas; deflagra com uma 
frequência relativamente baixa, envolve baixa tensão, mas pode continuar trabalhando por um 
tempo muito longo. Ela é a ultima a desaparecer do eletromiograma quando a força de 
contração retrocede. As maiores UM, que consistem de fibras do tipo 2B ou brancas, são 
normalmente recrutadas somente quando é necessária uma força de grande intensidade. Elas 
deflagram com alta frequência e envolvem uma alta tensão, mas são facilmente fatigadas. Assim, 
o aumento em intensidade de uma contração muscular voluntária é, pelo menos até certo 
ponto, devido ao fato que cada vez mais motoneurônios descarregam impulsos nas fibras 
musculares que suprem. 
 
ÓRGÃO NEUROTENDÍNEO DE GOLGI 
 
 
Esse é o receptor responsável pelo reflexo miotático inverso. O órgão neurotendíneo (ONT) de 
 
Golgi é constituído por finas ramificações nervosas situadas na intimidade dos fascículos 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
tendíneos próximo a junção músculo-tendão e atuam em série com as FEF. O ONT de Golgi mede 
 
700 milimicra de comprimento por 200 milimicra de diâmetro e encontra-se envolvido por uma 
cápsula, dividida por diversos compartimentos longitudinais por faixas de tecido conjuntivo 
derivados da cápsula. A cápsula é composta de diversas camadas de fibras de tecido conjuntivo e 
de células de tipo endoltelial, sendo derivada da bainha de Henle do nervo. Em cada extremo do 
 
ONT, a cápsula torna-se contínua com o tecido conjuntivo do músculo ou do tendão 
 
embrionário. Outros receptores como as terminações de Ruffini e os corpúsculos paciniformes se 
 
encontram na cápsula articular e são inervados por fibras de diâmetro médio. As terminações de 
 
Ruffini respondem tanto ao movimento como a posição, enquanto que os corpúsculos 
 
paciniformes respondem ao movimento. As terminações nervosas livres, inervadas pelas fibras 
tipo C amielínicas, se encontram tanto no ligamento como nas cápsulas articulares, responsáveis 
pelos movimentos dolorosos extremos da articulação. Mas, a inervação do ONT é feita pela fibra 
Ib, um axônio mielinizado, cujo o corpo celular encontra-se no gânglio espinhal posterior da 
medula ou dos nervos cranianos. Seus prolongamentos apicais se aproximam do ONT, a grossa 
fibra aferente Ib apresenta segmentos internodais que se ramificam ao atingir a cápsula do 
receptor. Ao penetrar na cápsula, a fibra Ib perde a mielina e ramifica-se em ramos amielínicos 
 
secundários e terciários que se projetam sobre a superfície dos fascículos tendíneos como 
 
expansões granulares em 
forma de folhas ou de 
garras. Provavelmente a 
distorção dessas 
arborizações resulta em 
descarga da fibra Ib, cujo 
mecanismo de transdução 
inicia-se pelo estiramento 
ou pela compressão 
dessas terminações 
axonais, que abrem os 
canais de sódio e cálcio 
mecanodependentes. O 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 07 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
ONT pode ser ativado pelo estiramento ou pela contração do músculo, sendo esse ultimo mais 
eficaz (Fig.7). 
 
A função do ONT de Golgi é informar sobre a tensão que o músculo desenvolve. Também 
fornece um mecanismo de retroação negativa para regular a tensão muscular. Se essa diminui, 
será menor a inibição dos motoneurônios, o que leva ao desenvolvimento de mais tensão. O 
contrário ocorre quando a tensão é aumenta. O FM está em paralelo com a massa muscular: a 
contração muscular relaxa o fuso enquanto o ONT o estira. Esse órgão exibe um limiar mais baixo 
à contração muscular que ao estiramento passivo do músculo. Isso ocorre porque a força da 
contração muscular é transferida mais eficazmente ao ONT que a força do estiramento muscular. 
Durante o estiramento aplicado externamente,as fibras musculares alongam-se e, portanto, 
absorvem muito das forças de estiramento, enquanto que durante a contração muscular 
isométrica o tendão absorve a maior parte da força contrátil. No decorrer do estiramento 
passivo, o comportamento do sistema músculo-tendão difere mecanicamente do 
comportamento observado durante a contração ativa. O melhor exemplo de ação do sistema do 
ONT é o da contração isométrica que varia a tensão, mas quase não varia o comprimento do 
músculo. Ao contrário, ocorre na contração isotônica que varia no comprimento, mas quase não 
varia na tensão (ação do FM). 
 
Os impulsos são levados à medula por fibras grossas (Ib) onde irão inibir de forma bissináptica os 
motoneurônios que inervam a musculatura antagonista. A tensão desenvolvida durante a 
contração de uma dada unidade motora não dependerá apenas da frequência das descargas do 
motoneurônio α. Para uma mesma frequência, a tensão vai depender do comprimento do 
músculo (sendo menor se o comprimento do músculo for diferente do comprimento do 
repouso), da velocidade de condução e do grau da fadiga. Consequentemente, a mesma 
atividade α poderá desenvolver tensões diferentes, dependendo das condições do músculo. Por 
outro lado, em virtude da atividade dos motoneurônios γ, a frequência de descarga dos 
receptores fusais não guarda correspondência biunívoca com o comprimento muscular. Além das 
aferências do ONT, convergem sobre os interneurônios Ib aferências cutâneas, articulares e das 
vias descendentes que regulam sua atividade. Ao final de um movimento, quando a atividade 
dos receptores articulares é máxima, eles facilitam a inibição das aferências Ib, o que contribui 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
para frear o movimento. As aferências cutâneas cumprem funções similares. Por exemplo, o 
contato da mão com um objeto ativa essas aferências que aumentam a inibição - por meio dos 
interneurônios Ib – dos motoneurônios que realizam o movimento e reduzem a força muscular, o 
que permite um contato suave. Também as aferências descendentes regulam a intensidade da 
inibição pelos interneurônios Ib, aumentando-a se o objeto a ser pegado é frágil, ou diminuindo- 
a, caso se deseje um contato mais firme com o objeto. 
 
Veja na figura abaixo, um esquema diagramático do reflexo miotático inverso, mostrando o 
músculo bíceps braquial. Esse músculo realiza uma contração isométrica, que aumenta a tensão 
do tendão estimulando os aferentes Ib dos ONT de Golgi. Na medula, esses aferentes Ib 
terminam em interneurônios inibitórios (em vermelho) que causam o relaxamento do agonista, e 
em interneurônios excitatórios (em azul) que provocam contração do antagonista (Fig.8). 
 
 
 
 
Fig. 08 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lent, 05 
CÉLULAS DE RENSHAW 
 
 
Existem alguns circuitos na 
medula que ajudam a 
realização da programação 
motora segmentar, dentre os 
mais importantes estão: 1) 
inervação recorrente, 2) 
facilitação recorrente, e 3) 
circuitos reverberantes. 
1) O circuito de inervação 
recorrente é realizado por 
colaterais de axônios que 
atuam sobre interneurônios, 
os quais atuam sobre os 
 
neurônios que deram origem a esses axônios. O exemplo mais importante é o encontrado nas 
células de Renshaw. Essas células encontram-se na parte ventral da lâmina VII do corno anterior 
da medula espinhal. São inibitórias, algumas utilizam como neurotransmisor à glicina e outras o 
mediador GABA. São ativadas pelas colaterais dos axônios dos motoneurônios α fásicos e, 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
menos, pelo α tônico. Inibe mais os motoneurônios α tônico e γ estático em maior grau do que 
os outros motoneurônios. Isso facilita a realização de movimentos rápidos, como correr ou 
saltar. As células de Renshaw também inibem os interneurônios que intervêm na inibição dos 
músculos antagonistas, os quais são ativados pelas fibras aferentes Ia dos fusos musculares. Isso 
contribui para frear o movimento do músculo agonista. A célula de Renshaw também participa 
do feed-back negativo através da sinapse inibitória dos motoneurônios α de se originou o 
impulso: inibição recorrente. Outra das funções dos interneurônios de Renshaw é a de repassar 
ao cerebelo o programa motor que está sendo executado pelos motoneurônios da asa anterior 
da medula. Isso é obtido pela inibição dos neurônios que originam a via espinocerebelar anterior. 
A inibição é proporcional à atividade dos motoneurônios. Quanto maior a atividade, maior a 
inibição da via devido a uma maior ativação das células de Renshaw. Exemplo visto nas respostas 
mais rápidas dos reflexos miotáticos. 
 
2) A facilitação recíproca ocorre quando a contração de um músculo facilita a contração do outro 
que tem a mesma função. Entretanto, os flexores e extensores podem atuar de forma sinérgica, 
como ocorre no reflexo positivo de sustentação. Exemplificado pelo reflexo de postura e de 
endireitamento. 
 
3) Os circuitos reverberantes são os que permitem que uma resposta reflexa perdure mais do 
que o estímulo que a ocasionou. Basicamente consistem em um interneurônio que se conecta 
simultaneamente com um motoneurônio (ou outro interneurônio) e com um interneurônio ao 
qual ativa. Esse, por sua vez, faz sinapse com o primeiro interneurônio. O exemplo clínico é 
encontrado com a presença do clonus na síndrome piramidal de liberação. 
 
O TONUS MUSCULAR EM VÁRIOS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO SNC 
 
 
O tônus muscular pode ser regulado pelos motoneurônios α e γ. Pode-se distinguir uma 
regulação periférica e outra central. 
 
1. Na regulação periférica participam aferências cutâneas, articulares e viscerais. Sua ação não é 
exercida diretamente pelos motoneurônios, mas pelos interneurônios excitatórios e inibitórios. 
As aferências vindas dos mecanorreceptores cutâneos facilitam a atividade do reflexo miotático 
sob a área da pele onde se situam e inibem o reflexo dos correspondentes às áreas distantes. Os 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
nociceptores cutâneos ativam o tônus flexor e inibem o extensor, mas os localizados nos 
músculos profundos ativam o músculo do qual provêm. Isso explica as contraturas dos músculos 
lesados. Os mecanorreceptores articulares facilitam o tônus dos músculos que se inserem nas 
respectivas articulações. As aferências viscerais têm efeitos inibitórios de longa duração sobre os 
motoneurônios espinhais dos músculos flexores e extensores. Por exemplo, as aferências 
nociceptivas pulmonares inibem os motoneurônios dos músculos intercostais e dos membros. 
 
2. A regulação central existe na: a) formação reticular (FR), b) núcleos vestibulares, c) cerebelo, 
d) núcleo rubro, e) núcleos da base, e f) córtex cerebral. 
 
a) Na FR podem ser distinguidas duas regiões: uma situada na região media do bulbo central ou 
FR ventromedial que corresponderia ao núcleo gigantocelular, e outra na ponte, representada 
pelo núcleo reticular oral e o caudal da ponte. Ambas projetam-se para medula pelas vias 
reticuloespinhais. A primeira região faz bilateralmente pela parte ventral do funículo lateral, para 
inervar interneurônios que se conectam com os motoneurônios γ dos músculos flexores e 
extensores, facilitando os primeiros e inibindo os segundos. A FR da ponte projeta-se pela via 
reticuloespinhal medial que desce na medula pelo funículo anterior. Termina em interneurônios 
que inervam os motoneurônios γ dos músculos flexores e extensores,inibindo os primeiros e 
facilitando os segundos: trata-se de um efeito oposto ao do bulbo. Sobre a FR atuam aferências 
corticais e subcorticais. As aferências provenientes do córtex motor suplementar inibem a FR da 
ponte e facilitam a FR bulbar, gerando espasticidade. A FR bulbar também é facilitada por 
algumas aferências vindas dos núcleos da base. 
 
b) Entre os núcleos vestibulares, o que está diretamente relacionado ao controle do tônus 
muscular é o núcleo vestibular lateral de Deiters. Recebe aferências do aparelho vestibular, do 
paleocerebelo (inibitórias) do núcleo fastigial (excitatórias). Projeta-se na medula pelo trato 
vestíbuoespinhal lateral. Facilita a atividade dos motoneurônios α extensores 
e, secundariamente, dos motoneurônios γ. 
 
c) No cerebelo podem ser encontradas duas regiões que modulam o tônus muscular, o 
paleocerebelo e o neocerebelo. O lobo anterior do paleocerebelo intervém na regulação do 
tônus muscular extensor por sua ação direta sobre o núcleo de Deiters e indireta sobre o núcleo 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
fastigial. Uma lesão no lobo anterior ou uma estimulação no núcleo fastigial promovem 
hipertonia muscular. Essa hipertonia é do tipo α porque quando as raízes anteriores da medula 
são seccionadas ela desaparece, mas não desaparece quando são seccionadas as raízes 
posteriores. O neocerebelo controla o tônus extensor por mecanismos que envolvem o córtex 
motor primário. A lesão do neocerebelo causa hipotonia devido à drástica diminuição das 
aferências Ia que inervam os FM, decorrente de uma diminuição da atividade dos motoneurônios 
γ. Isso se deve a diminuição da ação tônica facilitadora do córtex motor primário sobre os 
motoneurônios γ. A favor dessa hipótese está a comprovação de que a hipotonia produzida por 
lesão piramidal não é modificada por uma lesão do neocerebelo. Isso indica que a ação desse 
último ocorreria por meio do córtex motor primário, o qual é ativado pela via 
cerebelotalamocortical. Outro fator é que a lesão do núcleo ventrolateral do tálamo também 
produz hipotonia. 
 
d) O núcleo rubro é uma estrutura mesencefálica que também participa na regulação do tônus 
muscular por ação sobre os motoneurônios α e γ medulares. Projeta-se à medula pelo trato 
rubroespinhal cruzado, que inerva unicamente os motoneurônios da intumescência cervical, 
sobre os quais atua para modular o tônus muscular dos membros superiores. 
 
e) Núcleos da base intervêm no controle do tônus muscular, sendo o caudado o núcleo mais bem 
estudado. Sua ativação facilita o tônus dos músculos flexores e inibe os dos extensores por sua 
ação ativadora sobre a FR ventromedial do bulbo. Essa ação é mediada pelos motoneurônios γ. 
Na doença de Parkinson existe hipertonia γ. 
 
f) Córtex cerebral descreve duas ações sobre o tônus muscular. O córtex motor primário ou área 
 
4 de Brodmann pelo trato ortopiramidal facilita o tônus extensor pela ação sobre os 
motoneurônios α e γ medulares. Sua lesão produz hipotonia extensora. O córtex motor 
suplementar parte medial da área 6 de Brodmann tem um efeito oposto. Sua lesão produz 
hipertonia extensora (espasticidade), e sua ativação, hipotonia. Acredita-se que essa ação seria 
exercida pela inibição da FR da ponte e ativação da FR ventromedial do bulbo. Dessa forma, 
facilitaria o tônus flexor e inibiria o extensor. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
REFLEXOS MEDULARES PROPRIOCEPTIVOS 
 
Os centros superiores do controle motor do encéfalo recebem informações dos FM e dos ONT de 
Golgi, principalmente através das fibras do grupo I (Ia e Ib) das raízes espinhais posteriores. O 
processamento central dessa informação proprioceptiva conduz a uniformidade da atividade 
muscular e ao movimento coordenado normais. Inclusive sem um processamento superior, a 
atividade do FM e do ONT podem funcionar diretamente a nível medular através das fibras 
colaterais do grupo Ia e do grupo II dar lugar aos reflexos que se produzem quando existe uma 
necessidade de compensar trocas rápidas de posição e orientação do corpo. Esse processamento 
segmentar do sistema sensitivo e motor atuam de maneira eficaz inclusive quando existe uma 
perda de conexão com os centros encefálicos. Quando os FM respondem a distensão ou a uma 
variação de comprimento de um determinado músculo, se produz um aumento da atividade das 
fibras aferentes Ia, que estimulam diretamente os neurônios motores α que inervam esse 
músculo (a mesma fibra Ia que inibe os músculos antagonistas através de conexões 
interneuronais). Pelo contrário, a atividade das fibras aferentes Ib causada pelos ONT, que 
respondem a tensão muscular, estimulam os interneurônios espinhais para que inibam os 
neurônios motores α que inervam um músculo particular. 
 
Distensão passiva ocorre quando o músculo é alongado passivamente, se distendem tanto as FIF 
como as FEF. Os FM são ativados, causando uma descarga de atividade das fibras dos grupos Ia e 
II; esses provocam uma excitação reflexa dos neurônios motores α, que estimulam assim as FEF 
para se contraírem e opor-se as 
forças aplicadas. O ONT responde 
pouco à distensão passiva. Quanto 
mais rápida ou intensa a distensão 
e variação do alongamento, mais 
rápida ou intensa é a contração, 
como o reflexo patelar. Veja na 
 
figura abaixo, uma distensão 
 
passiva, quando se distendem um 
 
Fig. 09 
 
tanto as FEF como as FIF; se ativam os fusos. Por via reflexa, a fibra Ia e os neurônios motores α 
causam uma contração secundária. A distensão é muito fraca para ativar o ONT (Fig.9). 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
F g 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A contração ativa pode acontecer em uma situação em que existe uma estimulação superior 
exclusivamente dos neurônios motores α que produz uma contração das FEF, que por sua vez 
dar lugar a um encurtamento global do músculo e a um relaxamento das FIF. Isso dar lugar a uma 
finalização da atividade no FM e fibras Ia. O aumento da tensão muscular, basta para ativar os 
 
ONT e as fibras aferentes Ib que tratam de inibir os neurônios motores α através dos 
 
interneurônios. Uma inibição Ib suficiente permitirá um relaxamento ou parada da contração 
muscular. Na realidade, numa contração ativa, a excitação central dos neurônios motores α só 
causa uma contração das FEF com consequente relaxamento das FIF; os FM não são ativados. A 
tensão é baixa, não se adapta a resistência crescente. O ONT se ativa, causando relaxamento 
(Fig.10). 
 
 
Em uma situação 
i . 
anormal durante 
 
uma contração 
voluntária de um 
músculo, as ordens 
do encéfalo excitam 
tantos os neurônios 
motores α como os 
γ, dando lugar a 
estimulação e 
encurtamento das 
 
FEF e FIF. Os FM se ativam e produzem uma descarga das fibras Ia, a qual reforça dessa forma a 
estimulação superior dos neurônios motores α. Essa atividade reforçada dos neurônios motores 
α aumenta a tensão do músculo que está se contraindo e facilitam sua adaptação as variações de 
 
carga. As fibras aferentes Ib ativam os neurônios motores α através de um mecanismo de 
 
retroativação que reduz a tensão e provoca uma relaxamento se a carga continua sendo 
 
excessiva. Na contração ativa com co-ativação do sistema γ ocorre quando se contraem as FIF e 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
F g 11 
 
 
 
 
 
 
FEF; se ativam os FM, reforçando o estímulo de contração através das fibras Ia de acordo com a 
 
resistência. Se ativa o ONT,causando relaxamento se a carga for excessiva (Fig.11). 
 
 
O reflexo miotático 
i . 
fásico ou reflexos 
 
profundos ou reflexos 
apendiculares ocorre 
quando um músculo 
é estirado 
bruscamente 
mediante percussão 
do tendão por um 
martelo de reflexos, 
que estimula as 
 
terminações primárias das fibras em aglomerado nuclear que são as mais diretamente 
 
envolvidas. Já o reflexo local de postura ou reação paradoxal que ocorre ao se fazer a flexão 
 
brusca e passiva de uma articulação, aparece contração tônica do músculo flexor, que se 
 
mantém por longo tempo. As terminações secundárias são responsáveis porque inibem os 
motoneurônios α da musculatura extensora, facilitando os seus antagonistas. Resumo do reflexo 
miotático: 1) o estiramento do músculo faz estirar os fusos musculares, que se encontram 
localizados em paralelo com as FEF. O estiramento é transmitido à porção central, elástica, do 
fuso onde se encontram os terminais em espiral da fibra aferente do grupo Ia; 2) a deformação 
desses terminais, causadas pelo estiramento, inicia uma sequência de potenciais de ação nas 
fibras Ia que; 3) excitam, monossinapticamente, os motoneurônios medulares que inervam o 
mesmo músculo. Sherrington descobriu que um terceiro ramo de fibra aferente destaca-se ao 
 
penetrar na substância cinzenta da medula e estabelecem sinapses com interneurônios 
 
inibitórios situados nessa região. Os axônios desses interneurônios estendem-se apenas até o 
corno ventral próximo, arborizando em torno da população de motoneurônios α que comandam 
os músculos antagonistas: princípio da inervação recíproca. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
Veja na figura abaixo, um diagrama do reflexo miotático, mostrando o reflexo patelar e seu 
circuito. A percussão da patela provoca um estiramento do músculo agonista, que estimula os 
aferentes dos FM. Na medula, esses terminam em motoneurônios que ativam diretamente o 
próprio agonista, e em interneurônios inibitórios que diminuem a ativação do antagonista 
(Fig.12). 
 
 
 
 
Fig. 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lent, 05 
MIÓTOMO 
 
 
Consiste em todos os músculos 
inervados por uma raiz muscular 
específica. A maioria dos músculos 
esqueléticos recebe inervação de duas 
ou mais raízes, e há uma variabilidade 
intrínseca entre indivíduos quanto aos 
padrões de miótomos. Na atualidade, 
existem sete padrões de miótomos 
derivados de dados eletromigráficos. 
 
NERVO PERIFÉRICO 
Os nervos periféricos são formados 
por milhares de axônios, envolvidos 
por bainha de mielina de espessura 
 
variável sustentados por células de Schwann e axônios não mielinizados, todos os componentes 
incrustados em uma matriz de tecido conectivo ou endoneuro. Os nervos são divididos em 
compartimentos fasciculares internos distintos pelo perineuro. A barreira hematovascular é uma 
divisão fisiológica criada pelo perineuro e pelo endotélio dos capilares interfasciculares. As 
extremidades terminais das fibras nervosas não são protegidas pelo perineuro, aspecto que está 
envolvido na patogênese de algumas neuropatias periféricas. Tanto nos nervos periféricos como 
nos cranianos a entrada ou saída no SNC é desprovida principalmente de mielina, facilitando a 
dissociação entre os axônios mielinizados e os não mielinizados no mecanismo de controle de 
dor: neuralgia com etiologia secundária. Os fascículos são unidos em troncos nervosos pelo 
epineuro, uma dupla camada de tecido conectivo areolar frouxo que contém igualmente vasos 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
F g 13 
 
 
 
 
 
 
sanguíneos, vasos linfáticos e nervi nervorum. Pacientes portadores de vasculites ou diabete 
 
melito podem apresentar isquemia ou enfarte nesses vasos sanguíneos, causando um quadro 
 
clínico de neuropatia periférica, cuja diferença com as demais está no tempo. Os fascículos 
 
bifurcam-se, unem-se a fascículos adjacentes, dividem-se novamente e recombinam-se para criar 
 
uma complexa rede fascicular interna. Os nervos podem ser classificados em tipos 
 
monofascicular, oligofascicular e polifascicular, tendo esse último 
braquial (Fig.13). 
 
i . 
como exemplo: o plexo 
 
 
 
 
Os axônios são 
divididos em três 
grandes grupos de 
tamanho: grande e 
pequenos mielinizados 
(são três vezes mais 
numerosos), e não 
mielinizados. Os 
axônios contêm 
elementos do 
citoesqueleto, dos 
 
neurofilamentos e neurotúbulos, que são sintetizados no corpo celular e se movem lentamente 
pelo axônio a uma velocidade de 3 mm\dia. Os neurotúbulos são dímeros polimerizados de 
proteína tubulina formando tubos ocos orientados longitudinalmente de cerca de 20 nonâmetro 
 
de diâmetro e 1 mm de comprimento ligados aos neurofilamentos por pontes cruzadas. Os 
 
neurofilamentos são organelas menores que mantêm a estrutura axonal. Os neurotúbulos são 
 
responsáveis pelo transporte do axônio tanto anterógrado como retrógrado rápido. 
 
 
Um axônio mielinizado tem uma única célula de Schwann que se enrola entorno de um 
 
segmento internodal em camadas concêntricas. As incisuras de Schmidt-Lantermann são 
 
pedaços de citoplasma das células de Schwann sequestrados entre camadas de mielina. A 
membrana plasmática externa da célula de Schwann é contínua com a camada mais externa de 
mielina; a membrana interna da célula de Schwann é adjacente à superfície externa do axolema. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
A lâmina externa é uma condensação da matriz extracelular que circunda toda a superfície 
externa da célula de Schwann. Os nodos de Ranvier são estrangulamentos cobertos com pouca 
mielina, situados entre os territórios de duas células de Schwann. Nesses nodos, o limiar de 
excitação é muito baixo ao sódio, local de onde se inicia o potencial de ação por transmissão 
saltatória. A distancia entre os nodos varia de acordo com o tamanho da fibra, nas grossas é de 1 
mm. Nos axônios não mielinizados, uma única célula de Schwann, chamada de célula de Remak, 
envia processos para sustentar vários axônios adjacentes, emprestando a cada um deles, um 
revestimento citoplasmático e um mínimo conteúdo de mielina. Vários axônios não mielinizados 
e sua célula de Remak de sustentação são envolvidos por uma lâmina externa. 
 
As fibras de nervos periféricos são classificadas de acordo com dois sistemas: o ABC e o sistema I- 
II-III-IV. A velocidade de condução de uma fibra depende de seu diâmetro e de seu grau de 
mielinização. O potencial de ação separa as fibras em grupos com base na sua velocidade de 
condução. Os motoneurônios Aα apresentam corpos celulares de tamanho grande e médio, 
extensas arvores dendríticas e são eferentes. Os motoneurônios Aγ apresentam corpos celulares 
e arvores dendríticas de tamanho pequeno. Os motoneurônios Aβ têm propriedades 
intermediárias, seus axônios bifurcam-se em ramos que inervam as fibras musculares comuns FIF 
e FEF. Os motoneurônios Aς são aferentes cutâneas. As fibras do grupo B são préganglionares 
autonômicas. As fibras nervosas do grupo C são fibras pósganglionares autonômicas, aferentes 
viscerais e fibras de dor e temperatura. As fibras do sistema romano são aferentes. A fibra Ia se 
origina no saco nuclear do FM e nos receptores articulares, a fibra Ib nos ONT de Golgi e a fibra II 
da cadeianuclear do FM. As fibras III são axônios cutâneos que correspondem a fibra Aς e fibras 
do grupo IV correspondem a fibra C. Algumas neuropatias tem predileção por determinados 
tipos de tamanhos de fibras. As neuropatias que comprometem as grandes fibras afetam a força, 
os reflexos e a propriocepção, sendo relativamente poupadas as sensações de dor e 
temperatura, enquanto as neuropatias de fibras finas afetam a dor, temperatura e função 
autonômica. Diferenças imunológicas existem entre o tamanho das fibras. A proteína L2 é 
expressa unicamente na célula de Schwann de axônios motores, e os nervos para os músculos 
extraoculares são ricos em gangliosídeos GQ1b, o que pode estar relacionado com a síndrome de 
Miller-Fisher. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
F g 14 
 
 
 
 
 
 
O fluxo axonal anterógrado move-se do corpo celular para a periferia tem múltiplos 
 
componentes. Um transporte axonal lento de 1 mm\dia a 3mm\dia, leva proteínas do 
citoesqueleto para à periferia para a manutenção e renovação do axoplasma, juntos com 
neurotransmissores, enzimas, etc. Transporte axonal rápido, de 400mm\dia, transporta vesículas 
ligadas à membrana que são impelidas pela cinesina, uma ATPase associada aos microtúbulos. 
Anormalidades no transporte axonal são importantes no mecanismo das neuropatias com 
degeneração retrógrada ou dependente do comprimento. O fluxo retrógrado move materiais da 
periferia de volta ao corpo celular; é através desse mecanismo que alguns vírus neurotrópicos 
alcançam o SNC. 
 
JUNÇÃO NEUROMUSCULAR 
 
 
É uma sinapse especializada através de estímulos elétricos do nervo periférico são transformados 
em estímulos químicos que induzem a despolarização da membrana muscular pósinaptica e, 
consequente, contração muscular. Após entrar no músculo, o axônio de um neurônio motor 
divide-se em muitos ramos finos. Cada desses ramos faz contato no meio de uma única fibra. Um 
ramo intramuscular do nervo termina formando uma dilatação bulbosa ou botão terminal. No 
telodendro, os axônios se dividem e forma um complexo de 50 vesículas, cada fazendo sinapse 
 
com a célula muscular. A fenda sináptica primária separa o botão terminal da membrana 
 
muscular pósinaptica, que é dividida em várias fendas sinápticas secundárias ou pregas 
 
juncionais. Essa membrana é recoberta por denso arranjo de moléculas de receptores nicotínicos 
 
i . 
de acetilcolina (RNA). Esse 
receptor é uma estrutura 
complexa composta de duas 
subunidades alfa e de 
subunidades beta, gama e 
delta, além de um canal 
iônico. A região imunogênica 
principal do RNA é a atacada 
por autoanticorpos na 
maioria dos casos de 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
miastenia gravis. Existem moléculas de acetilcolinaesterase tanto na membrana pré como na 
pósinaptica (Fig.14). 
 
O botão terminal tem muita atividade metabólica. Repleto de proteína do citoesqueleto, além de 
mitocôndrias e numerosos compostos químicos. Contém vesículas de acetilcolina presas à 
membrana. No citoplasma do botão terminal, a molécula de acetilcolina é embalada em 
vesículas, que migram e se reúnem em zonas ativas ou locais primários de liberação. Essas zonas 
das membranas présinapticas tendem a se alinhar em oposição às fendas sinápticas secundárias 
da membrana pósinapticas. Essas zonas são locais de exocitose de acetilcolina como de ingresso 
de cálcio. 
 
A membrana présinaptica contém canais de cálcio com portais de voltagem. Em resposta a 
despolarização do nervo, esses canais permitem o influxo de cálcio no terminal présinaptico, o 
que facilita a liberação do neurotransmissor com o impulso nervoso subseqüente. O magnésio 
tem o efeito contrário e inibe a liberação do transmissor. Depois de um impulso nervoso, o cálcio 
difunde-se para fora do terminal nervoso e praticamente desaparece dentro de 100 a 200 
milessegundos. Os impulsos nervosos repetitivos também aumentam à mobilização de vesículas 
de acetilcolina em direção as zonas ativas. Em consequência, uma contração muscular voluntária 
contínua exerce um efeito facilitador transitório sobre a liberação do transmissor. 
 
As vesículas de acetilcolina são liberadas esporadicamente e de maneira irregular enquanto a 
membrana está em repouso e em jorros após despolarização do nervo. Cada vesícula contém 
cerca de 5.000 a 10.000 moléculas de acetilcolina ou um quanta. A sinapsina, uma fosfoproteína 
localizada nas vesículas, pode mediar a translocação das vesículas para a membrana. Mediante 
ativação, as vesículas fundem-se com a membrana pósinaptica e despejam seu conteúdo de 
acetilcolina na fenda sináptica primária. As moléculas de acetilcolina difundem-se rapidamente 
através da fenda sináptica primária e para dentro das secundárias até realizar a exocitose. 
 
O passo subseqüente envolve a união da acetilcolina com um complexo de proteínas 
coletivamente referidas de SNARE. Nesse local atuam as toxinas do clostridium tetani, toxina 
botulínica e toxina tetânica inibem o processo de exocitose por ação das proteases que vai se 
unir as proteínas específicas da SNARE em diferentes sites, dependendo da toxina e de seu tipo. 
Existem sete subtipos de toxina botulínica, mas só duas, A e B, são usadas clinicamente com 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
capacidade para inibir a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular e, 
consequentemente, libera espasmo muscular na distonia, espasticidade e desordens 
relacionadas. 
 
À medida que a acetilcolina encontra um receptor, abre-se um canal de sódio na membrana 
pósinaptica, produzindo uma breve despolarização que não foi propagada. A somação de vários 
mínimos potenciais e, após passar o limiar, geram potencial de ação da fibra muscular tipo tudo 
ou nada. A acetilcolina desaparece por meio de dois processos: dissipação da junção através de 
difusão e; destruição ou inativação pela acetilcolinaesterase em ácido acético e colina. A 
atividade elétrica somada de centenas a milhares de potenciais de ação de fibras musculares 
produz o potencial de ação da unidade motora, que pode ser registrado por eletromiograma com 
agulha. A contração de fibras musculares isoladas não é graduada, mas sim a contração do 
músculo como um todo. 
 
SÍNDROMES DA ASA ANTERIOR DA MEDULA 
 
 
Paralisia do neurônio motor inferior é o resultado direto da perda da função ou destruição das 
células do corno anterior da medula ou de seus axônios nas raízes anteriores e nervos. Os sinais e 
sintomas variam de acordo com a localização da lesão. O importante é descobrir se existe perda 
sensitiva, caso exista, a topografia muda do corno anterior da medula para raízes anterior e 
posterior ou nervos sensitivo e motor. 
 
Essa síndrome não é exclusiva da asa anterior, mas também pode aparecer na lesão nos axônios 
motores que derivam dos neurônios que se originam naquela asa. Paralisias devido à lesão no 
neurônio motor inferior ocorrem quando todos ou praticamente todas as fibras motoras 
periféricas são interrompidas, movimentos voluntários, posturais e reflexos daqueles músculos 
são abolidos. Os músculos tornam-se relaxados e moles e não resiste ao estiramento passivo, 
uma condição conhecida como flacidez. O tônus muscular – a discreta resistência que um 
músculo relaxado oferece movimento passivo - reduzido apresenta-se como hipotonia ou atonia. 
O músculo denervado mostra extrema atrofia, sendo reduzido em 20 a 30% de seu tamanho 
original dentro de 3 a 4 meses. A reação do músculoa uma extensão aguda é perdida, como na 
percussão de seu tendão com um martelo de reflexos, arreflexia. Lesão restrita a uma única 
porção das fibras motoras que supre um músculo resulta em paresia, e uma proporcional 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 
redução da força e da velocidade de contração. A atrofia será menor e o reflexo tendíneo 
reduzido ao invés de perdida. 
 
O eletroneurodiagnóstico da denervação depende do aparecimento de fibrilações, fasciculações 
e outras anormalidades mostradas pelo eletrodo que está sendo examinado. Dentro de poucos 
dias após a interrupção do nervo motor, a fibra muscular denervada começa a contrair 
espontaneamente. Essa atividade isolada das fibras musculares individuais é chamada fibrilação. 
A inabilidade da fibra isolada para manter um potencial de membrana estável é a sua 
justificativa. As fibrilações são contrações musculares individuais, independentes e rítmicas (às 
vezes de algumas fibras associadas sincronicamente), são tão finas que não podem ser vistas 
através da pele à vista desarmada, que ocorrem de maneira espontânea em músculos 
denervados e que habitualmente tem que atribuir a uma afecção das asas anteriores. Podem ser 
registradas como um potencial de ação pequeno, repetitivo de curta duração no 
eletroneuromiograma (EMG). Quando o neurônio torna-se doente, como na atrofia espinhal 
progressiva, pode manifestar irritação porque o axônio está instável e capaz de gerar impulsos 
ectópicos e todas as fibras musculares que ele controla pode descarregar esporadicamente, 
isolado de outras unidades. Seu aspecto ENMG é o de ondas bifásicas ou trifásicas, de aparição 
espontânea, em repouso, de uma voltagem de 20 a 300 microvoltes em breve duração e de uma 
frequência de descarga entre 2 e 30 por segundo. 
 
Fasciculação é o resultado da contração de uma ou de várias unidades motoras que aparece 
como um abalo visível. As fasciculações consistem de sacudidas contráteis em porções dos 
músculos, visíveis através da pele e mucosa. Representam a classificação espontânea de uma UM 
ou de um feixe de fibras musculares e se acompanham de potenciais de ação comparáveis em 
seu tamanho aos da UM. O aspecto da ENMG é o de potenciais de ação comparáveis em seu 
tamanho aos da UM. Sua morfologia é variável, em parte, devido aos efeitos da somação de 
potenciais do número variável de fibras musculares que integram uma UM e, em parte, por estar 
ativadas por descargas únicas ou repetidas que nascem dos diferentes segmentos do neurônio 
motor inferior. 
 
Mioquimia ocorre quando a contração simultânea ou seqüencial espontânea de múltiplas 
unidades motoras causa ondulação do músculo. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
Síndromes radiculopáticas 
 
 
Lesões tanto dos nervos como raízes produzem fraqueza, atrofia, e às vezes fasciculações nos 
músculos inervados pelas raízes afetadas, em alguns casos raízes múltiplas. A localização da raiz 
afetada pela lesão requer um conhecimento de cada grupo de músculos supridos por uma 
simples raiz anterior, miótomo, e cada área cutânea suprida pela raiz posterior, dermátomo. As 
raízes dos nervos espinhais podem ser prejudicadas por trauma ou compressão por lesões de 
tumores ou hérnias de discos. A mais comum radiculopatia é a que afeta a quinta e a sexta raízes 
cervicais e a quinta lombar e primeira sacral. 
 
Já que os músculos são inervados por mais do que uma raiz, pode ser difícil diferenciar uma raiz 
C5 de C6 ou de C6 de C7 quando lesada. Por exemplo: a lesão de C6 pode deprimir tanto o 
reflexo do bíceps como do tríceps. Diferenciando uma lesão de C5 da C7 é mais fácil porque a 
lesão de C5 reduz o reflexo bicipital, enquanto que a de C7 reduz o reflexo tricipital. Na 
extremidade inferior, a diferenciação de uma lesão da raiz de L5 da raiz de S1 é mais fácil 
olhando o paciente andando de calcanhar ou na ponta dos pés. Fraqueza na dorsoflexão ao 
andar com os calcanhares ocorre devido a uma lesão da raiz de L5, refletindo a ação do tibial 
anterior. A dificuldade de andar na ponta dos pés devido à fraqueza dos músculos gêmeos 
reflete a falta da raiz de S1, incluindo o reflexo aquileu. 
 
Síndromes plexopáticas 
 
 
As plexopatias braquiais apresentam uma variedade de síndromes clínicas que dependem em 
parte do plexo envolvido. O trauma é a causa mais frequente de lesão, que geralmente resulta 
da tração, compressão por tumores como de Pancoast ou linfonodos, estiramento do plexo, 
radiação, ataques imunológicos (síndrome de Parsonage-Turner). A melhor pista da presença de 
plexopatia é a de um déficit sensitivo e motor que envolve mais de uma raiz ou nervo periférico. 
Os sinais motores (fraqueza, atrofia, e perda do reflexo tendíneo) são mais proeminentes do que 
as alterações sensitivas. Para isso, veja na figura abaixo, um paciente do sexo masculino com 
importante atrofia, assimétrica, nos músculos intrínsecos da mão direita, com o reflexo 
estiloradial abolido à direita (Fig.15). 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 15 
A síndrome de Duchenne-Erb é 
caracterizada por lesão da parte mais 
superior do plexo braquial que afeta as 
raízes de C5-C6, durante o processo do 
parto ou na neurite inflamatória na 
síndrome de Parsonage-Turner. A 
síndrome de Dejerine-Klumpke é 
caracterizada por lesão da parte mais 
inferior do plexo braquial, lesando as 
 
raízes de C8 e T1. Geralmente ocorre na síndrome do ápice pulmonar por compressão do tumor 
de Pancoast. E, devido à passagem de fibras autonômicas simpáticas pode haver síndrome de 
Claude-Bernard-Horner (veja o terceiro nervo craniano neste site). 
 
Para distinguir uma lesão do plexo lombar de uma neuropatia femoral, uma cuidadosa pesquisa 
deve ser feita com relação à fraqueza dos músculos adutores inervados pelo nervo obturador ou 
perda sensitiva na região inguinal ou sobre a genitália, que estão fora da zona do nervo femoral. 
Fraqueza na abdução e rotação interna da coxa e extensão do joelho, ou perda sensitiva da 
região posterior da coxa na distribuição do nervo femoral cutâneo posterior, ajuda a distinguir 
uma lesão do plexo sacral de uma paralisia ciática, que faltam esses sinais. 
 
Neuropatia periférica 
 
 
Já que um músculo é geralmente suprido por um único nervo periférico, a fraqueza no músculo é 
geralmente mais fácil ser detectado do que na lesão de uma raiz porque o mesmo músculo é 
suprido por dois ou mais miótomos. A localização é confirmada pelo padrão da perda sensitiva, 
que na maioria dos casos difere da perda segmentar do dermátomo secundária a uma raiz 
nervosa. Lesões de um único nervo são mais comumente devido a compressão, trauma ou 
infecção do nervo secundária a diabete melito, ou uma vasculite. Quando um único nervo é 
prejudicado chama-se mononeuropatia. Mononeuropatia multiplex refere ao envolvimento de 
vários troncos nervosos em mais de um membro. Essa condição geralmente ocorre nas doenças 
sistêmicas como vasculite autoimune, especialmente poliarterite nodosa e diabete melito. 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
Na polineuropatia, a característica essencial é o prejuízo na função de muitos nervos 
simultâneos, causando perda simétrica da função começando na extremidade distal. As pernas 
são afetadas antes dos braços. Hiporreflexia ou arreflexia precedem qualquer outro sintoma 
motor ou sensitivo. O reflexo aquileu é afetado antes do reflexo patelar,