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Aula 16 – E quando se escreve como exercício escolar? A “bendita” redação! Acreditamos que as crianças precisam estar embaladas, mobilizadas, por alguma questão que represente um bom motivo para a escrita. Alguma criança poderá ter uma questão motivadora própria, é verdade, mas, em geral, é na escola, e sob responsabilidade do professor, que a contextualização para a produção escrita poderá ser construída, e aí está em jogo a intenção / habilidade do educador para colocar um motivo / um texto no centro, como algo comum, compartilhado, que congrega os leitores, os escritores, os alunos. Uma vez, alguém me contou sobre um aluno que, quando “fazia redações”, escrevia umas poucas frases e as entregava à professora. Até que ela lhe perguntou o porquê de ele escrever tão pouco. A resposta foi contundente: “Escrevo pouco para errar menos…” Ora, isto quer dizer alguma coisa muito séria: estaremos, realmente, possibilitando aos alunos o prazer de se expressar por meio da escrita? De brincar com as palavras, criando outros sentidos para elas, nos textos em que se expressa? A afirmação do menino, demanda ainda, entender que os processos que levam à escrita são também subjetivos e que, portanto, para além de ter o que dizer, os alunos, ao “escreverem uma redação”, se preocupam com o como dizer, de forma a estabelecer uma interlocução com o professor – quase sempre uma interlocução que levará a uma avaliação. Isto causa um peso enorme. ESCREVER REDAÇÃO É A MESMA COISA QUE PRODUZIR UM TEXTO? À primeira vista, nossa resposta pode ser afirmativa: é claro que uma redação é uma “produção de texto”! No entanto, não se esqueça de algo que já vimos falando, desde o primeiro módulo, e que não cansamos de repetir: as palavras são históricas, ou seja, carregam consigo uma carga semântica que adere à história. Nesse sentido, em termos sócio-históricos, “escrever uma redação” não é o mesmo que “produzir um texto”, pois essas duas ações correspondem a momentos político- pedagógicos diferentes. Como você pode perceber Geraldi, de certa forma, apresenta a distinção entre “redação” e “produção de texto”. Redação, o texto é escolar; é escrito para ser avaliado e é concebido dentro de determinadas regras ditadas pela escola. Nesta situação estão, inclusive, os textos acartilhados. Já no caso da produção de texto, a escrita se faz com a interlocução entre um autor e um leitor; entre parceiros da linguagem escrita, que dialogam sobre o escrito, que constroem sentidos por meio da linguagem. Na produção textual, tem-se a exposição das ideias de que um determinado autor deseja transmitir, de modo que existem diversos meios para propagação dessa finalidade. Já, a redação é obrigatoriamente um texto escrito, que defende ou apresenta alguma determinada ideia. Escrever precisa ser um ato prazeroso. Não se deve corrigir uma redação, apenas analisando os aspectos ortográficos e ignorando o que o aluno quis dizer. Comentários são importantes. O aluno escreve para ser lido, não para ser corrigido, mas, na prática, o que se verifica é o contrário. Redação X produção de texto. – O primeiro tem contexto escolar. Ele é feito para ser corrigido e avaliado. O segundo, trata-se de um diálogo entre autor e leitor Aula 17 – Discutindo o sentido de trabalhar (ou não) a gramática na escola. A GRAMÁTICA E A SALA DE AULA Comecemos pelo conteúdo de Língua Portuguesa de primeira à quarta série. Nas Aulas 12/13, traçamos um breve panorama que esquematizava a organização desses conteúdos nesses primeiros anos. Como dissemos, ele é um apanhado do que se vê, mas não pode ser considerado absoluto, pois há escolas que já mexem nessa organização. Acreditamos que, a partir do que discutimos ao longo das seis aulas anteriores, e do que estamos sintetizando nesta aula, ficam-nos algumas perguntas no ar: A escola conforma? Ou transforma? Depende dela essa conformação/transformação, ou de cada um de nós, que nela trabalhamos, cotidianamente? Será a escola aquela redoma de vidro, com tempos e horas marcados, de que tanto ouvimos falar nos cursos de magistério? Ou poderá ser algo diferente? Em relação ao trabalho com a língua materna, que possibilidades podemos construir para que esse trabalho seja mais significativo para nós mesmos e para nossos alunos? NÃO HAVERÁ OUTRA MANEIRA DE SE COMPREENDER O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NA ESCOLA? Certamente que sim. E, que fique bem claro, isto não significa dizer que vamos jogar na lata do lixo tudo o que conhecemos, aprendemos e apreendemos com e sobre a língua materna até hoje. Vejamos oque nos diz em alguns especialistas neste assunto: (1) Não se trata de “ensinar” a língua materna, que o aluno já fala ao entrar na escola; nem se pode, aliás, ensinar uma língua. O que cabe é ir aumentando a capacidade comunicativa dos alunos, trabalhar com a língua, melhorando sempre mais e tornando mais produtivo o manejo desse instrumento (LUFT, 1985, p. 33 – 34). (2) No processo pedagógico, (…) trata-se de construir possibilidades de novas interações dos alunos (entre si, com o professor, com a herança cultural), e é nestes processos interlocutivos que o aluno vai internalizando novos recursos expressivos, e por isso, mesmo, novas categorias de compreensão do mundo (GERALDI, 1996, p. 69). (3) Em resumo, poderíamos enunciar uma espécie de lei, que seria: não se aprende por exercícios, mas por práticas significativas. (…) O domínio de uma língua, repito, é o resultado de práticas efetivas, significativas, contextualizadas. (…) O modo de conseguir na escola a eficácia obtida nas casas e nas ruas é “imitar” da forma mais próxima possível as atividades linguísticas da vida. Na vida, na rua, nas casas, o que se faz é falar e ouvir. Na escola, as práticas mais relevantes serão, portanto, escrever e ler. Claro que se falará a pampas na escola, e, portanto, se ouvirá na mesma proporção (um pouco menos, um pouco mais…) (POSSENTI, 1996, p. 47-4 8). Eles propõem alguns princípios básicos para que a sala de aula, no trabalho com a língua, se transforme em um ambiente mais significativo e prazeroso, tanto para os alunos quanto para nós, professores (ou futuros professores). Fundamentalmente, eles nos afirmam que: • “o que cabe é ir aumentando a capacidade comunicativa dos alunos”; • “trata-se de construir possibilidades de novas interações dos alunos”; • “não se aprende por exercícios, mas por práticas significativas”. • “o modo de conseguir na escola a eficácia (…) é “imitar” da forma mais próxima possível as atividades linguísticas da vida”. As citações destacam pontos com os quais nem sempre nos preocupamos, quando entramos em sala de aula para ensinar a língua materna. A escola transforma ou conforma? Não se trata de “ensinar” a língua que o aluno já fala, mas de aumentar as capacidades comunicativas dos alunos. Não se aprende por meio de exercícios, mas de práticas comunicativas, trata-se de construir possibilidades de novas interações dos alunos, e ir aumentando a capacidade comunicativa dos alunos, “imitar” da forma mais próxima possível as atividades linguísticas da vida. Qual a melhor forma de “ensinar” a nossa língua materna? Trabalhar com a produção de texto numa perspectiva da interação pressupõe que a escrita tenha uma função social e que os textos circulem dentro e fora da escola. Dessa forma, o próprio aluno aprende, desde muito cedo, a dominar o funcionamento da escrita, considerando a sua multiplicidade de situações de uso. Como uma professora de ensino fundamental pode trabalhar em sala de aula as variações linguísticas na fala e na escrita dos alunos mostrando que todas as comunicações devem ser valorizadas? Resolução 1: A professora pode pedir aos alunos que pesquisem as regiões do país e as diferentes formas de cada uma delas. Pode também pedir para que os alunos que usam ou conheçam variações regionais, façam demonstrações de termos que se diferem dos usados por eles. É importante igualmente mostrar que a região em que a escola está temcaracterísticas próprias, que são diferentes em outras regiões. Mostrar que a fala é rica, pois realizar a interpelação entre as pessoas e, portanto, deve ser valorizada, pois toda forma de comunicação é imprescindível na formação de verdadeiros cidadãos. Aulas 18/19 – Diversidade linguística no Brasil. Como já afirmamos, a identidade cultural de um povo é elemento de unificação e de confirmação de que existe um traço comum dentro de uma nação, e a língua faz parte da construção dessa identidade. Podemos dizer que há uma relação bastante estreita entre sociedade, cultura e as construções linguísticas utilizadas pelas pessoas que convivem nessa sociedade e que preconceito linguístico é uma forma de discriminação que ocorre em situações sociais, por meio da linguagem. Trata-se de uma forma sutil de exclusão social, que deve ser reconhecida e combatida. Como atividade social, a língua se relaciona ao contexto de seus usuários e varia de acordo com a situação de comunicação. Vivemos em uma sociedade bastante preconceituosa e, quando se discrimina, por exemplo, o modo de falar de uma pessoa ou as expressões por ela utilizadas, quase sempre também se está discriminando a sua origem. O preconceito linguístico está, em geral, associado às outras formas de discriminação. Há uma relação bastante estreita entre sociedade, cultura e as construções linguísticas utilizadas pelas pessoas. Cada região do país possui vocabulário próprio e específico (regionalismos). Tal diversidade nos faz ser únicos e múltiplos ao mesmo tempo. Diversidade linguística também se refere a termos que deixam de existir com o passar do tempo, jargões de Direito, gírias, etc. Relações existentes entre sociedade, cultura e construção linguística: A cultura também deriva da sociedade, uma vez que é construída paulatinamente pelas interações entre os sujeitos ao longo do tempo, mas ela só pode ser concebida e transformada através da linguagem, pois é o processo de comunicação que atribuirá significados à realidade e, assim, atuar na produção de valores, costumes, crenças e práticas – que constituem o modo de vida de cada grupo – os quais moldam formas de pensar, sentir, agir e crer, ou seja, a experiência individual e coletiva dos indivíduos em determinado local e período. Quais são as principais causas do preconceito linguístico? A principal causa do preconceito linguístico é acreditar que uma variação linguística está mais correta do que a outra. Isso, levando em consideração, construções sociais que envolvem classe social e diferenças entre regiões e sotaques. As variações linguísticas ocorrem nos âmbitos geográficos, temporais, sociais e situacionais: • Variação regional ou geográfica (diatópica): variações linguísticas existentes entre diferentes locais e regiões. Exemplos de variações diatópicas Diferentes palavras para os mesmos conceitos: Aipim, mandioca, macaxeira; Abóbora, jerimum, moranga; Sacolé, dindim, geladinho; Totó, pebolim, matraquilhos; Fruta-do-conde, pinha, ata, anona. Diferentes sotaques, dialetos e falares: Dialeto caipira; Dialeto gaúcho; Dialeto baiano; Dialeto carioca; Dialeto montanhês; Dialeto nordestino. Reduções de palavras e perda ou troca de fonemas: véio (velho); oiá (olhar); muié (mulher); cantá (cantar); enxovar (enxoval); oncotô (onde estou); pertim (pertinho); vambora (vamos embora). • Variação social (diastrática): variações linguísticas existentes entre diferentes grupos sociais. Exemplos de variações diastráticas Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os skatistas: Prefiro freestyle. O gringo tem um carrinho irado. O silk do skate tá insano. Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais e militares: Ele deu sopa na crista. Vamos na rota dele. Não mexe com meu peixe. Linguajar partilhado por um grupo específico, como a comunidade LGBTQIA+: Tô sem aqué, querida! Não posso ir ao show! Então, saiu de casa para vir aqui me gongar? Este menino só sabe fazer a Alice, vive no mundo da lua! Variação linguística e preconceito linguístico • O preconceito linguístico surge porque nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo prestígio. Algumas são consideradas superiores, mais corretas e cultas e outras são consideradas menos cultas ou mesmo incorretas. • Preconceito linguístico ocorre sempre que uma determinada variedade é referida com um tom pejorativo e depreciativo, estando associada a situações de deboche ou até de violência, o que contribui para a exclusão social de diversos indivíduos e grupos. • É urgente compreender e aceitar que todas as variedades linguísticas são fatores de enriquecimento e cultura, não devendo ser encaradas como erros ou desvios. Aulas 20 e 21: Erro e agramaticalidade: falando a gente se entende? Quais são os 4 tipos de variação linguística? São as variações diatópicas (geográficas), variações diastráticas (grupos sociais), variações diafásicas (formal x informal), variações diacrônicas (históricas). O que normalmente é apontado como “erro de português”, na verdade, é apenas um “desvio da ortografia oficial”. O modo de escrever não faz parte da gramática da língua. Muitos estudiosos afirmam que não existe erro quando se trata do uso da língua, pois a mensagem que o falante emitiu foi entendida, mesmo que ele diga “nós fumo”, por exemplo. O que ocorre nesse caso é uma adequação. O aluno que comete desvios da ortografia não está cometendo erros de português, pois o aprendizado da ortografia exige exercício, memorização, treinamento. Para que haja “agramaticalidade” é preciso que o falante viole as regras do sistema linguístico. Quando isso acontece, a comunicação se torna inviável. Erro/Desvio: inadequação no uso da língua, mas que não compromete a comunicação. (Ex: “nós fumo”). Agramaticalidade: infração a determinadas regras que impede a comunicação. (Ex: “não hoje a criança viu o brinquedo lá”). Aulas 22 e 23: Falando de coesão e coerência A coesão diz respeito ao encadeamento de ideias entre as frases e parágrafos. Já a coerência textual se refere à ligação entre as ideias do texto, que deve ser feita de maneira lógica para transmitir corretamente a mensagem. O que é o conceito de coesão? A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação entre frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora com sua organização e ocorre por meio de palavras chamadas de conectivos. Qual é o conceito de coerência? Coerência é a característica daquilo que tem lógica e coesão, quando um conjunto de ideias apresenta nexo e uniformidade. Para que algo tenha coerência, este objeto precisa apresentar uma sequência que dê um sentido geral e lógico ao receptor, de forma que não haja contradições ou dúvidas acerca do assunto. Qual é a diferença entre coesão e coerência? O ponto principal da coesão textual são as regras da gramática, ou seja, articulação interna. A coerência textual, do contrário, aborda a articulação externa e mais profunda do texto: o seu conteúdo PENSANDO SOBRE O TEXTO: A COERÊNCIA Você deve estar se perguntando: Mas, afinal, por que pensar sobre essa tal coerência quando se escreve um texto? A resposta a essa questão pode ser iniciada com os trechos a seguir. Vamos a eles? 1. Era meia-noite. Tudo muito escuro. O homem aproximou-se da janela e olhou, fixamente, para dentro. 2. Era meia-noite. O sol brilhava lá fora, enquanto o gato penteava as unhas do pé. Silenciosamente, o homem tocou o sino da igreja. Nos dois trechos apresentados, temos duas situações, e não é difícil você perceber que, na primeira, há coerência, enquanto, na segunda, a sua ausência é logo notada. Por quê? Esta é uma resposta que você pode dar, mas, iniciando-a, afirmamos que, no segundo caso, são evidenciadas situações impossíveis de acontecer (gato “penteando” unhas do pé?), pelo menos no que denominamos, comumente, “mundo real”. Em outras palavras, em situações como essa, pode-se dizer que a coerência se estabeleceno mundo fantástico, mas certamente não, se estivermos no “mundo real”… No entanto, você também percebe que ambos os trechos apresentam coesão, ou seja, formalmente, estão redigidos de modo claro, com uma estrutura sintática adequada à situação linguística que constituem. Nesse caso, o que diferencia os dois trechos é, mesmo, a coerência – a lógica do texto, o que se diz. Em determinadas situações, a coerência se estabelece a partir da coesão textual. Ela evidencia como o conhecimento linguístico (referente aos usos e valores da língua) é imprescindível para a produção de sentido e, obviamente, a obtenção da tão cantada coerência. Mas, em termos da relação coerência coesão, a coesão não é tudo em um texto. Podemos perceber isto no terceiro exemplo, quando a ausência de elementos coesivos entre as frases não nubla o sentido global. (…) A coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interoperabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global (Koch e Travaglia, 2004, p. 21) (…) A coerência não é apenas um traço ou uma propriedade do texto em si, mas (…) se constrói na interação entre o texto e seus usuários, numa situação comunicativa concreta (2004, p. 81). No livro A coerência textual, Koch e Travaglia nos apresentam onze fatores que possibilitam o estabelecimento da coerência. Nesta nossa aula, vamos destacar cinco deles, a saber: (a) os elementos linguísticos; (b) o conhecimento de mundo; (c) o conhecimento partilhado; (d) as inferências; (e) a contextualização. Como você sabe, seria ótimo se pudéssemos apresentar todos eles, analisando cada um com bastante calma. PENSANDO SOBRE O TEXTO: A COESÃO Falamos de coesão quando estabelecemos a inteligibilidade de um texto por meio de elementos que se encontram no léxico e/ ou na gramática de uma língua e que, de alguma forma, interferem na re l ação, na sequência lizada dos sentidos desse texto. Linguística Textual também trouxe contribuições significativas ao estudo de uma língua. Acreditamos que trabalhar com a coesão e a coerência em um texto não é a mesma coisa que trabalhar com conceitos que já conhecíamos nos estudos gramaticais. Os dois fundamentos básicos da Linguística Textual são a coerência e a coesão. Ambas se constituem, em um texto oral ou escrito, a partir de mecanismos próprios. Nesse sentido, podemos dizer que a coerência acontece por meio de inferências, de conhecimento de mundo, de conhecimento partilhado, por exemplo. Já a coesão ocorre por meio da substituição, das referências, da coesão lexical. Coesão: quando o texto é escrito de forma clara, de acordo com a estrutura sintática da situação. Fatores que possibilitam o estabelecimento da coesão: -referência -substituição -elipse -conjunção -coesão léxica Coerência: quando o texto apresenta uma lógica, quando há a possibilidade de ele fazer sentido. Fatores que possibilitam o estabelecimento da coerência: -elementos linguísticos -conhecimento de mundo -conhecimento partilhado -inferências -contextualização Aula 24: Coesão e coerência em sala de aula Não é preciso decorar fatos gramaticais, mas entender como eles interferem na inteligibilidade de um texto. É a partir desse dado concreto que nos comunicamos ou expressamos, que interagimos com os outros e com o mundo. Você também teve a oportunidade de verificar que esses elementos coesivos, de certa forma, já são seus conhecidos: são estruturas verbais; léxico; conjunções; elipses, enfim, fatos gramaticais que você conheceu na escola, mais precisamente nas séries iniciais, concorda? Bem, isto vem reforçar o que vimos afirmando ao longo desta disciplina – dizer que há outras formas de se trabalhar com a língua, não significa jogar fora a criança com a água do banho – ou seja, não significa dizer que a gramática normativa, padrão, deve ser jogada na lata do lixo.…. Ela precisa, sim, ser adequada às situações em que a utilizamos e, principalmente, é imprescindível que pensemos sobre essa utilização, ao falarmos e ao escrevermos. Aulas 25 e 26: O que se lê e o que se entende. O aluno leitor Quando várias pessoas leem um mesmo texto, elas lerão e, ao mesmo tempo, não lerão o mesmo texto, pois cada uma interpretará o que leu de uma forma diferente, pois levará para a leitura uma série de conhecimentos prévios, experiências de vida, etc. Intertextualidade: quando ao ler um texto, automaticamente, o associamos a outro. Concepção ampliada de leitura: a capacidade de reconhecer elementos de um texto em outros, de entender referências, de reconhecer textos como possibilidade de atribuição de sentidos. Aulas 27 e 28: O que se lê, o que se entende e o que se escreve: o aluno autor É importante dar importância à voz os alunos, tornando-os, portanto, autores de sua própria narrativa. Ao estimular a autoria aos alunos, faz-se com que eles percam o medo de tentar escrever diferentes estilos literários, com os quais têm contato na escola e/ou em seu cotidiano. O aluno leitor torna-se aluno autor graças ao incentivo docente. Aula 29: Planejando a formação do aluno leitor autor O leitor tem um papel importante na construção dos sentidos de um texto e o autor precisa contar com essa participação em sua obra. Sobre a relação leitor / autor Os leitores, neste caso, eram passivos, ficavam presos às palavras escritas, tentando decifrá-las, ou melhor, tentando adivinhar aquilo que seu autor queria realmente dizer… Bem, se nós pensamos assim, como ficam as cabeças de nossos alunos no momento exato de escrever, de expressarem suas ideias no papel? E no momento de ler ou interpretar o que outros escreveram? Hoje, com o advento de teorias como a Estética da Recepção, por exemplo, percebemos que as coisas não são bem assim. Ou seja, sabemos que o leitor tem um papel importantíssimo na construção dos sentidos de um texto. E que o autor precisa contar com essa participação em sua obra, porque ela, a partir do momento em que é lida, torna-se coletiva: processo conjunto, autor / leitor(es), produto de todos aqueles que a leem. Acreditamos que é muito importante para a criança entender os atos de ler, de escrever e por que não? de interpretar como ações que fazem parte de sua rotina de estudos, mas que também são atos que devem fazer parte de seu cotidiano, independentemente do fato de ela encontrar-se ou não em sala de aula. O Leitor / autor e o espaço da escola Trabalhar com as diversas formas de leitura, entre me ando situações de análise e de síntese dessa leitura… Criar situações de debate, de pesquisa e/ou de reflexão que possibilitem a produção de textos diversos por parte dos alunos, individualmente ou em grupos… Enfatizar a importância do diálogo e do debate em momentos de avaliação das produções orais ou escritas, individualmente ou em grupos… Enfim, ler o mundo e ser capaz de expressá-lo de diversas formas, sob diversas linguagens, e com a autonomia da sua autoria. O espaço escolar poderá contribuir na formação de leitores e escritores, se for capaz de fazer, do espaço textual, um espaço da Co presença de vários discursos, de intertextualidade, e não um espaço monológico e dogmático. Também poderá contribuir, se for capaz de ter uma escuta atenta à linguagem das crianças, se der sentido à sua expressão e organizá-la para que, aos poucos, se vá aproximando das convenções da língua. Aula 30: Língua e ensino de língua: é possível aprisionar as palavras? Pequenas modificações em palavras fazem com que elas mudem totalmente o sentido (a melhor X há melhor, por exemplo). Ou seja, as palavras não podem ser aprisionadas em classes gramaticais e sentidos únicos. É possível aprisionar as palavras? Adicione-se a estas perguntas o fato de que estamos,tão somente, refletindo sobre a relação existente entre a categorização sistemática das palavras em classes gramaticais e seu uso corrente em textos. Em outras palavras, sobre a ascendência das questões gramaticais sobre a fala e a escrita existentes no cotidiano de nossa comunicação. E se pensássemos, agora, sobre a importância do texto, e de seu contexto, na construção de sentidos quando nosso cenário é a escola, mais precisamente, a sala de aula? Provavelmente, nossas reflexões nos encaminham a pensar sobre a conveniência do trabalho com o texto, em vez do trabalho que vivenciamos quando alunos, as palavras soltas, fragmentadas ou, no máximo, conectadas em orações ou períodos geralmente sem sentido para nós, e que nos fazem, até hoje, perguntar: O que é ensinar língua materna? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Exercícios; Texto: Língua brasileira 1.“A caracterização de uma variante regional por meio de clichês e exageros costuma vir associada a um tipo de preconceito linguístico que costumamos reconhecer”. Com base nesta objetivação de afirmação, disserte sobre o texto, correlacionando sua resposta com o estudo das variedades regionais e do preconceito linguístico. Resposta: O preconceito linguístico é apontado pelo autor a partir da adjetividade de alguns substantivos, como: bergamota, mermão, crocodilinho de parede e assim por diante. Essas expressões é uma simples comunicação entre as pessoas, porém, por outro lado acaba sendo considerado como um preconceito linguístico. Com isso sociedade, cultura e construção linguísticas acaba de certa forma sendo uma discriminação social por meio da linguagem. Cada região do país tem o seu vocabulário próprio e específico, com expressões de trato cotidiano e seu sotaque. Isso mostra uma diversidade linguística, caracterizada pelo regionalismo, nos fazendo ser unos e múltiplos ao mesmo tempo. O ensino da língua é fundamental para os educando e o educador deve adequar a gramatica na língua de cada região, para que a aula se torne funcional e atrativa, mostrando as manifestações de linguagem significativa, para que venham se tornar cidadães conscientes e com sua própria autonomia, conseguindo expandir suas análises e criando suas próprias críticas. Com isso o aluno vai se sentir à vontade e capaz de dominar a língua portuguesa. 2.Os trechos acima apresentam uma reflexão sobre o ensino da escrita como forma de expressão na escola. Tendo por base tudo que você aprendeu e discutiu com seu(sua) mediador(a) sobre o assunto, apresente um pequeno texto autoral, de 10 a 15 linhas, que demonstre sua visão sobre a “função da escrita no processo de aprendizagem”. Resposta: A função da escrita na aprendizagem é um processo da língua viva em uso, que constrói seus falantes que pertencem a tempo e espaços diversos, os erros ou inadequações são efeitos variáveis. O importante na aprendizagem como processo educativo é levar o aluno a formar sua própria opinião e transmitir conhecimentos. O papel da escrita no ensino aprendizagem na formação do aluno tem que ser um estímulo gratificante e não uma aprendizagem cansativa e entediante. Os alunos precisam saber que uma mesma palavra pode apresentar diferentes formas gramaticais, dependendo do contexto que ela está sendo empregada. O educador tem a principal função de fazer com que o aluno tenha essa reflexão da gramática, tem que procurar se reinventar e trazer para a sala de aula, informações que cativem seus alunos, levando a aprendizagem uma construção de saberes.
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