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A IMPORTÂNCIA DO ATO DE ESCREVER NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO 
ANÁLISE E EXPRESSÃO TEXTUAL 
Prof.ª Auristela Crisanto da Cunha 
 
 
 
A importância do ato de escrever 
no ensino de língua portuguesa 
 
(...) Atualmente, exige-se do profissional redação própria, ou seja, a capacidade de passar 
para o papel seu trabalho ou de se comunicar com outras empresas a partir da modalidade escrita de 
forma clara. Contudo, é necessária muita leitura e conhecimento das possibilidades da língua, pois 
até mesmo um texto prosaico pode ser original, no sentido de passar a quem o lê a personalidade de 
quem o escreve. 
No entanto, sabe-se que, para muitos, o ato de escrever não é agradável, pois a pouca ou 
total ausência da modalidade escrita foi uma das lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e 
médio. Antes a ênfase nas nomenclaturas reduzia o espaço da interpretação, da leitura e da escrita, 
de forma que o aluno não conseguia, quando solicitado, utilizar os recursos gramaticais ensinados. 
Não cabe à universidade resolver as lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio, mas sim 
despertar aqueles que têm dificuldade ao escrever, fazendo com que esses leiam, escrevam bastante 
e consigam, ao longo dos anos e com a prática, sanar esse mal da escrita. Para isso, a produção de 
textos deve fazer parte da rotina acadêmica. 
Para Feitosa (2000), "escrever é parte inerente ao ofício do pesquisador" e não costuma ser 
tarefa fácil para ninguém. Normalmente, as pessoas "sofrem" muito quando têm que colocar suas 
ideias no papel. 
Parece que a primeira razão para esse "sofrimento" está naquilo que é, ao mesmo tempo, causa e 
efeito da crise em que se encontra a comunicação escrita: a pouca eficácia do ensino de redação 
nas escolas e a falta de treinamento específico para a redação científica, decorrentes de total 
desprestígio em que caiu a língua escrita como meio eficiente de comunicação. Hoje, "falam" os 
números, os dados estatísticos, as fotos, os gráficos, os VTs. (FEITOSA, 1991, p.12) 
Não se pode esquecer de que, durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou à 
produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se limitou a exigir do aluno as 
nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas eram, e continuam sendo, exigidas pelo vestibular e 
pelos concursos em geral. O resultado de tal postura foi um universitário que mal sabe escrever e, o 
pior, que pode passar quatro anos na universidade sem sabê-lo. 
Atualmente, a sociedade exige do profissional, seja ele engenheiro, advogado, jornalista, 
dentista, analista de sistemas ou professor, a capacidade de passar para o papel todos os seus 
estudos, divulgando assim o seu trabalho. Para isso, é preciso alguns conhecimentos específicos da 
elaboração da redação e, o principal, exige de qualquer um muita leitura. Escrever significa 
comunicar-se e, todos sabem que, nas empresas e instituições a comunicação se faz, muito mais, 
através da modalidade escrita do que da oral. 
Por outro lado, em inúmeras faculdades, o que se vê são pessoas, quase formadas, com 
dificuldade de escrever um texto. Esta dificuldade se explicita, quando o profissional tem de fazer 
uma pós-graduação, em que o exercício de escrita é uma constante; ou quando ele é solicitado a 
escrever um relatório, uma declaração, ou um outro documento na empresa. No momento em que 
estes questionamentos se colocam, pensamos por que estas pessoas, formadas por uma instituição, 
não conseguem escrever com certa tranquilidade e atender às necessidades exigidas pelo mercado 
de trabalho ou pelas instituições de pós-graduação. 
É importante esclarecer que o cerne do problema de se fazer uma boa redação não está 
diretamente ligado à universidade, e sim aos ensinos fundamental e médio. Contudo, este problema 
é levado até à faculdade e os docentes de língua portuguesa, matéria não encontrada em todos os 
cursos de graduação, não procuram, geralmente, fazer nada para sanar este "mal da escrita". Ao 
final do curso, o que se tem é um profissional incapaz de escrever bem o que aprendeu. Incapaz de 
dissertar com segurança gramatical e estrutural a respeito de um tema apresentado. 
Para Celso Cunha, a língua "é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. 
Expressão da consciência de uma coletividade, a LÍNGUA é o meio por que ela concebe o mundo 
que a cerca e sobre ele age". 
Pelo que se sabe, a língua apresenta variações diatópicas (variantes regionais, falares 
locais etc.), variações diastráticas (nível culto, nível popular, língua padrão, etc.) e 
variações diafásicas (língua escrita, língua falada, língua literária, etc.). Contudo, cabe 
perceber dentro dessas variações internas o contexto para a utilização da língua. Deve-se 
ter presente que "a língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas 
variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como 
norma, como ideal linguístico de uma comunidade". (CUNHA, 1985) 
(...) A língua escrita, para alguns, deve obedecer a normas, regras pré-estabelecidas por 
gramáticos, deve ter coesão e coerência para se fazer entender por todos. Mas, o que é coerência? 
Para Ingedore, a coerência também deve estar ligada a um contexto, deve obedecer ao objetivo do 
texto (seja ele escrito ou falado), isto é, não basta escrever várias frases com sentido, é preciso 
escrever várias frases com sentido unitário entre as partes do texto. 
 Além disso, vale lembrar que a coerência textual relaciona-se com a coesão do texto, "pois 
por coesão se entende a ligação, a relação, os nexos que se estabelecem entre os elementos que 
constituem a superfície textual" (KOCH, 2001, p.40). Contudo, a coesão não é suficiente para 
atribuir sentido ao texto, esse papel é confiado à coerência. Assim, "podemos dizer que a coerência 
dá origem à textualidade, entendo-se por textualidade “aquilo que converte uma sequência 
linguística em texto”. (ibid.p.45) Nesse sentido, o texto será incoerente se "seu produtor não souber 
adequá-lo à situação, levando em conta a intenção comunicativa, objetivos, destinatário, regras 
sócio-culturais, outros elementos da situação, uso dos recursos linguísticos, etc. Caso contrário, será 
coerente". (ibid. p.50) 
 Na verdade, não se pode esquecer de que há diferentes tipos de textos e que cada um tem 
seu esquema estrutural. Sabe-se que textos narrativos são diferentes de textos dissertativos que são 
bem diferentes de textos descritivos que, por sua vez, são diferentes de textos poéticos ou de textos 
dramáticos. 
 É importante ressaltar que não é objetivo do professor de língua portuguesa, nem da 
universidade, criar escritores de romances, de poemas, de crônicas, mas é sua função apresentar aos 
discentes diferentes tipos de textos e intenções para que estes saibam precisar a que estrutura da 
modalidade escrita devem recorrer quando solicitados a fazer um relatório, um projeto, uma resenha 
ou um ensaio acadêmico. 
O aluno pensa que só se faz dissertação no momento em que o professor de língua 
portuguesa assim determinar. O aluno não percebe que ao responder a um questionário de filosofia, 
ou de história, ele também está dissertando e deve, portanto, usar todos conhecimentos gramaticais 
aprendidos nas séries anteriores e deve utilizar seus conhecimentos de português, geografia, 
literatura, biologia, sociologia, enfim perceber as inter-relações entre as disciplinas. 
 
Texto na íntegra: 
BARRETO, Cintia. A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa. Disponível em 
http://linguagemetextos.blogspot.com/2008/09/importncia-do-ato-de-escrever-no-ensino.html. Acesso em 23 jan. 2009.

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