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<p>DIREITO</p><p>PROCESSUAL PENAL</p><p>PARTE III</p><p>Sumário</p><p>1. Comunicação dos atos processuais 5</p><p>a. Citação 5</p><p>i. Introdução 5</p><p>ii. Definição de citação 5</p><p>iii. Espécies de citação 7</p><p>b. Intimação e Notificação 19</p><p>i. Definição 19</p><p>ii. Formas das intimações 20</p><p>iii. Jurisprudência 22</p><p>2. Procedimentos Processuais Penais 23</p><p>a. Introdução 23</p><p>i. Espécies de procedimento 24</p><p>b. Procedimento comum 25</p><p>i. Introdução 25</p><p>ii. Procedimento comum ordinário 26</p><p>iii. Procedimento comum sumário 42</p><p>iv. Procedimento comum sumaríssimo 44</p><p>v. Procedimento do júri 45</p><p>vi. Procedimento especial de crimes cometidos por funcionários</p><p>públicos 45</p><p>vii. Procedimento especial de crimes contra a honra 46</p><p>viii. Procedimento especial de crimes contra a propriedade imaterial</p><p>48</p><p>c. Procedimento especial do Tribunal do Júri 51</p><p>i. Introdução 51</p><p>ii. Júri como direito fundamental 51</p><p>iii. Procedimento do Tribunal do Júri: introdução 62</p><p>iv. Procedimento do Tribunal do Júri: primeira fase 62</p><p>v. Procedimento do Tribunal do Júri: 2ª fase 81</p><p>3. Sentença penal e nulidades 116</p><p>a. Provimentos jurisdicionais 116</p><p>i. Introdução 116</p><p>ii. Classificação dos provimentos jurisdicionais 116</p><p>iii. Classificações diversas 118</p><p>b. Sentença 121</p><p>i. Definição 121</p><p>ii. Estrutura da sentença 122</p><p>iii. Modelos da sentença criminal 127</p><p>iv. Emendatio libelli 145</p><p>v. Mutatio libelli 150</p><p>c. Nulidades 155</p><p>i. Introdução 155</p><p>ii. Espécies de atos quanto à regularidade 156</p><p>iii. Princípios relevantes 160</p><p>iv. Jurisprudência 161</p><p>4. Recursos 163</p><p>a. Teoria Geral dos Recursos 163</p><p>i. Introdução 163</p><p>ii. Características dos recursos 164</p><p>iii. Juízos acerca dos recursos 166</p><p>v. Efeitos recursais 177</p><p>b. Recursos em espécie 184</p><p>i. Introdução 184</p><p>ii. Recurso em sentido estrito 184</p><p>iii. Apelação 195</p><p>iv. Embargos de Declaração 207</p><p>vi. Carta testemunhável 210</p><p>vii. Embargos infringentes e (ou) de nulidade 210</p><p>viii. Agravo em execução 211</p><p>ix. Recurso Extraordinário e Recurso Especial 213</p><p>5. Ações autônomas de impugnação 214</p><p>a. Introdução 214</p><p>i. Definição 214</p><p>b. Espécies de ações autônomas de impugnação 214</p><p>i. Habeas Corpus 214</p><p>ii. Revisão criminal 225</p><p>6. Leis processuais penais especiais 230</p><p>a. Introdução 230</p><p>b. Lei do juizado especial criminal - Lei 9099/1995 230</p><p>i. Introdução 230</p><p>ii. Infrações penais de menor potencial ofensivo 230</p><p>iii. Princípios da Lei 9099/95 234</p><p>iv. Competência territorial do JECRIM 237</p><p>v. Citação no JECRIM 238</p><p>vi. Fases do JECRIM 239</p><p>vii. Suspensão condicional do processo no JECRIM 250</p><p>c. Lei de drogas (Lei n° 11343/2006) 253</p><p>i. Introdução 253</p><p>ii. Crime do uso de drogas 253</p><p>iii. Art. 33, § 3º da Lei 11343/2006 255</p><p>iv. Demais delitos 255</p><p>d. Lei de crimes organizados (Lei 12850/2013) 261</p><p>i. Introdução 261</p><p>ii. Organização criminosa 261</p><p>1. Comunicação dos atos processuais</p><p>a. Citação</p><p>i. Introdução</p><p>● Ao longo do procedimento processual penal, é</p><p>necessário que as partes interessadas sejam</p><p>notificadas para ciência do que vai acontecer, a fim</p><p>de exercerem o contraditório;</p><p>○ O princípio do contraditório se subdivide em</p><p>ciência e possibilidade de influir na decisão</p><p>judicial.</p><p>● Comunicação dos atos processuais é a área do</p><p>direito processual penal que estuda a forma com</p><p>que o legislador concebe a necessidade de dar</p><p>ciência e possibilitar a reação das partes envolvidas</p><p>acerca do conteúdo do processo, dos atos</p><p>realizados e que serão realizados.</p><p>● Há divergência sobre nomenclatura utilizada em</p><p>cada ato, mas prevalece a divisão em 3 (três)</p><p>espécies de atos de comunicação;</p><p>○ Citação;</p><p>○ Intimação;</p><p>○ Notificação;</p><p>ii. Definição de citação</p><p>● É o ato processual em que se busca integralizar a</p><p>relação jurídica processual, convidando o réu ao</p><p>processo.</p><p>○ Por meio da citação, a relação antes angular,</p><p>do autor e juiz, passa a ser triangular, devido</p><p>ao convite dirigido ao réu.</p><p>5</p><p>■ Aplicação dos efeitos do processo ao</p><p>réu.</p><p>● Em outras palavras, a citação é o ato por meio do</p><p>qual o Poder Judiciário:</p><p>○ Comunica ao indivíduo que foi recebida uma</p><p>denúncia ou queixa-crime ajuizada contra</p><p>ele; e</p><p>○ Convoca o acusado para ingressar no</p><p>processo e se defender.</p><p>● A citação obriga o réu a comparecer ao processo?</p><p>○ Não, tanto no processo civil, quanto no</p><p>processo penal;</p><p>■ A citação é essencialmente um convite.</p><p>○ Depois da concepção de James Goldsmith,</p><p>que trata do processo como situação jurídica,</p><p>o processo incorpora situações jurídicas</p><p>positivas, negativas, ativas e passivas;</p><p>■ Deve-se aproveitar as situações</p><p>positivas, e se afastar das negativas,</p><p>para se ter êxito processual.</p><p>➢ Necessidade de aproveitar as</p><p>etapas processuais como um</p><p>jogo, para o êxito processual.</p><p>○ Citação é a situação jurídica passiva que</p><p>permite ao réu ir ao processo e tomar</p><p>conhecimento do processo para se defender.</p><p>■ Pode ser imposta uma pena, no</p><p>processo penal.</p><p>● Citação tem natureza de convite, de convidar o réu</p><p>ao processo, integralizando a relação jurídica</p><p>6</p><p>processual, dando ciência do processo ao réu e</p><p>viabilizando a defesa.</p><p>○ Não é compulsória a participação</p><p>■ Se não for, desde que a citação seja</p><p>válida, o processo pode seguir</p><p>normalmente.</p><p>● E se não houver a citação válida do réu?</p><p>○ O processo será nulo desde o seu início, nos</p><p>termos do art. 564, III, “e”, do CPP, havendo,</p><p>neste caso, violação ao art. 5º, LV, da CF/88 e</p><p>ao artigo 8º, 2, “b”, da Convenção Americana</p><p>de Direitos Humanos.</p><p>■ A falta ou a nulidade da citação poderá</p><p>ser sanada se o interessado</p><p>comparecer aos autos antes de o ato se</p><p>consumar (art. 570 do CPP).</p><p>iii. Espécies de citação</p><p>● Citação real (pessoal)</p><p>○ Nela, há modalidades citatórias em que o réu</p><p>efetivamente toma conhecimento do</p><p>processo.</p><p>■ De fato, o réu é devidamente</p><p>cientificado do conteúdo do processo,</p><p>viabilizando sua ciência e participação.</p><p>■ O próprio réu é quem recebe a</p><p>comunicação.</p><p>○ A primeira modalidade de citação real,</p><p>prevista na legislação e que é a regra no</p><p>processo penal brasileiro, é a citação por</p><p>mandado ou oficial de justiça.</p><p>7</p><p>■ Art. 351, CPP1</p><p>➢ Procedimento no art. 357,</p><p>seguintes, CPP</p><p>➢ Em primeiro lugar, o juiz expede</p><p>mandado de citação, o oficial de</p><p>justiça vai até o endereço do réu,</p><p>que deve ser necessariamente na</p><p>circunscrição do juízo. No</p><p>endereço, o oficial deve fazer a</p><p>leitura do mandado, que deve</p><p>dar ciência exata da acusação</p><p>feita, com a capitulação, depois</p><p>colhendo a assinatura do réu e</p><p>entregando a cópia do mandado</p><p>ao réu</p><p>→ Caso contrário, deverá ser</p><p>feito pedido de cooperação</p><p>judiciária, por carta</p><p>precatória.</p><p>→ Há esse procedimento a</p><p>ser observado. Eventual</p><p>descumprimento pode</p><p>gerar mera irregularidade</p><p>ou nulidade, a depender da</p><p>gravidade do vício.</p><p>■ Hipóteses especiais de citação por</p><p>mandado</p><p>➢ Citação por carta precatória</p><p>1Art. 351 do CPP: A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à</p><p>jurisdição do juiz que a houver ordenado.</p><p>8</p><p>→ Quando o réu (seu</p><p>endereço) não está na</p><p>circunscrição do juízo;</p><p>→ Não se pode simplesmente</p><p>invadir a jurisdição de</p><p>outro juízo;</p><p>→ Deve ser feito pedido de</p><p>cooperação, via carta</p><p>precatória;</p><p>↠ Juiz que envia a</p><p>carta: juiz</p><p>deprecante.</p><p>↠ Juiz que recebe a</p><p>carta: juiz deprecado.</p><p>→ Recebendo a carta, juiz</p><p>deprecado cita o réu,</p><p>retornando positivo,</p><p>devolve ao juiz deprecante;</p><p>→ E se o réu estiver na</p><p>circunscrição de terceiro</p><p>juízo?</p><p>↠ Juízo envia para o</p><p>terceiro, não devolve</p><p>ao original.</p><p>↠ Característica</p><p>itinerante da carta</p><p>precatória, ela viaja.</p><p>Não é necessária a</p><p>devolução.</p><p>➢ Citação por carta rogatória</p><p>9</p><p>→ Réu está em local certo,</p><p>sabido, mas no estrangeiro.</p><p>→ Deve ser feito pedido de</p><p>cooperação internacional,</p><p>enviado através de órgão</p><p>centralizador, no caso do</p><p>Brasil, pelo Ministério da</p><p>Justiça.</p><p>→ O país de destino também</p><p>tem órgão central, que</p><p>cumprirá com a citação.</p><p>→ Suspensão do prazo</p><p>prescricional (art. 368 do</p><p>CPP)2</p><p>↠ Em razão da</p><p>dificuldade, o</p><p>legislador prevê a</p><p>suspensão do prazo</p><p>prescricional, para</p><p>não prejudicar a</p><p>persecução penal</p><p>daquele caso;</p><p>↠ Suspende-se até o</p><p>efetivo cumprimento</p><p>da diligência, e não</p><p>até o retorno</p><p>e</p><p>alegações finais por escrito</p><p>→ Como regra, na audiência</p><p>de instrução e julgamento,</p><p>há concentração dos atos,</p><p>de preferência una (uma</p><p>única audiência);</p><p>→ Mantém-se a ordem dos</p><p>acontecimentos no</p><p>decorrer da audiência,</p><p>sendo a oitiva do</p><p>investigado o último ato.</p><p>→ No júri, não há previsão da</p><p>possibilidade de</p><p>requerimento de</p><p>diligências e conversão das</p><p>alegações finais em</p><p>memoriais (por escrito). No</p><p>56Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas</p><p>pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.</p><p>66</p><p>entanto, a doutrina e a</p><p>jurisprudência admitem a</p><p>aplicação.</p><p>→ Embora sem previsão, juiz</p><p>pode atender a</p><p>requerimento feito pela</p><p>parte, cindindo a</p><p>audiência, desde que</p><p>imprescindível a realização</p><p>de determinada prova e,</p><p>também, determinar a</p><p>conversão das alegações</p><p>finais por escrito e proferir</p><p>a sentença da 1ª fase do júri</p><p>por escrito.</p><p>➢ ATENÇÃO! Em regra, o não</p><p>oferecimento das alegações</p><p>finais na fase acusatória não é</p><p>causa de nulidade do processo;</p><p>porém esta pode ser reconhecida</p><p>se isso não ocorreu por</p><p>deliberação do acusado57.</p><p>➢ Há mandamento expresso no art.</p><p>412, CPP58, de que o</p><p>procedimento da 1ª fase do júri</p><p>termine em 90 dias;</p><p>58 Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.</p><p>57O entendimento de que, em processos de competência do júri, o não oferecimento de alegações</p><p>finais na fase acusatória não é causa de nulidade do processo não se aplica na hipótese em que isso</p><p>não ocorre por deliberação do acusado.</p><p>STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 710.306-AM, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do</p><p>TRF 1ª Região), julgado em 27/09/2022 (Info 751)</p><p>67</p><p>→ A preocupação do</p><p>legislador é justamente</p><p>pelo reconhecimento de</p><p>que esse procedimento é</p><p>preparatório. Se tramitar</p><p>indefinidamente, o</p><p>processo será longo;</p><p>↠ A segunda fase é</p><p>mais complexa e</p><p>mais demorada que</p><p>a primeira.</p><p>→ Prazo impróprio, sem</p><p>sanção em princípio.</p><p>● Decisões finais que encerram a 1ª fase do júri</p><p>○ Juiz pode chegar a 4 decisões que irão</p><p>concluir a primeira fase;</p><p>○ Impronúncia</p><p>■ Art 414, CPP59;</p><p>■ Quando o juiz não se convence da</p><p>existência de indícios de autoria e</p><p>provas de materialidade de crime</p><p>doloso contra a vida, impronuncia o</p><p>réu.</p><p>➢ Ex.: a única testemunha que</p><p>havia reconhecido o réu no IP</p><p>não foi ouvida em juízo.</p><p>➢ Essa decisão afasta, rejeita a</p><p>acusação.</p><p>59Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de</p><p>autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.</p><p>Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova</p><p>denúncia ou queixa se houver prova nova.</p><p>68</p><p>■ Natureza jurídica é de sentença;</p><p>➢ Não é uma decisão interlocutória</p><p>como a rejeição da denúncia.</p><p>➢ Sentença, pois juiz se pronuncia</p><p>definitivamente sobre o</p><p>procedimento;</p><p>➢ O recurso cabível é a apelação,</p><p>art. 416, CPP60;</p><p>■ Havendo recurso de apelação, o</p><p>tribunal pode reformar a sentença de</p><p>impronúncia.</p><p>➢ A decisão do tribunal, o acórdão,</p><p>já valerá como pronúncia;</p><p>→ Importante para</p><p>interrupção da prescrição -</p><p>art. 117, CP61;</p><p>↠ A partir da decisão</p><p>de pronúncia, a</p><p>prescrição volta a</p><p>correr do zero.</p><p>○ Desclassificação</p><p>■ Nela, o juiz entende que há indícios de</p><p>autoria e provas de materialidade de</p><p>crime distinto daquele que foi indicado</p><p>pela acusação.</p><p>➢ Ex: acusação denuncia por</p><p>entender ser homicídio doloso.</p><p>Juiz entende ser homicídio</p><p>61Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:</p><p>II - pela pronúncia;</p><p>60Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.</p><p>69</p><p>culposo, proferindo decisão de</p><p>desclassificação.</p><p>■ Desclassificação pode ser própria ou</p><p>imprópria;</p><p>➢ Desclassificação própria</p><p>→ Juiz entende por crime</p><p>diferente da sua</p><p>competência do tribunal</p><p>do júri ;</p><p>→ Art. 419, CPP62.</p><p>➢ E se houver infração conexa?</p><p>→ Infração conexa é crime</p><p>atraído para o júri em razão</p><p>da conexão;</p><p>→ Ex: ocultação de cadáver.</p><p>Sujeito mata a vítima e,</p><p>para se ver livre da</p><p>persecução penal, oculta o</p><p>cadáver. Caso Matsunaga;</p><p>→ Se o juiz entender que há a</p><p>desclassificação do crime</p><p>principal, a infração conexa</p><p>segue a sorte do principal,</p><p>indo para outra</p><p>competência.</p><p>➢ Desclassificação imprópria</p><p>→ Juiz entende por</p><p>capitulação diferente, mas</p><p>62Art. 419 do CPP: Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de</p><p>crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento,</p><p>remeterá os autos ao juiz que o seja.</p><p>Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado</p><p>preso.</p><p>70</p><p>a competência permanece</p><p>do tribunal do júri;</p><p>→ Ex: médico acusado de</p><p>aborto com consentimento</p><p>da gestante. Observou-se</p><p>que o parto já havia</p><p>iniciado. Transição do</p><p>aborto para o homicídio é</p><p>início do parto, com</p><p>contrações e expulsão do</p><p>bebê. Juiz, com base nas</p><p>provas, entendeu que</p><p>houve homicídio contra</p><p>bebê. Declassificação</p><p>imprópria, de aborto para</p><p>homicídio, ambos crimes</p><p>de competência do</p><p>tribunal do júri. Logo</p><p>depois da desclassificação,</p><p>o juiz acabará por</p><p>pronunciar o réu por</p><p>homicídio.</p><p>■ Recurso da decisão de</p><p>desclassificação</p><p>➢ Natureza jurídica de decisão</p><p>interlocutória</p><p>→ Não põe fim à fase de</p><p>conhecimento;</p><p>→ Juiz promove a alteração</p><p>de competência;</p><p>➢ O recurso cabível é controvertido;</p><p>71</p><p>→ No CPP, o recurso cabível</p><p>contra decisões</p><p>interlocutórias é o recurso</p><p>em sentido estrito, art. 581,</p><p>CPP;</p><p>→ Não é cabível contra todas</p><p>as decisões interlocutórias,</p><p>pois há rol de decisões nos</p><p>incisos que permitem o</p><p>recurso em sentido estrito</p><p>→ As decisões que não</p><p>estiverem no rol do artigo</p><p>são irrecorríveis naquele</p><p>momento, devendo ser</p><p>impugnadas no recurso de</p><p>apelação.</p><p>→ A decisão de</p><p>desclassificação não está</p><p>prevista no rol do recurso</p><p>em sentido estrito;</p><p>↠ A decisão de</p><p>pronúncia está no</p><p>rol, cabendo recurso</p><p>em sentido estrito;</p><p>↠ Em face à decisão de</p><p>impronúncia, cabe</p><p>apelação.</p><p>→ Maioria da doutrina</p><p>entende, mesmo assim, ser</p><p>cabível o recurso em</p><p>sentido estrito, pois a</p><p>72</p><p>decisão altera a</p><p>competência, e nesse caso</p><p>há previsão do recurso;</p><p>→ Desclassificação imprópria,</p><p>acaba por pronunciar,</p><p>cabendo o recurso em</p><p>sentido estrito.</p><p>○ Absolvição sumária</p><p>■ No procedimento comum, a absolvição</p><p>sumária ocorre antes da instrução, no</p><p>art. 397, CPP, após a resposta à</p><p>acusação;</p><p>■ No júri, é uma das 4 decisões finais da</p><p>1ª fase;</p><p>■ Art. 415, CPP63</p><p>➢ I – provada a inexistência do</p><p>fato;</p><p>→ Hipótese em que fato não</p><p>existiu;</p><p>➢ II – provado não ser ele autor ou</p><p>partícipe do fato</p><p>→ Juiz, de forma categórica,</p><p>entendeu que ficou</p><p>provado que não há autoria</p><p>ou participação;</p><p>➢ III – o fato não constituir infração</p><p>penal</p><p>63Art. 415 do CPP: juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:</p><p>I – provada a inexistência do fato;</p><p>II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;</p><p>III – o fato não constituir infração penal;</p><p>IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.</p><p>Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de</p><p>inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 –</p><p>Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.</p><p>73</p><p>→ Atipicidade;</p><p>➢ IV – demonstrada causa de</p><p>isenção de pena ou de exclusão</p><p>do crime</p><p>➢ Parágrafo único. Não se aplica o</p><p>disposto no inciso IV do caput</p><p>deste artigo ao caso de</p><p>inimputabilidade prevista no</p><p>caput do art. 26 do Código Penal,</p><p>salvo quando esta for a única</p><p>tese defensiva.</p><p>→ Quando há pela defesa a</p><p>sustentação da</p><p>inimputabilidade e outra</p><p>matéria defensiva, o réu</p><p>deve ser pronunciado, e os</p><p>jurados devem se</p><p>manifestar sobre as outras</p><p>teses. É melhor para o réu,</p><p>pois pode ser absolvido</p><p>propriamente, sem a</p><p>imposição de qualquer</p><p>sanção.</p><p>↠ Se a única tese</p><p>defensiva for a</p><p>inimputabilidade, o</p><p>juiz absolve e aplica</p><p>medida de</p><p>segurança.</p><p>➢ Na absolvição</p><p>sumária do art.</p><p>397, há um inciso sobre ilicitude.</p><p>74</p><p>Aqui não há, pois a análise de</p><p>ilicitude é feita pelos jurados;</p><p>→ Matéria abarcada pela</p><p>soberania dos veredictos,</p><p>não cabendo, portanto, ao</p><p>juiz fazer a análise de</p><p>ilicitude.</p><p>→ Ex: acusação de homicídio,</p><p>alegação de legítima</p><p>defesa por parte do réu, na</p><p>resposta à acusação. Juiz</p><p>presidente promove a</p><p>instrução e deve decidir.</p><p>Não absolve</p><p>sumariamente, mas</p><p>pronunciar o réu. Jurados</p><p>devem decidir sobre a</p><p>ilicitude, legítima defesa</p><p>→ Qualquer questão que</p><p>coloque a absolvição</p><p>sumária com base em</p><p>exclusão de ilicitude está</p><p>errado. O juiz presidente</p><p>apenas pode analisar a</p><p>culpabilidade.</p><p>■ Qual a natureza jurídica da decisão</p><p>que absolve sumariamente o réu?</p><p>➢ Sempre tem natureza de</p><p>sentença, no 1º grau.</p><p>➢ Recurso cabível é a .</p><p>75</p><p>■ E se há infração conexa e absolvição</p><p>sumária?</p><p>➢ Essa infração conexa deve ser</p><p>remetida ao juízo competente;</p><p>➢ Juiz togado do júri não se</p><p>manifesta sobre infração conexa,</p><p>na hipótese em que absolve</p><p>sumariamente o réu, devendo</p><p>remeter ao juízo competente.</p><p>○ Pronúncia</p><p>■ O juiz reconhece a existência de</p><p>indícios de autoria e provas de</p><p>materialidade do crime doloso contra a</p><p>vida suscitado pela acusação;</p><p>➢ Juiz pronuncia o réu,</p><p>determinando que aquele caso</p><p>está apto a ser apresentado aos</p><p>jurados;</p><p>➢ Art. 413, CPP64</p><p>➢ § 1º- A Fundamentação do juiz</p><p>presidente é limitada, e deve</p><p>circunscrever aos indícios de</p><p>autoria, provas de materialidade</p><p>e capitulação, qualificadoras e</p><p>causas de aumento de pena;</p><p>➢ Se o juiz utilizar eloquência em</p><p>sua manifestação, pode</p><p>64Art. 413, caput e § 1º, do CPP: O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido</p><p>da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.</p><p>§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência</p><p>de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em</p><p>que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento</p><p>de pena.</p><p>76</p><p>prejudicar a íntima convicção</p><p>dos jurados.</p><p>→ Jurado, ao ser escolhido e</p><p>admitido pelas partes, deve</p><p>prestar compromisso</p><p>perante juiz presidente, e</p><p>recebe a decisão de</p><p>pronúncia.</p><p>→ Se estiver eloquentemente</p><p>fundamentada, pode</p><p>simplesmente ser tolhido</p><p>na sua convicção.</p><p>→ Nesse sentido há julgado</p><p>do STJ, segundo o qual ”a</p><p>sentença de pronúncia</p><p>deve limitar-se a um juízo</p><p>de dúvida a respeito da</p><p>acusação, evitando</p><p>considerações incisivas ou</p><p>valorações sobre as teses</p><p>em confronto nos autos”.</p><p>STJ. 5ª Turma. AgRg</p><p>no HC 673.891-SP,</p><p>Rel. Min. Joel Ilan</p><p>Paciornik, Rel. Acd.</p><p>Ministro João Otávio</p><p>de Noronha, julgado</p><p>em 23/8/2022 (Info</p><p>Especial 10)</p><p>■ É claro na jurisprudência que o juiz só</p><p>pode discordar da capitulação</p><p>77</p><p>derivada, quanto às qualificadoras e</p><p>causas de aumento quando houver</p><p>teratologia.</p><p>➢ Ex: MP denuncia réu por</p><p>homicídio triplamente</p><p>qualificado, vários incisos do art.</p><p>121, CP. Juiz não pode discordar</p><p>simplesmente, pois quem decide</p><p>acerca disso são os jurados;</p><p>➢ Juiz só pode discordar quando</p><p>for absolutamente teratológico,</p><p>que evidentemente não pode</p><p>estar presente.</p><p>■ Infração conexa</p><p>➢ Juiz deve pronunciar;</p><p>→ Automaticamente</p><p>pronuncia a infração</p><p>conexa se pronunciar o</p><p>crime doloso contra a vida.</p><p>→ Jurados decidem sobre a</p><p>infração conexa;</p><p>↠ Serão quesitados</p><p>quanto à infração</p><p>principal e infração</p><p>conexa.</p><p>■ Qual a natureza jurídica da decisão de</p><p>pronúncia?</p><p>➢ Impronúncia e absolvição</p><p>sumária tem natureza de</p><p>sentença, recorrível por apelação;</p><p>78</p><p>➢ Desclassificação tem natureza de</p><p>decisão interlocutória. Há</p><p>divergência sobre o cabimento</p><p>de recurso, mas entende-se que</p><p>cabe recurso em sentido estrito.</p><p>➢ Pronúncia também é decisão</p><p>interlocutória</p><p>→ Recurso cabível é o recurso</p><p>em sentido estrito - art. 581,</p><p>IV, CPP65;</p><p>➢ Tribunal pode discordar do juiz</p><p>quanto à pronúncia;</p><p>→ Se há a reforma da</p><p>pronúncia, há a</p><p>despronúncia, não</p><p>impronúncia;</p><p>● Desaforamento</p><p>○ É incidente de alteração da competência</p><p>territorial do tribunal do júri, nas hipóteses do</p><p>art. 427, CPP;</p><p>■ As partes, MP, defesa, assistentes de</p><p>acusação e juiz podem solicitar ao</p><p>tribunal (de justiça, federal regional)</p><p>para que aquela competência territorial</p><p>seja alterada para a comarca mais</p><p>próxima;</p><p>➢ Comum nos casos de risco à</p><p>segurança física do réu, comoção</p><p>do caso no interior do estado;</p><p>65Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: IV – que pronunciar</p><p>o réu;</p><p>79</p><p>➢ Risco de decisão parcial por parte</p><p>do tribunal do júri.</p><p>○ Art. 427, CPP66;</p><p>■ “Ordem pública”;</p><p>➢ Elemento genérico, tribunal</p><p>deverá analisar no caso;</p><p>■ “Dúvida sobre a imparcialidade do júri”;</p><p>■ “Segurança pessoal do acusado”;</p><p>■ § 1º O pedido de desaforamento será</p><p>distribuído imediatamente e terá</p><p>preferência de julgamento na Câmara</p><p>ou Turma competente.</p><p>➢ Preferência de julgamento, que</p><p>visa celeridade, pela demora da</p><p>segunda fase do júri.</p><p>■ § 2º Sendo relevantes os motivos</p><p>alegados, o relator poderá determinar,</p><p>fundamentadamente, a suspensão do</p><p>julgamento pelo júri.</p><p>➢ Possibilidade de suspensão</p><p>cautelar para que o tribunal</p><p>possa decidir;</p><p>66Art. 427 do CPP: Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a</p><p>imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério</p><p>Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente,</p><p>poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não</p><p>existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.</p><p>§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na</p><p>Câmara ou Turma competente.</p><p>§ 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a</p><p>suspensão do julgamento pelo júri.</p><p>§ 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada.</p><p>§ 4º Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não</p><p>se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante</p><p>ou após a realização de julgamento anulado.</p><p>80</p><p>■ § 3º Será ouvido o juiz presidente,</p><p>quando a medida não tiver sido por ele</p><p>solicitada.</p><p>➢ Juiz presidente deve ser ouvido,</p><p>salvo se ele mesmo requisitar o</p><p>desaforamento.</p><p>■ § 4º Na pendência de recurso contra a</p><p>decisão de pronúncia ou quando</p><p>efetivado o julgamento, não se</p><p>admitirá o pedido de desaforamento,</p><p>salvo, nesta última hipótese, quanto a</p><p>fato ocorrido durante ou após a</p><p>realização de julgamento anulado.</p><p>➢ Desaforamento é sempre pedido</p><p>quando há a preclusão da</p><p>decisão de pronúncia, antes de</p><p>iniciar o julgamento em plenário.</p><p>→ Juiz pronuncia o réu e há</p><p>preclusão pela não</p><p>recorribilidade ou pelo</p><p>improvimento do recurso</p><p>no tribunal;</p><p>→ Desaforamento não pode</p><p>ser após o início do</p><p>julgamento em plenário;</p><p>➢ O § 4º permite que haja</p><p>desaforamento após o</p><p>julgamento em plenário, quando</p><p>a situação que reclama o</p><p>desaforamento, ocorrer no</p><p>julgamento em plenário;</p><p>81</p><p>→ Ex: ao iniciar o julgamento</p><p>em plenário, se observa</p><p>tendência de quebra da</p><p>imparcialidade pelos</p><p>jurados. Decisão</p><p>condenatória advém, parte</p><p>recorre por apelação e</p><p>pede desaforamento ao</p><p>tribunal.</p><p>○ Súmula 712 do STF: É nula a decisão que</p><p>determina o desaforamento de processo da</p><p>competência do Júri sem audiência da</p><p>defesa.</p><p>■ Se o parquet requisitar o</p><p>desaforamento ao tribunal e este não</p><p>ouve o juiz (Art. 427, CPP, § 3º) e a</p><p>defesa, tem-se uma hipótese de</p><p>nulidade;</p><p>➢ Interesse da defesa, que tem</p><p>direito de saber o juízo</p><p>competente, que tem condições</p><p>de julgar;</p><p>■ Sempre que houver desaforamento, a</p><p>defesa precisa necessariamente ser</p><p>ouvida.</p><p>v. Procedimento do Tribunal do Júri: 2ª fase</p><p>● Segunda fase do tribunal do júri é chamada de</p><p>judicium causae, julgamento em plenário ou</p><p>julgamento acerca das provas</p><p>○ Fase mais</p><p>complexa, vários artigos</p><p>● Tribunal do júri é órgão complexo</p><p>82</p><p>○ Envolve juiz presidente, juiz togado, aprovado</p><p>em concurso público</p><p>■ Preside o júri, faz a dosimetria da pena,</p><p>decide sobre nulidades,</p><p>desclassificação e outras questões</p><p>técnicas;</p><p>○ Há os jurados, que compõe o conselho de</p><p>sentença;</p><p>■ 7 (sete) jurados fazem a análise de</p><p>mérito;</p><p>● Na comarca, serão feitas listas periódicas de 25</p><p>jurados;</p><p>○ Desses 25, 7 são escolhidos para cada júri;</p><p>○ A composição do tribunal do júri na comarca</p><p>é de 1 juiz presidente e uma lista de 25</p><p>jurados, escolhidos de pessoas do povo;</p><p>■ Em comarcas grandes, pessoas se</p><p>inscrevem;</p><p>■ Em pequenas, pessoas são escolhidas;</p><p>● A função de jurado é função pública essencial;</p><p>○ Não pode ser recusada, a princípio;</p><p>■ A Constituição, no art. 5º, VIII67, prevê a</p><p>liberdade de manifestação do</p><p>pensamento;</p><p>➢ A pessoa não pode ser privada de</p><p>seus direitos por ter religião,</p><p>convicção política, salvo se alegar</p><p>isso para se eximir de</p><p>responsabilidade imposta a</p><p>67VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou</p><p>política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir</p><p>prestação alternativa, fixada em lei;</p><p>83</p><p>todos. Deverá assim cumprir</p><p>uma prestação alternativa;</p><p>→ Ex: voto, função de jurado.</p><p>→ Se não cumprir obrigação</p><p>alternativa, poderá sofrer</p><p>algum tipo de restrição;</p><p>➢ Recusa a desempenhar função</p><p>de jurado, por motivação política,</p><p>religiosa ou filosófica, enseja</p><p>prestação alternativa;</p><p>→ Caso não seja cumprida,</p><p>pode gerar sanção à</p><p>pessoa, no caso suspensão</p><p>dos direitos políticos;</p><p>→ Art. 438, caput e § 1º, CPP68.</p><p>○ Há casos de recusa motivada pelo jurado,</p><p>como nas hipóteses do art. 448 e 449 CPP69;</p><p>■ Suspeição</p><p>69Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho:</p><p>I –marido e mulher;</p><p>II – ascendente e descendente;</p><p>III – sogro e genro ou nora;</p><p>IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio;</p><p>V – tio e sobrinho;</p><p>VI – padrasto, madrasta ou enteado.</p><p>§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável</p><p>reconhecida como entidade familiar.</p><p>§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades</p><p>dos juízes togados.</p><p>Art. 449. Não poderá servir o jurado que:</p><p>I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa</p><p>determinante do julgamento posterior;</p><p>II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro</p><p>acusado;</p><p>III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado.</p><p>68Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará</p><p>no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não</p><p>prestar o serviço imposto.</p><p>§ 1º Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo,</p><p>assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no</p><p>Ministério Público ou em entidade conveniada para esses fins.</p><p>84</p><p>➢ Regras que tornam o jurado</p><p>suspeito estão no art. 449 CPP;</p><p>■ Impedimento</p><p>➢ Entre os jurados, incisos do art.</p><p>448, e § 1º CPP</p><p>→ Há risco de quebra da</p><p>imparcialidade;</p><p>■ Incompatibilidade dos jurados</p><p>➢ Presentes no art. 448, CPP;</p><p>■ O jurado, como jurado do povo, é juiz</p><p>em sentido amplo.</p><p>➢ As mesmas exigências de</p><p>imparcialidade que são</p><p>colocadas ao juiz togado,</p><p>também são colocadas ao jurado</p><p>→ Art. 448, § 2º, CPP;</p><p>→ Ex: jurado amigo da vítima</p><p>de homicídio participa do</p><p>júri. Há impedimento claro;</p><p>○ É uma função viabilizada aos maiores de 18</p><p>anos, absolutamente capazes;</p><p>○ Seu desempenho estabelece presunção de</p><p>idoneidade moral;</p><p>■ Útil para investigações definitivas</p><p>sociais em concursos públicos;</p><p>■ Elemento objetivo de idoneidade</p><p>moral;</p><p>● Procedimento de escolha do conselho de</p><p>sentença</p><p>85</p><p>○ Na região, há juiz presidente e lista dos 25</p><p>jurados, dentre os inscritos ou escolhidos</p><p>para atuar;</p><p>○ Antes do sorteio do conselho de sentença,</p><p>comparecendo número mínimo de 15</p><p>(quinze) jurados, o juiz explica e esclarece</p><p>sobre as funções do jurado;</p><p>■ Ex: explica as regras de suspeição,</p><p>impedimento e incompatibilidade.</p><p>○ Sem qualquer apontamento dos jurados,</p><p>abre-se às partes a palavra para que possam</p><p>apontar suspeição e impedimento;</p><p>○ Depois, há o sorteio.</p><p>● Preparação para o julgamento</p><p>○ Juiz decide pela pronúncia;</p><p>○ Ao receber os autos, o juiz determinará</p><p>intimação do MP ou querelante e defensor,</p><p>para que possam apresentar rol de</p><p>testemunhas e outras provas que as partes</p><p>queiram produzir;</p><p>■ Na segunda fase, o número máximo é</p><p>de 5 testemunhas indicadas por cada</p><p>uma das partes;</p><p>➢ Não se computam as</p><p>testemunhas não</p><p>compromissadas e as indicadas</p><p>pelo juízo;</p><p>➢ Estas devem ser apresentadas no</p><p>prazo de 5 dias;</p><p>○ Juiz deliberará sobre requerimentos e</p><p>alegações de nulidade;</p><p>86</p><p>■ Ordena as diligências necessárias;</p><p>■ Depois, pauta o processo, para o</p><p>julgamento;</p><p>○ Como se organiza a pauta?</p><p>■ Art. 429, CPP70;</p><p>➢ I – os acusados presos;</p><p>→ Júri de réu solto vai para o</p><p>final da fila.</p><p>➢ II – dentre os acusados presos,</p><p>aqueles que estiverem há mais</p><p>tempo na prisão;</p><p>➢ III – em igualdade de condições,</p><p>os precedentemente</p><p>pronunciados.</p><p>→ Pronunciados antes.</p><p>● Reuniões do júri</p><p>○ O processo penal de maneira geral, orientado</p><p>pelo sistema acusatório, prioriza a realização</p><p>de atos em audiência;</p><p>■ Permite que juiz tenha contato direto</p><p>com partes e provas mais</p><p>efetivamente;</p><p>○ No júri, todas as reuniões são em audiências;</p><p>■ Há regramento de como as reuniões se</p><p>dão;</p><p>70Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão</p><p>preferência:</p><p>I – os acusados presos;</p><p>II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão;</p><p>III – em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.</p><p>§ 1º Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será afixada na porta</p><p>do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no</p><p>caput deste artigo.</p><p>§ 2º O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de processo que</p><p>tiver o julgamento adiado.</p><p>87</p><p>○ Em caso de ausência, é necessário ao juiz</p><p>cindir a audiência;</p><p>■ Gera custo e complexidade, além da</p><p>perda de tempo;</p><p>○ Se ausência for motivada (ausência de</p><p>qualquer parte, advogado, MP, testemunha,</p><p>defensor público)</p><p>■ Se a justificativa for aceita pelo juiz,</p><p>este redesignará a audiência.</p><p>○ Se a ausência for imotivada</p><p>■ Em se tratando do Ministério Público</p><p>(art. 455, CPP)71;</p><p>➢ Juiz adiará a audiência e</p><p>comunicará o Procurador Geral</p><p>de Justiça;</p><p>➢ Não é possível ter a audiência</p><p>sem o parquet.</p><p>■ Advogado do acusado (não o defensor</p><p>público) - art. 456, CPP72</p><p>➢ Se não houver outro advogado</p><p>constituído nos autos, juiz adiará</p><p>a audiência uma única vez;</p><p>→ Comunica o presidente da</p><p>seccional da OAB;</p><p>72Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do acusado, e se outro não for por este</p><p>constituído, o fato será imediatamente comunicado ao presidente da seccional da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil, com a data designada para a nova sessão.</p><p>§ 1º Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado somente uma vez, devendo o acusado</p><p>ser julgado quando chamado novamente.</p><p>§ 2º Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a Defensoria Pública para o novo julgamento,</p><p>que será adiado para o primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias.</p><p>71Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adiará o julgamento para o</p><p>primeiro dia desimpedido da mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas.</p><p>Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será imediatamente comunicado ao</p><p>Procurador-Geral de Justiça com a data designada para a nova sessão.</p><p>88</p><p>→ Comunica a defensoria</p><p>pública, que estará</p><p>intimada da nova</p><p>audiência;</p><p>↠ Se o advogado falta</p><p>novamente, o</p><p>defensor já está</p><p>intimado para</p><p>defender o réu.</p><p>➢ Nas audiências do procedimento</p><p>ordinário, julgamento não é</p><p>adiado;</p><p>→ Defensor (público ou</p><p>dativo) é nomeado</p><p>imediatamente para</p><p>participar;</p><p>→ Não está previsto na lei, juiz</p><p>pode adiar, se quiser, ou</p><p>nomeia o defensor;</p><p>→ No júri, há maior</p><p>preocupação com</p><p>plenitude de defesa, íntima</p><p>convicção dos jurados,</p><p>permitindo a possibilidade</p><p>de redesignação.</p><p>■ Defensor público</p><p>➢ Mesma solução adotada ao</p><p>Ministério Público;</p><p>→ Defensor público geral é</p><p>notificado, para que</p><p>89</p><p>conduza a parte disciplinar</p><p>do Defensor.</p><p>➢ Redesignação da audiência;</p><p>■ Testemunha</p><p>➢ Art. 461, CPP73</p><p>→ Em regra, não há</p><p>adiamento;</p><p>→ Só há adiamento se tiver</p><p>havido requerimento de</p><p>intimação da testemunha</p><p>por mandado (oficial de</p><p>justiça) como</p><p>imprescindível e sendo</p><p>indicado o endereço da</p><p>testemunha;</p><p>→ Legislador atribuiu à parte,</p><p>MP e defesa, o labor de</p><p>informar, no momento dos</p><p>requerimentos, acerca da</p><p>necessidade de intimação</p><p>por mandado e declaração</p><p>de que a testemunha é</p><p>imprescindível;</p><p>→ Advogado deve ressaltar a</p><p>imprescindibilidade da</p><p>testemunha, com</p><p>73Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das</p><p>partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste</p><p>Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização.</p><p>§ 1º Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e</p><p>mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua</p><p>condução.</p><p>§ 2º O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a testemunha não ser encontrada no local</p><p>indicado, se assim for certificado por oficial de justiça.</p><p>90</p><p>localização e intimação por</p><p>mandado.</p><p>➢ O que ocorre com a testemunha</p><p>que não comparecer?</p><p>→ Aplicação de multa;</p><p>→ Crime de desobediência,</p><p>previsto no Código Penal;</p><p>→ Há discussão de quando</p><p>eventual descumprimento</p><p>de ordem judicial pode</p><p>ensejar também tipificação</p><p>pelo crime de</p><p>desobediência ou apenas a</p><p>aplicação de multa;</p><p>→ Direito penal é subsidiário,</p><p>ultima ratio, só atua</p><p>quando nenhum outro</p><p>ramo do direito é capaz de</p><p>tutelar aquele bem</p><p>jurídico.</p><p>→ Utilizar a punição pelo</p><p>crime de desobediência, de</p><p>forma indiscriminada,</p><p>violaria o caráter da</p><p>intervenção mínima e o</p><p>caráter subsidiário do</p><p>direito penal;</p><p>↠ Acontece no CPC,</p><p>nos atos atentatórios</p><p>à dignidade da</p><p>justiça.</p><p>91</p><p>➢ No CPP, o art. 45874</p><p>→ Aqui é claro, o próprio</p><p>legislador, ao prever a</p><p>multa, ressalvou a</p><p>possibilidade de atuar por</p><p>crime de obediência;</p><p>→ O STJ decidiu em 2020, e</p><p>vem sendo aplicada no</p><p>STF: a autuação por crime</p><p>de desobediência, assim</p><p>como toda a atuação do</p><p>direito penal, é subsidiária.</p><p>Se houver mecanismo</p><p>imediato para que juiz</p><p>cumpra sua decisão, não</p><p>pode haver a atuação por</p><p>crime de desobediência.</p><p>No entanto, quando o</p><p>próprio legislador ressalvar</p><p>a possibilidade, nesse caso</p><p>haverá a dupla punição,</p><p>multa, ou outra medida,</p><p>e/ou crime;</p><p>➢ No Júri, se a testemunha não</p><p>comparecer, o juiz tentará</p><p>conduzi-la coercitivamente. Se</p><p>não conseguir, pode arbitrar</p><p>multa e restar configurado</p><p>eventual crime de</p><p>desobediência.</p><p>74Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo</p><p>da ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436 deste Código.</p><p>92</p><p>● Sorteio dos jurados</p><p>○ Daqueles 25, serão escolhidos 7 para</p><p>composição do conselho de sentença;</p><p>○ Comparecendo o número mínimo de 15 dos</p><p>25, juiz presidente declarará instaurados os</p><p>trabalhos e iniciará o sorteio dos 7 jurados;</p><p>○ Há possibilidade de recusas motivadas e</p><p>imotivadas, pelas partes, MP e defesa;</p><p>■ Motivadas são as mesmas que os</p><p>jurados podem apresentar, a saber:</p><p>➢ Motivação nas causas de</p><p>suspeição, impedimento e</p><p>incompatibilidade;</p><p>➢ Tantas recusas motivadas quanto</p><p>forem necessárias.</p><p>■ Recusa imotivada</p><p>➢ Semmotivo</p><p>→ A do jurado é aquela</p><p>baseada na crença,</p><p>ideologia política, filosofia,</p><p>liberdade de manifestação</p><p>do pensamento, conforme</p><p>exposto.</p><p>➢ É considerada estratégia de</p><p>litigação tanto da acusação</p><p>quanto da defesa;</p><p>→ É comum em crimes de</p><p>feminicídio, que a defesa</p><p>busque evitar a presença</p><p>de mulheres no conselho</p><p>de sentença;</p><p>93</p><p>→ Homens mais velhos</p><p>tendem a ser</p><p>complacentes com</p><p>acusados do sexo</p><p>masculino;</p><p>→ Jurados LGBTQI+ podem</p><p>se solidarizar com réu da</p><p>mesma comunidade.</p><p>➢ A recusa imotivada é limitada</p><p>→ Até 3 (três) podem ser</p><p>dispensados</p><p>imotivadamente;</p><p>→ Recusas motivadas não</p><p>contam para as recusas</p><p>imotivadas.</p><p>■ Se houver concurso de agentes, e dois</p><p>réus no polo passivo, as recusas podem</p><p>ser feitas por apena um defensor;</p><p>➢ Só há cisão na formação</p><p>conselho de sentença, se não for</p><p>possível chegar a número</p><p>comum de 7 (sete) jurados.</p><p>○ Jurados, depois de sorteados, fazem</p><p>compromisso (art. 472, CPP75).</p><p>■ Juiz deve fazer isso, se não o fizer, é</p><p>hipótese de nulidade;</p><p>75Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os</p><p>presentes, fará aos jurados a seguinte exortação:</p><p>Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão</p><p>de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça.</p><p>Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão:</p><p>Assim o prometo.</p><p>Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões</p><p>posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.</p><p>94</p><p>➢ Trata-se da formalização do</p><p>compromisso.</p><p>■ No júri, há sempre uma preocupação</p><p>maior com as formalidades;</p><p>➢ Jurados, a partir do juramento,</p><p>não necessariamente conhecem</p><p>as leis e são formados em direito;</p><p>➢ Há preocupação para preservar</p><p>as condições daquelas pessoas.</p><p>■ Parágrafo único. O jurado, em seguida,</p><p>receberá cópias da pronúncia ou, se for</p><p>o caso, das decisões posteriores que</p><p>julgaram admissível a acusação e do</p><p>relatório do processo.</p><p>➢ Juiz deve moderar a</p><p>fundamentação da decisão de</p><p>pronúncia;</p><p>→ Decisão concisa que indica</p><p>apenas indícios de autoria</p><p>e provas da materialidade</p><p>de crime doloso contra a</p><p>vida;</p><p>→ Se juiz adota eloquência na</p><p>fundamentação, interfere</p><p>na íntima convicção do</p><p>jurado;</p><p>● Instrução em plenário</p><p>○ É audiência de instrução como outra</p><p>qualquer;</p><p>■ Instalações são em regra maiores;</p><p>95</p><p>➢ Há espaço para os jurados,</p><p>proeminência do juiz presidente,</p><p>por ter que manter a ordem do</p><p>julgamento;</p><p>○ Instrução como outra qualquer;</p><p>● Sistema de inquirição na instrução em plenário</p><p>○ Art. 473, § 1º, CPP76</p><p>■ Inquirição das testemunhas é feita</p><p>diretamente pelas partes;</p><p>➢ Testemunha é chamada pelo juiz,</p><p>presta compromisso e é dada a</p><p>palavra ao MP e à defesa para</p><p>fazerem as perguntas;</p><p>→ No final, em caso de</p><p>dúvida, juiz faz as</p><p>perguntas.</p><p>↠ Os jurados podem</p><p>fazer perguntas</p><p>através do juiz.</p><p>➢ Sistema do direct examination</p><p>→ Tradição anglo-saxã;</p><p>→ Juiz como moderador das</p><p>perguntas feitas pelas</p><p>partes às suas</p><p>testemunhas;</p><p>➢ Cross examination</p><p>76Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz</p><p>presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão,</p><p>sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas</p><p>arroladas pela acusação.</p><p>§ 1° Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o defensor do acusado formulará as</p><p>perguntas antes do Ministério Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios</p><p>estabelecidos neste artigo.</p><p>96</p><p>→ Parte contrária faz</p><p>perguntas para a</p><p>testemunha arrolada pela</p><p>outra parte;</p><p>➢ Redirect</p><p>→ Quando há tréplica, parte</p><p>que arrolou a testemunha</p><p>pode fazer mais perguntas,</p><p>depois da inquirição da</p><p>outra parte no cross</p><p>examination;</p><p>○ Esse sistema de inquirição supra é adotado</p><p>no tribunal do júri, para as testemunhas, e no</p><p>procedimento ordinário, art. 212, CPP, para as</p><p>testemunhas;</p><p>■ No interrogatório do procedimento</p><p>comum, adota-se o sistema</p><p>presidencialista;</p><p>➢ Perguntas são feitas pelo juiz;</p><p>→ Art. 185, CPP;</p><p>➢ Modernamente, muitos juízes</p><p>adotam o sistema novo e</p><p>permitem que as partes</p><p>perguntem diretamente ao réu;</p><p>○ E se o juiz, no júri, iniciar inquirindo o réu? Há</p><p>nulidade?</p><p>■ Tema está no STF;</p><p>➢ A posição que tende a prevalecer</p><p>é que, se houver violação plena e</p><p>completa ao sistema de</p><p>inquirição do direct e cross</p><p>97</p><p>examination, haverá nulidade</p><p>naquele julgamento;</p><p>■ Quando se fala em nulidades, é</p><p>comum se utilizar do princípio par de</p><p>nullité sans grief (não há pronúncia da</p><p>nulidade se não houver prejuízo);</p><p>➢ No tribunal do júri, há exigência</p><p>de formalidade maior, em</p><p>virtude da íntima convicção;</p><p>○ Jurados fazem perguntas através do juiz</p><p>presidente;</p><p>■ Jurado que representa o conselho de</p><p>sentença encaminha pergunta por</p><p>escrito ao juiz, e ele fará a pergunta;</p><p>● Interrogatório</p><p>○ Art. 474, § 1º, do CPP77</p><p>■ O Ministério Público, o assistente, o</p><p>querelante e o defensor, nessa ordem,</p><p>poderão formular, diretamente,</p><p>perguntas ao acusado.</p><p>■ Sistema do direct examination, não o</p><p>presidencialista, diferente do</p><p>procedimento ordinário, em que se</p><p>adota o sistema presidencialista;</p><p>● Uso de algemas pelo réu</p><p>○ Súmula vinculante 1178;</p><p>78Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de</p><p>fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada</p><p>a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou</p><p>77Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver presente, na forma estabelecida no</p><p>Capítulo III do Título VII do Livro I deste Código, com as alterações introduzidas nesta Seção.</p><p>§ 1º O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular,</p><p>diretamente, perguntas ao acusado.</p><p>§ 2° Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente.</p><p>98</p><p>■ Iniciativa do STF para tentar restringir o</p><p>uso indiscriminado de algemas;</p><p>○ O entendimento é de que o uso de algemas</p><p>é excepcional, pela dignidade da pessoa</p><p>humana. É possível quando:</p><p>■ Receio de fuga;</p><p>■ Risco à integridade física;</p><p>■ Ordem pública;</p><p>➢ Devidamente justificado pela</p><p>autoridade que o faz;</p><p>➢ Sujeita autoridade a</p><p>responsabilidade civil, criminal e</p><p>administrativa;</p><p>○ No tribunal do júri, ainda mais importante,</p><p>pois se o réu é colocado em situação de</p><p>subjugamento, usando algemas, isso pode</p><p>influenciar na íntima convicção dos jurados;</p><p>■ Análise precisa ser criteriosa, por parte</p><p>do juiz;</p><p>➢ Chance do jurado entender por</p><p>veredito condenatório é maior;</p><p>■ Regra é a não utilização das algemas,</p><p>principalmente no momento de seu</p><p>interrogatório;</p><p>■ Uso apenas em caso de risco,</p><p>possibilidade de fuga, ou grave violação</p><p>à ordem pública.</p><p>○ Art. 478, CPP79</p><p>79Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências:</p><p>I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à</p><p>determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem</p><p>o acusado;</p><p>da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da</p><p>responsabilidade civil do Estado.</p><p>99</p><p>■ Não permite que as partes façam</p><p>menção à decisão de pronúncia;</p><p>➢ Seria forma de buscar respaldo</p><p>na decisão do juiz presidente,</p><p>que simplesmente admitiu a</p><p>acusação;</p><p>→ Essa decisão não pode</p><p>interferir na convicção dos</p><p>jurados.</p><p>■ Também não é possível menção a:</p><p>➢ Uso de algemas;</p><p>➢ Decisões posteriores à pronúncia;</p><p>➢ Silêncio do acusado;</p><p>➢ Ausência de interrogatório;</p><p>● Feita a instrução, aberta a possibilidade de</p><p>debates;</p><p>○ Palavra ao MP e à defesa, na forma dos arts.</p><p>476 e 477, CPP80</p><p>80Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a</p><p>acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação,</p><p>sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante.</p><p>§ 1º O assistente falará depois do Ministério Público.</p><p>§ 2º Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará em primeiro lugar o querelante e, em</p><p>seguida, o Ministério Público, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, na forma do art.</p><p>29 deste Código.</p><p>§ 3º Finda a acusação, terá a palavra a defesa.</p><p>§ 4º A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já</p><p>ouvida em plenário.</p><p>Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma</p><p>hora para a réplica e outro tanto para a tréplica.</p><p>§ 1º Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre si a distribuição do</p><p>tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o</p><p>determinado neste artigo.</p><p>§ 2º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma)</p><p>hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo.</p><p>II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu</p><p>prejuízo.</p><p>100</p><p>○ O juiz não pode unilateralmente alterar os</p><p>prazos dos debates orais, porém isso pode ser</p><p>feio mediante acordo entre as partes81.</p><p>● Exibição de documentos e objetos no plenário</p><p>○ É possível exibir documentos e objetos na</p><p>instrução em plenário;</p><p>○ Necessidade de requerimento com</p><p>antecedência mínima de 3 (três) dias;</p><p>■ Prazo serve para viabilizar o</p><p>contraditório, ao garantir que parte</p><p>contrária terá prazo para analisar o</p><p>objeto ou documento;</p><p>● Dissolução do conselho de sentença</p><p>○ Prioridade é que audiência seja una, para que</p><p>o juiz preserve os atos, faça a quesitação dos</p><p>jurados, e já saia com o veredicto (absolutório</p><p>ou condenatório);</p><p>○ É possível que em situações excepcionais,</p><p>haja necessidade de cisão, com dissolução do</p><p>conselho de sentença;</p><p>■ Para a outra reunião, é necessário</p><p>compor outro conselho de sentença;</p><p>➢ Assim, apenas em hipóteses</p><p>excepcionais;</p><p>○ Não confundir a cisão com o prolongamento</p><p>da audiência por dias</p><p>81Considerado o rigor formal do procedimento do júri, não é possível que o juiz, unilateralmente,</p><p>estabeleça prazos diversos daqueles definidos pelo legislador (art. 477 do CPP) para os debates orais,</p><p>seja para mais ou para menos, sob pena de chancelar uma decisão contra legem.</p><p>Por outro lado, é possível que, no início da sessão de julgamento, mediante acordo entre as partes,</p><p>seja estabelecida uma divisão de tempo que melhor se ajuste às peculiaridades do caso concreto.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 703.912-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 719)</p><p>101</p><p>■ Neste último, os jurados permanecem</p><p>reclusos nas instalações do tribunal;</p><p>■ Cisão ocorre quando há necessidade</p><p>de diligência importante e não há</p><p>possibilidade de ser feita</p><p>imediatamente;</p><p>➢ Será necessária a dissolução do</p><p>conselho de sentença;</p><p>➢ Novo sorteio do conselho de</p><p>sentença é imprescindível;</p><p>○ Caso comum de dissolução do conselho de</p><p>sentença é quando réu não tem defesa;</p><p>■ Juiz está autorizado a dissolver o</p><p>conselho e marcar nova audiência.</p><p>● Questionário e votação</p><p>○ Como os jurados julgam?</p><p>■ Respondendo quesitos;</p><p>➢ Quesitos são perguntas</p><p>propositivas feitas de maneira</p><p>objetiva e clara ao jurado, que</p><p>terá que responder;</p><p>➢ Não é como o juiz, que faz</p><p>relatório, fundamentação e</p><p>dispositivo;</p><p>→ Os jurados são leigos</p><p>■ Há ordem de quesitos, que deve ser</p><p>respeitada sob pena de nulidade;</p><p>➢ Jurado responde “sim” ou “não”;</p><p>■ Com base nas respostas, votação é</p><p>baseada na maioria simples;</p><p>102</p><p>○ Quesito redigido de forma dúbia, sem</p><p>clareza, causa nulidade.</p><p>■ Esses quesitos complexos, com má</p><p>redação ou com formulação deficiente</p><p>são considerados “vícios de</p><p>complexidade".</p><p>➢ Geram nulidade por violação ao</p><p>art. 482, § único, do CPP82.</p><p>■ Juiz presidente deve ter cautela ao</p><p>redigir os quesitos.</p><p>○ Eventual infração conexa;</p><p>■ Também é quesitada, salvo se juiz a</p><p>desclassificar.</p><p>○ A ordem dos</p><p>quesitos está no art. 483, CPP83</p><p>■ Seguem exemplos de perguntas, que</p><p>devem ser respondidas pelo jurado</p><p>com sim ou não;</p><p>■ Inciso I</p><p>➢ Houve crime? O crime ocorreu?</p><p>■ Inciso II</p><p>➢ O réu é o autor do fato?</p><p>Participou da conduta?</p><p>■ Inciso III</p><p>83Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre:</p><p>I – a materialidade do fato;</p><p>II – a autoria ou participação;</p><p>III – se o acusado deve ser absolvido;</p><p>IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;</p><p>V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia</p><p>ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.</p><p>(remetemos os alunos à leitura do dispositivo).</p><p>82Quesitos complexos, com má redação ou com formulação deficiente, geram a nulidade do</p><p>julgamento do Tribunal do Júri, por violação ao art. 482, parágrafo único, do CPP.</p><p>STJ. 5ª Turma. AREsp 1.883.043-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de</p><p>Noronha, julgado em 15/03/2022 (Info 730)</p><p>103</p><p>➢ Esse quesito é chamado quesito</p><p>da absolvição genérica. Ainda</p><p>que jurado tenha respondido</p><p>“sim” nas perguntas anteriores,</p><p>ainda sim, é necessário ter esse</p><p>quesito;</p><p>■ Inciso IV e V</p><p>➢ Causa de diminuição, de</p><p>aumento, circunstância</p><p>qualificadora e circunstância de</p><p>privilégio são todas perguntadas</p><p>aos jurados;</p><p>→ As agravantes e</p><p>atenuantes, do art. 61 ao 66,</p><p>é matéria do juiz</p><p>presidente;</p><p>→ Se juiz reconhece</p><p>qualificadora que não foi</p><p>perguntada aos jurados, é</p><p>caso de nulidade;</p><p>→ O STJ84 entende que,</p><p>embora seja necessária a</p><p>quesitação aos jurados</p><p>sobre as causas de</p><p>aumento e de diminuição</p><p>de pena, a escolha do</p><p>quantum cabe ao juiz</p><p>sentenciante.</p><p>84Embora seja necessária a quesitação aos jurados sobre a incidência de minorantes, a escolha do</p><p>quantum de diminuição da pena cabe ao juiz sentenciante, e não ao júri.</p><p>STJ. 5ª Turma. REsp 1.973.397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022 (Info 748)</p><p>104</p><p>■ Quesito que não está no artigo, mas</p><p>deve ser incluído se for o caso</p><p>➢ Quesito da tentativa</p><p>→ Deve vir logo depois do</p><p>quesito II</p><p>↠ Art. 483, § 5º, CPP;</p><p>➢ Quesito de desclassificação</p><p>→ Surgiu no mérito da</p><p>instrução em plenário,</p><p>discussão a respeito do</p><p>elemento subjetivo do</p><p>crime, isto é, existência de</p><p>culpa ou de dolo.</p><p>→ Momento de perguntar o</p><p>quesito no art. 483, § 4º,</p><p>CPP;</p><p>○ Absolvição genérica</p><p>■ Quesito incluído após a reforma de</p><p>2008;</p><p>■ Muito influência dos EUA;</p><p>➢ Motivo é clemência;</p><p>→ É a possibilidade dos</p><p>jurados se sensibilizarem</p><p>com aquela situação, já</p><p>que julgam com a íntima</p><p>convicção;</p><p>→ Entendem que réu devem</p><p>ser absolvido, ainda que</p><p>tenha praticado o fato e</p><p>tenha sido autor;</p><p>105</p><p>➢ Ainda que haja, por exemplo no</p><p>homicídio, hipótese de privilégio</p><p>nos casos de violenta emoção,</p><p>injusta provocação da vítima, os</p><p>jurados podem ir além e absolver</p><p>o réu;</p><p>■ Hoje se discute se o jurado ao</p><p>responder sim para os dois primeiros</p><p>quesitos e sim para o terceiro, haveria</p><p>ou não contrariedade manifesta às</p><p>provas dos autos.</p><p>➢ Recurso de apelação do júri, art.</p><p>593, III, CPP, tem fundamentação</p><p>vinculada;</p><p>→ Não se pode apelar de</p><p>sentença do júri por</p><p>qualquer motivo.</p><p>↠ Os motivos estão nos</p><p>incisos do art. 593, III</p><p>→ Alínea d) for a decisão dos</p><p>jurados manifestamente</p><p>contrária à prova dos autos.</p><p>↠ O Tribunal, ao</p><p>reconhecer a</p><p>manifesta</p><p>contrariedade, deve</p><p>anular o júri e</p><p>determinar um novo.</p><p>➢ Há decisões de turma do STJ,</p><p>STF, mas a questão está afeta ao</p><p>plenário, em sede de repercussão</p><p>106</p><p>geral, com vistas a se decidir se</p><p>os jurados, ao absolverem o réu</p><p>com base no quesito de</p><p>absolvição genérica, tendo</p><p>respondido sim aos quesitos</p><p>anteriores, se há ou não</p><p>possibilidade do MP apelar com</p><p>base no art. 593, III, d), do CPP;</p><p>→ Jurados podem absolver</p><p>por clemência? Sim ou</p><p>não?</p><p>→ Tema 1087 - Possibilidade</p><p>de Tribunal de 2º grau,</p><p>diante da soberania dos</p><p>veredictos do Tribunal do</p><p>Júri, determinar a</p><p>realização de novo júri em</p><p>julgamento de recurso</p><p>interposto contra</p><p>absolvição assentada no</p><p>quesito genérico, ante</p><p>suposta contrariedade à</p><p>prova dos autos.</p><p>→ O STJ tem decisões</p><p>prevalecentes no sentido</p><p>de que é possível o recurso</p><p>do art. 593, III, d).</p><p>→ O mesmo art. 593, no</p><p>entanto, afirma no § 3º85</p><p>85§ 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a</p><p>decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para</p><p>sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmomotivo, segunda apelação.</p><p>107</p><p>que só cabe recurso com</p><p>base no inciso III, d), uma</p><p>única vez;</p><p>→ Nas turmas do STF, Min.</p><p>aposentado Marco Aurélio</p><p>capitaneava tal</p><p>entendimento, não sendo</p><p>possível o recurso, se</p><p>jurados respondessem os 3</p><p>quesitos afirmativamente,</p><p>absolvendo genericamente</p><p>o réu.</p><p>→ Na prova discursiva,</p><p>devemos expor todo o</p><p>cenário jurisprudencial;</p><p>→ Em provas objetivas,</p><p>marcar opção da</p><p>divergência.</p><p>● Votação</p><p>○ Juiz distribuirá as cédulas aos jurados, com</p><p>quadrados “sim” e “não” e os quesitos;</p><p>○ Depositado em urna, para garantir o sigilo</p><p>das votações;</p><p>○ Maioria simples dos votos;</p><p>■ Quatro jurados votam não no 1º</p><p>quesito, o julgamento está encerrado.</p><p>➢ Veredicto absolutório;</p><p>● Sentença no tribunal do júri</p><p>○ Art. 492, CPP86</p><p>86Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:</p><p>I – no caso de condenação:</p><p>108</p><p>■ Inciso I</p><p>➢ Circunstâncias agravantes ou</p><p>atenuantes devem ter sido</p><p>a) fixará a pena-base;</p><p>b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates;</p><p>c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri;</p><p>d) observará as demais disposições do art. 387 deste Código;</p><p>e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os</p><p>requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15</p><p>(quinze) anos de reclusão (CUIDADO! Conforme decisão do STF, após decisão do júri, será recolhido à</p><p>prisão independentemente do total da pena aplicada.), determinará a execução provisória das</p><p>penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de</p><p>recursos que vierem a ser interpostos; (incluído em 16/09/2024).</p><p>f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação;</p><p>II – no caso de absolvição:</p><p>a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não estiver preso;</p><p>b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas;</p><p>c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível.</p><p>§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao</p><p>presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito</p><p>resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial</p><p>ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.</p><p>§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo</p><p>juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.</p><p>§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução provisória das penas de</p><p>que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução</p><p>pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à revisão da condenação.</p><p>§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou</p><p>superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.</p><p>§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º</p><p>deste artigo, quando verificado cumulativamente que o recurso:</p><p>I - não tem propósito meramente protelatório; e</p><p>II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo</p><p>julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.</p><p>§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser</p><p>feito incidentemente na apelação ou por</p><p>meio de petição em separado dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença</p><p>condenatória, das razões da apelação e de prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais</p><p>peças necessárias à compreensão da controvérsia.</p><p>109</p><p>aventadas no debate, alvo de</p><p>contraditório;</p><p>→ Em qualquer caso penal,</p><p>inclusive procedimento</p><p>comum.</p><p>➢ Alínea e)</p><p>→ Se o juiz entender que é</p><p>necessária a prisão</p><p>processual após a decisão</p><p>condenatória, irá</p><p>determiná-la. Se réu estiver</p><p>preso, encaminhará sua</p><p>sentença ao presídio;</p><p>→ “No caso de condenação a</p><p>uma pena igual ou</p><p>superior a 15 (quinze) anos</p><p>de reclusão, determinará a</p><p>execução provisória das</p><p>penas, com expedição do</p><p>mandado de prisão, se for</p><p>o caso, sem prejuízo do</p><p>conhecimento de recursos</p><p>que vierem a ser</p><p>interpostos”;</p><p>→ ATENÇÃO!87</p><p>→ O Supremo Tribunal</p><p>Federal (STF) decidiu que a</p><p>soberania das decisões do</p><p>Tribunal do Júri, garantida</p><p>pela Constituição, permite</p><p>87 Inserido em 16/09/2024</p><p>110</p><p>a prisão imediata dos</p><p>condenados,</p><p>independentemente da</p><p>pena aplicada. Isso</p><p>significa que, após a</p><p>decisão dos jurados, o réu</p><p>pode começar a cumprir a</p><p>pena imediatamente, sem</p><p>esperar o fim dos recursos.</p><p>→ Principais pontos da</p><p>decisão:</p><p>↠ O STF88 entendeu</p><p>que a alínea “e”,</p><p>inciso I, do artigo 492</p><p>do Código de</p><p>Processo Penal, que</p><p>previa a execução</p><p>imediata apenas</p><p>para penas</p><p>superiores a 15 anos,</p><p>é inconstitucional.</p><p>↠ A decisão reforça</p><p>que, uma vez</p><p>condenado pelo júri,</p><p>o princípio da</p><p>presunção de</p><p>inocência não</p><p>impede a prisão, pois</p><p>a culpa já foi</p><p>88 Tese final: "A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri autoriza a imediata execução da</p><p>condenação imposta pelo corpo de jurados, independentemente do total da pena aplicada."(STF,</p><p>TEMA 1.068). Inserido 16/09/2024.</p><p>111</p><p>reconhecida pelos</p><p>jurados.</p><p>■ Inciso II</p><p>➢ Alínea c)</p><p>→ Caso de absolvição</p><p>imprópria;</p><p>● Desclassificação na 2ª fase do tribunal do júri</p><p>○ Há a mesma nomenclatura, desclassificação</p><p>própria e imprópria, mas possuem</p><p>significados diferentes.</p><p>○ Desclassificação própria na 2ª fase do</p><p>tribunal do júri</p><p>■ Ocorre quando os jurados não indicam</p><p>a capitulação do crime;</p><p>➢ Desclassificação é um dos</p><p>quesitos que pode surgir, deve</p><p>ser apresentado aos jurados;</p><p>➢ Jurados afirmam que é caso de</p><p>desclassificação mas não</p><p>indicam o crime praticado;</p><p>■ O próprio juiz presidente tem</p><p>competência plena para julgar;</p><p>➢ Nesse momento processual,</p><p>houve instrução, produção</p><p>probatória, jurados foram</p><p>questionados e juiz presidente</p><p>tem responsabilidade de decidir;</p><p>○ Desclassificação imprópria na 2ª fase do</p><p>tribunal do júri</p><p>112</p><p>■ Ocorre quando os jurados, além de</p><p>desclassificar, indicam a capitulação do</p><p>crime;</p><p>➢ Segundo a jurisprudência</p><p>majoritária, o juiz presidente fica</p><p>vinculado à capitulação do júri;</p><p>○ Eventual infração conexa na desclassificação</p><p>da 2ª fase do tribunal do júri é julgada pelo</p><p>juiz presidente;</p><p>■ Não remete nada para outro juiz;</p><p>● Recurso contra sentença do júri</p><p>○ Recurso cabível contra sentença final do júri</p><p>é a apelação.</p><p>○ A apelação tem fundamentação vinculada -</p><p>art. 593, III, CPP89;</p><p>■ Alínea a)</p><p>➢ Hipótese de nulidade,</p><p>inobservância das regras</p><p>procedimentais tratadas;</p><p>→ Ex: alegação sobre uso de</p><p>algemas, alusão à decisão</p><p>de pronúncia,</p><p>desobediência da ordem</p><p>de quesitos;</p><p>■ Alínea b)</p><p>➢ Juiz presidente reconhece causa</p><p>de aumento que não foi</p><p>89Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:</p><p>III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:</p><p>a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;</p><p>b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;</p><p>c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;</p><p>d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.</p><p>113</p><p>quesitada ou que os jurados</p><p>responderam “não”;</p><p>■ Alínea c)</p><p>➢ Recurso de apelação que tem</p><p>como objeto o decidido pelo juiz</p><p>presidente</p><p>→ Ex: dosimetria da pena,</p><p>para mais ou menos.</p><p>■ Alínea d)</p><p>➢ Discussão travada sobre os</p><p>quesitos e o recurso.</p><p>○ Reformatio in pejus</p><p>■ Princípio atinente aos recursos proíbe</p><p>que, com base em recurso exclusivo da</p><p>defesa, haja piora na situação do réu.</p><p>➢ Ex: defesa recorre da dosimetria</p><p>da pena dada pelo juiz</p><p>presidente, de 10 anos. Tribunal</p><p>dá pena de 20. Não é possível,</p><p>viola-se contraditório, devido</p><p>processo legal e o princípio</p><p>reformatio in pejus;</p><p>■ O princípio se subdivide em direta e</p><p>indireta</p><p>➢ Reformatio in pejus direta</p><p>→ É a situação que a defesa</p><p>faz recurso exclusivo e</p><p>tribunal piora a situação do</p><p>réu;</p><p>➢ Reformatio in pejus indireta</p><p>114</p><p>→ Quando o tribunal anula o</p><p>julgamento anterior e</p><p>determina novo</p><p>julgamento. No novo</p><p>julgamento, chega-se a</p><p>situação pior que a</p><p>anterior;</p><p>→ Não é admitida, sendo</p><p>considerada hipótese de</p><p>nulidade.</p><p>■ Sempre é necessário recurso exclusivo</p><p>da defesa;</p><p>➢ Se o MP também recorre, não há</p><p>que se falar em reformatio in</p><p>pejus.</p><p>■ No júri, há o princípio da soberania dos</p><p>veredictos. Fazer a restrição na piora</p><p>não violaria o princípio da soberania</p><p>dos veredictos?</p><p>➢ Posição do STF consolidada</p><p>→ No tribunal do júri, para</p><p>haver adequação entre os</p><p>dois valores, de não haver</p><p>piora com base em recurso</p><p>exclusivo do réu e o</p><p>princípio da soberania dos</p><p>veredictos, é necessário</p><p>cindir o julgamento.</p><p>→ O que for analisado pelo</p><p>júri é soberano;</p><p>115</p><p>→ No entanto, o juiz</p><p>presidente, na análise do</p><p>quantitativo de pena, não</p><p>poderá chegar a pena</p><p>superior à anterior.</p><p>■ Art. 492, CPP</p><p>➢ Verificar os novos dispositivos</p><p>trazidos pelo Pacote Anticrime.</p><p>➢ § 4º A apelação interposta contra</p><p>decisão condenatória do Tribunal</p><p>do Júri a uma pena igual ou</p><p>superior a 15 (quinze) anos de</p><p>reclusão não terá efeito</p><p>suspensivo90.</p><p>➢ § 5º Excepcionalmente, poderá o</p><p>tribunal atribuir efeito suspensivo</p><p>à apelação de que trata o § 4º</p><p>deste artigo, quando verificado</p><p>cumulativamente que o recurso:</p><p>I - não tem propósito meramente</p><p>protelatório; e II - levanta</p><p>questão substancial e que pode</p><p>resultar em absolvição, anulação</p><p>da sentença, novo julgamento ou</p><p>redução da pena para patamar</p><p>inferior a 15 (quinze) anos de</p><p>reclusão.</p><p>90Art. 492, inciso I, e), CPP mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se</p><p>encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena</p><p>igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com</p><p>expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que</p><p>vierem a ser interpostos; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)</p><p>116</p><p>→ Trata-se de efeito</p><p>suspensivo ope judicis,</p><p>atribuído pelo juiz;</p><p>→ Todos os dispositivos</p><p>inseridos pelo pacote, que</p><p>visam permitir execução</p><p>provisória da pena estão</p><p>sendo impugnados via ADI;</p><p>→ No TEMA 1.068 o STF91</p><p>decidiu que é</p><p>constitucional a imediata</p><p>execução da condenação</p><p>imposta pelo corpo de</p><p>jurados,</p><p>independentemente do</p><p>total da pena aplicada,</p><p>com fundamento na</p><p>soberania dos veredictos</p><p>do Tribunal do Júri.</p><p>91 Tese final: "A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri autoriza a imediata execução da</p><p>condenação imposta pelo corpo de jurados, independentemente do total da pena aplicada."(STF,</p><p>TEMA 1.068). Inserido 16/09/2024.</p><p>117</p><p>3. Sentença penal e nulidades</p><p>a. Provimentos jurisdicionais</p><p>i. Introdução</p><p>● Provimentos jurisdicionais são uma espécie de atos</p><p>processuais;</p><p>● Definição</p><p>○ São atos que emanam do juiz ou do tribunal</p><p>e que possuem conteúdo decisório e de</p><p>determinar algo.</p><p>ii. Classificação dos provimentos jurisdicionais</p><p>● Despacho de mero expediente</p><p>○ É ato processual que emana do juiz que</p><p>objetiva dar andamento ao processo;</p><p>○ É desprovido de conteúdo decisório;</p><p>■ Ex: Dar vista ao Ministério Público, para</p><p>sua manifestação.</p><p>● Decisões interlocutórias</p><p>○ Provimentos jurisdicionais que tem conteúdo</p><p>decisório, mas este conteúdo não reflete o</p><p>julgamento do mérito principal;</p><p>○ Juiz não analisa se réu é ou não</p><p>culpado, mas</p><p>decide questões acessórias;</p><p>○ Podem ser simples ou mistas;</p><p>■ Decisões interlocutórias simples</p><p>➢ Juiz resolve questões sem</p><p>extinguir o feito;</p><p>➢ Ex: Decretação de prisão do</p><p>acusado.</p><p>→ Decisão interlocutória</p><p>simples.</p><p>118</p><p>→ É decisório, pois analisa os</p><p>requisitos da medida</p><p>cautelar.</p><p>→ Não extingue feito ou fase</p><p>incidental.</p><p>➢ Em regra, são irrecorríveis, a não</p><p>ser que estejam no rol do art. 581,</p><p>CPP.</p><p>→ Se estiverem no rol, cabe</p><p>recurso em sentido estrito;</p><p>→ Ex: a decisão que</p><p>determina a prisão é</p><p>recorrível. O recebimento</p><p>da denúncia também é</p><p>recorrível.</p><p>➢ Se for irrecorrível, a decisão deve</p><p>ser atacada pelo recurso de</p><p>apelação, em sede preliminar.</p><p>■ Decisões interlocutórias mistas</p><p>➢ Decidem algo, não o mérito</p><p>principal, e põe fim ao processo</p><p>ou a fase incidental</p><p>➢ Podem ser terminativa ou não</p><p>terminativa</p><p>➢ Decisões interlocutórias mistas</p><p>terminativas</p><p>→ De fato coloca fim ao</p><p>processo como um todo;</p><p>→ Ex: advogado entra com</p><p>exceção alegando que há</p><p>coisa julgada. Se o juiz</p><p>119</p><p>acolher o incidente de</p><p>coisa julgada, extinguirá o</p><p>feito.</p><p>→ Recurso cabível será a</p><p>apelação, em regra.</p><p>Apelação é cabível contra a</p><p>sentença e decisões</p><p>definitivas ou com força de</p><p>definitiva.</p><p>➢ Decisões interlocutórias mistas</p><p>não terminativas</p><p>→ Colocam fim a</p><p>determinada etapa</p><p>procedimental;</p><p>→ Ex: decisão de pronúncia</p><p>no júri. Não termina o</p><p>processo, mas a fase do</p><p>procedimento.</p><p>iii. Classificações diversas</p><p>● Decisões subjetivamente simples: são aquelas</p><p>proferidas por apenas uma pessoa (juízo</p><p>monocrático ou singular).</p><p>● Decisões subjetivamente plúrimas: são aquelas</p><p>proferidas por órgão colegiado homogêneo, como</p><p>câmaras, turmas ou seções dos Tribunais.</p><p>○ Questão: A decisão proferida em 1a instância</p><p>sempre será subjetivamente simples ou</p><p>poderá ser subjetivamente plúrima?</p><p>■ Pelo menos em regra, as decisões</p><p>proferidas em 1ª instância são</p><p>subjetivamente simples. Entretanto,</p><p>120</p><p>não se pode esquecer que, em 1ª</p><p>instância, exemplificativamente,</p><p>existem conselhos de justiça (órgão</p><p>colegiado homogêneo da Justiça</p><p>Militar) e juízos colegiados para o</p><p>julgamento de organizações</p><p>criminosas (previsto no art. 1º e no art.</p><p>1º-A da Lei 12.694/2012). Assim sendo, há</p><p>aqui dois bons exemplos de decisões</p><p>subjetivamente plúrimas na 1a</p><p>instância.</p><p>● Decisões subjetivamente complexas: são aquelas</p><p>proferidas por órgão colegiado heterogêneo, a</p><p>exemplo do Tribunal do Júri (composto por</p><p>juiz-presidente e jurados).</p><p>○ O melhor exemplo de órgão colegiado</p><p>heterogêneo é o tribunal do júri, cujas</p><p>decisões são chamadas de subjetivamente</p><p>complexas.</p><p>○ Obs: No órgão colegiado heterogêneo,</p><p>deve-se separar a competência do</p><p>juiz-presidente da competência dos jurados.</p><p>■ Aos jurados compete resolver sobre a</p><p>materialidade, autoria, possível</p><p>absolvição, causas de diminuição,</p><p>qualificadoras e causas de aumento.</p><p>■ O juiz-presidente tem competência</p><p>sobre as demais decisões.</p><p>● Decisão suicida: é aquela cujo dispositivo (parte</p><p>decisória) contraria sua fundamentação, sendo,</p><p>portanto, considerada nula.</p><p>121</p><p>○ Renato Brasileiro: esclarece que essa decisão</p><p>é rara de acontecer. Ela ocorre quando o juiz</p><p>fundamenta e, na hora de decidir, profere</p><p>decisão em sentido contrário à sua</p><p>fundamentação.</p><p>● Decisão vazia: é aquela passível de anulação por</p><p>falta de fundamentação.</p><p>○ Para Renato Brasileiro a ausência ou a</p><p>carência de fundamentação devem receber</p><p>o mesmo tratamento normativo, sobretudo</p><p>diante do Pacote Anticrime, o qual alterou o</p><p>CPP para prever a obrigatoriedade de</p><p>fundamentação e acrescentou ao art. 564, V,</p><p>uma nova hipótese de nulidade.</p><p>■ Segundo o professor, o ideal é que a</p><p>carência de fundamentação seja</p><p>estudada à luz do art. 315, §2º do CPP.</p><p>➢ O art. 315, §2º do CPP trouxe um</p><p>rol exemplificativo de decisões</p><p>não fundamentadas.</p><p>➢ Assim sendo, quando o art. 564,</p><p>V do CPP cita que a decisão</p><p>carente de fundamentação é</p><p>nula, o ideal é interpretar o</p><p>dispositivo em conjunto com o</p><p>art. 315, §2º do CPP.</p><p>● Decisão autofágica: é aquela em que há o</p><p>reconhecimento da imputação (conduta típica,</p><p>ilícita e culpável), mas o juiz acaba por declarar</p><p>extinta a punibilidade, a exemplo do que ocorre</p><p>com o perdão judicial.</p><p>122</p><p>○ Neste caso, em um primeiro momento, o juiz</p><p>reconhece que o indivíduo praticou um</p><p>crime (conduta típica, ilícita e culpável), mas,</p><p>na sequência, ele acaba declarando a</p><p>extinção da punibilidade.</p><p>○ Exemplo: concessão do perdão judicial ao pai</p><p>que matou culposamente o filho (esqueceu o</p><p>bebê no carro).</p><p>■ Neste caso, inicialmente, visualiza-se</p><p>uma conduta típica, ilícita e culpável</p><p>(art. 121, §3º do CP).</p><p>■ Questiona-se: nessa situação, já é</p><p>possível conceder o perdão judicial ao</p><p>pai? A maioria da doutrina entende</p><p>que não, pois, primeiro, ele precisa ser</p><p>processado para que o juiz reconheça</p><p>tipicidade, ilicitude e culpabilidade.</p><p>Somente após isso, o magistrado</p><p>concede o perdão judicial do art. 121, §5º</p><p>do CP.</p><p>■ Obs.: alguns processualistas ressaltam</p><p>que poderia haver uma antecipação do</p><p>perdão judicial, tendo em vista a</p><p>ausência de interesse de agir, já que</p><p>não haveria utilidade levar um</p><p>processo judicial adiante sabendo que</p><p>ele estaria fadado à extinção da</p><p>punibilidade pelo perdão judicial.</p><p>123</p><p>b. Sentença</p><p>i. Definição</p><p>● Sentença é provimento jurisdicional, privativo do</p><p>juiz de 1º grau, em que se enfrenta o mérito</p><p>principal da causa, decidindo se a pretensão</p><p>acusatória é procedente ou improcedente.</p><p>○ Qualquer outro provimento judicial proferido</p><p>pelo juiz que não tiver tais características não</p><p>é sentença, mas despacho ou decisão</p><p>interlocutória.</p><p>○ Cuidado para não confundir decisões</p><p>interlocutórias mistas terminativas com a</p><p>sentença</p><p>■ Decisão interlocutória mista</p><p>terminativa não julga mérito</p><p>principal</p><p>➢ Juiz extingue o feito, mas por</p><p>outro fundamento que não o</p><p>julgamento do mérito.</p><p>→ Ex: por coisa julgada,</p><p>litispendência,</p><p>incompetência.</p><p>■ Na sentença, o juiz julga</p><p>efetivamente a procedência ou</p><p>improcedência da pretensão</p><p>acusatória.</p><p>ii. Estrutura da sentença</p><p>● Ao elaborar uma sentença, o juiz precisa se ater a</p><p>alguns requisitos que são elencados no art. 381,</p><p>CPP92</p><p>92Art. 381. A sentença conterá:</p><p>I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;</p><p>124</p><p>○ Esses elementos podem ser divididos em 3</p><p>(três) grandes núcleos</p><p>■ Relatório;</p><p>■ Fundamentação;</p><p>■ Dispositivo;</p><p>● Relatório</p><p>○ O relatório é um resumo da demanda que</p><p>contém a qualificação do acusado e uma</p><p>exposição sucinta da acusação e da defesa.</p><p>■ Previsto no art. 381, I e II do CPP.</p><p>○ O objetivo do relatório é verificar se o</p><p>magistrado tomou pleno conhecimento da</p><p>demanda que irá julgar.</p><p>○ Eventual erro material quanto ao nome do</p><p>acusado:</p><p>■ No caso de eventual erro material</p><p>quanto ao nome do acusado, não é</p><p>necessário anular todo o processo,</p><p>desde que certa a identidade física do</p><p>acusado.</p><p>➢ Neste caso, não é necessário</p><p>anular todo o processo, bastando</p><p>fazer a retificação do dado.</p><p>➢ CPP, art. 289.</p><p>○ Há procedimentos em que se dispensa o</p><p>relatório;</p><p>II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;</p><p>III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;</p><p>IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;</p><p>V - o dispositivo;</p><p>VI - a data e a assinatura do juiz.</p><p>125</p><p>■ Ex: Procedimento do JECRIM, previsto</p><p>na Lei 9.099/95, art. 81. § 3º93 .</p><p>➢ Procedimento mais célere e</p><p>simples, a lei dispensa o relatório.</p><p>○ De maneira geral, a ausência de relatório é</p><p>hipótese de nulidade absoluta, à luz do art.</p><p>564, IV, CPP94.</p><p>■ Há uma segunda corrente que afirma</p><p>que a ausência do relatório é causa de</p><p>nulidade relativa, ou seja, depende da</p><p>comprovação do prejuízo.</p><p>➢ Nesse sentido, Renato Brasileiro.</p><p>● Fundamentação</p><p>○ É, de fato, onde o juiz indica os motivos que o</p><p>levaram a julgar de determinada maneira.</p><p>○ É exigência constitucional, do art. 93, IX, da</p><p>Constituição Federal95.</p><p>○ A fundamentação é garantia de legitimidade</p><p>da atuação do Poder Judiciário;</p><p>■ Em regra, juízes são investidos por</p><p>concurso público e não por eleição.</p><p>➢ A legitimidade democrática dos</p><p>juízes vem da necessidade de</p><p>95Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e</p><p>fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em</p><p>determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a</p><p>preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à</p><p>informação;</p><p>94Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:</p><p>IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.</p><p>93Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que</p><p>o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as</p><p>testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se</p><p>imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.</p><p>§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz.</p><p>126</p><p>fundamentar as decisões com</p><p>base no direito vigente.</p><p>■ Citada pela doutrina como garantia</p><p>processual de segundo grau (“garantia</p><p>de garantia”).</p><p>➢ É por meio da fundamentação</p><p>que é possível verificar se houve</p><p>o respeito a outras garantias</p><p>fundamentais, como, por</p><p>exemplo, direito à prova, direito</p><p>ao silêncio, etc.</p><p>■ Ferrajoli: A fundamentação é “garantia</p><p>de segundo grau”, visto que permite</p><p>aferir o respeito a outras garantias</p><p>constitucionais.</p><p>➢ Finalidade endoprocessual:</p><p>ocorre apenas dentro do</p><p>processo;</p><p>→ As partes tomam</p><p>conhecimento dos</p><p>argumentos invocados</p><p>pelo juiz para chegar à</p><p>determinada conclusão.</p><p>➢ Finalidade extraprocessual:</p><p>demonstração para a sociedade</p><p>quais foram os motivos da</p><p>decisão proferida.</p><p>→ Não possui natureza</p><p>absoluta, já que o Conselho</p><p>de Sentença do Tribunal do</p><p>Júri não precisa</p><p>127</p><p>fundamentar suas</p><p>decisões.</p><p>↠ Sistema da íntima</p><p>convicção.</p><p>○ Parte em que juiz indica fundamentos de</p><p>fato e de direito;</p><p>■ Normas jurídicas aplicáveis, provas e</p><p>relatos fáticos apresentados;</p><p>○ Art. 155, CPP96</p><p>■ Limitação do juiz julgar com base</p><p>exclusivamente no inquérito policial</p><p>➢ Os elementos indiciários colhidos</p><p>na fase do inquérito só podem</p><p>ser usados como obiter dictum,</p><p>isto é, argumento de reforço;</p><p>➢ Juiz deve decidir com base nas</p><p>provas produzidas no processo,</p><p>salvo as exceções estudadas.</p><p>● Dispositivo</p><p>○ O dispositivo é a conclusão decisória da</p><p>sentença, que, no processo penal, gera a</p><p>condenação ou a absolvição do acusado.</p><p>■ A ausência do dispositivo acarreta a</p><p>inexistência do ato.</p><p>○ Onde juiz de fato decide;</p><p>○ Ali estará indicado o comando da decisão;</p><p>■ Condeno, absolvo, por tal motivo.</p><p>96Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório</p><p>judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos</p><p>colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.</p><p>128</p><p>○ O dispositivo faz coisa julgada, lei entre as</p><p>partes, para regular aquela relação jurídica</p><p>entre as partes.</p><p>● Elementos de autenticação</p><p>○ Trata-se da verificação de que a decisão foi</p><p>proferida pelo magistrado. Refere-se,</p><p>portanto, à data e à assinatura do juiz.</p><p>○ Previsão normativa: art. 381, CPP;</p><p>■ Necessidade da sentença estar</p><p>assinada.</p><p>➢ Ausência de assinatura torna ato</p><p>inexistente.</p><p>■ Necessidade da sentença estar datada.</p><p>○ Requisitos extrínsecos que dão validade e</p><p>concretude à decisão.</p><p>○ Sentença oral em audiência97.</p><p>■ Só terá existência se for revista e</p><p>assinada pelo juiz, ainda que na ata de</p><p>audiência que será juntada no</p><p>processo.</p><p>➢ Assinatura é necessária para</p><p>existência, mesmo no caso de</p><p>sentença oral.</p><p>iii. Modelos da sentença criminal</p><p>● Sentença absolutória</p><p>97 É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada em meio audiovisual, ainda</p><p>que não haja a sua transcrição.</p><p>O § 2º do art. 405 do CPP, que autoriza o registro audiovisual dos depoimentos, sem necessidade de</p><p>transcrição, deve ser aplicado também para os demais atos da audiência, dentre eles os debates</p><p>orais e a sentença.</p><p>O registro audiovisual da sentença prolatada oralmente em audiência é uma medida que garante</p><p>mais segurança e celeridade.</p><p>Não há sentido lógico em se exigir a degravação da sentença registrada emmeio audiovisual, sendo</p><p>um desserviço à celeridade.</p><p>A ausência de degravação completa da sentença não prejudica o contraditório nem a segurança do</p><p>registro nos autos, do mesmomodo que igualmente ocorre com a prova oral.</p><p>STJ. 3ª Seção. HC 462253/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/11/2018 (Info 641).</p><p>129</p><p>○ É aquela sentença em que o juiz julga</p><p>improcedente a pretensão acusatória do MP</p><p>ou querelante.</p><p>○ Sentença absolutória própria;</p><p>■ Juiz julga improcedente o pedido</p><p>condenatório do MP ou querelante.</p><p>■ Não implica em qualquer sanção ao</p><p>réu.</p><p>○ Sentença absolutória imprópria;</p><p>■ Juiz reconhece que fato é típico e</p><p>ilícito, mas réu é considerado</p><p>inimputável ou semi-imputável.</p><p>➢ Juiz decide então aplicar medida</p><p>de segurança;</p><p>■ Juiz não julga improcedente, mas</p><p>procedente. Ao mesmo tempo,</p><p>reconhece que o réu é inimputável ou</p><p>semi-imputável. Não podendo aplicar a</p><p>pena do tipo, aplica medida de</p><p>segurança;</p><p>■ A medida de segurança tem finalidade</p><p>preventiva, de impor tratamento para</p><p>aquela pessoa.</p><p>○ Sentença absolutória sumária;</p><p>■ Prevista nos arts. 397, do procedimento</p><p>ordinário, e 415, do júri, ambos do CPP.</p><p>■ Como regra, é feita sem produção de</p><p>provas.</p><p>➢ Juiz, de maneira sumária, no</p><p>início do processo, já reconhece</p><p>que é caso de absolvição.</p><p>130</p><p>→ Ex: inexistência do fato,</p><p>manifesta existência de</p><p>causa excludente de</p><p>ilicitude etc.</p><p>■ No júri, a sentença vem após a</p><p>audiência de instrução e julgamento</p><p>da 1ª fase.</p><p>■ No caso do art. 397, do procedimento</p><p>ordinário, do CPP, a decisão é tomada</p><p>antes da audiência de instrução e</p><p>julgamento, no início do procedimento.</p><p>○ Sentença absolutória anômala;</p><p>■ Nome trazido pela doutrina nas</p><p>hipóteses em que juiz concede o</p><p>perdão judicial;</p><p>➢ Ex: crime de homicídio culposo.</p><p>Juiz concede sentença</p><p>absolutória anômala, porque</p><p>reconhece fato típico, ilícito e</p><p>culpável, mas concede perdão</p><p>judicial, faculdade humanitária</p><p>para casos pontuais.</p><p>○ Fundamentos da sentença absolutória</p><p>■ Art. 386, CPP98: O juiz absolverá o réu,</p><p>mencionando a causa na parte</p><p>dispositiva, desde que reconheça:</p><p>➢ I - estar provada a inexistência do</p><p>fato;</p><p>98Artigo de leitura obrigatória;</p><p>131</p><p>→ Juiz reconheceu que está</p><p>provado que o fato não</p><p>ocorreu;</p><p>→ Juiz fundamenta com base</p><p>na certeza;</p><p>→ É importante, no caso da</p><p>ação civil ex delicto, ação</p><p>reparatória que decorre da</p><p>prática de crime. Se julgar</p><p>com certeza, vincula o juízo</p><p>cível. Este não pode</p><p>reconhecer de maneira</p><p>diferente.</p><p>➢ II - não haver prova da existência</p><p>do fato;</p><p>→ Julgamento de dúvida.</p><p>→ No juízo cível, pode haver</p><p>julgamento diverso.</p><p>➢ III - não constituir o fato infração</p><p>penal;</p><p>→ Juiz reconhece atipicidade</p><p>da conduta</p><p>→ Juiz fundamenta com base</p><p>na certeza</p><p>→ Não vincula o juízo cível,</p><p>pois apenas reconhece que</p><p>fato não é ilícito penal.</p><p>Pode ser ilícito na esfera</p><p>cível</p><p>➢ IV – estar provado que o réu não</p><p>concorreu para a infração penal;</p><p>132</p><p>(Redação dada pela Lei nº 11.690,</p><p>de 2008)</p><p>→ Juiz fundamenta com base</p><p>na certeza;</p><p>→ Réu não é o autor ou</p><p>partícipe do crime ;</p><p>➢ V – não existir prova de ter o réu</p><p>concorrido para a infração penal;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 11.690,</p><p>de 2008)</p><p>→ In dubio pro reo;</p><p>→ Julgamento de dúvida;</p><p>→ Não vincula juízo cível;</p><p>➢ VI – existirem circunstâncias que</p><p>excluam o crime ou isentem o</p><p>réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26</p><p>e § 1º do art. 28, todos do Código</p><p>Penal), ou mesmo se houver</p><p>fundada dúvida sobre sua</p><p>existência; (Redação dada</p><p>pela Lei nº 11.690, de 2008);</p><p>→ Excludente de ilicitude;</p><p>→ Isenção do réu.</p><p>↠ Lembrar da sentença</p><p>absolutória</p><p>imprópria, em que</p><p>juiz terá que</p><p>impor</p><p>medida de</p><p>segurança</p><p>133</p><p>➢ VII – não existir prova suficiente</p><p>para a condenação. (Incluído</p><p>pela Lei nº 11.690, de 2008)</p><p>→ Inciso mais amplo, que</p><p>consagra mais</p><p>amplamente o in dubio,</p><p>pro reo</p><p>➢ Parágrafo único. Na sentença</p><p>absolutória, o juiz: I - mandará, se</p><p>for o caso, pôr o réu em</p><p>liberdade; II – ordenará a</p><p>cessação das medidas cautelares</p><p>e provisoriamente aplicadas;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 11.690,</p><p>de 2008) III - aplicará medida de</p><p>segurança, se cabível.</p><p>○ Efeitos da sentença absolutória</p><p>■ O primeiro é colocação do réu em</p><p>liberdade, caso ele esteja preso;</p><p>■ Comum na prática haver sentença</p><p>absolutória que não culmina na efetiva</p><p>liberdade, pois réu pode estar preso</p><p>por outro motivo;</p><p>➢ Juiz coloca “ponha-se o réu em</p><p>liberdade se por outro motivo</p><p>não estiver preso”;</p><p>➢ Analisa-se a razão do réu estar</p><p>preso;</p><p>■ Efeitos secundários</p><p>134</p><p>➢ Restituição da fiança, art. 337,</p><p>CPP99;</p><p>➢ Levantamento de arresto;</p><p>➢ Cancelamento de hipoteca</p><p>judiciária;</p><p>➢ Impossibilidade de ajuizamento</p><p>de nova ação pelo mesmo fato;</p><p>● Sentença condenatória</p><p>○ Juiz julga procedente o pedido condenatório</p><p>feito pelo Ministério Público ou querelante;</p><p>○ A medida principal, como regra, é a</p><p>imposição da pena;</p><p>■ Há hipóteses em que há fato obstativo</p><p>para imposição de pena, como ocorre</p><p>no caso da prescrição;</p><p>○ É possível ao juiz, tendo o MP pedido a</p><p>absolvição do réu, condenar?</p><p>■ Art. 385, CPP100;</p><p>➢ O artigo é altamente criticado</p><p>pela doutrina101;</p><p>101Se cair em prova de concurso, vá pela letra da lei.</p><p>100Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o</p><p>Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora</p><p>nenhuma tenha sido alegada.</p><p>99Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absolvido</p><p>o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem</p><p>desconto, salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.</p><p>135</p><p>➢ Desde 1988, vivemos em um</p><p>sistema acusatório, em que a</p><p>acusação é de titularidade</p><p>exclusiva do MP, salvo nos casos</p><p>de ação penal privada;</p><p>➢ Se o MP não formula pleito</p><p>condenatório, ou ao final não</p><p>sustenta o pedido condenatório,</p><p>o juiz não poderia condenar,</p><p>estando vinculado à absolvição.</p><p>→ O juiz não poderia fazer as</p><p>vezes do MP;</p><p>➢ Sistema acusatório se baseia na</p><p>separação entre a acusação e</p><p>julgamento;</p><p>136</p><p>→ Juiz não pode congregar as</p><p>duas funções;</p><p>➢ Seria descompasso entre Código</p><p>de Processo Penal, de 1942, e a</p><p>Constituição Federal, de 1988</p><p>→ Não teria sido</p><p>recepcionado o artigo, para</p><p>boa parte da doutrina.</p><p>■ Sobre o tema, destaca-se os</p><p>posicionamentos dos Tribunais</p><p>Superiores;</p><p>Posicionamento STJ Posicionamento STF</p><p>O art. 385 do Código de Processo Penal é compatível com o</p><p>sistema acusatório e não foi tacitamente derrogado pelo</p><p>advento da Lei nº 13.964/2019, responsável por introduzir o</p><p>art. 3º-A no Código de Processo Penal.</p><p>Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir</p><p>sentença condenatória, ainda que o Ministério Público</p><p>tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer</p><p>agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.</p><p>STJ. 6ª Turma. REsp 2022413-PA, Rel. Min. Sebastião Reis</p><p>Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz,</p><p>julgado em 14/2/2023 (Info 765).</p><p>O art. 385 do Código de Processo Penal permite ao</p><p>juiz proferir sentença condenatória, embora o</p><p>Ministério Público tenha requerido a absolvição. Tal</p><p>norma, ainda que considerada constitucional, impõe</p><p>ao julgador que decidir pela condenação um ônus de</p><p>fundamentação elevado, para justificar a</p><p>excepcionalidade de decidir contra o titular da ação</p><p>penal. No caso concreto, contudo, as parcas provas</p><p>colhidas pela Procuradoria-Geral da República são</p><p>insuficientes para justificar a aplicação da norma</p><p>excepcional.</p><p>STF. 1ª Turma. Ap 976/PE, Rel. Min. Roberto Barroso,</p><p>DJe 13/4/2020.</p><p>É pacífico o entendimento desta Corte Superior, no sentido</p><p>de que o artigo 385 do CPP foi recepcionado pela</p><p>Constituição Federal de 1988, não havendo falar em</p><p>ilegalidade quanto ao posicionamento diverso da</p><p>manifestação ministerial, diante do fato de o Magistrado</p><p>gozar do princípio do livre convencimento motivado.</p><p>STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.850.925/SP, Rel. Min.</p><p>Ribeiro Dantas, DJe 22/10/2020.</p><p>É constitucional o art. 385 do CPP. Jurisprudência</p><p>desta Corte.</p><p>Agravo regimental desprovido.</p><p>STF. 2ª Turma. HC 185.633/SP, Rel. Min. Edson</p><p>Fachin, DJe 24/3/2021.</p><p>Nos termos do art. 385 do Código de Processo Penal, nos</p><p>crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença</p><p>condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado</p><p>pela absolvição.</p><p>O artigo 385 do Código de Processo Penal foi recepcionado</p><p>Sobre o tema, veja como já foi cobrado em prova:</p><p>(Fundep/DPE/MG/Defensor/2019) Nos termos da lei</p><p>processual penal, em razão do princípio da</p><p>indisponibilidade da ação penal de iniciativa pública,</p><p>137</p><p>pela Constituição Federal.</p><p>STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 605.748/PI, Rel. Min. Nefi</p><p>Cordeiro, DJe 27/11/2020.</p><p>ainda que o promotor de justiça tenha sugerido a</p><p>absolvição nas alegações finais, o juiz poderá proferir</p><p>sentença condenatória. (certo)</p><p>○ Fixação da pena</p><p>■ É o que notabiliza a sentença</p><p>condenatória;</p><p>■ É exigência constitucional, art. 5º,</p><p>XLVI102</p><p>➢ A pena deve ser individualizada;</p><p>■ Juiz segue o critério trifásico, ou critério</p><p>Nelson Hungria, do art. 68, do Código</p><p>Penal (CP).</p><p>➢ Juiz fixa a pena base, com base</p><p>nas circunstâncias judiciais</p><p>previstas no art. 59, CP;</p><p>➢ Na fase intermediária, verifica-se</p><p>as circunstâncias agravantes e</p><p>atenuantes do art. 61 ao 66, CP.</p><p>➢ Por fim, verifica-se as</p><p>circunstâncias majorantes ou</p><p>minorantes, causas de aumento</p><p>ou diminuição, previstas tanto na</p><p>parte geral, quanto na parte</p><p>especial do código.</p><p>→ Essa última fase é a única</p><p>na qual a pena imposta</p><p>102XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:</p><p>a) privação ou restrição da liberdade;</p><p>b) perda de bens;</p><p>c)multa;</p><p>d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos;</p><p>138</p><p>pode ser inferior ao</p><p>mínimo legal ou superior.</p><p>○ Imposição de regime prisional de</p><p>cumprimento de pena</p><p>■ o juiz fixa, com base no art. 33, CP, o</p><p>regime inicial de cumprimento de</p><p>pena, o qual pode ser:</p><p>➢ Aberto;</p><p>➢ Semi aberto;</p><p>➢ Fechado;</p><p>○ Imposição de prisão preventiva</p><p>■ Art. 387, § 1º, CPP103;</p><p>➢ Este artigo é o fundamento da</p><p>sentença condenatória.</p><p>○ Detração</p><p>■ A Lei 12.736/2012 alterou o CPP para</p><p>trazer a possibilidade de detração</p><p>penal.</p><p>■ Conceito de detração</p><p>➢ É o desconto do tempo de prisão</p><p>cautelar do tempo de prisão</p><p>penal, ou do tempo de</p><p>internação provisória do tempo</p><p>de internação da medida de</p><p>segurança aplicada, sendo</p><p>prevista no art. 42, CP.</p><p>■ Antes da Lei 12.736/2012, a competência</p><p>para fazer a detração era exclusiva do</p><p>juízo da execução.</p><p>103§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de</p><p>prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier</p><p>a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012).</p><p>139</p><p>➢ Sobre o assunto, é necessário</p><p>realizar a leitura do art. 66 da LEP.</p><p>■ Após a citada lei, passou a ser prevista</p><p>no art. 387, § 2º, CPP104, cuja</p><p>competência para a realização da</p><p>detração passou a ser, também, do</p><p>juízo do processo de conhecimento.</p><p>➢ Ex: O réu ficou preso 3 anos preso</p><p>ao longo do processo. Juiz</p><p>sentenciou a 8 anos de prisão.</p><p>Nesse momento, faz o</p><p>abatimento daquela nesta, o que</p><p>se dá o nome de detração.</p><p>○ Efeitos da sentença condenatória</p><p>■ Efeitos penais</p><p>➢ São aqueles com conteúdo de</p><p>sanção;</p><p>➢ Efeito penal primário</p><p>→ É a pena, seja privativa de</p><p>liberdade, seja restritiva de</p><p>direitos ou de multa, sendo</p><p>vedadas penas desumanas,</p><p>degradantes, de caráter</p><p>perpétuo e de banimento,</p><p>como se extrai da</p><p>Constituição Federal.</p><p>→ Inclusão do nome do réu</p><p>no rol de culpados</p><p>104§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão</p><p>da</p><p>carta3.</p><p>3O termo final da suspensão do prazo prescricional pela expedição de carta rogatória para citação do</p><p>acusado no exterior é a data da efetivação da comunicação processual no estrangeiro, ainda que</p><p>haja demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos autos.</p><p>2Art. 368 do CPP: Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta</p><p>rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento</p><p>10</p><p>↠ Ex: sujeito é citado no</p><p>Paraguai no dia 10/01,</p><p>processo suspenso</p><p>até então. A carta</p><p>rogatória só retornou</p><p>em abril. Quando</p><p>voltou a correr o</p><p>prazo prescricional?</p><p>No dia 10/01, isto é, do</p><p>efetivo</p><p>cumprimento. Ônus</p><p>do juízo e da</p><p>acusação para</p><p>conhecer da</p><p>diligência.</p><p>➢ Citação do militar</p><p>→ Réu militar é citado por</p><p>meio do seu superior</p><p>direto, chefe de serviço;</p><p>→ Art. 358, CPP4;</p><p>➢ Citação do funcionário público</p><p>4Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço.</p><p>STJ. 5ª Turma. REsp 1.882.330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/04/2021 (Info 691)</p><p>A SOLUÇÃO ADOTADA PELO STJ TAMBÉM É DEFENDIDA POR RENATO BRASILEIRO:</p><p>“Estando o acusado em local certo no estrangeiro, sua citação será feita mediante carta rogatória,</p><p>permanecendo suspenso o curso da prescrição enquanto não houver seu cumprimento. Mas até</p><p>quando deve permanecer suspenso o prazo prescricional? A nosso ver, a fluência do lapso</p><p>prescricional possui como dies a quo não a data em que os autos da carta rogatória derem entrada</p><p>no cartório, mas sim aquela em que se der o efetivo cumprimento no juízo rogado. Nessa linha, é</p><p>sempre bom lembrar que, ‘no processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da</p><p>juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem’ (Súmula 710 do STF).”</p><p>(LIMA Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed., Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1373)</p><p>11</p><p>→ Citado mediante</p><p>notificação ao chefe de sua</p><p>repartição;</p><p>→ Feito somente se estiver</p><p>em serviço, notificando ele</p><p>e seu chefe;</p><p>→ Art. 359, CPP5;</p><p>➢ Citação do réu preso</p><p>→ É necessariamente feita</p><p>pessoalmente, art. 360,</p><p>CPP6;</p><p>→ Citação por edital só é</p><p>realizada quando o réu</p><p>está em local incerto ou</p><p>não sabido;</p><p>↠ Réu preso está em</p><p>local certo e sabido,</p><p>isto é, onde cumpre a</p><p>pena.</p><p>→ Na prática processual, é</p><p>comum a citação por edital</p><p>de preso, com suspensão</p><p>do processo;</p><p>→ Súmula 3517 do STF;</p><p>→ O STF contemporizou a</p><p>situação de forma a</p><p>garantir a validade de</p><p>7Súmula 351 do STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em</p><p>que o juiz exerce a sua jurisdição.</p><p>6Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.</p><p>5Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado,</p><p>será notificado, assim como ao chefe de sua repartição.</p><p>12</p><p>eventuais citações de réu</p><p>preso. A única hipótese de</p><p>nulidade é caso haja</p><p>citação por edital e o</p><p>sujeito se encontre preso</p><p>na circunscrição do juiz.</p><p>→ Assim, o réu preso deve ser</p><p>citado pessoalmente, pela</p><p>disposição legal. Se houver</p><p>citação por edital, aplica-se</p><p>a súmula 351. Apenas será</p><p>nula a citação se o sujeito</p><p>se encontrar preso na</p><p>circunscrição do juiz..</p><p>○ A segunda modalidade de citação real é a</p><p>citação por hora certa</p><p>■ Modalidade que vem do processo civil,</p><p>sendo incorporada no Código de</p><p>Processo Penal.</p><p>■ Nela, nada mais se tem que citação por</p><p>mandado em que o réu se oculta para</p><p>não ser citado. Há indícios evidentes de</p><p>que se oculta para não ser citado;</p><p>➢ Ex: vizinho testemunha que ele</p><p>acabou de sair;</p><p>■ Há procedimento no art. 362, CPP8</p><p>➢ Ao final, o réu será considerado</p><p>validamente citado, como se a</p><p>citação real o fosse.</p><p>8Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a</p><p>ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no</p><p>5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>13</p><p>➢ O CPC mudou, e hoje a citação</p><p>por hora certa se encontra nos</p><p>art. 252 a 254.9</p><p>● Citação ficta (presumida)</p><p>○ O que se tem é uma situação fictícia, prevista</p><p>pela legislação.</p><p>■ Ocorre quando o acusado não é</p><p>encontrado para ser comunicado</p><p>pessoalmente da instauração do</p><p>processo.</p><p>■ Presume-se que o réu tomou</p><p>conhecimento, mas sabe-se que ele</p><p>não tomou.</p><p>9Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu</p><p>domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer</p><p>pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de</p><p>efetuar a citação, na hora que designar.</p><p>Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida</p><p>a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de</p><p>correspondência.</p><p>Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho,</p><p>comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.</p><p>§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da</p><p>ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção</p><p>ou subseção judiciárias.</p><p>§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver</p><p>sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a</p><p>receber o mandado.</p><p>§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou</p><p>vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.</p><p>§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador</p><p>especial se houver revelia.</p><p>Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado</p><p>ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta,</p><p>telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.</p><p>14</p><p>➢ Se forem cumpridos</p><p>determinados requisitos, a lei</p><p>autoriza que a marcha</p><p>processual siga em frente.</p><p>○ Citação por edital é a grande modalidade da</p><p>citação ficta.;</p><p>■ Citação em que réu está em local</p><p>incerto ou não sabido;</p><p>■ Juiz determina expedição de edital por</p><p>prazo determinado. O Edital é</p><p>publicado no diário de justiça ou</p><p>afixado no prédio do fórum.</p><p>➢ Com isso, presume-se que réu</p><p>tomou conhecimento dos atos</p><p>do processo;</p><p>■ Consequências da citação por edital</p><p>➢ Se o réu comparecer,</p><p>pessoalmente ou por seu</p><p>advogado, o processo terá</p><p>andamento.</p><p>→ Abre-se prazo para</p><p>resposta à acusação.</p><p>➢ Se o réu não comparecer nem</p><p>nomear advogado constituído,</p><p>aplica-se o art. 366, do CPP10.</p><p>→ O objetivo do art. 366 é</p><p>garantir que o acusado que</p><p>10Art. 366 do CPP: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão</p><p>suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção</p><p>antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos</p><p>do disposto no art. 312.</p><p>15</p><p>não foi pessoalmente</p><p>citado não seja julgado à</p><p>revelia11.</p><p>→ Enquanto o réu não for</p><p>localizado, o curso</p><p>processual não pode ser</p><p>retomado.</p><p>→ Salvo para:</p><p>↠ Produção antecipada</p><p>de provas</p><p>consideradas</p><p>urgentes12; ou</p><p>↠ Prisão preventiva.</p><p>↠ Ambas</p><p>determinadas de</p><p>forma</p><p>concretamente</p><p>fundamentada, visto</p><p>que se presume que</p><p>o réu não tomou</p><p>conhecimento do</p><p>processo.</p><p>→ E por quanto tempo o</p><p>processo e o prazo</p><p>12Súmula 455-STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo</p><p>366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso</p><p>do tempo.</p><p>11O art. 366 do CPP estabelece que se o acusado for citado por edital e não comparecer ao processo</p><p>nem constituir advogado o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.</p><p>Enquanto o réu não for localizado, o curso processual não pode</p><p>administrativa ou de internação, no Brasil ou no</p><p>estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de</p><p>liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012)</p><p>140</p><p>também é efeito penal</p><p>primário105;</p><p>➢ Efeito penal secundário</p><p>→ Reincidência: é uma</p><p>restrição que enseja</p><p>diversas consequências</p><p>prejudiciais ao réu;</p><p>↠ Ex: réu reincidente</p><p>não pode obter</p><p>substituição da pena</p><p>privativa de</p><p>liberdade por</p><p>restritiva de direitos</p><p>e, a existência de</p><p>reincidência, poderá</p><p>ensejar a fixação de</p><p>um regime inicial de</p><p>pena mais gravoso</p><p>do que é previsto</p><p>para a pena fixada</p><p>para o acusado.</p><p>→ STJ define que para fins de</p><p>reincidência, deve-se ser o</p><p>fato anterior ao</p><p>cometimento do crime,</p><p>105Rol de culpados era previsto em livros cartorários, que ficavam nas varas, sendo o local em que se</p><p>anotava o nome do réu. Tal conduta configurava constrangimento.</p><p>O artigo foi revogado (art. 393, CPP) e boa parte da doutrina entendia inconstitucional, por violar a</p><p>presunção de inocência, pois era incluído antes do trânsito em julgado.</p><p>Hoje, alguns incluem após a sentença, outros após o trânsito em julgado. Entende-se que a inclusão</p><p>só pode ser feita após o trânsito em julgado.</p><p>141</p><p>com trânsito em julgado</p><p>anterior ao cometimento</p><p>do crime, dentro do</p><p>período depurador de 5</p><p>(cinco) anos;</p><p>↠ Não estando</p><p>presente diante</p><p>desses requisitos,</p><p>estar-se-á diante de</p><p>maus antecedentes e</p><p>não de reincidência.</p><p>■ Efeitos extrapenais</p><p>➢ Efeitos sancionadores ao réu, em</p><p>outras áreas;</p><p>➢ Art. 91, CP106 prevê efeitos</p><p>extrapenais obrigatórios</p><p>genéricos;</p><p>➢ Inciso I - obrigação de indenizar</p><p>→ Hoje, o art. 387, IV, CPP107,</p><p>determina que na</p><p>sentença condenatória, o</p><p>juiz fixe o quantum</p><p>mínimo indenizatório,</p><p>desde que haja pedido da</p><p>acusação;</p><p>107Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:</p><p>IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos</p><p>sofridos pelo ofendido;</p><p>106Art. 91 - São efeitos da condenação:</p><p>I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;</p><p>II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:</p><p>a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou</p><p>detenção constitua fato ilícito;</p><p>b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente</p><p>com a prática do fato criminoso.</p><p>142</p><p>▪ O pedido de</p><p>indenização do art.</p><p>387, V, do CPP</p><p>precisa ser</p><p>formulado na</p><p>denúncia; se isso não</p><p>constou na denúncia,</p><p>não é possível o seu</p><p>deferimento, mesmo</p><p>que a assistente de</p><p>acusação tenha</p><p>pedido a indenização</p><p>no requerimento de</p><p>habilitação nos</p><p>autos108</p><p>▪ Não é necessária</p><p>instrução específica</p><p>para fixar o valor</p><p>mínimo de reparação</p><p>dos danos (art. 387,</p><p>IV, do CPP) quando</p><p>se trata de dano</p><p>moral presumido (in</p><p>re ipsa); por outro</p><p>lado, é indispensável</p><p>108 O pedido de fixação do valor mínimo indenizatório, na forma do art. 387, V, do CPP, formulado</p><p>pelo assistente de acusação não supre a necessidade de que a pretensão conste da denúncia.</p><p>No caso concreto, a assistente, muito embora a assistente de acusação tenha ingressado com</p><p>pedido de habilitação como assistente de acusação, em que constou pleito expresso de reparação</p><p>do dano no valor mínimomencionado, o pleito não foi formulado na exordial acusatória.</p><p>STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1.797.301-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em</p><p>12/3/2024 (Info 805)</p><p>143</p><p>que a acusação</p><p>indique, na denúncia</p><p>ou queixa, qual é o</p><p>valor pretendido109.</p><p>▪ É inviável fixar, na</p><p>esfera penal,</p><p>indenização mínima</p><p>a título de danos</p><p>morais, sem que</p><p>tenha havido a</p><p>efetiva comprovação</p><p>do abalo à honra</p><p>objetiva da pessoa</p><p>jurídica.</p><p>▪ A sentença ou</p><p>acórdão penal</p><p>condenatório, ao fixar</p><p>o valor mínimo para</p><p>reparação dos danos</p><p>causados pela</p><p>infração (art. 387, IV,</p><p>do CPP) poderá</p><p>condenar o réu ao</p><p>pagamento de danos</p><p>morais coletivos.110</p><p>110 O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo penal, a</p><p>pagar danos morais coletivos.</p><p>109 Em situações envolvendo dano moral presumido (in reipsa), a definição de um valor mínimo para</p><p>a reparação dos danos:</p><p>(i) não exige instrução probatória específica,</p><p>(ii) mas requer um pedido expresso e</p><p>(iii) a indicação do valor pretendido pela acusação na denúncia.</p><p>STJ. 3ª Seção. REsp 1.986.672-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 8/11/2023 (Info 16 – Edição</p><p>Extraordinária).</p><p>144</p><p>→ Evita discussões mais</p><p>graves no juízo cível, acerca</p><p>da indenização;</p><p>→ Juiz criminal tem contato</p><p>mais próximo com os fatos,</p><p>com melhores condições</p><p>para avaliar, ao menos, o</p><p>mínimo indenizatório.</p><p>➢ Inciso II</p><p>→ Ex: crime de porte de arma,</p><p>roubo com armamento.</p><p>→ Bens perdidos em favor da</p><p>União;</p><p>→ Se agente aufere bem, será</p><p>perdido em favor da União,</p><p>desde que não prejudique</p><p>direito da vítima ou terceiro</p><p>de boa fé;</p><p>➢ Art. 92, CP111 e, em outras normas,</p><p>há efeitos extrapenais</p><p>específicos;</p><p>111Art. 92 - São também efeitos da condenação:</p><p>I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:</p><p>a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes</p><p>praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;</p><p>b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais</p><p>casos.</p><p>II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos</p><p>sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar,</p><p>contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;</p><p>III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado comomeio para a prática de crime doloso.</p><p>Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser</p><p>motivadamente declarados na sentença.</p><p>O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da responsabilidade, o dano moral não apenas na esfera</p><p>individual como também na coletiva, conforme previsto no inciso X do art. 5º da Constituição Federal</p><p>e no art. 186 do Código Civil. Destaque-se ainda a previsão do inciso VIII do art. 1º da Lei nº 7.347/85</p><p>(Lei de Ação Civil Pública).</p><p>STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981).</p><p>145</p><p>→ Juiz deve decretar</p><p>expressamente os efeitos</p><p>extrapenais específicos</p><p>para serem aplicados;</p><p>● Sentença deve ser publicada</p><p>○ Juiz, sempre que exara sentença, deve</p><p>publicar a sentença;</p><p>○ Tem-se o esgotamento da jurisdição, com</p><p>isso, não poderá rever a sentença, salvo</p><p>hipótese de erros materiais superficiais.</p><p>■ A sentença poderá ser modificada por</p><p>recurso, como no caso dos Embargos</p><p>de Declaração e do recurso em sentido</p><p>estrito, que possui efeito regressivo.</p><p>● Princípio da congruência ou da correlação entre</p><p>a acusação e sentença</p><p>○ Conceito</p><p>■ A sentença deve guardar plena</p><p>consonância com o fato delituoso</p><p>descrito na inicial acusatória, não</p><p>podendo dele se afastar, sendo vedado</p><p>ao juiz proferir decisão extra petita ou</p><p>ultra petita, sob pena de</p><p>reconhecimento de nulidade absoluta,</p><p>em razão de afronta aos princípios da</p><p>ampla defesa, do contraditório, do</p><p>devido processo legal e do próprio</p><p>sistema acusatório.</p><p>■ Juiz não pode inovar, julgar fora ou</p><p>além do pedido feito;</p><p>146</p><p>➢ Exemplo de julgamento extra</p><p>petita (fora do pedido):</p><p>→ Reconhecimento da</p><p>prática de crime, cuja</p><p>descrição fática não conste</p><p>da peça acusatória;</p><p>➢ Exemplo de julgamento ultra</p><p>petita (além do pedido):</p><p>→ Reconhecimento de</p><p>qualificadora não</p><p>imputada ao acusado.</p><p>○ Eventual violação da correlação gera</p><p>nulidade absoluta</p><p>■ Ex: MP apresenta acusação por crime</p><p>de roubo e, crime conexo, coação no</p><p>curso do processo. Juiz não pode</p><p>reconhecer outros crimes conexos que</p><p>não o de coação no curso do processo.</p><p>○ Exceções à congruência</p><p>■ Emendatio libelli;</p><p>■ Mutatio libelli;</p><p>iv. Emendatio libelli</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Art. 383, caput, e 418 do CPP112.</p><p>● O Ministério Público descreve um fato,</p><p>elemento</p><p>essencial da peça acusatória, conforme previsão do</p><p>art. 41, CPP, e faz a capitulação do fato;</p><p>112Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá</p><p>atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais</p><p>grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de</p><p>suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído</p><p>pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.</p><p>(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>147</p><p>○ O juiz, no momento da sentença, semmudar</p><p>a descrição do fato, altera a capitulação</p><p>jurídica;</p><p>○ Ex: uma pessoa arranca cordão de outra na</p><p>rua, a fim de subtraí-lo. O MP denuncia por</p><p>roubo, juiz reconhece o furto, pela violência</p><p>ter sido direcionada à coisa, e não à pessoa.</p><p>○ Nesse caso, o juiz aplica a emendatio libelli.</p><p>● Requisitos</p><p>○ Não acrescenta nenhuma circunstância ou</p><p>elementar ao fato que já estava descrito na</p><p>peça acusatória.</p><p>○ É modificada a tipificação penal.</p><p>● Não está violando o princípio da congruência,</p><p>pelo CPP, pois não julga em desconformidade com</p><p>o apresentado pela acusação. O juiz está adstrito</p><p>aos fatos, não à capitulação que o MP atribuiu;</p><p>○ Sobre isso, destaca-se a máxima dessa</p><p>posição adotada pelo CPP: “o réu se defende</p><p>dos fatos, não da capitulação feita”;</p><p>○ Logo, se o juiz, na sentença, entender que é</p><p>caso de realizar a emendatio libelli, ele</p><p>poderá decidir diretamente, não sendo</p><p>necessário abrir vistas às partes.</p><p>○ Nesse sentido, destaca-se a jurisprudência:</p><p>■ O princípio da congruência preconiza</p><p>que o acusado defende-se dos fatos</p><p>descritos na denúncia e não da</p><p>capitulação jurídica nela estabelecida.</p><p>Assim, para que esse princípio seja</p><p>respeitado é necessário apenas que</p><p>148</p><p>haja a correlação entre o fato descrito</p><p>na peça acusatória e o fato pelo qual o</p><p>réu foi condenado, sendo irrelevante a</p><p>menção expressa na denúncia de</p><p>eventuais causas de aumento ou</p><p>diminuição de pena.</p><p>Ex: o MP ajuizou ação penal</p><p>contra o réu por sonegação fiscal</p><p>(art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90). Na</p><p>denúncia, o MP não pediu</p><p>expressamente que fosse</p><p>reconhecida a majorante do art.</p><p>12, I. Pediu-se apenas a</p><p>condenação do acusado pelo</p><p>crime do art. 1º, I. No entanto,</p><p>apesar disso, na exordial o</p><p>membro do MP narrou que o réu</p><p>sonegou tributos em montante</p><p>superior a R$ 4 milhões. O juiz,</p><p>na sentença, ao condenar o réu,</p><p>poderá reconhecer a incidência</p><p>da causa de aumento de pena</p><p>prevista no art. 12, I, porque o fato</p><p>que ela representa (vultosa</p><p>quantia sonegada que gera dano</p><p>à coletividade) foi narrado, apesar</p><p>de não haver menção expressa</p><p>ao dispositivo legal.</p><p>STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel.</p><p>Min. Ricardo Lewandowski,</p><p>julgado em 17/10/2017 (Info 882).</p><p>149</p><p>STF. 2ª Turma. HC 123733/AL, Rel.</p><p>Min. Gilmar Mendes, julgado em</p><p>16/9/2014 (Info 759).</p><p>● Se a capitulação diversa permitir a suspensão</p><p>condicional do processo, o juiz é obrigado a</p><p>propor a suspensão;</p><p>● Se a mudança de capitulação gerar alteração na</p><p>competência, de modo relativo, os autos</p><p>permanecerão com o mesmo juízo;</p><p>○ Princípio da identidade física: o juiz que</p><p>participou da audiência está vinculado para</p><p>emitir sentença;</p><p>○ Na hipótese de alteração de competência,</p><p>de forma absoluta, os autos deverão ser</p><p>remetidos ao juízo competente.</p><p>● Momento processual em que deve ser realizada</p><p>a emendatio libelli</p><p>○ Na prolação da sentença, sendo passível de</p><p>recurso pelas partes.113</p><p>■ Sobre o tema, destaca-se o</p><p>posicionamento majoritário do STF e</p><p>do STJ:</p><p>113 Em caso de emendatio libelli é desnecessário o aditamento à denúncia: É lícito ao juiz alterar a</p><p>tipificação jurídica da conduta do réu no momento da sentença, semmodificar os fatos descritos na</p><p>denúncia, conforme a inteligência do art. 383 do CPP (emendatio libelli), sendo despicienda a</p><p>abertura de prazo para aditamento, o que se exige na mutatio libelili do art. 384 do CPP.</p><p>Não constitui ofensa ao princípio da correlação entre a denúncia e a sentença condenatória o ato de</p><p>magistrado singular, nos termos do art. 383 do CPP, atribuir aos fatos descritos na peça acusatória</p><p>definição jurídica diversa daquela proposta pelo órgão da acusação.</p><p>STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 770256-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022 (Info 761).</p><p>150</p><p>■ Destaca-se, contudo, posicionamento</p><p>excepcional que permite a correção do</p><p>enquadramento típico logo no ato de</p><p>recebimento da denúncia ou queixa,</p><p>em dois casos:</p><p>➢ Para beneficiar o réu; OU</p><p>➢ Para permitir a correta fixação da</p><p>competência ou do</p><p>procedimento a ser adotado.</p><p>151</p><p>➔ Como o tema caiu em provas?</p><p>◆ (2023 - CEBRASPE - JUIZ TJDFT) -</p><p>Excepcionalmente, admite-se</p><p>que a emendatio libelli se dê no</p><p>recebimento da denúncia na</p><p>hipótese em que a inadequada</p><p>subsunção típica macular o</p><p>adequado procedimento.</p><p>Gabarito: Certo.</p><p>● Emendatio libelli em 2º grau de jurisdição</p><p>○ É possível que o tribunal, no julgamento de</p><p>um recurso contra sentença, faça emendatio</p><p>libelli, desde que não ocorra reformatio in</p><p>pejus (STJ HC 87984/SC).</p><p>● Há críticas por parte da doutrina (prof. Geraldo</p><p>Prado) em relação à emendatio libelli.</p><p>○ Amáxima de que “o réu se defende dos fatos,</p><p>não da capitulação feita” é falsa, pois a</p><p>capitulação orienta a competência, no rito,</p><p>na imposição de medidas cautelares (art. 313,</p><p>CPP, imposição de prisão nos crimes cuja</p><p>pena máxima seja superior a 4 anos).</p><p>○ Juiz não poderia fazer a emendatio libelli</p><p>sem dar vista ao MP para que readequasse a</p><p>peça acusatória.</p><p>v. Mutatio libelli</p><p>● Previsão normativa</p><p>152</p><p>○ Art. 384, CPP114;</p><p>● Definição</p><p>○ O juiz, após a instrução, reconhece</p><p>capitulação jurídica diferente em virtude de</p><p>elemento que surgiu no curso do processo e</p><p>que mudou a descrição fática.</p><p>■ Há inovação empírica no processo que</p><p>enseja nova capitulação.</p><p>■ Exemplo: O MP narrou, na denúncia,</p><p>que o réu praticou furto simples (art.</p><p>155, caput, do CP). Durante a instrução,</p><p>os depoimentos revelaram que o</p><p>acusado utilizou-se de uma chave falsa</p><p>para entrar na coisa furtada. Com base</p><p>nessa nova elementar, que surgiu em</p><p>consequência de prova trazida durante</p><p>a instrução, verifica-se que é cabível</p><p>uma nova definição jurídica do fato,</p><p>mudando o crime de furto simples</p><p>para furto qualificado (art. 155, § 4º, III,</p><p>do CP).</p><p>○ A prova pode ser referente à elementar ou à</p><p>circunstância não contida na peça acusatória.</p><p>114Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em</p><p>conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não</p><p>contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco)</p><p>dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se</p><p>a termo o aditamento, quando feito oralmente.</p><p>§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.</p><p>§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a</p><p>requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com</p><p>inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.</p><p>§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.</p><p>§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco)</p><p>dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.</p><p>§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.</p><p>153</p><p>■ Elementares: são dados essenciais da</p><p>figura típica, cuja ausência pode</p><p>produzir uma atipicidade absoluta ou</p><p>relativa.</p><p>➢ Ex.: em caso de furto ou de</p><p>roubo, a violência contra a</p><p>pessoa, em um crime</p><p>patrimonial, é elementar do</p><p>crime de roubo.</p><p>■ Circunstâncias: são dados periféricos</p><p>da figura típica, que gravitam ao redor</p><p>do tipo penal. Elas não interferem no</p><p>crime, mas apenas na pena.</p><p>○ Questão: Sempre que houver uma elementar</p><p>ou uma circunstância nova, será necessário</p><p>fazer amutatio libelli?</p><p>■ Cuidado com as circunstâncias.</p><p>Conforme visto, o art. 385 do CPP</p><p>autoriza, nos crimes de ação penal</p><p>pública, o reconhecimento de</p><p>agravantes de ofício.</p><p>➢ Para muitos doutrinadores, tal</p><p>possibilidade é uma aberração.</p><p>➢ Entretanto, os tribunais</p><p>superiores confirmam a validade</p><p>do dispositivo.</p><p>➢ Assim sendo, se as agravantes</p><p>podem ser reconhecidas de</p><p>ofício, em tese, não é necessário</p><p>aditar a denúncia para incluí-las.</p><p>154</p><p>→ Em suma: quando as</p><p>circunstâncias forem</p><p>agravantes, elas não</p><p>precisarão ser objeto de</p><p>aditamento.</p><p>○ Fato novo não se confunde com fato diverso</p><p>■ Fato novo:</p><p>➢ Quando os elementos de seu</p><p>núcleo essencial constituem</p><p>acontecimento criminoso</p><p>inteiramente diferente daquele</p><p>resultante dos elementos do</p><p>núcleo essencial da imputação,</p><p>ou seja, o fato novo não se</p><p>agrega àquele inicialmente</p><p>imputado, mas o substitui por</p><p>completo.</p><p>➢ Quando ocorrer fato novo, não</p><p>haverá mutatio libelli, isso</p><p>porque o fato novo não guarda</p><p>qualquer relação com o fato</p><p>inicialmente imputado ao</p><p>acusado.</p><p>■ Fato diverso:</p><p>➢ Quando os elementos de seu</p><p>núcleo essencial correspondem</p><p>parcialmente aos do fato da</p><p>imputação, porém com o</p><p>acréscimo de algum elemento</p><p>que o modifique.</p><p>● Requisitos</p><p>155</p><p>○ É acrescentada alguma circunstância ou</p><p>elementar que não estava descrita</p><p>originalmente na peça acusatória e cuja</p><p>prova surgiu durante a instrução.</p><p>○ É modificada a tipificação penal.</p><p>● Necessidade de aditamento</p><p>○ Diferentemente do procedimento anterior,</p><p>neste caso, é necessário que o juiz abra prazo</p><p>para o Ministério Público aditar a peça</p><p>acusatória e, consequentemente, seja</p><p>ofertado prazo para defesa e instrução</p><p>probatória sobre os novos fatos.</p><p>■ Trata-se de modalidade de hipótese de</p><p>aditamento provocado;</p><p>■ E se MP não aditar? Juiz irá mandar ao</p><p>Procurador Geral de Justiça para</p><p>decidir se é ou não o caso de</p><p>aditamento;</p><p>➢ § 1º - Não procedendo o órgão do</p><p>Ministério Público ao</p><p>aditamento, aplica-se o art. 28</p><p>deste Código.</p><p>● É possível ocorrer mutatio libelli no 2º grau?</p><p>○ Majoritariamente, não.</p><p>○ Será caso de absolvição.</p><p>■ Faz-se necessário a revisão das provas e</p><p>uma nova instrução.</p><p>○ Súmula 453, do STF115.</p><p>115Súmula 453. Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de</p><p>Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de</p><p>circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.</p><p>156</p><p>● Quadro comparativo entre emendatio e mutatio</p><p>libelli</p><p>157</p><p>c. Nulidades</p><p>i. Introdução</p><p>● O tema das nulidades revela a necessidade de se</p><p>observar a formalidade no processo;</p><p>○ A forma com que atos são praticados é</p><p>fundamental para garantir segurança</p><p>jurídica.</p><p>■ A finalidade é a prestação jurisdicional;</p><p>○ Dualidade: formalidade e segurança jurídica</p><p>X finalidade e efetiva prestação jurisdicional;</p><p>ii. Espécies de atos quanto à regularidade</p><p>● Atos regulares</p><p>○ Atos praticados conforme a forma prevista</p><p>em lei;</p><p>■ Ex: denúncia que segue os requisitos</p><p>do art. 41, do CPP</p><p>● Atos irregulares</p><p>○ Atos praticados em desconformidade com a</p><p>forma prevista em lei;</p><p>○ Mera irregularidade</p><p>■ Irregularidades de menor importância</p><p>que não são capazes de gerar</p><p>invalidade do ato e do processo, sendo</p><p>tidos como válidos e eficazes.</p><p>➢ Ex: súmula 366 do STF116;</p><p>○ Atos nulos</p><p>■ Ante a inobservância do modelo típico</p><p>ou a ausência de requisito</p><p>indispensável para a prática do ato</p><p>processual, tais atos são passíveis de</p><p>116Súmula 366. Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não</p><p>transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.</p><p>158</p><p>decretação de ineficácia,</p><p>reconhecendo sua nulidade absoluta</p><p>ou relativa.</p><p>➢ Violam a regularidade processual</p><p>e são capazes de trazer prejuízo à</p><p>parte;</p><p>■ Nulidade absoluta</p><p>➢ As nulidades de natureza</p><p>absolutas atentam contra a</p><p>norma de interesse público,</p><p>sendo o prejuízo presumido;</p><p>➢ Não há possibilidade de</p><p>convalidação do ato e/ou</p><p>eventual alegação de preclusão.</p><p>➢ A única possibilidade de</p><p>convalidação é o trânsito em</p><p>julgado.</p><p>→ No processo civil, há, a</p><p>partir do trânsito em</p><p>julgado, a sanatória geral.</p><p>→ No processo penal, isso é</p><p>complicado, pois trata-se</p><p>de liberdade e valores mais</p><p>graves. Há entendimento</p><p>que nem mesmo com</p><p>trânsito em julgado as</p><p>nulidades absolutas se</p><p>convalidam.</p><p>→ OBS: em se tratando de</p><p>sentença condenatória ou</p><p>absolutória imprópria, a</p><p>159</p><p>nulidade absoluta pode ser</p><p>declarada, inclusive, após o</p><p>trânsito em julgado, quer</p><p>por meio de habeas</p><p>corpus, quer por meio de</p><p>revisão criminal.</p><p>➢ CPP, 564117 e seguintes, tentou</p><p>tipificar os atos nulos;</p><p>→ Inciso I - questões que</p><p>envolvem pessoa do juiz;</p><p>→ Inciso II - questões</p><p>atinentes à condição da</p><p>ação;</p><p>→ Inciso III - série de atos que</p><p>seguem formalidades.</p><p>↠ Enumeração não</p><p>taxativa</p><p>■ Nulidade relativa</p><p>➢ Atenta contra interesse particular</p><p>da parte;</p><p>➢ Se não for arguido por ela, há a</p><p>preclusão;</p><p>➢ É necessária a comprovação do</p><p>prejuízo. Se não houver tal</p><p>comprovação, a nulidade será</p><p>afastada e processo seguirá</p><p>válido.</p><p>117Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:</p><p>I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;</p><p>II - por ilegitimidade de parte;</p><p>III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:</p><p>(remetemos os alunos à leitura do dispositivo)</p><p>160</p><p>➢ Pas de nullité sans grief (não há</p><p>nulidade sem prejuízo). Aplica-se</p><p>ao processo penal somente em</p><p>relação às nulidades relativas.</p><p>○ Como se diferencia a nulidade relativa da</p><p>absoluta?</p><p>■ Rol do art. 564, segundo doutrina e</p><p>jurisprudência, há hipóteses em que</p><p>nulidade será absoluta, outras relativas</p><p>■ Grande parte das nulidades relativas se</p><p>refere à questão de ônus da prova/</p><p>questão probatória.</p><p>■ Casuística de nulidades relativas: a)</p><p>Oitiva de testemunha por carta</p><p>precatória; b) Reconhecimento de</p><p>pessoas; c) Indeferimento da</p><p>instauração de incidente de insanidade</p><p>mental; d) Inversão da ordem de oitiva</p><p>das testemunhas; e) Indeferimento de</p><p>provas inúteis, irrelevantes ou</p><p>procrastinatórias;</p><p>Hipóteses de nulidade absoluta Hipóteses de nulidade</p><p>relativa</p><p>Nulidades cominadas do art. 564 do</p><p>CPP, não ressalvadas no art. 572 do</p><p>mesmo diploma normativo.</p><p>Nulidades cominadas do art.</p><p>564 do CPP, ressalvadas no art.</p><p>572 do CPP.</p><p>■ Entre as hipóteses exemplificativas de</p><p>nulidade do art. 564, CPP, quais são de</p><p>natureza absoluta e quais são de</p><p>natureza relativa?</p><p>161</p><p>➢ Ao fazer uma leitura dos artigos</p><p>564 e 572, CPP, será possível</p><p>perceber que, ao se referir às</p><p>nulidades que estarão sanadas</p><p>em virtude do decurso do tempo,</p><p>o art. 572, I, CPP, faz menção</p><p>apenas às nulidades previstas no</p><p>art. 564, III, “d” e “e”, segunda</p><p>parte, “g” e “h”, e IV. Assim sendo,</p><p>se o art. 572 do CPP está dizendo</p><p>que tais nulidades serão sanadas</p><p>se não forem arguidas em tempo</p><p>oportuno, isso significa dizer que</p><p>tais nulidades são de natureza</p><p>relativa. Dessa forma, as demais</p><p>nulidades (que não foram</p><p>listadas) serão de natureza</p><p>absoluta.</p><p>● Atos inexistentes</p><p>○ Tem vício tão grave que sequer chega a</p><p>existir.</p><p>■ Ex: denúncia movida por particular.</p><p>○ No processo civil, alguns doutrinadores como</p><p>a prof. Teresa Celina de Arruda Alvim entende</p><p>que citação equivocada é causa de ato</p><p>inexistente.</p><p>■ Prevalece a posição de nulidade</p><p>absoluta.</p><p>iii. Princípios relevantes</p><p>● Princípio do prejuízo</p><p>162</p><p>○ É aquele que diz que os atos processuais</p><p>devem ser praticados de acordo com a</p><p>formalidade prevista em lei, como forma de</p><p>assegurar a segurança jurídica.</p><p>■ Eventual inobservância trata de mera</p><p>irregularidade, nulidade relativa,</p><p>nulidade absoluta e ato inexistente</p><p>● Princípio do pas de nullité sans grief</p><p>○ Art. 563, CPP</p><p>○ Necessidade de, para se proclamar uma</p><p>nulidade, se verificar um prejuízo</p><p>■ Nulidade absoluta não precisa de tal</p><p>demonstração</p><p>➢ Dificuldade em categorizar o que</p><p>é nulidade absoluta, o que é</p><p>relativa</p><p>● Princípio da instrumentalidade das formas</p><p>○ Forma em si não é sua finalidade, esta é a</p><p>prestação jurisdicional</p><p>■ Forma é meio</p><p>○ Em alguns casos, juízes e tribunais podem</p><p>passar por cima de nulidades se a finalidade</p><p>do ato for atingida. Salvo se houver nulidade</p><p>absoluta</p><p>● Princípio da causalidade</p><p>○ Ato nulo provoca invalidade sua e dos atos</p><p>que lhe são subsequentes.</p><p>iv. Jurisprudência</p><p>● Durante a apuração e o julgamento de crimes contra a</p><p>dignidade sexual é proibida a realização de menções,</p><p>163</p><p>questionamentos ou de argumentação sobre a vida</p><p>sexual pregressa da vítima e seu modo de vida.118</p><p>● MP não compareceu à audiência; juiz fez todas as</p><p>perguntas para as testemunhas de acusação; defesa</p><p>protestou durante o ato; sentença utilizou os</p><p>depoimentos para condenar; neste caso, deverá ser</p><p>reconhecida a nulidade da condenação.119</p><p>● Réu não foi citado pessoalmente por estar foragido; no</p><p>entanto, durante toda a instrução ele foi assistido por</p><p>advogado constituído; neste caso, não há nulidade 120</p><p>● Só há nulidade pela falta de cientificação do acusado</p><p>sobre o seu direito de permanecer em silêncio, em</p><p>120 Não há como reconhecer a nulidade por cerceamento de defesa no caso em que comprovado</p><p>que, a despeito de o paciente encontrar-se foragido desde a data dos fatos e de serem infrutíferas as</p><p>diversas tentativas de intimação pessoal do acusado, durante toda a instrução processual ele foi</p><p>devidamente assistido, tendo respondido a todos os atos processuais por meio de advogado</p><p>constituído, de modo que a finalidade da citação foi integralmente alcançada.</p><p>STJ. 6ª Turma.AgRg no HC 823.208-RJ, Rel. Min.Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 29/4/2024</p><p>(Info 814).</p><p>119 A ausência de membro do Ministério Público em audiência de instrução somado:</p><p>(I) ao protagonismo exercido por magistrado ao inquirir testemunhas;</p><p>(II) à demonstração do efetivo prejuízo suportado pela ré, em desrespeito ao disposto no art. 212,</p><p>parágrafo único, do CPP; e</p><p>(III) à ausência de preclusão em razão da arguição da matéria emmomento oportuno...</p><p>... enseja anulação do processo desde aquele ato de instrução.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 708.007-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/4/2023 (Info 13 – Edição</p><p>Extraordinária).</p><p>118 É inconstitucional a prática de desqualificar a mulher vítima de violência durante a instrução e o</p><p>julgamento de crimes contra a dignidade sexual e todos os crimes de violência contra a mulher, de</p><p>maneira que se proíbe eventual menção, inquirição ou fundamentação sobre a vida sexual pregressa</p><p>ou o modo de vida da vítima em audiências e decisões judiciais.</p><p>Na audiência de instrução e julgamento de crimes contra a dignidade sexual e de violência contra a</p><p>mulher, não é possível a invocação, pelas partes ou procuradores, de elementos referentes à vivência</p><p>sexual pregressa da vítima ou ao seu modo de vida, sob pena de nulidade do ato ou do julgamento.</p><p>Essa nulidade não será reconhecida se foi a própria quem invocou o modo de vida da vítima ou</p><p>questionou a sua vivência sexual pregressa com o objetivo de gerar nulidade. Isso porque o acusado</p><p>não pode se beneficiar da própria torpeza.</p><p>Na fixação da pena em crimes sexuais, o magistrado não pode valorar a vida sexual pregressa da</p><p>vítima ou seu modo de vida.</p><p>O magistrado tem o dever de impedir a prática de desqualificar a mulher vítima de violência durante</p><p>a instrução e o julgamento. Se não atuar para impedir essa prática, poderá sofrer responsabilização</p><p>civil, administrativa e penal.</p><p>STF. Plenário. ADPF 1.107/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/05/2024 (Info 1138).</p><p>164</p><p>fase de inquérito policial, caso demonstrado o efetivo</p><p>prejuízo.121</p><p>4. Recursos</p><p>a. Teoria Geral dos Recursos</p><p>i. Introdução</p><p>● Definição de recursos</p><p>○ Recursos são meios impugnativos das</p><p>decisões judiciais que se caracterizam por</p><p>dois aspectos principais, quais sejam:</p><p>■ Recursos são endoprocessuais, isto é,</p><p>os recursos se dão dentro da relação</p><p>jurídica, sem criar uma relação nova,</p><p>estendendo a relação já existente e</p><p>afastando o trânsito em julgado para</p><p>momento posterior.</p><p>➢ Por isso se diferem das ações</p><p>autônomas de impugnação,</p><p>como Habeas Corpus e</p><p>Mandado de Segurança, que</p><p>criam nova relação jurídica.</p><p>■ Recursos seguem estrita previsão</p><p>legal, ou seja, devem observar o</p><p>princípio da tipicidade legal.</p><p>121 Caso hipotético: foi instaurado inquérito policial para apurar um homicídio.Rodrigo foi convocado</p><p>para depor na qualidade de testemunha.Em seu depoimento, ele disse que não sabia nada sobre o</p><p>crime, que estava próximo ao local, mas que não viu o homicídio.Posteriormente, outras</p><p>testemunhas apontaram que Rodrigo havia sido o autor do homicídio.</p><p>Ele foi denunciado.A defesa impetrou habeas corpus alegando nulidade tendo em vista que, ao ser</p><p>ouvido na polícia, Rodrigo não foi informado do seu direito de permanecer em silêncio.</p><p>O pedido não deve ser acolhido.</p><p>O reconhecimento de nulidades no curso do processo penal, seja absoluta ou relativa, exige que se</p><p>demonstre que houve efetivamente prejuízo à parte. Sem essa demonstração de prejuízo, a nulidade</p><p>não deve ser declarada prevalecendo o princípio da instrumentalidade das formas positivado no art.</p><p>563 do CPP.</p><p>No caso concreto, não houve prejuízo porque o réu, mesmo sem ser advertido de seu direito ao</p><p>silêncio, não declarou nada que lhe pudesse prejudicar. Ao contrário. Ele negou veementemente a</p><p>autoria do delito.</p><p>STJ. 5ª Turma.AgRg no HC 798.225-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/6/2023 (Info 791).</p><p>165</p><p>➢ Não estando previsto em lei,</p><p>trata-se de um sucedâneo</p><p>recursal, criado pela doutrina e</p><p>jurisprudência.</p><p>→ Exemplo: Pedido de</p><p>reconsideração.</p><p>↠ A parte pede a</p><p>reconsideração da</p><p>decisão proferida</p><p>pelo juiz, desde que</p><p>não seja uma decisão</p><p>que não admite</p><p>reforma posterior</p><p>como a sentença.</p><p>↠ Interposição</p><p>somente contra</p><p>decisão monocrática.</p><p>↠ Incabível em face de</p><p>acórdão122.</p><p>ii. Características dos recursos</p><p>● Obrigatoriedade</p><p>○ Recursos voluntários</p><p>■ É a regra, o que significa dizer que a</p><p>parte interpõe o recurso se quiser.</p><p>➢ Não há obrigatoriedade da</p><p>matéria ser revista.</p><p>○ Recursos obrigatórios</p><p>122É manifestamente incabível pedido de reconsideração em face de acórdão, bem como o seu</p><p>recebimento como embargos de declaração ante a inadmissibilidade da incidência do princípio da</p><p>fungibilidade recursal quando constatada a ocorrência de erro inescusável.</p><p>STJ. 4ª Turma. RCD no AgRg no HC 746.844-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 8/11/2022 (Info 760)</p><p>166</p><p>■ Denominados de recursos de ofício,</p><p>sendo hipóteses raras no processo civil</p><p>e penal.</p><p>➢ Decisão não produz efeitos de</p><p>imediato, sendo necessário que o</p><p>Tribunal reveja a decisão.</p><p>➢ No processo civil, tem-se o</p><p>reexame necessário nas matérias</p><p>atinentes à Fazenda Pública.</p><p>■ Hipóteses de recurso de ofício:</p><p>➢ Sentença que concede o Habeas</p><p>Corpus, previsto no art. 574, I,</p><p>CPP123;</p><p>→ Existindo uma concessão</p><p>de Habeas Corpus, pelo</p><p>juiz de 1º grau, esta deverá</p><p>ser analisada pelo Tribunal.</p><p>➢ Concessão da reabilitação, que é</p><p>aquela pedida após o prazo de 5</p><p>(cinco) anos da extinção da</p><p>punibilidade, para exclusão de</p><p>qualquer informação penal</p><p>atinente àquela pessoa;</p><p>→ Pedido depende de revisão</p><p>por parte do Tribunal.</p><p>➢ Arquivamento do Inquérito</p><p>Policial</p><p>123Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser</p><p>interpostos, de ofício, pelo juiz:</p><p>I - da sentença que conceder habeas corpus;</p><p>167</p><p>→ Em razão da legislação ser</p><p>antiga, esta exige o recurso</p><p>de ofício.</p><p>➢ Absolvição e arquivamento de</p><p>inquérito de crimes contra</p><p>economia popular e saúde</p><p>pública</p><p>→ Art. 7º da Lei 1.521/1951124</p><p>● Pressupostos</p><p>○ Pressupostos genéricos</p><p>■ Atinentes a todo e qualquer recurso;</p><p>○ Pressupostos específicos</p><p>■ Determinada hipótese recursal</p><p>depende de pressupostos que são</p><p>específicos.</p><p>➢ Exemplo: Recurso extraordinário</p><p>(RE) e especial (REsp). RE, além</p><p>do prequestionamento, depende</p><p>de repercussão geral, isto é, que</p><p>aquela</p><p>matéria não seja atinente</p><p>apenas àquela relação jurídica.</p><p>REsp deve preencher hipóteses</p><p>do art. 105, III, Constituição</p><p>Federal.</p><p>iii. Juízos acerca dos recursos</p><p>Interposto um recurso, podem ser feitos dois juízos.</p><p>● Juízo de admissibilidade ou prelibação</p><p>○ É análise acerca dos pressupostos do recurso;</p><p>124Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime</p><p>contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento</p><p>dos autos do respectivo inquérito policial.</p><p>168</p><p>■ Quando se fala em admissibilidade,</p><p>analisa-se se o recurso pode ou não ser</p><p>conhecido.</p><p>➢ Se não reúne os pressupostos e</p><p>requisitos, fala-se em recurso não</p><p>admitido ou não conhecido.</p><p>■ A admissibilidade é feita, em primeiro</p><p>lugar, pelo juízo de 1º grau e, em</p><p>seguida, pelo Tribunal.</p><p>➢ No processo civil, após o</p><p>CPC/2015, vemos uma tendência</p><p>de eliminar a etapa inicial de</p><p>admissibilidade no 1º grau.</p><p>Admissibilidade e mérito feitos</p><p>apenas no tribunal, juízo ad</p><p>quem (refere-se ao tribunal ou</p><p>órgão que irá analisar). Juízo a</p><p>quo (se refere ao juízo que</p><p>proferiu a decisão e tem ela</p><p>atacada).</p><p>○ O juiz e o próprio Tribunal, nesse primeiro</p><p>momento, não analisam o mérito, isto é, se</p><p>parte tem ou não razão, mas se o recurso tem</p><p>condições de ser analisado, preenchendo os</p><p>pressupostos, genéricos ou específicos,</p><p>previstos em lei.</p><p>○ Quais são os pressupostos?</p><p>■ Doutrina majoritária divide os</p><p>pressupostos em objetivos e subjetivos</p><p>■ Pressupostos Objetivos</p><p>169</p><p>➢ Não se referem às partes, mas a</p><p>questões objetivas.</p><p>1. Cabimento</p><p>➢ Cabimento é a recorribilidade da</p><p>decisão e a adequação do</p><p>recurso utilizado.</p><p>➢ Em primeiro lugar, analisa-se se</p><p>a decisão é recorrível;</p><p>➢ Em segundo lugar, analisa-se a</p><p>adequação do recurso previsto</p><p>em lei para aquela decisão;</p><p>→ Exemplo: Decisão</p><p>condenatória é recorrível</p><p>por excelência, pelo</p><p>princípio do duplo grau de</p><p>jurisdição (implicitamente</p><p>contido na Constituição</p><p>Federal). O recurso</p><p>adequado é a apelação,</p><p>prevista no art. 593, CPP.</p><p>➢ Princípio da Fungibilidade125</p><p>→ Previsão expressa no art.</p><p>579 do CPP.</p><p>→ É a aplicação do princípio</p><p>da instrumentalidade das</p><p>formas aos recursos.</p><p>↠ A forma é meio, e</p><p>não um fim em si</p><p>mesmo.</p><p>125Também chamado de “Teoria do Recurso Indiferente”; “Teoria do tanto vale”; “Princípio da</p><p>Permutabilidade dos Recursos”; “Princípio da Conversibilidade dos Recursos”.</p><p>170</p><p>→ A ideia é a de que a parte</p><p>recorrente não será</p><p>prejudicada se interpôs o</p><p>recurso errado, desde que</p><p>esteja de boa-fé, não tenha</p><p>sido um erro grosseiro e o</p><p>recurso incorreto tenha</p><p>sido manejado no prazo do</p><p>recurso certo.</p><p>→ Sendo assim, utilizando um</p><p>recurso equivocado, é</p><p>possível que ele seja</p><p>aceito?</p><p>→ Sim, observadas duas as</p><p>condições dadas pela</p><p>doutrina e jurisprudência126:</p><p>↠ 1ª Condição:</p><p>inexistência de</p><p>má-fé.</p><p>A parte deve</p><p>ter cometido</p><p>erro comum, e</p><p>não grosseiro.</p><p>Ex.: o juiz</p><p>recebe</p><p>denúncia do</p><p>126É possível a aplicação da fungibilidade no uso do recurso de apelação em detrimento do recurso</p><p>em sentido estrito, desde que demonstradas a ausência de má-fé e a tempestividade do</p><p>instrumento processual.</p><p>STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.011.577-GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em</p><p>27/9/2022 (Info Especial 10)</p><p>171</p><p>Ministério</p><p>Público,</p><p>contudo, a</p><p>parte perde</p><p>prazo e</p><p>promove</p><p>recurso de</p><p>apelação.</p><p>↠ 2ª Condição:</p><p>adequação do</p><p>recurso</p><p>equivocadamente</p><p>interposto ao</p><p>procedimento</p><p>correto.</p><p>O recurso deve</p><p>satisfazer as</p><p>condições</p><p>processuais do</p><p>recurso correto.</p><p>Existindo</p><p>supressão do</p><p>contraditório,</p><p>não é admitido</p><p>o</p><p>aproveitament</p><p>o do recurso.</p><p>No mesmo</p><p>sentido, se</p><p>houver</p><p>supressão de</p><p>172</p><p>etapas ou</p><p>garantias, não</p><p>é possível</p><p>aplicar o</p><p>princípio da</p><p>fungibilidade.</p><p>2. Tempestividade</p><p>➢ É a observância do prazo</p><p>processual. Cada recurso tem seu</p><p>prazo assinalado;</p><p>→ O Código de Processo Civil</p><p>unificou os prazos de</p><p>recurso em 15 (quinze) dias,</p><p>salvo os Embargos de</p><p>Declaração, que possuem o</p><p>prazo de 5 (cinco) dias.</p><p>→ No processo penal, há</p><p>miscelânea de prazos, isto</p><p>significa dizer que, para</p><p>cada recurso, há um prazo</p><p>específico.</p><p>↠ Exemplo: A apelação</p><p>possui o prazo de 5</p><p>(cinco) dias,</p><p>enquanto a carta</p><p>testemunhável</p><p>possui prazo de 48</p><p>horas.</p><p>173</p><p>➢ Os prazos recursais são</p><p>processuais, regidos pelo art. 798,</p><p>CPP127;</p><p>→ Prazos recursais são</p><p>contínuos, não se</p><p>interrompendo. Conta-se</p><p>excluindo o dia do início,</p><p>incluindo o dia do</p><p>término128. Em feriados e</p><p>finais de semana,</p><p>prorroga-se para dia útil</p><p>posterior.</p><p>→ Não se aplica o art. 219,</p><p>Código de Processo Civil129</p><p>ao processo penal, visto</p><p>que, conforme</p><p>entendimento do Superior</p><p>Tribunal de Justiça (STJ), o</p><p>artigo 798 do CPP é norma</p><p>especial frente àquele.</p><p>➢ Tratando-se de defensor</p><p>constituído, isto é, o advogado</p><p>129Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente</p><p>os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.</p><p>128Os prazos penais, por sua vez, conforme se extrai do art. 10 do Código Penal, contam-se incluindo o</p><p>dia do começo e excluindo o último dia de prazo, não sendo prorrogáveis ao primeiro dia útil</p><p>subsequente na hipótese de se finalizarem em dias não úteis,</p><p>127Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se</p><p>interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 1o Não se computará no prazo o dia do começo,</p><p>incluindo-se, porém, o do vencimento. § 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo</p><p>escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a</p><p>prova do dia em que começou a correr. § 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado</p><p>considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. § 4o Não correrão os prazos, se houver</p><p>impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária. § 5o Salvo os</p><p>casos expressos, os prazos correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a</p><p>decisão, se a ela estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência</p><p>inequívoca da sentença ou despacho.</p><p>174</p><p>particular, este é intimado pelo</p><p>Diário Oficial ou sistema de</p><p>correio eletrônico do tribunal.</p><p>➢ Defensor Público e Ministério</p><p>Público são sempre intimados</p><p>pessoalmente, sendo</p><p>prerrogativas previstas nas leis</p><p>das carreiras respectivas.</p><p>➢ Réu é intimado apenas de</p><p>determinadas decisões, como a</p><p>sentença. Caso esteja solto, é</p><p>intimado da sentença na pessoa</p><p>do seu advogado. Se estiver</p><p>preso, o réu deve ser intimado</p><p>pessoalmente.</p><p>→ Eventual irregularidade</p><p>dessa intimação gera</p><p>nulidade.</p><p>3. Preparo</p><p>➢ O preparo é o pagamento das</p><p>custas.</p><p>➢ No processo civil, há sistema de</p><p>custas, no qual a parte deve</p><p>efetuar o pagamento de custas</p><p>para ter o recurso conhecido,</p><p>salvo se beneficiária da justiça</p><p>gratuita.</p><p>➢ No processo penal, o assistente</p><p>de acusação e o querelante, na</p><p>ação penal privada, são os únicos</p><p>que pagam as custas.</p><p>175</p><p>→ Réu só paga custas ao final,</p><p>se for condenado.</p><p>■ Pressupostos subjetivos</p><p>➢ Tais pressupostos são atinentes</p><p>às partes.</p><p>1. Legitimidade recursal</p><p>➢ O recurso é a manifestação do</p><p>direito de ação em fase recursal.</p><p>➢ Como há necessidade de</p><p>legitimidade ad causam, isto é,</p><p>legitimidade de agir, para o</p><p>ajuizamento da ação, é preciso,</p><p>também, a legitimidade para</p><p>interposição de recurso.</p><p>➢ Previsão normativa: art. 577,</p><p>CPP130</p><p>→ Enumeração dos</p><p>legitimados.</p><p>→ A legitimidade é tanto do</p><p>réu quanto do advogado,</p><p>de forma separada. A</p><p>legitimidade é de ambos</p><p>para reconhecer a</p><p>plenitude do direito de</p><p>defesa em fase recursal;</p><p>↠ Se houver</p><p>discordância entre</p><p>réu e seu advogado</p><p>acerca do recurso, os</p><p>130Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu,</p><p>seu procurador ou seu defensor.</p><p>Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou</p><p>modificação da decisão.</p><p>176</p><p>tribunais</p><p>reconhecem que</p><p>deve ser privilegiado</p><p>o recurso.</p><p>➢ Assistente de acusação também</p><p>tem legitimidade recursal, mas é</p><p>restrita e subsidiária ou supletiva;</p><p>→ O assistente de acusação é</p><p>o ofendido, isto é, a vítima</p><p>do crime, ou seu</p><p>representante legal, na</p><p>ação penal de iniciativa</p><p>pública, que pede</p><p>admissão na etapa</p><p>postulatória e tem</p><p>admissão deferida pelo</p><p>juiz.</p><p>→ A atuação do assistente se</p><p>dá tanto para a questão</p><p>indenizatória, quanto para</p><p>auxiliar o Ministério Público</p><p>na persecução penal.</p><p>→ O assistente de acusação</p><p>tem legitimidade recursal</p><p>restrita, pois não vale para</p><p>todos os recursos, apenas</p><p>para apelação da sentença</p><p>de maneira geral, art. 598,</p><p>CPP131, para apelação da</p><p>131Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não</p><p>for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas</p><p>enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação,</p><p>que não terá, porém, efeito suspensivo.</p><p>177</p><p>decisão de impronúncia,</p><p>no procedimento do júri, e,</p><p>por fim, para o recurso em</p><p>sentido estrito face à</p><p>decisão que julgar extinta a</p><p>punibilidade pela</p><p>prescrição ou outra causa,</p><p>art. 584, § 1º132, c/c art. 598,</p><p>ambos do CPP.</p><p>→ Legitimidade recursal é</p><p>subsidiária ou supletiva,</p><p>uma vez que só terá</p><p>espaço quando Ministério</p><p>Público não recorrer. O</p><p>prazo do assistente</p><p>começa a contar com o</p><p>término do prazo do</p><p>Ministério Público.</p><p>2. Interesse em recorrer</p><p>➢ O interesse em recorrer é</p><p>denominado de sucumbência.</p><p>Somente terá interesse em</p><p>recorrer de determinada decisão,</p><p>a pessoa que tiver sucumbência</p><p>no caso.</p><p>→ Só tem interesse em</p><p>recorrer quem sucumbiu,</p><p>132Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de</p><p>livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.</p><p>§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á</p><p>o disposto nos arts. 596 e 598.</p><p>178</p><p>perdeu algo, ou não teve</p><p>algo analisado e admitido.</p><p>➢ É possível à defesa recorrer de</p><p>sentença absolutória?</p><p>→ Exemplo: Ministério</p><p>Público denunciou</p><p>determinada pessoa,</p><p>chegou ao final, e juiz a</p><p>absolveu</p><p>→ Sim, é possível, em duas</p><p>hipóteses: i) A fim de</p><p>modificar o fundamento da</p><p>absolvição. Como acontece</p><p>nos casos em que o juiz</p><p>absolve com base na</p><p>dúvida, esta decisão não</p><p>vincula o juízo cível,</p><p>diferentemente, da</p><p>absolvição de certeza. ii)</p><p>Nas hipóteses de</p><p>absolvição imprópria, na</p><p>qual o juiz reconhece</p><p>inimputabilidade e, ao</p><p>mesmo tempo, estabelece</p><p>medida de segurança.</p><p>➢ Assistente de acusação pode</p><p>recorrer da sentença para</p><p>aumentar a pena?</p><p>→ Quando o Código de</p><p>Processo Penal previu a</p><p>figura do assistente de</p><p>179</p><p>acusação, seu objetivo era</p><p>acelerar a discussão</p><p>indenizatória, para que esta</p><p>fosse realizada no próprio</p><p>processo penal.</p><p>→ Hoje, há uma evolução</p><p>desse pensamento de</p><p>forma a prestigiar a vítima</p><p>e sua palavra, no processo</p><p>penal. Há tendência de</p><p>admitir a participação do</p><p>assistente de acusação não</p><p>somente para alguém que</p><p>busca indenização, mas</p><p>que também possui</p><p>interesse persecutório.</p><p>→ Posição majoritária da</p><p>jurisprudência: há</p><p>tendência de admitir o</p><p>recurso do assistente de</p><p>acusação para aumentar a</p><p>pena.</p><p>v. Efeitos recursais</p><p>1. Efeito devolutivo</p><p>● O efeito devolutivo é justamente devolver ao</p><p>Judiciário, a saber, ao Tribunal, a análise</p><p>daquela matéria.</p><p>● Devolutividade pode ser divida em</p><p>devolutividade extensão e devolutividade</p><p>profundidade.</p><p>180</p><p>○ Devolutividade extensão: é a matéria</p><p>que está sendo devolvida ao tribunal;</p><p>■ Exemplo: Pedi A e B. Juiz</p><p>concedeu apenas A. Interesse</p><p>para recorrer de B. Devolvo B ao</p><p>tribunal, para análise.</p><p>➢ Tantum devolutum</p><p>quantum appellatum</p><p>(tanto se devolve, quanto</p><p>se está apelando).</p><p>■ O tribunal está adstrito às</p><p>matérias que a parte recorre.</p><p>○ Devolutividade profundidade: é tudo</p><p>que o tribunal poderá analisar para</p><p>julgar o que se está apelando.</p><p>■ Não há limitação de análise por</p><p>parte do órgão jurisdicional;</p><p>■ Exemplo: Recurso acerca de</p><p>crime conexo. O tribunal poderá</p><p>analisar todas as provas,</p><p>acusação, analisando</p><p>amplamente. Na hora de decidir,</p><p>está limitado à devolutividade</p><p>extensão.</p><p>○ Efeito extensivo, dentro do efeito</p><p>devolutivo, que é a possibilidade de se</p><p>estender decisão ao corréu;</p><p>■ Admitido apenas na hipótese de</p><p>melhorar a situação do corréu.</p><p>● Princípio do non reformatio in pejus</p><p>181</p><p>○ No contexto da devolutividade, em um</p><p>recurso exclusivo da defesa, não se</p><p>pode obter um resultado/ situação pior</p><p>para o réu.</p><p>➢ Exemplo: Diante de uma</p><p>sentença de parcial procedência,</p><p>no qual o Ministério Público</p><p>pediu a condenação em dois</p><p>crimes (tráfico e associação</p><p>criminosa), o juiz absolveu o</p><p>acusado quanto ao crime de</p><p>associação criminosa e</p><p>condenou-o ao tráfico. Apenas a</p><p>defesa recorreu da decisão, com</p><p>vistas a afastar a condenação do</p><p>tráfico. Assim, a devolutividade</p><p>extensão será acerca do crime de</p><p>tráfico. Quanto à devolutividade</p><p>profundidade, por sua vez,</p><p>permite que o Tribunal analise</p><p>tudo no que se refere ao citado</p><p>crime. Nessa situação, que só a</p><p>defesa recorre, não é possível ser</p><p>proferida uma decisão mais</p><p>grave do que a anterior.</p><p>■ Divide-se em:</p><p>➢ Princípio do non reformatio in</p><p>pejus direto</p><p>→ É quando se tem uma</p><p>decisão, em face da qual foi</p><p>interposto um recurso</p><p>182</p><p>exclusivo da defesa,</p><p>estando o Tribunal limitado</p><p>à decisão anterior, não</p><p>podendo proferir nova</p><p>decisão piorando a</p><p>situação do réu.</p><p>→ Abarca não só a piora</p><p>qualitativa, quanto</p><p>também quantitativa.</p><p>➢ Princípio do non reformatio in</p><p>pejus indireto</p><p>→ Quando o tribunal anula a</p><p>decisão e o próximo juízo</p><p>fica adstrito a não piorar a</p><p>situação do réu.</p><p>→ Ex: defesa arguiu nulidade</p><p>absoluta. O tribunal</p><p>reconheceu e anulou o</p><p>processo desde a nulidade.</p><p>Se o julgador anterior</p><p>tivesse chegado a pena de</p><p>5 anos, o novo julgador</p><p>estaria adstrito a esta pena,</p><p>não podendo chegar a</p><p>uma pena superior a 5</p><p>anos.</p><p>→ No júri, há crise acerca do</p><p>princípio do non</p><p>reformatio in pejus indireto</p><p>por conta da soberania do</p><p>veredicto.</p><p>183</p><p>→ Ex: homicídio qualificado,</p><p>instrução da 1ª fase, juiz</p><p>pronunciou. Submetido ao</p><p>júri, foi condenado. Na</p><p>dosimetria, o juiz</p><p>presidente chegou a 12</p><p>anos. Recurso exclusivo da</p><p>defesa. Reformatio in pejus</p><p>direta - tribunal não pode</p><p>piorar a situação do réu,</p><p>ainda que haja outras</p><p>qualificadoras. Tribunal</p><p>reconhece a nulidade e</p><p>determina novo júri. No</p><p>novo júri, os jurados</p><p>reconhecem três</p><p>qualificadoras ao invés de</p><p>uma, como havia ocorrido.</p><p>Aplica-se o non reformatio</p><p>in pejus indireto?</p><p>→ Dois princípios colidem,</p><p>soberania dos veredictos e</p><p>non reformatio in pejus,</p><p>que decorre do princípio</p><p>da ampla defesa.</p><p>→ Doutrina majoritária e STJ,</p><p>o júri será soberano,</p><p>podendo reconhecer</p><p>quaisquer qualificadoras. O</p><p>juiz presidente, no entanto,</p><p>não pode chegar a uma</p><p>184</p><p>pena superior à anterior (12</p><p>anos, conforme o exemplo).</p><p>2. Efeito suspensivo</p><p>● Não é efeito do recurso, mas da decisão passível de</p><p>recurso. Enquanto a decisão for passível de recurso,</p><p>a decisão não produz efeitos.</p><p>○ Decisão válida, mas não produz efeitos</p><p>imediatos, por ser cabível recurso.</p><p>● Regra: efeito suspensivo tanto no processo civil</p><p>quanto no penal.</p><p>○ Existem situações em que não há efeito</p><p>suspensivo, como no recurso em sentido</p><p>estrito, salvo nas hipóteses previstas em lei.</p><p>● Súmula 604, STJ133</p><p>○ Era comum nas hipóteses em que recurso</p><p>em sentido estrito não possuia efeito</p><p>suspensivo, a impetração do mandado de</p><p>segurança para suspender o efeito da</p><p>decisão.</p><p>■ O STJ resolveu que isso não era</p><p>permitido.</p><p>3. Efeito regressivo ou iterativo</p><p>● É aquele em que se devolve ao juízo a quo a</p><p>possibilidade de rever sua decisão.</p><p>○ Hipóteses de ocorrência</p><p>■ Art. 589, CPP134</p><p>134Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de</p><p>dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando</p><p>instruir o recurso com os traslados</p><p>que Ihe parecerem necessários.</p><p>Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição,</p><p>poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste</p><p>caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.</p><p>133Súmula 604: “Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso</p><p>criminal interposto pelo Ministério Público.”</p><p>185</p><p>➢ Recurso em sentido estrito;</p><p>■ Art. 643, CPP135</p><p>➢ Carta testemunhável;</p><p>■ Agravo em execução</p><p>➢ Cabível na execução penal;</p><p>➢ Não tem procedimento próprio,</p><p>aplicando-se o regramento do</p><p>recurso em sentido estrito para o</p><p>agravo em execução.</p><p>4. Efeito translativo</p><p>● É a devolutividade profundidade;</p><p>● É a possibilidade de o tribunal analisar todas as</p><p>matérias;</p><p>○ A grande questão é que para os defensores</p><p>do efeito translativo, nesse caso da</p><p>devolutividade profundidade, o tribunal</p><p>poderá reconhecer matérias que são</p><p>passíveis de reconhecimento de ofício, que</p><p>não tenham sido suscitadas;</p><p>■ Aquilo que for passível de</p><p>reconhecimento de ofício, o tribunal</p><p>poderá decretar;</p><p>○ Ex: MP recorreu exclusivamente para</p><p>reconhecer a associação criminosa, pelo juiz</p><p>ter condenado o réu apenas por tráfico.</p><p>Devolutividade profundidade é análise de</p><p>todo o processo. Na análise pelo tribunal,</p><p>reconhece a prescrição. Nenhuma das partes</p><p>suscitou isso, mas é matéria que está no</p><p>135Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso</p><p>de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário, se deste se</p><p>tratar.</p><p>186</p><p>âmbito da devolutividade profundidade e é</p><p>passível de reconhecimento de ofício, pois é</p><p>causa de extinção da punibilidade.</p><p>■ Trata-se do efeito translativo.</p><p>b. Recursos em espécie</p><p>i. Introdução</p><p>● A leitura da lei e sua marcação é mais importante</p><p>nesse ponto da matéria.</p><p>ii. Recurso em sentido estrito</p><p>● É o recurso cabível para as decisões interlocutórias</p><p>no processo penal, previsto no art. 581, CPP136</p><p>○ O CPC de 2015 reduziu o cabimento do</p><p>agravo de instrumento para rol de decisões</p><p>interlocutórias presente no art. 1015.</p><p>136Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:</p><p>I - que não receber a denúncia ou a queixa;</p><p>II - que concluir pela incompetência do juízo;</p><p>III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;</p><p>IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008);</p><p>V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão</p><p>preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989);</p><p>VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;</p><p>VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;</p><p>IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da</p><p>punibilidade;</p><p>X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;</p><p>XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;</p><p>XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;</p><p>XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;</p><p>XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;</p><p>XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;</p><p>XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;</p><p>XVII - que decidir sobre a unificação de penas;</p><p>XVIII - que decidir o incidente de falsidade;</p><p>XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;</p><p>XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;</p><p>XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;</p><p>XXII - que revogar a medida de segurança;</p><p>XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;</p><p>XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.</p><p>XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A</p><p>desta Lei.</p><p>187</p><p>○ No CPP, o recurso em sentido estrito sempre</p><p>foi cabível para rol de decisões interlocutórias</p><p>mais importantes</p><p>■ As demais decisões interlocutórias que</p><p>não constam no rol são atacadas em</p><p>sede de preliminar de apelação.</p><p>● Hipóteses mais importantes de recorribilidade</p><p>○ I - que não receber a denúncia ou a queixa;</p><p>■ A que recebe a denúncia, não cabe</p><p>recurso em sentido estrito.</p><p>➢ Para jurisprudência majoritária,</p><p>essa decisão só pode ser atacada</p><p>em caso de ilegalidade flagrante,</p><p>por meio de Habeas Corpus;</p><p>■ O não recebimento equivale à rejeição.</p><p>■ Na Lei 9.099/95, o recurso adequado é a</p><p>apelação.</p><p>○ II - que concluir pela incompetência do</p><p>juízo;</p><p>■ Se o juiz reconhece a sua</p><p>incompetência, o recurso adequado</p><p>será o RESE.</p><p>■ Se o juiz declara a incompetência de</p><p>ofício, cabe o RESE do art. 581, II, CPP.</p><p>■ Se o juiz acolher a exceção de</p><p>incompetência, também será caso de</p><p>RESE, mas do art. 581, III do CPP.</p><p>➢ Obs.: Se o juiz reconhecer a sua</p><p>competência, não será caso de</p><p>RESE e a parte terá que utilizar</p><p>188</p><p>outro instrumento de</p><p>impugnação.</p><p>→ No caso concreto, se a</p><p>decisão reconhecer a</p><p>competência do juízo,</p><p>pode ser cabível um</p><p>habeas corpus ou um</p><p>mandado de segurança.</p><p>→ Se a sentença reconhecer a</p><p>competência do juízo,</p><p>caberá apelação.</p><p>○ III - que julgar procedentes as exceções,</p><p>salvo a de suspeição;</p><p>■ Exceções de defesa: coisa julgada,</p><p>litispendência, salvo a de suspeição,</p><p>visto que esta é a única que é analisada</p><p>pelo Tribunal, e, diferentemente, o</p><p>RESE somente é cabível diante de</p><p>decisão de 1ª instância.</p><p>○ IV - que pronunciar o réu;</p><p>○ V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou</p><p>julgar inidônea a fiança, indeferir</p><p>requerimento de prisão preventiva ou</p><p>revogá-la, conceder liberdade provisória ou</p><p>relaxar a prisão em flagrante;</p><p>○ VIII - que decretar a prescrição ou julgar,</p><p>por outro modo, extinta a punibilidade;</p><p>■ Desde que não seja feito na sentença,</p><p>pois contra sentença cabe apelação;</p><p>■ É uma hipótese de legitimidade</p><p>restrita do assistente de acusação.</p><p>189</p><p>➢ Deve ser lido em conjunto com o</p><p>art. 598 do CPP.</p><p>■ Neste inciso, há hipótese de cabimento</p><p>do RESE que é válida para os “dois</p><p>lados”, ou seja, cabe este recurso</p><p>quando o juiz extingue a punibilidade</p><p>e quando o juiz não extingue a</p><p>punibilidade.</p><p>○ IX - que indeferir o pedido de</p><p>reconhecimento da prescrição ou de outra</p><p>causa extintiva da punibilidade;</p><p>■ Neste inciso, há hipótese de cabimento</p><p>do RESE que é válida para os “dois</p><p>lados”, ou seja, cabe este recurso</p><p>quando o juiz extingue a punibilidade</p><p>e quando o juiz não extingue a</p><p>punibilidade.</p><p>○ X - que conceder ou negar a ordem de</p><p>habeas corpus;</p><p>■ A decisão que concede, se for em 1º</p><p>grau, cabe recurso de ofício;</p><p>■ A concessão ou a denegação da ordem</p><p>de habeas corpus em questão deve ser</p><p>proferida por juiz de 1ª instância.</p><p>■ Observação: Se o juiz negar a ordem de</p><p>habeas corpus, o RESE poderá ser</p><p>utilizado. Neste caso, o RESE seria o</p><p>chamado “recurso ordinário”, pois,</p><p>nesta situação, a lei prevê um recurso</p><p>adequado contra a decisão que nega o</p><p>HC. Entretanto, o professor Renato</p><p>190</p><p>Brasileiro destaca que, neste caso,</p><p>como o acusado está preso, na prática,</p><p>é muito mais eficaz impetrar novo</p><p>habeas corpus.</p><p>➢ Trata-se de habeas corpus</p><p>substitutivo de recurso ordinário.</p><p>A concessão de habeas corpus</p><p>também está sujeita ao recurso</p><p>de ofício (art. 574, I, CPP). Assim</p><p>sendo, quando o juiz concede</p><p>um HC, a decisão dele está</p><p>sujeita ao reexame necessário e</p><p>admite o RESE.</p><p>○ A partir do inciso X, temos hipóteses de</p><p>“revogação tácita”, pois o recurso que caberá</p><p>e é admitido na execução penal é o agravo</p><p>em execução, previsto no art. 197, da Lei de</p><p>Execução Penal (LEP), não mais o recurso em</p><p>sentido estrito.</p><p>■ Todas as hipóteses que tratarem de</p><p>execução são atacadas por agravo em</p><p>execução.</p><p>■ Agravo em execução não tem</p><p>disciplina processual, aplicando-se as</p><p>regras do recurso em sentido estrito.</p><p>➢ Princípio da fungibilidade, desde</p><p>que não exista má-fé ou erro</p><p>grosseiro.</p><p>○ XIII - que anular o processo da instrução</p><p>criminal, no todo ou em parte;</p><p>191</p><p>■ Se a anulação do processo ocorrer por</p><p>meio de decisão interlocutória, o</p><p>recurso cabível é o RESE. Entretanto,</p><p>geralmente, a anulação do processo</p><p>ocorre em sede de sentença</p><p>condenatória ou absolutória. Neste</p><p>caso, o recurso cabível é a apelação.</p><p>■ O art. 581, XIII do CPP somente é</p><p>utilizado para os casos em que o juiz</p><p>anula o processo.</p><p>➢ Se, de outra forma, o juiz indeferir</p><p>o pedido de anulação do</p><p>processo, não cabe RESE.</p><p>Entretanto, é possível suscitar</p><p>essa matéria como preliminar de</p><p>futura e eventual apelação (sem</p><p>prejuízo do Habeas Corpus e do</p><p>Mandado de Segurança).</p><p>➢ A doutrina interpreta</p><p>extensivamente o art. 581, XIII do</p><p>CPP para afirmar que cabe o</p><p>RESE contra a decisão</p><p>interlocutória que reconhece a</p><p>ilicitude das provas (art. 157, CPP).</p><p>○ XV - que denegar a apelação ou a julgar</p><p>deserta;</p><p>■ Essas duas acima são hipóteses do</p><p>recurso em sentido estrito.</p><p>■ Em regra, a carta testemunhável é o</p><p>recurso utilizado para os casos de</p><p>192</p><p>denegação de recurso criminal (art.</p><p>639, CPP).</p><p>➢ CPP, art. 639: “Dar-se-á carta</p><p>testemunhável: I - da decisão que</p><p>denegar o recurso; II - da que,</p><p>admitindo embora o recurso,</p><p>obstar à sua expedição e</p><p>seguimento para o juízo ad</p><p>quem.”</p><p>■ Apesar de a carta testemunhável ser a</p><p>regra, há exceção: se o recurso em</p><p>questão for a apelação, caberá o RESE</p><p>do art. 581, XV, CPP.</p><p>■ O art. 581, XV, CPP, é uma norma</p><p>especial quando comparado com o art.</p><p>639, I do CPP. A denegação da</p><p>apelação é um juízo negativo feito por</p><p>conta da ausência dos pressupostos de</p><p>admissibilidade recursal (objetivos ou</p><p>subjetivos).</p><p>➢ Obs.: o juízo de admissibilidade</p><p>da apelação é feito pelo juízo a</p><p>quo e pelo juízo ad quem. Assim</p><p>sendo, o RESE em análise será</p><p>cabível apenas quando a</p><p>apelação for denegada pelo juízo</p><p>a quo.</p><p>■ A deserção está ligada à falta de</p><p>preparo. Ela ocorre em crimes de ação</p><p>penal exclusivamente privada, desde</p><p>que o recurso seja atinente ao</p><p>193</p><p>querelante e ele não seja beneficiário</p><p>da justiça gratuita.</p><p>➢ Questão: E se houver o</p><p>conhecimento de apelação pelo</p><p>juízo a quo? Imagine que o juízo</p><p>a quo conheceu uma apelação a</p><p>despeito de sua manifesta</p><p>admissibilidade. Contra essa</p><p>decisão, não caberá RESE. Neste</p><p>caso, é possível que, em</p><p>contrarrazões, a parte discuta</p><p>essa questão como preliminar.</p><p>○ XXV – que recusar homologação à proposta</p><p>de acordo de não persecução penal,</p><p>previsto no art. 28-A desta Lei.</p><p>■ O art. 581, XXV do CPP é uma novidade</p><p>introduzida pelo Pacote Anticrime</p><p>(vigência a partir de 23/01/2020).</p><p>■ O acordo de não persecução penal está</p><p>previsto no art. 28-A do CPP. Este</p><p>acordo passa pela homologação</p><p>judicial. Assim sendo, se o juiz recusar a</p><p>homologação do acordo, a lei prevê o</p><p>cabimento do RESE.</p><p>■ Em tese, contra a recusa de</p><p>homologação da proposta, há interesse</p><p>do acusado e do Ministério Público. De</p><p>acordo com a doutrina, o inciso XXV</p><p>pode e deve ser objeto de</p><p>interpretação extensiva, de modo a</p><p>também admitir RESE contra a decisão</p><p>194</p><p>que recusar homologação do acordo</p><p>de colaboração premiada.</p><p>■ Tanto o acordo de não persecução</p><p>penal quanto o acordo de colaboração</p><p>premiada são resultantes do consenso</p><p>entre a acusação e a defesa. Ambos são</p><p>levados à homologação judicial e,</p><p>portanto, o RESE deve ser admitido</p><p>também em relação a este último.</p><p>● Como regra, no recurso em sentido estrito, não há</p><p>efeito suspensivo</p><p>○ Art. 584, CPP137</p><p>■ Só há efeito suspensivo em</p><p>determinadas hipóteses enumeradas</p><p>no artigo.</p><p>○ Questão: Como o RESE não tem, em regra,</p><p>efeito suspensivo, é possível impetrar</p><p>mandado de segurança concomitantemente</p><p>com o RESE para obter tal efeito?</p><p>■ Existem situações em que a ausência</p><p>do efeito suspensivo pode colocar em</p><p>risco a própria eficácia da decisão a ser</p><p>proferida pelo tribunal.</p><p>➢ Exemplo: art. 581, V, CPP (decisão</p><p>que revoga a prisão preventiva</p><p>de um criminoso perigoso, por</p><p>exemplo).</p><p>137Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de</p><p>livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.</p><p>§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á</p><p>o disposto nos arts. 596 e 598.</p><p>§ 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.</p><p>§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda</p><p>da metade do seu valor.</p><p>195</p><p>■ 1ª Corrente: Há uma corrente que</p><p>defende ser possível impetrar</p><p>mandado de segurança, pois a própria</p><p>Lei 12016/2009, interpretada contrario</p><p>sensu, diz que é possível, pois o MS não</p><p>pode ser usado quando a lei prevê</p><p>recurso dotado de efeito suspensivo.</p><p>Assim, se a lei prevê recurso desprovido</p><p>de efeito suspensivo, em tese, seria</p><p>possível impetrar mandado de</p><p>segurança concomitantemente com o</p><p>RESE.</p><p>➢ Assim sendo, em situações</p><p>teratológicas, não se pode</p><p>descartar a possibilidade de se</p><p>impetrar mandado de segurança</p><p>para conferir efeito suspensivo ao</p><p>RESE.</p><p>■ 2ª Corrente: O STJ, entretanto, tem</p><p>posição consolidada no sentido de que</p><p>não se deve impetrar mandado de</p><p>segurança para conferir efeito</p><p>suspensivo ao RESE.</p><p>➢ Súmula n. 604 do STJ: “O</p><p>mandado de segurança não se</p><p>presta para atribuir efeito</p><p>suspensivo a recurso criminal</p><p>interposto pelo Ministério</p><p>Público” (3ª Seção, aprovada em</p><p>28/02/2018, DJe 05/03/2018).</p><p>● Efeito regressivo ou iterativo ou diferido</p><p>196</p><p>○ Art. 589, CPP138</p><p>○ O RESE é dotado de juízo de retratação, ou</p><p>seja, é dada ao juiz a oportunidade de</p><p>reavaliar a decisão anterior.</p><p>■ Questão: O que ocorre se o juízo de</p><p>retratação não for feito? Na teoria, o</p><p>Tribunal terá que devolver os autos ao</p><p>juiz de 1ª instância. Se isso não ocorrer,</p><p>os Tribunais Superiores entendem que</p><p>se trata de mera irregularidade, sem</p><p>maiores consequências.</p><p>■ Prevalece o entendimento</p><p>jurisprudencial no sentido de que a</p><p>decisão do juiz singular que</p><p>encaminha recurso em sentido estrito</p><p>sem antes proceder ao juízo de</p><p>retratação é mera irregularidade e não</p><p>enseja nulidade absoluta.</p><p>○ Cuidado com o art. 589, parágrafo único;</p><p>■ O juiz vai proceder ao juízo de</p><p>retratação. Se ele se retratar e se a</p><p>decisão contrária à primeira também</p><p>estiver sujeita ao RESE, através de uma</p><p>simples petição, a parte recorrerá em</p><p>sentido estrito. Neste caso, não será</p><p>necessário arrazoar novamente.</p><p>138Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de</p><p>dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados</p><p>que Ihe parecerem necessários.</p><p>Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição,</p><p>poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste</p><p>caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.</p><p>197</p><p>■ O permissivo do artigo somente pode</p><p>ser usado se também couber recurso</p><p>em sentido estrito.</p><p>● Prazo do recurso em sentido estrito</p><p>○ Art. 586, CPP139 estabelece prazo de 5</p><p>(cinco) dias</p><p>■ Art. 798, CPP140, é sempre importante</p><p>em termos de prazo, ao discipliná-lo.</p><p>➢ Prazos peremptórios, contínuos;</p><p>➢ Conta-se excluindo o dia do</p><p>início, incluindo o dia do término;</p><p>➢ Em feriados e finais de semana,</p><p>prorroga-se para dia útil</p><p>posterior.</p><p>iii. Apelação</p><p>● Conceito</p><p>○ É tratada pela doutrina como recurso</p><p>ordinário por excelência, já que consiste na</p><p>impugnação de efeito devolutivo mais</p><p>amplo, por permitir ao juízo ad quem,</p><p>quando interposta contra sentença de mérito</p><p>proferida por juiz singular, o reexame integral</p><p>140Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se</p><p>interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.</p><p>§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.</p><p>§ 2º A terminação dos</p><p>prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo</p><p>o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.</p><p>§ 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil</p><p>imediato.</p><p>§ 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial</p><p>oposto pela parte contrária.</p><p>§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão:</p><p>a) da intimação;</p><p>b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;</p><p>c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.</p><p>139Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias. Parágrafo único. No</p><p>caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da publicação definitiva da lista de</p><p>jurados.</p><p>198</p><p>das questões suscitadas no primeiro grau de</p><p>jurisdição, ressalvadas aquelas sobre as quais</p><p>tenha se operado a preclusão (v.g., nulidade</p><p>relativa não arguida oportunamente).</p><p>■ A apelação, geralmente, é apreciada</p><p>por tribunais de 2ª instância.</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Art. 593, CPP141;</p><p>● Cabimento</p><p>○ Apelação é cabível contra sentenças</p><p>definitivas, de condenação ou absolvição</p><p>■ Usar outro recurso nessa hipótese não</p><p>é possível e não leva à fungibilidade,</p><p>tratando-se de erro grosseiro.</p><p>○ II - das decisões definitivas, ou com força</p><p>de definitivas, proferidas por juiz singular,</p><p>nos casos em que não houver previsão</p><p>legal de cabimento do recurso em sentido</p><p>estrito</p><p>■ Não pode estar prevista no art. 581 do</p><p>CPP.</p><p>141Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de</p><p>23.2.1948)</p><p>I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não</p><p>previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Incluído pela Lei nº</p><p>263, de 23.2.1948)</p><p>(remetemos os alunos à leitura da lei)</p><p>199</p><p>➢ Se houver sentença definitiva</p><p>não cabendo recurso em sentido</p><p>estrito, cabe a apelação.</p><p>➢ A apelação tem natureza</p><p>subsidiária, pois ela somente é</p><p>cabível se a decisão definitiva ou</p><p>com força de definitiva não</p><p>estiver prevista no capítulo</p><p>anterior.</p><p>■ Decisão definitiva é aquela que encerra</p><p>a relação processual, julga o mérito,</p><p>mas não é sentença absolutória ou</p><p>condenatória.</p><p>■ Decisão com força de definitiva é</p><p>aquela que não decide o mérito, mas</p><p>põe fim à relação processual ou a uma</p><p>etapa do procedimento.</p><p>○ III - apelação no tribunal do júri142</p><p>■ É chamada de apelação com</p><p>fundamentação vinculada.</p><p>➢ No júri, há o princípio da</p><p>soberania dos veredictos,</p><p>cabendo ao juiz presidente</p><p>apenas a dosimetria da pena.</p><p>➢ A apelação não pode ser</p><p>interposta com base em</p><p>qualquer fundamento,</p><p>142III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)</p><p>d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Incluído pela Lei nº</p><p>263, de 23.2.1948)</p><p>200</p><p>diferentemente do</p><p>procedimento comum.</p><p>➢ Como o recurso é de</p><p>fundamentação vinculada, o</p><p>próprio Tribunal fica limitado em</p><p>sua apreciação. Assim,</p><p>exemplificativamente, se a parte</p><p>apelou com base no art. 593, III,</p><p>“a”, o Tribunal não pode dar</p><p>provimento à apelação com base</p><p>no art. 593, III, “d”, sob pena de</p><p>violação ao efeito devolutivo.</p><p>→ Súmula n. 713 do STF: “O</p><p>efeito devolutivo da</p><p>apelação contra decisões</p><p>do Júri é adstrito aos</p><p>fundamentos de sua</p><p>interposição”.</p><p>→ Como se trata de recurso</p><p>de fundamentação</p><p>vinculada, tal</p><p>fundamentação já deverá</p><p>constar na própria</p><p>interposição. Se isso não for</p><p>feito na interposição, deve</p><p>constar nas razões</p><p>recursais.</p><p>■ a) ocorrer nulidade posterior à</p><p>pronúncia;</p><p>201</p><p>➢ A lei não especifica qual é esta</p><p>nulidade, portanto, em tese, ela</p><p>pode ser absoluta ou relativa.</p><p>■ b) for a sentença do juiz-presidente</p><p>contrária à lei expressa ou à decisão</p><p>dos jurados;</p><p>➢ Jurados dão veredito por</p><p>homicídio simples e juiz faz</p><p>dosimetria de homicídio</p><p>qualificado. Cabe apelação.</p><p>➢ Não viola a soberania dos</p><p>veredictos, porque não se trata</p><p>de decisão dos jurados.</p><p>■ c) houver erro ou injustiça no tocante à</p><p>aplicação da pena ou da medida de</p><p>segurança;</p><p>➢ Ataca decisão do juiz presidente,</p><p>não dos jurados</p><p>■ d) for a decisão dos jurados</p><p>manifestamente contrária à prova dos</p><p>autos.</p><p>➢ Tratado no tópico do tribunal do</p><p>júri.</p><p>➢ Aqui, o cabimento de apelação é</p><p>criticado pelos defensores do júri,</p><p>com base na soberania do</p><p>veredicto.</p><p>→ Ainda que as provas</p><p>indiquem que o crime</p><p>aconteceu, os jurados</p><p>podem absolver o acusado.</p><p>202</p><p>Trata-se da absolvição por</p><p>clemência.</p><p>➢ O cabimento do recurso</p><p>fragilizaria a soberania dos</p><p>veredictos e possibilidade de</p><p>absolvição por clemência.</p><p>➢ O cabimento da apelação com</p><p>esse fundamento é limitado a</p><p>uma única vez</p><p>→ Art. 593, §3º143.</p><p>➔ Questão: Pode haver recurso contra a</p><p>decisão dos jurados manifestamente</p><p>contrária à prova dos autos? Temos</p><p>duas correntes.</p><p>◆ 1ª Corrente, minoritária: Defende</p><p>que esta hipótese de cabimento</p><p>da apelação não foi recepcionada</p><p>pela CF/1988, pois viola a</p><p>soberania dos veredictos.</p><p>◆ 2ª Corrente, majoritária: Defende</p><p>que esta hipótese de cabimento</p><p>da apelação foi recepcionada</p><p>pela CF/1988, pois, quando o</p><p>Tribunal julga a apelação, ele faz</p><p>apenas o juízo rescindente (e não</p><p>o juízo rescisório).</p><p>● Se o tribunal der</p><p>provimento à apelação</p><p>com base na hipótese da</p><p>143§ 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a</p><p>decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para</p><p>sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmomotivo, segunda apelação.</p><p>203</p><p>letra “d”, ele somente</p><p>poderá fazer o juízo</p><p>rescindente, ou seja, ele</p><p>jamais poderá proferir nova</p><p>decisão em substituição à</p><p>decisão dos jurados.</p><p>● Assim sendo, como é feito</p><p>apenas o juízo rescindente,</p><p>tal hipótese de cabimento</p><p>acaba preservando a</p><p>soberania dos veredictos,</p><p>dentre outros princípios</p><p>(ampla defesa e duplo grau</p><p>de jurisdição).</p><p>➔ A hipótese da letra “d” abrange tudo o</p><p>que for objeto de quesitação aos</p><p>jurados (materialidade, autoria,</p><p>eventual absolvição, causas de</p><p>diminuição de pena, qualificadoras e</p><p>causas de aumento).</p><p>◆ A hipótese da letra “d” abrange</p><p>tudo o que for objeto de</p><p>quesitação aos jurados</p><p>(materialidade, autoria, eventual</p><p>absolvição, causas de diminuição</p><p>de pena, qualificadoras e causas</p><p>de aumento).</p><p>➔ Na hipótese da letra “d”, o Tribunal</p><p>somente poderá fazer o juízo</p><p>rescindente, ou seja, ele jamais poderá</p><p>204</p><p>proferir nova decisão em substituição à</p><p>decisão dos jurados.</p><p>➔ A apelação com fundamentação na</p><p>letra “d” só pode ser utilizada uma</p><p>única vez, pouco importando quem a</p><p>utilizou primeiro.</p><p>➔ Quando a parte recorrente tiver êxito</p><p>na apelação do art. 593, inciso III, “d”, o</p><p>processo vai direto para julgamento, ou</p><p>seja, será utilizado o mesmo conteúdo</p><p>probatório produzido anteriormente.</p><p>Assim sendo, não é possível, por</p><p>exemplo,</p><p>substituir testemunhas ou</p><p>apresentar novas provas.</p><p>➔ Questão: A defesa pode recorrer duas</p><p>vezes no tribunal do júri? A defesa</p><p>pode apelar duas vezes com base no</p><p>art. 593, inciso III, “d”, CPP?</p><p>◆ Pegadinha: Imagine que o MP</p><p>apelou com base no art. 593,</p><p>inciso III, “a” e “d”. O Tribunal deu</p><p>provimento ao recurso com base</p><p>na letra “a” (nulidade). Neste</p><p>caso, ainda é possível apelar com</p><p>base no art. 593, inciso III, “d”,</p><p>CPP. É possível apelar duas ou</p><p>mais vezes com base nas</p><p>decisões do júri. Entretanto, não</p><p>se admite que, pelo mesmo</p><p>motivo, a parte apele duas vezes.</p><p>205</p><p>➔ Questão: A acusação pode apelar com</p><p>base no art. 593, III, “d” se o acusado for</p><p>absolvido com base em quesito</p><p>absolutório genérico? Trata-se de tema</p><p>bastante polêmico. O quesito</p><p>absolutório genérico consta no art. 483,</p><p>§2º, CPP. Se os jurados absolverem o</p><p>acusado com base nesse quesito, há</p><p>controvérsia sobre o fato de a acusação</p><p>poder ou não apelar dizendo que a</p><p>decisão dos jurados foi</p><p>manifestamente contrária à prova dos</p><p>autos. Sobre o tema, há 3 correntes:</p><p>◆ 1ª Corrente: afirma que esta</p><p>apelação (interposta pela</p><p>acusação) não seria cabível.</p><p>Segundo essa corrente, se os</p><p>jurados absolverem o acusado</p><p>com base no quesito absolutório</p><p>genérico e a acusação apelar</p><p>dizendo que a decisão dos</p><p>jurados foi manifestamente</p><p>contrária à prova dos autos, tal</p><p>fato violará a soberania dos</p><p>veredictos, pois o júri pode</p><p>absolver o acusado com base em</p><p>razões jurídicas e não jurídicas.</p><p>● Essa posição é sustentada</p><p>por Aury Lopes Júnior.</p><p>● Essa posição já consta em</p><p>alguns julgamentos</p><p>206</p><p>monocráticos no STF</p><p>(Exemplos: RHC 117.076 e</p><p>RE 982.162).</p><p>◆ 2ª Corrente (posição do professor</p><p>Renato Brasileiro): O quesito</p><p>absolutório genérico não foi</p><p>concebido em 2008 como</p><p>“carta-branca” para os jurados</p><p>absolverem o acusado com base</p><p>em qualquer motivo (inclusive</p><p>contra a prova dos autos), mas</p><p>sim porque, antes da alteração</p><p>do dispositivo legal, a quesitação</p><p>era fonte de muitas nulidades.</p><p>Além disso, o tribunal do júri é</p><p>um órgão do Poder Judiciário e</p><p>como tal também precisa ser</p><p>alvo de algum controle. Assim</p><p>sendo, de acordo com essa</p><p>corrente, esta apelação</p><p>(interposta pela acusação) seria</p><p>cabível.</p><p>◆ 3ª Corrente: Defende que os</p><p>jurados podem absolver por</p><p>qualquer motivo, mas continua</p><p>sendo cabível a apelação pela</p><p>acusação.</p><p>● A 3ª corrente se aproxima</p><p>da 2ª corrente, mas a</p><p>diferença é que esta</p><p>defende que os jurados</p><p>207</p><p>não podem absolver o</p><p>acusado com base em</p><p>qualquer motivo e aquela</p><p>defende que eles podem</p><p>absolver com base em</p><p>qualquer motivo.</p><p>● Recentemente, a 3ª Seção</p><p>do STJ pacificou o</p><p>entendimento nesse</p><p>sentido (HC 313.251).</p><p>Informativo n. 969 do STF</p><p>(13/03/2020).</p><p>● Efeito suspensivo</p><p>○ Previsão normativa</p><p>■ Art. 597, CPP144</p><p>○ Quanto ao efeito suspensivo</p><p>■ Em caso de sentença absolutória, a</p><p>apelação não terá efeito suspensivo.</p><p>■ Em caso de sentença condenatória, em</p><p>regra, a apelação possui efeito</p><p>suspensivo.</p><p>➢ Neste ponto, remetemos os</p><p>alunos ao entendimento que</p><p>prevaleceu quando do</p><p>julgamento das Ações</p><p>Declaratórias de</p><p>Constitucionalidade n° 43, 44 e</p><p>54.</p><p>144Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o disposto no art. 393,</p><p>a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso</p><p>de suspensão condicional de pena.</p><p>208</p><p>➢ O STF, alterando o entendimento</p><p>firmado no HC 126.292, entendeu</p><p>que a execução pressupõe o</p><p>trânsito em julgado de sentença</p><p>condenatória. Assim sendo, ainda</p><p>que não estivesse previsto no</p><p>CPP, toda a apelação contra</p><p>sentença condenatória possui</p><p>efeito suspensivo.</p><p>○ Qualquer sentença condenatória, por isso,</p><p>deve fundamentar prisão cautelar</p><p>■ Art. 387, § 1º145.</p><p>● Prazo</p><p>○ Prazo para interposição</p><p>■ 05 (cinco) dias, conforme art. 593,</p><p>caput, CPP.</p><p>○ Prazo para apresentar razões</p><p>■ 08 (oito) dias, conforme art. 600, CPP146.</p><p>○ Art. 601, CPP147</p><p>■ Se a defesa assinala que irá interpor</p><p>recurso de apelação e não apresenta as</p><p>razões no prazo de 8 dias.</p><p>➢ Recurso subirá, visto que não</p><p>prejudica a análise do recurso.</p><p>147Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões</p><p>ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será</p><p>de trinta dias.</p><p>146Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito</p><p>dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três</p><p>dias.</p><p>145§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de</p><p>prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier</p><p>a ser interposta.</p><p>209</p><p>■ Princípio da obrigatoriedade da ação</p><p>penal</p><p>➢ Impede que o MP desista do</p><p>recurso. Se manifestou interesse</p><p>na interposição do recurso, ele</p><p>subirá mesmo sem razões.</p><p>→ No tribunal, o relator abrirá</p><p>vista ao MP que atua no 2º</p><p>grau. Procurador poderá</p><p>incluir razões.</p><p>● Indo Além:</p><p>Magistrado que apenas recebeu a</p><p>denúncia pode, no futuro, julgar, como</p><p>Desembargador, a apelação interposta</p><p>pelo réu contra a sentença condenatória:</p><p>Não configura causa de impedimento a</p><p>hipótese em que a desembargadora revisora</p><p>se limitou a, em cognição sumária e com</p><p>fundamentação sucinta, receber a denúncia</p><p>contra o réu quando atuava em primeiro</p><p>grau e depois, sentenciado o feito por</p><p>magistrado totalmente diverso, apreciou,</p><p>passados mais de 10 anos, em cognição</p><p>exauriente, o mérito da causa na apelação</p><p>interposta contra a sentença.</p><p>STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 852.949-CE, Rel.</p><p>Min. Laurita Vaz, Rel. para acórdão Min.</p><p>Rogerio Schietti Cruz, julgado em 30/11/2023</p><p>(Info 16 – Edição Extraordinária).</p><p>210</p><p>iv. Embargos de Declaração</p><p>● São cabíveis diante de toda e qualquer decisão</p><p>judicial e isso ocorre porque toda decisão judicial</p><p>deve ser clara e precisa.</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Art. 619, CPP148</p><p>● É criticado pela doutrina por não ter a mesma</p><p>estrutura dos outros recursos</p><p>○ Recursos sempre permitem a revisão para</p><p>órgão ad quem;</p><p>○ Os Embargos serão revistos pelo próprio</p><p>órgão prolator da decisão;</p><p>■ Há crítica se isso é de fato um recurso.</p><p>○ O recurso deve preencher duas</p><p>características: ser endoprocessual e estar</p><p>previsto em lei;</p><p>■ Os Embargos de Declaração cumprem</p><p>os dois</p><p>● Prazo para oposição</p><p>○ 2 (dois) dias;</p><p>● Hipóteses de cabimento</p><p>○ Oposto nos casos de ambiguidade,</p><p>obscuridade, contradição ou omissão da</p><p>decisão;</p><p>■ Ambiguidade: ocorre quando a decisão</p><p>permite duas ou mais interpretações.</p><p>■ Obscuridade: ocorre quando não há</p><p>clareza na decisão judicial, ou seja, não</p><p>148Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser</p><p>opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver</p><p>na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.</p><p>211</p><p>é possível ter certeza sobre o</p><p>entendimento adotado pelo</p><p>magistrado.</p><p>■ Contradição: ocorre quando há</p><p>afirmações opostas entre si.</p><p>➢ Exemplo: o juiz reconheceu que a</p><p>conduta do acusado seria atípica</p><p>(com base no princípio da</p><p>insignificância) e, ao invés de</p><p>absolvê-lo com base no art.386,</p><p>III, CPP, ele absolve com base no</p><p>art. 386, VI (excludente da</p><p>ilicitude).</p><p>■ Omissão: ocorre quando a decisão</p><p>judicial deixa de apreciar um aspecto</p><p>relevante da controvérsia. Lembrando</p><p>que, à luz do art. 315, §2º do CPP, toda a</p><p>decisão judicial deve ser</p><p>fundamentada. O juiz deve apreciar</p><p>todos os aspectos da controvérsia,</p><p>sobretudo para fins de interposição de</p><p>eventuais recursos extraordinários</p><p>(prequestionamento).</p><p>○ Objetivam integrar a decisão</p><p>■ A parte aponta o equívoco e o próprio</p><p>juiz prolator emenda a decisão.</p><p>● Muitas vezes, são movidos por motivos meramente</p><p>protelatórios</p><p>○ Maioria da doutrina, no entanto, entende que</p><p>as normas de litigância de má-fé não</p><p>poderiam ser aplicadas no processo penal.</p><p>212</p><p>vi. Carta testemunhável</p><p>● A carta</p><p>ser retomado.</p><p>STJ. 6ª Turma. RHC 135970/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 20/04/2021 (Info 693).</p><p>16</p><p>prescricional podem ficar</p><p>suspensos?</p><p>↠ O STJ sempre</p><p>entendeu que as</p><p>hipóteses de</p><p>imprescritibilidade</p><p>devem estar</p><p>previstas na</p><p>Constituição Federal,</p><p>e não na legislação</p><p>infraconstitucional.</p><p>↠ Assim, o STJ, redigiu</p><p>a súmula 41513,</p><p>estabelecendo que o</p><p>processo ficará</p><p>suspenso pelo prazo</p><p>máximo prescricional</p><p>com base no</p><p>máximo de pena</p><p>cominada em</p><p>abstrato.</p><p>↠ Pega o máximo de</p><p>pena cominada em</p><p>abstrato, aplica-se o</p><p>art. 109, CP, e se</p><p>obtém o máximo de</p><p>pena.</p><p>↠ Atingido o prazo, o</p><p>prazo prescricional</p><p>13Súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da</p><p>pena cominada.</p><p>17</p><p>volta a correr, mas</p><p>não o processo.</p><p>→ Ex: sujeito é acusado do</p><p>crime de estelionato.</p><p>Citado, mas o oficial não o</p><p>encontrou. Citação por</p><p>edital. Passou o prazo do</p><p>edital sem</p><p>comparecimento do réu.</p><p>Juiz aplica o art. 366, do</p><p>CPP, decreta a suspensão</p><p>do processo e do prazo</p><p>prescricional.</p><p>↠ Qual o máximo de</p><p>suspensão do prazo</p><p>prescricional?</p><p>Estelionato, pena de 1</p><p>a 5 anos. Art. 109, III,</p><p>CP. Prazo máximo</p><p>prescricional é de 12</p><p>anos. Passados esses</p><p>12 anos, o prazo</p><p>prescricional volta a</p><p>correr, mas o</p><p>processo continua</p><p>suspenso, pois o</p><p>objetivo é impedir</p><p>que o réu seja</p><p>processado sem sua</p><p>ciência.</p><p>18</p><p>→ O STF encampou essa</p><p>sistemática no Tema de</p><p>Repercussão Geral 438 de</p><p>2020 e hoje é posição</p><p>consolidada14.</p><p>■ Procedimento da citação por edital</p><p>➢ O conteúdo do edital é parecido</p><p>com omandado de citação;</p><p>➢ O prazo está no arts. 364 e o art.</p><p>36515, dispõe acerca das</p><p>informações constantes no</p><p>edital.</p><p>● Não se deve confundir o não comparecimento do</p><p>réu citado por edital, com o não comparecimento</p><p>do réu citado pessoalmente;</p><p>○ Quando o réu é citado pessoalmente e não</p><p>comparece, o processo segue;</p><p>15Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90</p><p>(noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de no II, o prazo será de trinta dias.</p><p>Art. 365. O edital de citação indicará</p><p>I - o nome do juiz que a determinar;</p><p>II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e</p><p>profissão, se constarem do processo;</p><p>III - o fim para que é feita a citação;</p><p>IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;</p><p>V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua</p><p>afixação. Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será</p><p>publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito</p><p>e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do</p><p>jornal com a data da publicação.</p><p>14Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos</p><p>na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do</p><p>prazo prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a</p><p>despeito de o processo permanecer suspenso.</p><p>STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema</p><p>438) (Info 1001).</p><p>19</p><p>■ Processo continua apenas se a citação</p><p>for válida.16</p><p>○ Citação por edital, se não comparecer o réu,</p><p>nem for constituído advogado, segue-se a</p><p>dinâmica do art. 366, do CPP</p><p>■ Suspensão do processo e do prazo</p><p>prescricional.</p><p>➢ Súmula 415 do STJ e</p><p>entendimento do STF.</p><p>b. Intimação e Notificação</p><p>i. Definição</p><p>● O termo intimação é usado para ciência que se dá</p><p>a qualquer parte do processo (até o perito, o</p><p>assistente da acusação), referente a ato que já</p><p>ocorreu;</p><p>○ Ex: intimar as partes da sentença prolatada.</p><p>○ Parte da doutrina entende que essa</p><p>modalidade não existe.</p><p>■ Terminologia não se aplicaria ao CPP.</p><p>● Notificação seria a ciência que se dá a atos que</p><p>vão ocorrer para qualquer das partes.</p><p>○ Ex: juiz fará inspeção judicial na empresa em</p><p>que foi cometido o crime de corrupção. Para</p><p>as partes acompanharem, o juiz as notifica.</p><p>○ É comum utilizar intimação para tudo, mas</p><p>de forma técnica, intimação é ciência de atos</p><p>já praticados para qualquer partes.</p><p>16 INFO 814: Não há como reconhecer a nulidade por cerceamento de defesa no</p><p>caso em que comprovado que, a despeito de o paciente encontrar-se foragido desde a data dos</p><p>fatos e de serem infrutíferas as diversas tentativas de intimação pessoal do acusado, durante toda a</p><p>instrução processual ele foi devidamente assistido, tendo respondido a todos os atos processuais por</p><p>meio de advogado constituído, de modo que a finalidade da citação foi integralmente alcançada.</p><p>STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 823.208-RJ, 29/4/2024 (Info 814).</p><p>20</p><p>ii. Formas das intimações</p><p>● Aplica-se tanto a intimação quanto a notificação;</p><p>● Se o defensor, advogado, for constituído por</p><p>procuração, essa notificação/intimação será feita</p><p>por publicação no órgão de comunicação oficial de</p><p>tribunal;</p><p>○ Diário de justiça, ou órgão oficial de</p><p>publicação.</p><p>■ Ex: sentença prolatada, quero intimar a</p><p>defesa para recorrer. Se o defensor for</p><p>constituído, devo intimar por</p><p>publicação no diário de justiça.</p><p>● Ministério Público, Defensor Público, Defensor</p><p>dativo, nesses casos a intimação é</p><p>necessariamente pessoal, conforme art. 370, § 4º do</p><p>CPP17.</p><p>○ Tais dispositivos, que veiculam prerrogativas,</p><p>são essenciais para concursos dessas</p><p>carreiras.</p><p>○ Defensoria</p><p>■ Art. 128, I da LC 80/8418;</p><p>○ MP</p><p>■ Art. 18, II, h, da LC 75/9319</p><p>■ O art. 41, IV, da Lei nº 8.625/93 (Lei</p><p>Orgânica do MP) determina que a</p><p>19Art. 18, II, h, da LC 75/93: São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União: II -</p><p>processuais: h) receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de</p><p>jurisdição nos feitos em que tiver que oficiar.</p><p>18Art. 128, I da LC 80/84: São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Estado, dentre</p><p>outras que a lei local estabelecer: I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos</p><p>autos com vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância</p><p>administrativa, contando-se-lhes em dobro todos os prazos;</p><p>17Art. 370, § 4º do CPP: A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.</p><p>21</p><p>intimação pessoal do MP deve ocorrer</p><p>através da entrega dos autos com vista.</p><p>➢ Não é aplicável a intimação</p><p>pessoal por meio de mandado</p><p>prevista na lei geral.</p><p>■ No Tema 95920, o STJ definiu que o</p><p>termo inicial da contagem do prazo</p><p>para o MP impugnar decisão judicial é</p><p>a data da entrega dos autos.</p><p>➢ Posteriormente, o STJ ponderou</p><p>que essa tese não leva em</p><p>consideração as intimações</p><p>realizadas nos processos</p><p>eletrônicos.</p><p>➢ Em relação à intimação do MP</p><p>efetivada por meio eletrônico,</p><p>esta não viola sua prerrogativa de</p><p>ser pessoalmente intimado,</p><p>contanto que haja requerimento</p><p>próprio nesse sentido21.</p><p>iii. Jurisprudência</p><p>● Havendo requerimento próprio neste sentido, a</p><p>intimação efetivada por meio eletrônico do Ministério</p><p>Público não viola sua prerrogativa de ser</p><p>pessoalmente intimado (Info 757).22</p><p>22 Caso adaptado: o Ministério Público estadual interpôs recurso especial. Ele foi incluído, a requerimento próprio,</p><p>no Portal de Intimação do STJ em 19/6/2020. O Resp foi julgado e o MP intimado, de forma eletrônica, do acórdão</p><p>proferido em 24/02/2022. Apesar da intimação eletrônica, o Ministério Público deixou transcorrer o prazo, sem</p><p>manifestação. Depois disso, arguiu nulidade por ofensa à prerrogativa de intimação pessoal e violação ao que o</p><p>STJ decidiu no Tema 959:</p><p>21Havendo requerimento próprio neste sentido, a intimação efetivada por meio eletrônico do Ministério Público</p><p>não viola sua prerrogativa de ser pessoalmente intimado. STJ. 5ª Turma. Pet no REsp 1.468.085-PA, Rel. Min. João</p><p>Otávio de Noronha, julgado em 13/09/2022 (Info 757)</p><p>20O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público,</p><p>testemunhável é o recurso cabível, em</p><p>regra, contra a denegação de outro recurso, desde</p><p>que não haja uma norma especial em sentido</p><p>diverso.</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Art. 639, CPP149</p><p>● Recurso interposto na secretaria do órgão perante</p><p>o diretor de secretaria nas quarenta e oito horas</p><p>seguintes ao despacho que denegar o recurso.</p><p>● Prazo</p><p>149Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:</p><p>I - da decisão que denegar o recurso;</p><p>II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem.</p><p>213</p><p>○ Art. 640, CPP150</p><p>○ 48h (quarenta e oito horas)</p><p>● Efeitos</p><p>○ Art. 646, CPP151;</p><p>○ Não tem efeito suspensivo</p><p>vii. Embargos infringentes e (ou) de nulidade</p><p>● Os embargos infringentes dizem respeito ao direito</p><p>material, enquanto os de nulidade dizem respeito</p><p>ao direito processual.</p><p>● No âmbito do CPP, os embargos infringentes ou de</p><p>nulidade são recurso exclusivo da defesa.</p><p>○ Renato Brasileiro: ressalta que o Ministério</p><p>Público até pode interpô-lo, desde que seja</p><p>em benefício da defesa.</p><p>○ No Código de Processo Penal Militar, este</p><p>recurso pode ser utilizado em benefício da</p><p>defesa ou da acusação.</p><p>● Cabimento e modalidade</p><p>○ “Art. 538. O Ministério Público e o réu</p><p>poderão opor embargos de nulidade,</p><p>infringentes do julgado e de declaração, às</p><p>sentenças finais proferidas pelo Superior</p><p>Tribunal Militar.”</p><p>○ Os embargos infringentes ou de nulidade</p><p>não foram revogados pelo Novo CPC.</p><p>○ Os embargos infringentes ou de nulidade</p><p>pressupõem uma decisão não unânime.</p><p>151Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.</p><p>150Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme</p><p>o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o</p><p>requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas.</p><p>214</p><p>Neste caso, os embargos ficarão restritos ao</p><p>objeto da divergência.</p><p>○ Atenção: Com base na localização</p><p>topográfica dos embargos infringentes ou de</p><p>nulidade, é possível perceber que eles são</p><p>cabíveis apenas contra decisão não unânime</p><p>proferida em julgamento de apelação, RESE</p><p>ou agravo em execução (pois este está sujeito</p><p>ao procedimento do RESE).</p><p>viii. Agravo em execução</p><p>● Das decisões proferidas pelo juiz de execução,</p><p>caberá recurso de agravo em execução.</p><p>● As competências do juízo da execução estão</p><p>listadas no art. 66 da LEP.</p><p>○ Observação: Apesar da decisão do STF</p><p>proferida nas ADCs 43, 44 e 54, Renato</p><p>Brasileiro destaca que o juízo da execução</p><p>não passa a ser competente apenas a partir</p><p>do trânsito em julgado de sentença</p><p>condenatória ou absolutória imprópria, pois é</p><p>muito comum que o preso cautelar tenha</p><p>direito a certos benefícios prisionais,</p><p>sobretudo em casos em que já houve o</p><p>trânsito em julgado para a acusação, mas</p><p>ainda não ocorreu o trânsito em julgado da</p><p>decisão (recurso exclusivo da defesa).</p><p>○ Nesses casos, o juízo competente para</p><p>deliberar sobre eventuais benefícios</p><p>prisionais é o juízo da execução. De acordo</p><p>com o art. 197 da lei n° 7.210/84, das decisões</p><p>215</p><p>proferidas pelo juiz de execução, caberá</p><p>recurso de agravo, sem efeito suspensivo.</p><p>■ LEP, art. 197: “Das decisões proferidas</p><p>pelo Juiz caberá recurso de agravo,</p><p>sem efeito suspensivo.”</p><p>● Procedimento adequado</p><p>○ Quando a LEP entrou em vigor (1984), havia</p><p>uma 1ª corrente que defendia que o agravo</p><p>em execução deveria observar o</p><p>procedimento do agravo de instrumento</p><p>(previsto no CPC).</p><p>■ Entretanto, esta não é a melhor</p><p>orientação.</p><p>○ Há uma 2ª corrente (prevalecente) que</p><p>defende que, diante do silêncio da LEP, o</p><p>ideal seria aplicar, por analogia, o</p><p>procedimento do RESE.</p><p>■ Súmula n. 700 do STF: “É de cinco dias</p><p>o prazo para interposição de agravo</p><p>contra decisão do juiz da execução</p><p>penal”.</p><p>■ O prazo de 5 (cinco) dias trazido pela</p><p>Súmula 700 do STF é o mesmo prazo</p><p>estabelecido para o RESE.</p><p>● Cabimento de mandado de segurança para se</p><p>atribuir efeito suspensivo ao agravo em</p><p>execução</p><p>○ O agravo em execução não possui efeito</p><p>suspensivo. Diante disso, questiona-se: É</p><p>possível que a parte utilize o mandado de</p><p>216</p><p>segurança para atribuir efeito suspensivo ao</p><p>agravo em execução? Temos duas correntes:</p><p>■ 1ª Corrente, minoritária: Sim, é cabível o</p><p>Mandado de Segurança para atribuir</p><p>efeito suspensivo ao agravo em</p><p>execução. Essa corrente parte de uma</p><p>interpretação contrário sensu da Lei</p><p>12.016/2009.</p><p>■ 2ª Corrente, majoritária: Entende que</p><p>não cabível o mandado de segurança</p><p>para atribuir efeito suspensivo ao</p><p>agravo em execução.</p><p>➢ Súmula n. 604 do STJ: “O</p><p>mandado de segurança não se</p><p>presta para atribuir efeito</p><p>suspensivo a recurso criminal</p><p>interposto pelo Ministério</p><p>Público” (3ª Seção, aprovada em</p><p>28/02/2018, DJe 05/03/2018).</p><p>ix. Recurso Extraordinário e Recurso Especial</p><p>● Estudados no processo civil</p><p>217</p><p>5. Ações autônomas de impugnação</p><p>a. Introdução</p><p>i. Definição</p><p>● Os recursos são meios impugnativos das decisões</p><p>judiciais, dentro do próprio processo, prolongando</p><p>a relação jurídica e afastando o trânsito em julgado,</p><p>como acontece com o recurso de apelação e o</p><p>recurso em sentido estrito.</p><p>● As ações autônomas de impugnação, apesar de</p><p>serem utilizadas para impugnar decisões judiciais,</p><p>inauguram uma nova relação jurídica processual e,</p><p>não necessariamente, irão afastar ou impedir o</p><p>trânsito em julgado.</p><p>○ São voluntárias, o que significa dizer, não</p><p>podem ser praticadas de ofício.</p><p>■ Exceção - ação que pode ser praticada</p><p>de ofício;</p><p>➢ Habeas Corpus de ofício.</p><p>b. Espécies de ações autônomas de impugnação</p><p>i. Habeas Corpus</p><p>● Introdução</p><p>○ O Habeas Corpus, junto com o Habeas Data</p><p>e o Mandado de Segurança, representa</p><p>verdadeiro remédio constitucional, previsto</p><p>no art. 5º, LXVIII, CF.152</p><p>■ Objetiva municiar o cidadão de</p><p>garantia processual para proteger seu</p><p>direito deambular, isto é, o seu direito</p><p>de ir e vir.</p><p>152LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer</p><p>violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;</p><p>218</p><p>■ Ao ser tratado como direito</p><p>fundamental, de primeira geração, é</p><p>considerado cláusula pétrea, não</p><p>podendo, portanto, ser suprimido.</p><p>➢ Ferramenta para proteção do</p><p>direito constitucional de ir e vir.</p><p>● Espécies</p><p>○ Habeas Corpus repressivo ou liberatório</p><p>■ Quando a pessoa já está presa ou está</p><p>submetida a uma medida cerceadora</p><p>da sua liberdade de locomoção.</p><p>■ Não serve apenas contra ato do Estado,</p><p>mas pode ser usado contra ato de</p><p>particular;</p><p>➢ Jurisprudência: possui</p><p>precedente antigo da utilização</p><p>do remédio constitucional de</p><p>Habeas Corpus, em face da</p><p>situação na qual uma pessoa foi</p><p>internada à força em uma clínica</p><p>médica.</p><p>■ A ordem que se quer obter no Habeas</p><p>Corpus repressivo é a soltura imediata.</p><p>○ Habeas Corpus preventivo</p><p>■ No que se refere a esta espécie, a</p><p>liberdade ainda não foi cerceada, mas</p><p>há ameaça real de violação da</p><p>liberdade de ir e vir</p><p>➢ Não pode ser proposto de forma</p><p>temerária, isto é, deve existir uma</p><p>ameaça concreta e real.</p><p>219</p><p>■ Jurisprudência do STF e STJ: Nos</p><p>processo penais em que a acusação</p><p>não possa resultar pena de prisão ou</p><p>ensejar, no futuro, medida privativa de</p><p>liberdade não é possível interposição</p><p>de Habeas Corpus</p><p>➢ Exemplo: O réu pretende</p><p>impugnar decisão judicial</p><p>tomada no JECRIM, em processo</p><p>de crime de ameaça. Deve usar</p><p>mandado de segurança, ou o</p><p>recurso cabível. Não serve o</p><p>habeas corpus</p><p>■ A ordem que se quer obter por meio</p><p>do Habeas Corpus preventivo é o salvo</p><p>conduto, ou seja, impedir que qualquer</p><p>autoridade cerceie a liberdade daquela</p><p>pessoa</p><p>➢ Uso abundante nas CPIs, em que</p><p>as pessoas investigadas, as quais</p><p>possuem as mesmas garantias</p><p>do réu em um processo penal,</p><p>escolhiam ficar em silêncio. Na</p><p>década de 90, havia dificuldade</p><p>na interpretação da aplicação</p><p>das garantias do processo penal</p><p>aos investigados na CPI, o que</p><p>levava a muitas prisões em razão</p><p>da utilização do direito ao</p><p>silêncio.</p><p>220</p><p>→ Movia-se, assim, o habeas</p><p>corpus preventivo,</p><p>garantindo sua</p><p>liberdade,</p><p>caso optassem pelo direito</p><p>ao silêncio.</p><p>● Sujeitos do Habeas Corpus</p><p>○ Autoridade coatora</p><p>■ Pessoa responsável pelo cerceamento</p><p>ilegal ou pela ameaça ao direito</p><p>deambular.</p><p>➢ Exemplo:</p><p>→ Delegado de Polícia, que</p><p>decreta uma prisão ilegal;</p><p>→ Juiz que decreta prisão</p><p>indevida.</p><p>→ Desembargador relator ou</p><p>o Ministro que determina</p><p>medida cautelar prisional,</p><p>que parte considera</p><p>indevida.</p><p>→ Habeas corpus contra o</p><p>particular, o diretor de</p><p>hospital, ou o responsável</p><p>pela clínica.</p><p>➢ Pessoa que possui</p><p>responsabilidade última por</p><p>aquele cerceamento ilegal.</p><p>■ A definição da autoridade coatora é</p><p>importante para fins de definição da</p><p>competência.</p><p>221</p><p>➢ A fixação de competência do</p><p>Habeas Corpus segue o critério</p><p>da autoridade coatora, conforme</p><p>previsão na Constituição</p><p>→ Exemplo:</p><p>↠ Autoridade coatora é</p><p>juiz de primeiro grau:</p><p>competência é do</p><p>tribunal a que ele</p><p>está submetido;</p><p>↠ A autoridade coatora</p><p>é o delegado:</p><p>competência é do</p><p>juiz de primeiro grau</p><p>daquela</p><p>competência</p><p>territorial;</p><p>↠ Autoridade coatora é</p><p>um parlamentar:</p><p>competência é do</p><p>Supremo Tribunal</p><p>Federal.</p><p>■ A Autoridade coatora, uma vez</p><p>interposto Habeas Corpus, deve</p><p>prestar informações.</p><p>➢ Procedimento da prestação de</p><p>informações: arts. 647 e</p><p>seguintes do Código de Processo</p><p>Penal.</p><p>○ Paciente</p><p>222</p><p>■ Pessoa que tem sua liberdade tolhida,</p><p>cerceada ou ameaçada.</p><p>■ Os direitos fundamentais do art. 5º da</p><p>Constituição Federal não se direcionam</p><p>apenas aos nacionais brasileiros, mas</p><p>para todos que vierem a transitar pelo</p><p>país, inclusive àqueles que ainda não se</p><p>encontram em território brasileiro.</p><p>➢ Estrangeiros podem fazer uso do</p><p>Habeas Corpus, inclusive o</p><p>Habeas Corpus Preventivo</p><p>○ Impetrante</p><p>■ Pessoa que vai à autoridade e promove</p><p>a ação autônoma de impugnação.</p><p>➢ Pode se confundir com o</p><p>paciente ou não.</p><p>■ Para a ação de Habeas Corpus, não se</p><p>faz necessária capacidade postulatória.</p><p>➢ Não é necessário o advogado</p><p>para impetrar Habeas Corpus.</p><p>➢ Art. 10, do Estatuto da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil: São</p><p>atividades privativas de</p><p>advocacia: (...) § 1º Não se inclui na</p><p>atividade privativa de advocacia a</p><p>impetração de habeas corpus em</p><p>qualquer instância ou tribunal.</p><p>■ A impetração de Habeas Corpus sequer</p><p>exige capacidade civil, o que significa</p><p>dizer que a pessoa incapaz pode</p><p>ajuizar a referida ação de impugnação.</p><p>223</p><p>➢ No mesmo sentido, pessoa</p><p>menor de idade, pessoa</p><p>curatelada, pessoa internada</p><p>compulsoriamente.</p><p>■ Pessoa jurídica pode promover o</p><p>Habeas Corpus.</p><p>➢ Exemplo: entidade, associação.</p><p>➢ Destaca-se, contudo, que a</p><p>pessoa jurídica não pode ser</p><p>paciente, visto que não possui</p><p>liberdade de ir e vir.</p><p>■ O Ministério Público pode promover</p><p>ação de Habeas Corpus.</p><p>■ Quanto à autoridade competente para</p><p>julgamento do remédio, não é possível</p><p>promover o Habeas Corpus.</p><p>➢ Pode, no entanto, conceder de</p><p>ofício o Habeas Corpus, como</p><p>por exemplo, no curso de um</p><p>processo penal em que é</p><p>verificado um cerceamento ao</p><p>direito de liberdade.</p><p>➢ Comum nos recursos a</p><p>concessão de ofício.</p><p>➢ Trata-se de exceção à</p><p>voluntariedade das ações</p><p>autônomas de impugnação.</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Arts. 647 e seguintes do Código de Processo</p><p>Penal (CPP).</p><p>224</p><p>○ Art. 648 do CPP prevê algumas formas de</p><p>cerceamento ilegal da liberdade;</p><p>■ Rol meramente exemplificativo:</p><p>➢ Falta de justa causa para ação</p><p>penal;</p><p>→ Ordem de Habeas Corpus</p><p>promoverá o trancamento</p><p>do processo, ou da</p><p>investigação temerária,</p><p>desde que possa resultar</p><p>em ameaça ou restrição</p><p>indevida da liberdade</p><p>daquela pessoa.</p><p>➢ Quando alguém estiver preso por</p><p>mais tempo do que determina a</p><p>lei;</p><p>→ Aplica-se à prisão</p><p>temporária;</p><p>→ Mandamento expresso do</p><p>art. 366, parágrafo único do</p><p>CPP, que limita prisão</p><p>cautelar ao período</p><p>máximo de 90 (noventa)</p><p>dias</p><p>→ Prazo que o Ministério</p><p>Público possui para</p><p>denunciar, em caso de réu</p><p>preso, de 5 (cinco) dias;</p><p>➢ Quando quem ordenar a coação</p><p>não tiver competência para</p><p>fazê-lo;</p><p>225</p><p>→ Exemplo: prisão</p><p>determinada por</p><p>autoridade incompetente</p><p>➢ Quando o processo for</p><p>manifestamente nulo;</p><p>→ Houver nulidade em</p><p>processo que culmine em</p><p>prisão, ou ameaça à</p><p>liberdade daquela pessoa.</p><p>● Jurisprudência sobre Habeas Corpus</p><p>○ Não cabe habeas corpus para questionar</p><p>passaporte vacinal/sanitário.</p><p>■ “O Habeas corpus não constitui via</p><p>própria para impugnar Decreto de</p><p>governador de Estado sobre adoção de</p><p>medidas acerca da apresentação do</p><p>comprovante de vacinação contra a</p><p>COVID-19 para que as pessoas possam</p><p>circular e permanecer em locais</p><p>públicos e privados”.</p><p>STJ. 2ª Turma. RDC no HC</p><p>700487-RS, Rel. Min. Francisco</p><p>Falcão, julgado em 22/02/2022</p><p>(Info 726)</p><p>○ Não cabe habeas corpus contra lei em tese.</p><p>■ “O habeas corpus não se traduz em</p><p>meio adequado para o</p><p>reconhecimento da ilegalidade de ato</p><p>normativo em tese.</p><p>No caso, a demanda perpassa</p><p>necessariamente pela análise de</p><p>226</p><p>inconstitucionalidade em tese de</p><p>Lei Municipal. Ocorre que o</p><p>habeas corpus não constitui via</p><p>própria para o controle abstrato</p><p>da validade das leis e dos atos</p><p>normativos em geral, sob pena</p><p>de desvirtuamento de sua</p><p>essência”.</p><p>STJ. 5ª Turma. RHC 104.626/SP,</p><p>Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado</p><p>em 6/8/2019153.</p><p>○ É inadmissível a intervenção de assistente de</p><p>acusação na ação de habeas corpus.</p><p>■ “É inadmissível a intervenção do</p><p>assistente de acusação na ação de</p><p>habeas corpus.</p><p>Isto porque, inexiste imposição</p><p>legal de intimação do assistente</p><p>do Ministério Público no habeas</p><p>corpus impetrado em favor do</p><p>acusado. Ademais, como ele não</p><p>integra a relação processual</p><p>instaurada nessa ação autônoma</p><p>de natureza constitucional,</p><p>também não possui legitimidade</p><p>para recorrer de decisões</p><p>153COMO O TEMA CAIU EM PROVA:</p><p>(2023 - CEBRASPE - JUIZ TJDFT) - O habeas corpus constitui via própria para impugnar decreto de</p><p>governador de estado sobre adoção de medidas acerca da apresentação de comprovante de</p><p>vacinação contra a covid-19 para que as pessoas possam circular e permanecer em locais públicos e</p><p>privados. (Errado)</p><p>227</p><p>proferidas em habeas corpus, por</p><p>não constar essa atividade</p><p>processual no rol exaustivo do</p><p>art. 271 do Código de Processo</p><p>Penal”.</p><p>STF. 1ª Turma. AgRg no HC</p><p>203.737, Rel. Min. Carmem Lúcia,</p><p>decisão monocrática em</p><p>31/08/2021</p><p>■ Súmula 208-STJ: O assistente do</p><p>Ministério Público não pode recorrer,</p><p>extraordinariamente, de decisão</p><p>concessiva de habeas corpus.</p><p>■ “É vedada a intervenção de terceiros</p><p>em habeas corpus, ainda que na</p><p>condição de assistente simples, salvo</p><p>nos casos de ação penal privada”.</p><p>STJ; AgRg-HC 380.834; Proc.</p><p>2016/0316774-4; RJ; Sexta Turma;</p><p>Rel. Min. Rogério Schietti Cruz;</p><p>Julg. 18/05/2021; DJE 26/05/2021.</p><p>○ Súmula 648-STJ: A superveniência da</p><p>sentença condenatória prejudica o pedido de</p><p>trancamento da ação penal por falta de justa</p><p>causa feito em habeas corpus.</p><p>■ EXCEÇÃO:</p><p>■ “A superveniência de sentença</p><p>condenatória não tem o condão de</p><p>prejudicar habeas corpus que analisa</p><p>tese defensiva de que teria havido</p><p>228</p><p>quebra da cadeia de custódia da prova,</p><p>ocorrida ainda na fase inquisitorial e</p><p>empregada como justa causa para a</p><p>própria ação penal”.</p><p>STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel.</p><p>Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min.</p><p>Rogerio Schietti Cruz, julgado em</p><p>23/11/2021 (Info 720)</p><p>ii. Revisão criminal</p><p>● Definição</p><p>○ A revisão criminal tem grande característica</p><p>de que só pode ser promovida pelo réu e sua</p><p>defesa;</p><p>■ Não existe revisão criminal por parte do</p><p>Ministério Público, como forma de se</p><p>agravar a situação do réu.</p><p>○ A revisão criminal faz as vezes de ação</p><p>rescisória do processo penal, em que após o</p><p>trânsito em julgado de uma decisão</p><p>condenatória, não cabendo nos casos de</p><p>decisão absolutória, a defesa busca</p><p>desconstituir o trânsito em julgado em</p><p>virtude de irregularidade, nulidade absoluta,</p><p>ou outro elemento que permita o</p><p>ajuizamento da ação;</p><p>○ A revisão criminal é representada por uma</p><p>petição inicial, na qual se terá os</p><p>fundamentos.</p><p>○ Iniciativa:</p><p>■ Réu;</p><p>229</p><p>➢ Diante da sua ausência, seus</p><p>sucessores poderão</p><p>ajuizar ação</p><p>de revisão criminal.</p><p>➢ Art. 623, CPP154</p><p>■ Defesa;</p><p>■ Há entendimento de que o Ministério</p><p>Público poderia atuar e apresentar a</p><p>revisão criminal como custos iuris,</p><p>desde que para beneficiar o réu.</p><p>○ O Provimento definitivo do órgão</p><p>competente desconstituirá o trânsito em</p><p>julgado e, eventualmente, irá substituir a</p><p>decisão.</p><p>■ Art. 626, CPP155</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Art. 621, CPP156</p><p>■ Inciso I</p><p>➢ Sentença condenatória contrária</p><p>ao texto da lei;</p><p>→ Ocorre quando juiz ou</p><p>Tribunal fazem adequação</p><p>indevida da norma ao fato.</p><p>156Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:</p><p>I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos</p><p>autos;</p><p>II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos</p><p>comprovadamente falsos;</p><p>III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de</p><p>circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.</p><p>155Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração,</p><p>absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo. Parágrafo único. De qualquer maneira, não</p><p>poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.</p><p>154Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou,</p><p>no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.</p><p>230</p><p>→ Exemplo: ocorreu um furto,</p><p>mas é condenado por</p><p>roubo.</p><p>➢ Sentença contrária à evidência</p><p>dos autos;</p><p>→ Há prova que não foi o</p><p>autor do fato, mas mesmo</p><p>assim, foi condenado</p><p>■ Inciso II</p><p>➢ Prova comprovadamente falsa,</p><p>que pode se dar tanto no curso</p><p>da revisão criminal ou</p><p>anteriormente.</p><p>■ Inciso III</p><p>➢ Provas novas;</p><p>➔ Para se considerar prova nova,</p><p>esta deve ser substancial ou</p><p>formalmente nova?</p><p>◆ Prova substancialmente</p><p>nova: a prova não existia no</p><p>curso do processo;</p><p>● Aplicada no Processo</p><p>Civil, nos casos de</p><p>exame de DNA para</p><p>fins de exame de</p><p>paternidade;</p><p>● No Processo Penal,</p><p>por exemplo, o</p><p>desenvolvimento de</p><p>tecnologia permite o</p><p>231</p><p>monitoramento mais</p><p>apurado por GPS.</p><p>◆ Prova formalmente nova já</p><p>existia na época, mas não</p><p>foi aventada no processo;</p><p>● Basta que a prova</p><p>seja formalmente</p><p>nova para o processo</p><p>penal;</p><p>● Se tiver sido</p><p>produzida no</p><p>processo, não é prova</p><p>nova. Revisão</p><p>criminal será</p><p>rejeitada se aventar</p><p>prova repetida.</p><p>● Jurisprudência sobre revisão criminal</p><p>○ “Os fundamentos utilizados na dosimetria da</p><p>pena somente devem ser reexaminados se</p><p>evidenciado, previamente, o cabimento do</p><p>pedido revisional”.</p><p>STJ. 3ª Seção. RvCr 5.247-DF, Rel. Min.</p><p>Ribeiro Dantas, Rel. para acórdão</p><p>Min.Antonio Saldanha Palheiro, julgado</p><p>em 22/3/2023 (Info 772)</p><p>○ “Não é cabível revisão criminal quando</p><p>utilizada como se fosse uma nova apelação,</p><p>com vista a reexame de fatos e provas, não se</p><p>verificando contrariedade ao texto expresso</p><p>da lei penal ou à evidência dos autos,</p><p>232</p><p>consoante previsão do art. 621, I, do Código</p><p>de Processo Penal”.</p><p>STJ. 3ª Seção.AgRg na RvCr 5.735-DF,</p><p>Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em</p><p>11/05/2022 (Info 746)</p><p>○ A falsidade da identificação civil do réu não é</p><p>apta a invalidar o processo, nem permite o</p><p>manejo de revisão criminal por terceiro que</p><p>teve o nome indevidamente utilizado. STJ. 5ª</p><p>Turma. AgRg no REsp 2.119.595-MT, 9/4/2024</p><p>(Info 815).</p><p>■ Caso hipotético: Eduardo recebeu uma</p><p>intimação do oficial de justiça</p><p>informando que ele havia sido</p><p>condenado, com trânsito em julgado, a</p><p>uma pena de 5 anos de reclusão em</p><p>razão de um roubo. Surpreso, já que</p><p>não havia praticado crime algum,</p><p>Eduardo procurou a Defensoria</p><p>Pública.</p><p>O Defensor Público, após pesquisas,</p><p>descobriu que o autor do roubo em</p><p>questão teria sido Carlos, primo de</p><p>Eduardo, que era muito parecido com</p><p>ele. Carlos, no momento em que foi</p><p>preso, apresentou o documento de</p><p>Eduardo. Assim, para todos os efeitos, o</p><p>nome e os dados de Eduardo</p><p>constaram no processo criminal como</p><p>sendo ele o autor do delito.</p><p>233</p><p>Não cabe revisão criminal neste caso,</p><p>porque não se enquadra em nenhuma</p><p>das hipóteses taxativamente previstas</p><p>no art. 621 do CPP.</p><p>■ A falsidade da identificação civil do réu</p><p>não é apta a invalidar o processo, nem</p><p>permite o manejo da revisional por</p><p>terceiro que teve o nome</p><p>indevidamente utilizado. No caso</p><p>concreto, o verdadeiro autor do crime</p><p>apurado na ação penal originária foi</p><p>identificado fisicamente e condenado</p><p>com base em provas idôneas, havendo</p><p>equívoco somente quanto a sua</p><p>qualificação.</p><p>■ No caso, deve-se aplicar o art. 259 do</p><p>CPP: Art. 259. A impossibilidade de</p><p>identificação do acusado com o seu</p><p>verdadeiro nome ou outros</p><p>qualificativos não retardará a ação</p><p>penal, quando certa a identidade física.</p><p>A qualquer tempo, no curso do</p><p>processo, do julgamento ou da</p><p>execução da sentença, se for</p><p>descoberta a sua qualificação, far-se-á</p><p>a retificação, por termo, nos autos, sem</p><p>prejuízo da validade dos atos</p><p>precedentes.</p><p>■ STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp</p><p>2.119.595-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares</p><p>234</p><p>da Fonseca, julgado em 9/4/2024 (Info</p><p>815).</p><p>○ “A revisão criminal é instrumento</p><p>excepcional, não podendo ser utilizado para</p><p>reiteração de teses já vencidas pelo acórdão</p><p>revisando, seja quanto à matéria de direito,</p><p>seja quanto à matéria de fato.</p><p>Em outras palavras, na revisão criminal</p><p>não se pode querer rediscutir os</p><p>argumentos que já foram alegados e</p><p>rejeitados durante o processo criminal”.</p><p>STF. Plenário. RvC 5437/RO, Rel. Min.</p><p>Teori Zavascki, julgado em 17/12/2014</p><p>(Info 772).</p><p>235</p><p>236</p><p>6. Leis processuais penais especiais</p><p>a. Introdução</p><p>i. O professor escolheu as leis mais importantes e os</p><p>assuntos mais relevantes.</p><p>b. Lei do juizado especial criminal - Lei 9099/1995</p><p>i. Introdução</p><p>● Art. 394, CPP157</p><p>○ Estabelece que o procedimento será</p><p>comum ou especial;</p><p>■ Procedimentos comuns:</p><p>ordinário, sumário e</p><p>sumaríssimo.</p><p>○ O procedimento sumaríssimo é</p><p>previsto para as infrações penais de</p><p>menor potencial ofensivo, na forma da</p><p>lei.</p><p>● Não se aplica ao crimes militares</p><p>○ Art. 90-A, lei 9099/95158;</p><p>● Não se aplica a violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher;</p><p>○ Entendimento consolidado por</p><p>súmulas do STF e do STJ;</p><p>ii. Infrações penais de menor potencial ofensivo</p><p>● O que são as infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo?</p><p>158Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído</p><p>pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)</p><p>157Art. 394. O procedimento será comum ou especial.</p><p>§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:</p><p>I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4</p><p>(quatro) anos de pena privativa de liberdade;</p><p>II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)</p><p>anos de pena privativa de liberdade;</p><p>III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.</p><p>237</p><p>○ A Constituição Federal, no art. 98, que</p><p>trata da organização do poder</p><p>judiciário, estabelece no inciso I o</p><p>seguinte:</p><p>■ Art. 98. A União, no Distrito</p><p>Federal e nos Territórios, e os</p><p>Estados criarão: I - juizados</p><p>especiais, providos por juízes</p><p>togados, ou togados e leigos,</p><p>competentes para a conciliação,</p><p>o julgamento e a execução de</p><p>causas cíveis de menor</p><p>complexidade e infrações penais</p><p>de menor potencial ofensivo,</p><p>mediante os procedimentos oral</p><p>e sumaríssimo, permitidos, nas</p><p>hipóteses previstas em lei, a</p><p>transação e o julgamento de</p><p>recursos por turmas de juízes de</p><p>primeiro grau;</p><p>➢ O artigo traz contornos</p><p>como a oralidade,</p><p>celeridade, permitindo a</p><p>transação e o julgamento</p><p>de recursos por turmas de</p><p>juízes de primeiro grau;</p><p>➢ A norma constitucional,</p><p>contudo, não definiu o que</p><p>é infração de menor</p><p>potencial ofensivo. Assim,</p><p>238</p><p>caberá ao legislador</p><p>ordinário.</p><p>○ Art. 61, da Lei 9.099/1995 define os</p><p>crimes de menor potencial ofensivo</p><p>■ Art. 61. Consideram-se infrações</p><p>penais de menor potencial</p><p>ofensivo, para os efeitos desta Lei,</p><p>as contravenções</p><p>penais e os</p><p>crimes a que a lei comine pena</p><p>máxima não superior a 2 (dois)</p><p>anos, cumulada ou não com</p><p>multa.</p><p>➢ Todas as contravenções</p><p>penais, que estão previstas</p><p>no Decreto-Lei 3688/1941;</p><p>➢ Crimes cuja pena máxima</p><p>não exceda 2 anos;</p><p>■ Tal conceito pode ser alterado</p><p>por meio de outra lei ordinária;</p><p>➢ Legislação não poderá, sob</p><p>pena de contrariar a</p><p>Constituição Federal,</p><p>prever os crimes dolosos</p><p>contra a vida como crimes</p><p>de menor potencial</p><p>ofensivo. Não se</p><p>enquadram nesse conceito</p><p>jurídico indeterminado.</p><p>● No caso de concurso de crimes, arts. 69, 70, 71</p><p>do CP, é necessário haver somatório das</p><p>239</p><p>penas para fins de definição da competência</p><p>do JECRIM, ou são vistos individualizados?</p><p>○ Ex: três crimes com pena máxima</p><p>inferior a 2 anos. Quando praticados</p><p>em concurso material, art. 69, CP,</p><p>tenho pena máxima de 6 anos</p><p>○ Art. 60, da Lei 9099/95, trouxe a</p><p>solução;</p><p>■ Art. 60. O Juizado Especial</p><p>Criminal, provido por juízes</p><p>togados ou togados e leigos, tem</p><p>competência para a conciliação,</p><p>o julgamento e a execução das</p><p>infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo, respeitadas as</p><p>regras de conexão e continência.</p><p>○ Devemos verificar as regras de conexão</p><p>e continência, e concurso de crimes.</p><p>■ Na época de edição da citada lei,</p><p>houve questionamento acerca</p><p>da constitucionalidade de tal</p><p>regra. Para alguns doutrinadores,</p><p>a lei estaria relativizando a</p><p>competência do JECRIM que não</p><p>está na Constituição.</p><p>➢ Esse entendimento não</p><p>prevalece.</p><p>■ STF e STJ têm súmulas que</p><p>relativizam ambas as regras de</p><p>conexão e continência para</p><p>240</p><p>definição de competência do</p><p>JECRIM.</p><p>iii. Princípios da Lei 9099/95</p><p>● Art. 62, da Lei 9099/95159 traz os contornos</p><p>orientadores do procedimento sumaríssimo</p><p>○ Oralidade</p><p>■ É a promoção de atos orais,</p><p>essencialmente, em audiência;</p><p>■ Evita-se o peticionamento</p><p>escrito, buscando-se a condução</p><p>do processo pautado na</p><p>oralidade</p><p>➢ Ex: sustentações orais,</p><p>produção de provas orais.</p><p>○ Simplicidade</p><p>■ Procura-se diminuir o quanto</p><p>possível a massa dos materiais</p><p>que são juntados aos autos do</p><p>processo sem que se prejudique</p><p>o resultado final da prestação</p><p>jurisdicional.</p><p>○ Informalidade</p><p>■ Não há necessidade de se adotar</p><p>formas sacramentais, tampouco</p><p>de se observar o rigorismo formal</p><p>do processo, desde que a</p><p>finalidade do ato processual seja</p><p>atingida;</p><p>159Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade,</p><p>simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a</p><p>reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.</p><p>241</p><p>■ É necessário renunciar ao</p><p>formalismo e entender que se a</p><p>forma existe é somente para que</p><p>determinada finalidade seja</p><p>alcançada.</p><p>➢ Art. 65: “Os atos</p><p>processuais serão válidos</p><p>sempre que preencherem</p><p>as finalidades para as quais</p><p>foram realizados, atendidos</p><p>os critérios indicados no</p><p>art. 62 desta Lei”.</p><p>■ Ex: comunicação eletrônica dos</p><p>atos, inclusive por WhatsApp,</p><p>encampada pela</p><p>jurisprudência.160</p><p>➢ A citação pode ser feita por</p><p>WhatsApp, desde que haja</p><p>confirmação da identidade</p><p>da pessoa quanto ao</p><p>conteúdo da mensagem.</p><p>→ Oficial deve atestar a</p><p>identidade de quem</p><p>recebe e que</p><p>conteúdo foi</p><p>corretamente</p><p>passado.</p><p>○ Economia processual e celeridade</p><p>160É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam adotadas</p><p>medidas suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a identidade do</p><p>indivíduo destinatário do ato processual.</p><p>STJ. 5ª Turma. HC 641.877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021 (Info 688)</p><p>242</p><p>■ Promover atos de forma célere,</p><p>buscando redução de custos.</p><p>■ Economia processual: entre duas</p><p>alternativas igualmente válidas,</p><p>deve-se optar pela menos</p><p>onerosa às partes e ao próprio</p><p>Estado.</p><p>■ Celeridade processual: guarda</p><p>relação com a necessidade de</p><p>rapidez e agilidade do processo,</p><p>objetivando-se atingir a</p><p>prestação jurisdicional no menor</p><p>tempo possível.</p><p>○ Reparação dos danos sofridos pela</p><p>vítima e a aplicação de pena não</p><p>privativa de liberdade</p><p>■ JECRIM tem por objetivo atender</p><p>os interesses da vítima,</p><p>promovendo a composição civil</p><p>para reparação dos danos;</p><p>➢ Ex: Na primeira etapa do</p><p>JECRIM, há uma tentativa</p><p>de composição civil de</p><p>danos, nos casos em que é</p><p>permitido;</p><p>➢ Primazia da justiça</p><p>restaurativa.</p><p>→ Esta se pauta na não</p><p>aplicação da sanção</p><p>em face do conflito</p><p>gerado, mas na</p><p>243</p><p>restauração do</p><p>conflito para antes do</p><p>ilícito ocorrido.</p><p>■ JECRIM não tem por objetivo</p><p>aplicar pena privativa de</p><p>liberdade.</p><p>➢ Em primeiro lugar,</p><p>busca-se aplicação de</p><p>medida não restritiva de</p><p>liberdade;</p><p>➢ Medidas substitutivas</p><p>como regra, pena privativa</p><p>de liberdade como</p><p>exceção;</p><p>→ Ex: crimes de</p><p>violência doméstica</p><p>e familiar contra a</p><p>mulher. Ameaça no</p><p>contexto de violência</p><p>doméstica e familiar</p><p>contra a mulher não</p><p>permite aplicação de</p><p>medidas</p><p>substitutivas,</p><p>conforme</p><p>entendimento</p><p>sumulado do STJ.</p><p>iv. Competência territorial do JECRIM</p><p>● Art. 63, Lei 9099/95161</p><p>161Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração</p><p>penal.</p><p>244</p><p>○ O citado dispositivo adota a teoria da</p><p>ação;</p><p>■ A competência do JECRIM não se</p><p>orienta pela consumação ou</p><p>último ato da tentativa, como é</p><p>previsto no art. 70, CPP162;</p><p>■ Trata-se de paradigma moderno,</p><p>a partir do qual se entende que a</p><p>autoridade judicial com</p><p>competência do lugar da ação</p><p>terá mais recursos para instruir e</p><p>julgar o processo do que a do</p><p>local da consumação;</p><p>➢ Pensar no local da</p><p>consumação é importante</p><p>para infrações mais</p><p>complexas.</p><p>→ Ex: roubo contínuo,</p><p>com cerceamento da</p><p>liberdade da vítima.</p><p>➢ Infrações de menor</p><p>potencial, juiz terá maior</p><p>proximidade e conhecerá</p><p>melhor se estiver no local</p><p>onde ocorreu a ofensa a</p><p>determinado bem jurídico.</p><p>162Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,</p><p>no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.</p><p>245</p><p>v. Citação no JECRIM</p><p>● A citação é pessoal, pelo art. 66, da Lei</p><p>9099/95163</p><p>○ No JECRIM, não há citação por edital;</p><p>○ Pela informalidade, pode ser por</p><p>WhatsApp, correspondência, e-mail,</p><p>etc.</p><p>● Se for necessário aplicar a sistemática da</p><p>citação por edital do art. 366, do CPP, o</p><p>processo deverá ser suspenso, sendo</p><p>remetido ao juízo ordinário e da vara</p><p>comum.</p><p>○ Não tramitará mais no JECRIM;</p><p>■ Não pode retornar ao JECRIM,</p><p>uma vez enviado ao</p><p>procedimento comum para</p><p>citação ficta</p><p>➢ Parágrafo único do art. 66:</p><p>“Não encontrado o</p><p>acusado para ser citado, o</p><p>Juiz encaminhará as peças</p><p>existentes ao Juízo comum</p><p>para adoção do</p><p>procedimento previsto em</p><p>lei”.</p><p>● Admite-se a citação por hora certa</p><p>○ Quando o réu se oculta para não</p><p>receber citação;</p><p>163Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.</p><p>Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes</p><p>ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.</p><p>246</p><p>vi. Fases do JECRIM</p><p>● Há duas fases: preliminar e jurisdicional;</p><p>○ Fase Preliminar</p><p>■ Começa com a lavratura do</p><p>termo circunstanciado de</p><p>ocorrência (TCO);</p><p>➢ O crime é cometido, e a</p><p>pessoa acusada é levada</p><p>prioritariamente ao juiz do</p><p>JECRIM. Lavra-se o termo.</p><p>Se não for possível, o</p><p>acusado é encaminhado</p><p>perante à autoridade</p><p>policial.</p><p>→ Na prática, as</p><p>pessoas são levadas</p><p>para a delegacia. O</p><p>investigado é</p><p>notificado, devendo</p><p>comparecer na</p><p>audiência.</p><p>➢ Art. 69, Lei 9099/95164</p><p>→ Somente se não for</p><p>possível o</p><p>encaminhamento ao</p><p>Juizado Especial que</p><p>164Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo</p><p>circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,</p><p>providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.</p><p>Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado</p><p>ao juizado ou assumir o compromisso de</p><p>a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem</p><p>se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, comomedida de cautela,</p><p>seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.</p><p>247</p><p>a autoridade policial</p><p>lavrará o termo de</p><p>ocorrência.</p><p>→ O investigado deverá</p><p>assumir o</p><p>compromisso de</p><p>comparecer,</p><p>posteriormente, ao</p><p>JECRIM.</p><p>→ Em regra, não é</p><p>possível a prisão em</p><p>flagrante, salvo se</p><p>não prestar</p><p>compromisso de</p><p>comparecimento.</p><p>→ Atenção! Em</p><p>nenhuma hipótese,</p><p>ainda que não preste</p><p>compromisso, o</p><p>acusado de eventual</p><p>prática do art. 28 da</p><p>Lei de Drogas (Lei n°</p><p>11.343/2006) será</p><p>preso. Para este</p><p>delito, não há</p><p>cominação de prisão</p><p>privativa de</p><p>liberdade.</p><p>➢ Muito se discutiu se outras</p><p>autoridades públicas</p><p>poderiam ou não lavrar o</p><p>248</p><p>termo circunstanciado de</p><p>ocorrência, ou se este seria</p><p>ato privativo do delegado</p><p>de polícia civil/federal</p><p>→ STF entendia que era</p><p>ato privativo da</p><p>autoridade policial,</p><p>delegado de polícia</p><p>civil/federal;</p><p>→ Hoje, a</p><p>jurisprudência vem</p><p>sendo alterada, para</p><p>que outras</p><p>autoridades policiais</p><p>possam fazer a</p><p>lavratura do termo</p><p>circunstanciado,</p><p>polícia militar e</p><p>rodoviária federal,</p><p>principalmente165;</p><p>165Nesse sentido, cita-se o que ficou decidido no Info 1.083 do STF, Plenário. ADI 6245/DF e ADI</p><p>6264/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 17/02/2023:</p><p>É constitucional — por ausência de usurpação das funções das polícias judiciárias — a prerrogativa</p><p>conferida à Polícia Rodoviária Federal de lavrar termo circunstanciado de ocorrência (TCO), o qual,</p><p>diversamente do inquérito policial, não constitui ato de natureza investigativa, dada a sua finalidade</p><p>de apenas constatar um fato e registrá-lo com detalhes.</p><p>TESE FIXADA STF:</p><p>O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não possui natureza investigativa, podendo ser</p><p>lavrado por integrantes da polícia judiciária ou da polícia administrativa.</p><p>PRECEDENTE:</p><p>É constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos circunstanciados</p><p>pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiro Militar.</p><p>STF. Plenário. ADI 5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022 (Info 1046).</p><p>249</p><p>→ Para fins de provas</p><p>discursivas de</p><p>concurso de</p><p>Delegado, deve-se</p><p>considerar que</p><p>apenas o Delegado</p><p>pode. Prova objetiva,</p><p>adotar o</p><p>entendimento</p><p>moderno pela</p><p>possibilidade de</p><p>outras autoridades,</p><p>por haver alguns</p><p>julgados do STF e STJ</p><p>nesse sentido.</p><p>■ Audiência preliminar</p><p>➢ Sendo lavrado o termo</p><p>circunstanciado ou</p><p>apresentado o suspeito</p><p>imediatamente ao juiz no</p><p>Juizado Especial.</p><p>➢ No primeiro momento, há</p><p>uma tentativa de</p><p>composição dos danos</p><p>civis.</p><p>➔ Composição dos danos civis</p><p>◆ Lei 9.099/95, Art. 74. A composição dos</p><p>danos civis será reduzida a escrito e,</p><p>homologada pelo Juiz mediante</p><p>250</p><p>sentença irrecorrível, terá eficácia de</p><p>título a ser executado no juízo civil</p><p>competente.</p><p>Parágrafo único. Tratando-se de ação</p><p>penal de iniciativa privada ou de ação</p><p>penal pública condicionada à</p><p>representação, o acordo homologado</p><p>acarreta a renúncia ao direito de queixa</p><p>ou representação.</p><p>◆ A composição dos danos civis pode ser</p><p>feita nos crimes de ação privada ou</p><p>pública condicionada à representação,</p><p>tendo como consequência a renúncia</p><p>ao direito de queixa, como também da</p><p>persecução penal.</p><p>◆ Consequências da composição</p><p>● Ação penal privada: renúncia ao</p><p>direito de queixa;</p><p>● Ação penal pública</p><p>condicionada: renúncia à</p><p>representação;</p><p>● Ação penal pública</p><p>incondicionada: realizado o</p><p>pagamento, o indivíduo passa a</p><p>ter direito ao arrependimento</p><p>posterior.</p><p>○ Art. 16 do CP: “Nos crimes</p><p>cometidos sem violência</p><p>ou grave ameaça à pessoa,</p><p>reparado o dano ou</p><p>restituída a coisa, até o</p><p>251</p><p>recebimento da denúncia</p><p>ou da queixa, por ato</p><p>voluntário do agente, a</p><p>pena será reduzida de um</p><p>a dois terços”.</p><p>◆ Eventual descumprimento da</p><p>composição dos danos não tem o</p><p>condão de restaurar o direito de queixa</p><p>ou de representação, devendo ser</p><p>discutido no juízo cível.</p><p>➔ Transação penal</p><p>◆ Conceito: trata-se de acordo celebrado</p><p>entre o titular da ação penal e o autor</p><p>do fato delituoso, assistido por seu</p><p>defensor, objetivando a aplicação</p><p>imediata de pena restritiva de direitos</p><p>ou de multa (penas não privativas de</p><p>liberdade).</p><p>◆ Se não houver composição civil, ou</p><p>sendo crime ação penal pública</p><p>incondicionada, há a tentativa de</p><p>transação penal;</p><p>◆ Princípio da simplicidade, da</p><p>informalidade e da busca pela não</p><p>aplicação de penas privativas de</p><p>liberdade;</p><p>● Art. 76, da lei 9099/95166;</p><p>166Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada,</p><p>não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena</p><p>restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.</p><p>§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.</p><p>§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:</p><p>I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por</p><p>sentença definitiva;</p><p>252</p><p>◆ O titular da ação penal propõe</p><p>aplicação de medida imediata,</p><p>diferentemente de pena privativa de</p><p>liberdade. Se réu aceitar, o acordo é</p><p>homologado e será executado no</p><p>JECRIM;</p><p>◆ Existindo recusa da transação penal,</p><p>passa-se para a fase judicial da ação</p><p>penal, apresentada a denúncia;</p><p>oferecida a queixa ou a representação,</p><p>seguindo o procedimento</p><p>sumaríssimo.</p><p>◆ Restrições - § 2º;</p><p>● Inciso I - Se já tiver sido</p><p>condenado por sentença</p><p>definitiva, não pode obter a</p><p>transação penal.</p><p>○ Apenas o réu sem maus</p><p>antecedentes e sem</p><p>reincidência pode</p><p>transacionar;</p><p>● Inciso II - Se já tiver sido o agente</p><p>beneficiado anteriormente, no</p><p>prazo de cinco anos, por uma</p><p>medida dessa;</p><p>II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena</p><p>restritiva ou multa, nos termos deste artigo;</p><p>III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os</p><p>motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.</p><p>§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.</p><p>§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena</p><p>restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para</p><p>impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.</p><p>§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.</p><p>§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de</p><p>antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,</p><p>cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.</p><p>253</p><p>● Inciso III - circunstâncias judiciais</p><p>favoráveis.</p><p>◆ E se for possível a transação penal e o</p><p>Ministério Público não faz a proposta?</p><p>● Juiz não pode substituir o</p><p>parquet e propor a transação,</p><p>por violação ao sistema</p><p>acusatório.</p><p>● Juiz pode aplicar o art. 28, do</p><p>CPP.</p><p>○ Remessa ao Procurador</p><p>Geral de Justiça. Se este</p><p>entender que deve ser feita</p><p>proposta, envia para outro</p><p>promotor. Se concordar</p><p>com o promotor originário,</p><p>a ação continua.</p><p>◆ Descumprimento injustificado do</p><p>acordo homologado de transação</p><p>penal</p><p>● Se o indivíduo celebrar um</p><p>acordo de transação penal e vier</p><p>a descumpri-lo, o feito retoma o</p><p>seu estado de origem.</p><p>● Antigamente, o STJ entendia que</p><p>a decisão que homologa a</p><p>transação penal tinha natureza</p><p>condenatória, fazendo coisa</p><p>julgada formal e material, de tal</p><p>sorte que a única medida</p><p>possível seria propor ação cível</p><p>254</p><p>para exigir a prestação devida.</p><p>Hoje, entende-se que a decisão</p><p>não tem natureza condenatória,</p><p>mas meramente homologatória,</p><p>não fazendo coisa julgada formal</p><p>e material. Por esta razão, o</p><p>descumprimento injustificado</p><p>faz com que o feito retorne ao</p><p>estado de origem (status quo).</p><p>○ Súmula vinculante n. 35: “A</p><p>homologação da transação</p><p>penal prevista</p><p>no artigo 76</p><p>da Lei 9.099/1995 não faz</p><p>coisa julgada material e,</p><p>descumpridas suas</p><p>cláusulas, retoma-se a</p><p>situação anterior,</p><p>possibilitando- se ao</p><p>Ministério Público a</p><p>continuidade da</p><p>persecução penal</p><p>mediante oferecimento de</p><p>denúncia ou requisição de</p><p>inquérito policial”.</p><p>○ Fase Jurisdicional</p><p>■ Procedimento do art. 77 ao 81, da</p><p>lei 9099/95;</p><p>➢ Procedimento simples;</p><p>➢ Sem formalidade, oral,</p><p>celeridade;</p><p>255</p><p>■ Art. 77, da lei 9099/95167</p><p>➢ MP faz denúncia oral,</p><p>seguindo a resposta à</p><p>acusação</p><p>■ Art. 81, da lei 9099/95</p><p>➢ Dá-se a palavra ao defensor</p><p>para responder a acusação</p><p>■ Juiz decide se recebe ou não a</p><p>denúncia</p><p>■ Produção de provas</p><p>■ Sentença</p><p>➢ Art. 81, da lei 9099/95168</p><p>→ Dispensa o relatório,</p><p>mencionando</p><p>apenas os elementos</p><p>de convicção</p><p>● Julgamento do recurso do JECRIM pela</p><p>turma recursal</p><p>168Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que</p><p>o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as</p><p>testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se</p><p>imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.</p><p>§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar</p><p>ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.</p><p>(remetemos os alunos à leitura do dispositivo)</p><p>167Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência</p><p>do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público</p><p>oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências</p><p>imprescindíveis.</p><p>§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido</p><p>no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito</p><p>quando a materialidade do crime estiver aferida por boletimmédico ou prova equivalente.</p><p>§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o</p><p>Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do</p><p>parágrafo único do art. 66 desta Lei.</p><p>§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz</p><p>verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências</p><p>previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.</p><p>256</p><p>○ Art. 82, da lei 9099/95169</p><p>○ Turma recursal é composta por 3 juízes</p><p>de 1º grau;</p><p>■ Não vão para um tribunal.</p><p>vii. Suspensão condicional do processo no JECRIM</p><p>● Art. 89, da lei 9099/95170;</p><p>● Para ser aplicado o sursis processual, a pena</p><p>mínima deve ser igual ou inferior a um ano;</p><p>● O Ministério Público ao oferecer a denúncia,</p><p>poderá propor a suspensão do processo, por</p><p>dois a quatro anos, desde que o acusado não</p><p>esteja sendo processado ou não tenha sido</p><p>condenado por outro crime, presentes os</p><p>demais requisitos que autorizam a</p><p>suspensão condicional da pena;</p><p>○ Primário;</p><p>170Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou</p><p>não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do</p><p>processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha</p><p>sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão</p><p>condicional da pena (art. 77 do Código Penal).</p><p>§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,</p><p>poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes</p><p>condições:</p><p>I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;</p><p>II - proibição de freqüentar determinados lugares;</p><p>III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;</p><p>IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas</p><p>atividades.</p><p>(remetemos os alunos à leitura do dispositivo)</p><p>169Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá</p><p>ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos</p><p>na sede do Juizado.</p><p>§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério</p><p>Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do</p><p>recorrente.</p><p>§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.</p><p>§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art.</p><p>65 desta Lei.</p><p>§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.</p><p>§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de</p><p>acórdão.</p><p>257</p><p>○ Não pode estar sendo processado por</p><p>outro delito;</p><p>■ STF analisou e julgou</p><p>constitucional esse dispositivo;</p><p>■ Dispositivo pretende beneficiar</p><p>os indivíduos que não tiveram</p><p>contato processual penal;</p><p>○ Ir ao art. 77, CP171, para verificar os</p><p>demais requisitos;</p><p>● MP faz proposta diferente;</p><p>○ Processo ficará suspenso, de 2 a 4 anos,</p><p>sendo impostas condições imediatas,</p><p>presentes no § 1º;</p><p>■ I - reparação do dano, salvo</p><p>impossibilidade de fazê-lo;</p><p>■ II - proibição de freqüentar</p><p>determinados lugares;</p><p>■ III - proibição de ausentar-se da</p><p>comarca onde reside, sem</p><p>autorização do Juiz;</p><p>■ IV - comparecimento pessoal e</p><p>obrigatório a juízo, mensalmente,</p><p>para informar e justificar suas</p><p>atividades.</p><p>171Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser</p><p>suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de</p><p>11.7.1984)</p><p>II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os</p><p>motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209,</p><p>de 11.7.1984)</p><p>III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por</p><p>quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde</p><p>justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)</p><p>258</p><p>● Passando o prazo, e sendo cumprida todas as</p><p>condições, é feita a extinção da punibilidade</p><p>○ Art. 89 § 5º, da lei 9099/95;</p><p>● E se descumprir no meio do prazo?</p><p>Revogação do sursis processual e o processo</p><p>segue;</p><p>○ Revogação opcional ou obrigatória</p><p>■ § 3º é caso de revogação</p><p>obrigatória do sursis processual</p><p>➢ Processado por crime, não</p><p>contravenção;</p><p>■ § 4º é caso de revogação opcional</p><p>do sursis processual</p><p>➢ Processado por</p><p>contravenção;</p><p>○ Réu descumpre as condições e não foi</p><p>feita a revogação, tendo ele cumprido</p><p>todo o prazo estabelecido no sursi</p><p>■ Operada a extinção da</p><p>punibilidade, ainda que tenha</p><p>motivo a revogação;</p><p>➢ Operar a revogação é ônus</p><p>do Estado.</p><p>■ Art. 89, § 5º, da lei 9099/95</p><p>● Indivíduo, no curso da suspensão, é</p><p>processado por crime de uso de drogas;</p><p>○ Indivíduo em sursis processual em</p><p>razão do crime de furto, que tem pena</p><p>mínima de 1 ano;</p><p>■ Em que pese crime de furto não</p><p>esteja no procedimento do</p><p>259</p><p>JECRIM, aplica-se a suspensão</p><p>condicional do processo, art. 89</p><p>da lei 9099/95, por ser norma de</p><p>sobredireito;</p><p>○ Processo por uso de drogas</p><p>■ Suspensão é obrigatória ou</p><p>facultativa? É obrigatória, por se</p><p>tratar de crime, de acordo com a</p><p>lei;</p><p>○ STJ, fazendo interpretação sistemática,</p><p>entendeu que essa revogação é</p><p>facultativa, pois existem contravenções</p><p>penais que estão sujeitas a prisão</p><p>simples e o crime de uso de droga não</p><p>tem pena de privativa de liberdade;</p><p>■ É contrassenso aplicar revogação</p><p>facultativa para contravenção</p><p>penal que tenha cominado em</p><p>abstrato pena privativa de</p><p>liberdade e revogar</p><p>obrigatoriamente para crime que</p><p>não tem pena privativa de</p><p>liberdade em abstrato.</p><p>○ Assim, jurisprudência entende que</p><p>revogação é facultativa;</p><p>c. Lei de drogas (Lei n° 11343/2006)</p><p>i. Introdução</p><p>● Há muitas discussões iniciais atinentes ao</p><p>direito penal;</p><p>260</p><p>○ Fato de ser norma penal em branco,</p><p>fato de ser complementada por uma</p><p>portaria da ANVISA;</p><p>○ Crimes em espécies, crime de tráfico,</p><p>tráfico privilegiado, associação para o</p><p>tráfico;</p><p>● Art. 48 e seguintes da lei, que trata do</p><p>processo penal dos crimes de drogas;</p><p>ii. Crime do uso de drogas</p><p>● Aplica-se o procedimento do JECRIM;</p><p>○ É infração de menor potencial ofensivo;</p><p>■ Sequer tem pena privativa de</p><p>liberdade cominada;</p><p>■ Não cabe prisão em flagrante;</p><p>○ Ressalva é o art. 48, § 2º, da Lei</p><p>11343/2006172</p><p>■ Se o caso for de uso de drogas,</p><p>não pode ser imposta a prisão</p><p>em flagrante, mesmo se não</p><p>assumir o compromisso da lei</p><p>9099/95;</p><p>■ Não tem composição civil dos</p><p>danos;</p><p>➢ Inicia a audiência com</p><p>transação penal;</p><p>■ Transação penal</p><p>172§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante,</p><p>devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,</p><p>assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e</p><p>providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.</p><p>261</p><p>➢ Se aceitar a transação</p><p>penal, verifica-se o</p><p>cumprimento;</p><p>→ Descumprido,</p><p>denúncia oral,</p><p>resposta à acusação,</p><p>sentença aplicando</p><p>medida do art. 28;</p><p>■ Aplica-se sursis processual;</p><p>iii. Art. 33, § 3º da Lei 11343/2006173</p><p>● Aplica-se o JECRIM e sursis processual;</p><p>● Modalidade de tráfico de drogas, mas de</p><p>menor potencial ofensivo;</p><p>○ Oferecimento de droga eventual, sem</p><p>intuito de lucro, com relevância penal</p><p>menor;</p><p>iv. Demais delitos</p><p>● Não se aplica lei 9099/95, há outra</p><p>sistemática;</p><p>● Investigação criminal;</p><p>○ Sempre que há atuação em relação a</p><p>crime de drogas é preciso de laudo de</p><p>constatação de que aquela substância</p><p>é entorpecente;</p><p>■ Laudo preliminar, que permitirá a</p><p>condução de toda a investigação,</p><p>173Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,</p><p>oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a</p><p>consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com</p><p>determinação legal ou regulamentar:</p><p>§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para</p><p>juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700</p><p>(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.</p><p>262</p><p>imposição de prisão em</p><p>flagrante;</p><p>■ Laudo definitivo, que permita a</p><p>acusação e a condenação;</p><p>○ É preciso de laudo;</p><p>■ Pó é giz ou cocaína?</p><p>○ Há tribunais que vêm admitindo</p><p>condenação definitiva com base em</p><p>laudo inicial, unicamente. Desde que:</p><p>■ Tenha sido adotada a técnica</p><p>necessária para constatação;</p><p>■ Não haja menção de laudo</p><p>preliminar;</p><p>■ As técnicas para constatar se a</p><p>substância é entorpecente ou</p><p>não são simples.</p><p>➢ Pinga reagente no pó ou</p><p>na erva seca;</p><p>➢ Pela lei, exige-se um perito</p><p>→ Há órgãos policiais</p><p>em que o perito não</p><p>faz o teste. O policial</p><p>faz, segue a técnica.</p><p>○ A lei exige os dois laudos, definitivos e</p><p>preliminares, conforme informado</p><p>acima.</p><p>■ Algumas jurisprudências locais</p><p>vêm permitindo a condenação</p><p>com base em único laudo, desde</p><p>que inconteste a técnica e não</p><p>263</p><p>haja menção de laudo</p><p>preliminar;</p><p>➢ Polícia do RJ. Laudo inicial</p><p>é feito com perito. Constata</p><p>sem dúvidas que é</p><p>substância entorpecente</p><p>○ Prazo do inquérito</p><p>■ Inquérito no CPP dura 10 dias</p><p>com réu preso, 30 dias com réu</p><p>solto;</p><p>■ Lei de drogas, art. 51 da lei174, dura</p><p>30 dias com réu preso, 90 dias</p><p>com réu solto;</p><p>➢ Prazos podem ser</p><p>duplicados por decisão</p><p>judicial;</p><p>➢ Investigações geralmente</p><p>são mais complexas;</p><p>○ Medidas especiais de investigação</p><p>■ Art. 53, da lei175</p><p>➢ Infiltração de agentes;</p><p>➢ Flagrante postergado ou</p><p>ação controlada;</p><p>175Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são</p><p>permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os</p><p>seguintes procedimentos investigatórios:</p><p>I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos</p><p>especializados pertinentes;</p><p>II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros</p><p>produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de</p><p>identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem</p><p>prejuízo da ação penal cabível.</p><p>Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam</p><p>conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.</p><p>174Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e</p><p>de 90 (noventa) dias, quando solto.</p><p>Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o</p><p>Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.</p><p>264</p><p>➢ Quando a matéria for lei de</p><p>drogas é preciso</p><p>autorização judicial e oitiva</p><p>do MP;</p><p>→ Para as duas</p><p>diligências supras;</p><p>→ Em outras</p><p>legislações, essa</p><p>autorização é</p><p>mitigada, sobretudo</p><p>no flagrante de ação</p><p>controlada;</p><p>→ Ação controlada:</p><p>agente deixa de agir</p><p>para pegar o usuário,</p><p>para efetuar a prisão</p><p>do traficante, pessoa</p><p>que traz a matéria</p><p>prima.</p><p>→ Lei de crimes</p><p>organizados, basta</p><p>notificação ao juiz;</p><p>● Instrução criminal</p><p>○ Art. 54, e seguintes, da lei176</p><p>■ Recebimento do inquérito pelo</p><p>MP;</p><p>○ Testemunhas são até 5 (cinco);</p><p>176Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito</p><p>ou peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar</p><p>uma das seguintes providências:</p><p>I - requerer o arquivamento;</p><p>II - requisitar as diligências que entender necessárias;</p><p>III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que entender</p><p>pertinentes.</p><p>265</p><p>■ Por serem crimes objetivos e não</p><p>terem vítima;</p><p>○ Art. 56, da lei177</p><p>■ Recebimento da denúncia;</p><p>○ Art. 57, da lei178</p><p>■ Instrução, audiência;</p><p>➢ Não há oitiva do ofendido,</p><p>pois é crime genérico.</p><p>○ Cuidado! Sistemática no CPP depois</p><p>da reforma é que interrogatório é o</p><p>último ato de instrução.</p><p>■ Objetivo é que interrogatório</p><p>ganhe status como meio de</p><p>defesa, não de prova;</p><p>➢ Réu, depois de ver tudo o</p><p>que foi produzido ao longo</p><p>do processo, pode exercer</p><p>direito de defesa caso</p><p>deseje;</p><p>■ Art. 57, da lei, determina o</p><p>interrogatório como o primeiro</p><p>ato do processo;</p><p>178Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição</p><p>das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e ao</p><p>defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um,</p><p>prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.</p><p>Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato</p><p>para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e</p><p>relevante.</p><p>177Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e</p><p>julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,</p><p>se for o caso, e requisitará os laudos periciais.</p><p>§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37</p><p>desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de</p><p>suas atividades,</p><p>se for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo.</p><p>§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos 30 (trinta) dias</p><p>seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação para atestar</p><p>dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.</p><p>266</p><p>➢ Sistemática antiga;</p><p>■ Aplica-se a lei de drogas ou o</p><p>CPP?</p><p>➢ STF entendia que se</p><p>aplicava a lei específica;</p><p>➢ Hoje, prevalece que deve</p><p>ser aplicada a sistemática</p><p>do CPP, pois privilegia o</p><p>direito à defesa;</p><p>→ Interrogatório,</p><p>mesmo no caso de</p><p>crime de droga, será</p><p>feito por último,</p><p>como último ato de</p><p>instrução.</p><p>■ Caso o juiz tome interrogatório</p><p>como primeiro ato, isso gera</p><p>necessariamente nulidade?</p><p>➢ Não, não é absoluta,</p><p>entende o STJ, mas relativa,</p><p>necessitando-se a</p><p>comprovação do prejuízo;</p><p>➢ Há alguma jurisprudência</p><p>que vem indicando a</p><p>nulidade absoluta,</p><p>mudando o entendimento</p><p>→ Parte da doutrina</p><p>entende que a</p><p>posição deve ser</p><p>superada.</p><p>267</p><p>➢ Maioria ainda entende que</p><p>necessita-se da</p><p>comprovação do prejuízo -</p><p>pas de nullité san grief;</p><p>■ Em prova discursiva, criticar a</p><p>posição do STJ e argumentar</p><p>pela necessidade de ser o último</p><p>ato do processo, com</p><p>descumprimento gerando</p><p>nulidade absoluta;</p><p>■ Prova objetiva, ir pela</p><p>jurisprudência majoritária, que é</p><p>a da nulidade relativa. É</p><p>importante verificar a</p><p>jurisprudência antes.</p><p>d. Lei de crimes organizados (Lei 12850/2013)</p><p>i. Introdução</p><p>● Antes dessa lei, tínhamos a Convenção de</p><p>Palermo, internalizada pelo Brasil, que trazia</p><p>enunciados a respeito do crime organizado,</p><p>mas não trazia um tipo penal, de organização</p><p>criminosa;</p><p>● Tínhamos o tipo de quadrilha ou bando e o</p><p>tipo de associação ao tráfico. Não tínhamos</p><p>figura genérica de organização criminosa;</p><p>○ Depois, foi editada a Lei 9034, que</p><p>trouxe medidas de investigação</p><p>específica, mas não houve tratamento</p><p>deste tipo legal.</p><p>268</p><p>ii. Organização criminosa</p><p>● Crime previsto com a combinação dos</p><p>artigos 1º, § 1º179 e 2º180</p><p>○ Requisitos</p><p>■ Quantitativo, 4 (quatro) ou mais</p><p>pessoas;</p><p>➢ Associação criminosa do</p><p>Código Penal: 3 (três) ou</p><p>mais pessoas;</p><p>➢ Associação para o tráfico: 2</p><p>(duas) ou mais pessoas.</p><p>■ Deve ser organizado, com divisão</p><p>de funções e tarefas;</p><p>■ Objetivo de lucro ou qualquer</p><p>vantagem;</p><p>■ Objetivo de praticar infrações</p><p>penais com pena máxima</p><p>superior a 4 anos, ou com caráter</p><p>transnacional;</p><p>■ Tipo penal no art. 2º</p><p>➢ Tipo misto, alternativo, com</p><p>vários verbos;</p><p>→ Aquele que apenas</p><p>financia também</p><p>incorre na pena;</p><p>○ Tipo equiparado</p><p>180Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,</p><p>organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas</p><p>correspondentes às demais infrações penais praticadas.</p><p>179Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de</p><p>obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.</p><p>§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente</p><p>ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter,</p><p>direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais</p><p>cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.</p><p>269</p><p>■ Art. 2º, § 1º: “Nas mesmas penas</p><p>incorre quem impede ou, de</p><p>qualquer forma, embaraça a</p><p>investigação de infração penal</p><p>que envolva organização</p><p>criminosa”.</p><p>➢ Pessoa que, sabendo de</p><p>investigação sobre</p><p>organização criminosa,</p><p>incorre no tipo principal;</p><p>➢ STJ estabeleceu que o</p><p>termo “investigação” deve</p><p>ser interpretado de</p><p>maneira ampla para</p><p>também ser inserida a</p><p>etapa processual;</p><p>→ Investigação criminal</p><p>e processo penal de</p><p>organização</p><p>criminosa.</p><p>○ Meios especiais de obtenção de</p><p>prova</p><p>■ Art. 3º</p><p>■ Colaboração premiada</p><p>➢ Acordo entre o réu,</p><p>assessorado pelo seu</p><p>defensor, e o MP ou a</p><p>autoridade policial, em que</p><p>o indivíduo que assina o</p><p>acordo, de alguma forma,</p><p>colabora com a persecução</p><p>270</p><p>penal, em virtude disso</p><p>recebe um prêmio.</p><p>→ Ex.: diminuição de</p><p>pena, acordo de não</p><p>persecução penal,</p><p>etc. Art. 4º.</p><p>→ Quando o objetivo</p><p>do acordo for indicar</p><p>outras pessoas</p><p>integrantes, recebe o</p><p>nome de Delação</p><p>premiada.</p><p>➢ Chegando a proposta à</p><p>defesa, marca-se o início</p><p>das tratativas.</p><p>→ informações são</p><p>sigilosas, termo de</p><p>confidencialidade.</p><p>➢ O juiz não participa do</p><p>acordo, atuando apenas na</p><p>homologação.</p><p>→ Verifica a</p><p>legitimidade e</p><p>legalidade do acordo.</p><p>■ Ação controlada</p><p>➢ Art. 8º.</p><p>➢ Flagrante postergado</p><p>quando a autoridade</p><p>policial deixa de agir no</p><p>exato momento para agir</p><p>em momento posterior,</p><p>271</p><p>mais benéfico à</p><p>investigação.</p><p>■ Infiltração de agentes</p><p>➢ Art. 10 e segs.</p><p>➢ O agente policial infiltra-se</p><p>na organização criminosa,</p><p>inclusive testemunhando a</p><p>prática de alguns delitos, a</p><p>fim de obter meios de</p><p>prova.</p><p>➢ Autorização judicial</p><p>circunstanciada, motivada</p><p>e sigilosa.</p><p>➢ Prazo determinado, sendo</p><p>possível sua renovação.</p><p>272</p><p>a data da</p><p>entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se</p><p>dado em audiência, em cartório ou por mandado. STJ. 3ª Seção. REsp 1349935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,</p><p>julgado em 23/8/2017 (Recurso Repetitivo – Tema 959) (Info 611).</p><p>22</p><p>2. Procedimentos Processuais Penais</p><p>a. Introdução</p><p>A teoria tridimensional do processo analisa o processo a partir de 3</p><p>estamentos (tópico já abordado);</p><p>● Jurisdição</p><p>● Ação</p><p>● Processo</p><p>○ Prof. Elio Fazzalari: processo é um</p><p>procedimento em contraditório.</p><p>● A noção de procedimento é fundamental para o</p><p>processo.</p><p>○ Procedimento é uma sequência</p><p>concatenada de atos, previstos em lei ou em</p><p>atos regulamentares, reunidos por objetivo,</p><p>finalidade, que permite que se chegue a</p><p>determinado provimento definitivo</p><p>(condenação ou absolvição, no caso do</p><p>processo penal).</p><p>■ Ex: procedimento adotado nas eleições,</p><p>procedimento administrativo,</p><p>procedimento atinente ao direito</p><p>tributário;</p><p>■ No processo penal, também há o</p><p>procedimento.</p><p>○ O procedimento no processo penal deve</p><p>sempre estar previsto em legislação federal,</p><p>O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data da</p><p>entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se</p><p>dado em audiência, em cartório ou por mandado (STJ. 3ª Seção. REsp 1349935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,</p><p>julgado em 23/8/2017. Recurso Repetitivo – Tema 959).</p><p>O STJ não concordou. Isso porque a tese fixada no Tema 959 não foi construída sob a perspectiva das intimações</p><p>realizadas nos processos eletrônicos, conforme os regramentos do art. 5º, §§ 1º e 3º, da Lei nº 11.419/2006.</p><p>23</p><p>pois somente a União pode legislar sobre</p><p>processo penal.</p><p>■ Estados e Distrito Federal apenas</p><p>podem legislar se receberam a</p><p>delegação expressa por meio de lei</p><p>complementar.</p><p>➢ Art. 22, parágrafo único23</p><p>Constituição Federal.</p><p>i. Espécies de procedimento</p><p>● CPP, art. 39424, traz classificação acerca dos</p><p>procedimentos;</p><p>○ Procedimento comum</p><p>■ Procedimento principal previsto no</p><p>CPP;</p><p>➢ Art. 394 a 405, CPP</p><p>➢ Não havendo especialidade, há</p><p>procedimento base previsto no</p><p>Código.</p><p>○ Procedimentos especiais</p><p>■ Podem estar previstos no CPP, parte</p><p>final;</p><p>24Art. 394 do CPP: O procedimento será comum ou especial.</p><p>§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:</p><p>I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4</p><p>(quatro) anos de pena privativa de liberdade;</p><p>II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)</p><p>anos de pena privativa de liberdade;</p><p>III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.</p><p>§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste</p><p>Código ou de lei especial.</p><p>§ 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições</p><p>estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.</p><p>§ 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de</p><p>primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.</p><p>§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições</p><p>do procedimento ordinário.</p><p>23Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões</p><p>específicas das matérias relacionadas neste artigo.</p><p>24</p><p>➢ Ex: crimes praticados por</p><p>funcionários públicos, crimes de</p><p>propriedade imaterial.</p><p>■ E, podem estar previstos na legislação</p><p>penal especial;</p><p>➢ Ex: Lei de Drogas (11343/2006),</p><p>procedimento dos JECRIM</p><p>(9099/95).</p><p>b. Procedimento comum</p><p>i. Introdução</p><p>● É o procedimento principal, previsto no CPP.</p><p>● Pode ser dividido em 3 (três) - art. 394, § 1º.</p><p>○ Ordinário</p><p>■ É aplicado àqueles crimes, cuja pena</p><p>máxima seja superior a 4 (quatro) anos</p><p>de prisão;</p><p>■ É o procedimento mais extenso, para</p><p>que o réu possa exercer plenamente o</p><p>contraditório e a ampla defesa.</p><p>○ Sumário</p><p>■ É aplicado àqueles crimes, cuja pena</p><p>máxima não exceda 4 (quatro) anos de</p><p>prisão e não se enquadrem no</p><p>procedimento comum sumaríssimo;</p><p>○ Sumaríssimo</p><p>■ Para as infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo, na forma da lei.</p><p>■ A legislação era silente quanto ao que</p><p>eram as infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo.</p><p>25</p><p>➢ A Lei n° 9099/95 passou a prever</p><p>a definição.</p><p>➢ No art. 6125, há as hipóteses de</p><p>infrações penais de menor</p><p>potencial ofensivo. Quais são?</p><p>→ Todas as as contravenções</p><p>penais</p><p>→ Os crimes a que a lei</p><p>comine pena máxima não</p><p>superior a 2 (dois) anos,</p><p>cumulada ou não com</p><p>multa.</p><p>● O legislador, visando garantir contraditório e ampla</p><p>defesa mais efetivos ao réu, fez ressalva no art. 394</p><p>do CPP, § 4º26</p><p>○ Há um núcleo duro de procedimento, qual</p><p>seja procedimento comum ordinário, que se</p><p>aplica a todos os procedimentos;</p><p>■ São as fases de análise inicial da</p><p>acusação, citação da defesa para se</p><p>manifestar, hipóteses de absolvição</p><p>sumária e marcação de audiência de</p><p>instrução e julgamento.</p><p>○ Se aplica a qualquer procedimento, sumário,</p><p>sumaríssimo, e especial.</p><p>○ É importante para ampla defesa e</p><p>contraditório efetivo por parte do réu.</p><p>26Art. 394, § 4º, do CPP: As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os</p><p>procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.</p><p>25Art. 61 da Lei 9.099: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos</p><p>desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2</p><p>(dois) anos, cumulada ou não commulta.</p><p>26</p><p>ii. Procedimento comum ordinário</p><p>● Etapas do procedimento comum ordinário</p><p>○ O processo penal, na fase processual de fato,</p><p>sempre se inicia com a pretensão</p><p>acusatória, isto é, com o exercício de</p><p>direito de ação penal;</p><p>■ Pelo Ministério Público nas hipóteses</p><p>de ação penal pública, ou pelo</p><p>querelante nas hipóteses de ação</p><p>penal privada (ofendido ou</p><p>representante legal). Isso porque o</p><p>poder judiciário é necessariamente</p><p>inerte.</p><p>■ Juiz, para resguardar sua</p><p>imparcialidade, deve se manter ao</p><p>máximo inerte, evitando iniciativas</p><p>probatórias;</p><p>➢ Estudamos que ainda se admite</p><p>(lei, jurisprudência, parcela da</p><p>doutrina) a produção de provas</p><p>pelo juiz supletivamente, em</p><p>virtude de produção probatória</p><p>lacônica das partes.</p><p>→ Criticado pela doutrina, em</p><p>virtude da necessidade da</p><p>imparcialidade do juiz no</p><p>sistema acusatório.</p><p>■ A denúncia é distribuída, e a partir do</p><p>protocolo da inicial, já o processo é</p><p>iniciado.</p><p>27</p><p>○ O segundo ato consiste na análise, pelo juiz,</p><p>da peça inaugural, a fim de verificar se</p><p>reúne os requisitos definidos no art. 41, CPP</p><p>■ Análise do preenchimento dos</p><p>requisitos mínimos para permitir a</p><p>defesa pelo réu</p><p>➢ Há a identificação do réu?</p><p>➢ Qualificação do réu?</p><p>➢ Descrição mínima dos fatos?</p><p>➢ Estão presentes os pressupostos</p><p>e condições da ação?</p><p>■ Se estiverem presentes os requisitos</p><p>iniciais, juiz receberá a acusação;</p><p>■ Juiz não se preocupa com o mérito,</p><p>mas com a admissibilidade.</p><p>○ O juiz deve verificar também se os requisitos</p><p>do art. 395, CPP27 estão presentes</p><p>■ Os incisos do artigo serão analisados</p><p>pelo juiz, para poder receber a peça</p><p>inaugural;</p><p>■ Inciso I - inépcia</p><p>➢ Inépcia é o não preenchimento</p><p>dos requisitos do art. 41, do CPP28</p><p>→ Faltam requisitos mínimos</p><p>de identificação do réu, de</p><p>descrição mínima dos</p><p>fatos;</p><p>28Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas</p><p>circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a</p><p>classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.</p><p>27Art. 395 do CPP: A denúncia ou queixa será rejeitada quando</p><p>I - for manifestamente inepta;</p><p>II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou</p><p>III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.</p><p>28</p><p>■ Inciso II - pressuposto processual ou</p><p>condição da ação</p><p>➢ Condições</p><p>da ação são os</p><p>requisitos estabelecidos pela lei e</p><p>doutrina, para exercício regular</p><p>do direito de agir;</p><p>→ Legitimidade, interesse de</p><p>agir, possibilidade jurídica</p><p>do pedido e justa causa</p><p>(lastro probatório mínimo);</p><p>➢ Pressupostos processuais são</p><p>requisitos necessários para que</p><p>processo exista e se desenvolva</p><p>regularmente;</p><p>→ Pressupostos de existência</p><p>são necessários para que o</p><p>processo exista:</p><p>↠ Demanda;</p><p>↠ Órgão jurisdicional</p><p>capacitado, ainda</p><p>que incompetente.</p><p>↠ Capacidade de ser</p><p>parte. Maior de</p><p>idade, no exercício</p><p>pleno de seus</p><p>direitos.</p><p>→ Pressupostos de validade</p><p>são necessários para que</p><p>processo exista</p><p>validamente, ou seja, para</p><p>29</p><p>que haja regularidade no</p><p>processo</p><p>↠ Ex: Crime de ação</p><p>penal pública, deve</p><p>ser proposta pelo</p><p>MP;</p><p>↠ Órgão jurisdicional</p><p>deve ser</p><p>competente;</p><p>↠ Capacidade</p><p>processual da parte.</p><p>Querelante deve ser</p><p>acompanhado com</p><p>advogado,</p><p>regularmente</p><p>inscrito na OAB.</p><p>→ Pressupostos de eficácia</p><p>são os requisitos para que o</p><p>processo produza seus</p><p>efeitos</p><p>↠ Inexistência de</p><p>litispendência (já há</p><p>um processo com a</p><p>tríplice identidade,</p><p>pendente de</p><p>julgamento)</p><p>↠ Inexistência de coisa</p><p>julgada (decisão</p><p>judicial transitada</p><p>em julgado).</p><p>■ Inciso III - há justa causa?</p><p>30</p><p>➢ Lastro probatório mínimo para</p><p>que a causa se desenvolva;</p><p>➢ Juiz não pode buscar fazer um</p><p>juízo exaustivo a respeito das</p><p>provas, porque estará fazendo</p><p>análise de mérito e isso não deve</p><p>ser feito neste momento;</p><p>→ Análise superficial;</p><p>→ No processo civil, se chama</p><p>in status assertionis (teoria</p><p>da asserção);</p><p>↠ O juiz, no momento</p><p>de receber a peça</p><p>inicial, deve fazer</p><p>análise superficial,</p><p>com base nos</p><p>argumentos e</p><p>apontamentos que</p><p>foram feitos pelo</p><p>autor.</p><p>↠ Estão apontadas</p><p>provas mínimas?</p><p>Sim, prova pericial,</p><p>prova testemunhal.</p><p>○ A terceira etapa é a citação e a resposta à</p><p>acusação por parte do réu</p><p>■ Previsão normativa</p><p>➢ Art. 396, CPP29;</p><p>29Art. 396 do CPP: Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se</p><p>não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação,</p><p>por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.</p><p>31</p><p>■ Juiz, ao receber a acusação, deve citar o</p><p>réu para que responda à acusação por</p><p>escrito.</p><p>➢ Prazo de 10 (dez) dias para</p><p>resposta por escrito;</p><p>■ A resposta a acusação é o momento</p><p>processual para o réu para apresentar</p><p>todas as suas defesas;</p><p>➢ Ex: Excludentes de ilicitude,</p><p>causa excludente de</p><p>culpabilidade etc.</p><p>➢ Deve indicar também os meios</p><p>de prova.</p><p>→ Ex: rol de testemunhas,30</p><p>pedido de prova pericial;</p><p>→ Momento de concentrar</p><p>todas as matérias de</p><p>defesa, conforme art.</p><p>396-A, CPP31.</p><p>➢ O que ocorre se o réu não</p><p>apresentar a resposta à</p><p>acusação?</p><p>31Art. 396-A do CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que</p><p>interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e</p><p>arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.</p><p>30 INFO 813:</p><p>1) O indeferimento do pedido da intimação de testemunhas de defesa pelo juízo criminal</p><p>baseada unicamente na ausência de justificativa para a intimação pessoal, previsto no art. 396-A</p><p>do CPP, configura cerceamento de defesa e infringe os princípios do contraditório e da ampla</p><p>defesa.</p><p>2) É vedado ao juízo recusar a intimação judicial das testemunhas de defesa, nos termos do art.</p><p>396-A do CPP, por falta de justificação do pedido, substituindo a intimação por declarações</p><p>escritas das testemunhas consideradas pelo juízo como meramente abonatórias, configurando</p><p>violação do princípio da paridade de armas e do direito de ampla defesa. STJ. 5ª Turma. REsp</p><p>2.098.923-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/5/2024 (Info 813).</p><p>Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do</p><p>comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.</p><p>32</p><p>→ Não há suspensão do</p><p>processo, se o réu foi citado</p><p>pessoalmente;</p><p>→ Para garantir o mínimo de</p><p>defesa, juiz deve nomear</p><p>um defensor público que</p><p>apresentará defesa, e</p><p>deverá estar presente na</p><p>audiência de instrução e</p><p>julgamento.</p><p>↠ O processo pode</p><p>correr normalmente.</p><p>↠ Defensoria tem prazo</p><p>em dobro para</p><p>praticar seus atos,</p><p>sendo a intimação</p><p>pessoal.</p><p>○ A quarta etapa são causas de absolvição</p><p>sumária</p><p>■ Previsão normativa</p><p>➢ Art. 397, CPP32;</p><p>■ Nessa etapa, o juiz fará uma análise</p><p>acerca das hipóteses previstas neste</p><p>artigo. Se estiverem presentes, o juiz</p><p>absolverá o réu de imediato,</p><p>sumariamente, sem que haja qualquer</p><p>instrução processual;</p><p>32Art. 397 do CPP: Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz</p><p>deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:</p><p>I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;</p><p>II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;</p><p>III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou</p><p>IV - extinta a punibilidade do agente.</p><p>33</p><p>➢ Para que haja decisão no</p><p>processo penal sem produção de</p><p>provas, esta só pode ser para</p><p>beneficiar o réu;</p><p>→ Não há condenação</p><p>sumária do réu.</p><p>↠ Hipótese de nulidade</p><p>do processo, se</p><p>acontecer</p><p>■ Art. 397, I, do CPP;</p><p>➢ Juiz, sumariamente, vê que réu</p><p>agiu em legítima defesa.</p><p>→ Se houver dúvida, deve</p><p>deixar para o final,</p><p>promovendo a instrução</p><p>probatória</p><p>→ Ação evidente em</p><p>excludente da ilicitude;</p><p>↠ Legítima defesa;</p><p>↠ Estado de</p><p>necessidade;</p><p>↠ Estrito cumprimeno</p><p>do dever legal;</p><p>↠ Regular exercício do</p><p>direito;</p><p>↠ Consentimento do</p><p>ofendido;</p><p>➢ Juiz proferirá então, decisão</p><p>absolutória sumária.</p><p>■ Art. 397, II, do CPP</p><p>34</p><p>➢ Juiz identificou excludente de</p><p>culpabilidade</p><p>→ Erro de proibição;</p><p>→ Coação moral irresistível;</p><p>→ Inexigibilidade de conduta</p><p>diversa;</p><p>→ Réu é menor;</p><p>➢ Salvo a inimputabilidade prevista</p><p>no art. 26, caput, CP33, que se</p><p>refere à absolvição imprópria;</p><p>→ Réu não tem</p><p>desenvolvimento regular</p><p>mental ou tem alguma</p><p>causa de limitação mental</p><p>completa, juiz absolve o</p><p>réu, mas impõe medida de</p><p>segurança, que tem</p><p>finalidade preventiva.</p><p>→ Processo seguirá, e haverá</p><p>absolvição imprópria, com</p><p>imposição de medida de</p><p>segurança.</p><p>■ Art. 397, III, do CPP</p><p>➢ Julgamento de atipicidade.</p><p>→ Comum nos casos de</p><p>princípio da</p><p>insignificância.</p><p>→ A jurisprudência do STF</p><p>entende ser caso de</p><p>33Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental</p><p>incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o</p><p>caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>35</p><p>atipicidade material da</p><p>conduta nos casos de</p><p>princípio da insignificância.</p><p>■ Art. 397, IV, do CPP</p><p>➢ Causas de extinção da</p><p>punibilidade do art. 107, CP34</p><p>■ É necessário que a decisão seja sempre</p><p>absolutória e o juiz decida com juízo de</p><p>certeza, sem espaço para dúvida.</p><p>○ Última etapa dos artigos iniciais, designação</p><p>da audiência de instrução e julgamento</p><p>■ Previsão normativa</p><p>➢ Art. 399, CPP35;</p><p>■ “Recebida a denúncia ou queixa”;</p><p>➢ O juiz não faz o controle de</p><p>admissibilidade do recebimento</p><p>da pretensão acusatória no art.</p><p>395, CPP no início? Qual a razão</p><p>do legislador abordar novamente</p><p>o recebimento da acusação?</p><p>➢ Essa parte estrutural do</p><p>procedimento foi alterada em</p><p>2008 e gerou polêmica sobre o</p><p>35Art. 399 do CPP: Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,</p><p>ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do</p><p>querelante e do assistente.</p><p>§ 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público</p><p>providenciar sua apresentação.</p><p>§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.</p><p>34Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)</p><p>I - pela morte do agente;</p><p>II - pela anistia, graça ou indulto;</p><p>III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;</p><p>IV - pela prescrição, decadência ou perempção;</p><p>V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela</p><p>retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;</p><p>IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.</p><p>36</p><p>momento do efetivo</p><p>recebimento da denúncia.</p><p>→ Essencial para a</p><p>interrupção do prazo</p><p>prescricional;</p><p>→ É no art. 395 ou 399, CPP,</p><p>que há a interrupção do</p><p>prazo prescricional? A</p><p>questão é divergente.</p><p>➢ Posição majoritária e encampada</p><p>pelos tribunais superiores: o</p><p>recebimento é no art. 395, CPP.</p><p>→ No art. 399, o juiz já</p><p>recebeu a resposta à</p><p>acusação e decidiu pela</p><p>absolvição sumária. A</p><p>situação não é mais inicial,</p><p>mas intermediária, indo</p><p>para a instrução.</p><p>→ No art. 395, a análise é</p><p>inicial, superficial, fazendo</p><p>exclusivamente com base</p><p>nos elementos</p><p>apresentados na acusação.</p><p>→ Essa posição é melhor para</p><p>o réu, pois há decisão de</p><p>mérito, de absolvição, em</p><p>qualquer decisão posterior</p><p>à análise inicial;</p><p>→ Essa posição também</p><p>favorece o Estado, pois este</p><p>37</p><p>tem logo a interrupção da</p><p>prescrição em seu favor.</p><p>➢ Posição intermediária: o</p><p>recebimento está no art. 399;</p><p>→ Para prestigiar o</p><p>contraditório, o juiz deve</p><p>fazer análise dupla do</p><p>recebimento da denúncia,</p><p>com base também no</p><p>alegado pelo réu na</p><p>resposta à acusação.</p><p>➢ Posição minoritária: o ato de</p><p>recebimento da denúncia é</p><p>complexo, iniciando-se no art.</p><p>395 e se finalizando no art. 399,</p><p>CPP.</p><p>→ A interrupção da prescrição</p><p>se daria apenas no art. 399.</p><p>● Ressalta-se que o núcleo duro do procedimento</p><p>comum ordinário termina na absolvição sumária e</p><p>designação da audiência.</p><p>○ Essa estrutura dialética inicial é o conteúdo</p><p>do contraditório, e se aplica a todos os</p><p>procedimentos de 1º grau.</p><p>● A forma procedimental abordada foi inaugurada</p><p>pela reforma de 2008;</p><p>○ Na estrutura anterior, o procedimento</p><p>começava com o interrogatório do réu.</p><p>■ Interrogatório não era meio de defesa,</p><p>pois o procedimento estava no início,</p><p>não havendo do que o réu se defender;</p><p>38</p><p>■ Interrogatório era meio de obtenção de</p><p>prova, em que juiz fazia o máximo de</p><p>perguntas para extrair informações do</p><p>réu;</p><p>○ Hoje, vê-se, no início do procedimento, uma</p><p>dialética entre autor, réu e juiz.</p><p>■ Juiz analisa acusação. Se não for caso</p><p>de rejeição, cita o réu. Réu apresenta a</p><p>resposta à acusação. Juiz verifica se é</p><p>caso de absolvição sumária. Designa a</p><p>audiência, se não absolver.</p><p>Interrogatório é o último ato do</p><p>processo.</p><p>● Mesmo depois da reforma de 2008, algumas</p><p>legislações estabeleceram uma etapa</p><p>procedimental diferente;</p><p>○ Ex: Lei de Drogas estabelece o interrogatório</p><p>como 1º ato.</p><p>○ Aplica-se a legislação especial ou o que o</p><p>legislador estabeleceu na reforma de 2008?</p><p>■ Prevalece a posição de que se aplica o</p><p>art. 394, § 4º do CPP, a todos os</p><p>procedimentos.</p><p>● Audiência de instrução e julgamento</p><p>○ É o momento do processo para efetiva</p><p>produção das provas;</p><p>○ Se observarmos as reformas processuais</p><p>penais que ocorrem na América Latina, no</p><p>processo penal estadunidense e inglês,</p><p>veremos que o processo se centra nas</p><p>audiências;</p><p>39</p><p>■ Há poucas etapas de peticionamento.</p><p>■ O que se quer é a promoção de</p><p>audiências para que haja oralidade na</p><p>produção das provas, na presença do</p><p>juiz, para que ele possa emitir uma</p><p>decisão a respeito dos fatos.</p><p>➢ Art. 400, CPP36, estabelece</p><p>muitas previsões para produção</p><p>oral de provas e contato mais</p><p>efetivo do magistrado com as</p><p>provas;</p><p>➢ Ordem dos acontecimentos:</p><p>declarações do ofendido,</p><p>inquirição das testemunhas</p><p>arroladas pela acusação e pela</p><p>defesa, nesta ordem,</p><p>esclarecimentos dos peritos,</p><p>acareações e reconhecimento de</p><p>pessoas e coisas,</p><p>interrogando-se, em seguida, o</p><p>acusado.</p><p>→ Audiência, em regra, deve</p><p>ser concentrada em um</p><p>único ato, para juiz ter</p><p>conhecimento mais</p><p>efetivo.</p><p>36Art. 400 do CPP: Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60</p><p>(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas</p><p>arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código,</p><p>bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas,</p><p>interrogando-se, em seguida, o acusado.</p><p>§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas</p><p>irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.</p><p>§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.</p><p>40</p><p>➢ Na prática, o que acontece no</p><p>processo penal?</p><p>→ Hoje se tem um processo</p><p>penal que reproduz e</p><p>(re)pratica todos os atos</p><p>tomados na investigação.</p><p>○ Audiência é momento de produção de</p><p>provas, com oralidade, permitindo que as</p><p>partes dialoguem e o juiz possa emitir sua</p><p>decisão;</p><p>● É possível que no curso da audiência de instrução e</p><p>julgamento, as partes se deparem com diligências</p><p>necessárias a serem realizadas;</p><p>○ Ex: testemunha fundamental foi descoberta</p><p>na audiência e precisa ser ouvida e não foi</p><p>arrolada;</p><p>○ Legislação prevê que é possível que haja</p><p>diligências complementares, desde que</p><p>indispensáveis. Nesse caso, se juiz deferir,</p><p>haverá cisão na instrução para que</p><p>diligências sejam realizadas.</p><p>○ Art. 403 e 404 CPP37</p><p>37 Art. 403 do CPP: Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas</p><p>alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa,</p><p>prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.</p><p>Art. 404 do CPP: Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da</p><p>parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.</p><p>Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo</p><p>sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz</p><p>proferirá a sentença.</p><p>41</p><p>■ Legislador quis que debates entre as</p><p>partes fossem orais e sentença fosse</p><p>também oral;</p><p>➢ O que ocorre na prática é que</p><p>tudo é feito por escrito, tanto</p><p>alegações finais quanto a</p><p>sentença.</p><p>● Alegações finais</p><p>○ É um momento da audiência, mas que pode</p><p>ocorrer fora dela, por escrito, em que</p><p>acusação e defesa terão oportunidade para</p><p>se manifestar sobre tudo o que aconteceu no</p><p>processo;</p><p>O juiz tem poderes diante da omissão</p><p>de alegações finais para oportunizar à</p><p>parte a substituição do causídico ou, na</p><p>inércia, para requerer que a defensoria</p><p>pública ofereça as alegações finais (Info</p><p>715 do STJ)</p><p>■ Tudo pode ser apontado, mérito</p><p>processual e probatório;</p><p>■ Na audiência, as alegações finais orais</p><p>serão feitas em 20 (vinte) minutos,</p><p>respectivamente, pela acusação e pela</p><p>defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez),</p><p>proferindo o juiz, a seguir, sentença.</p><p>● Sentença do juiz</p><p>○ Ato decisório em que juiz irá se manifestar</p><p>sobre a pretensão acusatória.</p><p>iii. Procedimento comum sumário</p><p>● Previsão normativa</p><p>42</p><p>○ Art. 531 a 538, CPP.</p><p>● Audiência de instrução e julgamento - art. 531;</p><p>○ Parte inicial se aplica a todos, como referido,</p><p>portanto, legislador traz apenas o que é</p><p>diferente</p><p>● O procedimento comum sumário se aplica a</p><p>crimes que têm pena máxima inferior a 4 (quatro)</p><p>anos, que não se enquadrem no caso do</p><p>procedimento sumaríssimo.</p><p>● Quais são as diferenças do procedimento sumário</p><p>para o procedimento ordinário?</p><p>○ 1º ponto: Prazo para designação da audiência.</p><p>■ Art. 400, CPP - 60 (sessenta) dias no</p><p>comum ordinário;</p><p>■ Art. 531, CPP38 - 30 (trinta) dias no</p><p>comum sumário;</p><p>➢ Prazo impróprio, caso não seja</p><p>observado, não há empecilho</p><p>para desenvolvimento da</p><p>jurisdição.</p><p>○ 2º ponto: número de testemunhas</p><p>■ Comum ordinário - art. 401, CPP39</p><p>➢ 8 testemunhas arroladas pela</p><p>acusação/pelo autor, e 8 para a</p><p>39Art. 401 do CPP: Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela</p><p>acusação e 8 (oito) pela defesa.</p><p>§ 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas.</p><p>§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o</p><p>disposto no art. 209 deste Código.</p><p>38Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta)</p><p>dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas</p><p>arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código,</p><p>bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas,</p><p>interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>43</p><p>defesa, arroladas na resposta à</p><p>acusação;</p><p>→ Podem ser ouvidas mais</p><p>testemunhas, indicadas</p><p>pelo juiz. Arroladas, no</p><p>máximo, até 8 (oito);</p><p>■ Comum sumário - art. 532, CPP40;</p><p>➢ Até 5 testemunhas arroladas pela</p><p>acusação/pelo autor, e 5 para a</p><p>defesa, arroladas na resposta à</p><p>acusação.</p><p>■ Ordem de atos de instrução é a mesma</p><p>➢ Tomada de declarações do</p><p>ofendido, se possível, a inquirição</p><p>das testemunhas arroladas pela</p><p>acusação e pela defesa, bem</p><p>como os esclarecimentos dos</p><p>peritos, as acareações e o</p><p>reconhecimento de pessoas e</p><p>coisas, interrogando-se, em</p><p>seguida, o acusado.</p><p>■ Alegações finais, preferencialmente</p><p>orais, como no comum ordinário;</p><p>➢ Art. 534, CPP41;</p><p>41Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à</p><p>defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,</p><p>sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.</p><p>(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez)</p><p>minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela</p><p>Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>40Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e</p><p>5 (cinco) pela defesa. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).</p><p>44</p><p>➢ Cisão da audiência é possível, em</p><p>caso de diligências</p><p>indispensáveis, alegações finais</p><p>por escrito e sentença escrita;</p><p>iv. Procedimento comum sumaríssimo</p><p>● É o procedimento previsto na Lei 9.099/95;</p><p>45</p><p>Procedimentos especiais</p><p>v. Procedimento do júri</p><p>● Art. 406 e seguintes, CPP</p><p>● Será abaixo trabalhado.</p><p>vi. Procedimento especial de crimes cometidos por</p><p>funcionários públicos</p><p>● Art. 51342 e seguintes, CPP</p><p>○ O procedimento trata de crimes funcionais</p><p>do Código Penal referentes àqueles</p><p>praticados por funcionários contra a</p><p>Administração.</p><p>● Qual a diferença desse procedimento?</p><p>○ Previsão de defesa prévia;</p><p>■ Antes do recebimento da denúncia</p><p>pelo juiz, há notificação para que o réu</p><p>realize defesa prévia.</p><p>➢ Não é a resposta à acusação</p><p>■ É uma peça resumida em que réu se</p><p>manifesta;</p><p>➢ É cortesia, pelo réu ser</p><p>funcionário público, e estar</p><p>submetido a hierarquia</p><p>administrativa.</p><p>■ Ex: policial é denunciado por</p><p>concussão. Antes do procedimento</p><p>que se aplica a todos, há uma única</p><p>peça que funcionário público pode se</p><p>manifestar antes, e juiz pode receber a</p><p>42Art. 513 do CPP: Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e</p><p>julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos</p><p>ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da</p><p>impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.</p><p>46</p><p>denúncia ou rejeitá-la com maiores</p><p>informações.</p><p>● Súmula 330 do STJ: É desnecessária a resposta</p><p>preliminar de que trata o artigo 514 do Código de</p><p>Processo Penal, na ação penal instruída por</p><p>inquérito policial;</p><p>○ Se tiver havido inquérito policial, funcionário</p><p>público não é tomado de surpresa e não será</p><p>necessária a notificação para apresentação</p><p>da defesa prévia;</p><p>● Recebida a denúncia, procedimento segue o</p><p>procedimento comum ordinário;</p><p>○ Art. 517, CPP43.</p><p>vii. Procedimento especial de crimes contra a honra</p><p>● Art. 519 a 523, CPP;</p><p>● Crimes contra honra, calúnia, injúria e difamação,</p><p>todos do Código Penal;</p><p>○ Quanto a esses crimes, é aplicada a lei</p><p>9.099/95;</p><p>■ Medidas despenalizadoras da lei,</p><p>possibilidade composição civil,</p><p>transação penal, sursis processual;</p><p>○ Se Ministério Público oferecer a denúncia,</p><p>segue-se o disposto nos arts. 519 a 523, CPP;</p><p>● Art. 520, CPP44</p><p>○ Traz a possibilidade das partes se</p><p>reconciliaram;</p><p>44Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem,</p><p>fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados,</p><p>não se lavrando termo.</p><p>43Art. 517 do CPP: Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabelecida no</p><p>Capítulo I do Título X do Livro I.</p><p>47</p><p>■ Juiz deve ouvir as partes sem a</p><p>presença dos seus advogados, não se</p><p>lavrando termo.</p><p>➢ É discutido pela doutrina, mas é</p><p>aplicado na prática e é cobrado</p><p>em concurso público;</p><p>➢ A doutrina critica a prescrição da</p><p>falta de advogado nesse</p><p>momento, que violaria a ampla</p><p>defesa etc.</p><p>● Exceção da verdade</p><p>○ Art. 523, CPP45</p><p>■ Crime de calúnia;</p><p>➢ imputar falsamente crime a</p><p>outrem.</p><p>■ Difamação contra funcionário público;</p><p>➢ Fato vexatório contra funcionário</p><p>público.</p><p>○ É possível que o réu possa provar a verdade</p><p>do que fala.</p><p>○ Como se fosse uma exceção, procedimento</p><p>que corre em apartado;</p><p>■ Querelante é intimado para contestar.</p><p>■ Juiz decide após a instrução.</p><p>○ Se o querelante que move ação de calúnia ou</p><p>difamação for alguém com prerrogativa de</p><p>função, exceção deverá tramitar no juízo</p><p>competente em razão do foro de prerrogativa</p><p>de função.</p><p>45Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o</p><p>querelante poderá contestar a exceção no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as</p><p>testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às primeiras,</p><p>ou para completar o máximo legal.</p><p>48</p><p>■ Ex: pessoa publica diz que juiz é</p><p>corrupto. Juiz move queixa-crime por</p><p>calúnia, art. 138, CP. Crime de calúnia</p><p>permite exceção da verdade. Réu</p><p>promove exceção da verdade. Deve ser</p><p>protocolada no tribunal de justiça,</p><p>onde juiz tem foro por prerrogativa de</p><p>função.</p><p>viii. Procedimento especial de crimes contra a</p><p>propriedade imaterial</p><p>● Arts. 524 a 530-H, do CPP;</p><p>○ Dispositivos são explicativos, a leitura é</p><p>obrigatória;</p><p>○ Raro de se ver na prática, por exigirem</p><p>representação.</p><p>● Crimes de ação penal privada;</p><p>○ O procedimento será do art. 524 a 530, CPP;</p><p>■ Art. 525, CPP46 exige exame de corpo</p><p>de delito obrigatório, atestando</p><p>violação à propriedade imaterial;</p><p>➢ Ex: que objeto viola direito de</p><p>marca, que é falso, contrafeito;</p><p>➢ Recebimento da queixa exige</p><p>exame de corpo de delito.</p><p>■ Art. 527, CPP47 traz necessidade de</p><p>diligência de busca e apreensão;</p><p>47Art. 527 do CPP: A diligência de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos nomeados</p><p>pelo juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer</p><p>não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 (três) dias após o encerramento da diligência.</p><p>Parágrafo único. O requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão, e o juiz</p><p>ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas pelos peritos.</p><p>46Art. 525 do CPP: No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será</p><p>recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito.</p><p>49</p><p>➢ Ex: loja que comercializa</p><p>produtos falsos;</p><p>➢ Parte pede ao juiz e ele</p><p>determina dois peritos para</p><p>realizar a diligência, que não é</p><p>feita pela polícia;</p><p>➢ Juiz deve homologar o laudo</p><p>pericial, que deverá ser</p><p>apresentado dentro de 3 (três)</p><p>dias;</p><p>■ Art. 529, CPP48</p><p>➢ Prazo decadencial de 30 (trinta)</p><p>dias, contados da homologação</p><p>do laudo, para que seja</p><p>promovida a queixa crime;</p><p>● Crimes de ação penal pública</p><p>○ Seguem os arts. 530-B e seguintes, CPP;</p><p>○ Ministério Público apresenta a denúncia;</p><p>■ Art. 530-B49</p><p>➢ Diligência é feita</p><p>pela autoridade</p><p>policial, não pelos peritos;</p><p>■ Art. 530-C: “Na ocasião da apreensão</p><p>será lavrado termo, assinado por 2</p><p>(duas) ou mais testemunhas, com a</p><p>descrição de todos os bens</p><p>apreendidos e informações sobre suas</p><p>origens, o qual deverá integrar o</p><p>49Art. 530-B. Nos casos das infrações previstas nos §§ 1o, 2o e 3o do art. 184 do Código Penal, a</p><p>autoridade policial procederá à apreensão dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em</p><p>sua totalidade, juntamente com os equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua</p><p>existência, desde que estes se destinem precipuamente à prática do ilícito (Incluído pela Lei nº</p><p>10.695, de 1º.7.2003)</p><p>48Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em</p><p>apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo.</p><p>50</p><p>inquérito policial ou o processo.</p><p>(Incluído pela Lei nº 10.695, de</p><p>1º.7.2003)”</p><p>■ Art. 530-D: “Subseqüente à apreensão,</p><p>será realizada, por perito oficial, ou, na</p><p>falta deste, por pessoa tecnicamente</p><p>habilitada, perícia sobre todos os bens</p><p>apreendidos e elaborado o laudo que</p><p>deverá integrar o inquérito policial ou o</p><p>processo”.</p><p>■ Art. 530-E: “Os titulares de direito de</p><p>autor e os que lhe são conexos serão os</p><p>fiéis depositários de todos os bens</p><p>apreendidos, devendo colocá-los à</p><p>disposição do juiz quando do</p><p>ajuizamento da ação”.</p><p>➢ Recebem os bens periciados em</p><p>depósito, e apresentam ao juiz,</p><p>caso requisitados;</p><p>■ Art. 530-G: “O juiz, ao prolatar a</p><p>sentença condenatória, poderá</p><p>determinar a destruição dos bens</p><p>ilicitamente produzidos ou</p><p>reproduzidos e o perdimento dos</p><p>equipamentos apreendidos, desde que</p><p>precipuamente destinados à produção</p><p>e reprodução dos bens, em favor da</p><p>Fazenda Nacional, que deverá</p><p>destruí-los ou doá-los aos Estados,</p><p>Municípios e Distrito Federal, a</p><p>instituições públicas de ensino e</p><p>51</p><p>pesquisa ou de assistência social, bem</p><p>como incorporá-los, por economia ou</p><p>interesse público, ao patrimônio da</p><p>União, que não poderão retorná-los aos</p><p>canais de comércio”.</p><p>c. Procedimento especial do Tribunal do Júri</p><p>i. Introdução</p><p>● Júri é uma instituição milenar;</p><p>○ Há relatos históricos que preveem a criação e</p><p>utilização do tribunal em comunidades</p><p>muito antigas;</p><p>○ É baseado na ideia central de que o</p><p>julgamento por pessoas do povo, seus pares,</p><p>é a viabilidade de democratização da justiça;</p><p>■ Democratização do processo penal;</p><p>■ O conceito de justiça é filosófico,</p><p>complexo;</p><p>➢ Conceito jurídico formal de</p><p>justiça: aquilo que emana de</p><p>decisão válida;</p><p>➢ Demanda de análise da situação</p><p>local, do nível de maturidade de</p><p>determinada comunidade;</p><p>○ Júri é um forte contributivo para se atingir a</p><p>justiça do ponto de vista filosófico, moral;</p><p>○ Previsão mais antiga no direito anglo-saxão;</p><p>○ Há críticas ao Tribunal do Júri;</p><p>ii. Júri como direito fundamental</p><p>● Art. 5º, XXXVIII, da Constituição50</p><p>50Art. 5º, XXXVIII, da CF: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der</p><p>a lei, assegurados:</p><p>a) a plenitude de defesa;</p><p>b) o sigilo das votações;</p><p>52</p><p>○ Direito fundamental do indivíduo e da</p><p>sociedade;</p><p>■ Não pode ser suprimido por ser</p><p>considerado cláusula pétrea.</p><p>○ Legislador traz a previsão do júri de forma</p><p>limitada, delegando à legislação</p><p>infraconstitucional a regulamentação;</p><p>■ Traz 4 (quatro) alíneas que são o</p><p>substrato mínimo do tribunal do júri;</p><p>● Plenitude de defesa</p><p>○ O processo penal deve conceber a ampla</p><p>defesa;</p><p>■ Ampla defesa inclui a defesa técnica,</p><p>defensor habilitado, conhecedor das</p><p>regras e institutos jurídicos e a</p><p>autodefesa, possibilidade de estar</p><p>presente no processo, direito de</p><p>participar nas audiências, ser ouvido;</p><p>➢ Na ampla defesa, há</p><p>circunscrição aos elementos</p><p>jurídicos previstos no</p><p>ordenamento jurídico;</p><p>○ A plenitude de defesa jurídica abarca não só</p><p>o jurídico, aceito pela lei, mas elementos</p><p>meta jurídicos;</p><p>■ Teses que não se atém ao que o direito</p><p>prevê;</p><p>➢ Questões emotivas, sociais;</p><p>c) a soberania dos veredictos;</p><p>d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;</p><p>53</p><p>■ No tribunal do júri a defesa é plena,</p><p>podendo a defesa se valer de diversos</p><p>elementos, além dos jurídicos;</p><p>○ Ex: julgamento da boate kiss. Cartas</p><p>psicografadas. É possível se valer desse tipo</p><p>de prova?</p><p>■ Para os defensores da plenitude de</p><p>defesa, isso é válido, pois não há</p><p>circunscrição jurídica dos argumentos;</p><p>■ Para outros, prevalente na doutrina,</p><p>não seria possível pela questão formal.</p><p>Carta psicografada não seria passível</p><p>de debate formal a respeito da</p><p>admissibilidade da prova;</p><p>➢ Cadeia de custódia, fiabilidade da</p><p>prova. Qual a vinculação que se</p><p>tem dos fatos? Quem a</p><p>escreveu?</p><p>● Sigilo das votações</p><p>○ Como uma forma de garantir a íntima</p><p>convicção, que é o sistema de valoração que</p><p>rege o tribunal do júri;</p><p>■ No tribunal do júri, o jurado decide</p><p>com base na sua íntima convicção;</p><p>■ Juiz, no processo comum, decide com</p><p>base no livre convencimento motivado;</p><p>➢ Juiz tem livre apreciação a</p><p>respeito das provas, mas deve</p><p>motivar;</p><p>➢ Fundamentação da sentença</p><p>permite o controle pelas partes;</p><p>54</p><p>○ Não há fundamentação por parte do jurado;</p><p>■ Decide se o réu é culpado ou não,</p><p>porque acha, simplesmente.</p><p>■ Apenas diz se é culpado ou não;</p><p>○ Como forma de assegurar a íntima convicção,</p><p>o princípio da sigilo das votações é previsto</p><p>constitucionalmente;</p><p>■ Não é possível identificar o voto de</p><p>cada jurado.</p><p>■ A legislação prevê um sistema de</p><p>cédulas e urnas para a coleta dos votos;</p><p>➢ Posteriormente, juiz faz</p><p>contagem, e votação é</p><p>anunciada ao plenário, tudo isso</p><p>de forma anônima.</p><p>■ Se existir alguma identificação dos</p><p>jurados, o julgamento é anulado.</p><p>● Soberania dos veredictos</p><p>○ Tribunal do júri é um órgão composto;</p><p>■ Preenchido por juiz togado;</p><p>➢ Atua na 1ª fase do júri, na</p><p>condução dos procedimentos e é</p><p>responsável pela dosimetria da</p><p>pena;</p><p>■ Jurados formam o conselho de</p><p>sentença;</p><p>➢ Responsáveis pela efetiva</p><p>decisão de mérito: se é culpado</p><p>ou não, se é autor ou partícipe, se</p><p>tem causa de aumento ou</p><p>55</p><p>diminuição, se tem qualificadora</p><p>ou não.</p><p>○ As matérias de responsabilidade dos jurados</p><p>são soberanas;</p><p>■ Jurados tem soberania, e ninguém</p><p>pode alterar, desdizer o que os jurados</p><p>decidiram;</p><p>➢ Justamente como forma de</p><p>garantir a instituição do júri;</p><p>→ Se fosse possível a</p><p>alteração indiscriminada</p><p>da decisão dos jurados, que</p><p>soberania se teria?</p><p>■ Nem mesmo o juiz presidente pode</p><p>alterar a decisão dos jurados;</p><p>○ Dizer que há soberania dos veredictos é dizer</p><p>que parte da decisão é imutável?</p><p>■ Não, pois é possível o recurso de</p><p>apelação.</p><p>○ A apelação tem previsão específica no art.</p><p>593, III, alíneas do CPP51;</p><p>■ a) ocorrer nulidade posterior à</p><p>pronúncia;</p><p>➢ Aqui não estamos em uma</p><p>questão atinente à soberania do</p><p>veredictos;</p><p>51Art. 593, III, do CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:</p><p>III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:</p><p>a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;</p><p>b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;</p><p>c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;</p><p>d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.</p><p>56</p><p>➢ Nulidade é questão</p><p>responsabilidade do juiz</p><p>presidente.</p><p>■ b) for a sentença do juiz-presidente</p><p>contrária à lei expressa ou à decisão</p><p>dos jurados;</p><p>➢ Aqui não estamos em uma</p><p>questão atinente à soberania do</p><p>veredictos</p><p>➢ Matérias de responsabilidade do</p><p>juiz presidente;</p><p>→ Ex: juiz presidente incorreu</p><p>em ilegalidade na</p><p>dosimetria da pena. É</p><p>possível reforma com base</p><p>no recurso de apelação,</p><p>sem problema nenhum.</p><p>■ c) houver erro ou injustiça no tocante à</p><p>aplicação da pena ou da medida de</p><p>segurança;</p><p>➢ Aqui não estamos em uma</p><p>questão atinente à soberania do</p><p>veredictos</p><p>➢ Aplicação da pena, atinente ao</p><p>juiz presidente.</p><p>■ d) for a decisão dos jurados</p><p>manifestamente contrária à prova dos</p><p>autos.</p><p>➢ Recurso contra a decisão de</p><p>mérito dos jurados.</p><p>57</p><p>→ Aqui estamos</p><p>diante de</p><p>alínea que trata da</p><p>soberania dos veredictos.</p><p>➢ Não é qualquer decisão dos</p><p>jurados que permite a revisão</p><p>pelo tribunal, apenas a decisão</p><p>dos jurados manifestamente</p><p>contrária à prova dos autos.</p><p>→ Nesse sentido, conforme o</p><p>STJ52, é imprescindível que</p><p>o Tribunal avalie a prova</p><p>dos autos a fim de perquirir</p><p>se há algum elemento que</p><p>ampare o decidido pelos</p><p>jurados.</p><p>→ Ex: a prova evidenciou que</p><p>o réu não praticou o crime,</p><p>que estava em outro local.</p><p>Júri condenou o réu,</p><p>mesmo assim.</p><p>→ É possível o recurso. O</p><p>tribunal, no entanto, não</p><p>poderá dar decisão</p><p>substitutiva, como faz em</p><p>apelação no procedimento</p><p>comum. O Tribunal terá</p><p>que anular o julgamento e</p><p>determinar um novo, por</p><p>52Diante de recurso de apelação com base no art. 593, III, “d”, do CPP, é imprescindível que o Tribunal</p><p>avalie a prova dos autos a fim de perquirir se há algum elemento que ampare o decidido pelos</p><p>jurados.</p><p>STJ. 3ª Seção. Rcl 42.274-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/5/2023 (Info 780)</p><p>58</p><p>conta da soberania dos</p><p>veredictos.</p><p>↠ O réu será</p><p>submetido - uma</p><p>única vez - a novo</p><p>julgamento pelos</p><p>jurados (§ 3º do art.</p><p>593).</p><p>↠ Não gera absolvição</p><p>imediata53.</p><p>➢ Esta hipótese do art. 593, III, d, do</p><p>CPP é a única exceção ao</p><p>princípio da soberania dos</p><p>veredictos</p><p>→ Mesmo assim, ressalta-se</p><p>que o tribunal anula e</p><p>determina outro júri, mas</p><p>não decide em</p><p>substituição ao júri.</p><p>→ Ademais, de acordo com o</p><p>STJ, “o art. 593, III, d, do CPP</p><p>deve ser interpretado de</p><p>forma estrita, permitindo a</p><p>rescisão do veredicto</p><p>popular somente quando a</p><p>conclusão alcançada pelos</p><p>jurados seja teratológica,</p><p>53O reconhecimento da manifesta contrariedade entre o veredito condenatório e as provas dos autos</p><p>gera a cassação da sentença e submissão dos réus a novo júri, mas não sua absolvição imediata</p><p>pelos juízes togados, na forma do art. 593, § 3º, do CPP.</p><p>STJ. 5ª Turma. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/06/2022 (Info</p><p>747)</p><p>59</p><p>completamente divorciada</p><p>do conjunto probatório</p><p>constante do processo”54.</p><p>STJ. 6ª Turma. AgRg</p><p>no HC 482056-SP,</p><p>Rel. Min. Antonio</p><p>Saldanha Palheiro,</p><p>julgado em</p><p>02/08/2022 (Info 752)</p><p>○ Soberania dos veredictos e revisão</p><p>criminal;</p><p>■ Existe, no processo penal, uma ação</p><p>autônoma de impugnação chamada</p><p>de revisão criminal;</p><p>➢ A revisão criminal é proposta</p><p>quando já há o trânsito em</p><p>julgado de decisão condenatória;</p><p>➢ E o réu, apenas ele, com base nas</p><p>previsões do CPP, pode propor a</p><p>revisão criminal;</p><p>→ Diferentemente da ação</p><p>rescisória, do CPC, não há</p><p>prazo para o ajuizamento</p><p>da revisão criminal,</p><p>inclusive pode ser ajuizada</p><p>após a morte do réu.</p><p>54Nomesmo sentido encontra-se a doutrina de Guilherme de Souza Nucci:</p><p>“O ideal é anular o julgamento, em juízo rescisório, determinando a realização de outro, quando</p><p>efetivamente o Conselho de Sentença equivocou-se, adotando tese integralmente incompatível com</p><p>as provas dos autos. Não cabe anulação quando os jurados optam por uma das correntes de</p><p>interpretação da prova possíveis de surgir”.</p><p>(NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p.</p><p>1.237)</p><p>60</p><p>■ Tribunal que aprecia a revisão criminal,</p><p>poderá reformar a decisão do júri que</p><p>condenou o réu?</p><p>➢ Erro grave na decisão do júri,</p><p>tendo transitado em julgado;</p><p>➢ É possível a revisão criminal;</p><p>➢ Entendimento majoritário e</p><p>pacífico na jurisprudência é que</p><p>o tribunal tem possibilidade</p><p>ampla de decidir nesse caso.</p><p>→ Com o trânsito em julgado,</p><p>esgota-se a competência</p><p>do tribunal do júri;</p><p>→ Não há limitação, como na</p><p>apelação, para tribunal</p><p>decidir;</p><p>→ Tribunal pode reconhecer a</p><p>nulidade e dar decisão</p><p>substitutiva, inclusive</p><p>absolvendo o réu,</p><p>extinguindo a punibilidade.</p><p>○ Soberania dos veredictos e execução</p><p>imediata da condenação no tribunal do júri</p><p>■ Tema discutido há muito tempo</p><p>➢ Hoje, STF entende que não é</p><p>possível execução provisória da</p><p>pena;</p><p>→ Só é possível executar a</p><p>condenação de forma</p><p>definitiva, após o trânsito</p><p>em julgado;</p><p>61</p><p>→ Toda prisão no curso do</p><p>processo é provisória.</p><p>→ Em 2016, permitiu-se a</p><p>execução provisória</p><p>quando houvesse a decisão</p><p>do tribunal;</p><p>↠ Não vigora mais esse</p><p>entendimento no</p><p>STF.</p><p>■ No tribunal do júri, há vertente que</p><p>entende que, como no tribunal do júri</p><p>há a soberania dos veredictos e a</p><p>decisão do tribunal estará limitada a</p><p>reconhecer a nulidade e determinar</p><p>novo julgamento, seria possível a</p><p>execução provisória.</p><p>➢ Há decisão da 1ª turma do STF</p><p>nesse sentido;</p><p>→ Min. Luis Roberto Barroso</p><p>entende dessa forma, no</p><p>sentido de prestigiar a</p><p>soberania do tribunal do</p><p>júri.</p><p>■ Majoritariamente, prevalece a posição</p><p>do STF de que não há execução</p><p>provisória da pena no processo penal;</p><p>● A competência para o julgamento dos crimes</p><p>dolosos contra a vida</p><p>○ O legislador constituinte faz opção mínima</p><p>sobre matéria que será da competência do</p><p>62</p><p>júri, quais sejam, o julgamento dos crimes</p><p>dolosos contra a vida.</p><p>■ Estão previstos na primeira parte da</p><p>parte especial do Código Penal;</p><p>➢ Homicídio, infantício,</p><p>induzimento, instigação ou</p><p>auxílio a suicídio ou a</p><p>automutilação e aborto;</p><p>■ É possível ao legislador expandir as</p><p>hipóteses de competência do tribunal</p><p>do júri, por meio de lei no Congresso</p><p>Nacional;</p><p>➢ Já houve época em que os</p><p>crimes de imprensa eram</p><p>julgados pelo tribunal do júri.</p><p>iii. Procedimento do Tribunal do Júri: introdução</p><p>● Previsão normativa</p><p>○ Arts. 406 e seguintes, CPP</p><p>○ Previsão extensa e minuciosa;</p><p>○ Alvo de reforma em 2008;</p><p>● Procedimento bifásico</p><p>○ Primeira fase é chamada de judicium</p><p>accusationis, sumário de culpa ou juízo de</p><p>acusação;</p><p>○ Segunda fase é chamada de judicium</p><p>causae, julgamento em plenário ou</p><p>julgamento acerca das provas.</p><p>iv. Procedimento do Tribunal do Júri: primeira fase</p><p>● Primeira fase, judicium accusationis ou sumário</p><p>de culpa</p><p>63</p><p>○ O procedimento tramita exclusivamente</p><p>perante o juiz presidente;</p><p>■ Analisa-se a admissibilidade da</p><p>acusação;</p><p>➢ A acusação que o Ministério</p><p>Público ou querelante (ação</p><p>penal privada subsidiária da</p><p>pública) é admissível, há provas</p><p>mínimas?</p><p>➢ Se decidir que sim, o juiz irá</p><p>pronunciar o réu;</p><p>■ Com a decisão de pronúncia, o juiz</p><p>inicia a segunda fase, preparando o</p><p>julgamento em plenário, para que os</p><p>jurados possam apreciar a acusação.</p><p>○ Juízo de admissibilidade na primeira fase,</p><p>com dialética processual.</p><p>■ Juiz tem 4 (quatro) decisões</p><p>disponíveis;</p><p>○ É uma etapa importante para evitar-se</p><p>acusações temerárias apresentadas aos</p><p>jurados;</p><p>■ Filtro, etapa prévia, feita por juiz togado</p><p>que verifica admissibilidade;</p><p>➢ Impronúncia;</p><p>➢ Absolvição sumária;</p><p>○ Arts. 406 a 412, CPP</p><p>■ Procedimento é rigorosamente igual</p><p>ao procedimento comum ordinário,</p><p>núcleo duro inicial;</p><p>64</p><p>■ Lógica dialética do procedimento</p><p>comum ordinário;</p><p>➢ Oferecimento da denúncia pelo</p><p>MP ou querelante (ação penal</p><p>privada subsidiária da pública);</p><p>➢ Juiz faz admissibilidade;</p><p>➢ Juiz cita a defesa para apresentar</p><p>resposta;</p><p>➢ Abre possibilidade de instrução</p><p>processual;</p><p>➢ Chega a 4 decisões possíveis ao</p><p>final.</p><p>■ O que há de diferente?</p><p>➢ O CPP prevê que após a</p><p>apresentação da resposta à</p><p>acusação pela defesa, há</p><p>necessidade de oitiva pelo MP</p><p>→ Art. 409, do CPP55.</p><p>➢ Absolvição sumária ocorrerá</p><p>apenas após a instrução</p><p>probatória e a audiência de</p><p>instrução e julgamento, sendo</p><p>uma das 4 decisões que o juiz</p><p>pode tomar ao fim da 1ª fase;</p><p>→ No procedimento comum</p><p>ordinário, o art. 397, CPP,</p><p>ocorre após a resposta à</p><p>acusação, antes do juiz</p><p>55Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre</p><p>preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.</p><p>65</p><p>determinar a audiência de</p><p>instrução e julgamento.</p><p>➢ O prazo máximo para se marcar</p><p>audiência, segundo art. 410</p><p>caput, CPP56, é de 10 (dez) dias;</p><p>→ No procedimento comum</p><p>ordinário, o prazo é de 60</p><p>dias - art. 400, caput, CPP.</p><p>→ No procedimento comum</p><p>sumário, o prazo é de 30</p><p>dias, art. 531, caput, CPP.</p><p>➢ Ausência de previsão de</p><p>requerimento diligências</p>

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