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TERAPÊUTICA DAS INTOXICAÇÕES
E DOS ACIDENTES COM ANIMAIS 
PEÇONHENTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AGRESTE DE 
PERNAMBUCO
Flávia F. de Menezes
2020-1
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Toxicologia
Vem do grego, onde toxicon=veneno e
logos=estudo.
veneno ou tóxico é qualquer substância 
sólida, líquida ou gasosa, introduzida ou 
aplicada no corpo, que interfere na vida 
celular do organismo.
Divisões da Intoxicação
 Fase de exposição
 Toxicocinética
 Toxicodinâmica
 Fase clínica
Divisões da Intoxicação
 Fase de exposição 
 Contato com o tóxico
 Vias de introdução, frequência de exposição, duração da
exposição, dose e [ ] do tóxico, sensibilidade individual
(raça, idade e espécie animal).
 Toxicocinética
 Absorção, distribuição, armazenamento (tecidos),
biotransformação e/ou bioativação e excreção.
 Citocromo P450 (Ác. Glicurônico, Acetatos, Sulfatos e
Glutationas)
Divisões da Intoxicação
 Toxicodinâmica
 Mecanismo de ação do tóxico
 nem todos os agentes tóxicos possuem mecanismo de ação
conhecido ou definido
 Fase clínica
 Fechar diagnóstico e estabelecer tratamento:
 sinais clínicos e sintomas apresentados
 Característica do agente tóxico ou peçonha
TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES
 Prevenção contra posterior absorção
 Tratamento sintomático de suporte
 Administração de antídotos específicos
Prevenção para posterior absorção
 Tóxicos aplicados topicamente:
• Lavagem exaustiva com água e sabão
• Corte de pelos ou lã
 Tóxicos ingeridos (até 2 horas)
• Induzir emese* 
• Lavagem gástrica (3 - 5 ml/Kg)
• Xarope de Ipeca 2% (1-2ml/Kg)
OBS: Não exceder 15 ml
CARVÃO ATIVADO!!!
Prevenção para posterior absorção
 Tóxicos ingeridos
-Peróxido de hidrogênio a 3% (1-2ml/Kg)
-Protetor de mucosa: Ranitidina (1-2mg/Kg)-cães
(3,5mg/Kg)-gatos
-Cloridrato de Xilazina: 0,44mg/Kg- Felinos
Cuidado na indução de emese!!!!
Prevenção para posterior absorção
 Tóxicos ingeridos
-Preparo do carvão ativado:
 Sachet: 8g de carvão diluído em 40ml de água- até 
20Kg (cães e gatos), 2 a 4x/dia
 Administração: oral ou através de sonda naso ou 
orogástrica
 Administrar catártico 30min após o carvão
Eliminação de Tóxicos Absorvidos
 Fluidoterapia (Ringer)
 Diurese forçada (Furosemida, Manitol)
 Aferir o pH urinário:
-Acidificação da urina (Cloreto de amônio, vitamina C)
-Alcalinização da urina (Bicarbonato de Sódio, Ringer 
com Lactato)
Tratamento sintomático de suporte
 Manutenção da respiração
 Tratamento do choque
 Correção das perdas hidroeletrolíticas
 Controle da disfunção cardíaca
 Controle da hipertermia ou hipotermia
 Controle da dor
Administração de antídotos 
específicos
 Administrado especificamente em cada tipo de 
intoxicação
 Mecanismo de ação:
• Complexo com o tóxico
• Bloqueio ou competição pelos sítios receptores
G
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o
gl
e
im
ag
en
s
INTOXICAÇÃO POR 
FORMAMIDINA
Amitraz®
CONDUTAS ESPECÍFICAS 
RELACIONADAS ÀS SUBSTÂNCIAS 
TÓXICAS
 INTOXICAÇÃO POR FORMAMIDINA (Amitraz®, Triatox®)
• Sinais clínicos: sonolência, sedação, letargia, tremores 
musculares, perda dos reflexos, hipotermia, midríase, 
hiperglicemia
• Mecanismo de ação: Inibe a liberação de insulina pelo 
pâncreas
* Contraindicado em equinos (impactação e timpanismo)
* Contraindicado em pacientes diabéticos
CONDUTAS ESPECÍFICAS RELACIONADAS ÀS 
SUBSTÂNCIAS TÓXICAS
 INTOXICAÇÃO POR AMITRAZ®, TRIATOX®
• Tratamento: 
 Lavar o animal com água corrente abundante
 Fluidoterapia (NÃO administrar glicose)
 Acidificação da urina (Vit. C)
 Administrar antagonistas: Ioimbina
Atipamezole (0,1 – 0,2mg/kg, IV, IM)
Tolazolina (5mg/kg)
Cão/gato: 0,4mg/kg
Equino: 0,075-0,15mg/kg
Bovino: 0,25mg/kg
INTOXICAÇÃO POR 
CARBAMATOS E 
ORGANOFOSFORADOS
 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS E 
CARBAMATOS
-Organofosforados: Triclorfon, Diclorvós, Coumafós
-Carbamatos: Aldicarb (chumbinho), Carbaril
• Sinais clínicos:
A) Sinais muscarínicos: dispnéia, cianose, sudorese,
sialorréia, lacrimejamento, náusea, vômito, incontinência
urinária, bradicardia, fasciculações musculares, fraqueza,
inquietação, hipermotilidade gastrointestinal (fezes
gelatinosas).
B) Sinais nicotínicos: 24 a 96h após intoxicação, inclui
paralisia da musculatura da cabeça e pescoço, ansiedade,
convulsão, insuficiência respiratória.
c) Neuropatia tardia: 2 a 3 semanas ou até meses após
exposição, caracteriza-se por debilidade muscular,
incoordenação motora, tremores musculares (trem posterior
progredindo para membros anteriores).
INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS 
E CARBAMATOS
• Tratamento:
-Medidas de descontaminação: indução de vômito ou
lavagem gástrica, limpeza da pele com água corrente e
uso de carvão ativado (diluído em água, soro fisiológico,
via oral ou por sonda oro ou nasogástrica)
-Medidas sintomáticas: bicarbonato de sódio (corrigir
acidose), benzodiazepínico (diazepam) para as
convulsões e câmara de oxigênio ou intubação
orotraqueal.
-Uso de “antídotos”: Sulfato de atropina (0,2 a 2 mg/Kg)- ¼
da dose I.V. e o restante por via S.C.
INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS 
E CARBAMATOS
Intoxicação por carbamato
-chumbinho-
INTOXICAÇÃO POR 
ORGANOCLORADOS
 INTOXICAÇÃO POR ORGANOCLORADOS
• DDT, DDD, BHC, Aldrin, Endossulfan (inseticidas e 
acaricidas)
• Sinais clínicos:
Gástricos: Náuseas, vômito, diarreia
Neurológicos: excitabilidade, tremores musculares,
convulsões.
• Tratamento:
-Medidas de descontaminação: cutânea e gástrica
CONDUTAS ESPECÍFICAS...
 INTOXICAÇÃO POR ORGANOCLORADOS (cont.)
• Tratamento:
-Medidas sintomáticas: anticonvulsivantes
-Medidas de suporte: fluidoterapia
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INTOXICAÇÃO POR 
PIRETRINAS E 
PIRETRÓIDES
PIRETRINAS e PIRETRÓIDES
• Cipermetrina,Deltametrina, Permetrina, Aletrina, 
Tetrametrina (inseticidas e acaricidas)
• Sintomas clínicos:
 Sialorréia, vômito, diarreia, dispnéia, urticária,
hiperexcitabilidade ou depressão, espasmos
abdominais, tremores musculares, convulsão,
prostração e morte.
PIRETRINAS e PIRETRÓIDES (cont.)
• Tratamento:
-Medidas de descontaminação: cutânea e gástrica
-Medidas sintomáticas: 
-anticonvulsivantes (diazepam); 
-anti-histamínicos (difenidramina ou prometazina) ou 
-corticosteróides (betametasona ou metilprednisolona).
-Medidas de suporte: fluidoterapia.
INTOXICAÇÃO POR 
CUMARÍNICOS E 
IDANDIÔNICOS
*Cumarínicos- Varfarina, brodifacoum, bromadiolona e 
difenacoum
*Idandiônicos- Pindona, clorfacinona e difacinona
-São anticoagulantes e tóxicos em todos os mamíferos;
-Interferem na síntese dos fatores de coagulação (no fígado). 
Inibem principalmente a ação da Vit. K
-Causam necrose hepática, hemorragias generalizadas, 
icterícia, cardiomegalia
Derivados cumarínicos e Idandiônicos
(Rodenticidas)
• Sinais clínicos:
Epistaxe, hematemese, melena, hemorragias na esclera,
conjuntiva e intraocular. Palidez de mucosa, dispnéia,
crepitação grossa (estertor húmido), andar cambaleante,
convulsões.
Dados laboratorias: (tempo de coagulação, tempo sangria e
protrombina ativada) e diminuição do Ht
• Tratamento:
Uso de eméticos*, lavagem gástrica, carvão ativado e
catárticos;
Oxigenoterapia (dispnéia), transfusão sanguínea.
Derivados cumarínicos e Idandiônicos
(Rodenticidas)
• Sinais clínicos: 
• Quadro hemorrágico inicia-se 2 a 5 dias após exposição;
• Dispneia, espuma sanguinolenta em boca e narina;
• Efusão pleural e pericárdica;
• Em alguns casos os animais são encontrados mortos 
sem sinais prévios da intoxicação- achados de necropsia 
(hemorragia generalizada).
Derivados cumarínicos e Idandiônicos
(Rodenticidas)
• Fatores que interferem na toxicidade
-Idade: jovens são mais sensíveis
-Espécie: ruminantes são mais resistentes que cães e gatos
-Def. Vit. K: antibioticoterapia prolongada
-Uso de fármacos que elevam a toxicidade: AAS e 
sulfonamidas
Derivados cumarínicos e Idandiônicos
(Rodenticidas)
• Agente MAIS TÓXICO
• Nome vulgar: 1.080
• Intoxicação: rapidamente absorvidopelo trato respiratório,
gastrointestinal, pele (com lesão) e mucosas.
• Tempo de latência: 30min
• Sinais clínicos: 
• cardíacos (arritmias ventriculares, depressão do miocárdio,
fibrilação ventricular) – cavalos, coelhos e macacos
• Neurológicos (convulsão espástica) – cães
• gatos, porcos e hamsters (sinais cardíacos e neurológicos)
Rodenticida
Ác. Monofluoroacético (MF)
• Intoxicação em cães/gatos
• Excitações neurológicas
• Disfunção cardíaca (menor grau)
• Manifestações clínicas:
• Inicialmente inquietude, hiperirritabilidade, aumento de
excitabilidade, alucinações, andar ou corrida delirante, vocalização
(latidos, ganidos, miados – dor).
Rodenticida
Ác. Monofluoroacético (MF)
• Midríase, salivação, emese, diarreia, tenesmo, fezes amolecidas e
polaciúria.
• Fasciculações, tremores e contrações musculares (convulsões
tônico-clônicas).
• Hipertermia (acima de 41 – 420 C)
Taquipneia – depressão neurológica – coma – morte (por insuficiência 
respiratória em torno de 2 a 12h após.
Rodenticida
Ác. Monofluoroacético (MF)
• Intoxicação em cães/gatos
 Tratamento:
• Terapêutica específica: Monoacetato de glicerol (Monoacetin®) 
– 0,55mg/kg, IM, a cada 30 minutos, por 12 horas.
• Fluidoterapia: Ringer com lactato
• Benzodiazepínicos ou Barbitúrico (Gardenal)
• Controle da temperatura
• Ambiente de meia luz ou o mais escuro possível
• Diurético: Furosemida – 2 a 4mg/kg, IV
A eficiência do tratamento depende do tempo decorrido entre intoxicação e 
tratamento (fase precoce da intoxicação) e da quantidade ingerida
Rodenticida
Ác. Monofluoroacético (MF)
Acidentes com Animais 
Peçonhentos
Arquivo pessoal
G
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gl
e
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ag
en
s
Acidentes Botrópicos
 Serpentes do gênero Bothrops
 Nome popular: jararaca, Surucucu
 Características gerais:
-Todos mamíferos são susceptíveis 
-O veneno botrópico possui ação necrosante, coagulante, 
vasculotóxica e nefrotóxica (lesão celular)
G
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gl
e
im
ag
en
s
Lesão necrosante após acidente com 
veneno botrópico
Acidentes Botrópicos (cont.)
• Sinais clínicos:
-Gravidade depende da espécie afetada, sensibilidade do
animal ao veneno, quantidade de veneno inoculado, local
afetado, tempo decorrido após o acidente.
-Dor, edema local e equimose (fase precoce);
Posteriormente: prostração, inapetência, taquicardia e
taquipnéia.
-Na área rostral é sempre mais crítico, podendo desencadear
obstrução das vias aéreas superiores.
Acidente Botrópico
Acidente Botrópico
Acidentes Botrópicos (cont.)
• Tratamento:
-Soro específico para o gênero Bothrops (soro antibotrópico) 
ou soro polivalente, IV lenta.
-O volume a ser aplicado no bovino é o mesmo no cão porque 
a dose depende do volume inoculado de veneno e não do 
tamanho e peso do animal afetado
-Sugere-se Flunixim meglumine associado a Furosemida ou 
Corticosteróides (desconforto e edema)
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 Serpentes do gênero Crotalis
 Nome popular: Cascavel, cobra guizo, etc.
 Características gerais:
-O veneno é considerado mais tóxico que o botrópico, a maioria 
dos acidentes são fatais;
-O veneno possui atividade neurológica (SNC e SNP), miotóxica
sistêmica, alteração de fatores coagulantes ( Plaquetas), 
nefrotóxica e hepatotóxica.
Acidentes Crotálicos
• Sinais clínicos:
-Paralisia dos membros, tremores musculares,
fasciculações, blefaroespasmos, ataxia, insuficiência
respiratória, paralisia dos músculos faciais e faríngeos,
dificuldade de sustentação da cabeça, paralisia do globo
ocular e dificuldade de deglutição.
-Mioglobinúria (miotoxinas), alteração de enzimas renais e
hepáticas.
OBS: Animais que sobrevivem desenvolvem IRA
Acidentes Crotálicos (cont.)
• Tratamento:
-Soroterapia antiofídica, IV lenta (via preferencial).
-Fluidoterapia
-Sol. Fisiológica ou água destilada no olho para evitar
ressecamento e úlcera
-Água várias vezes ao dia devido ao efeito “boca seca”
(paralisia dos mm. faciais)
Acidentes Crotálicos (cont.)
Acidente crotálico em gato
Midríase e respiração oral
Acidente Botrópico -Cão, fêmea, 4 anos de
idade, sem raça definida, observar o local da
mordida com edema e sangramento no
membro pélvico esquerdo (Hospital
Veterinário Dr. Halim Atique UNIRP, 2015)
Acidente Crotálico -Cão, fêmea, 5 anos de idade, sem 
raça definida, observar os orifícios no local da mordida 
na cavidade oral (setas amarelas), com ausência de 
edema e sangramento local (Hospital Veterinário Dr. 
Halim Atique, UNIRP, 2015)
Urina de coloração escura cor-de-café, em decorrência
a mioglobinúria devido ao acidente crotálico
Especificações (Soro Antiofídico)
DOSES E MODO DE USAR
Casos benignos: Injetar 5 ampolas pela via subcutânea.
Casos graves: Injetar 5 ampolas pela via subcutânea, e
15 pela via intravenosa, a critério do médico 
veterinário.
Os acidentes crotálicos são sempre considerados graves. 
 Características gerais:
O veneno contido no ferrão contém propriedades alergênicas, 
hemolíticas, cardiotóxicas e citotóxicas.
-Locais mais atacados: focinho (reg. nasal), boca e olhos
• Sinais clínicos:
-Múltiplas picadas (13 a 15 picadas/kg): náusea, hipertermia, 
fraqueza generalizada, hipotensão, edema pulmonar e 
taquicardia.
-Poucas picadas ((Tityus serrulatus, T. stigmurus);
 Hábito noturno, se alimentam de insetos
 Peçonha localizada na extremidade da cauda
 Sinais clínicos dependem da quantidade de veneno
inoculado;
Acidentes Escorpiônicos
G
o
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gl
e
im
ag
en
s
 Pode ser classificado em leve, moderado e grave;
 Soro antiescorpiônico ou antiaracnídeo, IV
 Analgésicos opióides, anestésico local, garantir a ventilação
adequada, hidratação (NaCl ou Ringer)
 Antiemético (Metoclopramida)
 Antibradicardizante (Atropina)
Acidentes Escorpiônicos
A
rq
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P
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so
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CRIA DE CASA
Figurante 3
Figurante 2
Figurante 1
DÚVIDAS?

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