Prévia do material em texto
/////////// Manual de Identificação das Doenças do Milho Product Supply - Bayer 2019 Doenças Foliares 2 Agente Causal: Stenocarpella macrospora Mancha de Stenocarpella Macrospora ou Mancha de Diplodia 3 Lesões necróticas irregulares, geralmente de 1-10 cm de comprimento, havendo a presença de uma borda amarelada e a presença de picnídios (corpo de frutificação que no seu interior são formado os cirros de conídios) no centro, além do ponto inicial da infecção do patógeno. A disseminação dos esporos ocorre através do vento e por respingos de chuva. A ocorrência de temperatura entre 25 à 30°C e elevada umidade relativa do ar favorecem o desenvolvimento da doença. Figura 1. Sintomas de S. macrospora. W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Exserohilum turcicum Mancha de Turcicum ou Helmintosporiose 4 Os sintomas ocorrem inicialmente nas folhas mais velhas, constituindo-se de lesões encharcadas, progredindo para lesões necróticas, elípticas, de coloração verde-cinza a marrom medindo de 2,5 a 15 cm de comprimento. Em condições de ataque severo pode ocorrer a queima completa dos tecidos foliares. As lesões de E. tucicum podem ser confundidas com S. macrospora, contudo, para este último fungo, as lesões apresentam um halo amarelado em torno das lesões, além do ponto de infecção e picnídios, a partir do desenvolvimento dos sintomas. O patógeno sobrevive em restos culturais, e a disseminação ocorre principalmente pelo vento. Temperaturas moderadas (18 à 25°C) são favoráveis à doença, bem como longos períodos de molhamento foliar ou a presença de orvalho. Figura 2. Sintomas de E. turcicum. W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Bipolaris maydis Mancha de Bipolaris 5 Os sintomas da doença são variáveis, dependendo do genótipo e das raças fisiológicas, a “O” e “T”, sendo que a última é a mais agressiva. As lesões são de cor palha, formato irregular, elíptica e aparecem entre as nervuras, porém sem respeitar seus limites, podendo ser confundida com Mancha de Cercospora. O fungo sobrevive em restos culturais infectados e nos grãos, podendo ser disseminado pelo vento e respingos de chuva. A doença se desenvolve em temperatura de 22 à 30°C e alta umidade relativa do ar. Figura 3. Sintomas de B. maydis. W . L . A . Z a n c a n A . S . O liv e ir a Agente Causal: Cercospora zeae-maydis Cercosporiose 6 Os sintomas foliares são inicialmente em forma de minúsculas lesões irregulares e cloróticas, as quais posteriormente se transformam em lesões alongadas de coloração palha a cinza, sempre limitadas pela nervuras secundárias e com formato tipicamente retangular. Os sintomas se concentram nas folhas baixeiras, os quais sob condições favoráveis atingem as folhas superiores. A severidade da doença é favorecida por temperaturas entre 25 e 30°C, umidade relativa do ar acima de 95% e molhamento foliar. Figura 4. Mancha de Cercospora. Figura 5. Alta severidade de C. zeae-maydis. W . L . A . Z a n c a n W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Pantoea ananatis/Phaeosphaeria maydis Mancha Branca 7 As lesões são, inicialmente, circulares, aquosas e verde claras (anasarcas), derivadas da infecção primária da bactéria P. ananatis. Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares à elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1 cm. Infecção secundárias derivadas de outros fungos agravam a severidade do complexo da doença. Em geral, os sintomas aparecem inicialmente nas folhas baixeiras, progredindo rapidamente para as superiores. A Mancha Branca é favorecida por temperaturas noturnas amenas (15 – 20°C) e diurnas elevadas (25 a 30°C), além de elevada umidade relativa do ar (>60%) e alta precipitação pluviométrica. Figura 7. Alta severidade de Mancha Branca.Figura 6. Mancha Branca. Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 W . L . A . Z a n c a n W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Puccinia polysora Ferrugem Polissora 8 Os sintomas da Ferrugem Polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais, de coloração marrom clara, distribuídas, predominantemente, na face superior das folhas. A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com maior intensidade em altitudes abaixo de 700m, onde predominam temperaturas mais elevadas (25 à 35°C), além de elevada umidade relativa do ar. Figura 8. Ferrugem Polissora. W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Puccinia sorghi Ferrugem Comum 9 A Ferrugem Comum caracteriza-se pela formação de pústulas em ambas as superfícies da folha, sendo esta uma das características que a diferencia da Ferrugem Polissora, cujas pústulas predominam na superfície superior da folha. As pústulas apresentam formato circular a alongado e coloração castanho claro a escuro. A ocorrência de prolongados períodos de temperaturas baixas (16 à 23°C), alta umidade relativa do ar (>90%) e chuvas frequentes favorecem o desenvolvimento da doença. Tais condições são encontradas em locais de altitude elevada (>800m). Figura 9. Ferrugem Comum do milho. Figura 10. Efeito da aplicação de fungicida no controle de P. sorghi. W . L . A . Z a n c a n W . L . A . Z a n c a n I. R e s e n d e Agente Causal: Physopella zeae Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca 10 A doença caracteriza-se pela formação de pústulas de formato arredondado a oval, em pequenos grupos, de coloração esbranquiçada a amarelada, em ambas as superfícies da folha e recoberta pela epiderme. Uma borda de coloração escura pode envolver o agrupamento de pústulas. A doença é favorecida por condições de alta temperatura (22-34°C), alta umidade relativa do ar e baixas altitudes. A presença de água livre na superfície da folha é fator importante para ocorrer a germinação dos esporos. A disseminação do inóculo primário e secundário se dá através do vento. Figura 11. Ferrugem Tropical ou Branca do milho. I. R e s e n d e Agente Causal: Kabatiela zeae Mancha Ocular 11 Os sintomas de K. zeae iniciam-se com pequenas lesões ovais ou circulares (1 à 4mm de diâmetro), translúcidas, com bordas avermelhadas, circundadas por halo amarelado; algumas manchas podem coalescer formando grandes áreas necróticas. Além das folhas, os sintomas podem ocorrer nos colmos e espigas. O fungo sobrevive em restos culturais, e a doença é favorecida por longos períodos de temperaturas amenas e clima úmido. Figura 12. Kabatiella zeae. N . P in to J . P a ta k y Agente Causal: Xanthomonas vasicola pv. vasculorum Estria Bacteriana 12 Os sintomas iniciais da Estria Bacteriana na folha de milho são pequenas pontuações (2 – 3 mm), progredindo para lesões alongadas e estreitas circundadas por halo de coloração amarelada e restritas às regiões internervais. As bordas das lesões são onduladas, podendo desta forma ser diferenciada da Mancha de Cercospora (Cercospora spp.). As lesões apresentam coloração marrom ou amarelo-alaranjado e translúcidas quando observado contra a luz. A disseminação da bactéria ocorre principalmente pelo vento, água de chuva, e possivelmente, por água de irrigação. Há poucos relatos da epidemiologia deste patógeno. Figura 13. Estria Bacteriana. F . Z a m b o n a to Agente Causal: Peronosclerospora sorghi Míldio 13 Os sintomas da doença podem ser identificados nas folhas e no pendão da planta de milho. Nas folhas, ocorre a formação de estrias brancas (estruturas do fungo), enquanto que quando lesionadas tendem a ser mais estreitas e eretas do que as normais. A planta infectada pode não apresentar pendão, ou formar o denominado “pendão louco”, que se caracteriza pela presença de numerosos filoides, além da não formação da espiga. As condições favoráveis para ocorrência do fungo e infecção do hospedeiro são amplas, ou seja, a temperatura para esporulação é na faixa de 15 à 23°C, enquanto que a germinação dos conídios ocorre entre 12-20°C, dependendo da região e do isolado do fungo. Assim, para que haja a infecção, sãonecessários um período de molhamento e temperatura entre 10 e 33°C, por 4h. Além do mais, o fungo sobrevive no solo na ausência do hospedeiro Figura 14. Sintomas de P. sorghi. J . P a ta k y Agente Causal: Ustilago maydis Carvão Comum 14 Os sintomas de carvão são facilmente visualizados por causa da formação de galhas nas espigas, podendo ocorrer em toda a espiga ou apenas parte dela, na bainha e nervura foliar. O tamanho das galhas varia de 1 a mais de 30 cm de diâmetro e sua localização depende da fase da planta no momento da infecção. As galhas aparecem em torno de sete dias após a infecção. O fungo sobrevive em restos culturais, no solo e em sementes, podendo se manter viável por muitos anos. Os esporos são facilmente disseminados pelo vento, respingos de chuva e água de irrigação. A doença pode ocorrer em uma variação grande de temperatura, entre 26 e 34°C e baixa umidade. Figura 15. Sintomas de Carvão Comum. W . L . A . Z a n c a n G . R . D o m in g o s Agente Causal: Sphacelotheca reiliana Carvão do Pendão ou Carvão do Topo 15 Os sintomas de S. reiliana são relativamente semelhantes ao carvão comum. O carvão do topo ocorre quando as plantas são infectadas sistematicamente, ou seja, o fungo penetra na planta e cresce dentro dela, apresentando os sintomas por ocasião do florescimento, nas inflorescências masculina e feminina. Os sintomas mais características são: desenvolvimento anormal das inflorescências masculinas que apresentam malformação, com desenvolvimento excessivo, dentro de cada flor masculina desenvolvem-se massa de esporos pretos. O fungo sobrevive como esporos no solo por vários anos, e é transmitido unicamente pelas raízes. As condições de ocorrência do fungo são: baixa umidade do solo, deficiências nutricionais e temperaturas elevadas (26-24°C). Figura 16. Carvão do Topo. J . P a ta k y Agente Causal: Colletotrichum graminicola Antracnose do milho 16 Os sintomas iniciais da Antracnose são lesões de coloração marrom escura e formato oval a irregular. Tipicamente, um halo amarelado circunda a área doente das folhas. Sob condições favoráveis, as lesões podem coalescer, necrosando grande parte do limbo foliar e surgem, no interior das lesões, pontuações escuras que correspondem às estruturas de frutificação do patógeno, denominadas acérvulos. Nas nervuras, são observados lesões elípticas de coloração marrom avermelhada que resultam em uma necrose foliar. Temperaturas elevadas (28-30°C), elevada umidade relativa do ar e chuvas frequentes favorecem o desenvolvimento da doença. Figura 17. Antracnose no Milho. J . P a ta k y W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Erwinia chrysanthemi pv zeae Podridão Bacteriana 17 Os sintomas típicos desta doença caracterizam-se pela murcha e seca das folhas do cartucho da planta, decorrentes de podridão aquosa na base desse cartucho. As folhas do cartucho desprendem-se facilmente e exalam odor desagradável. Além do mais, pode ocorrer o apodrecimento dos entrenós inferiores ao cartucho e a murcha do restante da planta. Ferimentos no cartucho causados por insetos ou máquinas podem favorecer a incidência dessa podridão. Em geral as bactérias necessitam de água livre e altas temperaturas para a multiplicação e disseminação. Figura 18. Podridão do cartucho e podridão interna da medula. W . L . A . Z a n c a n J . P a ta k y Agente Causal: Phytoplasma sp./Spiroplasma kunkelli Enfezamento Pálido e Enfezamento Vermelho 18 A transmissão de ambos os enfezamentos ocorre pela cigarrinha Dalbulus maidis. Os sintomas do Enfezamento Pálido iniciam-se como pontos cloróticos com disposição linear no meio ou na base das folhas do cartucho, que evoluem para áreas alongadas de cor verde clara entremeadas às de verde normal. Já o Enfezamento Vermelho, ocorre o avermelhamento generalizado da planta das pontas e bordas das folhas. Em ambos os enfezamentos e dependendo do estádio fenológico da planta, ocorre o encurtamento dos internódios, multiespigamento, secamento das folhas e enchimento incompleto de espigas, além da morte prematura da planta. Figura 20. Sintoma foliar do complexo de enfezamento.Figura 19. Sintomas foliares de Enfezamento pálido e Vermelho. W . L . A . Z a n c a n W . L . A . Z a n c a n Agente Causal: Maize Rayado Fino Virus Vírus do Raiado Fino 19 Esta doença é transmitida de forma persistente propagativa pela cigarrinha do milho Dalbulus maidis que, ao se alimentar em plantas doentes, adquire o vírus que é transmitido para plantas sadias. Os sintomas característicos são riscas formadas por numerosos pontos cloróticos coalescentes ao longo das nervuras, que são facilmente observados quando a folha é colocada contra a luz. O vírus ocorre sistematicamente na planta de milho, ocorrendo o encurtamento dos internódios. Figura 21. Vírus do Raiado Fino. W . L . A . Z a n c a n 20 Podridões de Espigas Agente Causal: Gibberella zeae, Stenocarpella macrospora/Stenocarpella maydis e Fusarium spp.) Complexo de Podridões de Espiga 21 Os sintomas de G. zeae iniciam-se na ponta da espiga como micélio cotonoso avermelhado à marrom-avermelhado, progredindo para a base. Os sintomas de S. macrospora/S. maydis iniciam-se pela base da espiga através da presença de crescimento micelial denso e compacto, de coloração branca. Já os sintomas de Fusarium spp. podem iniciar pelo topo ou qualquer outra parte da espiga, mas sempre associada a alguma injúria (insetos, pássaros, máquinas). Em alguns grãos, pode haver o aparecimento de estrias no pericarpo causadas pela ação do fungo. Grãos Ardidos Grãos Sadios Figura 22. Sintomas de podridões de espiga causada por (esquerda para a direita): G. zeae, S. macrospora/S. maydis, Fusarium spp e colonização entre S. macrospora e G. zeae. W . L . A . Z a n c a n Complexo de Podridões de Espigas 22 Figura 23. Podridões de espigas – A) Podridão Branca da Espiga: S. macrospora/S maydis; B) Podridão Vermelha ou da Ponta da Espiga: G. Zeae; e C) Podridão Rosada: F. verticillioides. A B C W . L . A . Z a n c a n Podridões de Colmo e Raízes 23 Agente Causal: Fusarium verticillioides, Colletotrichum graminicola, Gibberella zeae e Macrophomina phaseolina Complexo de Tombamento 24 Os sintomas de C. graminicola são caracterizados pela formação de lesões escuras a negras, estreitas e alongadas. Internamento, os tecidos apodrecem, e o colmo quebra facilmente. Já os sintomas de Fusarium spp. são observados lesões necróticas de cor marrom, e na parte interna do colmo, apresentam coloração rosada ou salmão, enquanto G. zeae apresenta coloração rosa escuro. Os tecido atacados por M. phaseolina se desintegram, permanecendo intactos somente os vasos lenhosos, podendo observar a presença de pontos escuros negros (escleródios). Figura 24. Sintomas de podridões de colmo causada por: C. graminicola (A), Fusarium spp (B), G. zeae (C) e M. phaseolina (D). A W . L . A . Z a n c a n C W . L . A . Z a n c a n D J . P a ta k y B J . P a ta k y Complexo de Tombamento 25 Crescimento do micélio em tecidos do colmo Podridão de Antracnose Descoloração rosa - vermelho Peritécio preto no colmo Podridão de Gibberella Figura 25. Sintomas de podridões de colmo e raízes. Picnídios: Estrutura de sobrevivência do fungo Podridão de Diplodia Podridão de Macrophomina Escleródios: Estrutura de sobrevivência do fungo Podridão de Pythium J . P a ta k y W . L . A . Z a n c a n W . L . A . Z a n c a n J . P a ta k y J . P a ta k y J . P a ta k y J . P a ta k y J . P a ta k y Condições climáticas favoráveis para ocorrência de doenças 26 Patógeno Nome Comum Temperatura Umidade relativa do Ar Clima Favorável Locais Preferenciais Literatura Stenocarpella macrospora Mancha de Diplodia 25-30°C Alta Umidade Relativa Tropical >700m Embrapa, 2012 Exserohilum turcicum Mancha de Turcicum 17-27°CAlta Umidade Relativa Tropical/Subtropical >700m White, 2000; Levy & Cohen, 1980 Bipolaris maydis Mancha de Bipolaris 22-30°C Alta Umidade Relativa Tropical 500m Beckman & Payne, 1983; Shurtleff, 1980 Pantoea ananatis Mancha Branca 25-30°C Alta Umidade Relativa Tropical/Subtropical >600m - Puccinia polysora Ferrugem Polysora 25-27°C Alta Umidade Relativa Tropical 800m Embrapa, 2010; Dillard & Zitter, 1987 Physopella zea Ferrugem Tropical 22-34°C Umidade Moderada Tropical 900m Arny et al. 1970; Narita & Hiratsuka 1959 Peronosclerospora sorghi Mildio 10-33°C Alta Umidade Relativa Subtropical Todos ambientes Bonde et al., 1978 Sphacelotheca reiliana Carvão do Topo 25-30°C Umidade Relativa Moderada/Baixa Subtropical Todos ambientes Potter, 1914; Kruger, 1962 Ustilago maydis Carvão Comum 26-34°C Umidade Moderada Tropical/Subtropical Todos ambientes Silva et al., 2016; Pataky & Snetselaar, 2006 Colletotrichum graminicola Antracnose 28-30°C Umidade Moderada Tropical 700m Embrapa, 2013; Brunelli et al., 2005; Fernandes et al., 2002; Shurtleff, 1992 Fusarium spp. Podridão de Fusarium 25-30°C Período Seco (Veranico) seguido de alta umidade Tropical/Subtropical