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Profa. Dra. Daniely Oliveira Nunes Gama Paulo Afonso - BA Abril de 2025 REFORMA SANITÁRIA 1º Uma revolução ocorre quando há uma mudança brusca na organização política e economia de uma sociedade/Estado - Revolução de alguns países. 2º Classe trabalhadora e intelectuais se articulam e fazem o papel de vanguarda - Reforma Sanitária. O que é uma Reforma? REFORMA SETORIAL - propõe mudanças no sistema de serviços de saúde (reforma do setor). REFORMA SANITÁRIA - intervém de forma ampla nas necessidades de saúde (questões sanitárias - visa a melhoria das condições de saúde e de vida); reconhece o sistema de serviços como uma das respostas sociais - atua no setor, mas não se esgota nele; visa à melhoria das condições de saúde e da qualidade de vida da população. Fonte: PAIM, 2008. Período Colonial Período Imperial Período da República Velha Era Vargas Ditadura Militar Nova República REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA - PROCESSO HISTÓRICO PERÍODO COLONIAL (1500 - 1808) Vinda dos colonizadores - poucos recursos, embarcações insalubres, poucos suprimentos alimentares. Índios - vulneráveis (muitos morreram), fugiram mata a dentro, transmissão de doenças. Recursos de saúde - escassez de cuidados, medicamentos importados a custo elevado, curandeiros, físico-mor (médico clínico). Jesuítas - não recebiam bem o curandeirismo, vieram junto na colonização do Brasil, buscavam excluir tudo que afastava da igreja, implantaram as santas casas de misericórdia (1539 - Recife, 1543 - Santos, 1549 - Salvador). PERÍODO IMPERIAL (1808 - 1889) Chegada da Família Real ao Brasil - risco de doenças, atitudes frente ao controle das doenças. Saneamento - limpeza das cidades. 1ª Faculdade de Medicina na Bahia (1808) - Escola de Medicina da Bahia e Colégio Cirúrgico (Rio de Janeiro) Dr. Manoel Vieira - médico para cuidar do controle da situação de saúde - separação dos portos - pessoas doentes eram separadas e ficavam reclusas, mas ainda haviam pessoas doentes em período de incubação da doença - sem manifestação dos sintomas. Em 1950 - Junta Central de Higiene Pública - contexto da febre amarela e Junta Central de Vacinação. Expansão das Santas Casas. Conceitos de Dr. Manoel Vieira - Endemia: doença que pode ser controlada; Epidemia: doença sem controle em um país; Pandemia: doença sem controle em mais de um país. REPÚBLICA VELHA (1889 - 1930) Concepção liberal de estado de que só cabia a este intervir nas situações em que o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não fossem capaz de responder a determinada demanda. 1888 - Lei Áurea - grande impacto na mão de obra. Governo de Rodrigues Alves: Reforma urbana (embelezou cidades - cortiços, ruas); 1910 - movimento pela mudança da organização sanitária - criação do Departamento Nacional de Saúde Pública. Reforma do setor saúde - Dr. Oswaldo Cruz tinha carta branca, ações forçadas, apoio do exército - operação militar, tríplice epidemia (febre amarela, peste bubônica, varíola). REPÚBLICA VELHA (1889 - 1930) Criado 1º modelo de atenção à saúde - modelo sanitarista campanhista (campanhas de prevenção de doenças e promoção da saúde, com foco em ações de vigilância sanitária, vacinação, saneamento e higiene urbana). Foram realizadas limpezas das cidades - ações de higiene, entravam nas casas, queimavam roupas dos doentes - nada era informado à população, vacinação compulsória. Revolta da vacina 1904 - revolta da população, conflito violento, resultou na suspensão da lei da vacinação compulsória e passou a ser facultativa. Carlos Chagas 1920 - apaziguamento - propaganda sanitária, educação em saúde, higiene industrial, vigilância sanitária - controle de endemias, programa de controle da tuberculose, endemias rurais. Previdência social - caixas de aposentadorias e pensões (CAPs), Lei Eloi Chaves (1923) - trabalhador passa a ter acesso a alguma assistência médica - sistema de proteção social no país. ERA VARGAS (1930 - 1964) Suspensão das CAPs. Sistema corporativista que estava ligado aos trabalhadores que eram incentivados a se integrarem ao sistema sindical criado por Getulio Vargas, transformando as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), ligados as empresas e seus trabalhadores, garantindo assistência médica. Na época o Brasil tinha sua economia fundada na monocultura do café e precisava de algumas categorias de trabalhadores para o processo de produção e circulação desta mercadoria, sendo assim, Vargas implantou os direitos trabalhistas e previdenciários para as categorias dos marítimos, ferroviários, comerciários, bancários, etc., visando manter a saúde destes trabalhadores sob controle, garantindo a efetividade do serviço prestado. ERA VARGAS (1930 - 1964) No âmbito da saúde os IAPs asseguravam aos trabalhadores um plano de assistência em saúde, adotando medidas paliativas no cuidado médico. Esta assistência médica individual dos trabalhadores estava ligada ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio (MTIC), porém idosos, crianças e outras categorias de trabalhadores ainda dependiam de caridade e filantropia. A criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, que visava a institucionalização da saúde pública, e a existência de outras entidades como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, responsável pela previdência social e saúde ocupacional. o período varguista é caracterizado por uma transição na forma como a saúde pública era organizada e administrada, com o Estado assumindo um papel mais proeminente, mas com a presença de diferentes órgãos e entidades com responsabilidades na área. A dualidade institucional reflete essa complexidade e a oscilação entre a centralização e a autonomia na gestão da saúde pública. DITADURA MILITAR (1964 - 1985) SURGIMENTO DO MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA No final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, o agravamento das carências sociais, principalmente nos grandes centros urbanos, e o afrouxamento do regime autoritário desencadearam o surgimento de vários movimentos populares de caráter reivindicatório, dando início ao Movimento da Reforma Sanitária. A proposta era “Construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática, tomando por base a equidade, a justiça social, a descentralização, universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor” (ZORZI; MOCINHO, 2004). DITADURA MILITAR (1964 - 1985) AVANÇOS 1974 – criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), com a incorporação ao sistema previdenciário dos trabalhadores rurais, empregados domésticos e outras categorias de trabalhadores; 1975 – criação do Sistema Nacional de Saúde (lei 6.229), como resultado da V Conferência Nacional de Saúde. Porém, este promoveu a separação entre assistência à saúde e ações coletivas de saúde (MS). Surgimento de diversas organizações de profissionais de saúde: Centro Brasileiro de Estudos em Saúde - CEBES; Associação Brasileira de Saúde Coletiva -ABRASCO (1979); Associação dos Médicos Sanitaristas; Associação Paulista de Saúde Pública - Todas lutam por um sistema de saúde mais justo e igualitário e articulam-se a movimentos sociais. DITADURA MILITAR (1964 - 1985) AVANÇOS 1977 – criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, promove pequena abertura para ações de atenção integral na rede pública, incluindo planejamento e participação popular na gestão do sistema (tudo muito incipiente). 1978 – Conferência Internacional de Saúde de Alma-Ata cuidados na atenção primária para todos, aumento do acesso, participação da comunidade. 1979 – I Simpósio Nacional de Política de Saúde, realizado pela Comissão de Saúde da Câmara de Deputados. O CEBES ( centro brasileiro de estudos de saúde) apresentou uma proposta de reorganização do sistema de saúde (já na época chamava de Sistema Único de Saúde). 1980 - Realização da VII Conferência Nacional de Saúde - Construção do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – SUDS. AVANÇOS 1986 - Realização da VIII Conferência Nacional de Saúde - Constitui-secomo marco para a saúde pública no Brasil pelo seu caráter democrático. Grande participação popular (em torno de 1000 delegados dos diversos segmentos [usuários, trabalhadores, partidos políticos, universidades, parlamentares, gestores] e cerca de 4000 participantes). 1988 – Constituição da base para o texto da Assembleia Nacional Constituinte. SUS - Constituição 1988 pela primeira vez se contempla explicitamente a saúde. NOVA REPÚBLICA (1985 - DIAS ATUAIS) A Constituição Federal de 1988, em sua seção da saúde (Art. 196), define-a: “a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, o que é a base de nosso sistema universal de saúde (SUS). NOVA REPÚBLICA (1985 - DIAS ATUAIS) 1990 - Luta pela regulamentação dos artigos de nº196 a 200. Lei 8.080 – que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços de saúde (presidente Collor sancionou a lei com 24 vetos, vetou especialmente os aspectos da participação popular e do financiamento, mas permaneceu a autonomia municipal através da descentralização das decisões). Lei 8.142 – que dispõe sobre a participação da comunidade (conselhos e conferências) na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Problemas Recursos financeiros insuficientes e fracionados. Pouca participação dos Estados no financiamento. Desvios de recursos / ineficiência de gestão. Deficiência de recursos humanos. Precarização das relações de trabalho. Resolutividade insuficiente. Limitações no acesso aos serviços. Referências: MOCINHO, R.R.; ZORZI, N. Implementação do SUS, uma Análise de sua Trajetória. In: KUJAWA, H.; CARBONARI, P. (Orgs.) Luta pelo Direito Humano à Saúde. A Experiência de Passo Fundo. Passo Fundo: Meritus, 2004.