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CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Direito 
 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
COLETÂNEA DO ALUNO 
 
2010 
 
 
(Proibida a Reprodução) 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
Expediente 
Curso de Direito — Coletânea de Exercícios 
 
Direção Nacional do Centro de Ciências Jurídicas 
Profa. Solange Ferreira de Moura 
 
Coordenação do Projeto 
Prof. Sérgio Cavalieri Filho 
 
Coordenação do Estado do Rio de Janeiro 
Profª Márcia Sleiman 
 
Coordenações Pedagógicas 
Profa. Sonia Regina Vieira Fernandes 
Profº Marcos Lima 
 
Organização da Coletânea 
Prof. Sandro Gaspar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Caro aluno 
 
 A Metodologia do Caso Concreto aplicada em nosso Curso de Direito é centrada na articulação entre teoria e prática, com vistas 
a desenvolver o raciocínio jurídico. Ela abarca o estudo interdisciplinar dos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da 
pesquisa, a análise de conceitos, bem como a discussão de suas aplicações. 
 O objetivo é preparar os alunos para a busca de resoluções criativas a partir do conhecimento acumulado, com a sustentação por 
meio de argumentos coerentes e consistentes. Desta forma, acreditamos ser possível tornar as aulas mais interativas e, consequentemente, 
melhorar a qualidade do ensino oferecido. 
 Na formação dos futuros profissionais, entendemos que não é papel do Curso de Direito tão somente oferecer conteúdos de bom 
nível. A excelência do curso será atingida no momento em que possamos formar profissionais autônomos, críticos e reflexivos. 
 Para alcançarmos esse propósito, apresentamos a Coletânea de Exercícios, instrumento fundamental da Metodologia do Caso 
Concreto. Ela contempla a solução de uma série de casos práticos a serem desenvolvidos pelo aluno, com auxílio do professor. 
 Como regra primeira, é necessário que o aluno adquira o costume de estudar previamente o conteúdo que será ministrado pelo 
professor em sala de aula. Desta forma, terá subsídios para enfrentar e solucionar cada caso proposto. O mais importante não é encontrar a 
solução correta, mas pesquisar de maneira disciplinada, de forma a adquirir conhecimento sobre o tema. 
 A tentativa de solucionar os casos em momento anterior à aula expositiva, aumenta consideravelmente a capacidade de 
compreensão do discente. 
Este, a partir de um pré-entendimento acerca do tema abordado, terá melhores condições de, não só consolidar seus 
conhecimentos, mas também dialogar de forma coerente e madura com o professor, criando um ambiente acadêmico mais rico e exitoso. 
 Além desse, há outros motivos para a adoção desta Coletânea. Um segundo a ser ressaltado, é o de que o método estimula o 
desenvolvimento da capacidade investigativa do aluno, incentivando-o à pesquisa e, consequentemente, proporcionando-lhe maior grau de 
independência intelectual. 
 Há, ainda, um terceiro motivo a ser mencionado. As constantes mudanças no mundo do conhecimento – e, por conseqüência, no 
universo jurídico – exigem do profissional do Direito, no exercício de suas atividades, enfrentar situações nas quais os seus conhecimentos 
teóricos acumulados não serão, per si, suficientes para a resolução das questões práticas a ele confiadas. 
Neste sentido, e tendo como referência o seu futuro profissional, consideramos imprescindível que, desde cedo, desenvolva 
hábitos que aumentem sua potencialidade intelectual e emocional para se relacionar com essa realidade. E isto é proporcionado pela 
Metodologia do Estudo de Casos. 
 No que se refere à concepção formal do presente material, esclarecemos que o conteúdo programático da disciplina a ser 
ministrada durante o período foi subdividido em 15 partes, sendo que a cada uma delas chamaremos “Semana”. Na primeira semana de 
aula, por exemplo, o professor ministrará o conteúdo condizente a Semana nº1. Na segunda, a Semana nº2, e, assim, sucessivamente. 
 O período letivo semestral do nosso curso possui 22 semanas. O fato de termos dividido o programa da disciplina em 15 partes 
não foi por acaso. Levou-se em consideração não somente as aulas que são destinadas à aplicação das avaliações ou os eventuais feriados, 
mas, principalmente, as necessidades pedagógicas de cada professor. 
 Isto porque, o nosso projeto pedagógico reconhece a importância de destinar um tempo extra a ser utilizado pelo professor – e a 
seu critério – nas situações na qual este perceba a necessidade de enfatizar de forma mais intensa uma determinada parte do programa, seja 
por sua complexidade, seja por ter observado na turma um nível insuficiente de compreensão. 
 A certeza que nos acompanha é a de que não apenas tornamos as aulas mais interativas e dialógicas, como se mostra mais nítida a 
interseção entre os campos da teoria e da prática, no Direito. 
 Por todas essas razões, o desempenho e os resultados obtidos pelo aluno nesta disciplina estão intimamente relacionados ao 
esforço despendido por ele na realização das tarefas solicitadas, em conformidade com as orientações do professor. A aquisição do hábito 
do estudo perene e perseverante, não apenas o levará a obter alta performance no decorrer do seu curso, como também potencializará suas 
habilidades e competências para um aprendizado mais denso e profundo pelo resto de sua vida. 
 Lembre-se: na vida acadêmica, não há milagres, há estudo com perseverança e determinação. Bom trabalho. 
 
 
Direção do Centro de Ciências Jurídicas 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
 
 
PROCEDIMENTOS PARA UTILIZAÇÃO DAS COLETÂNEAS DE EXERCÍCIOS 
 
1- O aluno deverá, antes de cada aula, desenvolver pesquisa prévia sobre os temas objeto de estudo de cada 
semana, envolvendo a legislação, a doutrina e a jurisprudência e apresentar soluções, por meio da resolução dos 
casos, preparando-se para debates em sala de aula. 
2- Antes do início de cada aula, o aluno depositará sobre a mesa do professor o material relativo aos casos 
pesquisados e pré-resolvidos, para que o docente rubrique e devolva no início da própria aula. 
3- Após a discussão e solução dos casos em sala de aula, com o professor, o aluno deverá aperfeiçoar o seu 
trabalho, utilizando, necessariamente, citações de doutrina e/ou jurisprudência pertinentes aos casos. 
4- A entrega tempestiva dos trabalhos será obrigatória, para efeito de lançamento dos graus respectivos (zero a 
um), independentemente do comparecimento do aluno às provas. 
4.1- Caso o aluno falte à AV1 ou à Av2, o professor deverá receber os casos até uma semana depois da prova, 
atribuir grau e lançar na pauta no espaço específico. 
5- Até o dia da AV 1 e da AV2, respectivamente, o aluno deverá entregar o conteúdo do trabalho relativo às aulas 
já ministradas, anexando os originais rubricados pelo professor, bem como o aperfeiçoamento dos mesmos, 
organizado de forma cronológica, em pasta ou envelope, devidamente identificados, para atribuição de pontuação 
(zero a um), que será somada à que for atribuída à AV1 e AV2 (zero a nove). 
5.1- A pontuação relativa à coletânea de exercícios na AV3 (zero a um) será a média aritmética entre os graus 
atribuídos aos exercícios apresentados até a AV1 e a AV2 (zero a um). 
6- As provas (AV1, AV2 e AV3) valerão até 9 pontos e serão compostas de questões objetivas, com respostas 
justificadas em até cinco linhas, e de casos concretos, baseados nos casos constantes das Coletâneas de 
Exercícios, salvoas exceções constantes do regulamento próprio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Semana 1: Contratos. Conceito e função social. Perspectiva civil-constitucional do contrato. 
Pressupostos e requisitos de validade do contrato. Forma e prova. Interpretação. 
 
Semana 2: Princípios fundamentais do regime contratual. 
 
Semana 3: Formação do contrato. Fases. Contrato preliminar. Tempo e lugar do 
contrato.Conclusão dos contratos. Momento. Lugar. 
 
Semana 4: Classificação dos contratos. 
 
Semana 5: Dos efeitos dos contratos. Força obrigatória dos contratos. Relatividade dos efeitos dos 
contratos. Eficácia com relação a terceiros. Contratos por terceiros. Estipulação em favor de 
terceiro. Promessa de fato de terceiro. Contrato com pessoa a declarar. 
 
Semana 6: Elementos Naturais do Contrato. Vícios Redibitórios. Exclusão da garantia em hasta 
pública. Evicção. Evicção nas aquisições judiciais. Boa-fé do evicto. 
 
Semana 7: Contratos preliminares e definitivos. Promessa de compra e venda (momento da 
transmissão do domínio; características). Arras. Distinções. 
 
Semana 8: Extinção dos contratos. Resolução dos contratos. Cláusula resolutiva. Exceção de 
contrato não-cumprido. Onerosidade excessiva. Resilição (distrato e denúncia). Rescisão. 
Cessação. 
 
Semana 9: Contratos nominados ou típicos. Novidades do Código Civil vigente. Apresentação: 
conceitos, características e noções gerais. Contrato estimatório. Contrato de comissão. Agência e 
distribuição. Corretagem. 
 
Semana 10: Compra e venda: Conceito e características. Natureza jurídica. Elementos. 
Modalidades especiais de venda. 
 
Semana 11: Cláusulas especiais à compra e venda. Contrato de permuta ou troca. Empreitada. 
 
Semana 12: Doação: Conceito e elementos característicos. Natureza jurídica. Pressupostos e 
requisitos. Espécies. Modalidades especiais de doação. 
 
Semana 13: Revogação das doações. Contrato de empréstimo (Comodato, mútuo). Depósito: 
conceito, características, espécies, alienação fiduciária e a prisão do depositário infiel. 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
Semana 14: Locação urbana. Noções gerais. Legislação. Espécies. Locação. Alienação do bem em 
locação. Direito de Preferência. Retomada. Locação não-residencial. Fiança. 
 
Semana 15: Mandato. Fiança. Transação e compromisso. 
 
 
 
SEMANA 1 
 
Contratos. Conceito, natureza jurídica e função social. Perspectiva civil-constitucional do contrato. 
Pressupostos de validade do contrato. Forma e prova. Interpretação. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – O contrato consiste numa espécie de negócio jurídico mais socialmente difundido por ser a 
mais importante força motriz para mover e alimentar as engrenagens socioeconômicas. 
 
2 – A Carta Política em vigor, ao estabelecer o Estado Democrático de Direito e eliminar o 
liberalismo econômico, revolucionou os paradigmas contratuais, os quais visam a reconstruir as 
relações de modo que a produção de riquezas e a sua circulação funcionem como meio de inserção 
social e redistribuição justa. 
 
2.1 – A concepção atual do contrato fica distante do meio de opressão, açoite ou subjugação da 
parte mais fraca economicamente, como outrora se admitia. Hoje, deixa de ser mero modo de 
harmonização de interesses contrapostos para assumir outros valores, todos decorrentes da 
dignidade da pessoa humana: igualdade entre as partes, boa-fé objetiva, respeito ao meio 
ambiente, respeito ao valor social do trabalho e distribuição justa de riquezas. 
 
2.2 – O contrato pode ser então definido como fonte de obrigação decorrente da manifestação 
bilateral de vontades obediente aos seus pressupostos, cujos propósitos são produzir efeitos 
econômicos admitidos pelo Direito. 
 
3 – Os pressupostos de validade nada mais são do que os próprios elementos de existência 
adjetivados, podendo ser divididos em subjetivos, objetivo e formais. 
 
3.1 – Não é possível haver contrato válido sem dualidade de sujeitos desde a sua formação, 
capacidade genérica para expressar intenções e legitimidade, esta também denominada 
capacidade específica para celebrar negócios específicos, bem como ser livre e consciente a 
vontade das partes. 
 
3.2 – Somente são válidos os contratos cujos objetos sejam lícitos, possíveis e determináveis, 
além de apresentarem dimensão econômica. 
 
3.3 – Em regra, não se exige um modo específico para celebração de um contrato, salvo quando a 
lei ou os sujeitos expressamente determinarem. 
 
4 – De acordo com o princípio da liberdade da forma, os sujeitos podem celebrar contratos sem 
obedecerem a uma forma específica, salvo se houver previsão expressa (negócio ad 
solemnitatem). 
 
4.1 – A formalidade transita no campo da validade dos negócios jurídicos, enquanto que a prova 
situa-se no âmbito da existência. 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
4.2 – Há certos contratos que consistem em negócios ad probationem, ou seja, exigem a prova 
escrita para efeito probatório. Logo, são válidos e o pagamento é devido, porém não se admite a 
prova por outro meio que não documental. 
 
5 – As regras jurídicas dependem da interpretação para aplicação, i.e., correta compreensão das 
normas pelas partes e pelo julgador, este último na hipótese de conflito. O contrário impede a 
concretização dos efeitos almejados pelas manifestações de vontade que gerou o contrato. 
 
5.1 – A atividade interpretativa implica na compreensão adequada do que aparenta ser a vontade 
dos sujeitos contratantes, ainda que haja conflito com a literalidade instrumentalizada. 
 
5.2 – Além da regra subjetiva, são igualmente relevantes as regras objetivas. Nesse compasso, 
quando o contrato apresentar cláusulas com sentidos dúbios, emerge a necessidade de interpretá-
lo de modo que possa produzir efeitos compatíveis com a sua natureza. 
 
5.3 – Mister observar os costumes e os princípios gerais que regem as relações contratuais para a 
interpretação dos contratos. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar e compreender a natureza jurídica dos contratos; 
 Identificar os pressupostos contratuais e a relevância nas relações contratuais; 
 Entender o contrato segundo os paradigmas solidificados na atual Carta Magna; 
 Diferenciar prova e forma dos contratos; 
 Interpretar as cláusulas contratuais segundo as regras subjetivas e objetivas. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos concretos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de 
acordo com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulo I. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulos I, II e XI. 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Cláudio contratou Mauro, seu amigo, para projetar a construção da sua nova casa por R$ 
10.000,00 (dez mil reais), tendo as partes ajustado que o preço seria pago após a aprovação das 
plantas pelo engenheiro responsável pela execução. Não obstante o afeto que permeia a relação 
entre as partes, Mauro procura você para questionar se é necessário celebraro contrato por escrito 
ou se é indiferente, diante do ordenamento jurídico, constituí-lo verbalmente. Responda ao seu 
cliente à luz do direito positivo. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
A Empresa Rubish Ltda. exerce a atividade de comprar dejetos de outras empresas. Como 
necessita de local para despejá-los, celebra contrato com João dos Santos, dono de vasta área 
rural, para depositar resíduos tóxicos em seu terreno em troca de pagamento de vultosa quantia. 
Assim, estavam as partes satisfeitas, sendo cumpridos regularmente os objetos contratuais 
conforme avençados. 
 
Cientes do fato, os moradores da região revoltaram-se diante dos efeitos e exigiram a 
desconstituição do contrato. João e a empresa resistiram a pressão sob a alegação de que o 
contrato nasce para ser cumprido, faz lei entre as partes e está harmonizando interesses 
convergentes. 
 
Diante do quadro, solucione o conflito segundo a vigente estrutura das normas que regem as 
relações contratuais. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Teotônio está enfrentando graves problemas financeiros e pretende se casar em 
breve. Com efeito, por não dispor de outra fonte de renda, pensa em celebrar contrato com Carlos, 
que está interessado na compra de um imóvel que pertence a seu pai. Como filho único, sabe 
Teotônio que, em não muito tempo, terá a propriedade e poderá transferi-la ao comprador. 
 
Assim, marque a alternativa correta que responda se poderá ser considerado válido algum contrato 
translativo de propriedade, de acordo com as circunstâncias expostas: 
 
a) Depende, pois, em se tratando de disposição de imóvel é necessário que seja o contrato 
celebrado mediante instrumento público. 
 
b) Não, porque, como não existe herança de pessoa viva, o objeto é juridicamente impossível, 
sendo Teotônio sucessor eventual do bem. 
 
c) Sim, haja vista ser Teotônio único filho do atual proprietário, o que o faz herdeiro 
necessário. 
 
d) É preciso investigar se estão presentes todos pressupostos de validade do contrato, visto 
que a narração não confere elementos para conclusão. 
 
 
 
2ª Questão: Abelardo obrigou-se, como fiador, em contrato de locação de imóvel para fins 
residenciais. Ficou estabelecido, em cláusula expressa, que responderia pelos futuros 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
reajustamentos. Após o termo final pactuado no contrato, locador e locatário, prorrogam-no, 
fixando aumento do aluguel. Tempos depois, o valor é novamente ajustado, em ação revisional, na 
qual as partes chegaram a novo acordo, também sem a participação do fiador. Estando o locatário 
em mora, o locador ajuíza ação de cobrança em face do fiador. Não há dúvida de que a cláusula 
por meio da qual o fiador se obrigou pelos futuros reajustes no valor da locação deixa espaço para 
interpretação dúbia. 
 
Isto posto, marque a alternativa correta: 
 
a) Terá o fiador de responder pelo valor de qualquer reajuste, tanto aqueles estabelecidos 
entre as partes contratantes quanto os reajustes previstos em lei. 
 
b) Terá o fiador de responder apenas pelos valores referentes a reajustes estabelecidos entre 
as partes, em homenagem à vontade como pressuposto de validade. 
 
c) Terá o fiador de responder apenas pelos reajustes previstos em lei, na medida em que não 
concordou com os demais. 
 
d) Não terá o fiador de responder pelo valor de qualquer reajuste, haja vista as claras 
delimitações estabelecidas no contrato garantido por fiança. 
 
 
 
SEMANA 2 
 
Princípios fundamentais do regime contratual. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Os princípios são o sumo do ordenamento jurídico, sendo o seu estudo fundamental para a 
compreensão do Direito enquanto ciência. Diferente da norma, não têm por fim a subsunção direta 
de fatos, porém são o farol para a melhor aplicação das regras que compõem as relações em 
sociedade. 
 
2 – Paira sobre todos os princípios jurídicos, conferindo-lhes dimensão constitucional, o princípio da 
dignidade da pessoa humana, que serve de medida para incidência dos demais e das normas 
jurídicas. 
 
3 – O princípio da autonomia da vontade apresenta-se sob duas formas distintas: liberdade de 
contratar (celebrar ou não o contrato) e liberdade contratual (estabelecer o conteúdo contratual). 
Encontra limitações em outros princípios: supremacia da ordem pública, boa-fé objetiva, função 
social do contrato. 
 
4 – O princípio da obrigatoriedade traduz a cogência das normas contratuais tais qual lei entre as 
partes. Afinal, de nada valeria o negócio jurídico se as partes não fossem obrigadas a obedecê-lo. 
O contrário significaria a absoluta ausência de segurança nas relações econômicas. 
 
4.1 – Outros princípios decorrem deste: intangibilidade e a imutabilidade unilateral. 
 
4.2 – Este princípio é excepcionado pela Teoria da Imprevisão, a qual foi erguida a partir da 
cláusula rebus sic stantibus, do Direito Canônico, bem como pela possibilidade de resilição do 
contrato nas hipóteses juridicamente autorizadas. 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
5 – O princípio do consensualismo decorre da própria essência contratual: é impossível a 
celebração do contrato se não decorrer do acordo de vontades, ou seja, do encontro das intenções 
dos sujeitos que buscam objetivos convergentes. A entrega da coisa, prestação do serviço ou 
abstenção de uma conduta significará o cumprimento da obrigação contratual. 
 
5.1 – Os contratos reais nascem também do consenso. Contudo, o acordo de vontades não é 
suficiente para dar origem à obrigação; é necessário também a entrega de coisa para que surja o 
dever de cumprir a prestação pactuada. 
 
5.2 – Este princípio contrapõe-se ao formalismo ou simbolismo de outrora, tornando exceção a 
hipótese em que seja necessária a observância a um modo especial de celebração para conferir 
validade ao contrato. 
 
6 – O princípio da relatividade implica na restrição dos efeitos contratuais às pessoas que emitiram 
vontade para sua formação, não atingindo, portanto, patrimônio de terceiros. 
 
6.1 – Além do aspecto subjetivo, este princípio também restringe a abrangência do objeto 
contratual, não podendo ultrapassar as fronteiras desenhadas pela vontade dos sujeitos. 
 
6.2 – Este princípio foi esvaziado, não obstante ainda subsista robusto, pela função social dos 
contratos e por algumas figuras contratuais, como estipulação em favor de terceiro e contrato com 
pessoa a declarar. 
 
7 – O princípio da boa-fé objetiva exige que as partes assumam comportamento transparente e 
ético desde as primeiras tratativas até a conclusão do contrato. Trata-se de cláusula geral para 
aplicação das obrigações. 
 
7.1 – A boa-fé é presumida relativamente, devendo ser comprovada a má-fé se alegada. 
 
7.2 – Boa-fé objetiva significa a concepção ética, servindo de norma de comportamento; a boa-fé 
subjetiva é uma concepção psicológica, referindo-se ao conhecimento ou ignorância do sujeito 
quanto à existência de alguma mácula a um fato. 
 
8 – Relevante reiterar o princípio da função social dos contratos trabalhado na aula anterior. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender a relevância dos princípios nas relações contratuais; 
 Identificar as situações em que cada princípio incide e as circunstâncias que o excepcionam. 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008,Volume III, Título I, 
Capítulo I. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo III. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Roberto deparou-se com a seguinte matéria publicada num jornal de circulação 
nacional:”SEGURADOS QUEREM MANTER BENEFÍCIOS PREVISTOS EM CONTRATO. O Instituto 
Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o Ministério Público de Juiz de Fora (MG) ajuizaram 
ações contra a Companhia de Seguros Aliança do Brasil e a Federação Nacional de Associações 
Atléticas do Banco do Brasil. A ação pede que se garanta aos segurados opção de continuar 
gozando os mesmos benefícios previstos no contrato atual. Os cerca de 400 mil segurados reclama 
que houve rompimento unilateral do contato, pois foi retirada a cobertura para invalidez 
permanente total por doença, e foi incluída cobertura para doença terminal. Além disso, haverá 
aumento no valor do prêmio, que passaria a ser de acordo com a faixa etária do segurado, 
acrescido de IGPM/FGV”. 
 
A notícia revela a violação de princípio contratual por parte da Companhia de Seguros Aliança do 
Brasil e a Federação Nacional de Associações Atléticas do Banco do Brasil ? Justifique. 
 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Emanuel, sócio-gerente de uma mercearia próxima à faculdade de Direito por mais de 10 anos, 
resolve vender o seu negócio para Firmina, moradora recente na cidade. O verdadeiro motivo do 
negócio, ignorado por Firmina, foi a informação, através de um amigo próximo de Emanuel que 
trabalhava na Prefeitura, que no mês seguinte começaria a obra para a construção de um 
hipermercado na outra esquina do seu estabelecimento. 
 
Dois meses após a celebração do negócio, Firmina procura você, advogado (a) militante, a fim de 
saber se a conduta de Emanuel, ao omitir a informação quanto a abertura do novo hipermercado 
pode ensejar alguma espécie de ressarcimento a ela.Afinal, a atitude dele afronta algum princípio? 
Justifique sua resposta. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Lucas, proprietário de um imóvel na cidade de Fortaleza, celebra um contrato de 
locação com Janice, tendo esta última lhe informado sobre sua intenção de abrir um novo negócio 
rentável na cidade. Passados seis meses, Janice inaugura o seu novo empreendimento, que 
consiste na utilização do terreno para a atividade de enlatar sardinhas. Para diminuir os custos de 
seu empreendimento, Janice despeja os dejetos sem o devido tratamento. Os moradores 
ingressam com uma ação coletiva, visando a coibir a atividade de Janice, quanto ao enlatamento 
 
CURSO DE DIREITO 
 
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Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
de sardinhas, em razão das diversas conseqüências ao bem-estar e à integridade física dos 
moradores, alegando ainda o descumprimento das regras de proteção ao meio ambiente. 
 
Em defesa, Janice ressalta os princípios da relatividade dos contratos e o da autonomia da 
vontade, sob o argumento de que o seu contrato está perfeito e só gera efeitos entre as partes 
contratantes, não havendo interesse dos moradores em ingressarem na sua esfera jurídica. 
 
Diante desse quadro, pode-se afirmar que 
 
A. Janice está correta, na medida em que o ordenamento jurídico lhe garante a liberdade de 
contratar e a liberdade contratual. 
B. Feriu-se o princípio da boa-fé objetiva, haja vista que o comportamento entre as partes 
fugiu à ética contratual. 
C. Não assiste razão a Janice, pois o princípio da autonomia da vontade foi mitigado pela 
função social do contrato e pelo princípio da supremacia da ordem pública. 
D. A coletividade não pode se intrometer na relação contratual por causa do consensualismo 
contratual e da intangibilidade e imutabilidade dos contratos. 
 
 
2ª Questão: (TJBA/2004) O ordenamento civil obrigacional brasileiro não contém norma 
específica reguladora diante do denominado adimplemento ruim. O art. 422 do Código Civil, 
contudo, ao disciplinar normas gerais sobre contratos, assim dispôs: “Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,e princípios de 
probidade e boa-fé”. Considerando as informações do texto acima, julgue os itens seguir em 
verdadeiro ou falso: 
 
( ) O Código Civil brasileiro adotou o princípio da boa-fé como fundamento dos deveres 
secundários no contrato. Logo, as ditas violações positivas do contrato prescindem do elemento 
culpa. 
 
( ) O princípio da boa-fé, que norteia o Código Civil brasileiro, determina aumento de deveres, 
além daqueles pactuados entre as partes; contudo, trata-se de norma dispositiva, sujeita a auto-
regulamentação pelos contratantes. 
 
( ) A violação dos deveres secundários derivados do princípio-norma da boa-fé orienta-se pelo 
critério da culpa, porquanto objetiva a responsabilidade nela fundada. 
 
 
 
SEMANA 3 
 
Formação do contrato. Fases. Contrato preliminar. Tempo e lugar do contrato.Conclusão dos 
contratos. Momento. Lugar. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – A vontade livre e consciente é um dos pressupostos subjetivos do contrato válido. Logo, a sua 
manifestação de acordo com a norma jurídica consiste no primeiro e mais importante requisito de 
existência do negócio jurídico. 
 
 
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2 – A primeira fase da formação dos contratos é a puntuação, também denominada negociações 
preliminares ou tratativas. Dependendo da complexidade e do vulto econômico do contrato a ser 
celebrado, poderá ser mais ou menos extensa. 
 
2.1 – Consiste em sondagens, pesquisas, conversações, estudos e debates para a averiguação de 
conveniência ou não na celebração do contrato. Se constatar-se positivamente, acarretará no 
oferecimento da proposta. 
 
2.2 – Embora não gerem obrigação, as tratativas envolvem deveres de lealdade, correção, 
informação e, por vezes, sigilo. A inobservância desses deveres implicará na ausência de boa-fé 
objetiva, podendo acarretar na obrigação de indenizar se caracterizados os elementos da 
responsabilidade civil pré-contratual. 
 
2.3 – Jornada de Direito Civil, Brasília, 2002: “O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a 
aplicação, pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. 
 
3 – A proposta (oferta, policitação) é a segunda fase da formação do contrato, significando a 
vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas. Deve então conter todos os elementos 
essenciais do negócio jurídico em formação (preço, quantidade, qualidade, prazo, lugar e modo de 
pagamento etc.), bem como ser clara, completa e inequívoca. 
 
3.1 – Trata-se de ato receptício porque sua eficácia depende da declaração do obleto, ou seja, 
daquele a quem a oferta se dirige. 
 
3.2 – A proposta, via de regra, está imbuída de força vinculante, i.e., prende o proponente aos 
seus termos a fim de conferir segurança às relações sociais. Afinal, não raro acarreta fundada 
expectativa ao oblato de celebração do negócio, o que pode ser causa de despesas e gastos de 
diferentes naturezas. 
 
3.2.1 – Excepcionalmente, o ordenamento jurídico retira a força vinculante da proposta: havendo 
expressa menção contrária, incompatibilidade com a natureza da oferta (anúncio em classificados, 
propostas abertas ao público limitadas ao estoque etc.) ou circunstâncias do caso (enumeração do 
art. 428, CC). 
 
3.3 – Oferta entre presentes em que o oblato declara que responderá futuramente confere ao 
proponente o direito de retirá-la. 
 
3.3.1 – Entre presentes significa a possibilidade de o oblato responder o policitante imediatamente, 
no mesmo momento. 
 
3.4 – Tempo suficiente significa o prazo moral, ou seja, lapso temporal razoável para recebimento 
e expedição da resposta, devendo-se considerara distância, o meio de comunicação utilizado, a 
complexidade do negócio em formação, dentre outros. 
 
3.5 – Se esgotado o tempo estabelecido na proposta sem a resposta do oblato, pode-se retirar a 
proposta, salvo se for hipótese em que o silencio signifique aceitação (ex.: doação). 
 
3.6 – Se a retração chegar ao oblato depois da proposta, o único meio de retirá-la é a prova de 
que o aceitante soube da retratação antes da oferta (proposta por e-mail aberto antes da 
mensagem eletrônica sobre a proposta – há meios eletrônicos para certificar os fatos). 
 
 
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4 – A aceitação é a última fase da formação contratual, em que há a concordância com todos os 
termos da proposta. 
 
4.1 – Para produzir seus efeitos, deve ser pura, simples e dentro do prazo. Do contrário, haverá 
nova proposta. 
 
4.2 – O momento da conclusão do contrato entre presentes está no exato tempo em que é 
proferida a oferta, salvo se o proponente conceder prazo para resposta. 
 
4.3 – Entre ausentes, sempre foi tormentosa a identificação do momento da celebração do 
contrato. Como resultado, surgiram teorias que visaram a solucionar o conflito: 
 
43.1 – Teoria da Informação ou da Cognição: contrato está celebrado quando o proponente 
conhecer os termos da aceitação. 
 
4.3.1.1 – Não foi adotada por ser inseguro o momento em que se conhece a vontade, permitindo a 
manipulação por um dos sujeitos, bem como tender ao infinito o tempo da conclusão do contrato 
(ofertante tem de saber os termos da aceitação; aceitante tem de estar ciente de que o 
proponente conhece os termos da sua aceitação; oferetante tem de saber que o aceitante está 
ciente de que conhece os termos da aceitação...). 
 
4.3.2 – Teria da Declaração ou da Agnição: está dividida em três outras teorias. 
4.3.2.1 – Teoria da declaração propriamente dita: fica concluído o contrato no exato momento em 
que o oblato declarar inequivocamente sua adesão à proposta. Não foi acolhida pelo ordenamento 
jurídico em razão da sua fragilidade. 
 
4.3.2.2 – Teoria da Expedição: foi adotada como regra pelo Direito pátrio. Assim, está formado o 
contrato quando a aceitação é enviada ao ofertante. 
 
4.3.2.3 – Teoria da Recepção: além da expedição, é necessário que a aceitação chegue ao 
proponente, nada importando se seus termos serão ou não conhecidos. Foi adotada pelo 
ordenamento jurídico como exceção à regra da expedição: retração da aceitação que chegue antes 
ao seu destinatário, houver compromisso do proponente em aguardar a resposta, oferta registrar 
prazo expressamente para que a resposta chegue ao proponente. 
 
5 – O lugar do contrato, em aparente contradição com a regra da expedição, é onde houve a 
proposta. A razão legal considera o local onde ocorreu o impulso inicial que deu origem ao 
contrato. 
 
5.1 – A relevância deste tema está nos contratos internacionais ao se investigar se será ou não 
aplicável a legislação brasileira (art. 9º, § 2º, LICC). 
 
5.2 – As partes podem sempre eleger foro que lhes seja mais conveniente. Logo, o art. 435, CC, é 
norma disponível. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Identificar as fases contratuais; 
 Compreender os requisitos e características de cada fase; 
 Apontar o lugar da celebração do contrato e a disponibilidade da norma; 
 
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 Solucionar conflitos referentes ao momento da conclusão do contrato. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulo II. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo VI. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
A empresa GESTÃO IMOBILIÁRIA anunciou em jornal de grande circulação um andar em um 
edifício comercial para locação, tendo tal oferta interessado a EMPREENDIMENTOS – SOCIEDADE 
DE CONSTRUÇÕES LTDA., que procurou a GESTÃO IMOBILIÁRIA para ver o imóvel. Após a 
primeira visita, a EMPREENDIMENTOS manifestou interesse na locação, mas informou que 
precisariam ser feitos certos reparos no imóvel. 
 
Após os primeiros encontros e as declarações da EMPREENDIMENTOS de que celebraria o contrato 
se o imóvel estivesse no estado adequado, a GESTÃO IMOBILIÁRIA tratou de fazer os reparos no 
imóvel, promovendo uma reforma que durou cerca de um mês. Durante a reforma, a 
EMPREENDIMENTOS visitava o imóvel regularmente. Concluídos os reparos, a GESTÃO 
IMOBILIÁRIA chamou a EMPREENDIMENTOS para que, enfim, fosse celebrado o contrato. Todavia, 
para a surpresa da GESTÃO IMOBILIÁRIA, a EMPREENDIMENTOS informou que não fecharia o 
acordo porque a sala tinha 200 m2 e teria verificado que as necessidades da EMPREENDIMENTOS 
limitavam-se a 120 m2, razão pela qual iria procurar um imóvel menor e mais barato. 
 
1) Pode-se afirmar que já existia algum contrato entre as empresas? Justifique. 
2) A desistência da empresa EMPREENDIMENTOS tem amparo legal ? Justifique. 
3) Houve violação ao princípio da boa-fé ? Em caso positivo, em que fase do contrato ? 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Charles recebe de Matheus a encomenda de 300 vasos de cerâmica e, no dia seguinte, faz a 
remessa das primeiras mercadorias. No fim do mesmo dia, Charles sabe por um comerciante 
amigo seu sobre o aumento do preço dos produtos a entregar e arrepende-se do negócio. Informa 
 
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seu arrependimento a Matheus e alega que o ajuste não se aperfeiçoara, por carecer de aceitação, 
já que não houve por parte dele aceitação expressa. A alegação de Charles procede ? Justifique. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
1ª Questão: Em matéria de contratos, configura-se o momento da conclusão da formação quando: 
 
a) no tempo em que o proponente souber os termos da aceitação. 
b) quando inequivocamente o aceitante declarar sua adesão à oferta. 
c) à época em que o oblato enviar a aceitação ao proponente, ainda que a ele não chegue. 
d) entre presentes,no mesmo instante da proposta; entre ausentes, não há tempo certo 
estabelecido pela norma jurídica. 
 
 
2ª Questão: João, após certo tempo de dividir a mesma turma de estudos com Lourdes, 
desenvolveu por ela especial afeto, não obstante ser casada. Passou então a lhe presentear com 
flores, chocolates, jóias e outros mimos, sendo certo que, em todas as vezes, Lourdes recebia os 
presentes, os guardava, porém nada dizia. Por fim, ele tomou coragem para se declarar e convidá-
la para um jantar a dois. Diante da resposta negativa dela, ele mostrou-se contrariado, 
principalmente porque ela aceitou todos os seus presentes. Constrangida, Lourdes afirmou que 
jamais aceitou qualquer presente. Afinal, nunca declarou aceitação a qualquer proposta. 
 
Diante do quadro, considerando que os presentes configuram doações, marque a alternativa 
correta: 
 
a) Lourdes está correta, haja vista que não foi recebida por João qualquer manifestação positiva 
quanto ao contrato. 
b) O comportamento de João não denotava nenhuma proposta, mesmo porque não se percebe as 
características da oferta no caso. 
c) Não se pode dizer que houve aceitação porque o Código Civil adotou a teoria da expedição, 
sendo certo que nenhuma vontade foi dirigida ao proponente. 
d) Foi sim concluídoo contrato de doação, na medida em que o Código Civil admite a hipótese de 
aceitação quando não houver recusa num prazo moral ou expressamente estipulado. 
 
 
 
SEMANA 4 
 
Classificação dos contratos. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Os contratos agrupam-se em diferentes categorias conforme o ângulo pelo qual são analisados. 
A compreensão de cada modo de classificação é importante para entender as características de 
cada contrato, bem como aplicar certos fenômenos jurídicos à espécie. 
 
2 – Quanto à obrigação nascida da relação contratual, pode-se classificá-lo em unilateral, bilateral 
ou plurilateral ou plúrimo: o primeiro gera obrigação para apenas uma das partes envolvidas, o 
segundo para ambos os contratantes e o terceiro é o tipo de contrato que possui mais de duas 
partes. 
 
 
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2.1 – Evicção, vício redibitório, cláusula resolutiva e exceção de contrato não-cumprido são 
institutos contratuais que somente podem ser aplicados em contratos bilateriais. 
 
2.2 – Contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos contratos unilaterais. É aquele que 
somente gera obrigação para uma das partes por circunstância acidental ocorrida durante a 
execução da prestação, como no caso em que o depositante é obrigado a indenizar o depositário 
por danos sofridos ao guardar a coisa em contrato que não comporte remuneração. 
 
3 – Quanto às vantagens patrimoniais, os contratos dividem-se em gratuitos (ou benéficos ou 
graciosos) e onerosos. Os primeiros são aqueles que geram benefício econômico para apenas uma 
das partes, enquanto que a outra somente tem sacrifícios; os segundos implicam em vantagens 
para ambas as partes. 
 
3.1 – Há doutrinadores que distinguem os contratos gratuitos em propriamente ditos e em 
desinteressados: os primeiros são aqueles em que uma das partes empobrece em favor da outra 
(ex.: doação pura); os segundos geram benefícios sem empobrecimento de ninguém (ex.: 
empréstimo). 
 
3.2 – Em regra, os contratos gratuitos são unilaterais e os onerosos são bilaterais. Todavia, 
excepcionalmente, é possível um contrato ser unilateral e oneroso ao mesmo tempo (ex.: 
empréstimo de dinheiro mediante juros). Segundo alguns doutrinadores, que admitem classificar 
os contratos em bilateral imperfeitos, estes são gratuitos (ex.: depósito sem remuneração e 
mandato). 
 
3.3 – Os contratos onerosos podem ser agrupados em comutativos e aleatórios: os primeiros 
significam contratos em que as partes podem antever as vantagens e sacrifícios, os quais se 
equivalem (em termos mais simples, as prestações se equivalem); os segundos são chamados 
contratos de risco, ou seja, as partes não podem antever se o sacrifício a ser cumprido conferirá a 
vantagem econômica esperada (alea, em latim, é o mesmo que risco, sorte, acaso). 
 
3.3.1 – Há contratos aleatórios por natureza, ou seja, o risco faz parte da essência do negócio 
(seguro, previdência privada, cessão de direitos hereditários) e os contratos acidentalmente 
aleatórios (venda de safra futura). 
 
3.3.2 – A distinção ente contatos comutativos e aleatórios é importante para atração de certos 
institutos contratuais (evicção, vício redibitório, rescisão por lesão). 
 
3.3.3 – Os contratos aleatórios podem ser classificados em emptio spei (denominada também 
venda da esperança) e emptio rei speratae (venda da coisa esperada). Os primeiros são previstos 
no art. 458, CC, em que o pagamento é devido ainda que nada exista para ser entregue ao 
adquirente, salvo se a perda ocorrer por culpa do alienante; os segundos são aqueles em que o 
pagamento é devido desde que a coisa a ser entregue exista em alguma quantidade, salvo se 
houver culpa do alienante. 
 
4 – Quanto à participação da vontade dos contratantes, os contratos podem ser classificados em 
paritários e de adesão. Paritários são aqueles em que cada uma das cláusulas é construída pelo 
encontro da vontade das partes em situação de igualdade. Os contratos de adesão, frutos da 
produção em massa, implicam na imposição de cláusulas preestabelecidas por uma das partes, 
cabendo a outra apenas aceitá-las ou não. 
 
4.1 – Parte da doutrina difere o contrato de adesão do contrato-tipo (ou contrato por formulário). 
Apesar da identidade no fato de ser apresentado por um dos contraentes, diferem-se porque o 
 
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contato-tipo não tem sua essência na desigualdade econômica e admite discussão das cláusulas. 
Assim, não obstante serem pré-redigidas, as cláusulas não são impostas, admitindo a discussão, 
ainda que parcial, entre as partes. 
 
5 – Quanto ao cumprimento da prestação contratual, os contratos podem ser de execução 
simultânea (ou instantânea), diferida ou continuada. 
 
5.1 – Contrato de execução simultânea (ou imediata ou instantânea ou única) é aquele cuja 
obrigação se exaure no mesmo momento em que o negócio é concluído. 
 
5.2 – Nos contratos de execução diferida (ou retardada), a consumação da prestação ocorre 
também num único momento, porém em tempo futuro à conclusão do contrato. Logo, há 
necessariamente lapso temporal entre a celebração do contrato e o cumprimento da respectiva 
prestação, sendo esta exaurida num único ato. 
 
5.3 – Os contratos de execução continuada (ou de trato sucessivo) são aqueles cujas obrigações se 
cumprem por atos reiterados ao longo do tempo. 
 
5.4 – Há contratos que podem dar origem a obrigações de naturezas diferentes. Assim, por 
exemplo, a compra de um móvel pode implicar no dever no pagar o preço à vista e a entrega do 
imóvel num tempo futuro (uma execução imediata e outra retardada). 
 
5.5 – As distinções são relevantes porque a teoria da imprevisão, por exemplo, não se aplica às 
obrigações simultâneas. 
 
6 – Quanto à pessoalidade, os contratos podem ser personalíssimos (intuito personae) ou 
impessoais. 
 
6.1 – Nos contratos personalíssimos, as qualidades pessoais do contratante são mais relevantes do 
que o objeto, consistindo, em regra, obrigações de fazer. Com efeito, são intransmissíveis e 
anuláveis por erro quando à pessoa. 
 
6.2 – Os contratos impessoais podem ser cumpridos por qualquer pessoa. Logo, não são extintos 
pela morte do contratante porque os herdeiros do devedor poderão cumpri-lo. 
 
7 – Quanto às vontade envolvidas, os contratos podem ser individuais ou coletivos. Assim, os 
primeiros são formados de acordo com a expressão de intenções manifestada cada participante do 
negócio jurídico, enquanto que os segundos são formados por um grupo representado por um líder 
legitimamente constituído. 
 
8 – Quanto à consideração recíproca, os contratos podem ser principais e acessórios. Os principais 
têm existência própria, não dependendo de nenhum outra para serem constituídos. Já os 
acessórios somente são formados em razão dos principais, seguindo a sua sorte. 
 
8.1 – Alguns autores, como Orlando Gomes, identificam tipos diferentes de contratos acessórios: 
preparatórios (ex.: mandato), integrativos (ex.: aceitação do terceiro em seu favor) e 
complementares (ex.: fiança). 
 
8.2 – Há também a distinção entre acessórios e subcontratos (ou derivados). Apesar de ambas as 
categorias envolverem dependência de outro, os derivados implicam num desdobramento do 
contrato principal, inclusive tendo o mesmo objeto e características (ex.: locação e sublocação). 
 
 
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9 – Quanto ao modo de celebração, os contrato podem ser solenes (ou formais) e não solenes (ou 
informais). Os primeiros somente são válidos se obedecida à forma de celebração determinada por 
lei ou pela vontade das partes; os segundos são válidos independentemente do modo em que sãoformados. 
 
9.1 – Tendo o Brasil adotado a liberdade de forma, somente excepcionalmente os contratos são ad 
solemnitatem. 
 
10 – Quanto à formação, os contratos podem ser consensuais e reais. 
 
10.1 – Os contratos consensuais, os quais consistem na regra, tornam-se negócio jurídico perfeito 
mediante a expedição da aceitação do oblato em direção ao proponente, salvo nos casos em que é 
necessária a recepção. Se envolverem entrega de coisa, este ato significará o cumprimento da 
obrigação nascida da vontade dos sujeitos (ex.: compra e venda, doação). 
 
10.2 – Os contratos reais, exceção jurídica, somente se aperfeiçoam ao tempo em que a coisa é 
entregue ao devedor. Em outros termos, não é possível haver execução da prestação contratada 
antes da tradição, pelo que fica inexigível a obrigação (ex.: empréstimo, depósito). 
 
11 – Contratos Preliminares e Definitivos: os primeiros, denominados pelos romanos pactum de 
contrahendo, são aqueles que têm por objeto a celebração dos segundos. 
 
11.1 – Como há identidade entre os negócios, todos os elementos contratuais são os mesmos, 
salvo a forma. Assim, por exemplo, os contratos de compra e venda, em regra, devem ser 
celebrados por instrumento público, porém os contratos de promessa de compra e venda podem 
ser celebrados por instrumento particular. 
 
12 – Quanto à previsão legal, os contratos podem ser típicos (nominados) ou atípicos 
(inominados). De acordo com a autonomia da vontade, o ordenamento jurídico autoriza as partes 
convencionarem obrigações que não estão disciplinadas em lei. 
 
12.1 – Os contratos atípicos devem observar os elementos essenciais dos negócios jurídicos. 
 
12.2 – Os contratos resultantes da combinação de contratos típicos com cláusulas de outro são 
denominados mistos. Em outros termos, os contratos mistos são formados por elementos de dois 
ou mais negócios jurídicos. 
 
12.3 – Também merecem menção os contratos coligados, ou seja, pactos constituídos por uma 
pluralidade de avenças interligadas. São comumente celebrados entre distribuidoras de petróleo e 
exploradoras de postos de gasolina: fornecimento de combustíveis, arrendamento de bombas, 
locação de prédios etc. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender a importância de classificar os contratos de acordo com critérios bem delineados; 
 Identificar diferentes tipos de classificação de contratos; 
 Interligar contratos de diferentes classificações; 
 Exemplificar cada espécie de contrato. 
 
 
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ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulo III. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo VIII. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Manoel resolveu viajar para o exterior por poucas semanas. Preocupado com a hipótese de sofrer 
algum acidente ou causar danos a alguém, seleciona uma empresa para celebrar contrato de 
seguro. Assim, pagaria um certo prêmio e, em contrapartida, teria cobertura caso sofresse algum 
sinistro. 
 
Considerando a modalidade do contrato relatada, responda: 
 
1) É oneroso ou gratuito ? 
 
2) É bilateral ou unilateral ? 
 
3) É de natureza aleatória ? Justifique. 
 
4) É solene ? Justifique. 
 
 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Antônio e Carla celebram contrato de doação de uma casa residencial localizada em Santarém/PA 
avaliada em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). A título de encargo, a donatária comprometeu-se 
a organizar, por 5 (cinco) anos consecutivos, evento beneficente de natal da Fundação Antônio 
Almeida, fundada pelo genitor do doador. 
 
Analisando o contrato acima e tomando por parâmetro o direito contratual brasileiro, responda, 
JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: 
 
 
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1) É oneroso ou gratuito ? 
2) É bilateral ou unilateral ? 
3) É de natureza aleatória ? 
4) É solene ? 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Nos contratos abaixo relacionados, assinale o que é unilateral, real, informal e 
nominado: 
 
a) doação 
b) mútuo 
c) depósito 
d) compra e venda 
 
 
2ª Questão: João celebrou contrato de transporte de coisas para fins de levar seus móveis para 
uma nova residência. Conforme as cláusulas avençadas, o preço foi pago no exato momento da 
contratação do frete, enquanto que a empresa somente executaria a prestação de fazer na semana 
seguinte, em dia e hora combinados. 
 
Isto posto, marque a alternativa que corretamente classifica o contrato no que tange ao 
cumprimento da obrigação pactuada: 
 
a) Simultânea, porque as obrigações surgiram tão logo foi o contrato concluído. 
b) Diferida, na medida em que será encerrado o contrato em tempo futuro à celebração. 
c) Continuada,haja vista o adimplemento se estender ao longo do prazo contratual. 
d) Como dá origem a obrigações distintas, uma tem execução simultânea e a outra diferida. 
 
 
SEMANA 5 
 
Dos efeitos dos contratos. Força obrigatória dos contratos. Relatividade dos efeitos dos contratos. 
Eficácia com relação a terceiros. Contratos por terceiro. Estipulação em favor de terceiros. 
Promessa de fato de terceiro. Contrato com pessoa a declarar. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – O principal efeito dos contratos é vincular as partes tal qual a lei opera em sociedade, na 
medida em que cria obrigação a ser compulsoriamente cumprida, sob as penas previstas em lei ou 
no próprio pacto. Uma vez exaurida a prestação obrigacional, fica extinto o contrato. 
 
2 – Uma das características da relação contratual, conforme salientado ao tempo do estudo dos 
princípios, é a relatividade, ou seja, os efeitos do contrato não ultrapassam as pessoas envolvidas 
na obrigação criada pela vontade dos sujeitos. 
 
 
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2.1 – A título de exceções expressamente previstas em lei, foram criadas figuras jurídicas que 
estendem os efeitos do contrato a terceiros, pessoas cujas vontades não operaram na formação 
contratual. Dentre tais exceções, está a estipulação em favor de terceiro. 
 
3 – A estipulação em favor de terceiro consiste no fato de uma pessoa (denominada estipulante) 
convencionar com outra (denominada promitente) que uma vantagem econômica resultará do 
ajuste entre as partes em favor de uma terceira que não participou da celebração do contrato 
(denominada beneficiário). 
 
3.1 – No instante da execução do contrato, o beneficiário, cuja vontade não colaborou para a 
formação do contrato, pode tornar-se credor do promitente, desde que aceite exatamente todos os 
termos avençados entre o promitente e o estipulante. 
 
3.2 – Sob pena de invalidação da estipulação, a atribuição patrimonial em favor do terceiro deve 
consistir em liberalidade, ser-lhe gratuita. Assim, qualquer pessoa, inclusive absolutamente 
incapazes, pode ser beneficiária. 
 
3.3 – É relevante a aceitação do beneficiário para que surtam os efeitos da estipulação em seu 
favor, conforme dispõe o art. 438, CC. Afinal, o ordenamento jurídico não admite a aquisição 
compulsória de um direito, bem como o envolvimento num contrato sem emissão de vontade. 
 
3.4 – O estipulante pode alterar a qualquer tempo a figura do beneficiário, tanto no própriocontrato quanto em testamento. 
 
4 – Outro instituto que esvazia a força da relatividade é a promessa por fato de terceiro. Esta 
consiste em avença na qual o vinculado é aquele que promete a outrem a execução de uma 
obrigação de fazer, ou seja, a celebração do contrato com outra pessoa. 
 
4.1 – O agente não assume a figura de mandatário porque o terceiro não lhe outorgou poderes 
para representá-lo. Sua conduta é autônoma ao assumir perante alguém que conseguirá criar laços 
contratuais entre a pessoa a quem se promete e o terceiro. 
 
4.3 – Se o terceiro assumir a relação contratual, o promitente terá cumprido sua obrigação de 
fazer outrora assumida; se o terceiro não assumir a relação contratual e houver danos ao sujeito a 
quem se prometeu, o promitente responderá por perdas e danos. 
 
4.4 – É isento de responsabilidade o promitente casado com o terceiro sob regime de bens que 
possa comprometer o patrimônio do terceiro, na medida em que não se pode apenar quem nem 
mesmo soube do negócio, tampouco emitiu qualquer vontade. 
 
5 – Finalmente, há a figura do contrato com pessoa a declarar, em que uma das partes reserva 
para si a faculdade de nomear alguém para assumir sua posição na relação contratual tal qual 
tivesse a pessoa designada celebrado o contrato inicialmente. 
 
5.1 – Esta prática era bastante aplicada no mercado antes de a legislação brasileira positivá-la, 
principalmente nos contratos de promessa de compra e venda em que o promitente comprador 
concedia-se o direito de indicar outra pessoa para constar no contrato definitivo em seu lugar. 
 
5.2 – Se o contrato não dispuser do tempo para manifestação do nomeado a respeito da sua 
aceitação ou não, o prazo será de cinco dias. A formalidade deve ser a mesma exigida para a 
formação do contrato. 
 
 
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5.3 – Feita a indicação e aceita a nomeação, assume o nomeado a relação contratual como se 
fizesse parte dela desde o princípio. Se houver silêncio do indicado, presume-se que não houve 
aceitação. 
 
5.4 – O contrato é eficaz apenas entre as parte originalmente envolvidas se não houver indicação, 
se a nomeação não for aceita, se indicado for incapaz ao tempo da nomeação ou se insolvente, 
este último tanto no tempo da indicação quanto no tempo da nomeação. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender a força vinculante dos contratos e sua eficácia relativa; 
 Identificar as exceções legais à relatividade; 
 Diferenciar e correlacionar cada uma das exceções; 
 Perceber os efeitos e características dos institutos apresentados. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulo IV, V e X.. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo VII. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Milena encaminhou proposta a Francisca cujo objeto era a alienação de 30 cavalos marcha larga 
pelo preço de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Na referida proposta, Milena se obrigou a 
aguardar resposta no prazo de 30 dias. Ocorre que no 15º dia Milena sofreu um acidente de 
trânsito e veio a falecer. Houve a aceitação da proposta após a morte da proponente, porém antes 
do vencimento do prazo de 30 dias. 
 
Isto posto, indaga-se se os herdeiros de Milena estão obrigados a cumprir os termos da proposta ? 
Justifique a sua resposta. 
 
 
 
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CASO CONCRETO 2 
 
Manoel resolveu viajar para o exterior por poucas semanas. Preocupado com a hipótese de sofrer 
algum acidente ou causar danos a alguém, seleciona uma empresa para celebrar contrato de 
seguro, segundo o qual seus filhos receberiam indenização de R$ 1.000.000,00 (um milhão de 
reais) se morresse por causa alheia à sua vontade. 
 
Destarte, pergunta-se: 
 
1) Qual instituto se percebe no contrato celebrado entre Manoel e a seguradora ? Quais são as 
partes envolvidas ? 
 
2) Identifique credor e dever. 
 
3) Considerando serem os filhos de Manoel absolutamente incapazes, poderiam eles figurar no 
contrato em tela ? Justifique 
 
 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão (TJ-SC-27/04/2003 – Direito Civil – Questão n.º 17): Com relação aos CONTRATOS 
COM PESSOA A DECLARAR (arts. 467 a 471, CC/2002), assinale a alternativa correta: 
 
a) A aceitação do nomeado poderá ser feita verbalmente, mesmo que o contrato tenha sido 
realizado por escrito. 
b) Os direitos e obrigações da pessoa indicada, uma vez aceita a nomeação, não retroagem à 
data da celebração do contrato. 
c) Inexistente indicação de pessoa, no prazo previsto no Código Civil (5 dias) ou em outro 
estipulado pelas partes, o contrato se extingue. 
d) Se a pessoa a nomear era incapaz no momento da nomeação, o contrato não produz 
efeitos em relação aos contratantes originários. 
e) Todas as alternativas são incorretas. 
 
 
2ª Questão: Jenifer quer contratar o mais badalado fotógrafo do momento para registrar seu um 
casamento. Seu marido, Roberto, por ser primo da esposa do fotógrafo, Antonia, questionou-a se 
seria possível contratá-lo. Solidária ao desejo de Jenifer, Antonia compromete-se a ajudá-los, já 
que seu marido faz tudo que ela quer. Contudo, seria cobrado um preço simbólico pelo serviço a 
ser pago em duas parcelas de R$ 5.000,00. No dia do evento, o fotógrafo não comparece e, 
quando procurado, diz que sequer sabia do fato. Antonia, por sua vez, lamentou o ocorrido e pediu 
desculpas, bem como declarou não poder devolver o dinheiro já recebido porque o fato criar-lhe-ia 
grandes problemas conjugais, já que seu marido lhe proibira de se manifestar por ele, bem como 
já o gastou completamente. 
 
Diante disso, poderia Jenifer responsabilizar o fotógrafo ou sua esposa pelos danos morais e 
materiais sofridos ? 
 
a) Depende do regime de bens vigente na relação conjugal entre Antonia e o fotógrafo. 
 
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b) Somente Antonia poderia ser responsabilizada porque descumpriu sua obrigação de fazer. 
c) Ambos podem ser responsabilizados porque não se admite o enriquecimento sem causa. 
d) Ninguém será responsabilizado porque a lei não permite demandar contra pessoas casadas. 
 
 
SEMANA 6 
 
Elementos Naturais do Contrato. Vícios Redibitórios. Exclusão da garantia em hasta pública. 
Evicção. Evicção nas aquisições judiciais. Boa-fé do evicto. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Vícios redibitórios são defeitos ocultos em coisa adquirida em contratos comutativos, os quais a 
tornam imprópria para o fim a que se destina ou lhe diminua o valor. 
 
1.1 – A coisa pode ser rejeitada pelo adquirente, pelo que lhe é devida a devolução do pagamento 
ou a troca, além de perdas e danos, se o alienante tiver ciência do defeito antes da alienação. Pode 
ainda o adquirente optar por ficar com a coisa mediante abatimento do preço. 
 
1.2 – O alienante é responsável pelo vício ou defeito se deixar de ser oculto quando a coisa estiver 
sob a posse do adquirente. É fundamental que a causa do problema seja anterior à entrega do 
bem. 
 
1.3 – Mesmo que não tenha ciência do vício, responderá o alienante pela devolução do preço 
recebido. Entretanto, não responderá por perdas e danos porquesua conduta não foi dolosa. 
 
1.4 – O fundamento da responsabilidade pelos vícios está no princípio de garantia, em que o 
alienante deve conferir segurança ao adquirente quanto à qualidade e quantidade acerca da coisa 
adquirida. Em outros termos, trata-se de garantia da equivalência ínsita à comutatividade. 
 
1.5 – As ações cujas causas de pedir consistem em vício redibitório são denominadas edilícias. São 
suas espécies a ação redibitória, em que o adquirente rejeita a coisa, e a ação estimatória (ou 
quanti minoris), em que o adquirente não rejeita a coisa, porém pretende pagar por ela preço 
inferior em razão da perda da equivalência entre o preço avençado e as verdadeiras características 
da coisa. 
 
1.6 – A lei prevê prazos decadenciais para o exercício das ações edilícias, os quais variam de 
acordo com: a natureza do bem; se o adquirente já estava ou não na posse da coisa antes da 
aquisição da propriedade; se era ou não possível identificar o vício tão logo adquirido o bem ou se 
seria necessário o uso contínuo. 
 
1.7 – Vício redibitório não significa má apreciação das características essenciais do objeto 
adquirido. Nesta última hipótese,a ação seria anulatória por erro (vício de consentimento). 
 
1.8 – O Código Civil revogado afastava a responsabilidade por vício redibitório se a coisa fosse 
adquirida em hasta pública. Contudo, como a exceção não foi reproduzida na lei vigente, entende-
se pela possibilidade de se propor ação edilícia mesmo neste caso. 
 
2 – Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, a qual atribui a outrem a 
titularidade sobre o bem por um motivo jurídico anterior ao contrato. Logo, há três atores 
envolvidos: o evictor, reivindicante e vencedor da demanda; o evicto, adquirente que perde a coisa 
para o reivindicante; alienante, quem responderá pela perda da coisa. 
 
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2.1 – O alienante tem o dever de garantir o uso e gozo ao adquirente, ou seja, auxiliá-lo nos casos 
em que alguém reclamar a coisa alienada e, na hipótese de perda pelo adquirente, indenizá-lo. 
Daí,a evicção estar fundamentada também no princípio da garantia em que se assentam os vícios 
redibitórios. 
 
2.2 – Não se discute culpa do alienante, pois este, mesmo de boa-fé, responde perante o 
adquirente pelos prejuízos resultantes da evicção. 
 
2.3 – Podem as partes convencionarem: reforço, diminuição ou exclusão da responsabilidade pela 
evicção. Contudo, a mera cláusula geral de exclusão não isenta o alienante de restituir o preço 
pago pelo adquirente. 
 
2.3.1 – A completa isenção de responsabilidade do alienante decorrerá da ciência ao adquirente do 
exato risco que corre, tendo este assumido expressamente a opção de sofrê-lo. 
 
2.4 – Entende a doutrina especializada que o reforço não pode ser ilimitado a ponto de ultrapassar 
a totalidade dos prejuízos sofridos pelo adquirente. 
 
2.5 – Subsiste a obrigação de indenizar se a coisa tiver sido adquirida em hasta pública. A 
demanda deve ser exercida contra o credor exeqüente, que recebeu o pagamento do arrematante 
evicto, estendendo-se ao devedor executado se este tiver recebido saldo remanescente. 
 
2.6 – Deve o evicto demandado denunciar à lide o alienante a fim de exigir dele a indenização 
pelos prejuízos decorrentes da evicção, servindo-se da mesma sentença que favoreceu o 
reivindicante. 
 
2.6.1 – Entende o STJ que a ausência de denunciação da lide não prejudica a pretensão do evicto 
em demandar indenização pelo prejuízo sofrido. Contudo, perderá o benefício de fazê-lo na mesma 
ação em que é demandado pelo reivindicante e, portanto, não poderá se servir da mesma sentença 
que o condenar. Em outros termos, terá de propor nova ação de conhecimento. 
 
2.7 – Se a evicção for parcial, ou seja, se o evicto perder apenas parte da coisa adquirida, poderá 
optar entre a extinção do contrato ou a devolução do preço correspondente ao tanto perdido. 
Contudo, a alternatividade somente é facultada se a perda parcial for declarada considerável pelo 
juiz. Caso contrário, seu direito será apenas a indenização. 
 
2.8 – Se comprovada a má-fé do evicto, ou seja, seu conhecimento de ser a coisa alheia ou 
litigiosa, não poderá ser demandada indenização ou qualquer outro efeito do alienante. Afinal, 
ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. 
 
2.9 – A jurisprudência entende cabível ação autônoma de execução quando ocorrer evicção 
administrativa (ex.: veículo roubado apreendido por policiais em uma blitz). 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar vício redibitório e evicção; 
 Elencar características e requisitos; 
 Identificar as ações respectivas a cada fato, bem como prazos e pretensões; 
 
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Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 Compreender os efeitos decorrentes do vício redibitório e da evicção 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulos VI e VII. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulos XII e XIII. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Pedro celebra um contrato de compra e venda de um apartamento, em Cabo Frio, com Renata, 
alienante, em 27 de outubro de 2005. Um ano após a compra, Pedro recebe em sua casa uma 
citação do oficial de justiça para responder a uma ação petitória, no qual o autor, André, se diz o 
legítimo proprietário daquele imóvel. Desesperado com a possibilidade de perder a sua moradia, 
Pedro telefona para Renata informando-lhe do ocorrido e exigindo explicações. Esta, por sua vez, 
diz que não tem qualquer responsabilidade, pois não sabia que o imóvel pertencia a André e que 
havia adquirido o imóvel em hasta pública. 
 
Com base nos fatos acima responda justificando e fundamentando nos dispositivos legais 
pertinentes. 
 
A) Renata possui algum dever jurídico perante Pedro caso ele perca o imóvel em razão da ação 
petitória? Qual? 
 
B) De que forma Pedro poderá exercer o direito oriundo da evicção em face de Renata? 
 
C) A garantia da evicção subsiste quando o bem é adquirido em hasta pública? Em face de 
quem deveria ser proposta essa ação? 
 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Técio adquiriu um boi reprodutor de Fábio, grande amigo seu. Três meses após a compra, o animal 
manifestou uma doença incurável, que já se achava encubada ao tempo da alienação, motivo pelo 
qual o boi veio a falecer. 
 
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1 – Técio pode propor ação redibitória ou quanti minoris pelo falecimento do animal? Justifique. 
 
2 – O desconhecimento de Fábio a respeito da doença do boi possui que reflexos no direito de 
Técio? Justifique. 
 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Suelen, locatária de uma casa que pertence a Lucia há dez meses, descobre que a 
proprietária quer vendê-la e se interessa em comprá-la. Passados quatro meses da aquisição do 
imóvel, descobre que toda a estrutura da casa está comprometida porque foi construída com 
material inadequado e sem fundações sólidas. 
 
Assim, marque a alternativa correta: 
 
a) Nada caberá à Suelen porque está no imóvel há mais de 1 ano, pelo que decaiu seu direito. 
b) Não haveria vício redibitório no caso porque não houve danocausado à adquirente. 
c) Suelen tem direito de rejeitar o contrato porque o prazo é de 6 meses a contar da compra. 
d) O direito de Suelen dependerá dos termos previstos na cláusula do contrato celebrado com 
Lucia. 
 
 
 
2ª Questão: Sandro celebra contrato de doação mediante encargo com Augusto, pelo qual lhe 
transfere a propriedade de um imóvel pelo preço certo de R$ 100.000,00 (cem mil reais). No 
instrumento, há cláusula expressa em que Sandro, o vendedor, fica isento de responsabilidade por 
eventuais riscos de evicção a Augusto. Alguns meses após a conclusão do contrato, Augusto é 
citado em ação de usucapião em que um terceiro, João, alega e comprova ter adquirido a 
propriedade da coisa pelo exercício da posse. 
 
Conforme os relatos, indique a alternativa INCORRETA: 
 
a) A responsabilidade do alienante subsistirá se a usucapião tiver ocorrido antes da venda. 
b) A cláusula não isenta totalmente o vendedor, tendo ele de restituir o valor pago pela coisa. 
c) A ausência de denunciação da lide não prejudicará eventual propositura de ação própria para 
discutir a responsabilidade civil do alienante. 
d) Sandro terá de indenizar os prejuízos de Augusto ainda que este sempre tenha estado ciente de 
a coisa ser alheia ou litigiosa. 
 
 
 
SEMANA 7 
 
Contratos preliminares e definitivos. Promessa de compra e venda (momento da transmissão do 
domínio; características). Arras. Distinções. 
 
CONTEÚDOS: 
 
 
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1 – Contrato preliminar é um negócio provisório, preparatório, no qual prometem complementar o 
ajuste mediante a celebração do contrato definitivo. Assim, é constituída a obrigação de fazer, cujo 
cumprimento encerrará o objeto do contrato preliminar. 
 
2 – Os requisitos exigidos para o contrato preliminar são os mesmos do contrato definitivo, exceto 
a forma. 
 
3 – O contrato preliminar mais comum é a promessa de compra e venda, através da qual as partes 
avençam a celebração futura do contrato definitivo (compra e venda), que envolverá a obrigação 
de transferir a propriedade, após o pagamento do preço. 
 
3.1 – Não havendo expressa autorização para arrependimento, o contrato é irretratável. Se 
celebrado pela forma escrita, poderá o promitente-comprador exigir a adjudicação compulsória 
judicialmente, substituindo a sentença declaratória de procedência o título definitivo. Assim, seu 
registro transferirá a propriedade para o adquirente. 
 
3.2 – Relevante destacar o princípio do adimplemento substancial. 
 
3.3 – Havendo descumprimento da obrigação pelo promitente-comprador, terá ele de restituir o 
imóvel ao promitente-vendedor, cabendo-lhe restituição parcial do preço. 
 
3.3.1 – Se tiver estabelecido residência no imóvel, terá o promitente-comprador o direito de exigir 
taxa de ocupação pelo período em que se serviu da coisa. Em contrapartida, poderá o promitente-
comprador cobrar indenização por benfeitorias. 
 
3.4 – O registro do contrato de promessa de compra e venda não confere ao promitente-
comprador direito de propriedade, na medida em que não constitui obrigação de transferir 
propriedade, mas sim de celebrar outro contrato (definitivo). O registro confere direito real de 
aquisição, ou seja, oponibilidade erga omnes quanto ao direito de exigir a adjudicação. 
 
3.5 – A cláusula de arrependimento, prevista expressamente pelas partes no contrato, retira a 
possibilidade de adjudicação compulsória, na hipótese de desistência por parte do promitente 
vendedor. Contudo, esta cláusula só é possível em se tratando de imóvel não loteado, sendo 
proibida nos casos em que o objeto da promessa envolva imóvel loteado (lotes rurais – Decreto-lei 
n. 58/37), e lotes urbanos (Lei 6.766/79 9 Lei de Parcelamento do Solo Urbano). Qualquer cláusula 
nesses contratos, permitindo a retratabilidade, é tida por não escrita. A vedação é de ordem 
pública. 
 
3.6 – O Código Civil, permitindo o arrependimento, cuida dos imóveis não loteados (art. 1.417). 
 
4 – Sinal ou arras são a quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro como 
confirmação do acordo de vontades e, dependendo da hipótese, início de pagamento. 
 
4.1 – Não se confundem arras e promessa de compra e venda, não obstante terem em comum o 
fato de serem preliminares a um contrato. As primeiras são uma garantia de que um contrato será 
celebrado; o segundo é o próprio contrato. Logo, é bastante comum alguém dar arras para 
garantir a futura celebração de um contrato de promessa de compra e venda, o qual, ao final, 
ensejará o contrato de compra e venda. 
 
4.2 – Em conseqüência de sua natureza acessória, incidem arras na antecipação de um contrato 
bilateral e oneroso translativo de propriedade. Logo, não existem por si. 
 
 
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4.3 – O instituto nasceu no direito romano, as denominadas arras esponsalícias, em que o 
pretendente entrega um anel como símbolo de que contrairia núpcias. Se o noivo não cumprisse o 
trato, além de perder o anel, teria de pagar indenização que poderia atingir o triplo ou quádruplo 
do valor, dependendo dos danos gerados. 
 
4.4 – O sinal ou arras podem ser início de pagamento quando a coisa entregue é parte ou parcela 
do contrato a ser celebrado, bem como do mesmo gênero do restante a pagar. 
 
4.5 – A garantia decorrente das arras consiste na perda do valor pago por quem as deu se for o 
responsável pela não-concretude do negócio pretendido; se o responsável for quem as recebeu, 
terá de devolvê-las em dobro. Assim, a quantia referente a arras equivale à segurança jurídica de 
que o contrato ser formado. 
 
4.5.1 – Devolver em dobro significa restituir e entregar, do seu próprio patrimônio, o valor 
equivalente. 
 
4.6 – Existem duas espécies de arras: confirmatórias e penitenciais. 
 
4.6.1 – Arras confirmatórias não admitem arrependimento, consistindo na regra jurídica, ou seja, 
esta será a espécie diante do silêncio das partes. Neste caso, o valor das arras vale como taxa 
mínima, podendo ser exigida indenização suplementar caso seja comprovado que o dano sofrido foi 
maior que o preço pago a título de arras. 
 
4.6.2 – As arras são penitenciais quando houver previsão de arrependimento. Nesta hipótese, as 
arras têm função unicamente indenizatória, não se admitindo indenização suplementar. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar e identificar as características dos contratos preliminares e definitivos; 
 Definir arras e diferenciar suas espécies; 
 Estabelecer os aspectos convergentes e divergentes entre arras e contratos preliminares. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume II, Título 
IV, Capítulo VI. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulo IX. 
 
 
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Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. v. II, Capítulos XII e XIII. 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulo IX. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Carlos e Claudia celebraram, mediante instrumento particular,contrato de promessa de compra e 
venda de imóvel, obrigando-se o promitente vendedor e o promitente comprador à celebração do 
contrato definitivo no prazo de 90 dias, após o pagamento da última parcela de preço, que as 
partes ajustaram em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) a ser pago em três parcelas iguais, 
mensais e sucessivas. O contrato não continha cláusula expressa de irretratabilidade e 
irrevogabilidade. 
 
Tendo Claudia pago todas as parcelas do preço, nos prazos do contrato, Carlos se recusou a 
outorgar a escritura definitiva, alegando que o contrato preliminar era nulo, porque celebrado por 
instrumento particular e, não por escritura pública. Argumentou ainda que havia previsto o direito 
de se arrepender. 
 
Isto posto, questiona-se se as alegações de Carlos procedem ? Justifique. 
 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Adriana interessou-se em comprar o apartamento de Renan, cujo preço era R$ 500.000,00 
(quinhentos mil reais). A fim de se garantir que o imóvel não seria vendido para outra pessoa, a 
compradora deu R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) a título de arras. Após receber o sinal, outra 
pessoa quis o imóvel de Renan, oferecendo por ele R$ 580.000,00 (quinhentos e oitenta mil reais), 
o que foi recusado diante da compromisso firmado com Adriana. 
 
Um mês após, Renan foi surpreendido pro Adriana, que lhe declarou não mais ter interesse em 
prosseguir na relação contratual. Afirmou não se importar em perder as arras, porém lhe disse 
nada mais lhe dever. 
 
Está correta a conduta de Adriana ? Justifique com base na legislação vigente. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: FRANCISCO FARIAS celebrou contrato de promessa de compra e venda de imóvel 
residencial de sua propriedade, localizado em Belém-Pará, com ANTÔNIA ALMEIDA em 20 de maio 
de 2005. Neste contrato, o promitente-vendedor comprometia-se a transferir a propriedade do 
imóvel em questão em março de 2008, quando a promitente-compradora terminaria de pagar o 
valor ajustado em R$ 360.000,00. A promessa não prevê cláusula de irrevogabilidade e a 
 
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irretratabilidade. No prazo previsto contratualmente, ANTÔNIA efetuou o pagamento da última 
parcela, tendo FRANCISCO FARIAS se recusado a outorgar a escritura definitiva no prazo pactuado. 
 
Diante disso, marque a alternativa correta sobre as providências para a obtenção do título de 
escritura definitiva: 
 
a) Nada poderá ser feito porque a vontade tem de ser livre, pelo que não se pode impor a 
alguém a perda da sua propriedade. 
b) Por se tratar de descumprimento culposo de uma obrigação, cabe ao credor resolver o 
contrato em perdas e danos. 
c) Terá direito a adjudicar compulsoriamente o imóvel, servindo a sentença como título 
aquisitivo no lugar do contrato definitivo. 
d) Teria direito à adjudicação compulsória somente se houvesse cláusula de 
irretratabilidade no contrato. 
 
 
 
2ª Questão: Bernardo celebrou com Valter contrato que teve como objeto a venda de uma casa, 
em Fortaleza, do primeiro para o segundo. Foi estabelecido direito de arrependimento. No ato da 
negociação, Bernardo pagou a Valter a importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a título de 
arras penitenciais. O restante do pagamento do bem seria feito em 10 parcelas sucessivas de 
R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), cada uma. 
 
Na semana anterior à quitação da primeira parcela, Bernardo aplica o dinheiro na Bolsa de Valores 
e acaba perdendo não só o dinheiro da primeira parcela como o capital para o pagamento das 
demais, inviabilizando o cumprimento do pactuado. 
 
a) Bernardo terá direito de não prosseguir com o negócio jurídico porque não deu causa à perda 
financeira que sofreu. 
b) Valter poderá reclamar indenização suplementar se provar que seus danos foram maiores que o 
valor das arras. 
c) Bernardo poderá responder por perdas e danos, a serem fixadas por juiz, se ficarem 
comprovados os elementos da responsabilidade civil. 
d) Por se tratar de arras penitenciais, não poderá Bernardo, ao desistir, receber o dinheiro de 
volta, tampouco será devida indenização suplementar. 
 
 
SEMANA 8 
 
Extinção dos contratos. Resolução dos contratos. Cláusula resolutiva. Exceção de contrato não-
cumprido. Onerosidade excessiva. Resilição (distrato e denúncia). Rescisão. Cessação. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Os contratos válidos são normalmente extintos mediante o pagamento da obrigação que dão 
origem, tanto de modo direito quanto indireto. 
 
2 – Os contratos inválidos podem ser extintos por declaração de nulidade ou decreto de anulação, 
dependendo da natureza do vício. 
 
3 – A extinção anormal ocorre quando a prestação contratual não é cumprida. Existem quatro 
espécies: resolução, rescisão, resilição e cessação. 
 
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4 – Resolução é o rompimento do vínculo contratual porque uma das partes não cumpriu a 
obrigação contratual que lhe cabia. 
 
4.1 – Tanto o inadimplemento voluntário quanto involuntário causa resolução do contrato, porém 
apenas o primeiro gera o dever de pagar perdas e danos. 
 
4.2 – A resolução por inexecução voluntária opera efeitos ex tunc, obrigando o culpado a restituir 
as parcelas pagas por prestações não cumpridas. Ademais, as perdas e danos podem estar 
avençadas pelas partes em cláusula penal (compensatória ou moratória) ou por juiz. 
 
4.3 – Todo contrato bilateral prevê cláusula resolutiva implícita, na medida em que o ordenamento 
jurídico admite seus efeitos. Contudo, as partes podem pactuar cláusula resolutiva expressa, na 
qual são elencadas hipóteses que dão causa à resolução imediata do contrato, sem a necessidade 
de intervenção judicial. 
 
4.4 – Não se admite a resolução no caso de adimplemento substancial do contrato, ou seja, 
inexecução mínima a ponto de não permitir uma medida tão grave quanto à extinção do vínculo 
contratual. O contrário significaria negar a preservação e a função social do contrato. 
 
4.5 – Os contratos bilaterais, por gerarem obrigações para ambas as partes, admitem que uma 
delas não prossiga na execução do dever que lhe caiba se a outra parte também não cumprir a 
sua. Trata-se de exceção de contrato não-cumprido. 
 
4.5.1 – Exceção de contrato não-cumprido somente é possível se as obrigações de ambas as 
partes forem exigíveis, salvo de uma delas apresentar sinais de não poderá cumprir sua obrigação 
por diminuição patrimonial. 
 
4.5.2 – Cabe alegação de contrato não-cumprido (exceptio non adimpleto contractus) mesmo 
quando a obrigação não é cumprida integralmente como avençada entre as partes (exceptio non 
rite adimpleti contractus). 
 
4.6 – Após a formação do contrato e antes do total cumprimento da obrigação avençada, pode 
ocorrer desequilíbrio econômico superveniente entre as partes, alheio às suas forças, a pontos de 
tornar a execução excessivamente onerosa, sem que tenha sido possível previsão do fato. Eis a 
teoria da imprevisão. 
 
4.6.1 – O fato superveniente autoriza a resolução do contrato sem condenação por perdas e danos 
porque sua causa foi involuntária. Contudo, sempre que possível, deve ser mantida a relação 
contratual, haja vista o princípio da preservação dos contratos. 
 
5 – Tecnicamente, rescisão não pode ser confundido com resolução ou qualquer outro tipo de 
extinção anormal. Tem incidência sempre que o negócio jurídico é celebrado às custas da 
necessidade ou inexperiência de uma das partes. 
 
5.1 – Assim, não se trata de desequilíbrio contratual superveniente. Neste caso, o contrato já é 
celebrado nessas bases e a imposição da execução obrigacional implicaria na solidificação da 
injustiça – lesão à função social do contrato. 
 
5.2 – Se a prestação contratual for aparentemente injusta, desequilibrada desde o princípio, não 
admitirá rescisão se ambasas partes estiverem conscientes e pretenderem o resultado – respeito à 
autonomia da vontade. 
 
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6 – A resilição não decorre de descumprimento de obrigação contratual, mas exclusivamente da 
vontade (unilateral ou bilateral) de extinguir o contrato. Etmologicamente, resilir, do latim resilire, 
significa “voltar atrás”. 
 
6.1 – Resilição bilateral também é denominada distrato. Segundo o art. 472, CC, não é obrigatória 
formalidade para o distrato, salvo se a lei estabelecer solenidade para celebrar o contrato desfeito. 
 
6.2 – Resilição unilateral (denúncia, renúncia, resgate) pode ocorrer em três situações: previsão de 
cláusula expressa que autoriza uma das partes extinguir o contrato a qualquer tempo, sem ter de 
se justificar; contrato por tempo indeterminado; contratos calcados em confiança (ex.: prestação 
de serviços médicos, psiquiatra, advogado). 
 
7 – Nos contratos personalíssimos, a morte de uma das partes implica na extinção do vínculo. Eis o 
que se denomina cessação. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Definir extinção normal e anormal; 
 Diferenciar cada espécie de extinção anormal; 
 Identificar as características da resolução, resilição, rescisão e cessão; 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título I, 
Capítulo XI. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 1, V. IV, Capítulos XIV, XV e XVI. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Felipe, morador de Niterói, resolveu alugar uma casa em Cabo Frio, para passar suas férias de final 
de ano. Em julho do referido ano, Felipe encontra um imóvel excelente por um preço acessível, 
mas que apresentava um entupimento na caixa de esgoto que exalava um cheiro desagradável.A 
 
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proprietária, Andréia, firma contrato de locação com Felipe, comprometendo-se a entregar-lhe a 
casa em dezembro de 2005, após o conserto do problema constatado. 
 
No dia marcado para a entrega da casa, Felipe viaja com sua família para Cabo Frio e, ao chegar 
ao imóvel, percebe que o conserto não havia sido feito. Por esta razão, Felipe informa a Andréia 
que não vai mais alugar o imóvel, retornando para Niterói. 
 
Revoltada pelo descumprimento do pactuado, uma vez que deixara de ganhar dinheiro com o 
aluguel do imóvel no verão, Andréia propõe uma ação indenizatória em face de Felipe em razão do 
inadimplemento contratual. Com base nos fatos expostos responda de forma fundamentada e 
justificada. 
 
A) Citado para a presente ação, que defesa poderia ser apresentada por Felipe para elidir a 
pretensão autoral? 
B) A resposta seria a mesma se no contrato houvesse a cláusula “solve et repete”? 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Certex celebrou com a empresa Maktub Ltda. contrato escrito de prestação de serviços, com prazo 
de quatro anos, para manutenção dos elevadores do primeiro. 
Passado o segundo ano, a empresa prestou serviço falho, vindo a causar danos a Certex. 
Ingressou esta com ação de rescisão contratual, pleiteando, cumulativamente, a devolução da 
remuneração até então paga pela empresa, bem como perdas e danos. Indaga-se: 
 
1) Ocorreu na hipótese descumprimento contratual ? Em caso positivo de que natureza ? 
Justifique. 
 
2) O pedido formulado pela empresa Certex tem amparo na legislação vigente ? Justifique. 
 
3) Poderiam as empresas que firmaram o contrato estipular sua extinção por acordo ? Justifique. 
 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: “A” comprou de “B” uma casa, por escritura pública, pelo preço de R$ 200.000,00 
(duzentos mil reais), pagando R$ 20.000,00 de sinal. “A” obrigou-se a pagar o restante do preço 
mediante financiamento da Caixa Econômica Estadual, a ser obtido no prazo de 3 meses. Acontece 
que, após ter sido pago o sinal, referida Caixa fechou sua Carteira de Financiamento, pelo período 
de um ano, o que impossibilitou o comprador “A” de completar o pagamento do preço. Esse fato, 
em si 
 
(A) acarreta a extinção do contrato por resolução. 
(B) acarreta a extinção do contrato por resilição. 
(C) acarreta a extinção do contrato por rescisão. 
(D) não acarreta a extinção do contrato. 
 
 
 
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2ª Questão: “A” obrigou-se a construir para “B” um edifício, com 12 andares, que foi terminado, 
segundo peremptória afirmação de “A”. Por sua vez, “B” alega que houve cumprimento 
insatisfatório e inadequado da obrigação por parte de “A”, que não observou, rigorosamente, a 
qualidade dos materiais especificados no memorial. Assim, “B” suspende os últimos pagamentos 
devidos a “A”, 
 
(A) aguardando que este cumpra, corretamente, a obrigação. 
(B) ajuizando ação com fundamento na exceptio non adimpleti contractus. 
(C) ajuizando ação com fundamento na cláusula rebus sic stantibus. 
(D) ajuizando ação com fundamento na exceptio non rite adimpleti contractus. 
 
 
SEMANA 9 
 
Contratos nominados ou típicos. Novidades do Código Civil vigente. Apresentação: conceitos, 
características e noções gerais. Contrato estimatório. Contrato de comissão. Agência e distribuição. 
Corretagem. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – As transformações do Código Civil vigente são decorrentes do anacronismo de algumas 
espécies de contrato, hoje arcaicas e superadas, estando substituídas por outras absorvidas da 
vida em sociedade. 
 
2 – Como efeito da união do Direito Civil e do Direito de Empresa, alguns contratos, outrora 
abordados no âmbito do Direito Comercial, foram inseridos no Direito Civil, como a comissão, 
corretagem, transporte, bem como agência e distribuição. 
 
3 – Contrato estimatório é também denominado venda em consignação. Consiste numa parte 
(consignante) que entrega bens móveis a outra (consignatária), ficando esta autorizada a vendê-
los pelo preço estimado pelo consignante. Se tiver êxito na venda, pagara um preço ajustado ao 
consignante (valor certo ou porcentagem); se não tiver sucesso, deverá cumprir a obrigação de 
restituir no tempo avençado. 
 
3.1 – Trata-se de um contrato real (somente se aperfeiçoa após a entrega da coisa ao 
consignatário), unilateral (o consignante assume obrigação de não dispor antes da restituição – 
obrigação de não-fazer), oneroso (ambas as partes perseguem vantagem econômica), comutativo 
(não envolve riscos para as partes). 
 
3.2 – A responsabilidade por qualquer perda ou deterioração da coisa consignada fica a cargo do 
consignatário, o qual não se isenta da obrigação de pagar pelo preço da coisa ainda que o evento 
danoso ocorra por fato totalmente alheio às suas vontade e forças. 
 
3.3 – O consignatário tem a posse da coisa, porém a propriedade é do consignante até que seja 
vendida. Portanto, não se admite qualquer constrição patrimonial sobre o bem em razão de dívida 
do consignatário, mas apenas se o devedor for o consignante. 
 
4 – Segundo o contrato de comissão, uma das partes (comissário) obriga-se a realizar negócios em 
favor da outra parte (comitente). Contudo, apesar de seguir instruções do comitente, o comissário 
 
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age em seu próprio nome. Eis a relevância da comissão: uma pessoa contrato com terceiros em 
seu próprio nome, porém na defesa de interesse alheio. 
 
4.1 – O objeto do contrato de comissão é a compra e venda de bens, mantendo em sigilo o real 
interessado, o comitente. 
 
4.2 – Trata-se de contrato bilateral (comissário assume obrigação de fazer, enquanto que o 
comitente tem obrigação de remunerá-lo), consensual (aperfeiçoa-se pelo acordo de vontades), 
oneroso (ambas as partes obtêm vantagem econômica), comutativo (não envolve riscos), informal 
e personalíssimo. 
 
4.3 – A remuneração, normalmente, é avençada em percentagem sobre o valor do negócio 
celebrado pelo comissário. Se as partes não acordarem o preço expressamente, será arbitrada pelo 
costume local. 
 
4.4 – Se o comissário morrer ou não puder, por outro motivo, executar integralmente a obrigação 
que assumiu, terá ele ou seus herdeiros direito à remuneração proporcional. 
 
4.5 – Sem prejuízo da remuneração, terá o comitente de indenizar os eventuais danos sofridos 
pelo comissário ao executar a obrigação pactuada, bem como ressarcir o comissário por perdas e 
danos decorrentes de demissão imotivada. 
 
4.6 – Até ser reembolsado das suas despesas, perceber a indenização por danos sofridos no 
cumprimento da sua obrigação e a remuneração pelo serviço, poderá o comissário exercer 
retenção sobre a coisa adquirida em favor do comitente. 
 
4.7 – Em contrapartida, se o comissário desobedecer as instruções do comitente, terá de 
responder pelos prejuízos causados. 
 
4.8 – Cláusula “del credere” deve ser prevista expressamente no contrato porque imputa 
responsabilidade ao comissário se celebrar negócio com pessoa insolvente (exceção à regra). 
 
4.9 – Trata-se de contrato bilateral, consensual, oneroso, comutativo, informal e personalíssimo. 
 
5 – Contrato de agência consiste na obrigação remunerada de uma das partes de promover, não 
eventualmente e com autonomia, as atividades desenvolvidas habitualmente pela outra parte. 
Distribuição é o negócio jurídico em que a coisa a ser negociada permanece à disposição do 
agente. 
 
5.1 – Trata-se de contrato bilateral, consensual, oneroso, comutativo, informal e personalíssimo. 
 
5.2 – Extrai-se do conceito as características do contrato: obrigação habitual e remunerada do 
agente em promover e fomentar os negócios do agenciado; delimitação da execução do serviço a 
ser prestado; exclusividade e independência na prestação da obrigação. 
 
5.3 – Agência e distribuição são o mesmo contrato. Contudo, num caso concreto, pode ocorrer que 
o agente não tenha em seu poder coisa do representado a ser negociada. Assim, ficaria excluída a 
distribuição do contrato de agência. 
 
5.4 – Admite o contrato resilição unilateral se realizado por prazo indeterminado, desde que a 
outra parte seja notificada num prazo de 90 dias e transcorrido tempo razoável para resgatar os 
 
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investimento realizados para execução do negócio. Na hipótese de divergência, caberá ao poder 
judiciário arbitrar o prazo moral. 
 
5.4.1 – Mesmo extinto o contrato, terá o agente direito à remuneração pelos serviços prestados, 
desde que aproveitem financeiramente o proponente, bem como este terá direito a perdas e danos 
se a extinção contratual causar-lhe prejuízos por culpa do agente. 
 
5.5 – A responsabilidade do agente é de meio e tem direito à remuneração por todos os negócios 
do proponente na zona de atuação fixada entre as partes, ainda que não tenha interferido. Logo, 
salvo estipulação em contrário, não deve o proponente constituir mais de um agente para a 
mesma atividade na mesma localidade, bem como não deve exercer ele próprio (proponente). 
 
5.6 – Em contrapartida, não deve o agente tratar de negócios da mesma natureza de uma 
pluralidade de propronentes. 
 
6 – Contrato de corretagem é consiste em uma pessoa, não vinculada numa relação de 
dependência, obriga-se a intermediar negócios para outra, denominada comitente, mediante 
remuneração. Por se tratar de obrigação de resultado, a comissão somente será devida se a 
conclusão do negócio tiver decorrido exclusivamente da atividade do corretor. 
 
6.1 – Apesar de assumir obrigação de resultado e dos entendimentos pretorianos anteriores ao 
Código Civil vigente, pode o corretor exigir remuneração se o negócio pretendido não for 
concretizado exclusivamente por arrependimento das partes. 
 
6.2 – Também terá direito à remuneração do corretor que não interveio no negócio celebrado se o 
contrato de corretagem contiver cláusula expressa que determine a exclusividade. Nesta hipótese, 
o corretor somente perderia sua comissão se ficasse comprovada sua inércia. 
 
6.3 – Os corretores podem ser livres ou oficiais: livres são pessoas que exercem habitualmente a 
atividade de corretagem sem nomeação oficial; os oficiais têm a profissão legalmente disciplinada, 
sendo investidos em cargo público, gozando de fé pública. Assim, estes últimos atuam na 
corretagem de valores públicos, mercadorias, navios, seguros, operação de câmbio etc. (Lei 
6.530/78). 
 
6.4 – A remuneração deve ser distribuída igualmente se vários corretores tiverem agido em 
conjunto para a celebração de um negócio, salvo ajuste expresso em contrário. 
 
6.5 – A atividade de corretagem é regulamentada pela Lei 6.530/78, a qual estabelece que o 
corretor deve ter inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI). Contudo, ainda 
que o corretor não esteja habilitado, deverá receber comissão mesmo assim, sob pena de 
enriquecimento ilícito. Eis o porquê ser devida a comissão também quando o negócio é concluído 
mediante a intervenção do corretor após o vencimento do prazo do contrato de corretagem. 
 
6.6 – A corretagem é contrato bilateral, oneroso, consensual, acessório, aleatório e informal. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender os motivos de inserção dos novos contratos no diploma em vigor; 
 
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 Identificar as características dos contratos estimatório, comissão, corretagem, agência e 
distribuição. 
 Solucionar casos corriqueiros que envolvam cada uma dessas modalidades contratuais. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos III, XI, XII e XIII. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 2, V. IV, Capítulos III, XII, XIII e XIV. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Carmênia combinou com Violeta deixar 30 (trinta) esculturas na loja desta para que a primeira as 
vendesse por preço convencionado, sob o compromisso de devolver as que não fossem vendidas 
no prazo estipulado, ou seja, 90 (noventa) dias. 
 
1) O contrato estabelecido é um contrato típico? Justifique. 
 
2) Se a restituição da coisa, em sua integridade, tornar-se impossível, ainda que por fato não 
imputado a Violeta, terá essa alguma responsabilidade ? 
 
3) As coisas consignadas podem ser objeto de penhora se pender sobre Carmênia processo de 
execução? 
 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Sidineia, interessada em vender seu imóvel, contratou oralmente os serviços de Marcio para que 
conseguisse um comprador interessado em pagar R$ 200.000,00 para adquiri-lo. Após algumas 
semanas, Maria, graçasao labor de Marcio, pagou R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a título de arras 
pelo apartamento de Sidineia, ficando de apresentar as certidões necessárias para a lavratura da 
escritura definitiva num prazo de um mês. 
 
Tendo se passado mais de seis meses sem que o negócio seja concretizado por problemas de 
ordem financeira enfrentados por Maria, Sidineia entende em não manter o preço de venda porque 
 
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todos os imóveis da região sofreram aumento de, ao menos, 15%. Logo, se vendido seu 
apartamento pelo preço avençado meio ano antes, sofreria grande prejuízo. Por outro lado, como 
Maria não poderia pagar o novo valor, R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais), não 
prossegue o negócio. 
 
Isto posto, pergunta-se: 
 
1) O contrato estabelecido é um contrato típico? Justifique. 
 
2) Deve Sidineia pagar remuneração a Marcio pelo trabalho que executou ? Justifique. 
 
3) Se Sidineia conseguisse vender seu imóvel por R$ 250.000,00 sem a intervenção de Marcio, 
teria de remunerá-lo ? Justifique. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Joana foi contratada para negociar a venda de várias telas de artistas plásticos 
famosos, todas pertencentes a Antonio. Segundo instruções do proprietário, poderia aceitar 
propostas de compra mediante pagamento em duas parcelas: a primeira no ato do contrato e a 
segunda num prazo de 30 dias. 
 
Maicou, colecionador de arte, acerta com Joana a compra de duas telas. No ato, emite um cheque 
referente a 50% do preço do negócio e outro parta pagamento em 30 dias. Contudo, não havia 
previsão de fundos em nenhum dos títulos e os quadros foram entregues. Movida a competente 
ação, as telas são devolvidas danificadas e se descobre que Maicon não tem patrimônio suficiente 
para arcar com a indenização devida. 
 
Diante disso, considerando que Joana sempre esteve autorizada para celebrar o contrato, marque 
a alternativa correta: 
 
(A) Joana é a única responsável perante Antonio, na medida em que o comissário é justamente 
contratado para evitar hipóteses como essa. 
 
(B) O comissário jamais responde pela insolvência das pessoas com quem contrata, principalmente 
se demonstra-se zeloso na execução da obrigação. 
 
(C) A comissária não responde pela insolvência de Maicon, salvo se pudesse conhecer o estado 
patrimonial dele ou se assumiu expressamente tal responsabilidade. 
 
(D) Impõe-se a Antonio o prejuízo sofrido porque o contrato de comissão é aleatório, pelo que 
implica em assumir os riscos de ocorrer situação como essa. 
 
 
2ª Questão: Arlete Costa, cantora em ascensão, celebrou contrato de agenciamento com TT Ltda. 
A empresa, após muitos esforços, consegue inseri-la no elenco de artistas que se apresentariam 
num festival internacional a ocorrer em Portugal seis meses adiante, ficando os ajustes relativos à 
data, cachê, modo de pagamento, dentre outros, pendentes para quando o evento estivesse mais 
próximo. 
 
 
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Influenciada por outras pessoas do meio artístico e por críticos, que a consideram o novo grande 
nome da música, resolve Ivete romper o contrato por considerar que o seu agente não está mais à 
altura do seu atual estrelato. 
 
Isto posto, marque a alternativa INCORRETA: 
 
(A) Poderia Arlete extinguir o contrato sem qualquer justificativa, desde que não haja prazo 
determinado e notifique o agente com 90 dias de antecedência. 
 
(B) De qualquer modo, ainda que se trate de resilição, será devida remuneração ao agente pelos 
lucros obtidos pela proponente em decorrência do trabalho iniciado por ele. 
 
(C) O direito de resilição fica atrelado ao tempo razoável em que o agente possa resgatar os 
investimentos feitos em favor do proponente, sob pena de perdas e danos. 
 
(D) Em hipótese alguma, poderia Arlete extinguir o contrato sem justa causa, pelo que deve pagar 
indenização em razão das perdas e danos sofridas pelo agente. 
 
 
 
SEMANA 10 
 
Compra e venda: Conceito e características. Natureza jurídica. Elementos. Modalidades especiais 
de venda. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Compra e venda é o contrato bilateral em que uma das partes assume a obrigação de 
transferir o domínio de um bem patrimonial, ainda que incorpóreo, a outrem mediante a 
contraprestação em dinheiro. Assim, não se confunde com troca (envolve dinheiro pela coisa) nem 
com a doação. 
 
2 – O contrato não confere direito real ao comprador, mas sim o direito de exigir a sua 
constituição. Se o bem for móvel, a propriedade somente será constituída após a tradição; se 
imóvel, mediante o registro. 
 
3 – A compra e venda consiste em contrato essencialmente bilateral, oneroso e consensual. A 
formalidade, comutatividade e paridade dependerão de cada caso. 
 
4 – São elementos da compra e venda: coisa, preço e consentimento. 
 
5 – A venda de ascendente para descendente é anulável se não houver o consentimento dos 
demais descendentes do vendedor e do cônjuge. 
 
5.1 – Como a lei não declara o prazo para se requerer a anulação, é atraída a vigência do art. 179, 
CC. Logo, o tempo para ser pleiteada a decretação de invalidade do ato é de 2 anos. 
 
5.2 – Considerando que o fundamento da norma é garantir a igualdade entre os descendentes ao 
tempo da abertura da sucessão, bem como a vigilância em não se diminuir o patrimônio do 
ascendente para beneficiar apenas um, não são todos os descendentes que devem consentir para 
que o contrato seja válido, mas sim apenas aqueles que seriam convocados à sucessão se aberta à 
época da celebração do negócio. 
 
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5.3 – Relevante destacar algumas regras sucessórias de modo superficial: a sucessão do 
descendente em grau mais próximo retira o mais remoto; direito de representação na hipótese de 
pré-morte; definir o que é herdeiro necessário e a legítima. 
 
5.4 – O cônjuge casado pelo regime da separação obrigatória não concorre na herança com os 
descendentes. Por isso, a lei dispensa a sua manifestação quando celebrado o contrato de venda 
de ascendente para descendente. 
 
5.5 – É controvertido o suprimento judicial se um dos descendentes não concordar com a venda, 
mesmo que sem fundamentos ou sem razão justa, na medida em que a lei não prevê a hipótese. 
Contudo, prevalece o entendimento de ser possível requerer ao juiz suprir a vontade não 
expressada tal qual ocorre no direito de família (art. 1631, parágrafo único e 1648, ambos do CC). 
 
6 – Não é possível a venda de coisa entre cônjuges se o objeto estiver em comunhão, ou seja, 
somente é válido o contrato acerca de bens particulares. Afinal, não se pode vender a alguém o 
que já lhe pertence. 
 
6.1 – Importante destacar a comunicabilidade patrimonial de acordo com os regimes de bem (ao 
menos a comunhão universal, comunhão parcial e separação absoluta). 
 
7 – Ninguém é obrigado a permanecer condômino contra a própria vontade. Assim, a lei confere o 
direito de, a qualquer tempo, ser extinto o condomínio. 
 
7.1 – Relevante apontar os diferentes tipos de condomínio e concluir que a lei, neste aspecto, 
refere-se à situação em que duas ou mais pessoas duas ou mais pessoas são proprietárias da 
mesma coisa. 
 
7.2 – Sendo a coisa indivisível, cada condômino tem a propriedade de uma fração ideal. Assim, se 
tiver a intenção de vendê-la, terá de antes oferecer aos demais. 
 
7.3 – Se mais de um condômino tiver interesse na aquisição da fração ideal, o critério de 
desempate é o quanto cada um gastou em benfeitorias. Se não puder ser aplicado, a preferência 
será de quem tiver a maior fração ideal. Finalmente, se as demais falharem, terão a fração ideal os 
condôminos que a quiserem a pagarem o preçopreviamente. 
 
7.4 – Ocorrendo a alienação sem ser conferido o direito de preferência, terá o condômino 
prejudicado a faculdade de reivindicar a fração ideal, desde que, mediante depósito do preço, 
exerça seu direito no prazo decadencial de 180 dias. 
 
8 – Considera-se a venda ad mensuram quando o seu preço é fixado exclusivamente em razão da 
unidade de dimensão ou pela extensão do imóvel. É ad corpus quando o tamanho do imóvel é 
enunciativo, não sendo o elemento determinante do valor do contrato. 
 
8.1 – Sendo ad mensuram a venda e a dimensão real for menor do que a área anunciada, o 
adquirente tem o direito de exigir a complementação (ação ex empto). Se impossível 
complementar, poderá demandar a devolução do preço (ação redibitória) ou o abatimento 
proporcional (ação estimatória). 
 
8.2 – Ainda que ad mensuram a venda, se a diferença a ser complementada não for superior a 
1/20 da área anunciada, não terá qualquer direito o adquirente, sendo considerada a venda 
equiparada a ad corpus. 
 
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8.2.1 – Excepciona-se a regra se, mesmo pequena a diferença, conseguir o adquirente comprovar 
que não teria celebrado o contrato caso soubesse da diferença, ainda que não superior a 1/20 da 
área enunciada. 
 
8.3 – Na hipótese de aquisição de imóvel de área maior do que a anunciada, o vendedor nada 
poderá reclamar, salvo se provar que não tinha meios de saber da diferença. Neste caso, terá o 
adquirente a obrigação alternativa de pagar o equivalente à diferença ou devolver o lote que 
recebeu a maior. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar o contrato de compra e venda. 
 Diferenciar o contrato de compra e venda da doação e troca. 
 Compreender os meandros e as dificuldades que envolvem a venda entre cônjuges, 
ascendentes e descendentes, condôminos e terceiros, e a venda ad mensuram. 
 Estabelecer as características da venda ad corpus e da ad mensuram. 
 Elencar os elementos do contrato de compra e venda. 
 Traçar a classificação do contrato de compra e venda. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulo I. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulo I. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Antônio comprou área de 20.000 metros quadrados para nela instalar uma empresa. Celebrado o 
contrato e registrado o título respectivo, Antônio constatou, com perícia, ao cabo de seis meses 
após esse registro, que a área adquirida só possuía 19.500 metros quadrados. Destarte, pretende 
desfazer o negócio a fim de reaver o dinheiro pago pelo imóvel. 
 
 
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1 ) A pretensão de Antônio procede? Justifique a resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
2) Na hipótese de a área real ser de 20.000 metros quadrados e Antônio ter pago o preço de 
apenas 19.500 metros quadrados, poderia o vendedor reclamar a diferença ? Justifique a 
resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Otávio tem três filhos e cinco netos, todos maiores e capazes. Decide vender um dos seus imóveis 
para o filho mais velho, haja vista necessitar urgentemente de dinheiro para custear despesas 
médicas. Por orientação de um advogado, solicitou a todos os descendentes que assinassem a 
escritura em manifestação de anuência. 
 
O filho mais novo, por ciúmes do irmão, nega-se a expressar concordância e ameaça promover 
ação anulatória se prosseguirem na celebração do contrato. 
 
Isto posto, responda: 
 
1) Há alguma medida a ser promovida pelos contratantes para se resguardarem da atitude de um 
dos descendentes ? Justifique a resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
2) Todos os descendentes devem consentir quanto à celebração deste contrato ? Justifique a 
resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
3) Qual o prazo para dedução da pretensão anulatória do contrato ? 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Carlos, Marcos e Miguel são proprietários de um mesmo apartamento, sendo certo 
que o primeiro tem fração ideal de 50%, o segundo e o terceiro 25% cada um. Miguel tem 
interesse em vender sua fração ideal pelo preço de R$ 250.000,00 e a oferece aos demais 
condôminos. Ambos ficam interessados e querem preferência na aquisição. 
 
Diante disso, marque a alternativa correta quanto á solução do caso: 
 
(A) Carlos tem preferência porque é proprietário da maior fração ideal. 
 
(B) A preferência é de Marcos porque foi quem mais gastou com benfeitorias no imóvel. 
 
(C) Ambos têm igual direito, cabendo-lhes depositar o preço previamente. 
 
(D) Ninguém tem direito de preferência, podendo Miguel vender a quem quiser. 
 
 
2ª Questão: Considerando as características do contrato de compra e venda, marque a alternativa 
correta: 
 
(A) Unilateral, oneroso e consensual. 
 
(B) Bilateral, oneroso e consensual. 
 
 
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(C) Bilateral, oneroso e real. 
 
(D) Bilateral, gratuito e consensual. 
 
 
 
SEMANA 1I 
 
Cláusulas especiais à compra e venda. Contrato de permuta ou troca. Empreitada. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – As cláusulas especiais implicam na atração de situações excepcionais nas relações jurídicas as 
quais não ocorreriam sem a existência de acordo expresso. Portanto, a compra e venda que as 
envolver configurará contrato formal. 
 
2 – A retrovenda consiste na avença entre as partes pela qual o vendedor reserva-se o direito de 
comprar a coisa alienada no prazo estabelecido entre as partes mediante devolução do preço 
recebido acrescido das despesas efetuadas pelo comprador e benfeitorias feitas por este, sendo 
certo que a autorização para realizá-las somente é dispensada se forem necessárias. 
 
2.1 – Tem a retrovenda a natureza de condição resolutiva, implicando no desfazimento da venda , 
retornando as partes à situação anterior. Portanto, não há fato gerado de novo imposto de 
transmissão de propriedade. 
 
2.2 – O prazo decadencial máximo para o exercício da retrovenda (direito de retrato ou resgate) é 
de 3 anos. Qualquer excesso reputa-se não escrito. 
 
2.3 – A reivindicação da coisa fica atrelada ao depósito de respectivo preço. Enquanto não houver 
pagamento integral, não fica o comprador obrigado a restituir o bem ao vendedor. 
 
2.4 – Registrado o título pelo comprador, torna-se ele proprietário, podendo alienar o bem. 
Contudo, não fica prejudicado o vendedor se quiser exercer seu direito de resgate, na medida em 
que a cláusula de retrato é gravada. Logo, trata-se de cláusula com eficácia real, oponível a 
terceiros eventuais adquirentes do imóvel enquanto não vencido o prazo. 
 
3 –Preempção (preferência ou prelação) é pacto segundo o qual o comprador de um bem móvel ou 
imóvel obriga-se a oferecê-lo ao vendedor se, futuramente, pretender vendê-lo ou dá-lo em 
pagamento, tanto por tanto. 
 
3.1 – Diferenças da retrovenda: presta-se tanto para bens móveis quanto imóveis; o preço é 
estabelecido livremente; a cláusula de preempção somente gera efeitos entre as partes, não sendo 
oponível a terceiros, tampouco seus direitos são sucedidos pelos herdeiros. 
 
3.2 – O prazo para exercício da preferência é estabelecido entre aspartes, não podendo ser 
superior a 180 dias, se a coisa for móvel, e 2 anos, se imóvel. Na hipótese de as partes não 
fixarem o prazo, dispõe a norma jurídica ser de 3 ou 60 dias, dependendo se a coisa for móvel ou 
imóvel, respectivamente. 
 
3.3 – Os prazos começam a correr da data em que o houver o efetivo recebimento da notificação, 
que, salvo disposição contratual em contrário, pode ser extrajudicial. 
 
 
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 3.4 – O desrespeito ao direito de preferência, não se dando ciência ao vendedor sobre preço e 
vantagens, implica em perdas e danos. Responde também o adquirente se tiver agido de má-fé. 
 
3.5 – Denomina-se retrocessão a preempção legal conferida ao desapropriado quando a coisa não 
receber o destino que justificou a desapropriação ou qualquer outra finalidade de interesse público. 
 
4 – Venda a contento do comprador consiste no contrato em que o comprador somente se obriga a 
pagar preço pela coisa após declarar seu agrado. Se estipulada a cláusula especial e tendo sido 
previamente entregue a coisa ao adquirente, é este considerado comodatário até manifestar seu 
contentamento. 
 
4.1 – O aperfeiçoamento do contrato após a expressa manifestação do comprador pela aceitação 
da oferta. 
 
5 – Venda sujeita à prova é ato jurídico que apenas se perfaz após a comprovação das qualidades 
da coisa asseguradas pelo vendedor. Caso confirmadas pelo comprador, não poderá este recusá-la, 
assumindo, a partir de então, as obrigações decorrentes da compra. Até então, recebe o mesmo 
tratamento do comodatário. 
 
6 – Venda com reserva de domínio consiste em modalidade especial de contrato que versa sobre 
bem móvel em que a entrega do bem ao comprador somente transfere a posse. A propriedade 
permanece com o vendedor até o pagamento integral do débito, o que significa execução 
continuada oi diferida da obrigação de pagar. 
 
6.1 – A inadimplência da obrigação do comprador faz nascer ao vendedor a alternativa de exigir o 
pagamento ou recuperar a coisa. Se entender pela primeira opção, fica consolidada a propriedade 
da coisa no patrimônio do comprador, pelo que poderá ser penhorada em execução promovida pelo 
vendedor. 
 
6.2 – Optando o vendedor por reclamar o bem, terá de restituir ao comprador o valor já pago, 
antes deduzindo a quantia referente à depreciação da coisa, as despesas sofridas e qualquer outro 
prejuízo. 
 
6.3 – A fim de conferir à cláusula oponibilidade em face de terceiros, deverá o contrato ser 
registrado no cartório de títulos e documentos do domicílio do comprador. 
 
7 – Venda sobre documentos tem maior incidência no comércio marítimo e sua finalidade é conferir 
agilidade na venda de mercadorias móveis. Logo, a obrigação do vendedor é cumprida mediante a 
entrega de documento que signifique a própria coisa. 
 
7.1 – A entrega de documentação regular faz presumir o estado e a qualidade da coisa vendida. 
 
8 – Contrato de troca é aquele em que as partes obrigam-se a entregar a propriedade de uma 
coisa mediante o recebimento de outra. 
 
8.1 – Trata-se de contrato bilateral, oneroso, consensual e, normalmente, paritários. 
 
8.2 – Se contrato envolver em troca e complementação em dinheiro configura compra e venda se 
o valor em dinheiro significar mais da metade do preço do negócio. Caso contrário, será 
considerado contrato de troca. 
 
 
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8.3 – As mesmas regras que se aplicam aos contratos de compra e venda incidem nos contratos de 
troca, ressalva a divisão das despesas referentes ao contrato e a necessidade de consentimento 
dos descendentes se houver desigualdade do valor dos bens trocados entre ascendentes e 
descendentes. 
 
8.3.1 – É pacífico o entendimento de isenção de concordância dos descendentes se o bem 
pertencente ao ascendente for o menos valioso. 
 
9 – Empreitada é o contrato em que uma das partes assume a obrigação de realizar determinada 
obra, pessoalmente ou por terceiros, conforme as orientações da outra parte, que tem a obrigação 
de lhe remunerar. 
 
9.1 – Por ser uma relação contratual civil, não há subordinação entre o empreiteiro e o dono da 
obra. 
 
9.2 – O objeto do contrato é o resultado final da obra, pelo que não faz jus o empreiteiro à maior 
remuneração se a execução tomar mais tempo que o esperado, tampouco receberia menos se a 
conclusão ocorrer em menos tempo. 
 
9.3 – A abordagem do tema requer cuidado especial porque a incidência desta modalidade de 
contrato no campo social se dá na seara do mercado de consumo. Logo, deve-se ter cautela na 
aplicação do ordenamento jurídico porque é atraída a vigência do CDC. Em suma, o Código Civil 
tem lugar quando não está configurada a relação consumerista ou como diploma subsidiário. 
 
9.4 – São características do contrato de empreitada: bilateralidade, onerosidade (empreitada 
presume-se onerosa), consensualidade, informalidade, comutatividade e execução continuada. 
 
9.5 – São suas espécies: empreitada de obra ou lavor e empreitada mista. Na primeira 
modalidade, que consiste na regra, o empreiteiro somente contribui com o seu trabalho, sendo 
responsabilidade do dono da obra o fornecimento do material; já na segunda, o empreiteiro 
também tem a obrigação de fornecer os materiais. 
 
9.5.1 – É importante estabelecer a espécie de empreitada porque, dentre outros efeitos, determina 
que deve assumir os riscos do contrato. Adotado o princípio geral res perit domino, quando a 
empreitada é de obra ou lavor, quem sofre a perda é o dono da obra, se não houver culpa do 
empreiteiro (nesta hipótese, ele fica responsável). Ademais, o empreiteiro também não responde 
pelos danos se houver mora do dono da obra ou se os prejuízos forem causados pela qualidade ou 
quantidade do material, tendo sido o dono da obra alertado do fato à tempo. 
 
Contudo, se a empreitada for mista, todos os riscos correm por conta do empreiteiro, salvo se o 
dono da obra estiver em mora. 
 
9.6 – A Lei 4.591/64 ainda prevê o contrato de construção sob administração, segundo o qual a 
obra é realizada de acordo com a concessão de recursos, materiais e ordens do dono da obra, 
restringindo-se o empreiteiro a execução da obrigação de fazer. Diferencia-se da empreitada 
propriamente dita, em que o construtor/empreiteiro assume todos os encargos e custos da 
obra/construção. 
 
9.7 – A remuneração ao empreiteiro pode ser convencionada por etapas ou globalmente. De 
qualquer forma, tem o dono da obra o direito de verificar o resultado ao tempo do seu 
recebimento. Tendo pago o preço quando recebida a obra, presume-se a verificação. Nada poderá 
 
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reclamar após 30 dias do recebimento sem que tenha havido denúncia quanto à qualidade e exata 
execução da obrigação do empreiteiro. 
 
9.8 – Incide nos contratos de empreitada a teoria dos vícios redibitórios, segundo a qual o dono 
da obra tem o prazo de 1 ano para reclamar de defeitos ocultos que somente possam ser 
percebidos mediante a utilização da coisa. 
 
9.9 – O prazo de 5 anos somente se refere à solidez e segurança, que consiste em conferir 
garantia ao dono da obra. O direito de exercer a respectiva ação decai em 180 dias a contar da 
data do surgimento do vício ou defeito. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender as características e efeitos das cláusulas especiais. 
 Diferenciar as cláusulas especiais entre si e institutos semelhantes. 
 Conceituar o contrato de troca e estabelecer suas semelhanças e diferenças do contrato de 
compra e venda. 
 Conceituar o contrato de empreitada. 
 Elencar as características e efeitos do contrato de empreitadade acordo com suas espécies. 
 Diferenciar a responsabilidade do dono da obra e do empreiteiro, sendo que, neste último, 
aplicar os prazos de acordo com a característica do evento. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos I, II e VIII. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulos I, II e VIII. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
João comprou imóvel de Antônio mediante cláusula de retrovenda, tendo as partes avençado que o 
direito de retrato poderia ser exercido no prazo de 4 anos após a transferência da propriedade. 
Ocorre que, 3 anos e 6 meses após o negócio jurídico, Antônio tenta resgatar, porém João vendera 
 
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a coisa a terceiro. Antônio procura você, advogado, para se informar se pode exercer o direito que 
a cláusula de retrovenda lhe confere perante este terceiro. 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Otávio tem três filhos e cinco netos, todos maiores e capazes. Decide trocar uma casa por um 
apartamento do seu filho mais velho, haja vista os altos custo de manutenção de um imóvel 
grande. Contudo, como deixou de colher a anuência expressa de todos os seus descendentes, o 
filho mais promove ação anulatória por vício de forma, bem como pelo fato de os imóveis não 
serem igualmente valiosos. 
 
Isto posto, segundo entendimento predominante em manifestações pretorianas e doutrinárias, qual 
deveria ser o resultado da causa se comprovado ser o apartamento mais valioso do que a casa ? 
Justifique. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: O empreiteiro Célio Aguiar foi contratado para a construção de um empreendimento 
em Santos. O contrato foi de empreitada mista. Após cinco anos e nove meses da conclusão da 
obra, apareceu uma rachadura que se estendia do teto até a parte térrea da casa. Um perito 
esteve no local e constatou defeito na construção. Alegou o empreiteiro que sua responsabilidade 
pelo trabalho executado seria só por cinco anos. 
 
Diante disso, marque a alternativa correta: 
 
(A) Está correto o empreiteiro porque se trata de questão que envolve solidez e segurança, pelo 
que nada deve responder. 
 
(B) Enganou-se o empreiteiro, pois, em se tratando de vício de qualidade, a responsabilidade é de 
30 dias tão logo possa o vício ser percebido. 
 
(C) Se constatado defeito em razão de culpa do empreiteiro, o prazo será de três anos, previsto no 
art. 206, §3º, V, do Código Civil, a contar da data da lesão. 
 
(D) Somente estaria correto o empreiteiro se o contrato fosse de lavor, em que a responsabilidade 
é imputada ao dono da obra. 
 
 
2ª Questão: Em contrato de empreitada mista, o dono de uma obra verificou que o preço dos 
materiais empregados na execução dos serviços sofrera significativa queda no mercado, o que 
acarretou redução, no valor total da obra, superior a 12% do que fora convencionado pelas partes. 
Diante disso, pleiteou ao empreiteiro a revisão do preço original, de modo a garantir abatimento 
correspondente à redução verificada. Em resposta a tal pedido, o empreiteiro argumentou que não 
seria possível qualquer revisão porque a queda no preço dos materiais resultara de fenômeno 
sazonal e, portanto, não se apresentava como motivo imprevisível capaz de justificar o 
requerimento. 
 
Com base no Código Civil, marque a alternativa correta: 
 
(A) Não tem direito o dono da obra ao abatimento do preço, haja vista ter assumido o risco da 
variação dos preços quando não elegeu a empreitada por lavor. 
 
 
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(B) A solução do caso depende das cláusulas avençadas entre as partes, na medida em que a 
obrigação do empreiteiro é o resultado. 
 
(C) O abatimento do preço é possível desde que presentes os elementos autorizadores da revisão 
do contrato segundo a teoria da imprevisão. 
 
(D) Por se tratar da empreitada mista e a variação do preço dos materiais ter sido superior a 10%, 
é direito do dono da obra exigir a revisão do preço pactuado. 
 
 
SEMANA 12 
 
Doação: Conceito e elementos característicos. Natureza jurídica. Pressupostos e requisitos. 
Espécies. Modalidades especiais de doação. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Doação é o contrato em que uma das partes assume a obrigação de transferir a propriedade de 
Um bem a outrem por mera liberalidade. Assim, são elementos do negócio: a vontade de praticar a 
liberalidade, a oferta do doador de transferir um bem e a aceitação do donatário. 
 
1.1 – A lei admite a aceitação tácita. Assim, se o sujeito nada declarar e ficar com a coisa objeto 
do contrato, reputa-se concluído o contrato de doação. 
 
1.2 – Existe a figura da aceitação ficta na hipótese em que o donatário for incapaz. 
 
2 – A doação é pura quando o donatário nada tem a fazer ou entregar ao doador para ser credor 
do direito de receber a coisa. Outrossim, o contrato não fica vinculado a qualquer condição ou 
outro elemento qualquer que possa atingir sua eficácia. 
 
2.1 – Há doação pura quando o pagamento efetuado pelo serviço de alguém for superior ao 
cobrado. Logo, o preço equivalente ao ajustado é pagamento; o que lhe superar é doação pura e 
simples. 
 
3 – Doação onerosa impõe ao donatário o cumprimento de um dever para ser merecedor da 
aquisição do bem pertencente ao doador. Logo, seu patrimônio não é aumentado a custa de nada, 
mas sim em razão da realização de uma incumbência. 
 
3.1 – O encargo não consiste em obrigação do donatário, mas sim elemento acidental do negócio 
jurídico. Destarte, o contrato surte efeito tão logo celebrado, porém o descumprimento acarreta na 
perda da aptidão do contrato em gerar efeitos, na forma do art. 136, CC. Se tivesse natureza 
obrigacional, seu descumprimento implicaria em perdas e danos. 
 
3.2 – O encargo pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou da coletividade em geral. 
Havendo mora do donatário, apenas o doador pode pleitear a revogação do contrato. Contudo, o 
Ministério Público pode exigir o cumprimento do encargo se destinado em favor de interesse geral 
e o doador não o tiver feito antes de sua morte. 
 
3.3 – Aplicada a tese da estipulação em favor de terceiro, o beneficiado pelo encargo também 
poderá pleitear o cumprimento do encargo. 
 
 
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3.4 – Se previsto encargo impossível ou ilícito, reputa-se não-escrito. Se, todavia, for a causa 
determinante da doação, fica o contrato integralmente invalidado, segundo preceitua o art. 137, 
CC. 
 
4 – Doação remuneratória é celebrada em retribuição a serviços prestados ao donatário em que 
não tenha havido exigência de pagamento. 
 
5 – Denomina-se doação em contemplação de casamento futuro quando o contrato é celebrado em 
razão das núpcias do donatário com pessoa certa e determinada. Assim, pode ser doador um dos 
nubentes e donatário o outro; um terceiro pode ser doador e ambos ou apenas um dos nubentes 
ser o donatário, bem como se admite a doação de um bem para a futura prole do casal. 
 
5.1 – Não se requer a manifestação de aceitação, bastando a concretização do casamento para 
aperfeiçoar o ato jurídico. Pela mesma razão, se não ocorrer o casamento, o negócio jurídico não 
se concretiza, pelo que devem os bensobjetos de doação ser restituídos aos doadores. 
 
6 – Doação ao nascituro é válida, sendo manifestada a aceitação pelo representante legal. 
Contudo, o negócio jurídico somente fica perfeito com o nascimento com vida. Logo, se não houver 
nascimento, os objetos doados devem ser restituídos aos doadores. 
 
6.1 – O donatário, na verdade, é o nascituro. Como a lei não lhe confere aptidão para adquirir 
direitos, os efeitos da doação dependem do nascimento, quando então tem início a personalidade. 
 
7 – A doação em comum a mais de uma pessoa (doação conjuntiva) ocorre quando houver 
pluralidade de donatários, sendo todos proprietários da coisa. Se os donatários forem sócios 
conjugais, haverá direito de acrescer ao sobrevivente quando um deles morrer. 
 
8 – A doação de ascendente para descendente não implica na necessidade de concordância dos 
demais descendentes. Contudo, o valor da coisa doada, ao tempo da liberalidade, terá de ser 
corrigido monetariamente para ser considerado ao tempo da abertura da sucessão do doador. 
Assim, terá o descendente de abater do valor do seu quinhão sucessório o monte já recebido em 
doação. 
 
8.2 – Pode o ascendente doador obstar a colação do valor do contrato para descontar do quinhão a 
ser sucedido pelo donatário se houver cláusula expressa no contrato de doação ou se fizer 
testamento com tal objetivo. 
 
8.3 – Se o descendente donatário não for filho do ascendente doador, somente terá de colacionar o 
valor da doação se tiver qualidade de herdeiro à época da liberalidade. 
 
9 – Considera-se inoficiosa a doação cujo valor exceder ao montante que poderia ser livremente 
disposto pelo doador em testamento à época da celebração do contrato. 
 
9.1 – O contrato é válido se ultrapassar a metade máxima que poderia ser disposta pelo doador. A 
nulidade está apenas no excesso. 
 
9.2 – Havendo multiplicidade de doações, a ordem da redução é da última à primeira. 
 
9.3 – Não são consideradas inoficiosas as doações feitas antes de o doador ter herdeiros 
necessários. 
 
 
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Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
10 – Doação universal é aquele que envolve todos os bens do doador, ainda que não tenha 
herdeiros necessários, não havendo reserva de parte ou renda suficiente para a subsistência digna 
do doador. Consiste em modalidade de negócio jurídico nulo. 
 
10.1 – Visa a nulidade a evitar que alguém, por sua negligência ou imprevidência, reduza-se à 
miséria, tornando-se um problema social. 
 
11 – É anulável a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice, havendo o prazo de 2 anos para 
promover a ação anulatória, a contar da dissolução da sociedade conjugal. 
 
11.1 – Sendo a fidelidade um dos deveres conjugais, descumpri-la significa agir antijuridicamente, 
o que merece resposta do ordenamento jurídico. 
 
11.2 – Por ter a lei utilizado a expressão cúmplice, a anulação somente atingiria a pessoa que 
aceitou a doação sabendo que manter relações com pessoa casada. Comprovada a ignorância do 
donatário quanto à prática do adultério, pode resistir à pretensão anulatória. 
 
12 – Doação mediante reversão (com cláusula de retorno) é aquela em que o doador estipula 
retornar a coisa doada ao seu patrimônio se sobreviver ao donatário. 
 
12.1 – Trata-se de constituição de propriedade resolúvel, em que o direito do donatário é intuitu 
personae. Se morrer antes do doador, o bem não será entregue aos seus herdeiros, mas sim 
retornará ao patrimônio do doador. 
 
12.2 – A propriedade fica gravada com a cláusula de retorno. Logo, quem adquirir do donatário a 
propriedade do bem, terá de se sujeitas aos efeitos da cláusula, não sendo prejudicado o direito do 
doador de reivindicar a coisa na hipótese de morte do donatário. 
 
12.3 – A morte simultânea consolida a propriedade do donatário, na medida em que o doador teria 
de sobrevivê-lo para ser extinto o direito real adquirido pelo contrato de doação. 
 
12.4 – Não se pode convencionar o retorno da coisa em favor de terceiro. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar o contrato de doação. 
 Identificar as características do contrato. 
 Compreender as espécies e respectivos efeitos de doação 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
 
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Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulo IV. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulo IV. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Tício doa à Mévia um imóvel com cláusula de reversão, segundo a qual, caso o doador 
sobrevivesse à donatária, a coisa retornaria ao seu patrimônio. Todavia, por ter contraído muitas 
dívidas, Mévia vendeu o imóvel para terceiro. 
 
Preocupado com a situação, Tício procura você, advogado, e lhe questiona se poderá reaver a 
coisa, que está na posse e propriedade de terceiro atualmente, se sobreviver a morte de Mévia. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Otávio tem três filhos e cinco netos, todos maiores e capazes. Decide doar uma casa ao seu filho 
mais velho, avaliado o bem objeto do contrato em R$ 300.000,00. Contudo, como deixou de colher 
a anuência expressa de todos os seus descendentes, o filho mais promove ação anulatória por vício 
de forma, bem como pelo fato de os imóveis não serem igualmente valiosos. 
 
Isto posto, responda : 
 
1) Considerado o ordenamento jurídico em vigor, deverá ser procedente a pretensão de 
decretação da anulação do contrato ? Justifique. 
 
2) Há algum meio de o doador resguardar o filho donatário de algum prejuízo futuro ? 
Justifique com base na norma jurídica. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Amanda recebeu de Paulo, casado com Fernanda, em 10 de dezembro de 2004, um 
veículo em doação. Durante as férias em família, no verão de 2009, Paulo sofreu um acidente e 
morreu. Recentemente, Fernanda soube da doação e propõe ação anulatória. 
 
Assim, quanto á anulação do contrato, marque a alternativa correta: 
 
(A) Prescreveu a pretensão de anulação do contrato, haja vista ter se passado mais de 2 anos da 
doação. 
 
(B) Poderá ser declarado nulo o contrato porque a sociedade conjugal não foi dissolvida há mais 
tempo que o estabelecido em lei. 
 
(C) O contrato de doação somente seria nulo se o veículo ultrapassasse a metade do que Paulo 
poderia dispor em testamento. 
 
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(D) É viável a pretensão porque o doador era casado e o prazo para ser requerida a anulação do 
ato somente começou a correr após a morte do doador. 
 
 
2ª Questão: João reivindica a propriedade de um imóvel que está em poder de Maria. Esta alega 
que o recebeu de Antônio em doação de mediante cumprimento de encargo. Ao tempo da 
contestação, denuncia o alienante à lide, a fim de lhe indenizar por eventuais danos decorrentes de 
evicção. O denunciado argumenta não ser cabível responsabilizá-lo por evicção, na medida em que 
celebrou com a denunciante contrato gratuito. 
 
Com base no Código Civil, marque a alternativa correta: 
 
(A) A denunciante não tem direito a ser indenizada pelo denunciado se sofrer evicção porque 
somente poderia assim pleitear se tivesse celebrado contrato oneroso. 
 
(B) Doação mediante cumprimento de encargo é contrato oneroso, pelo queé cabível postular 
indenização por evicção. 
 
(C) Somente teria direito contra o denunciado se este tivesse culpa pela perda da coisa em favor 
do reivindicante, segundo a teoria da responsabilidade civil. 
 
(D) O caso admite unicamente anulação do negócio jurídico por vício de consentimento, na 
modalidade de dolo. 
 
SEMANA 13 
 
Revogação das doações. Contrato de empréstimo (Comodato, mútuo). Depósito: conceito, 
características, espécies, alienação fiduciária e a prisão do depositário infiel. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – A revogação da doação pode ocorrer por descumprimento de encargo e por ingratidão do 
donatário. 
 
2 – Se o doador fixar prazo para cumprimento do encargo, automaticamente é configurada a mora 
do devedor; se não houver termo, a mora depende de interpelação do doador em que é 
determinado tempo razoável para conclusão. 
 
3 – O elenco legal dos atos de ingratidão é taxativo, implicando na revogação da doação pura. Está 
fundamentada no dever moral do donatário de ser grato ao seu benfeitor. Logo, os atos que 
servem de causa de pedir revogação são considerados repugnantes, tornando o donatário 
desmerecedor da liberalidade. 
 
4 – O direito de revogar a doação por ingratidão é ordem pública, caráter cogente. Portanto, não 
pode ser renunciado antecipadamente. 
 
5 – Homicídio doloso ou a tentativa consiste em ingratidão. Destarte, a prática de homicídio 
culposo não enseja revogação da doação. 
 
5.1 – As causas de exclusão de antijuridicidade e culpabilidade do crime também são aplicadas na 
esfera cível para obstar a revogação da doação. 
 
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5.2 – Não se exige a prévia condenação criminal. Todavia, se esta ocorrer, fará coisa julgada 
também na esfera cível, bastando ao doador executar o título. 
 
6 – Ofensa física também não depende de prévia condenação criminal para viabilizar a revogação. 
Não se exige que seja configurado crime de vestígio, porém é adotado o princípio da 
insignificância. 
 
6.1 – Incidem igualmente as causas de exclusão de antijuridicidade e culpabilidade. 
 
7 – Não obstante a divergência doutrinária, apesar de não constar expressamente no terceiro 
inciso do art. 557, CC, predomina o entendimento de que é também ato de ingratidão a difamação. 
Afinal, atinge o mesmo bem jurídico (honra) do doador. 
 
8 – O fato de o donatário recusar-se a pagar alimentos ao doador quando este necessitar não 
significa de imediato a revogação do contrato. É preciso que o donatário possa pagar os alimentos 
porque, se não os puder, será mantida a eficácia da doação. 
 
9 – São considerados atos de ingratidão quando os ofendidos guardarem vínculo com o doador de 
casamento, união estável, descendência, ascendência ou sejam irmãos. 
 
10 – Estabelece a lei o prazo decadencial de 1 ano, a contar da ciência do ato de ingratidão e da 
sua autoria, para ser promovida ação revocatória. Ambos os requisitos são cumulativos, pelo que a 
contagem somente tem início quando ambos são conhecidos. 
 
10.1 – A ação é personalíssima, cabendo a sua iniciativa apenas ao doador, podendo os herdeiros 
prosseguir a demanda. Contudo, se o ato de ingratidão consistir em homicídio consumado, os 
herdeiros poderão iniciar a ação. 
 
10.2 – É possível lapso temporal entre os atos de execução do homicídio e o resultado morte. Se, 
neste ínterim, for perdoado o donatário, não poderá ser revogada a doação. 
 
11 – Se a coisa doada for alienada a terceiro de boa-fé, que não perderá a propriedade da coisa. 
Por outro lado, terá o donatário a obrigação de pagar indenização pelo valor médio da coisa. 
 
12 – Empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega à outra um bem que deverá ser 
devolvido. 
 
13 – Trata-se de contrato real, o qual somente se perfaz mediante a entrega da coisa. Antes da 
tradição, existe promessa de empréstimo. 
 
14 – Uma das espécies de empréstimo é o comodato. Este implica na transferência temporária de 
coisa infungível para fins de uso do comodatário. Encerrado o prazo, fixado ou razoável, deverá o 
bem ser restituído ao comodante. 
 
15 – O contrato de comodato não pode gerar qualquer vantagem econômica ao comodante, sob 
pena de se desclassificar para locação. Contudo, nada impede de ser configurado o comodato 
modal, ou seja, comodatário assume uma determinada tarefa em razão do empréstimo. 
 
16 – Trata-se de contrato unilateral, gratuito, real e informal. 
 
 
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17 – Administradores de bens alheios não podem dar a coisa do proprietário em comodato sem 
especial autorização. 
 
18 – Havendo prazo convencionado entre as partes, o comodante não poderá exigir a devolução da 
coisa antes do tempo, salvo se provar necessidade urgente e imprevista. Se não tiverem as partes 
fixado tempo, deverá o comodante interpelar o comodatário para configurar a mora. 
 
18.1 – Configurada a mora do comodatário e mantendo este a posse do bem, poderá o comodante 
cobrar-lhe aluguel pelo uso da coisa até a efetiva devolução. 
 
19 – O comodatário é obrigado a conservar a coisa, não podendo cobrar do comodante as 
despesas efetuadas na conservação enquanto o bem estava em seu poder. 
 
19.1 – Se coisas próprias correrem risco de perecer juntamente com a coisa emprestada, não 
poderá o comodatário preferir salvar os seus bens em detrimento da bem objeto do contrato. Do 
contrário, responderá pelos danos, ainda que causados por caso fortuito ou força maior. 
 
20 – O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis, consistindo em contrato de consumo. Assim, é 
transferida a propriedade da coisa ao mutuário, que poderá usá-la como quiser. Ao tempo devido, 
entregará ao mutuante outro bem, do mesmo gênero, quantidade e qualidade. 
 
21 – Em regra, o mútuo também é gratuito. Excepcionalmente, o mútuo torna-se oneroso por 
prever o pagamento de juros pelo empréstimo de dinheiro – mútuo feneratício. 
 
22 – Depósito é o contrato em que uma das partes, após receber coisa da outra parte, assume a 
obrigação de guardá-la, conservá-la e, ao tempo devido, restituí-la. Distingue-se do empréstimo 
por não conferir o direito de se servir do bem, devendo este ser guardado. 
 
23 – Dentre as espécies do contrato, recebe o maior número de normas o depósito voluntário, o 
qual se presume gratuito e, portanto, seria unilateral. 
 
23.1 – A doutrina, predominantemente, entende que esta modalidade de depósito é bilateral 
imperfeita, haja vista ser certa a obrigação do depositário, porém eventual a obrigação do 
depositante. Esta surge apenas quando o depositário sofre prejuízos ou despesas ao efetuar a 
guarda da coisa. 
 
23.2 – Se o depósito implicar em remuneração, encerra-se a controvérsia: o contrato é bilateral. 
 
23.3 – Trata-se de contato real, visto que a obrigação do depositário somente surge após a 
entrega da coisa. Outrossim, predomina o entendimento de se tratar de contrato informal, sendo a 
forma apenas ad probationem tantum. 
 
24 – Denomina-se depósito voluntário irregular aquele cujo objeto for bem fungível, são atraídas 
as normas relativas ao mútuo. Contudo, se diferenciam porque o depósito não transfere o consumo 
da coisa ao depositário. 
 
25 – Outra espécie de depósito é o necessário, o qual é constituído por força de imposição jurídica 
ou em razão de desgraça. O primeiro é denominado legal e o segundo miserável. 
 
26 – Terceira espécie é o depósito por equiparação, no qual o hospedeiro recebe o mesmo 
tratamento do depositário em ralação aos bens do hóspede. 
 
 
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27 – Tanto o depósito necessário quanto o depósito por equiparação são premidamente onerosos. 
 
28 – A despeito da previsão legal da prisãodo depositário infiel, tanto no Código Civil quanto no 
Código de Processo Civil, firmou o Pretório Excelso ser incabível a privação da liberdade nesta 
hipótese. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Identificar as causas de revogação da doação, legitimidade e seus efeitos. 
 Conceituar o contrato de empréstimo e suas espécies. 
 Compreender as características e os efeitos do comodato e do mútuo 
 Conceituar o contrato de depósito e suas espécies. 
 Elencar as características e efeitos do contrato de depósito. 
 Analisar criticamente a prisão civil do depositário. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos IV, VI e IX. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulos IV, VI e IX. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Mário doa uma casa a Francisco. Pouco tempo depois do cumprimento do contrato, o filho de Mário 
é assassinado. 25 anos após o homicídio, descobre-se que o criminoso foi Francisco, que, antes de 
matar o filho do doador, vendera a casa a um terceiro de boa-fé. Encerrada a investigação, é 
oferecida a denúncia pelo Ministério Público, sendo instaurada a ação penal, a qual resulta na 
condenação transitada em julgado por tentativa de homicídio. O doador requer ao juízo cível a 
revogação da doação, a fim de restabelecer o bem doado no seu patrimônio. 
 
Deve ser julgada procedente a sua pretensão ? Justifique abordando como ficará a propriedade da 
casa. 
 
 
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CASO CONCRETO 2 
 
Carlos celebrou contrato de financiamento com o Banco X para fins de aquisição de um veículo, 
sendo o negócio garantido pela modalidade da alienação fiduciária. Após pagar três das trinta e 
seis parcelas avençadas, foi interrompida a execução de pagar. Esgotada a cobrança pela via 
extrajudicial, a instituição financeira propõe ação de busca e apreensão. Foram exauridas as 
diligências pelo oficial de justiça sem que o veículo tivesse sido encontrado, pelo que a financeira 
requer a conversão do feito em ação de depósito. 
 
Isto posto, questiona-se: é cabível a ordem de prisão civil por até um ano a fim de compelir o 
cumprimento da decisão condenatória no que tange à entrega da coisa ou se equivalente em 
dinheiro ? Justifique a resposta respaldando-se em entendimentos recentes do STF. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: João doou um valioso imóvel para Maria em 2003. Quatro anos após, muito doente e 
desempregado, o doador requer alimentos em face da donatária a fim de suprir suas necessidades 
básicas. Esta, por sua vez, negou-lhe a assistência porque sobrevive exclusivamente dos alugueres 
do imóvel recebido em doação, quantia esta insuficiente para cobrir seus gastos com remédios, 
alimentação, vestuário e outros ônus ordinários. 
 
Diante disso, marque a alternativa referente ao direito do doador promover revogação por 
ingratidão: 
 
(A) Não poderá ser revogada a doação, cabendo ao doador promover ação de alimentos e sua 
respectiva execução se a donatária manter-se inadimplente. 
 
(B) A revogação pode ser requerida desde que obedecido o prazo decadencial de um ano, haja 
vista a evidente ingratidão da donatária. 
 
(C) O contrato de doação somente poderia ser revogado se a donatária pudesse pagar alimentos e 
se negasse, o que não é o caso. 
 
(D) Apesar da previsão legal lacunosa, somente se admite a exigência de alimentos se as partes 
guardarem relação de familiar entre si. 
 
 
2ª Questão: Antônio emprestou para Benedito seu automóvel, por um dia. Benedito estava 
trafegando pela cidade quando foi assaltado em um semáforo. Nesse caso, 
 
(A) Benedito terá que restituir o valor do automóvel, mais perdas e danos. 
(B) Benedito terá que restituir o valor do automóvel, pura e simplesmente. 
(C) Benedito nada terá que restituir a Antônio. 
(D) Benedito terá que pagar, tão somente, perdas e danos. 
 
 
 
 
 
SEMANA 14 
 
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Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 
Locação urbana. Noções gerais. Legislação. Espécies. Alienação do bem locado. Direito de 
Preferência. Retomada. Locação não residencial. Fiança. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1. A locação do prédio urbano, regulado pela Lei 8.245/91, alterada pela Lei 12.112, de 09 de 
dezembro de 2009, determina-se pela destinação do imóvel, ou seja, independentemente da sua 
localização, o tipo de ocupação verificada no bem é que definirá se trata de locação urbana ou 
rural. 
 
2. A Lei previu a solidariedade entre as partes, ou seja, independentemente do número de 
locadores ou locatários, todos podem acionar ou ser acionado judicialmente. Exceção à regra 
ocorre na ação de despejo, já que visa ao término da relação contratual. Logo, todos os locatários 
deverão figurar no pólo passivo da relação processual. 
 
3. A locação pode ser ajustada por qualquer prazo, sendo necessária a vênia conjugal, 
independentemente do regime de casamento, se o prazo da locação for superior a dez anos. 
 
3.1 - Para as locações residenciais, é garantida a denúncia vazia se no prazo inicial da locação for 
igual ou superior a trinta meses. Se inferior a esse prazo o locador só poderá retomar o imóvel 
locado pela denúncia vazia após cinco anos. 
 
3.2 - O mesmo não ocorre nas locações não-residenciais, em que se admite denuncia vazia após o 
término do prazo da locação. 
 
4. A locação poderá ser contratada por temporada quando o prazo contratual não exceder a 
noventa dias. Nesse caso, em havendo prorrogação da locação sem oposição do locador, ficará 
prorrogada por prazo indeterminado, só podendo ser retomada motivadamente ou por denúncia 
vazia após o prazo de trinta meses. 
 
5. O locador não poderá retomar o imóvel locado enquanto houver prazo contratual, enquanto que 
o locatário poderá devolvê-lo pagando a multa pactuada proporcionalmente ao prazo de vigência 
ainda restante ou ao que for judicialmente determinado. 
 
6. Havendo alienação do imóvel locado, o adquirente poderá denunciar o contrato mesmo que 
ainda exista prazo contratual em vigor, só não podendo fazê-lo de observada três condições: o 
contrato for por prazo determinado; haver cláusula de vigência; registro junto à matrícula 
imobiliária. 
 
7. Morrendo o locador, a locação transfere-se automaticamente aos herdeiros; se a morte for do 
locatário, incide na locação de finalidade residencial o cônjuge, companheiro, os herdeiros 
necessários e os que viviam na dependência econômica do falecido. 
 
7.1 – Nas locações não residenciais, sucedem o Espólio ou o sucessor no negócio. 
 
7.2 – Em caso de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a 
locação prosseguirá com aquele que continuar ocupando o imóvel locado. 
 
8. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo dependem de autorização prévia e expressa 
do locador. 
 
 
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9.Todas as regras da locação são aplicáveis às sublocações, sendo certo que rescindida a locação 
resolvem-se as sublocações. 
 
10. No caso de alienação do imóvel locado, o locatário tem preferência na aquisição do bem, 
devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio de forma inequívoca, caducando o direito de 
preferênciano prazo de trinta dias da notificação se o locatário não manifestar, também de 
maneira inequívoca, a aceitação integral à proposta formulada. O locatário não terá direito de 
preferência se a alienação decorrer de decisão judicial, permuta, doação, integralização de capital, 
cisão, fusão e incorporação. 
 
10.1 O locatário preterido no direito de preferência poderá reclamar do locador perdas e danos e, 
se o contrato estiver averbado à margem da matrícula do imóvel pelo menos trinta dias do ato de 
alienação, depositando o preço da venda e demais atos de transferência, poderá requerer 
judicialmente a adjudicação compulsória do bem, desde que o faça até seis meses a contar do 
registro no cartório do registro de imóveis do ato de transferência. 
 
12. Existem quatro modalidades de garantias locatícias e todas elas se estendem até a efetiva 
devolução do imóvel locado, sendo vedado ao locador exigir mais de uma modalidade de garantia 
locatícia, sob pena de nulidade da garantia que estiver topograficamente colocada em segundo 
lugar. 
 
12.1 A garantia é estendida ainda que o contrato seja prorrogado por tempo indeterminado, exceto 
que o contrato dispuser em contrário.Poderá o locador, contudo, notificar o locador da sua intenção 
de desobrigar-se, situação em que o fiador permanecerá garantindo a locação por 120 dias a 
contar da notificação. 
 
12.2 O locador poderá resilir o contrato se o locatário não apresentar novo fiador no prazo de 30 
dias a contar da data em que for notificado para tal fim. 
 
12.2 Sendo a garantia a fiança e havendo qualquer alteração contratual, da qual o fiador não anui, 
a fiança ficará extinta na forma da Sumula 214 do STJ. 
 
13. A garantia em caução poderá ser em bens móveis e imóveis, sendo em dinheiro fica limitada a 
três meses aluguel e deverá ser depositada em caderneta de poupança, sob pena do locador 
responder pelos acréscimos do depósito não procedido. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Diferenciar as locações que são regidas pelo direito comum e aquelas reguladas pela lei 
especial (8.245/91); 
 Identificar as regras aplicáveis a qualquer locação e aquelas aplicáveis especificamente às 
locações residenciais e às locações não residenciais; 
 Elencar os direitos e deveres de cada uma das partes envolvidas no pacto locatício; 
 Aprender as formas de garantias locatícias e suas repercussões práticas; 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, Volume III, 
Título II, Capítulo V. 
 
Venosa, Silvio de Salvo. Lei do Inquilinato Comentada: Doutrina e Prática: Lei n. 8.245, 
18.10.1991 8. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Laurita é locatária de um imóvel localizado numa cobertura, cuja locação é administrada pela 
Imobiliária Estrela do Mar Ltda.. Depois de dois anos morando no imóvel, um vazamento de 
grandes proporções em decorrência de fortes chuvas havidas na cidade durante o verão e, em 
razão da falta de limpeza conveniente do encanamento que faz o escoamento de águas pluviais, 
resulta no estrago de toda a mobília da suíte do casal, inclusive objetos de adorno e decoração 
raros. 
 
Laurita prevendo que tal fato poderia ser verificar, havia solicitado por escrito diversas vezes à 
imobiliária providências para a limpeza da calha de escoamento de água. Constatado o prejuízo, 
Laurita procura você, advogado, para mover ação de reparação de danos material e moral em face 
da imobiliária, uma vez que a ela cabia a execução dos serviços de administração do bem locado. 
 
Responda pela viabilidade ou não da pretensão, abordando nos fundamentos da sua manifestação 
os deveres e direitos do locador e do locatário. 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Dendina encontra-se em mora quanto ao pagamento do aluguel e encargos locatícios desde de 
julho de 2008, tendo o prazo contratual terminado em dezembro de 2007. João Paulo, locador, 
ingressa com ação de despejo por falta de pagamento em face de Dendina e de Gabriel, fiador e 
principal pagador juntamente com a locatária pelo cumprimento de todas as obrigações 
contratuais, tendo renunciado ao benefício de ordem previsto no artigo 827 do Código Civil. 
 
Em defesa a fiadora alega que ela não poderia ser ré em ação de despejo, já que não figura como 
locatária e o prazo da locação já havia decorrido e que, desta forma, já estava extinta a fiança 
prestada. 
 
Resolva o conflito em tela, apresentando os fundamentos jurídicos que amparem sua decisão. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª questão: É correto afirmar que na locação de imóveis urbanos 
 
 
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a) no contrato, pode o locador exigir do locatário mais de uma das modalidades de garantia. 
 
b) salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias voluptuárias introduzidas pelo 
locatário serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. 
 
c) não havendo acordo, o locador ou o locatário, após 3 anos de vigência do contrato ou do acordo 
anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de 
mercado. 
 
d) a cessão do contrato poderá ser feita, independentemente do consentimento prévio do locador. 
 
 
Justificativa: artigo 19 da Lei 8.245/91 
 
 
2ª questão: No que tange à importância do registro/averbação do contrato de locação no registro 
imobiliário competente, aponte a assertiva errada: 
 
(A) garante o direito de indenização por perdas de danos no caso de preterição no direito de 
preferência na aquisição do imóvel; 
 
(B) garante o direito de haver para si o imóvel locado, no caso de preterição no direito de 
preferência na aquisição do imóvel; 
 
(C) garante a permanência no imóvel até final do prazo locatício, se houver cláusula de vigência do 
contrato em caso de alienação; 
 
(D) Consiste em cláusula de eficácia real, pelo que pode ser oponível erga omnes, malgrado 
consistir a locação numa relação contratual. 
 
 
Justificativa: 
(b) artigo 33 da Lei 8.245/91 e (c) artigo 8º da Lei 8.245/91 
 
 
SEMANA 15 
 
Mandato. Fiança. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Mandato é contrato pelo qual uma das partes outorga poderes a outra para praticar atos civis 
em seus nome, como se fosse o próprio outorgante. 
 
2 – Trata-se de contrato presumidamente gratuito, salvo se envolver a prática de profissão. 
Portanto, diverge a doutrina em classificá-lo em unilateral ou bilateral imperfeito, na medida em 
que é obrigação do mandante ressarcir os prejuízos sofridos pelo mandatário. 
 
2.1 – Por configurar contrato calcado na confiança que as partes depositam uma na outra, tem 
caráter personalíssimo. Em razão disso, admite a resilição unilateral a qualquer tempo. 
 
 
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2.2 – Igualmente, é consensual e informal, servindo a procuração como instrumento do mandato, 
ou seja, documento que viabiliza a execução do contrato e sua demonstração perante terceiros. 
 
3 – Tem legitimidade para ser mandatário o maior de 16 anos, porém, se menor de 18 anos, não 
poderá ser responsabilizado. 
 
4 – O substabelecimento é o instrumento pelo qual o mandatário compartilha ou transfere os 
poderes outorgados pelo mandante. 
 
4.1 – Se substabelecer sem autorização do mandante, fica o mandatário responsável pelos atos 
prejudiciais praticados pelo substabelecido escolhidopelo mandatário, ainda que o dano decorra de 
caso fortuito. Contudo, exonera-se do dever de indenizar se provar que o fato ocorreria de 
qualquer modo. 
 
4.2 – Caso haja poderes conferidos para substabelecer, o mandatário somente responde por danos 
se tiver culpa quanto à escolha ou às orientações dadas ao substabelecido. 
 
4.3 – Convencionada a proibição de substabelecer no contrato de mandato, os atos do 
substabelecido não vinculam o mandante, salvo posterior ratificação. 
 
4.4 – Nada dizendo o contrato sobre substabelecimento, o mandatário fica responsável pelos atos 
danosos do substabelecido, desde que sejam culposos. 
 
5 – Havendo expressão “em causa própria”, o mandato torna-se irrevogável e sucessível pelos 
herdeiros das partes (muito comum no mercado imobiliário). 
 
6 – Fiança é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a pagar um débito caso o devedor assim 
não o faça. 
 
7 – Trata-se de negócio acessório, na medida em que somente tem existência se houver relação 
obrigacional a ser garantida. É excepcionada a regra quando a vinculação principal for nula 
unicamente por incapacidade pessoal do devedor. 
 
7.1 – Em razão do caráter acessório, a fiança não pode implicar pagamento superior do que 
ocorreria no contrato principal. 
 
8 – O contrato é unilateral, gratuito e consensual. Outrossim, é formal porque jamais se presume, 
bem como personalíssima. 
 
9 – Salvo disposição contratual em contrário, pela qual se torna devedor principal e solidário, tem 
o fiador direito de ordem, o que o diferencia do avalista. Assim, em regra, pode exigir que seja 
primeiro esgotado o patrimônio do devedor quando exigido o pagamento. 
 
10 – Havendo vários fiadores garantindo o pagamento da mesma dívida, ficam todos obrigados 
solidariamente a prestar garantia. Contudo, solvido o débito por um deles, poderá exigir dos 
demais a fração que caberia a cada um no monte. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 
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 Conceituar o contrato de mandato, identificando suas características e efeitos. 
 Estabelecer a responsabilidade do mandatário nas diferentes hipóteses de substabelecimento. 
 Compreender o instituto do mandato em causa própria e suas conseqüências. 
 Conceituar o contrato de fiança. 
 Apontar os requisitos e elencar características da fiança. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos concretos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de 
acordo com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos X e XVIII. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulos XI e XIX. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Manuela e Joana obrigaram-se como fiadoras e principais pagadoras da empresa em que o pai de 
ambas é sócio administrador, num contrato de empréstimo bancário. Inadimplida a obrigação de 
pagar, o banco promove execução do título extrajudicial, pelo que extrai do patrimônio de Manuela 
a integralidade do pagamento. 
 
Diante disso, questiona-se : 
 
1) Poderia ser alegado o benefício de ordem em favor das fiadoras ? Justifique. 
 
2) Tem Manuela direito de regresso em face de alguém para reaver o pagamento da dívida ? 
Justifique. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Carlos precisa viajar por muitos meses, razão pela qual confere poderes a Marcos para administrar 
seus bens, todos em locação. Sem que haja cláusula expressa que o autorize, o mandatário 
substabelece os poderes outorgados a Antonio para que possa se recuperar de forte stress numa 
clínica especializada. Ao retornar, Carlos descobre que Antonio deu remissão dos aluguéis 
referentes ao período em que esteve responsável pela administração dos imóveis. Diante de 
tamanho prejuízo, requereu a condenação de Marcos a lhe indenizar por eventuais prejuízos. 
 
 
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Isto posto, Marcos procura você para lhe questionar se é responsável pelos danos sofridos pelo 
mandante, na medida em que entende não haver nexo de causalidade entre o seu comportamento 
e o alegado evento danoso. Responda-o com base no ordenamento jurídico. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: João confere poderes a Maria para dispor de um imóvel específico por instrumento 
público em que consta cláusula “em nome próprio”. Morta a mandatária, João arrepende-se do seu 
ato, principalmente em razão do caráter duvidoso dos herdeiros de sua outrora grande amiga. 
 
Assim sendo, marque a alternativa correta: 
 
(A) Poderá ser revogado o mandato porque consiste em relação personalíssima e calcada na 
confiança mútua. 
 
(B) A revogação somente teria sucesso se comprovado o caráter infungível da prestação a ser 
realizada pela mandatária originária. 
 
(C) Por se tratar de mandato em causa própria, assume o contrato feições excepcionais, pelas 
quais não pode ser revogado o negócio sequer se morrer uma das partes. 
 
(D) Somente é possível a revogação se comprovada a prática de atos lesivos ao patrimônio do 
mandante pelos herdeiros da mandatária. 
 
 
 
2ª Questão: A respeito do mandato, assinale a opção correta. 
 
A Por ser contrato, a aceitação do mandato não poderá ser tácita. 
B O mandato outorgado por instrumento público pode ser objeto de substabelecimento por 
instrumento particular. 
C Apesar de a lei exigir forma escrita para a celebração de contrato, tal exigência não alcança o 
mandato, cuja outorga pode ser verbal. 
D O poder de transigir estabelecido no mandato importará o de firmar compromisso. 
 
 
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Curso de Direito 
 
 
 
DIREITO CIVIL III 
 
COLETÂNEA DO PROFESSOR 
 
2010 
 
 
(Proibida a Reprodução) 
 
 
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SEMANA 1 
 
Contratos. Conceito, natureza jurídica e função social. Perspectiva civil-
constitucional do contrato. Pressupostos de validade do contrato. Forma e prova. Interpr
etação. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Cláudio contratou Mauro, seu amigo, para projetar a construção da sua nova casa por R$ 
10.000,00 (dez mil reais), tendo as partes ajustado que o preço seria pago após a aprovação das 
plantas pelo engenheiro responsável pela execução. Não obstante o afeto que permeia a relação 
entre as partes, Mauro procura você para questionar se é necessário celebrar o contrato por 
escrito ou se é indiferente, diante do ordenamento jurídico, constituí-lo verbalmente. Responda ao 
seu cliente à luz do direito positivo. 
 
GABARITO – CASO 1 
 
O contrato em questão não possui forma prevista em lei para sua validade, podendo as partes 
convencionar a forma livremente a fim de conferi-lo validade. Contudo, é preciso destacar os 
preceitos dos art. 227 e 401, do Código Civil: nos negócios jurídicos cujo valor ultrapassar o 
décuplo do salário mínimo não será admitida a prova exclusivamente testemunhal. Trata-se do 
resquício da época dos negócios ad probationem. 
 
Assim, é relevante frisar ao cliente que o contrato será válido se celebrado verbalmente, porém 
poderá encontrar graves entraves tiver de produzir provas na hipótese de eventual violação do seu 
direito decrédito. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
A Empresa Rubish Ltda. exerce a atividade de comprar dejetos de outras empresas. Como 
necessita de local para despejá-los, celebra contrato com João dos Santos, dono de vasta área 
rural, para depositar resíduos tóxicos em seu terreno em troca de pagamento de vultosa quantia. 
Assim, estavam as partes satisfeitas, sendo cumpridos regularmente os objetos contratuais 
conforme avençados. 
 
Cientes do fato, os moradores da região revoltaram-se diante dos efeitos e exigiram a 
desconstituição do contrato. João e a empresa resistiram a pressão sob a alegação de que 
o contrato nasce para ser cumprido, faz lei entre as partes e está harmonizando interesses 
convergentes. 
 
Diante do quadro, solucione o conflito segundo a vigente estrutura das normas que regem as 
relações contratuais. 
 
GABARITO – CASO 2 
 
Têm razão os moradores da região porque o contrato não pode ser nocivo a uma das partes, 
tampouco à sociedade. Pelo contrário, deve ser instrumento de enriquecimento e desenvolvimento 
 
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econômico sustentável. Eis a conclusão registrada em Jornada de Direito Civil: 
“A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio 
da autônima contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio, quando presentes 
interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana” (Jornada 
23). 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Teotônio está enfrentando graves problemas financeiros e pretende se casar em 
breve. Com efeito, por não dispor de outra fonte de renda, pensa em celebrar contrato com 
Carlos, que está interessado na compra de um imóvel que pertence a seu pai. Como filho único, 
sabe Teotônio que, em não muito tempo, terá a propriedade e poderá transferi-la ao comprador. 
 
Assim, marque a alternativa correta que responda se poderá ser considerado válido 
algum contrato translativo de propriedade, de acordo com as circunstâncias expostas: 
 
a) Depende, pois, em se tratando de disposição de imóvel é necessário que seja 
o contrato celebrado mediante instrumento público. 
 
b) Não, porque, como não existe herança de pessoa viva, o objeto é juridicamente impossível, 
sendo Teotônio sucessor eventual do bem. 
 
c) Sim, haja vista ser Teotônio único filho do atual proprietário, o que o faz herdeiro 
necessário. 
 
d) É preciso investigar se estão presentes todos pressupostos de validade do contrato, 
visto que a narração não confere elementos para conclusão. 
 
Resposta: Letra b 
 
Justificativa: Não há certeza alguma se o apartamento estará no patrimônio do pai de Teotônio ao 
tempo da sua morte, tampouco se ele estará ou não excluído da sucessão. Eis o porquê do 
artigo 426, Código Civil, que torna juridicamente inviável o objeto. 
 
 
2ª Questão: Abelardo obrigou-se, como fiador, em contrato de locação de imóvel para fins 
residenciais. Ficou estabelecido, em cláusula expressa, que responderia pelos futuros 
reajustamentos. Após o termo final pactuado nocontrato, locador e locatário, prorrogam-no, 
fixando aumento do aluguel. Tempos depois, o valor é novamente ajustado, em ação revisional, na 
qual as partes chegaram a novo acordo, também sem a participação do fiador. Estando o locatário 
em mora, o locador ajuíza ação de cobrança em face do fiador. Não há dúvida de que a cláusula 
por meio da qual o fiador se obrigou pelos futuros reajustes no valor da locação deixa espaço 
para interpretação dúbia. 
 
Isto posto, marque a alternativa correta: 
 
a) Terá o fiador de responder pelo valor de qualquer reajuste, tanto aqueles 
estabelecidos entre as partes contratantes quanto os reajustes previstos em lei. 
 
b) Terá o fiador de responder apenas pelos valores referentes a reajustes estabelecidos entre 
as partes, em homenagem à vontade como pressuposto de validade. 
 
 
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c) Terá o fiador de responder apenas pelos reajustes previstos em lei, na medida em que não 
concordou com os demais. 
 
d) Não terá o fiador de responder pelo valor de qualquer reajuste, haja vista as claras 
delimitações estabelecidas no contrato garantido por fiança. 
 
Resposta: Letra c 
 
Justificativa: De fato, a cláusula, da forma redigida, deixa espaço para conflitos futuros, devendo 
ser interpretada levando-se em conta as regras de hermenêutica contratual. Considerando 
a natureza jurídica do contrato de fiança, que é a de negócio jurídico gratuito, verdadeira 
liberalidade, deve ser aplicada a regra do art. 114 do C.C., pela qual os negócios jurídicos 
benéficos interpretam-se estritamente, o que nos leva à conclusão de que Abelardo teria se 
obrigado apenas pelos reajustes previstos em lei. 
 
Merece menção o Enunciado Nº. 134 TJ/RJ - “Nos contratos de locação responde o fiador pelas 
obrigações futuras após a prorrogação do contrato por prazo indeterminado se assim o anuiu 
expressamente e não se exonerou naforma da lei” (Referência: Uniformização de Jurisprudência 
nº. 2006.018.00006. Julgamento em 29/01//2007. Relator: Desembargador Paulo César Salomão. 
Votação por maioria). 
 
 
SEMANA 2 
 
Princípios fundamentais do regime contratual. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Roberto deparou-se com a seguinte matéria publicada num jornal de circulação 
nacional:”SEGURADOS QUEREM MANTER BENEFÍCIOS PREVISTOS EM CONTRATO. O 
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o Ministério Público de Juiz de Fora (MG) 
ajuizaram ações contra a Companhia de Seguros Aliança do Brasil e a Federação Nacional de 
Associações Atléticas do Banco do Brasil. A ação pede que se garanta aos segurados opção de 
continuar gozando os mesmos benefícios previstos no contrato atual. Os cerca de 400 mil 
segurados reclama que houve rompimento unilateral do contato, pois foi retirada a cobertura para 
invalidez permanente total por doença, e foi incluída cobertura para doença terminal. Além disso, 
haverá aumento no valor do prêmio, que passaria a ser de acordo com a faixa etária do segurado, 
acrescido de IGPM/FGV”. 
 
A notícia revela a violação de princípio contratual por parte da Companhia de Seguros Aliança do 
Brasil e a Federação Nacional de Associações Atléticas do Banco do Brasil ? Justifique. 
 
GABARITO – CASO 1 
 
Destacam-se, ao menos, três princípios violados: princípio da obrigatoriedade contratual, princípio 
da imutabilidade contratual e princípio da boa-fé. O contrato é obrigatório (pacta sun servanda), 
faz lei entre as partes e deve ser cumprido pelas mesmas razões da lei. Além do mais, dizer que 
o contrato é obrigatório quer dizer que ele deve ser cumprido exatamente da forma ajustada, o 
que significa que nenhuma das partes pode modificar as cláusulas e condições contratuais 
unilateralmente. Por fim, a mudança unilateral das regras preestabelecidas caracteriza a má-fé da 
seguradora. 
 
 
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CASO CONCRETO 2 
 
Emanuel, sócio-gerente de uma mercearia próxima à faculdade de Direito por mais de 10 anos, 
resolve vender o seu negócio para Firmina, moradora recente na cidade. O verdadeiro motivo do 
negócio, ignorado por Firmina, foi a informação, através de um amigo próximo de Emanuel que 
trabalhava na Prefeitura, que no mês seguinte começaria a obra para a construção de um 
hipermercado na outra esquina do seu estabelecimento. 
 
Dois meses após a celebração do negócio, Firmina procura você, advogado (a) militante, a fim de 
saber se a conduta de Emanuel, ao omitir a informação quanto a abertura do novo hipermercado 
pode ensejar alguma espécie de ressarcimento a ela.Afinal,a atitude dele afronta algum princípio? 
Justifique sua resposta. 
 
GABARITO – CASO 2 
 
Houve ofensa ao princípio da boa fé objetiva, art.422, CC, na sua função integrativa, oriunda dos 
deveres anexos de proteção, informação e cooperação. Trata-se de responsabilidade na fase pré-
contratual (enunciados 170; 24 e 25 CJF). 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Lucas, proprietário de um imóvel na cidade de Fortaleza, celebra um contrato de 
locação com Janice, tendo esta última lhe informado sobre sua intenção de abrir um novo negócio 
rentável na cidade. Passados seis meses, Janice inaugura o seu novo empreendimento, que 
consiste na utilização do terreno para a atividade de enlatar sardinhas. Para diminuir os custos de 
seu empreendimento, Janice despeja os dejetos sem o devido tratamento. Os moradores 
ingressam com uma ação coletiva, visando a coibir a atividade de Janice, quanto ao enlatamento 
de sardinhas, em razão das diversas conseqüências ao bem-estar e à integridade física dos 
moradores, alegando ainda o descumprimento das regras de proteção ao meio ambiente. 
 
Em defesa, Janice ressalta os princípios da relatividade dos contratos e o da autonomia da 
vontade, sob o argumento de que o seu contrato está perfeito e só gera efeitos entre as partes 
contratantes, não havendo interesse dos moradores em ingressarem na sua esfera jurídica. 
 
Diante desse quadro, pode-se afirmar que 
 
A. Janice está correta, na medida em que o ordenamento jurídico lhe garante a liberdade de 
contratar e a liberdade contratual. 
B. Feriu-se o princípio da boa-fé objetiva, haja vista que o comportamento entre as partes 
fugiu à ética contratual. 
C. Não assiste razão a Janice, pois o princípio da autonomia da vontade foi mitigado 
pela função social do contrato e pelo princípio da supremacia da ordem pública. 
D. A coletividade não pode se intrometer na relação contratual por causa do consensualismo 
contratual e da intangibilidade e imutabilidade dos contratos. 
 
Resposta: letra c 
 
Justificativa: Além da autonomia da vontade, o princípio da obrigatoriedade dos contratos foi 
também relativizado pela função social do contrato e pelo princípio da supremacia da ordem 
pública, a fim de que o interesse da coletividade venha a interferir na esfera privada das partes 
 
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contratantes. Típico caso da constitucionalização do Direito Civil em homenagem à dignidade da 
pessoa humana. 
 
 
2ª Questão: (TJBA/2004) O ordenamento civil obrigacional brasileiro não contém norma 
específica reguladora diante do denominado adimplemento ruim. O art. 422 do Código Civil, 
contudo, ao disciplinar normas gerais sobre contratos, assim dispôs: “Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,e princípios de 
probidade e boa-fé”. Considerando as informações do texto acima, julgue os itens seguir em 
verdadeiro ou falso: 
 
( ) O Código Civil brasileiro adotou o princípio da boa-fé como fundamento dos deveres 
secundários no contrato. Logo, as ditas violações positivas do contrato prescindem do elemento 
culpa. 
 
( ) O princípio da boa-fé, que norteia o Código Civil brasileiro, determina aumento de deveres, 
além daqueles pactuados entre as partes; contudo, trata-se de norma dispositiva, sujeita a auto-
regulamentação pelos contratantes. 
 
( ) A violação dos deveres secundários derivados do princípio-norma da boa-fé orienta-se pelo 
critério da culpa, porquanto objetiva a responsabilidade nela fundada. 
 
Resposta: v, f, f. 
 
 
SEMANA 3 
 
Formação do contrato. Fases. Contrato preliminar. Tempo e lugar do contrato.Conclusão 
dos contratos. Momento. Lugar. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
A empresa GESTÃO IMOBILIÁRIA anunciou em jornal de grande circulação um andar em um 
edifício comercial para locação, tendo tal oferta interessado a EMPREENDIMENTOS – SOCIEDADE 
DE CONSTRUÇÕES LTDA., que procurou a GESTÃO IMOBILIÁRIA para ver o imóvel. Após a 
primeira visita, a EMPREENDIMENTOS manifestou interesse na locação, mas informou que 
precisariam ser feitos certos reparos no imóvel. 
 
Após os primeiros encontros e as declarações da EMPREENDIMENTOS de que celebraria 
o contrato se o imóvel estivesse no estado adequado, a GESTÃO IMOBILIÁRIA tratou de fazer os 
reparos no imóvel, promovendo uma reforma que durou cerca de um mês. Durante a reforma, a 
EMPREENDIMENTOS visitava o imóvel regularmente. Concluídos os reparos, a GESTÃO 
IMOBILIÁRIA chamou a EMPREENDIMENTOS para que, enfim, fosse celebrado o contrato. 
Todavia, para a surpresa da GESTÃO IMOBILIÁRIA, a EMPREENDIMENTOS informou que não 
fecharia o acordo porque a sala tinha 200 m2 e teria verificado que as necessidades da 
EMPREENDIMENTOS limitavam-se a 120 m2, razão pela qual iria procurar um imóvel menor e mais 
barato. 
 
1) Pode-se afirmar que já existia algum contrato entre as empresas? Justifique. 
2) A desistência da empresa EMPREENDIMENTOS tem amparo legal ? Justifique. 
 
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3) Houve violação ao princípio da boa-fé ? Em caso positivo, em que fase do contrato ? 
 
GABARITO – CASO 1 
 
1)Não havia um contrato realizado entre as partes. Encontravam-se na fase das tratativas, 
também chamada de negociações preliminares, momento em que os sujeitos estão se conhecendo 
e definindo a possibilidade ou não de realização do negócio. 
 
2)Em regra geral, a fase das tratativas não vincula as partes, podendo qualquer delas desistir, a 
qualquer tempo, da realização do contrato, salvo no caso de má-fé. 
 
3) Houve ofensa ao princípio da boa fé objetiva, na fase pré-contratual, art.422CC. A boa-fé 
objetiva é um comando normativo que impõe aos contratantes guardarem a mais estreita 
obediência aos princípios de probidade e de lisura nas suas ações, enquanto durar o ajuste e na 
fase pré-contratual. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Charles recebe de Matheus a encomenda de 300 vasos de cerâmica e, no dia seguinte, faz a 
remessa das primeiras mercadorias. No fim do mesmo dia, Charles sabe por um comerciante 
amigo seu sobre o aumento do preço dos produtos a entregar e arrepende-se do negócio. Informa 
seu arrependimento a Matheus e alega que o ajuste não se aperfeiçoara, por carecer de aceitação, 
já que não houve por parte dele aceitação expressa. A alegação de Charles procede ? Justifique. 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
Quando o comerciante deu início a execução do contrato, remetendo as primeiras mercadorias, 
comportou-se de forma que fez crer inequivocadamente a aceitação tácita do contrato. Logo, não 
procede sua alegação. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
1ª Questão: Em matéria de contratos, configura-se o momento da conclusão da formação 
quando: 
 
a) no tempo em que o proponente souber os termos da aceitação. 
b) quando inequivocamente o aceitante declarar sua adesão à oferta. 
c) à época em que o oblato enviar a aceitação ao proponente, ainda que a ele não chegue. 
d) entre presentes,no mesmo instante da proposta; entre ausentes, não há tempo certo 
estabelecido pela norma jurídica. 
 
Resposta: letra c (art. 434, CC). 
 
 
2ª Questão: João, após certo tempo de dividir a mesma turma de estudos com Lourdes, 
desenvolveu por ela especial afeto, não obstante ser casada. Passou então a lhe presentear com 
flores, chocolates, jóias e outros mimos, sendo certo que, em todas as vezes, Lourdes recebia os 
presentes, os guardava, porém nada dizia. Por fim, ele tomou coragem para se declarar e convidá-
la para um jantar a dois. Diante da resposta negativa dela, ele mostrou-se contrariado, 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavierprincipalmente porque ela aceitou todos os seus presentes. Constrangida, Lourdes afirmou que 
jamais aceitou qualquer presente. Afinal, nunca declarou aceitação a qualquer proposta. 
 
Diante do quadro, considerando que os presentes configuram doações, marque a alternativa 
correta: 
 
a) Lourdes está correta, haja vista que não foi recebida por João qualquer manifestação positiva 
quanto ao contrato. 
b) O comportamento de João não denotava nenhuma proposta, mesmo porque não se percebe as 
características da oferta no caso. 
c) Não se pode dizer que houve aceitação porque o Código Civil adotou a teoria da expedição, 
sendo certo que nenhuma vontade foi dirigida ao proponente. 
d) Foi sim concluído o contrato de doação, na medida em que o Código Civil admite a hipótese de 
aceitação quando não houver recusa num prazo moral ou expressamente estipulado. 
 
Resposta: letra d (art. 432 e 540, CC). 
 
 
SEMANA 4 
 
Classificação dos contratos. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Manoel resolveu viajar para o exterior por poucas semanas. Preocupado com a hipótese de sofrer 
algum acidente ou causar danos a alguém, seleciona uma empresa para celebrar contrato de 
seguro. Assim, pagaria um certo prêmio e, em contrapartida, teria cobertura caso sofresse algum 
sinistro. 
 
Considerando a modalidade do contrato relatada, responda: 
 
1) É oneroso ou gratuito ? 
 
2) É bilateral ou unilateral ? 
 
3) É de natureza aleatória ? Justifique. 
 
4) É solene ? Justifique. 
 
 
GABARITO – CASO 1 
 
 
1) É oneroso porque gera vantagem para ambas as partes. 
 
2) É bilateral, pois tem reciprocidade de prestação e contraprestação. 
 
3) Embora o segurado assuma obrigação certa, que é a de pagar o prêmio estipulado, a 
avença é sempre aleatória para o segurador, porque a sua prestação depende de fato eventual. 
 
4) Afirmam alguns que ele só se aperfeiçoa depois de emitida a apólice, sendo assim 
um contrato solene. Tem-se entendido, no entanto, que a forma escrita é exigida apenas ad 
 
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probationem, não sendo, porém, essencial, visto que a parte final do art. 758 também considera 
perfeito o contrato, desde que o segurado tenha efetuado o pagamento do prêmio. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Antônio e Carla celebram contrato de doação de uma casa residencial localizada em 
Santarém/PA avaliada em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). A título de encargo, a 
donatária comprometeu-se a organizar, por 5 (cinco) anos consecutivos, evento beneficente de 
natal da Fundação Antônio Almeida, fundada pelo genitor do doador. 
 
Analisando o contrato acima e tomando por parâmetro o direito contratual brasileiro, responda, 
JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: 
 
1) É oneroso ou gratuito ? 
2) É bilateral ou unilateral ? 
3) É de natureza aleatória ? 
4) É solene ? 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1) É oneroso porque o encargo confere vantagem econômica para o doador. Afinal, a 
donatária perceberia pagamento para realização da atividade que consiste no encargo. 
 
2) Unilateral, na medida em que a natureza jurídica do encargo não é obrigação, mas sim 
elemento acidental do negócio jurídico. Portanto, se não for cumprido, não poderá ser 
convertido em perdas e danos, mas sim atingirá a eficácia do contrato (perda dos seus 
efeitos). 
 
3) Não tem natureza aleatória porque as partes sabem o que devem esperar e obter quando 
o contato foi celebrado. 
 
4) É solene, haja vista ser negócio translativo de propriedade de bem imóvel. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Nos contratos abaixo relacionados, assinale o que é unilateral, real, informal e 
nominado: 
 
a) doação 
b) mútuo 
c) depósito 
d) compra e venda 
 
Resposta: letra b 
 
 
 
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2ª Questão: João celebrou contrato de transporte de coisas para fins de levar seus móveis para 
uma nova residência. Conforme as cláusulas avençadas, o preço foi pago no exato momento da 
contratação do frete, enquanto que a empresa somente executaria a prestação de fazer 
na semana seguinte, em dia e hora combinados. 
 
Isto posto, marque a alternativa que corretamente classifica o contrato no que tange ao 
cumprimento da obrigação pactuada: 
 
a) Simultânea, porque as obrigações surgiram tão logo foi o contrato concluído. 
b) Diferida, na medida em que será encerrado o contrato em tempo futuro à celebração. 
c) Continuada,haja vista o adimplemento se estender ao longo do prazo contratual. 
d) Como dá origem a obrigações distintas, uma tem execução simultânea e a outra diferida. 
 
Resposta: letra d 
 
 
 
SEMANA 5 
 
Dos efeitos dos contratos. Força obrigatória dos contratos. Relatividade dos efeitos 
dos contratos. Eficácia com relação a terceiros. Contratos por terceiro. Estipulação em favor de 
terceiros. Promessa de fato de terceiro.Contrato com pessoa a declarar. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Milena encaminhou proposta a Francisca cujo objeto era a alienação de 30 cavalos marcha larga 
pelo preço de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Na referida proposta, Milena se obrigou a 
aguardar resposta no prazo de 30 dias. Ocorre que no 15º dia Milena sofreu um acidente de 
trânsito e veio a falecer. Houve a aceitação da proposta após a morte da proponente, porém antes 
do vencimento do prazo de 30 dias. 
 
Isto posto, indaga-se se os herdeiros de Milena estão obrigados a cumprir os termos da proposta 
? Justifique a sua resposta. 
 
 
GABARITO – CASO 1 
 
Não há no Código Civil comando expresso que solucione a hipótese. Contudo, a solução da 
questão está consolidada nas manifestações pretorianas e doutrinárias, que resultaram 
da interpretação sistemática da legislação pertinente e dos princípios contratuais. Ora, imbuída a 
proposta de força vinculante, os herdeiros do proponente são obrigados a manter a proposta, nos 
mesmos casos em que ele o é, salvo se a prestação a que vise não puder ser realizada por outra 
pessoa. Afinal, de acordo com o direito de saisine, os herdeiros assumem todos os vínculos 
jurídicos do falecido que não são desatados pela sua morte, incluídos os créditos e débitos. 
 
Insta salientar a tese de que a resposta deveria estar de acordo com a natureza do contrato a 
ser celebrado. Realmente, se visasse a proposta a um contrato personalíssimo, a morte do 
proponente acarretaria a caducidade da proposta. Se a obrigação não fosse dessa natureza, 
estariam obrigados os herdeiros nos limites das forças da herança. 
 
 
 
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CASO CONCRETO 2 
 
Manoel resolveu viajar para o exterior por poucas semanas. Preocupado com a hipótese de sofrer 
algum acidente ou causar danos a alguém, seleciona uma empresa para celebrar contrato de 
seguro, segundo o qual seus filhos receberiam indenização de R$ 1.000.000,00 (um milhão de 
reais) se morresse por causa alheia à sua vontade. 
 
Destarte, pergunta-se: 
 
1) Qual instituto se percebe no contrato celebrado entre Manoel e a seguradora ? Quais são 
as partes envolvidas ? 
 
2) Identifique credor e dever. 
 
3) Considerando serem os filhos de Manoel absolutamente incapazes, poderiam eles figurar 
no contrato em tela ? Justifique 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1) Manoel, ao celebrar o contrato de seguro, fez uma estipulação em favor de terceiros, que 
se caracteriza pelo fato de uma pessoa (estipulante) convencionar com outra, o promitente, 
uma determinada obrigação, em que a prestação será cumprida emfavor de outra pessoa 
(beneficiária). Logo, Manoel é o estipulante, a seguradora é a promitente e os filhos do 
estipulante são os beneficiários. 
 
2) Inicialmente, o credor é Manoel; havendo a ocorrência do sinistro previsto, os seus filhos 
passam a ser beneficiados, pelo que podem reclamar a execução do contrato desde que 
aceitem os seus termos. A seguradora é a devedora em qualquer hipótese. 
 
3) A estipulação em favor de terceiros, quanto ao elemento subjetivo, apresenta a exigência 
do agente capaz apenas para as figuras do estipulante e do promitente. Todavia, não há a 
necessidade da capacidade do terceiro, pelo fato de o mesmo não interferir na celebração 
do contrato, bem como não existir qualquer ônus ao beneficiário, sendo este destinatário de 
pura liberalidade. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão (TJ-SC-27/04/2003 – Direito Civil – Questão n.º 17): Com relação 
aos CONTRATOS COM PESSOA A DECLARAR (arts. 467 a 471, CC/2002), assinale a alternativa 
correta: 
 
a) A aceitação do nomeado poderá ser feita verbalmente, mesmo que o contrato tenha 
sido realizado por escrito. 
b) Os direitos e obrigações da pessoa indicada, uma vez aceita a nomeação, não 
retroagem à data da celebração do contrato. 
c) Inexistente indicação de pessoa, no prazo previsto no Código Civil (5 dias) ou em outro 
estipulado pelas partes, o contrato se extingue. 
d) Se a pessoa a nomear era incapaz no momento da nomeação, o contrato não produz 
efeitos em relação aos contratantes originários. 
e) Todas as alternativas são incorretas. 
 
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Resposta: letra e 
 
 
2ª Questão: Jenifer quer contratar o mais badalado fotógrafo do momento para registrar seu um 
casamento. Seu marido, Roberto, por ser primo da esposa do fotógrafo, Antonia, questionou-a se 
seria possível contratá-lo. Solidária ao desejo de Jenifer, Antonia compromete-se a ajudá-los, já 
que seu marido faz tudo que ela quer. Contudo, seria cobrado um preço simbólico pelo serviço a 
ser pago em duas parcelas de R$ 5.000,00. No dia do evento, o fotógrafo não comparece e, 
quando procurado, diz que sequer sabia do fato. Antonia, por sua vez, lamentou o ocorrido e pediu 
desculpas, bem como declarou não poder devolver o dinheiro já recebido porque o fato criar-lhe-ia 
grandes problemas conjugais, já que seu marido lhe proibira de se manifestar por ele, bem como 
já o gastou completamente. 
 
Diante disso, poderia Jenifer responsabilizar o fotógrafo ou sua esposa pelos danos morais e 
materiais sofridos ? 
 
a) Depende do regime de bens vigente na relação conjugal entre Antonia e o fotógrafo. 
b) Somente Antonia poderia ser responsabilizada porque descumpriu sua obrigação de fazer. 
c) Ambos podem ser responsabilizados porque não se admite o enriquecimento sem causa. 
d) Ninguém será responsabilizado porque a lei não permite demandar contra pessoas casadas. 
 
Resposta: letra a 
 
 
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SEMANA 6 
 
Elementos Naturais do Contrato. Vícios Redibitórios. Exclusão da garantia em hasta públi
ca. Evicção. Evicção nas aquisições judiciais. Boa-fé do evicto. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Pedro celebra um contrato de compra e venda de um apartamento, em Cabo Frio, com Renata, 
alienante, em 27 de outubro de 2005. Um ano após a compra, Pedro recebe em sua casa uma 
citação do oficial de justiça para responder a uma ação petitória, no qual o autor, André, se diz o 
legítimo proprietário daquele imóvel. Desesperado com a possibilidade de perder a sua moradia, 
Pedro telefona para Renata informando-lhe do ocorrido e exigindo explicações. Esta, por sua vez, 
diz que não tem qualquer responsabilidade, pois não sabia que o imóvel pertencia a André e que 
havia adquirido o imóvel em hasta pública. 
 
Com base nos fatos acima responda justificando e fundamentando nos dispositivos legais 
pertinentes. 
 
A) Renata possui algum dever jurídico perante Pedro caso ele perca o imóvel em razão da 
ação petitória? Qual? 
 
B) De que forma Pedro poderá exercer o direito oriundo da evicção em face de Renata? 
 
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C) A garantia da evicção subsiste quando o bem é adquirido em hasta pública? Em 
face de quem deveria ser proposta essa ação? 
 
 
GABARITO – CASO 1 
 
A) Sim. Renata responde pela evicção na forma do art. 447 e ss. Do CC 
 
B) Pedro exercitará esse direito através da denunciação a lide- art. 456 CC c.c. art. 70,I 
CPC. 
C) Sim, segundo o art. 447, in fine CC. Predomina o entendimento de que a obrigação de 
indenizar caberá AP credor exeqüente, que recebeu o pagamento do arrematante evicto, 
estendendo-se ao devedor executado se este tiver recebido saldo remanescente. Há entendimento 
minoritário de imputar a responsabilidade ao Estado, já que a alienação decorreu de força judicial. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Técio adquiriu um boi reprodutor de Fábio, grande amigo seu. Três meses após a compra, o animal 
manifestou uma doença incurável, que já se achava encubada ao tempo da alienação, motivo pelo 
qual o boi veio a falecer. 
 
1 – Técio pode propor ação redibitória ou quanti minoris pelo falecimento do animal? Justifique. 
 
2 – O desconhecimento de Fábio a respeito da doença do boi possui que reflexos no direito de 
Técio? Justifique. 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1 - Técio poderá propor ação redibitória, pois, embora ele não possa mais devolver o animal, tem 
direito a recuperar o valor pago pela coisa e ainda perdas e danos, caso venha a comprovar a má-
fé do alienante. No entanto, não poderá propor ação quanti minoris por não ter, neste caso, como 
pedir abatimento proporcional do preço. 
 
2 – O desconhecimento do alienante a respeito do vício ou defeito da coisa não exclui sua 
responsabilidade. A diferença quanto aos direitos de Técio é que, se Fábio não sabia, deverá 
ressarcir o adquirente do valor pago pelo bem, mais despesas do contrato, e, se sabia, terá que 
pagar ainda perdas e danos. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Suelen, locatária de uma casa que pertence a Lucia há dez meses, descobre que a 
proprietária quer vendê-la e se interessa em comprá-la. Passados quatro meses da aquisição do 
imóvel, descobre que toda a estrutura da casa está comprometida porque foi construída com 
material inadequado e sem fundações sólidas. 
 
Assim, marque a alternativa correta: 
 
 
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a) Nada caberá à Suelen porque está no imóvel há mais de 1 ano, pelo que decaiu seu direito. 
b) Não haveria vício redibitório no caso porque não houve dano causado à adquirente. 
c) Suelen tem direito de rejeitar o contrato porque o prazo é de 6 meses a contar da compra. 
d) O direito de Suelen dependerá dos termos previstos na cláusula do contrato celebrado com 
Lucia. 
 
Resposta: letra c (art. 445, CC) 
 
 
2ª Questão: Sandro celebra contrato de doação mediante encargo com Augusto, pelo qual lhe 
transfere a propriedade de um imóvel pelo preço certo de R$ 100.000,00 (cem mil reais). No 
instrumento, há cláusula expressa em que Sandro, o vendedor, fica isento de responsabilidade por 
eventuais riscos de evicção a Augusto. Alguns meses após a conclusão do contrato, Augusto é 
citado em ação de usucapião em que um terceiro, João, alega e comprova ter adquirido a 
propriedade da coisa pelo exercício da posse. 
 
Conforme os relatos, indique a alternativa INCORRETA:a) A responsabilidade do alienante subsistirá se a usucapião tiver ocorrido antes da venda. 
b) A cláusula não isenta totalmente o vendedor, tendo ele de restituir o valor pago pela coisa. 
c) A ausência de denunciação da lide não prejudicará eventual propositura de ação própria para 
discutir a responsabilidade civil do alienante. 
d) Sandro terá de indenizar os prejuízos de Augusto ainda que este sempre tenha estado ciente de 
a coisa ser alheia ou litigiosa. 
 
Resposta: letra d (art. 457, CC) 
 
 
SEMANA 7 
 
Contratos preliminares e definitivos. Promessa de compra e venda (momento da transmissão do 
domínio; características). Arras. Distinções. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Carlos e Claudia celebraram, mediante instrumento particular, contrato de promessa de compra e 
venda de imóvel, obrigando-se o promitente vendedor e o promitente comprador à celebração 
do contrato definitivo no prazo de 90 dias, após o pagamento da última parcela de preço, que as 
partes ajustaram em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) a ser pago em três parcelas iguais, 
mensais e sucessivas. O contrato não continha cláusula expressa de irretratabilidade e 
irrevogabilidade. 
 
Tendo Claudia pago todas as parcelas do preço, nos prazos do contrato, Carlos se recusou a 
outorgar a escritura definitiva, alegando que o contrato preliminar era nulo, porque celebrado por 
instrumento particular e, não por escriturapública. Argumentou ainda que havia previsto o direito 
de se arrepender. 
 
Isto posto, questiona-se se as alegações de Carlos procedem ? Justifique. 
 
 
GABARITO – CASO 1 
 
 
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Os argumentos não procedem, pois mesmo o contrato não possuindo expressamente cláusula de 
irretratabilidade e irrevogabilidade, ele se presume irretratável e irrevogável em razão do Princípio 
da Obrigatoriedade Contratual (Pacta Sunt Servanda), aplicável a todos os contratos. Por outro 
lado, na conformidade do que dispõe o art. 1417 do C.C., a promessa pode ser feita por 
instrumento público ou particular. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Adriana interessou-se em comprar o apartamento de Renan, cujo preço era R$ 500.000,00 
(quinhentos mil reais). A fim de se garantir que o imóvel não seria vendido para outra pessoa, a 
compradora deu R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) a título de arras. Após receber o sinal, outra 
pessoa quis o imóvel de Renan, oferecendo por ele R$ 580.000,00 (quinhentos e oitenta mil reais), 
o que foi recusado diante da compromisso firmado com Adriana. 
 
Um mês após, Renan foi surpreendido pro Adriana, que lhe declarou não mais ter interesse em 
prosseguir na relação contratual. Afirmou não se importar em perder as arras, porém lhe disse 
nada mais lhe dever. 
 
Está correta a conduta de Adriana ? Justifique com base na legislação vigente. 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
Adriana somente estaria correta se as arras tivessem cláusula expressa admitindo arrependimento. 
Caso contrário, além de perder as arras, Adriana teria de pagar mais R$ 30.000,00 (trinta mil 
reais) a título de indenização suplementar, pois as arras seriam confirmatórias. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: FRANCISCO FARIAS celebrou contrato de promessa de compra e venda de 
imóvel residencial de sua propriedade, localizado em Belém-Pará, com ANTÔNIA 
ALMEIDA em 20 de maio de 2005. Neste contrato, o promitente-vendedor comprometia-
se a transferir a propriedade do imóvel em questão em março de 2008, quando a 
promitente-compradora terminaria de pagar o valor ajustado em R$ 360.000,00. A 
promessa não prevê cláusula de irrevogabilidade e a irretratabilidade. No prazo previsto 
contratualmente, ANTÔNIA efetuou o pagamento da última parcela, tendo FRANCISCO 
FARIAS se recusado a outorgar a escritura definitiva no prazo pactuado. 
 
Diante disso, marque a alternativa correta sobre as providências para a obtenção do título de 
escritura definitiva: 
 
a) Nada poderá ser feito porque a vontade tem de ser livre, pelo que não se pode 
impor a alguém a perda da sua propriedade. 
b) Por se tratar de descumprimento culposo de uma obrigação, cabe ao credor resolver 
o contrato em perdas e danos. 
c) Terá direito a adjudicar compulsoriamente o imóvel, servindo a sentença como título 
aquisitivo no lugar do contrato definitivo. 
d) Teria direito à adjudicação compulsória somente se houvesse cláusula de 
irretratabilidade no contrato. 
 
 
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Resposta: letra c (Súmula 239, STJ) 
 
 
2ª Questão: Bernardo celebrou com Valter contrato que teve como objeto a venda de uma casa, 
em Fortaleza, do primeiro para o segundo. Foi estabelecido direito de arrependimento. No ato da 
negociação, Bernardo pagou a Valter a importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a título de 
arras penitenciais. O restante do pagamento do bem seria feito em 10 parcelas sucessivas 
de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), cada uma. 
 
Na semana anterior à quitação da primeira parcela, Bernardo aplica o dinheiro na Bolsa de Valores 
e acaba perdendo não só o dinheiro da primeira parcela como o capital para o pagamento das 
demais, inviabilizando o cumprimento do pactuado. 
 
a) Bernardo terá direito de não prosseguir com o negócio jurídico porque não deu causa à perda 
financeira que sofreu. 
b) Valter poderá reclamar indenização suplementar se provar que seus danos foram maiores que o 
valor das arras. 
c) Bernardo poderá responder por perdas e danos, a serem fixadas por juiz, se ficarem 
comprovados os elementos da responsabilidade civil. 
d) Por se tratar de arras penitenciais, não poderá Bernardo, ao desistir, receber o dinheiro de 
volta, tampouco será devida indenização suplementar. 
 
Resposta: letra d (art. 420, CC) 
 
 
SEMANA 8 
 
Extinção dos contratos. Resolução dos contratos. Cláusula resolutiva. Exceção de contrato não-
cumprido. Onerosidade excessiva. Resilição (distrato e denúncia). Rescisão. Cessação. 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Felipe, morador de Niterói, resolveu alugar uma casa em Cabo Frio, para passar suas férias de final 
de ano. Em julho do referido ano, Felipe encontra um imóvel excelente por um preço acessível, 
mas que apresentava um entupimento na caixa de esgoto que exalava um cheiro desagradável.A 
proprietária, Andréia, firma contrato de locação com Felipe, comprometendo-se a entregar-lhe a 
casa em dezembro de 2005, após o conserto do problema constatado. 
 
No dia marcado para a entrega da casa, Felipe viaja com sua família para Cabo Frio e, ao chegar 
ao imóvel, percebe que o conserto não havia sido feito. Por esta razão, Felipe informa a Andréia 
que não vai mais alugar o imóvel, retornando para Niterói. 
 
Revoltada pelo descumprimento do pactuado, uma vez que deixara de ganhar dinheiro com o 
aluguel do imóvel no verão, Andréia propõe uma ação indenizatória em face de Felipe em razão do 
inadimplemento contratual. Com base nos fatos expostos responda de forma fundamentada e 
justificada. 
 
A) Citado para a presente ação, que defesa poderia ser apresentada por Felipe para elidir 
a pretensão autoral? 
B) A resposta seria a mesma se no contrato houvesse a cláusula “solve et repete”? 
 
 
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GABARITO – CASO 1 
 
A) Exceção do contrato não cumprido, na forma do art. 476, CC. 
 
B) Não. Porque a referida cláusula afasta a possibilidade de aplicação do art.476CC. Em 
sendo assim, deveria Felipe entrar com uma ação pedindo resolução contratual ou obrigação de 
fazer, em ambas as hipóteses cumulada com perdas e danos. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Certexcelebrou com a empresa Maktub Ltda. contrato escrito de prestação de serviços, com 
prazo de quatro anos, para manutenção dos elevadores do primeiro. 
Passado o segundo ano, a empresa prestou serviço falho, vindo a causar danos a Certex. 
Ingressou esta com ação de rescisão contratual, pleiteando, cumulativamente, a devolução da 
remuneração até então paga pela empresa, bem como perdas e danos. Indaga-se: 
 
1) Ocorreu na hipótese descumprimento contratual ? Em caso positivo de que natureza ? 
Justifique. 
 
2) O pedido formulado pela empresa Certex tem amparo na legislação vigente ? Justifique. 
 
3) Poderiam as empresas que firmaram o contrato estipular sua extinção por acordo ? Justifique. 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1) Emerge claramente o descumprimento contratual culposo por parte da empresa, o que enseja 
a resolução do contrato, na forma do artigo 475 do Código Civil. 
 
2) Possui amparo legal o pedido de rescisão cumulado com o da indenização por perdas e danos, 
desde que provada a ocorrência. Quanto à devolução da remuneração já paga, o pleito não 
prospera, visto que o contrato de locação ou prestação de serviços de manutenção de 
equipamento, é de trato sucessivo ou de duração, modalidade em que a prestação é 
desempenhada de forma periódica e futura.Seus efeitos, portanto, ao contrário dos contratos 
instantâneos, se operam "ex nunc", razão pela qual não será devolvida a remuneração paga pelos 
serviços periódicos já prestados. 
 
3) Poderiam as empresas, por acordo, estabelecer a extinção do contrato, vez que não há óbice 
legal para que firmem um distrato. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: “A” comprou de “B” uma casa, por escritura pública, pelo preço de R$ 
200.000,00 (duzentos mil reais), pagando R$ 20.000,00 de sinal. “A” obrigou-se a pagar o 
restante do preço mediante financiamento da Caixa Econômica Estadual, a ser obtido no prazo de 
3 meses. Acontece que, após ter sido pago o sinal, referida Caixa fechou sua Carteira de 
Financiamento, pelo período de um ano, o que impossibilitou o comprador “A” de completar o 
pagamento do preço. Esse fato, em si 
 
 
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(A) acarreta a extinção do contrato por resolução. 
(B) acarreta a extinção do contrato por resilição. 
(C) acarreta a extinção do contrato por rescisão. 
(D) não acarreta a extinção do contrato. 
 
Resposta: letra A 
 
2ª Questão: “A” obrigou-se a construir para “B” um edifício, com 12 andares, que foi terminado, 
segundo peremptória afirmação de “A”. Por sua vez, “B” alega que houve cumprimento 
insatisfatório e inadequado da obrigação por parte de “A”, que não observou, rigorosamente, a 
qualidade dos materiais especificados no memorial. Assim, “B” suspende os últimos pagamentos 
devidos a “A”, 
 
(A) aguardando que este cumpra, corretamente, a obrigação. 
(B) ajuizando ação com fundamento na exceptio non adimpleti contractus. 
(C) ajuizando ação com fundamento na cláusula rebus sic stantibus. 
(D) ajuizando ação com fundamento na exceptio non rite adimpleti contractus. 
 
Resposta: letra d (art. 420, CC) 
 
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SEMANA 9 
 
Contratos nominados ou típicos. Novidades do Código Civil vigente. Apresentação: concei
tos, características e noções gerais. Contrato estimatório. Contrato de comissão. Agência
 e distribuição. Corretagem. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – As transformações do Código Civil vigente são decorrentes do anacronismo de algumas 
espécies de contrato, hoje arcaicas e superadas, estando substituídas por outras absorvidas da 
vida em sociedade. 
 
2 – Como efeito da união do Direito Civil e do Direito de Empresa, alguns contratos, outrora 
abordados no âmbito do Direito Comercial, foram inseridos no Direito Civil, como 
a comissão, corretagem, transporte, bem como agência edistribuição. 
 
3 – Contrato estimatório é também denominado venda em consignação. Consiste numa parte 
(consignante) que entrega bens móveis a outra (consignatária), ficando esta autorizada a vendê-
los pelo preço estimado pelo consignante. Se tiver êxito na venda, pagara um preço ajustado ao 
consignante (valor certo ou porcentagem); se não tiver sucesso, deverá cumprir a obrigação de 
restituir no tempo avençado. 
 
3.1 – Trata-se de um contrato real (somente se aperfeiçoa após a entrega da coisa ao 
consignatário), unilateral (o consignante assume obrigação de não dispor antes da restituição – 
obrigação de não-fazer), oneroso (ambas as partes perseguem vantagem econômica), comutativo 
(não envolve riscos para as partes). 
 
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3.2 – A responsabilidade por qualquer perda ou deterioração da coisa consignada fica a cargo do 
consignatário, o qual não se isenta da obrigação de pagar pelo preço da coisa ainda que o evento 
danoso ocorra por fato totalmente alheio às suas vontade e forças. 
 
3.3 – O consignatário tem a posse da coisa, porém a propriedade é do consignante até que seja 
vendida. Portanto, não se admite qualquer constrição patrimonial sobre o bem em razão de dívida 
do consignatário, mas apenas se o devedor for o consignante. 
 
4 – Segundo o contrato de comissão, uma das partes (comissário) obriga-se a realizar negócios 
em favor da outra parte (comitente). Contudo, apesar de seguir instruções do comitente, o 
comissário age em seu próprio nome. Eis a relevância da comissão: uma pessoa contrato com 
terceiros em seu próprio nome, porém na defesa de interesse alheio. 
 
4.1 – O objeto do contrato de comissão é a compra e venda de bens, mantendo em sigilo o real 
interessado, o comitente. 
 
4.2 – Trata-se de contrato bilateral (comissário assume obrigação de fazer, enquanto que o 
comitente tem obrigação de remunerá-lo), consensual (aperfeiçoa-se pelo acordo de vontades), 
oneroso (ambas as partes obtêm vantagem econômica), comutativo (não envolve riscos), informal 
e personalíssimo. 
 
4.3 – A remuneração, normalmente, é avençada em percentagem sobre o valor do negócio 
celebrado pelo comissário. Se as partes não acordarem o preço expressamente, será arbitrada pelo 
costume local. 
 
4.4 – Se o comissário morrer ou não puder, por outro motivo, executar integralmente a obrigação 
que assumiu, terá ele ou seus herdeiros direito à remuneração proporcional. 
 
4.5 – Sem prejuízo da remuneração, terá o comitente de indenizar os eventuais danos sofridos 
pelo comissário ao executar a obrigação pactuada, bem como ressarcir o comissário por perdas e 
danos decorrentes de demissão imotivada. 
 
4.6 – Até ser reembolsado das suas despesas, perceber a indenização por danos sofridos no 
cumprimento da sua obrigação e a remuneração pelo serviço, poderá o comissário exercer 
retenção sobre a coisa adquirida em favor do comitente. 
 
4.7 – Em contrapartida, se o comissário desobedecer as instruções do comitente, terá de 
responder pelos prejuízos causados. 
 
4.8 – Cláusula “del credere” deve ser prevista expressamente no contrato porque imputa 
responsabilidade ao comissário se celebrar negócio com pessoa insolvente (exceção à regra). 
 
4.9 – Trata-se de contrato bilateral, consensual, oneroso, comutativo, informal e personalíssimo. 
 
5 – Contrato de agência consiste na obrigação remunerada de uma das partes de promover, não 
eventualmente e com autonomia, as atividades desenvolvidas habitualmente pela outra 
parte. Distribuição é o negócio jurídico em que a coisa a ser negociada permanece à disposição 
do agente. 
 
5.1 – Trata-se de contrato bilateral, consensual, oneroso, comutativo, informal e personalíssimo. 
 
 
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5.2 – Extrai-se do conceito as características do contrato: obrigação habitual e remunerada do 
agente em promover e fomentar os negócios do agenciado; delimitação da execução do serviço a 
ser prestado; exclusividade e independência na prestação da obrigação. 
 
5.3 – Agência e distribuição são o mesmo contrato. Contudo, num caso concreto, pode ocorrer 
que o agente não tenha em seu poder coisa do representado a ser negociada. Assim, ficaria 
excluída a distribuição do contrato deagência. 
 
5.4 – Admite o contrato resilição unilateral se realizado por prazo indeterminado, desde que a 
outra parte seja notificada num prazo de 90 dias e transcorrido tempo razoável para resgatar os 
investimento realizados para execução do negócio. Na hipótese de divergência, caberá ao poder 
judiciário arbitrar o prazo moral. 
 
5.4.1 – Mesmo extinto o contrato, terá o agente direito à remuneração pelos serviços prestados, 
desde que aproveitem financeiramente o proponente, bem como este terá direito a perdas e danos 
se a extinção contratual causar-lhe prejuízos por culpa do agente. 
 
5.5 – A responsabilidade do agente é de meio e tem direito à remuneração por todos os negócios 
do proponente na zona de atuação fixada entre as partes, ainda que não tenha interferido. Logo, 
salvo estipulação em contrário, não deve o proponente constituir mais de um agente para a 
mesma atividade na mesma localidade, bem como não deve exercer ele próprio (proponente). 
 
5.6 – Em contrapartida, não deve o agente tratar de negócios da mesma natureza de uma 
pluralidade de propronentes. 
 
6 – Contrato de corretagem é consiste em uma pessoa, não vinculada numa relação de 
dependência, obriga-se a intermediar negócios para outra, denominada comitente, mediante 
remuneração. Por se tratar de obrigação de resultado, a comissão somente será devida se a 
conclusão do negócio tiver decorrido exclusivamente da atividade do corretor. 
 
6.1 – Apesar de assumir obrigação de resultado e dos entendimentos pretorianos anteriores 
ao Código Civil vigente, pode o corretor exigir remuneração se o negócio pretendido não for 
concretizado exclusivamente por arrependimento das partes. 
 
6.2 – Também terá direito à remuneração do corretor que não interveio no negócio celebrado se 
o contrato de corretagem contiver cláusula expressa que determine a exclusividade. Nesta 
hipótese, o corretor somente perderia suacomissão se ficasse comprovada sua inércia. 
 
6.3 – Os corretores podem ser livres ou oficiais: livres são pessoas que exercem habitualmente a 
atividade de corretagem sem nomeação oficial; os oficiais têm a profissão legalmente 
disciplinada, sendo investidos em cargo público, gozando de fé pública. Assim, estes últimos atuam 
na corretagem de valores públicos, mercadorias, navios, seguros, operação de câmbio etc. (Lei 
6.530/78). 
 
6.4 – A remuneração deve ser distribuída igualmente se vários corretores tiverem agido em 
conjunto para a celebração de um negócio, salvo ajuste expresso em contrário. 
 
6.5 – A atividade de corretagem é regulamentada pela Lei 6.530/78, a qual estabelece que o 
corretor deve ter inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI). Contudo, ainda 
que o corretor não esteja habilitado, deverá receber comissão mesmo assim, sob pena de 
enriquecimento ilícito. Eis o porquê ser devida a comissão também quando o negócio é concluído 
mediante a intervenção do corretor após o vencimento do prazo do contrato decorretagem. 
 
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6.6 – A corretagem é contrato bilateral, oneroso, consensual, acessório, aleatório e informal. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender os motivos de inserção dos novos contratos no diploma em vigor; 
 Identificar 
as características dos contratos estimatório, comissão, corretagem, agência e distribui
ção. 
 Solucionar casos corriqueiros que envolvam cada uma dessas modalidades 
contratuais. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos III, XI, XII e XIII. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. Tomo 2, V. IV, Capítulos III, XII, XIII e XIV. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Carmênia combinou com Violeta deixar 30 (trinta) esculturas na loja desta para que a primeira as 
vendesse por preço convencionado, sob o compromisso de devolver as que não fossem vendidas 
no prazo estipulado, ou seja, 90 (noventa) dias. 
 
1) O contrato estabelecido é um contrato típico? Justifique. 
 
2) Se a restituição da coisa, em sua integridade, tornar-se impossível, ainda que por fato não 
imputado a Violeta, terá essa alguma responsabilidade ? 
 
3) As coisas consignadas podem ser objeto de penhora se pender sobre Carmênia processo de 
execução? 
 
 
 
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GABARITO – CASO 1 
 
1) É um contrato típico, por ser nominado e previsto em lei. Denomina-
se de contrato estimatório ou venda por consignação. 
 
2) Conforme o art. 535, CC, Violeta tem responsabilidade integral sobre os objetos. A norma 
jurídica impõe-lhe a obrigação de indenizar ainda que não seja estabelecido nexo causal 
entre a sua conduta e o resultado danoso. 
 
3) Sim, pois ela é a verdadeira proprietária dos bens enquanto não pago integralmente o 
preço, conforme expressa o artigo 536 do Código Civil. Violeta é apenas possuidora por 
ser consignatária. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Sidineia, interessada em vender seu imóvel, contratou oralmente os serviços de Marcio para que 
conseguisse um comprador interessado em pagar R$ 200.000,00 para adquiri-lo. Após algumas 
semanas, Maria, graças ao labor de Marcio, pagou R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a título de arras 
pelo apartamento de Sidineia, ficando de apresentar as certidões necessárias para a lavratura da 
escritura definitiva num prazo de um mês. 
 
Tendo se passado mais de seis meses sem que o negócio seja concretizado por problemas de 
ordem financeira enfrentados por Maria, Sidineia entende em não manter o preço de venda porque 
todos os imóveis da região sofreram aumento de, ao menos, 15%. Logo, se vendido seu 
apartamento pelo preço avençado meio ano antes, sofreria grande prejuízo. Por outro lado, como 
Maria não poderia pagar o novo valor, R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais), não 
prossegue o negócio. 
 
Isto posto, pergunta-se: 
 
1) O contrato estabelecido é um contrato típico? Justifique. 
 
2) Deve Sidineia pagar remuneração a Marcio pelo trabalho que executou ? Justifique. 
 
3) Se Sidineia conseguisse vender seu imóvel por R$ 250.000,00 sem a intervenção de 
Marcio, teria de remunerá-lo ? Justifique. 
 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1) É um contrato típico, por ser nominado e previsto em lei. Denomina-
se de contrato corretagem. 
 
2) Na forma do art. 725, CC, Sidineia não deve comissão a Marcio porque a sua obrigação é de 
resultado e o negócio pretendido não foi concluído. Contudo, em razão do repúdio ao 
locupletamento ilícito, se Sidineia retiver o valor das arras, deverá remunerar proporcionalmente o 
trabalho de Marcio. 
 
3) Não terá de remunerá-lo porque ele não interveio para a realizaçãodo negócio, conforme art. 
726, CC. Merece ser ressaltado a impossibilidade de previsão do contrário porque, sendo oral 
o contrato, não poderia haver cláusula expressa prevendo a exclusividade do corretor. 
 
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QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Joana foi contratada para negociar a venda de várias telas de artistas plásticos 
famosos, todas pertencentes a Antonio. Segundo instruções do proprietário, poderia aceitar 
propostas de compra mediante pagamento em duas parcelas: a primeira no ato do contrato e a 
segunda num prazo de 30 dias. 
 
Maicou, colecionador de arte, acerta com Joana a compra de duas telas. No ato, emite um cheque 
referente a 50% do preço do negócio e outro parta pagamento em 30 dias. Contudo, não havia 
previsão de fundos em nenhum dos títulos e os quadros foram entregues. Movida a competente 
ação, as telas são devolvidas danificadas e se descobre que Maicon não tem patrimônio suficiente 
para arcar com a indenização devida. 
 
Diante disso, considerando que Joana sempre esteve autorizada para celebrar o contrato, marque 
a alternativa correta: 
 
(A) Joana é a única responsável perante Antonio, na medida em que o comissário é justamente 
contratado para evitar hipóteses como essa. 
 
(B) O comissário jamais responde pela insolvência das pessoas com quem contrata, principalmente 
se demonstra-se zeloso na execução da obrigação. 
 
(C) A comissária não responde pela insolvência de Maicon, salvo se pudesse conhecer o estado 
patrimonial dele ou se assumiu expressamente tal responsabilidade. 
 
(D) Impõe-se a Antonio o prejuízo sofrido porque o contrato de comissão é aleatório, pelo que 
implica em assumir os riscos de ocorrer situação como essa. 
 
Resposta: letra C (art. 697 e 698, CC) 
 
2ª Questão: Arlete Costa, cantora em ascensão, celebrou contrato de agenciamento com TT 
Ltda. A empresa, após muitos esforços, consegue inseri-la no elenco de artistas que se 
apresentariam num festival internacional a ocorrer em Portugal seis meses adiante, ficando os 
ajustes relativos à data, cachê, modo de pagamento, dentre outros, pendentes para quando o 
evento estivesse mais próximo. 
 
Influenciada por outras pessoas do meio artístico e por críticos, que a consideram o novo grande 
nome da música, resolve Ivete romper o contrato por considerar que o seu agente não está mais 
à altura do seu atual estrelato. 
 
Isto posto, marque a alternativa INCORRETA: 
 
(A) Poderia Arlete extinguir o contrato sem qualquer justificativa, desde que não haja prazo 
determinado e notifique o agente com 90 dias de antecedência. 
 
(B) De qualquer modo, ainda que se trate de resilição, será devida remuneração ao agente pelos 
lucros obtidos pela proponente em decorrência do trabalho iniciado por ele. 
 
(C) O direito de resilição fica atrelado ao tempo razoável em que o agente possa resgatar os 
investimentos feitos em favor do proponente, sob pena de perdas e danos. 
 
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(D) Em hipótese alguma, poderia Arlete extinguir o contrato sem justa causa, pelo que deve 
pagar indenização em razão das perdas e danos sofridas pelo agente. 
 
Resposta: letra d (art. 720) 
 
 
SEMANA 10 
 
Compra e venda: Conceito e características. Natureza jurídica. Elementos. Modalidades especiais 
de venda. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Compra e venda é o contrato bilateral em que uma das partes assume a obrigação de 
transferir o domínio de um bem patrimonial, ainda que incorpóreo, a outrem mediante a 
contraprestação em dinheiro. Assim, não se confunde com troca (envolve dinheiro pela coisa) nem 
com a doação. 
 
2 – O contrato não confere direito real ao comprador, mas sim o direito de exigir a sua 
constituição. Se o bem for móvel, a propriedade somente será constituída após a tradição; se 
imóvel, mediante o registro. 
 
3 – A compra e venda consiste em contrato essencialmente bilateral, oneroso e consensual. A 
formalidade, comutatividade e paridade dependerão de cada caso. 
 
4 – São elementos da compra e venda: coisa, preço e consentimento. 
 
5 – A venda de ascendente para descendente é anulável se não houver o consentimento dos 
demais descendentes do vendedor e do cônjuge. 
 
5.1 – Como a lei não declara o prazo para se requerer a anulação, é atraída a vigência do art. 179, 
CC. Logo, o tempo para ser pleiteada a decretação de invalidade do ato é de 2 anos. 
 
5.2 – Considerando que o fundamento da norma é garantir a igualdade entre os descendentes ao 
tempo da abertura da sucessão, bem como a vigilância em não se diminuir o patrimônio do 
ascendente para beneficiar apenas um, não são todos os descendentes que devem consentir para 
que o contrato seja válido, mas sim apenas aqueles que seriam convocados à sucessão se aberta 
à época da celebração do negócio. 
 
5.3 – Relevante destacar algumas regras sucessórias de modo superficial: a sucessão do 
descendente em grau mais próximo retira o mais remoto; direito de representação na hipótese de 
pré-morte; definir o que é herdeiro necessário e a legítima. 
 
5.4 – O cônjuge casado pelo regime da separação obrigatória não concorre na herança com os 
descendentes. Por isso, a lei dispensa a sua manifestação quando celebrado o contrato de venda 
de ascendente para descendente. 
 
5.5 – É controvertido o suprimento judicial se um dos descendentes não concordar com a venda, 
mesmo que sem fundamentos ou sem razão justa, na medida em que a lei não prevê a hipótese. 
Contudo, prevalece o entendimento de ser possível requerer ao juiz suprir a vontade não 
expressada tal qual ocorre no direito de família (art. 1631, parágrafo único e 1648, ambos do CC). 
 
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6 – Não é possível a venda de coisa entre cônjuges se o objeto estiver em comunhão, ou seja, 
somente é válido o contrato acerca de bens particulares. Afinal, não se pode vender a alguém o 
que já lhe pertence. 
 
6.1 – Importante destacar a comunicabilidade patrimonial de acordo com os regimes de bem (ao 
menos a comunhão universal, comunhão parcial e separação absoluta). 
 
7 – Ninguém é obrigado a permanecer condômino contra a própria vontade. Assim, a lei confere o 
direito de, a qualquer tempo, ser extinto o condomínio. 
 
7.1 – Relevante apontar os diferentes tipos de condomínio e concluir que a lei, neste aspecto, 
refere-se à situação em que duas ou mais pessoas duas ou mais pessoas são proprietárias da 
mesma coisa. 
 
7.2 – Sendo a coisa indivisível, cada condômino tem a propriedade de uma fração ideal. Assim, se 
tiver a intenção de vendê-la, terá de antes oferecer aos demais. 
 
7.3 – Se mais de um condômino tiver interesse na aquisição da fração ideal, o critério de 
desempate é o quanto cada um gastou em benfeitorias. Se não puder ser aplicado, a preferência 
será de quem tiver a maior fração ideal. Finalmente, se as demais falharem, terão a fração ideal os 
condôminos que a quiserem a pagarem o preço previamente. 
 
7.4 – Ocorrendo a alienação sem ser conferido o direito de preferência, terá o condômino 
prejudicado a faculdade de reivindicar a fração ideal, desde que, mediante depósito do preço, 
exerça seu direito no prazo decadencial de 180 dias. 
 
8 – Considera-se a venda ad mensuram quando o seu preço é fixado exclusivamente em razão da 
unidade de dimensão ou pela extensão do imóvel. É ad corpus quando o tamanho do imóvel é 
enunciativo, não sendo o elemento determinante do valor do contrato. 
 
8.1 – Sendo ad mensuram a venda e a dimensão real for menor do que a área anunciada, o 
adquirente tem o direito de exigir a complementação (ação ex empto). Se impossível 
complementar, poderá demandara devolução do preço (ação redibitória) ou o abatimento 
proporcional (ação estimatória). 
 
8.2 – Ainda que ad mensuram a venda, se a diferença a ser complementada não for superior a 
1/20 da área anunciada, não terá qualquer direito o adquirente, sendo considerada a venda 
equiparada a ad corpus. 
 
8.2.1 – Excepciona-se a regra se, mesmo pequena a diferença, conseguir o adquirente comprovar 
que não teria celebrado o contrato caso soubesse da diferença, ainda que não superior a 1/20 da 
área enunciada. 
 
8.3 – Na hipótese de aquisição de imóvel de área maior do que a anunciada, o vendedor nada 
poderá reclamar, salvo se provar que não tinha meios de saber da diferença. Neste caso, terá o 
adquirente a obrigação alternativa de pagar o equivalente à diferença ou devolver o lote que 
recebeu a maior. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
 
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O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar o contrato de compra e venda. 
 Diferenciar o contrato de compra e venda da doação e troca. 
 Compreender os meandros e as dificuldades que envolvem a venda entre cônjuges, 
ascendentes e descendentes, condôminos e terceiros, e a venda ad mensuram. 
 Estabelecer as características da venda ad corpus e da ad mensuram. 
 Elencar os elementos do contrato de compra e venda. 
 Traçar a classificação do contrato de compra e venda. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulo I. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulo I. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Antônio comprou área de 20.000 metros quadrados para nela instalar uma empresa. Celebrado 
o contrato e registrado o título respectivo, Antônio constatou, com perícia, ao cabo de seis meses 
após esse registro, que a área adquirida só possuía 19.500 metros quadrados. Destarte, pretende 
desfazer o negócio a fim de reaver o dinheiro pago pelo imóvel. 
 
1 ) A pretensão de Antônio procede? Justifique a resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
2) Na hipótese de a área real ser de 20.000 metros quadrados e Antônio ter pago o preço de 
apenas 19.500 metros quadrados, poderia o vendedor reclamar a diferença ? Justifique a 
resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
GABARITO – CASO 1 
 
1) Inicialmente, somente seria procedente a pretensão de complementação da área, na medida em 
que o Código Civil somente permite a desconstituição do negócio ou abatimento proporcional se 
impossível o sucesso da ação ex empto – art. 500, CC. Em outros termos, o desfazimento 
do contrato é juridicamente viável desde que não se possa tornar a área real igual à anunciada. 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
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Ademais, a diferença entre a área real e a anunciada é inferior a 1/20 desta, o que atrai a vigência 
do parágrafo primeiro do art. 500, CC. Portanto, a princípio, fica a venda equiparada a ad corpus, 
nenhum direito cabendo ao adquirente. 
 
Todavia, o mesmo dispositivo permite ao adquirente produzir prova de que jamais teria realizado 
o contrato se soubesse que a dimensão real é inferior à enunciada. 
 
2) Na hipótese contrária, em regra, não haveria direito ao vendedor de reclamar composição do 
prejuízo, salvo de tiver êxito na comprovação de ignorância da verdadeira dimensão do imóvel. 
Ainda assim, não poderá exigir devolução do preço, pois o parágrafo segundo do art. 500, CC 
estabelece obrigação alternativa e confere ao devedor (adquirente) o direito de escolher se 
efetuará a devolução parcial da área, restabelecendo a comutatividade, ou se restituirá o valor 
correspondente ao excesso. 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Otávio tem três filhos e cinco netos, todos maiores e capazes. Decide vender um dos seus imóveis 
para o filho mais velho, haja vista necessitar urgentemente de dinheiro para custear despesas 
médicas. Por orientação de um advogado, solicitou a todos os descendentes que assinassem a 
escritura em manifestação de anuência. 
 
O filho mais novo, por ciúmes do irmão, nega-se a expressar concordância e ameaça promover 
ação anulatória se prosseguirem na celebração do contrato. 
 
Isto posto, responda: 
 
1) Há alguma medida a ser promovida pelos contratantes para se resguardarem da atitude de um 
dos descendentes ? Justifique a resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
2) Todos os descendentes devem consentir quanto à celebração deste contrato ? Justifique a 
resposta, aplicando artigos do Código Civil. 
 
3) Qual o prazo para dedução da pretensão anulatória do contrato ? 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1) A questão é controvertida. Predomina o entendimento de se aplicar analogia às figuras previstas 
nos artigos art. 1631, parágrafo único e 1648, ambos do Código Civil – suprimento judicial. Neste 
caso, salta aos olhos a ausência de motivo justo pelo descendente em não concordar com a 
venda, cabendo ao juiz impedir que o fato torpe impeça a celebração de um ato lícito. Contudo, há 
entendimento minoritário contrário porque não há previsão de suprimento judicial para a hipótese, 
o que seria necessário. 
 
2) Somente os filhos teriam de manifestar consentimento, apesar de os netos também serem 
descendentes. A razão está na interpretação teleológica do art. 496, do Código Civil, a qual 
confere a anuência àqueles que seriam herdeiros do vendedor ao tempo da celebração do contato. 
 
3) 2 anos, segundo o art. 179, do Código Civil. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
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1ª Questão: Carlos, Marcos e Miguel são proprietários de um mesmo apartamento, sendo certo 
que o primeiro tem fração ideal de 50%, o segundo e o terceiro 25% cada um. Miguel tem 
interesse em vender sua fração ideal pelo preço de R$ 250.000,00 e a oferece aos demais 
condôminos. Ambos ficam interessados e querem preferência na aquisição. 
 
Diante disso, marque a alternativa correta quanto á solução do caso: 
 
(A) Carlos tem preferência porque é proprietário da maior fração ideal. 
 
(B) A preferência é de Marcos porque foi quem mais gastou com benfeitorias no imóvel. 
 
(C) Ambos têm igual direito, cabendo-lhes depositar o preço previamente. 
 
(D) Ninguém tem direito de preferência, podendo Miguel vender a quem quiser. 
 
Resposta: letra B (art. 504, CC) 
 
2ª Questão: Considerando as características do contrato de compra e venda, marque a 
alternativa correta: 
 
(A) Unilateral, oneroso e consensual. 
 
(B) Bilateral, oneroso e consensual. 
 
(C) Bilateral, oneroso e real. 
 
(D) Bilateral, gratuito e consensual. 
 
Resposta: letra B 
 
 
SEMANA 1I 
 
Cláusulas especiais à compra e venda. Contrato de permuta ou troca. Empreitada. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – As cláusulas especiais implicam na atração de situações excepcionais nas relações jurídicas as 
quais não ocorreriam sem a existência de acordo expresso. Portanto, a compra e venda que as 
envolver configurará contrato formal. 
 
2 – A retrovenda consiste na avença entre as partes pela qual o vendedor reserva-se o direito de 
comprar a coisa alienada no prazo estabelecido entre as partes mediante devolução do preço 
recebido acrescido das despesas efetuadaspelo comprador e benfeitorias feitas por este, sendo 
certo que a autorização para realizá-las somente é dispensada se forem necessárias. 
 
2.1 – Tem a retrovenda a natureza de condição resolutiva, implicando no desfazimento da venda , 
retornando as partes à situação anterior. Portanto, não há fato gerado de novo imposto de 
transmissão de propriedade. 
 
2.2 – O prazo decadencial máximo para o exercício da retrovenda (direito de retrato ou resgate) é 
de 3 anos. Qualquer excesso reputa-se não escrito. 
 
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2.3 – A reivindicação da coisa fica atrelada ao depósito de respectivo preço. Enquanto não houver 
pagamento integral, não fica o comprador obrigado a restituir o bem ao vendedor. 
 
2.4 – Registrado o título pelo comprador, torna-se ele proprietário, podendo alienar o bem. 
Contudo, não fica prejudicado o vendedor se quiser exercer seu direito de resgate, na medida em 
que a cláusula de retrato é gravada. Logo, trata-se de cláusula com eficácia real, oponível a 
terceiros eventuais adquirentes do imóvel enquanto não vencido o prazo. 
 
3 –Preempção (preferência ou prelação) é pacto segundo o qual o comprador de um bem 
móvel ou imóvel obriga-se a oferecê-lo ao vendedor se, futuramente, pretender vendê-lo ou dá-lo 
em pagamento, tanto por tanto. 
 
3.1 – Diferenças da retrovenda: presta-se tanto para bens móveis quanto imóveis; o preço é 
estabelecido livremente; a cláusula de preempção somente gera efeitos entre as partes, não sendo 
oponível a terceiros, tampouco seus direitos são sucedidos pelos herdeiros. 
 
3.2 – O prazo para exercício da preferência é estabelecido entre as partes, não podendo ser 
superior a 180 dias, se a coisa for móvel, e 2 anos, se imóvel. Na hipótese de as partes não 
fixarem o prazo, dispõe a norma jurídica ser de 3ou 60 dias, dependendo se a coisa for 
móvel ou imóvel, respectivamente. 
 
3.3 – Os prazos começam a correr da data em que o houver o efetivo recebimento da notificação, 
que, salvo disposição contratual em contrário, pode ser extrajudicial. 
 
3.4 – O desrespeito ao direito de preferência, não se dando ciência ao vendedor sobre preço e 
vantagens, implica em perdas e danos. Responde também o adquirente se tiver agido de má-fé. 
 
3.5 – Denomina-se retrocessão a preempção legal conferida ao desapropriado quando a coisa não 
receber o destino que justificou a desapropriação ou qualquer outra finalidade de interesse público. 
 
4 – Venda a contento do comprador consiste no contrato em que o comprador somente se obriga 
a pagar preço pela coisa após declarar seu agrado. Se estipulada a cláusula especial e tendo sido 
previamente entregue a coisa ao adquirente, é este considerado comodatário até manifestar seu 
contentamento. 
 
4.1 – O aperfeiçoamento do contrato após a expressa manifestação do comprador pela aceitação 
da oferta. 
 
5 – Venda sujeita à prova é ato jurídico que apenas se perfaz após a comprovação das qualidades 
da coisa asseguradas pelo vendedor. Caso confirmadas pelo comprador, não poderá este recusá-la, 
assumindo, a partir de então, as obrigações decorrentes da compra. Até então, recebe o mesmo 
tratamento do comodatário. 
 
6 – Venda com reserva de domínio consiste em modalidade especial de contrato que versa sobre 
bem móvel em que a entrega do bem ao comprador somente transfere a posse. A propriedade 
permanece com o vendedor até o pagamento integral do débito, o que significa execução 
continuada oi diferida da obrigação de pagar. 
 
6.1 – A inadimplência da obrigação do comprador faz nascer ao vendedor a alternativa de exigir o 
pagamento ou recuperar a coisa. Se entender pela primeira opção, fica consolidada a propriedade 
 
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da coisa no patrimônio do comprador, pelo que poderá ser penhorada em execução promovida pelo 
vendedor. 
 
6.2 – Optando o vendedor por reclamar o bem, terá de restituir ao comprador o valor já pago, 
antes deduzindo a quantia referente à depreciação da coisa, as despesas sofridas e qualquer outro 
prejuízo. 
 
6.3 – A fim de conferir à cláusula oponibilidade em face de terceiros, deverá o contrato ser 
registrado no cartório de títulos e documentos do domicílio do comprador. 
 
7 – Venda sobre documentos tem maior incidência no comércio marítimo e sua finalidade é conferir 
agilidade na venda de mercadorias móveis. Logo, a obrigação do vendedor é cumprida mediante a 
entrega de documento que signifique a própria coisa. 
 
7.1 – A entrega de documentação regular faz presumir o estado e a qualidade da coisa vendida. 
 
8 – Contrato de troca é aquele em que as partes obrigam-se a entregar a propriedade de uma 
coisa mediante o recebimento de outra. 
 
8.1 – Trata-se de contrato bilateral, oneroso, consensual e, normalmente, paritários. 
 
8.2 – Se contrato envolver em troca e complementação em dinheiro configura compra e venda se 
o valor em dinheiro significar mais da metade do preço do negócio. Caso contrário, será 
considerado contrato de troca. 
 
8.3 – As mesmas regras que se aplicam aos contratos de compra e venda incidem nos contratos 
de troca, ressalva a divisão das despesas referentes ao contrato e a necessidade de 
consentimento dos descendentes se houver desigualdade do valor dos bens trocados entre 
ascendentes e descendentes. 
 
8.3.1 – É pacífico o entendimento de isenção de concordância dos descendentes se o bem 
pertencente ao ascendente for o menos valioso. 
 
9 – Empreitada é o contrato em que uma das partes assume a obrigação de realizar determinada 
obra, pessoalmente ou por terceiros, conforme as orientações da outra parte, que tem a obrigação 
de lhe remunerar. 
 
9.1 – Por ser uma relação contratual civil, não há subordinação entre o empreiteiro e o dono da 
obra. 
 
9.2 – O objeto do contrato é o resultado final da obra, pelo que não faz jus o empreiteiro à maior 
remuneração se a execução tomar mais tempo que o esperado, tampouco receberia menos se a 
conclusão ocorrer em menos tempo. 
 
9.3 – A abordagem do tema requer cuidado especial porque a incidência desta modalidade 
de contrato no campo social se dá na seara do mercado de consumo. Logo, deve-se ter cautela na 
aplicação do ordenamento jurídico porque é atraída a vigência do CDC. Em suma, 
o Código Civil tem lugar quando não está configurada a relação consumerista ou como diploma 
subsidiário. 
 
9.4 – São características do contrato de empreitada: bilateralidade, onerosidade (empreitada 
presume-se onerosa), consensualidade, informalidade, comutatividade e execução continuada. 
 
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9.5 – São suas espécies: empreitada de obra ou lavor e empreitada mista. Na primeira 
modalidade, que consiste na regra, o empreiteiro somente contribui com o seu trabalho, sendo 
responsabilidade do dono da obra o fornecimento do material; já na segunda, o empreiteiro 
também tem a obrigação de fornecer os materiais. 
 
9.5.1 – É importante estabelecer a espécie de empreitada porque, dentre outros efeitos, determina 
que deve assumir os riscos do contrato. Adotado o princípio geral res perit domino, quando 
a empreitada é de obra ou lavor, quem sofre a perda é o dono da obra, se não houver culpa do 
empreiteiro (nesta hipótese, ele fica responsável). Ademais, o empreiteiro também não responde 
pelos danos se houver mora do dono da obra ou se os prejuízos forem causados pela 
qualidade ou quantidade do material, tendo sido o dono da obra alertado do fato à tempo. 
 
Contudo, se a empreitada for mista, todos os riscos correm por conta do empreiteiro, salvo se o 
dono da obra estiver em mora. 
 
9.6 – A Lei 4.591/64 ainda prevê o contratode construção sob administração, segundo o qual a 
obra é realizada de acordo com a concessão de recursos, materiais e ordens do dono da obra, 
restringindo-se o empreiteiro a execução da obrigação de fazer. Diferencia-se da empreitada 
propriamente dita, em que o construtor/empreiteiro assume todos os encargos e custos da 
obra/construção. 
 
9.7 – A remuneração ao empreiteiro pode ser convencionada por etapas ou globalmente. De 
qualquer forma, tem o dono da obra o direito de verificar o resultado ao tempo do seu 
recebimento. Tendo pago o preço quando recebida a obra, presume-se a verificação. Nada poderá 
reclamar após 30 dias do recebimento sem que tenha havido denúncia quanto à qualidade e exata 
execução da obrigação do empreiteiro. 
 
9.8 – Incide nos contratos de empreitada a teoria dos vícios redibitórios, segundo a qual o dono 
da obra tem o prazo de 1 ano para reclamar de defeitos ocultos que somente possam ser 
percebidos mediante a utilização da coisa. 
 
9.9 – O prazo de 5 anos somente se refere à solidez e segurança, que consiste em conferir 
garantia ao dono da obra. O direito de exercer a respectiva ação decai em 180 dias a contar da 
data do surgimento do vício ou defeito. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Compreender as características e efeitos das cláusulas especiais. 
 Diferenciar as cláusulas especiais entre si e institutos semelhantes. 
 Conceituar o contrato de troca e estabelecer suas semelhanças e diferenças do contrato de 
compra e venda. 
 Conceituar o contrato de empreitada. 
 Elencar as características e efeitos do contrato de empreitada de acordo com suas espécies. 
 Diferenciar a responsabilidade do dono da obra e do empreiteiro, sendo que, neste último, 
aplicar os prazos de acordo com a característica do evento. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
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 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos I, II e VIII. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulos I, II e VIII. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
João comprou imóvel de Antônio mediante cláusula de retrovenda, tendo as partes avençado que o 
direito de retrato poderia ser exercido no prazo de 4 anos após a transferência da propriedade. 
Ocorre que, 3 anos e 6 meses após o negócio jurídico, Antônio tenta resgatar, porém João vendera 
a coisa a terceiro. Antônio procura você, advogado, para se informar se pode exercer o direito que 
a cláusula de retrovenda lhe confere perante este terceiro. 
 
GABARITO – CASO 1 
 
De acordo com o preceito do art. 507, CC, o direito de resgate é oponível erga omnes enquanto 
não é vencido o prazo resolutivo da propriedade do comprador. Assim, o terceiro teria adquirido 
imóvel gravado com a cláusula especial, logo se tornou titular de propriedade resolúvel. Afinal, 
ninguém pode transferir um direito diverso daquele que tem. 
 
Contudo, o art. 505, CC, estabelece o limite máximo de 3 anos para resolubilidade da propriedade 
em razão da retrovenda. Portanto, o excesso (1 ano) é considerado não-escrito, pelo que o 
vendedor não mais poderá exercer o direito de resgate no caso em tela. 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Otávio tem três filhos e cinco netos, todos maiores e capazes. Decide trocar uma casa por um 
apartamento do seu filho mais velho, haja vista os altos custo de manutenção de um imóvel 
grande. Contudo, como deixou de colher a anuência expressa de todos os seus descendentes, 
o filho mais promove ação anulatória por vício de forma, bem como pelo fato de os imóveis não 
serem igualmente valiosos. 
 
Isto posto, segundo entendimento predominante em manifestações pretorianas e doutrinárias, qual 
deveria ser o resultado da causa se comprovado ser o apartamento mais valioso do que a casa ? 
Justifique. 
 
GABARITO – CASO 2 
 
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Apesar de não haver disposição explícita, predomina o entendimento de ser válido o contato de 
troca entra ascendente e descendente quando a coisa deste for mais valiosa do que daquele. A 
finalidade da anulação é evitar prejuízo aos demais descendentes ao tempo da partilha da herança. 
Ora, desfazendo-se o ascendente de coisa menos valiosa e, assim, aumentando o seu patrimônio, 
não haveria prejuízo que possa justificar a anulação. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: O empreiteiro Célio Aguiar foi contratado para a construção de um 
empreendimento em Santos. O contrato foi de empreitada mista. Após cinco anos e nove meses 
da conclusão da obra, apareceu uma rachadura que se estendia do teto até a parte térrea da casa. 
Um perito esteve no local e constatou defeito na construção. Alegou o empreiteiro que sua 
responsabilidade pelo trabalho executado seria só por cinco anos. 
 
Diante disso, marque a alternativa correta: 
 
(A) Está correto o empreiteiro porque se trata de questão que envolve solidez e segurança, pelo 
que nada deve responder. 
 
(B) Enganou-se o empreiteiro, pois, em se tratando de vício de qualidade, a responsabilidade é de 
30 dias tão logo possa o vício ser percebido. 
 
(C) Se constatado defeito em razão de culpa do empreiteiro, o prazo será de três anos, previsto no 
art. 206, §3º, V, do Código Civil, a contar da data da lesão. 
 
(D) Somente estaria correto o empreiteiro se o contrato fosse de lavor, em que a 
responsabilidade é imputada ao dono da obra. 
 
Resposta: letra C (Súmula 194 do STJ – previa 20 anos porque 
o Código Civil revogado, vigente à época da sua edição, não fixava prazo para prescrição para 
reparação civil, o que existe no diploma atual). 
 
2ª Questão: Em contrato de empreitada mista, o dono de uma obra verificou que o preço dos 
materiais empregados na execução dos serviços sofrera significativa queda no mercado, o que 
acarretou redução, no valor total da obra, superior a 12% do que fora convencionado pelas partes. 
Diante disso, pleiteou ao empreiteiro a revisão do preço original, de modo a garantir abatimento 
correspondente à redução verificada. Em resposta a tal pedido, o empreiteiro argumentou que não 
seria possível qualquer revisão porque a queda no preço dos materiais resultara de fenômeno 
sazonal e, portanto, não se apresentava como motivo imprevisível capaz de justificar o 
requerimento. 
 
Com base no Código Civil, marque a alternativa correta: 
 
(A) Não tem direito o dono da obra ao abatimento do preço, haja vista ter assumido o risco da 
variação dos preços quando não elegeu a empreitada por lavor. 
 
(B) A solução do caso depende das cláusulas avençadas entre as partes, na medida em que a 
obrigação do empreiteiro é o resultado. 
 
(C) O abatimento do preço é possível desde que presentes os elementos autorizadores da revisão 
do contrato segundo a teoria da imprevisão. 
 
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(D) Por se tratar da empreitada mista e a variação do preço dos materiais ter sido superior a 10%, 
é direito do dono da obra exigir a revisão do preço pactuado. 
 
Resposta: letra D (art. 620, CC) 
 
 
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SEMANA 12 
 
Doação: Conceito e elementos característicos. Natureza jurídica. Pressupostos e requisit
os. Espécies. Modalidades especiais de doação. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – Doação é o contrato em que uma das partes assume a obrigação de transferir a propriedade 
de 
Um bem a outrem por mera liberalidade. Assim, são elementos do negócio: a vontade de praticar 
a liberalidade, a oferta do doador de transferir um bem e a aceitação do donatário. 
 
1.1 – A lei admite a aceitação tácita. Assim, se o sujeito nada declarar e ficar com a coisa objeto 
do contrato, reputa-se concluído o contrato de doação. 
 
1.2 – Existe a figura da aceitação ficta na hipótese em que o donatário for incapaz. 
 
2 – A doação é pura quando o donatário nada tem a fazer ou entregar ao doador para ser credor 
do direito de receber a coisa. Outrossim, o contrato não fica vinculado a qualquer condição ou 
outro elemento qualquer que possa atingir sua eficácia. 
 
2.1 – Há doação pura quando o pagamento efetuado pelo serviço de alguém for superior ao 
cobrado. Logo, o preço equivalente ao ajustado é pagamento; o que lhe superar é doação pura e 
simples. 
 
3 – Doação onerosa impõe ao donatário o cumprimento de um dever para ser merecedor da 
aquisição do bem pertencente ao doador. Logo, seu patrimônio não é aumentado a custa de nada, 
mas sim em razão da realização de uma incumbência. 
 
3.1 – O encargo não consiste em obrigação do donatário, mas sim elemento acidental do negócio 
jurídico. Destarte, o contrato surte efeito tão logo celebrado, porém o descumprimento acarreta na 
perda da aptidão do contrato em gerar efeitos, na forma do art. 136, CC. Se 
tivesse natureza obrigacional, seu descumprimento implicaria em perdas e danos. 
 
3.2 – O encargo pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou da coletividade em geral. 
Havendo mora do donatário, apenas o doador pode pleitear a revogação do contrato. Contudo, o 
Ministério Público pode exigir o cumprimento do encargo se destinado em favor de interesse geral 
e o doador não o tiver feito antes de sua morte. 
 
 
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3.3 – Aplicada a tese da estipulação em favor de terceiro, o beneficiado pelo encargo também 
poderá pleitear o cumprimento do encargo. 
 
3.4 – Se previsto encargo impossível ou ilícito, reputa-se não-escrito. Se, todavia, for a causa 
determinante da doação, fica o contrato integralmente invalidado, segundo preceitua o art. 137, 
CC. 
 
4 – Doação remuneratória é celebrada em retribuição a serviços prestados ao donatário em que 
não tenha havido exigência de pagamento. 
 
5 – Denomina-se doação em contemplação de casamento futuro quando o contrato é celebrado 
em razão das núpcias do donatário com pessoa certa e determinada. Assim, pode ser doador um 
dos nubentes e donatário o outro; um terceiro pode ser doador e ambos ou apenas um dos 
nubentes ser o donatário, bem como se admite a doação de um bem para a futura prole do casal. 
 
5.1 – Não se requer a manifestação de aceitação, bastando a concretização do casamento para 
aperfeiçoar o ato jurídico. Pela mesma razão, se não ocorrer o casamento, o negócio jurídico não 
se concretiza, pelo que devem os bens objetos de doação ser restituídos aos doadores. 
 
6 – Doação ao nascituro é válida, sendo manifestada a aceitação pelo representante legal. 
Contudo, o negócio jurídico somente fica perfeito com o nascimento com vida. Logo, se não houver 
nascimento, os objetos doados devem ser restituídos aos doadores. 
 
6.1 – O donatário, na verdade, é o nascituro. Como a lei não lhe confere aptidão para adquirir 
direitos, os efeitos da doação dependem do nascimento, quando então tem início a personalidade. 
 
7 – A doação em comum a mais de uma pessoa (doação conjuntiva) ocorre quando houver 
pluralidade de donatários, sendo todos proprietários da coisa. Se os donatários forem sócios 
conjugais, haverá direito de acrescer ao sobrevivente quando um deles morrer. 
 
8 – A doação de ascendente para descendente não implica na necessidade de concordância dos 
demais descendentes. Contudo, o valor da coisa doada, ao tempo da liberalidade, terá de ser 
corrigido monetariamente para ser considerado ao tempo da abertura da sucessão do doador. 
Assim, terá o descendente de abater do valor do seu quinhão sucessório o monte já recebido 
em doação. 
 
8.2 – Pode o ascendente doador obstar a colação do valor do contrato para descontar do quinhão a 
ser sucedido pelo donatário se houver cláusula expressa no contrato de doação ou se fizer 
testamento com tal objetivo. 
 
8.3 – Se o descendente donatário não for filho do ascendente doador, somente terá de colacionar o 
valor da doação se tiver qualidade de herdeiro à época da liberalidade. 
 
9 – Considera-se inoficiosa a doação cujo valor exceder ao montante que poderia ser livremente 
disposto pelo doador em testamento à época da celebração do contrato. 
 
9.1 – O contrato é válido se ultrapassar a metade máxima que poderia ser disposta pelo doador. A 
nulidade está apenas no excesso. 
 
9.2 – Havendo multiplicidade de doações, a ordem da redução é da última à primeira. 
 
 
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9.3 – Não são consideradas inoficiosas as doações feitas antes de o doador ter herdeiros 
necessários. 
 
10 – Doação universal é aquele que envolve todos os bens do doador, ainda que não tenha 
herdeiros necessários, não havendo reserva de parte ou renda suficiente para a subsistência digna 
do doador. Consiste em modalidade de negócio jurídico nulo. 
 
10.1 – Visa a nulidade a evitar que alguém, por sua negligência ou imprevidência, reduza-se à 
miséria, tornando-se um problema social. 
 
11 – É anulável a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice, havendo o prazo de 2 anos para 
promover a ação anulatória, a contar da dissolução da sociedade conjugal. 
 
11.1 – Sendo a fidelidade um dos deveres conjugais, descumpri-la significa agir antijuridicamente, 
o que merece resposta do ordenamento jurídico. 
 
11.2 – Por ter a lei utilizado a expressão cúmplice, a anulação somente atingiria a pessoa que 
aceitou a doação sabendo que manter relações com pessoa casada. Comprovada a ignorância do 
donatário quanto à prática do adultério, pode resistir à pretensão anulatória. 
 
12 – Doação mediante reversão (com cláusula de retorno) é aquela em que o doador estipula 
retornar a coisa doada ao seu patrimônio se sobreviver ao donatário. 
 
12.1 – Trata-se de constituição de propriedade resolúvel, em que o direito do donatário é intuitu 
personae. Se morrer antes do doador, o bem não será entregue aos seus herdeiros, mas sim 
retornará ao patrimônio do doador. 
 
12.2 – A propriedade fica gravada com a cláusula de retorno. Logo, quem adquirir do donatário a 
propriedade do bem, terá de se sujeitas aos efeitos da cláusula, não sendo prejudicado o direito do 
doador de reivindicar a coisa na hipótese de morte do donatário. 
 
12.3 – A morte simultânea consolida a propriedade do donatário, na medida em que o doador teria 
de sobrevivê-lo para ser extinto o direito real adquirido pelo contrato de doação. 
 
12.4 – Não se pode convencionar o retorno da coisa em favor de terceiro. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Conceituar o contrato de doação. 
 Identificar as características do contrato. 
 Compreender as espécies e respectivos efeitos de doação 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
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BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulo IV. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulo IV. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Tício doa à Mévia um imóvel com cláusula de reversão, segundo a qual, caso o doador 
sobrevivesse à donatária, a coisa retornaria ao seu patrimônio. Todavia, por ter contraído muitas 
dívidas, Mévia vendeu o imóvel para terceiro. 
 
Preocupado com a situação, Tício procura você, advogado, e lhe questiona se poderá reaver a 
coisa, que está na posse e propriedade de terceiro atualmente, se sobreviver a morte de Mévia. 
 
GABARITO – CASO 1 
 
O direito do doador de reivindicar a coisa após a morte do donatário é oponível erga omnes, na 
medida em que o imóvel fica gravado com a cláusula especial com eficácia real. Outrossim, tendo o 
donatário propriedade resolúvel, não poderá transferir um direito diverso daquele que tem. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Otávio tem três filhos e cinco netos, todos maiores e capazes. Decide doar uma casa ao seu filho 
mais velho, avaliado o bem objeto do contrato em R$ 300.000,00. Contudo, como deixou de colher 
a anuência expressa de todos os seus descendentes, o filho mais promove ação anulatória por vício 
de forma, bem como pelo fato de os imóveis não serem igualmente valiosos. 
 
Isto posto, responda : 
 
1) Considerado o ordenamento jurídico em vigor, deverá ser procedente a pretensão de 
decretação da anulação do contrato ? Justifique. 
 
2) Há algum meio de o doador resguardar o filho donatário de algum prejuízo futuro ? 
Justifique com base na norma jurídica. 
 
GABARITO – CASO 2 
 
1) O contrato de doação não requer a concordância dos demais descendentes quando o 
ascendente comum é o doador. Contudo, ao tempo da abertura da sucessão, o donatário terá de 
trazer o bem à colação, a fim de compensar o valor ora recebido no quinhão hereditário. Assim, os 
demais herdeiros legítimos receberão R$ 300.000,00 a mais para compensar o adiantamento 
recebido pelo mais velho. 
 
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2) Se houvesse no contrato cláusula expressa que declarasse ser o bem doado proveniente da 
parte disponível do patrimônio, ficaria o donatário isento de colacioná-lo, conforme art. 2005, CC. 
Desta forma, seu quinhão hereditário seria o mesmo dos demais herdeiros legítimos. 
 
O mesmo ocorreria se o doador fizesse testamento posterior à liberalidade para isentar a colação, 
conforme art. 2006, CC. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: Amanda recebeu de Paulo, casado com Fernanda, em 10 de dezembro de 2004, um 
veículo em doação. Durante as férias em família, no verão de 2009, Paulo sofreu um acidente e 
morreu. Recentemente, Fernanda soube da doação e propõe ação anulatória. 
 
Assim, quanto á anulação do contrato, marque a alternativa correta: 
 
(A) Prescreveu a pretensão de anulação do contrato, haja vista ter se passado mais de 2 anos 
da doação. 
 
(B) Poderá ser declarado nulo o contrato porque a sociedade conjugal não foi dissolvida há mais 
tempo que o estabelecido em lei. 
 
(C) O contrato de doação somente seria nulo se o veículo ultrapassasse a metade do que Paulo 
poderia dispor em testamento. 
 
(D) É viável a pretensão porque o doador era casado e o prazo para ser requerida a anulação do 
ato somente começou a correr após a morte do doador. 
 
Resposta: letra D (art. 550, CC). 
 
2ª Questão: João reivindica a propriedade de um imóvel que está em poder de Maria. Esta alega 
que o recebeu de Antônio em doação de mediante cumprimento de encargo. Ao tempo da 
contestação, denuncia o alienante à lide, a fim de lhe indenizar por eventuais danos decorrentes de 
evicção. O denunciado argumenta não ser cabível responsabilizá-lo por evicção, na medida em que 
celebrou com a denunciante contrato gratuito. 
 
Com base no Código Civil, marque a alternativa correta: 
 
(A) A denunciante não tem direito a ser indenizada pelo denunciado se sofrer evicção porque 
somente poderia assim pleitear se tivesse celebrado contrato oneroso. 
 
(B) Doação mediante cumprimento de encargo é contrato oneroso, pelo que é cabível postular 
indenização por evicção. 
 
(C) Somente teria direito contra o denunciado se este tivesse culpa pela perda da coisa em favor 
do reivindicante, segundo a teoria da responsabilidade civil. 
 
(D) O caso admite unicamente anulação do negócio jurídico por vício de consentimento, na 
modalidade de dolo. 
 
Resposta: letra B 
 
CURSO DE DIREITO 
 
Organização : professora Thelma Fraga 
Colaboradores: Prof. Ana Carolina Paul, Cleyson Mello, Renato Monteiro e Patrícia Xavier 
 
SEMANA 13 
 
Revogação das doações. Contrato de empréstimo (Comodato, mútuo). Depósito: conceito, 
características, espécies, alienação fiduciária e a prisão do depositário infiel. 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 – A revogação da doação pode ocorrer por descumprimento de encargo e por ingratidão do 
donatário. 
 
2 – Se o doador fixar prazo para cumprimento do encargo, automaticamente é configurada a mora 
do devedor; se não houver termo, a mora depende de interpelação do doador em que é 
determinado tempo razoável para conclusão. 
 
3 – O elenco legal dos atos de ingratidão é taxativo, implicando na revogação da doação pura. 
Está fundamentada no dever moral do donatário de ser grato ao seu benfeitor. Logo, os atos 
que servem de causa de pedir revogação são considerados repugnantes, tornando o donatário 
desmerecedor da liberalidade. 
 
4 – O direito de revogar a doação por ingratidão é ordem pública, caráter cogente. Portanto, não 
pode ser renunciado antecipadamente. 
 
5 – Homicídio doloso ou a tentativa consiste em ingratidão. Destarte, a prática de homicídio 
culposo não enseja revogação da doação. 
 
5.1 – As causas de exclusão de antijuridicidade e culpabilidade do crime também são aplicadas na 
esfera cível para obstar a revogação da doação. 
 
5.2 – Não se exige a prévia condenação criminal. Todavia, se esta ocorrer, fará coisa julgada 
também na esfera cível, bastando ao doador executar o título. 
 
6 – Ofensa física também não depende de prévia condenação criminal para viabilizar a revogação. 
Não se exige que seja configurado crime de vestígio, porém é adotado o princípio da 
insignificância. 
 
6.1 – Incidem igualmente as causas de exclusão de antijuridicidade e culpabilidade. 
 
7 – Não obstante a divergência doutrinária, apesar de não constar expressamente no terceiro 
inciso do art. 557, CC, predomina o entendimento de que é também ato de ingratidão a difamação. 
Afinal, atinge o mesmo bem jurídico (honra) do doador. 
 
8 – O fato de o donatário recusar-se a pagar alimentos ao doador quando este necessitar não 
significa de imediato a revogação do contrato. É preciso que o donatário possa pagar os alimentos 
porque, se não os puder, será mantida a eficácia da doação. 
 
9 – São considerados atos de ingratidão quando os ofendidos guardarem vínculo com o doador de 
casamento, união estável, descendência, ascendência ou sejam irmãos. 
 
10 – Estabelece a lei o prazo decadencial de 1 ano, a contar da ciência do ato de ingratidão e da 
sua autoria, para ser promovida ação revocatória. Ambos os requisitos são cumulativos, pelo que 
a contagem somente tem início quando ambos são conhecidos. 
 
 
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10.1 – A ação é personalíssima, cabendo a sua iniciativa apenasao doador, podendo os herdeiros 
prosseguir a demanda. Contudo, se o ato de ingratidão consistir em homicídio consumado, os 
herdeiros poderão iniciar a ação. 
 
10.2 – É possível lapso temporal entre os atos de execução do homicídio e o resultado morte. Se, 
neste ínterim, for perdoado o donatário, não poderá ser revogada a doação. 
 
11 – Se a coisa doada for alienada a terceiro de boa-fé, que não perderá a propriedade da coisa. 
Por outro lado, terá o donatário a obrigação de pagar indenização pelo valor médio da coisa. 
 
12 – Empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega à outra um bem que deverá ser 
devolvido. 
 
13 – Trata-se de contrato real, o qual somente se perfaz mediante a entrega da coisa. Antes da 
tradição, existe promessa de empréstimo. 
 
14 – Uma das espécies de empréstimo é o comodato. Este implica na transferência temporária de 
coisa infungível para fins de uso do comodatário. Encerrado o prazo, fixado ou razoável, deverá o 
bem ser restituído ao comodante. 
 
15 – O contrato de comodato não pode gerar qualquer vantagem econômica ao comodante, sob 
pena de se desclassificar para locação. Contudo, nada impede de ser configurado o comodato 
modal, ou seja, comodatário assume uma determinada tarefa em razão do empréstimo. 
 
16 – Trata-se de contrato unilateral, gratuito, real e informal. 
 
17 – Administradores de bens alheios não podem dar a coisa do proprietário em comodato sem 
especial autorização. 
 
18 – Havendo prazo convencionado entre as partes, o comodante não poderá exigir a devolução da 
coisa antes do tempo, salvo se provar necessidade urgente e imprevista. Se não tiverem as partes 
fixado tempo, deverá o comodante interpelar o comodatário para configurar a mora. 
 
18.1 – Configurada a mora do comodatário e mantendo este a posse do bem, poderá o comodante 
cobrar-lhe aluguel pelo uso da coisa até a efetiva devolução. 
 
19 – O comodatário é obrigado a conservar a coisa, não podendo cobrar do comodante as 
despesas efetuadas na conservação enquanto o bem estava em seu poder. 
 
19.1 – Se coisas próprias correrem risco de perecer juntamente com a coisa emprestada, não 
poderá o comodatário preferir salvar os seus bens em detrimento da bem objeto do contrato. Do 
contrário, responderá pelos danos, ainda que causados por caso fortuito ou força maior. 
 
20 – O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis, consistindo em contrato de consumo. Assim, é 
transferida a propriedade da coisa ao mutuário, que poderá usá-la como quiser. Ao tempo devido, 
entregará ao mutuante outro bem, do mesmo gênero, quantidade e qualidade. 
 
21 – Em regra, o mútuo também é gratuito. Excepcionalmente, o mútuo torna-se oneroso por 
prever o pagamento de juros pelo empréstimo de dinheiro – mútuo feneratício. 
 
 
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22 – Depósito é o contrato em que uma das partes, após receber coisa da outra parte, assume a 
obrigação de guardá-la, conservá-la e, ao tempo devido, restituí-la. Distingue-se do empréstimo 
por não conferir o direito de se servir do bem, devendo este ser guardado. 
 
23 – Dentre as espécies do contrato, recebe o maior número de normas o depósito voluntário, o 
qual se presume gratuito e, portanto, seria unilateral. 
 
23.1 – A doutrina, predominantemente, entende que esta modalidade de depósito é bilateral 
imperfeita, haja vista ser certa a obrigação do depositário, porém eventual a obrigação do 
depositante. Esta surge apenas quando o depositário sofre prejuízos ou despesas ao efetuar a 
guarda da coisa. 
 
23.2 – Se o depósito implicar em remuneração, encerra-se a controvérsia: o contrato é bilateral. 
 
23.3 – Trata-se de contato real, visto que a obrigação do depositário somente surge após a 
entrega da coisa. Outrossim, predomina o entendimento de se tratar de contrato informal, sendo a 
forma apenas ad probationem tantum. 
 
24 – Denomina-se depósito voluntário irregular aquele cujo objeto for bem fungível, são atraídas 
as normas relativas ao mútuo. Contudo, se diferenciam porque o depósito não transfere o consumo 
da coisa ao depositário. 
 
25 – Outra espécie de depósito é o necessário, o qual é constituído por força de 
imposição jurídica ou em razão de desgraça. O primeiro é denominado legal e o segundo 
miserável. 
 
26 – Terceira espécie é o depósito por equiparação, no qual o hospedeiro recebe o mesmo 
tratamento do depositário em ralação aos bens do hóspede. 
 
27 – Tanto o depósito necessário quanto o depósito por equiparação são premidamente onerosos. 
 
28 – A despeito da previsão legal da prisão do depositário infiel, tanto no Código Civil quanto no 
Código de Processo Civil, firmou o Pretório Excelso ser incabível a privação da liberdade nesta 
hipótese. 
 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
O aluno deverá ser capaz de: 
 
 Identificar as causas de revogação da doação, legitimidade e seus efeitos. 
 Conceituar o contrato de empréstimo e suas espécies. 
 Compreender as características e os efeitos do comodato e do mútuo 
 Conceituar o contrato de depósito e suas espécies. 
 Elencar as características e efeitos do contrato de depósito. 
 Analisar criticamente a prisão civil do depositário. 
 
 
ESTRATÉGIA: 
 
 Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo 
com a pertinência temática; 
 
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 A resolução dos casos faz parte da aula; 
 A abordagem dos casos permeia a exposição teórica. 
 
 
BIBLIOGRAFIA / JURISPRUDÊNCIA: 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008, Volume III, Título 
II, Capítulos IV, VI e IX. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2006. v.3 
 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 4. ed. rev. e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008. V. IV, Tomo 2, capítulos IV, VI e IX. 
 
 
CASO CONCRETO 1 
 
Mário doa uma casa a Francisco. Pouco tempo depois do cumprimento do contrato, o filho de Mário 
é assassinado. 25 anos após o homicídio, descobre-se que o criminoso foi Francisco, que, antes de 
matar o filho do doador, vendera a casa a um terceiro de boa-fé. Encerrada a investigação, é 
oferecida a denúncia pelo Ministério Público, sendo instaurada a ação penal, a qual resulta na 
condenação transitada em julgado por tentativa de homicídio. O doador requer ao juízo cível a 
revogação da doação, a fim de restabelecer o bem doado no seu patrimônio. 
 
Deve ser julgada procedente a sua pretensão ? Justifique abordando como ficará a propriedade da 
casa. 
 
GABARITO – CASO 1 
 
Primeiramente, não decaiu o direito de se pretender a revogação, na medida em que somente se 
soube quem praticou o ato muitos anos após o homicídio. Assim, mesmo que estivesse prescrita a 
pretensão punitiva, é viável o sucesso da revogação. 
 
Outrossim, não se exige ser o doador em pessoa a vítima do ato de ingratidão para ser configurada 
a situação jurídica em enseja a revogação. Sendo a vítima descendente do doador, fica 
configurara também a ingratidão. 
 
Por fim, não pode ser prejudicada a aquisição da propriedade pelo terceiro de boa-fé. Contudo, não 
fica impedida a condenação do doador ingrato, que terá de indenizar o donatário pelo valor médio 
da coisa doada. 
 
 
CASO CONCRETO 2 
 
Carlos celebrou contrato de financiamento com o Banco X para fins de aquisição de um veículo, 
sendo o negócio garantido pela modalidade da alienação fiduciária. Após pagar três das trinta e 
seis parcelas avençadas, foi interrompida a execução de pagar. Esgotada a cobrança pela via 
extrajudicial, a instituição financeira propõe ação de busca e apreensão. Foram exauridasas 
diligências pelo oficial de justiça sem que o veículo tivesse sido encontrado, pelo que a financeira 
requer a conversão do feito em ação de depósito. 
 
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Isto posto, questiona-se: é cabível a ordem de prisão civil por até um ano a fim de compelir o 
cumprimento da decisão condenatória no que tange à entrega da coisa ou se equivalente em 
dinheiro ? Justifique a resposta respaldando-se em entendimentos recentes do STF. 
 
GABARITO – CASO 2 
 
Não obstante o Decreto-lei 911/69, nascido no período de vigência do AI-5, prever a conversão da 
busca e apreensão em ação de depósito justamente para equiparar o devedor fiduciante ao 
depositário e, então, atrair a figura da prisão civil, sedimentou o Pretório Excelso o entendimento 
de não ser cabível a prisão civil por força de descumprimento da obrigação decorrente do depósito, 
principalmente nos casos em que o devedor não celebrou contrato de depósito, sendo tão somente 
equiparado a depositário pelas características do negócio jurídico. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
1ª Questão: João doou um valioso imóvel para Maria em 2003. Quatro anos após, muito doente e 
desempregado, o doador requer alimentos em face da donatária a fim de suprir suas necessidades 
básicas. Esta, por sua vez, negou-lhe a assistência porque sobrevive exclusivamente dos alugueres 
do imóvel recebido em doação, quantia esta insuficiente para cobrir seus gastos com remédios, 
alimentação, vestuário e outros ônus ordinários. 
 
Diante disso, marque a alternativa referente ao direito do doador promover revogação por 
ingratidão: 
 
(A) Não poderá ser revogada a doação, cabendo ao doador promover ação de alimentos e sua 
respectiva execução se a donatária manter-se inadimplente. 
 
(B) A revogação pode ser requerida desde que obedecido o prazo decadencial de um ano, haja 
vista a evidente ingratidão da donatária. 
 
(C) O contrato de doação somente poderia ser revogado se a donatária pudesse pagar alimentos e 
se negasse, o que não é o caso. 
 
(D) Apesar da previsão legal lacunosa, somente se admite a exigência de alimentos se as partes 
guardarem relação de familiar entre si. 
 
Resposta: letra C. 
 
2ª Questão: Antônio emprestou para Benedito seu automóvel, por um dia. Benedito estava 
trafegando pela cidade quando foi assaltado em um semáforo. Nesse caso, 
 
(A) Benedito terá que restituir o valor do automóvel, mais perdas e danos. 
(B) Benedito terá que restituir o valor do automóvel, pura e simplesmente. 
(C) Benedito nada terá que restituir a Antônio. 
(D) Benedito terá que pagar, tão somente, perdas e danos. 
 
Resposta: letra C. 
 
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