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TEORIAS-DA-AÇÃO QUINÁRIA

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TEORIAS DA AÇÃO E CLASSIFICAÇÃO QUINÁRIA DAS AÇÕES 
Tatiane Eliza França Skonieczny - Advogada 
TEORIAS DA AÇÃO 
 
Para chegar à concepção atual da ação, houve uma evolução do 
pensamento jurídico processual, assim, o conceito de ação, como sendo um direito 
de requerer a tutela jurisdicional do Estado, tem percorrido um longo caminho no 
decorrer da história do direito, no qual foram múltiplas as acepções teóricas a 
respeito. 
 
TEORIA CIVILISTA OU IMANENTISTA: 
 
Pregada por Celso, renomado Jurista Romano, pai de Juventius 
Celsius seguidor da escola do direito clássico, a qual teve grande relevância 
processual até o século XIX. 
Para esta Teoria, a ação era tida como fenômeno abrangido pelo 
próprio direito material reclamado em juízo, ou seja, a ação seria o direito que o 
titular de determinado direito tinha de pedir em juízo exatamente aquilo que lhe era 
devido em função de normas materiais, era o mero direito de exigir, em juízo, aquilo 
que era devido, a ação era o próprio direito material em exercício, como uma reação 
a uma agressão que tivesse sofrido. 
Esta Teoria teve como difusores, no Brasil, Clóvis Beviláqua e João 
Monteiro, e na Alemanha, Friedrich Karl Von Savigny. 
Essas ideias perduraram até o começo do século XX, nos dias 
atuais essa teoria não é aceita, em razão de que, se essa concepção fosse correta, 
somente existiriam ações julgadas procedentes, pois não se poderia falar em 
improcedência da ação decorrente de um direito efetivamente existente, toda 
improcedência implicaria ausência de ação. 
Com o passar do tempo e à partir da separação havida entre o 
direito material e o direito processual, outras Teorias foram surgindo. 
 
 
 
 
TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO AUTÔNOMO E CONCRETO OU TEORIA DO 
DIREITO CONCRETO À TUTELA 
 
No ano de 1903, Chiovenda demonstrou a autonomia do direito de 
ação em face do direito material, com o argumento de que, se é possível obter um 
provimento que declare a inexistência de uma relação jurídica, é porque o direito de 
obtê-la é diferente do direito material discutido, autônomo portanto, com relação à 
ele. 
Segundo esta Teoria a ação caracterizava um direito independente, 
distinto do direito material, porém, ficou mantida ainda certa dependência para com 
o direito material, definindo-se a ação como o direito de obter uma sentença 
favorável, desta forma, somente admitia a efetiva existência da ação se e quando se 
tratasse de hipótese em que a sentença fosse favorável ao autor. 
O valor desta Teoria decorre da demonstração de que poderia existir 
ação a que não correspondia nenhum direito subjetivo, assim, Chiovenda 
evidenciara ser a ação um novo direito, independente e diverso do direito material, 
qualificado como "o poder jurídico de realizar a condição para a atuação da vontade 
da lei”. 
Também não logrou êxito porque não explicava o fenômeno da ação 
improcedente, em que o juiz teria prestado indubitavelmente jurisdição, concedendo 
a tutela jurídica através de sentença de mérito, porém não protegendo o direito 
subjetivo de quem exercera a ação. 
 
TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO AUTÔNOMO E ABSTRATO 
 
Segundo tal Teoria, a ação é o direito que qualquer um titulariza 
para pedir a atuação jurisdicional, tendo ou não tendo razão naquilo que pede, 
detenha ou não o direito que afirma deter, é o mero direito de provocar a atuação 
jurisdicional do Estado, o direito de ação não está condicionado à procedência do 
pedido, existindo, ainda que a sentença seja desfavorável, consistindo, pois, no 
direito de obter uma sentença de mérito, independente de ser, ou não favorável. 
Então, caso o juiz julgue improcedente o pedido, isso irá significar 
que o autor não tinha o direito material alegado, porém, tinha o direito de ação, e o 
exerceu, no momento em que pediu a atuação jurisdicional e a recebeu, mesmo que 
a decisão lhe tenha sido desfavorável.	
  	
  
A crítica posta por parcela da doutrina a esta teoria se funda, 
basicamente, no fato de que haveria confusão entre o direito de ação e direito de 
petição, o qual seria o verdadeiro direito de acesso aos Tribunais, outorgado a todos. 
 
 
TEORIA ECLÉTICA 
 
 
Teoria que prevalece hoje em nosso sistema processual, segundo a 
qual, a ação é abstrata mas é condicionada. 
Assim, todos têm direito de pedir a atuação jurisdicional, mas nem 
todos têm o direito de receber uma sentença de mérito, mesmo que desfavorável, 
para tanto, é necessário que se preencham as condições da ação. 
 Essa Teoria foi adotada por Liebman, processualista italiano, 
inspirador do Código de Processo Civil de 1973,	
   segundo ele, o direito de ação só 
poderia existir, se o autor preenchesse requisitos , sob pena de ocorrer o fenômeno 
da “carência de ação”, com o processo sendo julgado extinto, sem julgamento de 
mérito. 
Então, a ação é o direito independente, autônomo e abstrato diante 
do direito material invocado como causa de pedir, embora a ele seja vinculado 
instrumentalmente, assim, há exercício do direito de ação mesmo que sem o 
sucesso almejado pelo autor, isto é, por aquele que, mediante o exercício desse 
direito, instaura o processo em juízo e pede uma determinada solução jurídica para 
a lide . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO QUINÁRIA DAS AÇÕES 
 
A classificação quinária das ações, tendo em vista a tutela requerida 
pelo autor no processo de conhecimento, tem como fundamento as idéias de Pontes 
de Miranda e posteriormente, Ovídio A. Batista da Silva, e traz a concepção de que 
as ações devem ser declarativas, constitutivas, condenatórias, mandamentais e 
executivas. 
A classificação que antes prevalecia tratava as ações de 
conhecimento como declaratórias, constitutivas e condenatórias. 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA: Para Pontes de Miranda : 
 “a ação declarativa é ação a respeito do ser ou não-ser a 
relação jurídica”; 
Assim, as ações de eficácia Declaratória, são aquelas em que o 
interesse do autor que vai à juízo se limita à obtenção da tutela jurisdicional 
mediante uma declaração judicial acerca da existência ou inexistência de 
determinada relação jurídica ou a respeito da autenticidade ou da falsidade de um 
documento. (art.4° do CPC) 
 
AÇÃO CONSTITUTIVA: Segundo a concepção de Pontes de 
Miranda: 
 “prende-se à pretensão constitutiva, res deducta, quando se 
exerce a pretensão à tutela jurídica”; 
Desta forma, a ação de eficácia Constitutiva, não tem condenação, 
mas a constituição, modificação ou desconstituição de uma situação jurídica. 
 
AÇÃO CONDENATÓRIA: Para o mesmo doutrinador: 
 
 “supõe que aquele ou aqueles, a quem ela se dirige tenham 
obrado contra direito, que tenham causado dano e mereçam, 
por isso, ser condenados”; 
Portanto, as ações de eficácia Condenatória são aquelas ações em 
que o autor instaura processo de conhecimento visando, além da declaração, uma 
condenação do réu ao cumprimento de obrigação ativa ou omissiva, essa sentença 
condenatória autorizará uma posterior execução. 
 
AÇÃO MANDAMENTAL: Para Pontes de Miranda: 
 
A ação mandamental “prende-se a atos que o juiz ou outra 
autoridade deve mandar que se pratiquem”; 
Assim, as ações de eficácia mandamental têm por objetivo a 
obtenção de sentença em que o juiz emite uma ordem cujo descumprimento por 
quem a receba caracteriza desobediência à autoridade estatal passível de sanções. 
 
AÇÃO EXECUTIVA LATU SENSU 
 
E, finalmente, a ação executiva “é aquela pela qual se passa para a 
esfera jurídica de alguém o que nela devia estar, e não está” . 
São aquelas que contém um passo além daquilo que a parte obtém 
com uma ação condenatória, há, assim como nas ações condenatórias,
uma 
autorização para executar, ocorre que, a ação condenatória produz sentença que, se 
for de procedência, exigirá nova demanda do interessado, pleiteando execução, já, a 
ação executiva latu sensu disso não necessita, estando sua sentença apta a 
diretamente determinar a produção dos efeitos de transformação no mundo empírico, 
a execução não irá depender de requerimento do interessado , é exequível de ofício 
no mesmo processo em que foi proferida. 
Na mesma esteira posiciona-se Ovídio A. Baptista da Silva, que 
também adota a classificação quinária das sentenças dividindo as sentenças em 
declaratórias, constitutivas, condenatórias, executivas e mandamentais, de acordo 
com a pretensão material do autor vitorioso seja dirigida a obter a simples 
declaração de existência ou inexistência de uma determinada relação jurídica; ou 
tenha por fim sua constituição, modificação ou extinção; ou a simples condenação 
do demandado a cumprir uma obrigação; ou ainda, finalmente tenha por objeto obter, 
desde logo, a realização do direito litigioso no processo de conhecimento, mediante 
um ato de execução praticado pelo juízo. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Wambier, Luiz Rodrigues.Curso avançado de Processo Civil. Vol.1, Teoria geral do 
processo e processo de conhecimento.8a. Edição- São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2006. 
Greco filho, Vicente. Direito processual civil brasileiro. Vol.1. teoria geral do processo 
e auxiliares da justiça.20a. Edição – São Paulo: Saraiva, 2007.

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