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DIREITO CIVIL Contratos em Geral – Parte I Livro Eletrônico Presidente: Gabriel Granjeiro Vice-Presidente: Rodrigo Calado Diretor Pedagógico: Erico Teixeira Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente. CÓDIGO: 231220284282 CARLOS ELIAS Consultor Legislativo do Senado Federal na área de Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no concurso de 2012). Advogado. Parecerista. Árbitro. Ex-Advogado da União (AGU). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Doutor e mestre em Direito na Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar no vestibular de Direito na UnB 1º/2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-graduado em Direito Público. Professor de Direito Civil e de Direito Notarial e de Registral. Membro da Academia Brasileira de Direito Civil (ABDC). Fundador do Instituto Brasileiro de Direito Contratual (IBDCont). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Contratos em Geral – Parte I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1. Noções Gerais de Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2. Economicidade dos Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.3. Fim e Limite dos Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4. Frustração do Fim do Contrato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.5. Crise dos Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.6. Elementos dos Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2. Formação dos Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.1. Fase da Puntuação e a Responsabilidade Pré-Contratual . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2. Fase da Proposta, da Policitação ou da Oblação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3. Fase do Contrato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3. Princípios Contratuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.1. Princípio da Obrigatoriedade, da Força Obrigatória ou do Consensualismo 19 3.2. Princípio da Autonomia da Vontade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.3. Princípio da Supremacia da Ordem Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.4. Princípio da Função Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.5. Princípio da Boa-Fé e a Responsabilidade Pré-Contratual, Contratual e Post Factum Finitum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 3.6. Princípio da Revisão dos Contratos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.7. Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Questões de Concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Gabarito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Gabarito Comentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 4 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias APreSeNtAÇÃoAPreSeNtAÇÃo Olá, queridos amigos e queridas amigas!! Esforce-se para ler estas aulas de Contratos. Elas te darão um excelente suporte para enfrentar as questões de concurso envolvendo esse tema. Sei que muitos de vocês têm pressa em razão da grande quantidade de matérias, mas eu te garanto: se você dominar bem essa matéria de Contratos, você sairá em grande vantagem em relação aos demais candidatos. E mais: você terá facilidade para lidar com temas conexos em Direito Administrativo, para cuja compreensão é fundamental dominar o tema de Contratos. Por exemplo, não dá para você lidar com contratos administrativos sem ter uma boa base de contratos. Nosso foco é concurso público. E, por isso, ao longo das aulas, eu procurarei colocar questões para exemplificar o conteúdo. Vamos em frente! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 5 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias CONTRATOS EM GERAL – PARTE ICONTRATOS EM GERAL – PARTE I 1 . NoÇÕeS GerAIS De CoNtrAtoS1 . NoÇÕeS GerAIS De CoNtrAtoS 1 .1 . DeFINIÇÃo1 .1 . DeFINIÇÃo Aluno(a), vamos começar com alguns conceitos mais teóricos, que são importantes para você compreender melhor a matéria. Um trato entre duas ou mais pessoas. Isso é o contrato. Trata-se de um acordo entre duas ou mais pessoas com o objetivo de impor obrigações juridicamente exigíveis para elas. O contrato é uma fonte de obrigações e, por isso, o livro de Contratos tem de ser estudado em conjunto com o de Direito das Obrigações, pois regras como arras, cláusula penal, pagamento etc. são disciplinadas neste último livro. A economia de um país não sobrevive sem os contratos. São eles que dão segurança para o mercado por permitir que os indivíduos, se não honrarem as suas promessas, sejam coagidos judicial ou extrajudicialmente ao pagamento. Por exemplo, após assinar um contrato de aquisição de um imóvel, o vendedor pode ter uma segurança de que poderá cobrar o preço e, por isso, pode fazer planejamentos com base nessa expectativa. Os títulos de crédito, por serem títulos executivos e por facilitarem a circulação de direito por meio do endosso, competem com os contratos no modo de formalizaçãoé presumivelmente um fornecedor. 030. 030. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: Em nenhuma circunstância, ainda que imprevista, poderá João responder por perdas e danos se negociar com Maria em detrimento dos interesses econômicos de Pedro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 29 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias GABARITOGABARITO 1. C 2. C 3. C 4. E 5. E 6. C 7. C 8. C 9. C 10. C 11. C 12. C 13. E 14. C 15. E 16. E 17. C 18. E 19. E 20. E 21. E 22. E 23. C 24. E 25. C 26. E 27. E 28. E 29. E 30. E O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 30 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias GABARITO COMENTADOGABARITO COMENTADO 001. 001. (IADES/PROCURADOR/AL-GO/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. São os arts. 421 e 422 do CC: Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o Princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Certo. 002. 002. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato É o art. 421, CC. Certo. 003. 003. (NC-UFPR/CARTÓRIO/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. É o art. 422 do CC. Certo. 004. 004. (IBFC/ADVOGADO/EMDEC/2019/ADAPTADA) Os princípios de probidade e boa-fé devem ser resguardados tão somente durante a execução do contrato. A boa-fé tem de ser observado antes (sob pena de responsabilidade civil pré-contratual ou por culpa in contrahendo), durante (sob pena de responsabilidade contratual) e após (sob pena de responsabilidade post factum finito), conforme interpretação doutrinária do art. 422 do CC. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 31 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 005. 005. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA) Às partes não é lícito estipular contratos atípicos, devendo-se observar os tipos existentes no Código Civil. Contratos típicos são os tipos previstos no CC; contratos atípicos são os não previstos no CC. Para estes, basta observarem-se as regras gerais do CC. É o art. 425, CC: Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Errado. 006. 006. (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) Os contratos benéficos devem ser interpretados de forma restrita. É o art. 114 do CC: Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Certo. 007. 007. (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) É possível a manifestação tácita de vontade em matéria contratual, quando não for necessária que seja expressa. É o princípio do silêncio conclusivo, previsto no art. 111 do CC: Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Certo. 008. 008. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA) A herança de pessoa viva não pode ser objeto de contrato. É o art. 426 do CC: Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Certo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 32 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 009. 009. (IBFC/ADVOGADO/EMDEC/2019/ADAPTADA) Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. É o art. 426 do CC. Certo. 010. 010. (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) É proibido o que tem por objeto herança de pessoa viva. Art. 426, CC. Certo. 011. 011. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA) No caso de contrato de adesão que contenha cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. É o art. 423 do CC: Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever- se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Certo. 012. 012. (IBFC/ADVOGADO/EMDEC/2019/ADAPTADA) Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. É o art. 424 do CC: Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Certo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 33 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 013. 013. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE VALINHOS/SP/2019/ADAPTADA) Nos contratos de adesão, são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. É caso de nulidade, e não de anulabilidade (art. 424, CC). Errado. 014. 014. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE CURITIBA-PR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. no entanto, deixará de ser obrigatória se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. São os arts. 427 e 428 do CC: Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficientepara chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Certo. 015. 015. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) A proposta é obrigatória se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. A proposta deixa de ser obrigatória aí (art. 428, IV, CC). Errado. 016. 016. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 34 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: Se João e Pedro houvessem negociado entre ausentes, ou seja, não estivessem em uma amistosa conversa, um de frente para o outro, permaneceria obrigatória a proposta se, antes dela, ou simultaneamente, chegasse ao conhecimento de Pedro a retratação de João. A proposta deixaria de ser obrigatória aí por força do art. 428, IV, do CC. Errado. 017. 017. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: O contrato celebrado entre João e Pedro é perfeito, não podendo mais João vender o carro a Maria, sem que com isso deva arcar com os prejuízos sofridos por Pedro, ante a instantaneidade do aceite, que torna obrigatória a proposta entre presentes. É o art. 427 do CC. Certo. 018. 018. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Pode revogar-se a oferta pública pela mesma via de sua divulgação, ainda que não haja previsão a respeito na oferta realizada. Só se houver previsão! Veja o art. 429, parágrafo único, CC: Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 35 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 019. 019. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) Pode revogar- se a oferta pela mesma via de sua divulgação, ainda que não ressalvada esta faculdade na oferta realizada. Tem de haver a ressalva (art. 429, CC). Errado. 020. 020. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Reputar-se-á celebrado o contrato no local de domicílio do aceitante. É no local onde o contrato foi proposto. Veja o art. 435 do CC: Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Errado. 021. 021. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) em regra, os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é recebida pelo proponente. É desde quando a aceitação é expedida, e não recebida (art. 434, CC). Veja: Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I – no caso do artigo antecedente; II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III – se ela não chegar no prazo convencionado. Errado. 022. 022. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta, os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação à proposta é expedida. Como o proponente se comprometeu a esperar a resposta, o contrato aí só se tornará perfeito quando a aceitação for recebida, conforme inciso II do art. 434 do CC. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 36 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 023. 023. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. É o art. 431 do CC: Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Certo. 024. 024. (VUNESP/OFICIAL/TJMA/2019/ADAPTADA) A aceitação do contrato fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, não importará nova proposta. É o contrário (art. 431, CC). Errado. 025. 025. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) A aceitação fora do prazo importará nova proposta. É o art. 431, CC. Certo. 026. 026. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: João pode negociar com Maria, pois a lei da oferta e da demanda dirige o cenário econômico num contrato dessa natureza, bastando, para tanto, que João indenize Pedro em eventuais prejuízos. Pedro deverá devolver o carro a João ainda que posteriormente à celebração (aceitação) do contrato. O contrato está perfeito entre as partes, pois já houve a aceitação da contraposta (arts. 427 e 431, CC). Logo, João não pode voltar atrás, nem mesmo pagando indenização a Pedro, ao contrário do exposto na questão. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 37 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 027. 027. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) Considera-se aceita a proposta se, antes dela ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante. É o contrário: a aceitação se considera inexistente (art. 433, CC). Veja: Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Errado. 028.028. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Considera-se inexistente a aceitação, se depois dela chegar ao proponente a retratação do aceitante. É o art. 433, CC. Errado. 029. 029. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: João deve indenizar Pedro nos termos do Código de Defesa do Consumidor, pois Pedro é presumivelmente vulnerável e João é presumivelmente um fornecedor. Não se aplica o CDC no caso, pois as partes não se enquadram nos requisitos exigidos pelos arts. 2º e 3º do CDC para a caracterização de uma relação de consumo. Trata-se de relação meramente civil, entre dois particulares, fora do mercado de consumo. Aplica-se aí o CC. Veja os referidos dispositivos: Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 38 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias § 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Errado. 030. 030. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: Em nenhuma circunstância, ainda que imprevista, poderá João responder por perdas e danos se negociar com Maria em detrimento dos interesses econômicos de Pedro. Ao contrário do dito na questão, João pode sim responder por perdas e danos perante Pedro se ele descumprir o contrato que já se tornou perfeito com a aceitação da contraposta. Se, por exemplo, o veículo tiver sido transferido para Maria, como não havia ainda um direito real de Pedro sobre o veículo, este não poderá reivindicar o carro das mãos da Maria; todavia, poderá exigir o valor equivalente do carro de João, além de outras perdas e danos. Acresça-se que, caso estejam presentes os requisitos da teoria da imprevisão (arts. 317 e 478 do CC), João pode resolver o contrato com Pedro, caso em que ele estará liberado para negociar o carro com Maria sem ter de pagar indenização alguma a Pedro. Veja os preceitos retrocitados: Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br Abra caminhos crie futuros gran.com.br O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. Sumário Apresentação Contratos em Geral – Parte I 1. Noções Gerais de Contratos 1.1. Definição 1.2. Economicidade dos Contratos 1.3. Fim e Limite dos Contratos 1.4. Frustração do Fim do Contrato 1.5. Crise dos Contratos 1.6. Elementos dos Contratos 2. Formação dos Contratos 2.1. Fase da Puntuação e a Responsabilidade Pré-Contratual 2.2. Fase da Proposta, da Policitação ou da Oblação 2.3. Fase do Contrato 3. Princípios Contratuais 3.1. Princípio da Obrigatoriedade, da Força Obrigatória ou do Consensualismo 3.2. Princípio da Autonomia da Vontade 3.3. Princípio da Supremacia da Ordem Pública 3.4. Princípio da Função Social 3.5. Princípio da Boa-Fé e a Responsabilidade Pré-Contratual, Contratual e Post Factum Finitum 3.6. Princípio da Revisão dos Contratos 3.7. Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato Resumo Questões de Concurso Gabarito Gabarito Comentadodas vontades no mercado. Grande parte dos empréstimos dados pelos bancos se materializam em títulos de crédito, especialmente nas cédulas de crédito bancaria, e não em contratos de mútuo. Os títulos de crédito possuem regras própria e integram o Direito Empresarial, e não o Direito Civil. A interdisciplinaridade é fundamental para dominar o tema dos contratos. É que, embora as regras gerais dos contratos estejam nos arts. 421 ao 480 do CC e as de contratos em espécie ocupem os arts. 481 ao 853, é indispensável o domínio das regras de direito das obrigações (arts. 233 ao 421), de responsabilidade civil (arts. 927 ao 957) e de Direitos das Coisas (arts. 1.196 ao 1.510-E), além de outras leis especiais. A divisão temática do CC é meramente didática, pois, na verdade, os vários assuntos estão interligados e, portanto, é duvidosa a existência efetiva de uma linha divisória entre eles. Há várias leis especiais disciplinando contratos, como os contratos de locação de imóveis urbanos (Lei do Inquilinato – Lei n. 8.245/1991), de aquisição de imóvel “na planta” (Lei de Incorporação Imobiliária – Lei n. 4.591/64), de contrato envolvendo consumidor (Código de Defesa do Consumidor – CDC) etc. O conflito entre as várias normas que resolvem os contratos, como os conflitos entre o CDC e o CC, costuma ser resolvido pelos critérios tradicionais de solução de antinomia, ou O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 6 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias seja, pelos critérios cronológico, hierárquico e da especialidade. Todavia, a complexidade da sociedade moderna vem chancelando a utilização do Diálogo das Fontes no lugar desses critérios tradicionais. Para aprofundamento, reportamo-nos ao que escrevemos sobre a LINDB. A compreensão de um contrato não se limita ao seu texto escrito, pois, no ambiente contemporâneo da Constitucionalização do Direito Civil, há inegável influência de princípios e de cláusulas abertas na interpretação e na invalidação de cláusulas contratuais. Praticar uma conduta em uma cláusula contratual não necessariamente é uma conduta lícita, pois princípios jurídicos podem invalidar a cláusula. Vários conceitos novos foram desenvolvidos nesse contexto, como o do adimplemento substancial, da violação positiva do contrato, da doutrina do terceiro cúmplice etc. Já cuidamos de alguns desses conceitos anteriormente e trataremos dos demais aqui. Há notável debate acadêmico sobre os limites do intervencionismo nos contratos com reflexões acerca das consequências positivas e negativas disso na relação entre Estado, Sociedade, Economia e Mercado. Todavia, não vamos aprofundar nesse tema, pois o nosso foco é concurso público e isso não costuma ser cobrado dessa forma. 1 .2 . eCoNoMICIDADe DoS CoNtrAtoS1 .2 . eCoNoMICIDADe DoS CoNtrAtoS 001. 001. (CESPE/PROCURADOR/PGM-AM/2016) Uma pessoa poderá firmar contrato que limite seus direitos da personalidade caso o acordo seja-lhe economicamente vantajoso. O que você marcaria: certo ou errado? Pois, em regra, os direitos da personalidade não podem ser limitados voluntariamente, ainda que isso seja economicamente vantajoso. do contrário, muitas pessoas venderiam órgãos do corpo por preços fabulosos, o que é proibido pela lei. Só se pode limitar direito da personalidade quando a lei autorizar ou houver razoabilidade. É assim que deve ser lido o art. 11 do CC: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Errado. O tema acima nos leva a discutir um outro assunto: o objeto dos contratos precisa ou não ter natureza econômica? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 7 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias A doutrina majoritária exige que o objeto contrato tem de possuir um valor econômico, sob pena de ser irrelevante ao direito. Em um contrato de prestação de serviço, o objeto (um serviço) tem um valor econômico. É verdade que as regras do Código Civil em matéria de contratos contêm regras que pressupõe a economicidade do objeto. Temos, porém, que a economicidade do objeto deve ser compreendida de modo amplo para abranger também negócios jurídicos envolvendo direitos da personalidade, que são direitos existenciais, extrapatrimoniais e não econômicos. Na gestação por substituição, o ato da gestante poderia ser materializado por um negócio que, a nosso sentir, configuraria um contrato, que credenciaria a utilização de meios judiciais de coerção (como uma busca e apreensão ou uma execução de obrigação de fazer) Ou de indenização. Nesses casos, apesar de o objeto ser extrapatrimonial, o contrato dará expressão econômica a ele para autorizar, por exemplo, a aplicação de multas e de cobrança de indenização por dano moral. É evidente, porém, que a liberdade contratual nesses casos de contratos envolvendo direitos da personalidade será limitada pela própria natureza desses direitos, que, em regra, não podem sofrer limitações voluntárias (art. 11, CC). Veja esse art. 11 do CC: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Portanto, a economicidade dos contratos não exclui objetos extrapatrimoniais, mas, para viabilizar a utilização de meios coercitivos, esse objeto acabará assumindo uma expressão econômica, ainda que sob a forma de indenização por dano moral. 1 .3 . FIM e lIMIte DoS CoNtrAtoS1 .3 . FIM e lIMIte DoS CoNtrAtoS 002. 002. (CESPE/ANALISTA/TRT16/2005) A liberdade contratual está limitada ao fim social do contrato. Porque o fim social é um limite à liberdade contratual por força do art. 421 do CC, cujo conteúdo é este: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 8 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o Princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Certo. 003. 003. (CESPE/JUIZ/TRF5/2013) A liberdade contratual relaciona-se com a escolha da pessoa ou das pessoas com quem o negócio será celebrado, ao passo que a liberdade de contratar está relacionada com o conteúdo do negócio jurídico. Porque a definição é o contrário do exposto na questão. Errado. Vamos tratar mais desse assunto. Qual é a finalidade das partes ao celebrar um contrato? É circular riquezas, razão por que o fim do contrato é a sua finalidade econômica (a de circular riquezas). Numa doação, um patrimônio do doador se transfere ao donatário; num contrato de compra e venda, o vendedor transfere um bem em troca de dinheiro; etc. Há, porém, um limite aos contratos: a função social. Di-lo o art. 421 do CC, que está assim redigido: Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o Princípio da intervenção mínima e a excepcionalidadeda revisão contratual. Os contratos permitem a circulação de riquezas, desde que isso beneficie toda a sociedade (função social). O conceito de “função social” é aberto e dá ensanchas a diversas interpretações a depender do momento histórico e da ideologia dos julgadores. Não se confunde a liberdade de contratar – que é a possibilidade de os indivíduos escolherem com quem e quando querem celebrar um contratar – com a liberdade contratual – que é a liberdade de definir o conteúdo do contrato. Segundo a doutrina majoritária, a função social limita apenas a liberdade contratual, pois impõe limites apenas ao conteúdo dos contratos, censurando, por exemplo, cláusulas contratuais que sejam abusivas, como aquelas que inseridas em contrato de plano de saúde para restringir a cobertura do período de internação do cliente no hospital. Por isso, o art. 421 do CC é textual nesse sentido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 9 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 1 .4 . FrUStrAÇÃo Do FIM Do CoNtrAto1 .4 . FrUStrAÇÃo Do FIM Do CoNtrAto 004. 004. (VUNESP/CARTÓRIOS/TJSP/2012) Na teoria geral dos contratos, a denominada frustração do fim do contrato, que torna a prestação inútil, tem guarida no princípio da(o): a) Autonomia privada. b) boa-fé objetiva. c) equilíbrio econômico. d) função social do contrato. Você já ouviu falar em “frustração do fim do contrato”? Vamos tratar do tema: esse é o presente que eu estou dando para quem acertou a questão. Letra d. Como o contrato possui uma finalidade econômica e ele é limitado pela função social (art. 421, CC), a eventual frustração da utilidade de uma prestação contratual poderá gerar a sua extinção do contrato. Trata-se da “frustração do fim do contrato”, que autoriza a extinção do contrato quando, por um fato superveniente, sua prestação se torna inútil, embora seja materialmente possível. O adimplemento do contrato não cumprirá o fim objetivado pelas partes. O contrato perdeu a razão de ser por um fato superveniente. É o que sucede, por exemplo, no caso de alguém ser contratado para: • (1) desatolar um carro que, por força de uma chuva, veio a ser desatolado naturalmente antes da prestação do serviço; • (2) pintar uma casa que veio a ruir durante um terremoto ocorrido antes da realização da pintura. Esses serviços ainda são materialmente possíveis de serem realizados, mas já não são úteis para o tomador do serviço. Não se confunde com outras hipóteses de extinção do contrato, como as provenientes da onerosidade excessiva (art. 478, CC) Ou da impossibilidade material ou jurídica da prestação. Trata-se de caso de perda da utilidade da prestação, e não da sua impossibilidade ou da sua excessiva onerosidade. A frustração do fim do contrato representa uma perda da própria “causa” do contrato, assim entendida o resultado concreto que objetivamente buscavam as partes (Cogo, 2012, p. 308). Causa não se confunde com motivo. Este é apenas a justificativa psicológica das partes, o que é irrelevante para o Direito em regra. Causa, porém, é o fato objetivo vinculado ao contrato. Assim, no caso de uma compra de carro para dar inveja no vizinho, a causa é a transmissão da propriedade do carro, e o motivo é a intenção do comprador em causar inveja no vizinho. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 10 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias O fundamento da “frustração do fim do contrato” é a função social, que limita a liberdade contratual. Nesse sentido, dispõe o Enunciado n. 166/JDC: A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil. Sobre o tema, recomendamos a obra de Rodrigo Barreto Cogo (2012). A vedação ao abuso de direito também é um dos fundamentos da “frustração do fim do contrato”, pois é abusivo ato que extrapola os limites impostos, entre outros, pelo “fim social”, conforme está no art. 187 do CC, cuja redação é esta: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Enfim, exigir o cumprimento de uma prestação que se tornou inútil é abuso de direito (Cogo, 2012, p. 338). 1 .5 . CrISe DoS CoNtrAtoS1 .5 . CrISe DoS CoNtrAtoS Tradicionalmente os contratos sempre foram vistos como resultado do encontro das forças dos contratantes em pé de igualdade. Todavia, a modernidade, com a sua multiplicação de contratos de adesão – cujas cláusulas são escritas apenas por uma das partes sem margem de negociação para a outra parte –, estaria a causar uma “crise dos contratos”. Para tomar emprestadas as palavras de um dos maiores expoentes do Novo Direito Civil, o professor Flávio Tartuce, “há inclusive quem já tenha lavrado a sua certidão de óbito. Grant Gilmore, em 1.974, publicou um livro com título provocador – “The Death of Contract” (Columbus, Ohio) – onde assinalou a ação demolidora dos novos tempos no edifício conceitual do contrato” (Tartuce, 2007, p. 28). Temos, porém, que esse fenômeno própria da sociedade de massas, não representa uma crise dos contratos, e sim o seu apogeu, marcado por novos conceitos e novos pressupostos teóricos. Nunca antes na história se celebrou tantos contratos. A doutrina, porém, teve de evoluir as bases teóricas tradicionais dos contratos para modelar uma teoria geral dos contratos que autoriza um maior grau de intervenção na invalidação de cláusulas contratuais. Seguimos, nesse ponto, as ideias dos professores Flávio Tartuce e Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 11 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 1 .6 . eleMe1 .6 . eleMeNtoS DoS CoNtrAtoSNtoS DoS CoNtrAtoS 005. 005. (CESPE/ANALISTA/MPE-PI/2012) Por serem convencionados pelas partes, os elementos acidentais – introduzidos facultativamente no negócio jurídico – não possuem o mesmo valor que os elementos estruturais – determinados pela lei. Pois, no momento em que os elementos acidentais são pactuados, eles têm de ser respeitados igualmente ao que sucede com os elementos estruturais (que são os elementos essenciais) do negócio jurídico. Isso significa que, uma vez pactuados, os elementos acidentais têm o mesmo valor do que os elementos essenciais, ao contrário do exposto na questão acima. Vamos tratar disso agora. Errado. Os mesmos elementos dos negócios jurídicos – a saber, os elementos essenciais, naturais e acidentais – são também dos contratos, de maneira que a existência, a validade e a eficácia dos contratos são disciplinados pela teoria dos negócios jurídicos. Os elementos essenciais são aqueles indispensáveis à existência e à validade dos contratos. Nesse sentido, os contratos precisam de requisitos objetivos (um objeto lícito, possível e determinável), formais (uma forma compatível com a do ordenamento jurídico) e subjetivos (partes que sejam sujeitos capazes). Os elementos naturais são os inerentes aopróprio contrato, como a transferência ou a garantia da evicção no contrato de compra e venda. Os elementos acidentais são os facultativos que influem na eficácia do contrato, como o termo, a condição e o encargo. 2 . ForMAÇÃo DoS CoNtrAtoS2 . ForMAÇÃo DoS CoNtrAtoS Didaticamente, o contrato nasce após o transcurso de três fases: a da puntuação, a da proposta e a do contrato. Vamos tratar dessas fases. 2.1. FASE DA PUNTUAÇÃO E A RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL2.1. FASE DA PUNTUAÇÃO E A RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL 006. 006. (CESPE/JUIZ/TRF1/2015/ADAPTADA) A fase de puntuação na formação do contrato não vincula os participantes a sua celebração definitiva, o que impede inferir-se eventual responsabilização contratual nas tratativas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 12 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Pois é cabível a responsabilidade civil pré-contratual (também chamada de responsabilidade por culpa in contrahendo) No caso de violação à boa-fé na fase da pontuação. Faço uma ressalva: a questão fala em “responsabilização contratual”. Tecnicamente, a responsabilidade civil pré-contratual não decorre de um contrato, e sim da violação de uma lei. É uma espécie de responsabilidade extracontratual. Todavia, isso não mudaria o gabarito: o item é errado por falar que não cabe “responsabilização” (e não responsabilidade) contratual. Considero, porém, que a questão foi mal feita. Errado. Eu ainda vou explicar a matéria, mas, primeiro, quero que você veja mais algumas questões. Veja agora esta questão: 007. 007. (FUNIVERSA/ANALISTA/SEPLAG-DF/2010) Nas negociações preliminares, há vinculação entre as partes, o que gera a responsabilidade contratual. Pois a regra geral é que não há responsabilidade civil na fase das negociações preliminares. A responsabilidade pré-contratual é excepcional. Ademais, na fase da pontuação, as partes não se vinculam. Errado. 008. 008. (FUNRIO/PROCURADOR/PREFEITURA DE TRINDADE/2016/ADAPTADA) É possível que as partes, a qualquer momento, desistam das negociações preliminares, ainda que se tenha criado a legítima expectativa na outra parte de que o contrato seria celebrado, independentemente de perdas e danos. Porque não se admite a violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares, sob pena de responsabilidade pré-contratual. Errado. Vamos explicar! A fase da puntuação ou das negociações preliminares consiste nas tratativas iniciais sem caráter vinculante estabelecidas entre as partes. É o caso, por exemplo, de um indivíduo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 13 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias que, potencialmente interessado decorar a própria casa, conversa com um designer de interiores sobre projetos de decorações, sem receber um orçamento individualizado para sua casa. Trata-se de mera fase das negociações preliminares. É comum essa fase ser registrada por escrito por meio de instrumentos conhecidos como “protocolo de intenções”, “carta de intenções” ou “termo de opções”. Não se trata de um contrato, e sim de uma etapa da fase das negociações preliminares. Por esses documentos, as partes registram a intenção de negociar as condições de um contrato futuro. Não se trata sequer de um contrato preliminar, pois este já é um tipo de contrato, com todas as condições negociais definidas, conforme trata o art. 462 do CC: Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Se, por exemplo, uma universidade brasileira assina uma carta de intenções com uma universidade norte-americana para registrar a pretensão delas de negociar uma parceria acadêmica, esse documento não tem um valor meramente simbólico, pois permitirá, por exemplo, que as universidades façam marketing para atrair clientela. Também pode ser usado um “edital” convocando interessados a negociar um possível contrato. A fase de negociações preliminares não vincula as partes e, portanto, não as obriga a celebrar um contrato no futuro. Por isso, em regra, não se pode falar em responsabilidade civil nessa fase. Se a parte não quiser celebrar o contrato no futuro, ela não poderá ser condenada a pagar indenização alguma. Todavia, excepcionalmente, quando houver violação da boa-fé, é possível falar em responsabilidade civil pré-contratual, também batizada de responsabilidade por culpa in contrahendo. Trata-se de uma responsabilidade extracontratual ou aquiliana, pois decorre da violação de um dever legal (a boa-fé), e não de um contrato (que sequer existe). Se qualquer das partes tiver um comportamento de má-fé, é cabível sua condenação a indenizar os danos sofridos pelo outra. Por exemplo, no caso acima do designer de interiores, se o indivíduo conduzir a conversa com o designer ao longo de duas horas insinuando ter efetivo interesse e, posteriormente, romper a legítima expectativa criada no profissional acerca da seriedade da conversa afirmando que, por “brincadeira”, queria apenas desperdiçar o tempo do profissional, há conduta violadora da boa-fé a credenciar a responsabilidade civil por culpa in contrahendo do zombador. O STJ condenou uma fabricante de carros a pagar R$ 75.000,00 a título de indenização por dano material a título de responsabilidade civil pré-contratual. Em suma, essa fabricante, por um edital, convocou interessados em instalar uma concessionária de veículos de luxo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 14 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias em Manaus, e uma empresa apresentou interesse. Pelo que se infere da leitura do voto, o edital previa o pagamento de uma espécie de “tarifa de inscrição” no valor de R$ 75.000,00, provavelmente para custear gastos da fabricante com empresas de consultoria para analisar a idoneidade financeira e empresarial dos candidatos. O edital não representava um contrato, mas um apenas uma forma de negociação preliminar. A fabricante, depois de ter noticiado a aprovação da empresa e de ter criado a expectativa da iminente assinatura do contrato, desistiu da intenção de investir em Manaus e pediu desculpas à empresa, sem devolver o dinheiro. Nesse caso, como a desistência da fabricante não teve nenhuma conexão com algum comportamento indevido da empresa candidata, mas decorreu de mera mudança do plano de investimentos no Brasil, há má-fé a credenciar a sua responsabilidade pré- contratual. Pessoal, vale a pena dar uma lida na ementa do julgado: JURISPRUDÊNCIA RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO do art. 535 do CÓDIGO de PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA. DECLARATÓRIOS PROCRASTINATÓRIOS. MULTA. CABIMENTO. CONTRATO. FASE de TRATATIVAS. VIOLAÇÃO do PRINCÍPIO da BOA-FÉ. DANOS MATERIAIS. SÚMULA n. 7/STJ. 1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte. 2. “No caso, não se pode afastar a aplicação da multa do art.538 do CPC, pois, considerando-se que a pretensão de rediscussão da lide pela via dos embargos declaratórios, sem a demonstração de quaisquer dos vícios de sua norma de regência, é sabidamente inadequada, o que os torna protelatórios, a merecerem a multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC’ (EDcl no AgRg no Ag 1.115.325/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, DJe 4/11/2011). 3. A responsabilidade pré-contratual não decorre do fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato não ter sido concluído, mas do fato de uma das partes ter gerado à outra, além da expectativa legítima de que o contrato seria concluído, efetivo prejuízo material. 4. As instâncias de origem, soberanas na análise das circunstâncias fáticas da causa, reconheceram que houve o consentimento prévio mútuo, a afronta à boa-fé objetiva com o rompimento ilegítimo das tratativas, o prejuízo e a relação de causalidade entre a ruptura das tratativas e o dano sofrido. A desconstituição do acórdão, como pretendido pela recorrente, ensejaria incursão no acervo fático da causa, o que, como consabido, é vedado nesta instância especial (Súmula n. 7/STJ). 5. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 1051065/AM, 3ª Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 27/02/2013). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 15 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Entendemos que também haveria responsabilidade pré-contratual se o banco, após pré-aprovar a concessão de um crédito imobiliário a um consumidor com um prazo de eficácia, vir a posteriormente negar esse crédito dentro desse prazo por fundamento não imputado ao consumidor e não superveniente. Isso seria um comportamento contraditório, que é condenado pelo Princípio da boa-fé objetiva. O banco teria de indenizar os prejuízos sofridos pelo consumidor, como o valor gasto por este com arras pagas ao vendedor de um imóvel. Se, porém, a negativa do banco se fundar em um fato superveniente imputado ao consumidor (ex.: nome deste foi negativado após a pré-aprovação) Ou em uma inconsistência no imóvel a ser financiado (ex.: o valor venal deste é muito baixo para garantir o empréstimo bancário), há boa-fé na conduta do banco a afastar-lhe a responsabilização. Alerta-se que esse caso envolve uma “pré-aprovação” que alguns bancos concedem antes mesmo de o consumidor escolher o imóvel a ser adquirido com o objetivo de dar-lhe a segurança de que, ao menos, a idoneidade financeira do consumidor para a percepção do empréstimo já foi reconhecida. Desconhecemos julgados sobre esse tema. Em situações diversas, em que o banco só realiza um simulação de empréstimo sem ter efetivamente analisado a idoneidade financeira do cliente, não há uma “pré-aprovação” e, portanto, o banco não violará a boa-fé se, posteriormente, negar o financiamento, tal como já julgou o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Assim ficou ementado o julgado do TRF: JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVO E CIVIL. FINANCIAMENTO HABITACIONAL. PROCESSAMENTO. MERA EXPECTATIVA. ATO ILÍCITO da CEF E DANO INDENIZÁVEL INEXISTENTES. O processamento de pedido de concessão de mútuo habitacional pela CEF não implica em aprovação e assinatura de contrato de financiamento, mas em mera expectativa de sua concessão por parte da postulante. Inexistente ato ilícito por parte da empresa pública federal, bem como os alegados danos indenizáveis. (TRF4, AC 5000642-18.2015.4.04.7111, 3ª Turma, Rel. Desembargadora Vânia Hack de Almeida, j. 17/07/2018) 2 .2 . FASe DA ProPoStA, DA PolICItAÇÃo oU DA oBlAÇÃo2 .2 . FASe DA ProPoStA, DA PolICItAÇÃo oU DA oBlAÇÃo A proposta, também batizada de policitação ou oblação, vincula o proponente nos termos dos arts. 427 e ss do CC, salvo ressalva expressa da proposta, circunstâncias ou natureza do negócio. Veja o art. 427 do CC: Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 16 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Há proposta quando o proponente anuncia todas as condições do contrato. O mero anúncio da pretensão de vender um imóvel, sem indicar as condições negociais (preço, por exemplo), não configura proposta. Ocorrendo a aceitação da proposta dentro do prazo de eficácia da proposta, nasce o contrato, ou seja, o contrato torna-se perfeito, pois houve o encontro de vontades. A depender da forma de envio da proposta, o contrato pode ser classificado por ser classificado como contrato entre presentes ou entre ausentes. No contrato entre presentes, a proposta é encaminhada por um canal de comunicação instantâneo (via presencial, telefônica, de chat on-line ou em site de internet, como no caso de uma compra de passagem aérea mediante um clique no botão de “aceitar” no site da companhia aérea). Nesses casos, a proposta vincula apenas se a aceitação for manifestada de modo imediato ou, se houver, até a data final do prazo de eficácia expressamente indicado na proposta. É isso que se extrai dos arts. 428, inciso I, e 431 do CC: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. No contrato entre ausentes, a proposta é expedida por um canal de comunicação não instantâneo (carta, e-mail etc.). Como haverá um espaço de tempo entre o envio da proposta e a manifestação da vontade, o prazo de eficácia da proposta variará. Se a proposta não tiver prazo indicado, a aceitação terá de ser expedida em um “prazo moral”, assim entendido o prazo razoável para o aceitante tomar ciência da proposta e imediatamente expedir a aceitação. A propósito, assim dispõe o inciso II do art. 428 do CC: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: […] II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; Se, porém, a proposta indicar um prazo final para a aceitação, presumir-se-á que essa aceitação tem de ser expedida até essa data, ainda que ela chegue posteriormente. A data da expedição é o marco, conforme arts. 428, III, e 434 do CC: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: […] III – se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; […] Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I – no caso do artigo antecedente; II – se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III – se ela não chegar no prazo convencionado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 17 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Trata-se da teoria da agnição na modalidade da expedição. Esses prazos, todavia, podem ser mudados pela vontade do proponente. A vontade das partes podem pactuar outra teoria diversa da agnição na modalidadeda expedição. Basta haver previsão expressa. A propósito, as teorias acerca do momento de aperfeiçoamento do contrato entre ausentes quando a proposta tiver prazo são estas: (1) teoria da cognição: aceitação tem de chegar ao conhecimento (cognição) efetivo do proponente. Ex.: proponente abriu a carta de aceitação e leu o seu conteúdo; (2) teoria da agnição: aceitação não precisa chegar à efetiva ciência do proponente. A teoria da agnição pode ser dividida em três modalidades: (2.1) modalidade da declaração: aceitação só precisa ser declarada pelo aceitante (ex.: escrever a carta); (2.2.) modalidade da expedição: aceitação tem de ser expedida (ex.: postar nos correios a carta de aceitação); e (2.3.) modalidade do recebimento: aceitação tem de ser recebida pelo proponente (ex.: carta de aceitação foi entregue ao proponente, mas este ainda não a leu). Tema importante é saber se é ou não cabível retratação pelo aceitante. O aceitante pode retratar-se, desde que sua retratação seja recebida pelo proponente antes ou concomitante com a aceitação. Nesse caso, a aceitação é tida por inexistente, conforme os arts. 428, III, e 433 do CC: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: […] IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Se a retratação chegar depois, ela é ineficaz: o contrato já nasceu e, assim, a parte arrependida só terá a opção de, se a lei autorizar implicitamente, resilir unilateralmente o contrato na forma do art. 473 do CC e suportar todos os encargos próprios de uma inadimplência. A propósito, veja esse art. 473 do CC: Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. Há quem sustente que a teoria adotada para o contrato entre ausentes decorrente de proposta com prazo foi a teoria da agnição na modalidade do recebimento, pois a data do O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 18 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias recebimento é relevante para a retratação. Esse corrente é minoritária, porém. A expedição é que importa para dar o marco temporal do nascimento do contrato, o que pode ter, por exemplo, repercussão tributária (ex.: aplica-se a lei tributária vigente no momento da expedição da aceitação, e não do recebimento). Preciso fazer um alerta! É preciso tomar cuidado que, em muitos casos, as circunstâncias afastam essas regras acima. É comum que, pelos costumes, o contrato ainda dependa da formalização de um instrumento escrito a ser assinado pelas partes, de modo que a mera troca de cartas de proposta e de aceitação não serão suficientes para o nascimento do contrato. Quanto ao lugar do contrato, considera-se que ele foi celebrado no lugar onde ele foi proposto, conforme o art. 435 do CC: Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Se o proponente, no momento da proposta, estiver no mesmo lugar do aceitante, esse lugar é o do contrato. Se, porém, o proponente não estava no mesmo lugar do aceitante, deve-se considerar que o lugar do contrato é o domicílio do proponente, de onde se deve presumir ter partido a proposta. Isso se harmoniza com o § 2º do art. 9º da LINDB, que fixa o domicílio do proponente como o lugar da obrigação. Relembre-se desse dispositivo: Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. […] § 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. No contrato entre presentes, nem sempre as partes estão no mesmo lugar físico, como nos casos de propostas feitas por telefone ou pela internet. Nesses casos, o lugar do contrato será o do lugar onde está o proponente, o que corresponderá ao seu domicílio. Se compramos uma passagem aérea no site da companhia islandesa Iceland Air, estamos a aceitar a proposta feita na internet por essa empresa, de modo que o contrato será tido por celebrado na capital da Islândia, a cidade de Reykjavík, que é o domicílio da Iceland Air. No contrato entre ausentes, segue-se a mesma regra: o lugar do contrato será o da proposta. A principal utilidade de definir o lugar do contrato é definir a lei aplicável no caso de as partes estarem em países diferentes, tendo em vista que o art. 8º da LINDB define que deve ser aplicada a lei do país onde o contrato foi celebrado. Pode haver também utilidades tributárias, pois determinados tributos estaduais ou municipais podem ter por fato gerador o contrato e, nesse caso, a fazenda local que cobrará o tributo será o do lugar do contrato. Proposta se distingue de oferta por um motivo: esta última dirige-se a pessoas indeterminadas (a oblatos indeterminados), ao passo que a proposta é para indivíduo(s) específico(s). A oferta é feita ao público, como cartazes afixados em um mural para qualquer O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 19 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias pessoa. Para vincular, a oferta também precisa ter todas as condições do contrato (art. 429, caput, CC). A oferta só pode ser retratada se, além de haver previsão expressa dessa possibilidade na própria oferta, o ofertante divulgar a retratação pela mesma via de divulgação da oferta (art. 429, parágrafo único, CC). Veja o art. 429 do CC: Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. Por fim, faço uma ressalva. Quando se tratar de relação de consumo, a disciplina da oferta seguirá as regras do art. 30 e seguintes do CDC. 2 .3 . FASe Do CoNtrAto2 .3 . FASe Do CoNtrAto Ultrapassada a fase da pontuação e da proposta, nasce o contrato com a aceitação da proposta. 3 . PrINCÍPIoS CoNtrAtUAIS3 . PrINCÍPIoS CoNtrAtUAIS Pessoal, vamos começar a tratar de princípios contratuais. Trata-se de tema muito importante para os concursos. Buscaremos ir direta naquilo que mais é cobrado me concursos. 3 .1 . PrINCÍPIo DA oBrIGAtorIeDADe, DA ForÇA oBrIGAtÓrIA oU Do 3 .1 . PrINCÍPIo DA oBrIGAtorIeDADe, DA ForÇA oBrIGAtÓrIA oU Do CoNSeNSUAlISMoCoNSeNSUAlISMo O acordo de vontades exposto no contrato obriga juridicamente as partes. Na velha metáfora do Código Civil Napoleônico, o contrato faz lei entre as partes1, ele tem força de lei entre as partes. Essa regra é batizada como pacta sunt servanda (em vernáculo, “o pacto são para ser cumpridos” ou “os pactuantes são vigilantes do pacto”2), lição extraída do Direito Romano a partir das palavras do jurisconsulto Ulpiano no Digesto (D.2.14.7.7.3). 1 O art. 1.134 do CC francês dispõe: “Les conventions légalement formées tiennent lieu de loi à ceux qui les ont faites. Elles ne peuvent être révoquées que de leus consentement mutuel, ou pour les causes que la loi autorise.Elles doivent être exécutées de bonne foi.” (em tradução livre, as convenções legalmente formadas têm força de lei a quem as celebrou. Elas só podem ser revoga- das por quem as firmou conjuntamente ou nos casos legais. Elas devem ser cumpridas de boa-fé.”) 2 Chegamos a esse resultado após conversas com o professor Jorge Amaury Nunes, processualista proprietário de um dos mais sofisticados conhecimentos de latim. 3 Em tradução feita pelo Conselheiro Vasconcellos e com ajustes dos Professores romanistas Eduardo Marchi, Bernardo de Moraes e Dárcio Rodrigues, o referido dispositivo do Digesto dispõe: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 20 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Para a doutrina moderna e para a jurisprudência, esse princípio é bem flexibilizado diante da possibilidade de invalidação de cláusulas contratuais contrárias a normas de ordem pública e a princípios de conotação social e diante do cabimento da resolução ou da revisão do contrato por onerosidade excessiva causada por causa superveniente (como nos casos dos arts. 317 e 478 do CC). Como exemplo, o STJ, com base no art. 51 do CDC e no Princípio da função social dos contratos, considera abusivas cláusulas em plano que saúde que autorizem, sem notificação prévia, o cancelamento da cobertura em razão do inadimplemento de alguma prestação pelo consumidor. Essa flexibilização decorre de intervenções estatais nos contratos para equilibrar a força das partes ou para garantir padrões éticos mínimos. Esse intervencionismo estatal é conhecido como “dirigismo contratual”. Há inúmeros trabalhos acadêmicos a justificar esse dirigismo contratual e a discutir as vantagens e desvantagens disso. Em uma simplificação, em Estados Liberais – em que o egoísmo e o individualismo seriam exaltados –, esse intervencionismo é praticamente nulo, ao contrário do sucede nos estados mais sociais, em que a solidariedade é o foco. Temos uma posição intermediária nessa dualidade, pois tanto o excesso de intervenção quanto o de abstenção pode ser desastroso para a sociedade e a economia. Não aprofundaremos mais, pois isso basta para efeito de concurso público. 3 .2 . PrINCÍPIo DA AUtoNoMIA DA voNtADe3 .2 . PrINCÍPIo DA AUtoNoMIA DA voNtADe De acordo com o Princípio da autonomia da vontade, as partes possuem liberdade para estipular o que lhes aprouver e ficam vinculados à vontade manifestada, salvo lei proibitiva. Esse princípio é conectado com o Princípio da obrigatoriedade. 3 .3 . PrINCÍPIo DA SUPreMACIA DA orDeM PÚBlICA3 .3 . PrINCÍPIo DA SUPreMACIA DA orDeM PÚBlICA Apesar de o acordo de vontade ter de ser respeitado, nenhuma cláusula poderá desrespeitar normas de ordem pública, sob pena de nulidade, conforme art. 166, VI, do CC. É que, de acordo com o Princípio da supremacia da ordem pública, os acordos privados não podem contrariar as normas de interesse público. Em matéria de contratos, há inúmeras normas de ordem pública que não admitem pacto em contrário, a exemplo de vários dispositivos do CDC, da Lei de Inquilinato (Lei n. 8.245/91), do Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/64) e da CLT. O interesse público abrange também a necessidade de garantir igualdade de forças entre os contratantes. Por exemplo, em relação de consumo, o consumidor geralmente está em vulnerabilidade perante o fornecedor nos contratos, o que justifica a natureza de ordem pública do CDC para proteger o consumidor. “§ 7º Diz o pretor: ‘Observarei os pactos convencionados que não tiverem sido feitos nem com dolo, nem contra em leis, plebiscitos, senatusconsultos, decretos e editos dos príncipes, e nem se faça de modo a fraudar alguns deles” (Vasconcellos, 2017, p. 146). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 21 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 3 .4 . PrINCÍ3 .4 . PrINCÍPIo DA FUNÇÃo SoCIAlPIo DA FUNÇÃo SoCIAl 009. 009. (FUNRIO/PROCURADOR/PREFEITURA DE TRINDADE/2016/ADAPTADA) A função social dos contratos possui, segundo posição majoritária da doutrina e jurisprudência, dois principais efeitos: mitiga a autonomia da vontade e atenua o Princípio da relatividade dos efeitos dos contratos. Realmente, a função social, por ser um limite à liberdade contratual, impõe limites ao conteúdo dos contratos e também pode flexibilizar o Princípio da relatividade dos efeitos do contrato. Sobre esse princípio, peço que você aguarde um pouco, pois iremos tratar desse tema posteriormente. Certo. A função social é um limite à liberdade contratual, conforme o art. 421 do CC. Os contratos não devem servir apenas aos interesses puramente egoístas dos indivíduos, mas devem exercer um papel importante para o bem-estar de toda a sociedade. Violações à função social podem gerar a nulidade do contrato, pois a função social é regra de ordem pública e, portanto, pode gerar nulidade nos termos do art. 166, VI, do CC, que assim dispõe: Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV – não revestir a forma prescrita em lei; V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Como o conceito de cláusula de função social é aberto, a definição dela dependerá de cada caso concreto, do perfil ideológico dos julgadores e do momento histórico. 3.5. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E A RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL, 3.5. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E A RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL, CoNtrAtUAl e CoNtrAtUAl e POST FACTUM FINITUMPOST FACTUM FINITUM À luz do Princípio da boa-fé, a observância da boa-fé subjetiva e objetiva é dever das partes nas fases pré-contratual, contratual e pós-contratual, conforme arts. 113, 187 e 422 do CC, a seguir transcritos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 22 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Mesmo antes de celebrado o contrato, as partes já devem portar-se em consonância com a boa-fé e, no caso de seu despeito, podem ser responsabilizadas civilmente a indenizar a parte prejudicada. Trata-se aí da responsabilidade civil pré-contratual, também batizada de responsabilidade na culpa in contrahendo. Entendemos que aí há responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana, pois a obrigação violada decorre da lei: ainda não há contrato. Reportamos o leitor ao que expusemos quanto à fase das negociações preliminares do contrato. Durante a execução contratual, a boa-fé igualmente tem de ser reverenciada.Por exemplo, ainda que não haja previsão textual no contrato, as partes devem cumprir os deveres anexos, sob pena de incorrer em violação positiva do contrato. E, mesmo depois de findo o contrato, as partes ainda conservam deveres contratuais provenientes da boa-fé. O contrato, qual o mormaço que continua dançando no ar depois de ter sido apagada uma fogueira, irradia efeitos mesmo após o cumprimento dos deveres. Assim, por exemplo, mesmo depois de prestado um serviço advocatício, o advogado tem o dever de guardar sigilo das informações pessoais do cliente em nome da boa-fé. Outros exemplos4: (1) vendedor, após vender um imóvel sob o atrativo de ele ter vista para o mar, passa a construir, no terreno vizinho, prédio que roubará essa vista; (2) ex-empregador dá informações tortas e inverídicas de seu ex-funcionário para dificultar-lhe a obtenção de novo emprego; (3) quem vende um estabelecimento comercial (contrato de trespasse) Não pode, em pouco tempo depois, instalar uma loja concorrente na mesma rua e captar a clientela. Se houver violação desses deveres da boa-fé posteriores, haverá dever de indenizar os prejuízos. Trata-se da batizada responsabilidade post factum finitum5 ou responsabilidade pós-contratual. Entendemos que se trata de caso de responsabilidade civil contratual, pois, mesmo depois de findo, o contrato ainda irradia efeitos póstumos. Há, porém, doutrina a sustentar que se trataria de responsabilidade civil extracontratual, pois a obrigação aí decorre da lei. Há utilidade prática na distinção, como, por exemplo, a de definir o termo inicial dos juros de mora: na responsabilidade contratual, o termo inicial é a data da interpelação, ao passo que, na extracontratual, é a data do dano. 4 Schreiber (2018, p. 504). 5 O contrato é fato finito, que acaba; daí o nome responsabilidade post factum finitum (após um fato finito). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 23 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias A boa-fé tem: • (1) função interpretativa, porque guia a interpretação das cláusulas contratuais de modo a impor às partes o respeito à boa-fé; • (2) função integrativa, por ser apta a criar deveres de conduta às partes; e • (3) função limitadora de direitos subjetivas, por censurar comportamentos que caracterizem abuso de direito. Os corolários da boa-fé objetiva (venire contra factum proprium, supressio, surrectio, tu quoque etc.) dão exemplo eloquente dessas duas últimas funções, por criarem deveres de conduta e de abstenção para os indivíduos. 3 .6 . PrINCÍPIo DA revISÃo DoS CoNtrAtoS3 .6 . PrINCÍPIo DA revISÃo DoS CoNtrAtoS De acordo com o Princípio da revisão dos contratos, os contratos podem ser revisados ou resolvidos se houver mudanças expressivas no contexto fático e jurídico com a capacidade de tornar oneroso cumprimento das obrigações. A ideia é que todas as pessoas, ao assumirem uma obrigação, deixam implícita uma condição, a de que as coisas devem permanecer como estavam (rebus sic standibus). Essa revisão ou resolução do contrato é exceção e, por isso, só pode nas hipóteses previstas em lei. As principais hipóteses legais são estas: (a) Arts. 317 e 478 do CC: aplica-se para os contratos em geral; (b) Arts. 621 e 625, II, do CC: incide em contratos de empreitada; (c) Art. 6º, V, do CDC: recai em contratos de consumo. Iremos estudar mais à frente os casos dos arts. 317 e 478 do CC. Por ora, isso é suficiente. 3 .7 . PrINCÍPIo DA relAtIvIDADe DoS eFeItoS Do CoNtrAto3 .7 . PrINCÍPIo DA relAtIvIDADe DoS eFeItoS Do CoNtrAto Segundo o Princípio da relatividade dos efeitos do contrato, terceiros não podem ser atingidos, pois só as partes se vinculam. Se faço um contrato com alguém, não posso cobrar a dívida de um amigo do devedor, pois este é um terceiro. Vamos deixar para aprofundar isso na próxima aula, se trata de um tema que dá espaço para grandes discussões. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 24 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias RESUMORESUMO Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. de nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola. Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir às questões. O resumo desta aula é este: • a) A função social é um limite à liberdade contratual, pois as partes não podem pactuar nada que vá além da função social (art. 421, CC). • b) Não se confunde a liberdade de contratar – que é a possibilidade de os indivíduos escolherem com quem e quando querem celebrar um contratar – com a liberdade contratual – que é a liberdade de definir o conteúdo do contrato. • c) A “frustração do fim do contrato” é a perda da utilidade do objeto do contrato por um fato superveniente. Ela autoriza a extinção do contrato. É o que sucede, por exemplo, no caso de alguém ser contratado para, desatolar um carro que, por força de uma chuva, veio a ser desatolado naturalmente antes da prestação do serviço. O enunciado 166/JDC dispõe: “A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil”. • d) A formação do contrato passa por três fases: − (1) fase da puntuação ou das negociações preliminares; − (2) fase da proposta; − (3) fase do contrato. • e) Não há responsabilidade civil na fase das negociações preliminares em regra, salvo se houver violação da boa-fé, caso em que se falará em responsabilidade pré- contratual ou por culpa in contrahendo. • f) Princípio da obrigatoriedade: o contrato vincula as partes (pacta sunt servanda). • g) Responsabilidade civil pós-contratual ou post factum finitum: decorre da violação da boa-fé mesmo após a extinção do contrato. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 25 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias QUESTÕES DE CONCURSOQUESTÕES DE CONCURSO 001. 001. (IADES/PROCURADOR/AL-GO/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 002. 002. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato 003. 003. (NC-UFPR/CARTÓRIO/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 004. 004. (IBFC/ADVOGADO/EMDEC/2019/ADAPTADA) Os princípios de probidade e boa-fé devem ser resguardados tão somente durante a execução do contrato. 005. 005. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA) Às partes não é lícito estipularcontratos atípicos, devendo-se observar os tipos existentes no Código Civil. 006. 006. (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) Os contratos benéficos devem ser interpretados de forma restrita. 007. 007. (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) É possível a manifestação tácita de vontade em matéria contratual, quando não for necessária que seja expressa. 008. 008. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA) A herança de pessoa viva não pode ser objeto de contrato. 009. 009. (IBFC/ADVOGADO/EMDEC/2019/ADAPTADA) Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 010. 010. (FCC/PROCURADOR/SANASA CAMPINAS/2019/ADAPTADA) É proibido o que tem por objeto herança de pessoa viva. 011. 011. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE MATINHOS-PR/2019/ADAPTADA) No caso de contrato de adesão que contenha cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 26 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 012. 012. (IBFC/ADVOGADO/EMDEC/2019/ADAPTADA) Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 013. 013. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE VALINHOS/SP/2019/ADAPTADA) Nos contratos de adesão, são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 014. 014. (NC-UFPR/ADVOGADO/PREF. DE CURITIBA-PR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. no entanto, deixará de ser obrigatória se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 015. 015. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) A proposta é obrigatória se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 016. 016. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: Se João e Pedro houvessem negociado entre ausentes, ou seja, não estivessem em uma amistosa conversa, um de frente para o outro, permaneceria obrigatória a proposta se, antes dela, ou simultaneamente, chegasse ao conhecimento de Pedro a retratação de João. 017. 017. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: O contrato celebrado entre João e Pedro é perfeito, não podendo mais João vender o carro a Maria, sem que com isso deva arcar com os prejuízos sofridos por Pedro, ante a instantaneidade do aceite, que torna obrigatória a proposta entre presentes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 27 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 018. 018. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Pode revogar-se a oferta pública pela mesma via de sua divulgação, ainda que não haja previsão a respeito na oferta realizada. 019. 019. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) Pode revogar- se a oferta pela mesma via de sua divulgação, ainda que não ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 020. 020. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Reputar-se-á celebrado o contrato no local de domicílio do aceitante. 021. 021. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) em regra, os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é recebida pelo proponente. 022. 022. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta, os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação à proposta é expedida. 023. 023. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. 024. 024. (VUNESP/OFICIAL/TJMA/2019/ADAPTADA) A aceitação do contrato fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, não importará nova proposta. 025. 025. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) A aceitação fora do prazo importará nova proposta. 026. 026. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: João pode negociar com Maria, pois a lei da oferta e da demanda dirige o cenário econômico num contrato dessa natureza, bastando, para tanto, que João indenize Pedro em eventuais prejuízos. Pedro deverá devolver o carro a João ainda que posteriormente à celebração (aceitação) do contrato. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 28 de 39gran.com.br DIreIto CIvIl Contratos em Geral – Parte I Carlos Elias 027. 027. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE ITAPEVI/SP/2019/ADAPTADA) Considera-se aceita a proposta se, antes dela ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante. 028. 028. (VUNESP/PROCURADOR/UNIFAI/2019/ADAPTADA) Considera-se inexistente a aceitação, se depois dela chegar ao proponente a retratação do aceitante. 029. 029. (NC-UFPR/OFICIAL/CARTÓRIO TJPR/2019/ADAPTADA E ATUALIZADA) Numa conversa amistosa, João oferece seu carro a Pedro que, imediatamente, demonstra interesse em comprar o veículo do amigo. Sabendo que João é muito cuidadoso com seus bens, Pedro oferece um valor mais do que razoável ao veículo ofertado por João, que aceita a contraproposta, sendo o contrato celebrado imediatamente. Entretanto, ainda de posse do carro, passados dois dias da negociação, João oferta o mesmo veículo a Maria, e esta oferece o dobro do valor sugerido por Pedro. Levando em consideração o caso acima: João deve indenizar Pedro nos termos do Código de Defesa do Consumidor, pois Pedro é presumivelmente vulnerável e João