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Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Disposições preliminares do Código de Processo Penal..................................................3 Inquérito policial.................................................................................................................... 4 Valor Probatório do Inquérito Policial................................................................................. 5 Características do Inquérito Policial............................................................................. 5 Inquérito Policial: Conceito e Natureza Jurídica...........................................................6 Objetivos do Inquérito Policial...................................................................................... 6 Condução do Inquérito Policial.....................................................................................6 FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL...............................................7 Instauração de Ofício - Notitia Criminis..............................................................................8 DILIGÊNCIAS.....................................................................................................................9 Requisitos dos Atos Administrativos.......................................................................... 10 Irregularidades no Inquérito e Ação Penal................................................................. 10 Considerações Doutrinárias....................................................................................... 10 Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)..................................................................... 11 Direito de Defesa........................................................................................................11 Independentemente de qualquer argumento, a incomunicabilidade não se aplica ao advogado por força da disposição legal do respectivo Estatuto, o que torna esta medida completamente ineficaz em garantir o pleno direito de defesa..................... 11 Indiciamento............................................................................................................... 11 A Lei 12.830/2013 define o indiciamento como um ato técnico-jurídico e fundamentado, que é privativo do delegado de polícia. Esse ato deve indicar a autoria, materialidade e as circunstâncias do fato criminoso..................................... 11 Requisitos do Indiciamento:........................................................................................11 ● Autoria: Identificação de quem cometeu o crime.................................................... 11 ● Materialidade: Evidência de que o crime realmente ocorreu.................................. 11 ● Circunstâncias: Detalhes e contextos em que o crime foi cometido....................... 11 Art. 2º, § 6º - O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias..............................................................11 Características do Indiciamento:................................................................................ 12 Desindiciamento:........................................................................................................12 Ação penal............................................................................................................................ 12 Do juiz, do ministério público, do acusado e defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça, dos peritos e intérpretes........................................................................................15 Das citações e intimações.................................................................................................. 16 A intimação.......................................................................................................................17 Formas de Intimação (Art. 370 a 372 do CPP):......................................................... 17 Prazos de Intimação (art. 798 CPP).................................................................................18 Dicas de Prova!................................................................................................................ 19 Da sentença.......................................................................................................................... 20 Os Requisitos e Validade da Sentença............................................................................ 21 FICA A DICA:............................................................................................................. 23 Do processo comum............................................................................................................24 Fases do Processo Comum Ordinário (Art. 394 a 405 do CPP)......................................25 1 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da Instrução criminal........................................................................................................27 Do procedimento relativo aos processos da competência do tribunal do júri.................. 29 Da acusação e da instrução preliminar............................................................................ 31 Da pronúncia, da impronúncia e da absolvição sumária..................................................34 Da preparação do processo para julgamento em plenário.............................................. 36 Do alistamento dos jurados..............................................................................................38 Do desaforamento............................................................................................................38 Da organização da pauta................................................................................................. 40 Do sorteio e da convocação dos jurados......................................................................... 41 Da função do jurado......................................................................................................... 42 Da composição do tribunal do júri e da formação do conselho de sentença...................43 Da reunião e das sessões do tribunal do júri................................................................... 44 Da instrução em plenário................................................................................................. 46 Pontos de atenção para concursos:...........................................................................47 Dos debates..................................................................................................................... 48 Do questionário e sua votação.........................................................................................50 Da sentença..................................................................................................................... 51 Da ata dos trabalhos........................................................................................................ 54 Das atribuições do presidente do tribunal do júri............................................................. 55 Prisão e liberdade provisória..............................................................................................57 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos.. 59 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal.............................62 2 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. As disposições preliminares do Código de Processo Penal estão previstas nos artigos 1º ao 3º e estabelecem as diretrizes iniciais que orientam a aplicação do processo penal no Brasil. O artigo 1º dispõe que o processo penal reger-se-áda parte, ausência de interesse processual, irregularidade formal insanável, entre outros. 51 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 🧱 Requisitos da Sentença (art. 489, §1º): A sentença deve conter fundamentos claros e objetivos, abordando todos os pedidos das partes. Não é válida a sentença que: ● Apenas repete argumentos das partes ou usa fórmulas genéricas; ● Não analisa fundamentos relevantes trazidos pelas partes; ● Deixa de enfrentar jurisprudência dominante ou precedente obrigatório. ⏱ Coisa Julgada (arts. 502 a 508): Coisa julgada é a imutabilidade da sentença que não cabe mais recurso. Pode ser: ● Formal: torna definitiva a decisão no processo em que foi proferida. ● Material: impede que a mesma matéria seja rediscutida em outro processo. 🔁 Possibilidade de Retratação: Em alguns casos, quando o juiz decide encerrar o processo sem analisar o pedido principal (ou seja, sem julgar o mérito, como nas sentenças de extinção), ele pode mudar de ideia antes de enviar o processo para o tribunal. Isso significa que, antes de a decisão ser analisada em recurso, o próprio juiz pode rever e corrigir sua decisão, se perceber que cometeu um erro. 52 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ⚖ Eficácia da Sentença A sentença, depois de definitiva, produz efeitos entre as partes envolvidas no processo — isso é o que chamamos de coisa julgada. Ou seja, o que foi decidido não pode mais ser mudado, nem discutido novamente no mesmo processo ou em outro. No entanto, existem exceções: Se ficar provado que a sentença foi resultado de fraude, simulação, dolo (má-fé), ou conluio entre as partes (combinação para enganar o juiz), ela pode ser total ou parcialmente anulada, por meio de uma ação rescisória. 🎯 DICAS PARA CONCURSO 📌 Muito cobrado: distinção entre sentença e decisão interlocutória. 📌 Examinadoras gostam de cobrar o art. 489, §1º (sentença não fundamentada). 📌 Atenção aos efeitos da coisa julgada material e à possibilidade de ação rescisória. 53 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da ata dos trabalhos. A ata dos trabalhos é o documento oficial que registra tudo o que ocorreu durante o julgamento pelo Tribunal do Júri. Sua previsão legal está nos arts. 469 e 470 do Código de Processo Penal (CPP). Ela é lavrada pelo escrivão ou por outro servidor designado e assinada pelo presidente do Tribunal do Júri (juiz togado). Devem constar obrigatoriamente na ata: ● A abertura da sessão e a presença das partes (juiz, Ministério Público, defensor, jurados, testemunhas, acusado); ● As reclamações e protestos feitos durante o julgamento; ● O resumo das ocorrências principais (como leitura de peças, depoimentos, debates); 54 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Os quesitos formulados e as respostas dos jurados; ● O resultado final do julgamento. Além disso, a ata deve ser lida em plenário, podendo qualquer das partes pedir que algo importante seja incluído no texto (art. 470 do CPP). Isso garante a transparência e a regularidade do julgamento. Dica de prova: É comum que se cobre o conteúdo obrigatório da ata e quem é responsável por lavrá-la e assiná-la. Também se exige saber que a ata é meio de controle da legalidade dos atos do Júri, podendo ser usada para recursos, inclusive nulidades. Das atribuições do presidente do tribunal do júri. O presidente do Tribunal do Júri é o juiz togado (profissional) que conduz o julgamento em plenário. Suas atribuições estão previstas no art. 497 do Código de Processo Penal (CPP). Durante o julgamento, ele atua como garantidor da legalidade e da ordem processual. Suas principais funções são: ● Regular os trabalhos em plenário, zelando pela ordem e legalidade do julgamento; ● Sortear os jurados que comporão o Conselho de Sentença (sete titulares); ● Resolver as questões incidentes (ex: nulidades, impedimentos, incidentes processuais); 55 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Instruir o processo em plenário, ou seja, presidir a fase de oitiva das testemunhas, do interrogatório e dos debates entre acusação e defesa; ● Redigir os quesitos, com clareza e objetividade, para serem respondidos pelos jurados; ● Realizar a votação com os jurados, zelando pelo sigilo e regularidade dos votos; ● Proferir a sentença, com base nas respostas dadas pelos jurados aos quesitos; ● Expulsar qualquer pessoa que perturbe o julgamento e tomar providências contra o desrespeito ao tribunal. Também cabe ao presidente decidir sobre: ● Incomunicabilidade dos jurados; ● Permissões ou restrições à imprensa no plenário; ● Encaminhamento dos autos após o julgamento. Fica a dica: As bancas gostam de cobrar quem profere a sentença (é o juiz-presidente, e não os jurados), quem elabora os quesitos e se o juiz pode influenciar a decisão dos jurados (não pode). Também é comum a cobrança sobre o papel técnico do juiz frente à função soberana do Conselho de Sentença. 56 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Prisão e liberdade provisória. A prisão no processo penal pode ocorrer antes ou depois da condenação. As prisões cautelares (antes da sentença definitiva) têm natureza provisória e excepcional, sendo utilizadas apenas quando indispensáveis à investigação ou à garantia da ordem pública. O Código de Processo Penal (CPP) prevê as seguintes modalidades de prisão cautelar: ● Prisão em flagrante (art. 301 a 310, CPP): ocorre quando o agente é surpreendido cometendo o crime, logo após ou com elementos que o vinculem diretamente ao fato. ● Prisão preventiva (art. 311 a 316, CPP): decretada pelo juiz, a pedido do MP, do querelante ou mediante representação da autoridade policial, quando houver prova do crime e indício de autoria, e for necessária para: garantir a ordem pública ou econômica, conveniência da instrução ou para assegurar a aplicação da lei penal. 57 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Prisão temporária (Lei 7.960/89): visa garantir a investigação, limitada no tempo (5 a 30 dias prorrogáveis), aplicável apenas a crimes graves ou expressamente previstos. A liberdade provisória é a regra no processo penal. Ela pode ocorrer com ou sem a imposição de medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, CPP), como: ● Proibição de frequentar certos lugares, ● Proibição de contato com determinadas pessoas, ● Recolhimento domiciliar noturno, ● Monitoramento eletrônico, entre outras. O juiz deve fundamentar a imposição da prisão e a escolha de medidas cautelares. A prisão só será mantida se não for suficiente nenhuma medida alternativa. Em caso de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 24 horas, deverá analisar a legalidade e decidir entre: homologar e converter em preventiva, conceder liberdade provisória, ou relaxar se for ilegal (art. 310, CPP). FICA A DICA: Você deve saber distinguir as espécies de prisão, a lógica da excepcionalidade da cautelar, o papel do juiz no controle da legalidade e a preferência pela liberdade com medidas alternativas. A jurisprudência do STF e STJ também reforça o princípio da presunção de inocência, que limita o uso indiscriminado da prisão antes do trânsito em julgado. 58 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. O processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos está regulado entre os arts. 513 a 518 do Código de Processo Penal. Aplica-se quando o crime está relacionado coma função pública exercida (ex: prevaricação, corrupção, peculato). A Denúncia ou queixa, nos crimes de responsabilidade funcional, o Ministério Público pode oferecer denúncia, ou a parte ofendida pode apresentar queixa, desde que observadas as condições da ação. A petição inicial deve indicar a qualificação do acusado, a descrição dos fatos e a indicação do tipo penal. A Citação e resposta, acontece quando é recebida a denúncia ou queixa, o juiz manda citar o réu para responder por escrito no prazo de 15 dias. Essa fase funciona como uma “contestação”, onde o acusado pode alegar tudo que tiver de útil para sua defesa. A instrução probatória ocorre após a apresentação da resposta pelo réu, momento em que o juiz poderá determinar a realização de diligências e a 59 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 produção das provas necessárias à formação do seu convencimento. Essa fase se desenvolve de maneira semelhante ao rito ordinário, com a oitiva de testemunhas, a realização de interrogatórios, os debates entre as partes e, por fim, a prolação da sentença. O julgamento ocorre ao final da instrução, momento em que será proferida sentença absolutória ou condenatória. Em caso de condenação, o funcionário poderá ser penalizado criminalmente e também administrativamente, como, por exemplo, com a perda do cargo, desde que haja previsão legal. Autoridades que ocupam cargos com foro por prerrogativa de função, como prefeitos, governadores, juízes ou promotores, estão sujeitas a uma regra especial de competência, sendo o julgamento realizado, por exemplo, pelo Tribunal de Justiça. O processo penal pode ocorrer de forma independente em relação ao processo administrativo ou à ação civil de improbidade, podendo, no entanto, gerar reflexos nesses outros processos conforme o resultado da ação penal. ⚠FICA A DICA ● prazo da resposta escrita (15 dias) ● a possibilidade de defesa por escrito antes da instrução ● o rito híbrido: semelhante ao ordinário, mas com peculiaridades da função pública ● relação entre responsabilidade penal e administrativa O habeas corpus é uma ação constitucional de natureza penal, com previsão no art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal e regulamentação nos arts. 647 a 667 do Código de Processo Penal. Serve para proteger o direito de locomoção quando houver ameaça ou coação ilegal à liberdade de ir e vir, por ato de autoridade pública ou agente no exercício de função pública. 60 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 O habeas corpus pode ser classificado em duas espécies, sendo o preventivo utilizado quando há ameaça de coação, com pedido de salvo-conduto, e o repressivo aplicado quando a coação já ocorreu, com pedido de libertação imediata. O habeas corpus é cabível sempre que alguém sofrer ou estiver na iminência de sofrer violência ou coação ilegal em sua liberdade de locomoção, como nos casos de prisão sem fundamento legal, abuso de autoridade ou excesso de prazo na prisão cautelar. O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa, em nome próprio ou de terceiro, inclusive sem a necessidade de advogado, pois se trata de uma ação gratuita e informal. Quanto ao procedimento, a petição deve ser dirigida à autoridade competente, que pode ser um juiz ou tribunal. Uma vez recebida a impetração, a autoridade apontada como coatora presta informações, o Ministério Público emite parecer e, em seguida, o juiz ou tribunal decide a questão, sem necessidade de produção de provas adicionais. A decisão no habeas corpus pode conceder ou denegar a ordem. Essa decisão possui eficácia imediata e, diante de ilegalidade evidente, pode até ser proferida de ofício pela autoridade judiciária. O habeas corpus não pode ser utilizado de forma indevida (vedação ao uso indevido). É vedado seu uso para discutir questões como penas alternativas, multa ou processos administrativos disciplinares, salvo se essas situações afetarem diretamente a liberdade de locomoção. ⚠ Pontos de atenção: ● Qualquer pessoa pode impetrar, inclusive sem advogado. ● Cabe mesmo sem prova completa – basta prova pré-constituída. ● Não admite dilação probatória. ● É cabível contra prisão ilegal ou ameaça concreta à liberdade. 61 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Não cabe para contestar penalidades que não envolvam restrição à liberdade de ir e vir. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal. A Constituição Federal de 1988 é a principal fonte garantidora de direitos no processo penal. Vários dispositivos constitucionais são diretamente aplicáveis ao direito processual penal, funcionando como limites e diretrizes para a atuação do Estado na persecução penal. 1. Princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV) Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, o que garante um processo legal, justo, com contraditório e ampla defesa. 2. Contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV) A todos os litigantes em processo judicial ou administrativo é assegurado o direito ao contraditório, ampla defesa e uso dos meios e recursos a ela inerentes. 3. Presunção de inocência (art. 5º, LVII) Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. É o princípio da não culpabilidade. 4. Legalidade e anterioridade penal (art. 5º, XXXIX) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Garantia contra o arbítrio penal do Estado. 5. Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI) A casa é asilo inviolável, salvo em flagrante delito, desastre, para prestar socorro, ou com ordem judicial, de forma justificada. 6. Direito ao silêncio e à não autoincriminação (art. 5º, LXIII) O preso tem direito de permanecer calado e de ser informado sobre esse direito. Garante que ninguém seja forçado a produzir prova contra si mesmo. 62 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 7. Liberdade provisória e prisão legal (art. 5º, LXI, LXV, LXVI, LXVIII) Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente. É assegurada a liberdade provisória com ou sem fiança, conforme o caso. 8. Habeas corpus (art. 5º, LXVIII) Concedido sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal em sua liberdade de locomoção. 9. Identificação criminal (art. 5º, LVIII) O civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos em lei. 10. Acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV) A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Garante o acesso à Justiça, inclusive em matéria penal. ⚠Pontos de atenção: ● Princípio do contraditório e ampla defesa. ● Presunção de inocência e seu impacto na execução da pena. ● Direito ao silêncio e vedação à autoincriminação. ● Limites à prisão e garantias constitucionais do preso. ● Devido processo legal e acesso ao Judiciário. 63 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. Inquérito policial Valor Probatório do Inquérito Policial Características do Inquérito Policial Inquérito Policial: Conceito e Natureza Jurídica Objetivos do Inquérito Policial Condução do Inquérito Policial FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL Instauração de Ofício - Notitia Criminis DILIGÊNCIAS Requisitos dos Atos Administrativos Irregularidades no Inquérito e Ação Penal Considerações Doutrinárias Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) Direito de Defesa Independentemente de qualquer argumento, a incomunicabilidade não se aplica ao advogado por força da disposição legal dorespectivo Estatuto, o que torna esta medida completamente ineficaz em garantir o pleno direito de defesa. Indiciamento A Lei 12.830/2013 define o indiciamento como um ato técnico-jurídico e fundamentado, que é privativo do delegado de polícia. Esse ato deve indicar a autoria, materialidade e as circunstâncias do fato criminoso. Requisitos do Indiciamento: ●Autoria: Identificação de quem cometeu o crime. ●Materialidade: Evidência de que o crime realmente ocorreu. ●Circunstâncias: Detalhes e contextos em que o crime foi cometido. Art. 2º, § 6º - O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. Características do Indiciamento: Desindiciamento: Ação penal Do juiz, do ministério público, do acusado e defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça, dos peritos e intérpretes Das citações e intimações A intimação Formas de Intimação (Art. 370 a 372 do CPP): Prazos de Intimação (art. 798 CPP) Dicas de Prova! Da sentença Os Requisitos e Validade da Sentença FICA A DICA: Do processo comum Fases do Processo Comum Ordinário (Art. 394 a 405 do CPP) Da Instrução criminal. Do procedimento relativo aos processos da competência do tribunal do júri. Da acusação e da instrução preliminar. Da pronúncia, da impronúncia e da absolvição sumária. Da preparação do processo para julgamento em plenário. Do alistamento dos jurados. Do desaforamento. Da organização da pauta. Do sorteio e da convocação dos jurados. Da função do jurado. Da composição do tribunal do júri e da formação do conselho de sentença. Da reunião e das sessões do tribunal do júri. Da instrução em plenário. Pontos de atenção para concursos: Dos debates. Do questionário e sua votação. Da sentença. Da ata dos trabalhos. Das atribuições do presidente do tribunal do júri. Prisão e liberdade provisória. Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal.por este Código, ressalvadas as disposições de tratados, convenções e regras de direito internacional de que o Brasil seja parte. Isso significa que, embora o Código de Processo Penal seja a norma principal que regula o processo penal, ele pode ser relativizado ou complementado por normas internacionais, desde que estejam devidamente incorporadas ao ordenamento jurídico nacional, respeitando o princípio da supremacia da Constituição. O artigo 2º estabelece que o processo penal terá aplicação em todo o território nacional, independentemente de onde o crime tenha sido cometido, desde que haja previsão legal para isso. Essa disposição reforça o princípio da unidade do processo penal brasileiro, assegurando que sua aplicação ocorra de forma uniforme em todo o país, garantindo isonomia no tratamento processual. O artigo 3º trata da interpretação da norma processual penal, determinando que o Código será interpretado segundo os fins sociais a que se destina, as exigências do bem comum e os princípios constitucionais. Além disso, a lei processual penal admite aplicação supletiva da legislação processual civil nos casos em que houver lacuna e desde que não contrarie os princípios do direito penal e processual penal. Esse dispositivo reforça a necessidade de interpretar o processo penal de forma sistêmica e em conformidade com a Constituição, especialmente quanto aos direitos e garantias fundamentais do acusado, como o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal e o princípio da presunção de inocência. Essas disposições preliminares formam a base interpretativa do Código de Processo Penal, apontando para uma aplicação que deve sempre respeitar os limites legais, constitucionais e, quando aplicável, internacionais. Elas garantem que o processo penal brasileiro seja orientado por princípios democráticos, buscando a justiça com equilíbrio entre o poder de punir do Estado e os direitos do acusado. 3 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 As normas jurídicas dividem-se em regras e princípios, cada uma com características distintas e modos de aplicação: ● Regras: Têm uma aplicação rígida e excludente, baseada na técnica do tudo ou nada. Uma regra será ou não cumprida na sua totalidade. Por exemplo, uma regra de trânsito que determina o limite de velocidade. Se você ultrapassar esse limite, estará violando a regra. ● Princípios: Têm uma aplicação mais flexível e podem ser ponderados. Em vez de serem aplicados de forma excludente, os princípios podem ser ajustados e equilibrados conforme o caso concreto. Isso permite uma maior adaptabilidade às circunstâncias específicas. Em decisões judiciais, frequentemente se vê a necessidade de conciliar princípios conflitantes. Um exemplo clássico é a tensão entre a liberdade de expressão e a privacidade. Os tribunais muitas vezes precisam encontrar um equilíbrio entre esses princípios da dignidade da pessoa humana, por exemplo, inspirou diversas regras que protegem os direitos dos presos, como o direito à saúde, ao trabalho e ao estudo. A Constituição Federal de 1988 realmente se preocupou em estabelecer garantias processuais penais em diversos dispositivos, instituindo um amplo rol de princípios constitucionais que protegem o processo penal. Um dos principais exemplos é a presunção de inocência, que é um princípio basilar diretamente extraído do texto constitucional. O Código de Processo Penal, inspirado nessas garantias constitucionais, forma um complexo de regras e princípios que orientam e conduzem a marcha processual. Essa harmonia entre regras e princípios assegura um processo justo e equilibrado, protegendo os direitos fundamentais dos indivíduos. Inquérito policial 4 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 O inquérito policial é um procedimento preliminar e preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária. Seu objetivo é a colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. Função Preservadora: Evitar acusações infundadas. Função Preparatória: Colher elementos de informação para a ação penal. Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Com o inquérito se busca conseguir a necessária ‘justa causa’ (suporte probatório mínimo) para o desencadeamento da ação penal em relação à materialidade e autoria. Através dele que o Ministério Público, na grande maioria dos casos, forma a sua ‘opinio delicti’. Valor Probatório do Inquérito Policial Embora os elementos informativos coletados na investigação policial não sejam provas chanceladas pelo contraditório e ampla defesa e possuam um desvalor legal preestabelecido (conforme o art. 155 do CPP), se comparados às provas produzidas no processo, eles têm sua valia. Esse valor é preponderantemente subsidiário e complementar em relação às provas produzidas durante o processo. Isoladamente, esses elementos jamais devem legitimar a fundamentação de uma sentença Características do Inquérito Policial ● Escrito: De acordo com o art. 9º do CPP, o inquérito deve ser documentado por escrito. ● Dispensável: Embora forneça peças de informação essenciais, não é um requisito absoluto para a ação penal. 5 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Sigiloso: Conforme o art. 20 do CPP, o inquérito é sigiloso, mas a súmula vinculante 14 do STF garante ao defensor o amplo acesso aos elementos de prova. ● Inquisitivo: Poderes investigatórios concentrados na autoridade policial, sem a necessidade de contraditório e ampla defesa. ● Oficialidade: A investigação é realizada apenas por órgãos oficiais do Estado. ● Oficiosidade: A investigação não depende de provocação para seu início e desenvolvimento; é uma função do agente público. ● Discricionariedade: A autoridade policial tem margem de liberdade dentro dos limites legais para conduzir a investigação. ● Indisponibilidade: De acordo com o art. 17 do CPP, a autoridade policial não pode arquivar os autos do inquérito. POLÍCIA JUDICIÁRIA E TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL Art. 4º (CPP) A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. Inquérito Policial: Conceito e Natureza Jurídica ● Procedimento Preparatório: O inquérito policial é um procedimento preliminar e preparatório da ação penal. ● Investigativo e Inquisitivo: Tem caráter investigativo e inquisitivo, sendo conduzido por autoridade de polícia judiciária. ● Administrativo: É de natureza administrativa. ● Objetivo: Destinado a reunir elementos necessários de autoria e materialidade de infrações penais. Objetivos do Inquérito Policial ● Formação da Convicção do MP: Ajudar a formar a convicção do Ministério Público. ● Colheita de Provas Urgentes: Recolher provas urgentes que podem desaparecer após a ocorrência do crime. Condução do Inquérito Policial 6 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Polícia Judiciária: Realizado pela Polícia Civil ou Polícia Federal. ● Autoridade Policial: A instauração e a presidência do inquérito policial ficam a cargo do delegado de Polícia Civil ou Polícia Federal. Outras autoridades administrativas produtoras de inquérito: o inquérito policial não é o único e exclusivo a dar sustentaçãoprobatória à ação penal. São admitidos outros procedimentos, desde que prevista em lei a função investigatória da autoridade. São autoridades capazes de produzir provas pré-constituídas para fundamentar a ação penal, dentre outras possibilidades legais: ● os oficiais militares, no caso de inquérito militar; ● os chefes de repartições públicas ou corregedores permanentes, nos casos de sindicâncias e processos administrativos; ● os promotores de justiça, no caso de inquérito civil voltado a apurar lesões a interesses difusos e coletivos; ● os parlamentares, durante os trabalhos das Comissões Parlamentares de Inquérito. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 7 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. § 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Instauração de Ofício - Notitia Criminis A notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, que a autoridade policial tem de um fato aparentemente criminoso. Pode ser classificada em três tipos: 8 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 1. Direta/Espontânea: Quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por sua própria iniciativa ou por meio de suas atividades rotineiras. 2. Indireta/Provocada: Quando a autoridade policial é informada sobre o fato criminoso por terceiros, como vítimas, testemunhas, ou por meio de denúncias. 3. De Cognição Coercitiva: Quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso durante a prática de outras atividades coercitivas, como prisões em flagrante. DILIGÊNCIAS O inquérito tem procedimento flexível, mas com uma série de diligências ao encargo da autoridade policial. Estão previstas nos artigos 6º, 7º, 13, 13-A e 13-B do CPP. Identificação Criminal Uma das diligências a serem adotadas durante a condução do inquérito policial (art. 6º, VIII, CPP) - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes. Entretanto, percebe-se que o legislador constituinte optou por consagrar limitações explícitas à identificação criminal dentro do rol de direitos e garantias fundamentais – mais especificamente os direitos individuais e coletivos –, como se pode depreender da leitura de seu art. 5º, LVIII, o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. A regra, portanto, sempre será a identificação civil, que se perfaz mediante a apresentação dos documentos referidos nos incisos do art. 2º da Lei 12.037/2009: I – carteira de identidade II – carteira de trabalho; III – carteira profissional; IV – passaporte; V – carteira de identificação funcional; VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado. Vícios no Inquérito Policial 9 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Como procedimento administrativo, o inquérito policial deve observar as diretrizes legais, inclusive os princípios constantes do art. 37 da Constituição Federal: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Requisitos dos Atos Administrativos Os atos praticados dentro do inquérito policial devem atender aos requisitos dos atos administrativos em geral, conforme o art. 104 do Código Civil: ● Agente Capaz ● Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável ● Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei Caso esses requisitos não sejam respeitados, há um vício de legalidade, podendo os atos serem invalidados ou anulados. Irregularidades no Inquérito e Ação Penal Avaliar se a irregularidade do inquérito policial contamina ou se estende para a ação penal é crucial. Como são fases diferentes da persecução penal, com finalidades, naturezas e regramentos distintos, as imperfeições do inquérito policial, em regra geral, não atingem o processo penal, que é uma peça meramente informativa servindo de base para a acusação formal. Incomunicabilidade do Indiciado Preso A incomunicabilidade do indiciado preso só é permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigem, e deve sempre ser decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público. Esta medida não pode exceder três dias e deve respeitar o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da OAB (Art. 21, CPP). Considerações Doutrinárias A maior parte da doutrina entende que essa disposição da lei processual não foi recepcionada pela Constituição Federal, uma vez que o sistema atual não trata o acusado como objeto da prova (característica do 10 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 sistema inquisitório). Argumenta-se que, mesmo em Estado de Defesa, onde várias garantias constitucionais são suprimidas, a incomunicabilidade não é admitida. Portanto, há ainda menos razão para sua admissibilidade em um estado de normalidade. Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), previsto no art. 52 da Lei de Execução Penal (LEP), não prevê a possibilidade de incomunicabilidade do preso. Apenas estabelece visitas semanais com duração de duas horas. Direito de Defesa Independentemente de qualquer argumento, a incomunicabilidade não se aplica ao advogado por força da disposição legal do respectivo Estatuto, o que torna esta medida completamente ineficaz em garantir o pleno direito de defesa. Indiciamento A Lei 12.830/2013 define o indiciamento como um ato técnico-jurídico e fundamentado, que é privativo do delegado de polícia. Esse ato deve indicar a autoria, materialidade e as circunstâncias do fato criminoso. Requisitos do Indiciamento: ● Autoria: Identificação de quem cometeu o crime. ● Materialidade: Evidência de que o crime realmente ocorreu. ● Circunstâncias: Detalhes e contextos em que o crime foi cometido. Art. 2º, § 6º - O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. O indiciamento é a imputação formal a alguém, no âmbito de um inquérito policial, da autoria de uma infração penal. Este ato é privativo do delegado de polícia, que deve fundamentar sua decisão mediante uma análise técnico-jurídica dos elementos informativos de autoria e materialidade. O indiciamento deve ser baseado em indícios razoáveis de autoria e materialidade, e não pode ser arbitrário. 11 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Características do Indiciamento:● Ato Privativo do Delegado: Somente o delegado de polícia tem a autoridade para realizar o indiciamento. ● Fundamentado: Deve ser embasado em uma análise técnico-jurídica, indicando a convergência dos elementos informativos de autoria e materialidade. ● Fase Investigatória: O indiciamento é próprio da fase investigatória, ocorrendo no decorrer do inquérito policial. Realizá-lo fora do inquérito policial não faz sentido. Desindiciamento: Caso o Judiciário determine a revogação ou desconstituição do ato de indiciamento, ocorre o que a doutrina denomina desindiciamento. Ação penal De acordo com o artigo 24 do CPP, a ação penal pode ser pública ou privada, a depender da natureza do delito e da previsão legal. A regra geral é que a ação penal seja pública, ou seja, proposta pelo Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública (art. 129, I, da Constituição Federal). Já a ação penal privada é promovida pelo ofendido ou seu representante legal, por meio de queixa-crime, nos casos em que a lei expressamente exige. A ação penal pública, por sua vez, pode ser incondicionada ou condicionada à representação da vítima. Quando é incondicionada, o Ministério Público pode propor a ação independentemente da vontade do ofendido. Quando é condicionada, depende da manifestação da vítima ou de seu representante legal (art. 24, §1º). A representação deve ser oferecida no prazo de seis meses, contados do conhecimento da autoria, sob pena de decadência (art. 38). A ação penal privada se divide em exclusiva, subsidiária da pública e personalíssima. A exclusiva ocorre quando somente o ofendido pode propor a ação. A subsidiária da pública (art. 29) ocorre quando o Ministério Público, sendo o titular, se omite injustificadamente no prazo legal; nesse caso, o ofendido pode propor a ação. Já a ação penal privada personalíssima é raríssima e somente pode ser proposta pessoalmente pela vítima, como no caso de crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República. 12 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 O artigo 30 do CPP determina que o ofendido poderá propor a queixa-crime dentro de seis meses a contar do dia em que souber quem é o autor do fato. O artigo 36 permite que o ofendido nomeie um procurador para apresentar a queixa. O não exercício do direito no prazo legal resulta na perda do direito de ação por decadência, instituto de ordem pública. O perdão do ofendido (arts. 105 e 106) pode extinguir a punibilidade nas ações penais privadas, desde que aceito pelo querelado, e deve ocorrer antes da sentença com trânsito em julgado. A renúncia ao direito de queixa também extingue a punibilidade e pode ser expressa ou tácita, atingindo todos os corréus. Em resumo, a ação penal é a via pela qual se busca a aplicação do direito penal ao caso concreto, podendo ser pública (com ou sem necessidade de representação) ou privada (com diversas variações), e seu correto manejo depende da natureza do crime e da iniciativa do titular da ação. O conhecimento de suas espécies, prazos, regras de representação e extinção da punibilidade é essencial para a correta aplicação do direito e para um bom desempenho em concursos. 13 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 14 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Do juiz, do ministério público, do acusado e defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça, dos peritos e intérpretes Tema já tratado no módulo Direito Processual Civil. MAPA MENTAL: DICAS CURSOS 15 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Das citações e intimações A citação no Processo penal é o ato formal pelo qual o acusado é convocado a comparecer em juízo para se defender de uma acusação criminal. A finalidade é garantir o contraditório e a ampla defesa, dando ciência da ação penal ao réu. Os tipos de citação são (Art. 351 a 362 do CPP): Tipo Descrição Observações Pessoal Realizada por oficial de justiça diretamente ao réu. Forma preferencial. Por carta precatória Quando o réu se encontra em comarca diferente. Deve respeitar o rito formal. Por hora certa Quando o réu se oculta para não ser citado. Art. 362 CPP. Depende de diligência anterior. Por edital Quando o réu está em local incerto e não sabido. Última forma, exige esgotamento das anteriores. Têm prazos específicos. 16 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 FICA A DICA! ● A citação válida interrompe a prescrição. ● Citação por edital não gera revelia automática, mas leva à suspensão do processo e do prazo prescricional (Art. 366 CPP). A intimação É o ato pelo qual as partes, testemunhas, peritos ou advogados são cientificados dos atos processuais. A finalidade é dar ciência para que possam praticar atos processuais ou tomar conhecimento das decisões. Formas de Intimação (Art. 370 a 372 do CPP): Forma Descrição Pessoal Por oficial de justiça ou diretamente no cartório. Pelo Diário da Justiça Eletrônico (DJe) Para advogados, defensores e MPs. Considera-se realizada no 1º dia útil após a publicação. Por telefone, e-mail ou meio eletrônico Admite-se para maior celeridade, desde que haja registro formal nos autos. Por edital Quando não for possível localizar o intimado. 17 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Prazos de Intimação (art. 798 CPP) ● Contados em dias corridos, salvo disposição expressa em contrário. ● Para o acusado preso: pessoal e com prioridade. ● Para o acusado solto: pode ser feita por DJe (via advogado constituído ou defensoria). Diferenças essenciais Aspecto Citação Intimação Objetivo Dar ciência da existência do processo ao réu. Dar ciência de atos processuais. Sujeito Somente o réu. Réu, partes, advogados, testemunhas etc. Fase do Processo Início da ação penal. Durante o andamento processual. Efeitos Torna o réu parte no processo. Permite a prática de atos ou ciência de decisões. 18 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Dicas de Prova! ● Citação por edital só após esgotadas as outras formas. ● Réu preso deve ser citado pessoalmente, no presídio. ● Intimação do defensor público é feita pela imprensa oficial. ● Art. 366 CPP é muito cobrado: réu citado por edital e não comparece nem constitui advogado = processo suspenso + prescrição suspensa. MAPA MENTAL: DICAS CURSOS 19 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da sentença Sentença penal é o ato decisório do juiz que põe fim à fase de conhecimento do processo penal em primeiro grau, decidindo sobre a culpabilidade ou inocência do réu. Os tipos de sentença se dividem em dois grandes grupos: Sentença Absolutória (art. 386 do CPP) O juiz absolve o réu quando: - Não houver prova da existência do fato; - O fato não for crime; - Não houver prova de que o réu praticou o fato; - Estiver provada legítima defesa, estado de necessidade, etc.; - Não existir prova suficiente para a condenação. Efeitos da absolvição: - Encerra a punibilidade; - Pode devolver bens apreendidos, levantar medidas cautelares, etc. Sentença Condenatória Reconhece que o réu é culpado e impõe uma pena criminal. A sentença condenatória deve conter: 1. Relatório – resumo do processo; 2. Fundamentação – motivação da decisão (obrigatória); 3. Dispositivo – parte final que condena ou absolve o réu. Atenção: A pena deve ser individualizada (art. 59 do CP), e o juiz deve aplicar as três fases da dosimetria da pena: 1) Pena-base; 2) Agravantes e atenuantes; 3)Causas de aumento e diminuição.20 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ➤ A sentença Definitiva julga o mérito (condena ou absolve). ➤ A sentença Terminativa não analisa o mérito, como por exemplo quando o juiz reconhece a extinção da punibilidade (prescrição, morte do réu, etc.). Os Requisitos e Validade da Sentença No processo penal, a sentença é o ato final da fase de conhecimento e deve ser proferida de forma clara, fundamentada e dentro dos limites legais. Para que produza efeitos jurídicos válidos, a sentença deve respeitar os requisitos formais e materiais previstos no Código de Processo Penal e na Constituição Federal. A validade da sentença penal está diretamente relacionada à presença de seus elementos essenciais (relatório, fundamentação e dispositivo), à competência e imparcialidade do juiz e ao respeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. A seguir, apresentamos um quadro comparativo que resume os principais requisitos da sentença penal, sua importância para a validade do ato decisório e as consequências jurídicas em caso de descumprimento. Elemento da Sentença O que é? Importância para a Validade Consequência da Ausência ou Irregularidade Relatório Resumo dos principais atos processuais (denúncia, defesa, provas, etc.). Importância formal. Garante clareza e contextualização da decisão. Pode ser considerado vício formal. Em regra, não gera nulidade absoluta, mas pode levar à anulação se prejudicar a 21 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 compreensão da sentença. Fundamentação (Motivação) Justificação lógica e jurídica da decisão com base nas provas e na lei. Essencial para a validade. Exigência constitucional (art. 93, IX, CF). Garante imparcialidade e controle das decisões. Nulidade absoluta. Sentença sem fundamentação, ou com justificativa genérica ou contraditória, é inválida. Dispositivo Parte final da sentença. Contém a decisão: condena, absolve ou extingue punibilidade. Elemento decisivo. Define os efeitos concretos da sentença. Deve ser coerente com a fundamentação. Pode gerar nulidade relativa ou absoluta, a depender da gravidade (ex: contradição com a fundamentação, ausência de pena). Competência e Imparcialidade do Juiz Sentença deve ser proferida por juiz competente e imparcial. Condiciona a validade do ato jurisdicional. Nulidade absoluta, mesmo sem demonstração de prejuízo. Observância dos Princípios Constitucionais Deve respeitar o contraditório, ampla defesa, legalidade, etc. Base para a legitimidade da sentença. Nulidade absoluta, por violação ao 22 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 devido processo legal. Sentença nula acontece quando não houver motivação ou quando contrariar provas dos autos sem justificativa. Os Recursos cabíveis são: - Apelação (art. 593 do CPP): contra sentença condenatória ou absolutória, por parte do réu ou do MP. - Outras hipóteses podem admitir Embargos de Declaração ou Revisão Criminal (já em trânsito em julgado). FICA A DICA: ● Atenção ao art. 386 do CPP (hipóteses de absolvição). ● Entender a estrutura da sentença penal. ● Saber diferenciar sentença definitiva e sentença terminativa. ● Dominar a dosimetria da pena, garante que a pena seja justa, proporcional ao crime e individualizada para o réu. ● Ficar atento às decisões que podem causar nulidade da sentença. 23 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Do processo comum De acordo com a Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro e com base nas principais bancas de concursos, o processo comum é a regra geral no processo penal brasileiro, sendo aplicado sempre que a lei não estabelecer um rito especial, como ocorre nos casos de crimes dolosos contra a vida (Tribunal do Júri), infrações previstas na Lei de Drogas ou na Lei Maria da Penha. A base legal do processo comum está nos artigos 394 a 405 do Código de Processo Penal (CPP). 24 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 O CPP estabelece que o processo comum será adotado sempre que a infração penal não se submeter a procedimentos especiais, classificando-o em três espécies distintas conforme a pena máxima privativa de liberdade cominada ao crime. O rito ordinário aplica-se aos crimes com pena máxima superior a quatro anos; o rito sumário, aos crimes cuja pena máxima seja igual ou inferior a quatro anos; e o rito sumaríssimo é voltado às infrações penais de menor potencial ofensivo, que são aquelas com pena máxima de até dois anos, e são processadas no âmbito dos Juizados Especiais Criminais (JECRIM). Embora o rito sumaríssimo seja tratado no contexto do processo comum, ele é, na prática, um procedimento especial, pois está disciplinado pela Lei 9.099/1995, com princípios próprios, como a simplicidade, informalidade, celeridade e economia processual. Esses três ritos se diferenciam essencialmente em relação à complexidade do trâmite e à gravidade do delito, sendo importante compreender suas peculiaridades, pois são temas frequentemente cobrados em provas de concursos públicos. Fases do Processo Comum Ordinário (Art. 394 a 405 do CPP) A fase de recebimento da denúncia ou queixa marca o início do processo penal comum ordinário. De acordo com o art. 396 do CPP, essa etapa começa quando o juiz recebe a denúncia (oferecida pelo Ministério Público) ou a queixa (nas ações penais privadas). Antes de aceitá-la, o magistrado faz uma análise preliminar de admissibilidade, verificando se há justa causa, indícios mínimos de autoria e materialidade. Uma vez recebida a peça acusatória, inicia-se a fase de defesa. Na fase de resposta à acusação, conforme o art. 396-A do CPP, o réu é citado para se defender e tem o prazo de 10 dias para apresentar sua resposta por escrito. Nela, pode alegar preliminares, apresentar documentos e justificações, indicar testemunhas e requerer diligências. É o momento essencial para a defesa estruturar seus argumentos iniciais e preparar o terreno para a instrução. A audiência de instrução e julgamento, prevista no art. 400 do CPP, tem ordem obrigatória dos atos, iniciando-se com a oitiva das testemunhas da acusação, seguida das da defesa, podendo haver 25 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 esclarecimentos de peritos, acareações e reconhecimentos, encerrando-se com o interrogatório do réu, que é o último ato da instrução. Em seguida, as partes apresentam alegações finais orais (20 minutos para cada, prorrogáveis por mais 10). Caso o processo seja complexo, o juiz pode converter os debates em memoriais escritos. Por fim, na fase da sentença, conforme o art. 403 do CPP, o juiz pode proferir a decisão logo após os debates orais, se houver condições, ou dentro do prazo de 10 dias, caso tenha sido autorizada a apresentação de alegações finais por escrito. É o encerramento da primeira instância, com a definição da condenação ou absolvição do acusado. Esse rito é o padrão do procedimento comum ordinário. FICA A DICA ● O interrogatório é o último ato da instrução (art. 400 CPP) – Súmula Vinculante 11 do STF. ● A citação válida torna o réu revel se ele não apresentar resposta (art. 367 CPP). ● O processo comum se aplica subsidiariamente aos procedimentos especiais. 26 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da Instrução criminal. A instrução criminal, segundo a Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, é a fase central do processo penal destinada à produção de provas, permitindo que o juiz forme sua convicção quanto aos fatos descritos nadenúncia ou queixa. No procedimento comum ordinário, que é a regra geral, essa tramitação se divide em três etapas principais. A fase postulatória inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa e seu eventual recebimento pelo juiz, desde que estejam presentes os requisitos de justa causa, indícios de autoria e materialidade. Em seguida, ocorre a fase de saneamento e organização, na qual o acusado apresenta sua resposta no prazo de 10 dias (art. 396-A do CPP), podendo o juiz rejeitar liminarmente a inicial (art. 395), absolver sumariamente (art. 397) ou designar audiência. A fase de instrução propriamente dita é quando se realiza a audiência de instrução e julgamento, 27 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 preferencialmente em um único momento (princípio da concentração). A ordem dos atos segue o art. 400 do CPP: oitiva da vítima (se houver), testemunhas da acusação, testemunhas da defesa, esclarecimento dos peritos, acareações e reconhecimentos (se necessários), e, por fim, o interrogatório do réu, que deve ser o último ato da instrução, conforme decisão consolidada pelo STF, inclusive no julgamento da AP 470 (“Mensalão”). Encerrada a instrução, o juiz abre prazo para as alegações finais, que podem ser orais (20 minutos para cada parte, prorrogáveis por mais 10) ou escritas (5 dias para o Ministério Público e assistente, seguidos de 5 dias para a defesa, conforme art. 403, §1º). Após essa fase, o juiz tem 10 dias para proferir a sentença, nos termos do art. 403, §3º do CPP. Diversos princípios norteiam a instrução criminal, como o contraditório, a ampla defesa, a oralidade, a imediatidade, a celeridade e o princípio da indeclinabilidade da jurisdição, que impede o juiz de se omitir no julgamento. Ainda que os procedimentos especiais (como o do júri, a Lei de Drogas e os ritos sumário e sumaríssimo) tenham particularidades, a lógica da instrução se mantém com a finalidade de garantir a produção probatória antes da sentença. Por fim, vale destacar a Súmula 523 do STF, segundo a qual a falta de defesa técnica no processo penal configura nulidade absoluta, mas a mera deficiência da defesa só invalida o processo se comprovado o prejuízo ao réu. 28 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Do procedimento relativo aos processos da competência do tribunal do júri. O Tribunal do Júri, previsto nos artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal, é o procedimento especial aplicado aos crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados, como homicídio, infanticídio, induzimento ao suicídio e aborto, além dos crimes conexos. Trata-se de um procedimento bifásico, sendo a primeira fase o juízo de admissibilidade da acusação (Judicium Accusationis), com o objetivo de verificar se o acusado será levado a julgamento popular. Essa etapa se inicia com o recebimento da denúncia ou queixa, seguida da citação do réu, que terá 10 dias para apresentar a resposta à acusação. Após isso, ocorre a audiência de instrução e julgamento, com inquirição de testemunhas, interrogatório do acusado e debates orais de até 20 minutos para cada parte. Encerrada a instrução, o juiz decide se o caso será levado a júri, com quatro possíveis desfechos: pronúncia, quando há 29 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 indícios suficientes e o réu será julgado pelo júri; impronúncia, se faltar prova suficiente, encerrando o processo; absolvição sumária, nos casos de excludente de ilicitude ou ausência de culpabilidade; e desclassificação, quando o crime não é da competência do Júri. Todas essas decisões são passíveis de recurso em sentido estrito, conforme o art. 581 do CPP. A segunda fase é o julgamento pelo Tribunal do Júri (Judicium Causae), no qual se julga o mérito da acusação. Nessa etapa, há a preparação do plenário e sorteio de 25 jurados, dos quais 7 comporão o Conselho de Sentença. Pode haver nova instrução em plenário, seguida de debates orais mais extensos – até 1h30 para acusação e defesa, com réplica e tréplica. Em seguida, ocorre a quesitação, em que os jurados respondem a perguntas sobre a materialidade do fato, autoria, culpabilidade e eventuais qualificadoras. A votação é secreta, e o juiz presidente apenas formaliza a sentença conforme a decisão dos jurados, não podendo julgar o mérito. O Tribunal do Júri possui características marcantes: é composto por 1 juiz togado e 25 jurados (sendo 7 efetivamente sorteados para o julgamento), os jurados não precisam ter formação jurídica e são regidos por princípios constitucionais específicos: plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos e competência para julgar crimes dolosos contra a vida. Quanto aos recursos, cabe recurso em sentido estrito na primeira fase, apelação após o julgamento, habeas corpus em caso de ilegalidades e também pode ser declarada a nulidade do julgamento diante de vícios relevantes. 30 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da acusação e da instrução preliminar. O início do processo penal, conforme disciplinado pelos artigos 394 a 405 do Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689/1941), dá-se com o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime, que são as peças acusatórias formais. A denúncia é apresentada pelo Ministério Público nos casos de ação penal pública, enquanto a queixa-crime é proposta pelo ofendido ou seu representante legal, nos casos de ação penal privada. Ambas devem obedecer aos requisitos estabelecidos no artigo 41 do CPP, como a 31 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou elementos que permitam sua identificação, a classificação do crime e o rol de testemunhas, se houver. O juiz poderá rejeitar a denúncia ou queixa com base no artigo 395 do CPP, quando for inepta, faltar pressuposto processual ou condição da ação, ou ainda se não houver justa causa (isto é, se ausentes os indícios mínimos de autoria ou materialidade). Essa decisão de rejeição deve ser fundamentada, sendo cabível recurso em sentido estrito, conforme previsto no artigo 581, I do mesmo código. Se a denúncia ou queixa estiver regular, o juiz a recebe formalmente, o que marca o início da relação jurídica processual. Em seguida, determina-se a citação do acusado, para que apresente resposta à acusação no prazo de 10 dias, nos termos do artigo 396 do CPP. Nessa resposta, segundo o artigo 396-A, o acusado poderá alegar preliminares, apresentar documentos e justificações, indicar provas e arrolar até oito testemunhas. Após a análise da resposta, o juiz poderá, com base no artigo 397, absolver sumariamente o acusado nos casos em que: o fato for atípico, houver causa de extinção da punibilidade, não houver prova da existência do fato ou não houver indícios de autoria. Caso a absolvição não seja cabível, será então designada a audiência de instrução e julgamento, conforme estabelece o artigo 399 do CPP. Durante essa audiência, prevista no artigo 400, são produzidas as provas: ouvem-se testemunhas da acusação e defesa, podem ocorrer esclarecimentos de peritos, acareações e reconhecimentos, e por fim realiza-se o interrogatório do réu, que é o último ato dessa fase. Todo esse procedimento inicial é essencial, pois estrutura a base probatória e o contraditório, garantindo o devido processo legal desde a formação da acusação até o julgamento de mérito. 32 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Resumo Esquemático Etapa Descrição Início Denúncia ou queixa (CPP) Rejeição liminar Art. 395 – inépcia, falta de pressupostos ou justa causa Recebimento da acusação Formação do processo penal Citação do réu Prazo de10 dias para responder Resposta à acusação Defesa prévia com argumentos, provas e testemunhas Absolvição sumária Art. 397 – quando o caso for inepto ou sem autoria/fato Instrução Preliminar Audiência com produção de provas e interrogatório 33 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 📌 Por que os requisitos da denúncia/queixa estão no art. 41 do CPP, se “Da Acusação e da Instrução Preliminar” começa no art. 394? Isso acontece porque o Código de Processo Penal (CPP) é organizado por títulos e capítulos temáticos, mas os artigos relacionados a um mesmo tema podem estar espalhados em diferentes partes da lei. Da pronúncia, da impronúncia e da absolvição sumária. Essas decisões são próprias da fase intermediária do procedimento do júri (arts. 413 a 415 do CPP), ou seja, após a instrução e antes da decisão de levar ou não o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. Pronúncia (art. 413, CPP): É a decisão pela qual o juiz admite a acusação e determina que o réu seja levado a julgamento pelo Tribunal do Júri. Ocorre quando há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria ou participação no crime doloso contra a vida. ⚠ É um juízo de admissibilidade: decisão preliminar do juiz que avalia se há indícios suficientes para enviar o réu ao júri, sem exigir certeza, apenas fundada suspeita. Impronúncia (art. 414, CPP): O juiz decide não enviar o réu a julgamento pelo Júri, por entender que faltam provas da materialidade ou indícios suficientes de autoria. ⚠ A impronúncia não faz coisa julgada material, ou seja, o caso pode ser reaberto se surgirem novas provas. O réu pode ser novamente denunciado pelo mesmo fato. ➡ Explicação: “Não fazer coisa julgada material” significa que a decisão não é definitiva sobre o mérito. A impronúncia não impede novo processo pelo mesmo crime, caso apareçam elementos novos. 34 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Absolvição Sumária (art. 415, CPP): É a decisão de mérito pela qual o juiz julga improcedente a acusação antes do júri, com base em causa evidente. Ocorre quando: I – estiver provada a inexistência do fato; II – estiver provado que o réu não foi o autor ou partícipe; III – o fato não constituir infração penal; IV – houver causa excludente de ilicitude ou de isenção de pena (exceto inimputabilidade). ⚠ Faz coisa julgada material: a decisão é definitiva, e não pode haver novo processo pelo mesmo fato. Elemento Pronúncia Impronúncia Absolvição Sumária Artigo do CPP Art. 413 Art. 414 Art. 415 Tipo de decisão Admissão da acusação – juiz entende que o caso deve ir a julgamento Rejeição da acusação – juiz entende que não há elementos suficientes para levar ao júri Decisão de mérito – juiz reconhece que o réu deve ser absolvido antes do júri Requisitos Prova da materialidade + indícios suficientes de autoria Falta de prova da materialidade ou de indícios suficientes de autoria Prova evidente da inocência ou presença de causa de exclusão da responsabilidade penal 35 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Consequência Réu será julgado pelo Tribunal do Júri Réu não será julgado pelo Júri Réu é absolvido sem necessidade de julgamento pelo Júri Possibilidade de nova ação Sim, se houver despronúncia posterior Sim, não faz coisa julgada material: pode haver nova denúncia com novas provas Não, faz coisa julgada material: impede nova ação penal pelo mesmo fato Grau de certeza exigido Probabilidade – fundada suspeita Incerteza ou dúvida – insuficiência de elementos mínimos Certeza – convicção plena da inocência ou causa excludente Exemplos práticos Homicídio com laudo pericial e testemunhas Inquérito fraco, sem autoria definida ou provas inconclusas Prova clara de legítima defesa, negativa de autoria provada, ou fato atípico Da preparação do processo para julgamento em plenário. Encerrada a instrução na fase da pronúncia, o processo penal entra na etapa de preparação para o julgamento em plenário pelo Tribunal do Júri. Essa fase só pode se iniciar após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, ou seja, quando a decisão que reconhece indícios suficientes de autoria e materialidade se torna definitiva, sem possibilidade de recurso pela defesa ou após o esgotamento dos recursos cabíveis. A partir desse momento, conforme o art. 422 do Código de Processo Penal (CPP), o juiz concede prazo de 5 dias para que o Ministério Público, o assistente de acusação (se houver) e o querelante (nos casos de ação penal privada) apresentem o rol de até 5 testemunhas que irão depor em plenário, bem como indicação de provas, diligências e providências que pretendem produzir ou requerer. A defesa, igualmente, dispõe de 5 dias para oferecer essas mesmas informações. 36 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Findo esse prazo, o juiz deve se manifestar no prazo de 48 horas, nos termos do art. 423 do CPP, decidindo de forma irrecorrível sobre a admissão das testemunhas, a realização das diligências requeridas e demais providências necessárias. Após essa decisão, os autos seguem para o Presidente do Tribunal do Júri, a quem compete marcar a data do julgamento, realizar o sorteio dos jurados, expedir intimações às partes, testemunhas e jurados, além de organizar a sessão de julgamento em plenário. Caso o juiz determine alguma diligência antes do envio dos autos, conforme o art. 424 do CPP, o prazo para encaminhamento ao presidente do Tribunal do Júri só começará a contar após a realização dessa diligência. Esse conjunto de atos tem o objetivo de garantir a regularidade e a paridade de armas entre acusação e defesa antes do julgamento em plenário. 37 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Do alistamento dos jurados. Baseado nos arts. 425 a 429 do Código de Processo Penal, o alistamento dos jurados é o procedimento pelo qual o Poder Judiciário forma a lista de cidadãos aptos a servir como jurados no Tribunal do Júri. Essa lista é elaborada anualmente pelo Presidente do Tribunal do Júri, que deve selecionar de 800 a 1.500 jurados nas comarcas de mais de 1 milhão de habitantes, ou de 300 a 700 jurados nas demais comarcas. Para isso, ele se baseia em dados fornecidos por autoridades locais (como associações, sindicatos, escolas, e órgãos públicos), que devem indicar pessoas com idoneidade para o exercício da função. A lista geral deve ser publicada até o dia 10 de outubro de cada ano, sendo possível impugnações até 5 dias depois, por qualquer pessoa, inclusive pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública. O juiz decidirá sobre as impugnações e eventuais exclusões ou inclusões. A partir dessa lista, são sorteados os jurados que comporão o Conselho de Sentença nas sessões do Júri, e sua convocação é feita por meio de intimação pessoal ou via edital. Importante: o serviço do júri é obrigatório, e o cidadão que faltar sem justificativa pode ser multado, além de sofrer outras penalidades administrativas. Do desaforamento. O desaforamento (Artigos 427 e 428 do Código de Processo Penal) é o deslocamento do julgamento pelo Tribunal do Júri de uma comarca para outra, dentro do mesmo Estado, com o objetivo de garantir a imparcialidade, a segurança e a ordem pública. 38 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Pode ser determinado nos seguintes casos: 1. Fundado receio de imparcialidade do júri; 2. Interesse da ordem pública; 3. Segurança pessoal do réu; 4. Não realização do julgamento em até 6 meses após a pronúncia, se o réu estiver preso (exceto quando a demora é provocada pela defesa). O pedido pode ser feito pelo Ministério Público,pelo acusado ou seu defensor, ou ainda de ofício pelo Tribunal. A decisão compete à Câmara Criminal do Tribunal de Justiça ou TRF, após ouvir o juiz do processo. O relator pode suspender o julgamento do júri até que o pedido de desaforamento seja analisado. Se houver mais de um réu, o desaforamento pode ser estendido aos demais, para garantir coerência e segurança no julgamento. ⚠ PONTOS DE ATENÇÃO EM CONCURSOS: ● Não é exceção de incompetência, mas medida de garantia ao julgamento justo. ● Só pode ser requerido após o trânsito em julgado da pronúncia. ● Competência para decidir é do Tribunal (TJ ou TRF), nunca do juiz do processo. ● O relator pode suspender o julgamento mesmo antes da decisão final sobre o pedido. ● Se o réu estiver preso e o júri não ocorrer em 6 meses, o desaforamento pode ser concedido (art. 428 CPP). 39 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● Pode ser estendido aos corréus, quando necessário. ● Cabe habeas corpus contra negativa de desaforamento quando houver ilegalidade. Da organização da pauta. A organização da pauta está prevista no art. 422 do Código de Processo Penal (CPP). Trata-se de uma fase que ocorre após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, ou seja, quando não cabe mais recurso contra essa decisão que reconhece a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade do crime doloso contra a vida. Depois do trânsito em julgado da pronúncia, o juiz presidente do Tribunal do Júri deve organizar a pauta de julgamento, escalando os processos para cada sessão do Tribunal do Júri. Nessa organização, o juiz deverá dar preferência aos réus presos, conforme expressa previsão legal. Isso significa que, sempre que possível, o réu preso será julgado antes dos que estão em liberdade. Além disso, é garantido às partes (acusação e defesa) o direito de arrolar até 5 testemunhas para a sessão de julgamento em plenário, independentemente das que já tenham sido ouvidas durante a instrução. Essa fase marca o início da preparação para o julgamento pelo Tribunal do Júri, sendo fundamental para garantir a ordem e eficiência nas sessões de julgamento, além de assegurar prioridade legal ao réu privado de liberdade. 📌 Ponto de atenção para concursos: ● O trânsito em julgado da pronúncia é condição indispensável para a organização da pauta. 40 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● A preferência ao réu preso costuma ser cobrada como exceção ou princípio em provas. ● A limitação de 5 testemunhas em plenário também é bastante cobrada, especialmente com pegadinhas comparando com outras fases do processo. Do sorteio e da convocação dos jurados. O sorteio dos jurados ocorre entre os nomes constantes da lista anual organizada pelo juiz presidente do Tribunal do Júri (art. 425 do CPP). Essa lista é formada com, no mínimo, 800 jurados na capital e 80 nas comarcas do interior. A escolha deve ser pública, com a presença do Ministério Público, da OAB e da Defensoria, se possível. O sorteio visa compor a lista de jurados convocados para uma determinada sessão de julgamento. De acordo com o art. 426 do CPP, o sorteio dos jurados para cada sessão do Tribunal do Júri deve ser feito com, no mínimo, 10 dias de antecedência. São sorteados 25 jurados, que serão convocados por carta de convocação, encaminhada com antecedência mínima de 10 dias da data da sessão, conforme o art. 432. É importante destacar que o jurado que tiver sido convocado e não comparecer sem justificativa pode sofrer multa (art. 436, §1º) e até ser conduzido coercitivamente na próxima convocação. O jurado sorteado é obrigado a comparecer, salvo motivo relevante que deve ser justificado perante o juiz. Também é garantida a publicidade do sorteio e a possibilidade de impugnação pelos envolvidos, inclusive por meio de pedido de justificação de eventual exclusão indevida ou irregularidade na lista. Esse procedimento visa assegurar a imparcialidade, a rotatividade e a legitimidade dos julgamentos no Tribunal do Júri, princípios caros ao processo penal democrático. 41 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da função do jurado. A função do jurado no Tribunal do Júri é exercer a soberania popular, participando diretamente da administração da Justiça. Ele atua como juiz leigo e tem competência para julgar crimes dolosos contra a vida (homicídio, infanticídio, aborto e instigação ao suicídio). O jurado não decide questões técnicas de direito, mas julga os fatos, com base nas provas apresentadas durante a sessão de julgamento. Cada sessão do Tribunal do Júri é composta por sete jurados, escolhidos por sorteio entre os que foram alistados previamente e convocados. Durante o julgamento, os jurados ouvem os debates, podem fazer perguntas por intermédio do presidente do júri e, ao final, votam secretamente sobre os quesitos (perguntas formuladas pelo juiz presidente) que determinam a responsabilidade penal do réu. O jurado deve agir com imparcialidade, isento de paixões e pressões externas. Não pode manifestar sua opinião antes do fim do julgamento, sob pena de exclusão e responsabilização. Após o voto, a decisão do júri é 42 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 soberana, ou seja, não pode ser substituída pelo juiz, que apenas aplica a pena conforme a decisão dos jurados. Ponto de atenção para concursos: ● A função do jurado é obrigatória para quem for sorteado, salvo justa causa (art. 439 do CPP). ● Jurado não pode se comunicar com terceiros sobre o processo (art. 466, §1º). ● A decisão dos jurados não precisa ser motivada (justificada), pois decorre da íntima convicção. ● O sigilo das votações é cláusula essencial (art. 481, §2º do CPP). Da composição do tribunal do júri e da formação do conselho de sentença. O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado (chamado de presidente do júri) e por 25 jurados sorteados dentre os alistados, dos quais 7 serão escolhidos por sorteio para compor o Conselho de Sentença, responsável por julgar os crimes dolosos contra a vida (e conexos). A composição do júri obedece às seguintes etapas: 1. Sorteio dos Jurados: Anualmente, o juiz presidente realiza o sorteio dos 25 jurados que atuarão nas sessões, dentre os nomes constantes na lista anual de jurados (art. 433 do CPP). 2. Intimação dos Sorteados: Os jurados sorteados são intimados com antecedência mínima de 10 dias. 43 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 3. Verificação de Impedimentos e Recusas: Antes da formação do Conselho de Sentença, é aberta a oportunidade para arguições de impedimento, suspeição e recusas imotivadas (cada parte pode recusar até 3 jurados sem justificar). 4. Formação do Conselho de Sentença: Dentre os 25 presentes, sorteiam-se 7 jurados, que prestarão compromisso e decidirão as questões de fato por meio de votação secreta. 5. Função do Conselho: Cabe ao Conselho de Sentença decidir, por maioria simples, sobre a materialidade do fato, autoria ou participação e eventual absolvição do réu. FICA A DICA É comum cair em concursos a diferença entre o número de jurados sorteados (25) e o número de jurados que efetivamente julgam (7). Também é importante lembrar que o juiz presidente apenas decide as questões de direito, não vota sobre a culpa ou inocência. Fundamentação legal: Artigos 433 a 436 do Código de Processo Penal. Da reunião e das sessões do tribunal do júri. Conforme o Código de Processo Penal, nos arts. 433 a 437, a reunião do Tribunal do Júri ocorre nos períodos determinados pela lei de organização judiciária local, sendo ordinária ou extraordinária. A reunião ordinária acontece nos períodos previamente fixados e a extraordináriapode ser convocada quando o número de processos justificar, por despacho fundamentado do juiz. As sessões de julgamento são realizadas dentro da reunião do júri e devem respeitar a ordem dos processos e o prazo legal. O juiz presidente deve garantir que todos os julgamentos da reunião sejam realizados, priorizando os réus presos e os processos mais antigos. 44 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 O juiz presidente do Tribunal do Júri é o juiz togado (de carreira) que dirige os trabalhos. As sessões ocorrem no plenário do júri, com a presença do juiz, do Ministério Público, do defensor do acusado, do acusado (se presente), dos jurados e eventualmente dos assistentes ou auxiliares da justiça. Caso não seja possível realizar o julgamento por motivo relevante (ex: ausência de testemunhas essenciais, adoecimento do réu ou defensor), o juiz poderá adiar a sessão. No entanto, o adiamento só pode ocorrer uma vez, salvo se houver força maior devidamente justificada. A publicidade das sessões é regra, mas pode ser limitada quando o interesse da ordem pública, a preservação da intimidade da vítima ou o decoro exigirem. FICA A DICA ⚠ A sessão do júri é pública, mas pode ter restrições por decisão judicial. ⚠ Há prioridade para réus presos e processos mais antigos na ordem dos julgamentos. ⚠ O adiamento só pode ocorrer uma vez (art. 455, caput), salvo motivo de força maior. ⚠ A reunião do Tribunal do Júri pode ser ordinária ou extraordinária, conforme a necessidade. 45 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Da instrução em plenário. A instrução em plenário está prevista nos arts. 472 a 475 do Código de Processo Penal (CPP) e ocorre durante o julgamento pelo Tribunal do Júri, após a formação do Conselho de Sentença. É a fase em que se realizam os atos de produção de prova oral diante dos jurados, permitindo-lhes formar convicção sobre o caso. Após a abertura da sessão de julgamento e a escolha dos jurados (arts. 447 a 469), inicia-se a instrução plenária, que segue as seguintes etapas: 46 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 1. Leitura da decisão de pronúncia ou do acórdão (se houver recurso). 2. Oitiva de testemunhas: até 5 arroladas por cada parte, podendo o juiz limitar a 3 se houver excessiva repetição ou irrelevância (art. 473, §1º). 3. Interrogatório do réu: realizado após a oitiva das testemunhas. O réu pode permanecer em silêncio, sem que isso gere presunção de culpa. 4. Esclarecimentos dos peritos, se houver prova pericial relevante. 5. Acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas, caso necessário. É vedado aos jurados fazer perguntas diretamente. Caso tenham dúvidas, devem apresentar ao presidente do júri, que decide sobre sua pertinência e formula a pergunta (art. 473, §2º). Após a instrução, o processo segue para a fase de debates orais, mas esta não faz parte da "instrução em plenário" propriamente dita. Pontos de atenção para concursos: ● A instrução plenária é oral e concentrada. ● As provas produzidas diante dos jurados têm maior valor. ● O juiz pode intervir apenas para manter a ordem e garantir a legalidade. 47 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ● A participação dos jurados se restringe à escuta e eventual formulação indireta de perguntas. Fundamento legal: arts. 472 a 475 do CPP. 📘 Tabela de Revisão – Instrução em Plenário (CPP, arts. 472 a 475) Ordem Fase Descrição 1⃣ Leitura da Pronúncia Juiz lê a decisão de pronúncia ou o acórdão, se houver recurso. 2⃣ Oitiva de Testemunhas Até 5 por parte. Juiz pode limitar a 3 se houver repetição ou irrelevância (art. 473, §1º). 3⃣ Esclarecimento de Peritos Peritos podem ser ouvidos, caso haja prova técnica relevante. 4⃣ Acareações e Reconhecimentos Podem ser realizados se o juiz entender necessários. 5⃣ Interrogatório do Réu Ato final da instrução. O réu pode optar pelo silêncio, sem presunção de culpa. ⚠ Participação dos Jurados Jurados não perguntam diretamente; dúvidas são encaminhadas ao juiz (art. 473, §2º). 🎯 Valor Probatório Provas orais colhidas diante dos jurados têm maior peso para a formação do convencimento. Dos debates. Os debates ocorrem após a instrução do julgamento em plenário do Tribunal do Júri, conforme os arts. 472 a 478 do CPP. Trata-se da fase em que a acusação (Ministério Público ou querelante) e a defesa (defensor do réu) apresentam oralmente seus argumentos diante dos jurados, buscando convencê-los sobre a culpa ou a inocência do acusado. 48 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 A ordem dos debates é: 1. Primeiro fala a acusação; 2. Em seguida, a defesa; 3. Caso haja mais de um réu, a acusação falará por todos de uma vez, e a defesa de cada réu falará separadamente (CPP, art. 473). Cada parte tem 1h30min para sustentar oralmente seus argumentos. Em caso de mais de um réu, esse tempo pode ser prorrogado por mais 1 hora (art. 477, caput). Após os debates principais, há possibilidade de: ● Réplica (acusação) – até 1 hora; ● Tréplica (defesa) – até 1 hora. O júri é soberano, portanto os debates são essenciais para influenciar a decisão dos jurados, que julgam com base na íntima convicção (livre convencimento). 🔎 Ponto de atenção em concursos: ● A defesa sempre fala por último, inclusive nas sustentações adicionais (tréplica). ● Os debates devem se limitar aos temas da pronúncia (art. 478). ● É vedado fazer referências que possam influenciar ilicitamente os jurados, como: ○ Menção ao silêncio do acusado; 49 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 ○ Uso de algemas visíveis sem justificativa; ○ Citações de decisões passadas (exceto a pronúncia). ⚠ O juiz deve intervir nos debates apenas para garantir a ordem e a legalidade, sem influenciar o convencimento dos jurados. Do questionário e sua votação. De acordo com os arts. 482 a 484 do CPP, o questionário é um conjunto de perguntas formuladas pelo juiz presidente e entregues aos jurados após os debates, com o objetivo de orientar a decisão sobre a culpa do acusado. É elaborado com base na pronúncia, nas teses sustentadas pela acusação e defesa e nos debates em plenário. Cada fato imputado ao réu gera uma série de perguntas objetivas, em regra, começando pela questão sobre a materialidade do fato e, em seguida, a autoria ou participação. 50 Rafaela Ferreira Da Silva - ferreirarafaela672@gmail.com - CPF: 122.295.574-16 Exemplo de sequência: 1. O crime existiu? 2. O réu praticou o crime? 3. Havia alguma causa de exclusão de ilicitude ou culpabilidade? (como legítima defesa, etc.) A votação é secreta, realizada na sala especial com cédulas de “sim” ou “não”, sendo os jurados convocados um a um para depositar seu voto na urna. A decisão se dá por maioria simples (mínimo 4 votos). Após a votação, o juiz presidente lê o resultado em plenário e formula a sentença conforme as respostas dos jurados, sem modificar suas decisões. Da sentença. Sentença é o pronunciamento do juiz que encerra a fase cognitiva do processo comum ou extingue a execução (art. 203, §1º, CPC). Ela resolve o mérito ou extingue o processo sem resolvê-lo. ✅ Espécies de Sentença 1. Sentença com resolução de mérito (art. 487): O juiz analisa o mérito e decide a lide. Ex: procedência ou improcedência do pedido. 2. Sentença sem resolução de mérito (art. 485): Ocorre quando existe algum vício processual que impede o julgamento do mérito, ou seja, o juiz não analisa o conteúdo da demanda. Nesses casos, o processo é extinto sem resolução de mérito, também chamada de sentença de extinção. Exemplos: falta de legitimidade