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118 A emblemático de processos produtivos predatórios, com desmatamento e su- perexploração de água e dissipação de vazão, caracterizando o que Harvey (2004) chama de acumulação por es- poliação. Tais práticas de acumulação se intensificaram a partir da crise de 2008, com a financeirização do capi- tal no campo associada a práticas de grilagem de terra e expulsão de popu- lações tradicionais. O rio São Francisco é também um caso emblemático das águas salinizadas, decorrentes da redu- ção de vazão e da intrusão salina; ali, processos produtivos agrícolas foram inviabilizados, bem como o consumo humano e animal e a reprodução do modo tradicional de vida. Os processos de apropriação da água pelo capital, transformando bens comuns essenciais à vida em merca- doria, em um contexto de ampliação da concentração de renda via capital financeiro, tende ao aprofundamento da pulsão de morte e à captura dos bens comuns. A tendência é que o povo da mercadoria amplie a concentração do capital via o binômio, indissociável, terra/água via os territórios de povos e comunidades tradicionais, bem como em áreas de proteção e preservação ambiental. Referências ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária/Elefante, 2016. ACTION AID. Impactos da expansão do agronegócio no Matopiba: comunidades e meio ambiente. Rio de Janeiro: Action Aid/Rede Social, 2017. ALLAN, J. A. T. Virtual Water – the water, food, and trade nexus useful concept or misleading meta- phor? IWRA, Water International, 28(1): p. 4-11, 2003. ANDRADE. C. D. Centenário. In: MAMMI, Lorenzo. A viagem das carrancas (org.). Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles, 2015, p. 177. BACHELARD, G. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria [tradução Antônio de Pádua Danesi]. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018. BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 65, 2004. BRASIL. 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Dada a diversidade das espécies que precisam se alimentar, o alimento não é uma substância única, mas sim agru- pamentos complexos e diversos de com- postos químicos criados pela natureza sob controle biológico-evolucionário. A comida é a representação do alimento na vida das pessoas; como tal, envolve a combinação não aleatória de alimentos que é moldada a partir da disponibilida- de alimentar em dado contexto social e cultural. A alimentação está enraizada na cultura e é carregada de significações históricas, de curta ou longa duração. Assim, formam-se os padrões alimen- tares que representam um conjunto de alimentos frequentemente consumidos por indivíduos e populações, e que ex- pressam o que se come e como se come como resultado de um processo sob controle biológico-sociopolítico-socio- cultural-evolucionário. Obviamente, há diferentes perspec- tivas conceituais sobre o que é alimento. Deparamo-nos com paradigmas distin- A L I M E N T O 120 A tos que consideram, em um extremo, o alimento como mercadoria dotada de determinadas características que lhe atribuem valor monetário; no outro, o alimento como o elemento central da vida. Esse último reconhece o alimento como um bem material e imaterial e parte do patrimônio cultural de um povo e nação. Se pensada a alimentação como o processo essencial para a manutenção da vida e dependente do binômio ali- mento-homem – visto sob outro ângulo, da comida e do comedor –, o alimento precisa ser considerado para além da perspectiva química (sua composição em nutrientes), botânica (caracterís- ticas morfológicas e suas relações ge- néticas) ou nutricional (relação com a saúde). É preciso reconhecer que a alimentação é resultado de uma cadeia de processos, que se inicia na prepara- ção do solo, sementes, mudas e insumos, envolve ciclos de plantio e colheita e o uso sociocultural do alimento para con- sumo humano, processos nos quais ele- mentos da natureza e da cultura têm um papel crucial (Ribeiro; Jaime; Ventura, 2017). Diferentes tipos de tecnologia e o adensamento de seus usos vêm sendo cada vez mais empregados não apenas nas etapas de produçãodo alimento in natura, mas também no processamento dos alimentos até a mesa do consumi- dor final, de tal modo que questões tecnológicas e financeiras determinam as características dos alimentos desde a produção até o consumo. Muitas vezes, as normas sanitárias ignoram, em sua totalidade e sob a perspectiva ampliada de risco em saúde, a influência do pro- cessamento dos alimentos na definição das características finais do produto alimentício. Tomemos como exemplo o conceito de alimento adotado no Regulamento Técnico de Boas Práticas para Estabelecimentos Comerciais de Ali- mentos e para Serviços de Alimentação, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (Portaria CVS 5, de 09 de abril de 2013 – Artigo 7°, Sessão III): Alimento: toda substância ou mistura no estado sólido, líquido, pastoso ou qualquer outra forma adequada, destinada a fornecer ao organismo humano os nutrien- tes necessários para sua formação, manutenção e desenvolvimento, e satisfazer as necessidades sensoriais e sócio-culturais do indivíduo. (São Paulo, 2013, p. 2) O conceito citado, se por um lado, contempla as dimensões biológicas e socioculturais do alimento, por ou- tro ignora que, a princípio, ele é uma substância da natureza que, por ação humana, poderá passar por diferentes tipos e intensidades de processamen- to. O processamento não está livre de introdução de riscos à saúde e ao ambiente, riscos esses que se somam aos reconhecidos benefícios para segu- rança higiênico-sanitária do produto e redução do desperdício de alimentos. É importante dizer que o processamento de alimentos faz parte da história da humanidade desde que o homem des- cobriu o fogo e a cocção de alimentos, sendo esta descoberta reconhecida como a primeira grande revolução tec- nológica que impactou os destinos do homem na Terra. Assume-se que, há um par de séculos, a maioria dos alimentos consumidos é processada de alguma forma. A questão central é que, no último século, o ultraprocessamento de alimentos passou a moldar o sistema alimentar e a inf luenciar os padrões A L I M E N T O 121 A alimentares tradicionais, de tal modo que a categorização dicotômica dos alimentos em in natura ou processados/ industrializados não dá conta da com- plexidade do fenômeno e seu impacto sobre a qualidade nutricional da dieta, a saúde humana, o meio ambiente e a dinâmica social. Monteiro e colaboradores (2018) apresentam uma inovadora proposta de classificação de alimentos, denominada Nova, que considera a extensão e o propósito do processamento industrial a que foram submetidos os alimentos antes de sua aquisição e consumo pelos indivíduos. A classificação Nova aloca os itens alimentares em quatro grandes grupos: alimentos in natura ou minima- mente processados; ingredientes culiná- rios processados; alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Alimentos in natura ou minimamente processados Esse primeiro grupo contém os alimentos que são obtidos diretamente de plantas ou animais e que não sofrem qualquer modificação após deixarem a natureza. Também fazem parte os alimentos que passam por processos tradicionais e mínimos de processa- mento com a finalidade de aumentar sua duração e, às vezes, facilitar o seu preparo, contudo, sem ferir a integri- dade da matriz alimentar. Exemplos de alimentos deste grupo são as raízes e tubérculos, cereais, feijões e outras leguminosas, frutas, verduras e legumes, carnes, ovos, leite e castanhas. Ingredientes culinários processados Substâncias extraídas de alimentos ou da natureza, como açúcar, sal, óleos, banha de porco, manteiga e vinagre. Os ingredientes culinários processados são importantes na composição de uma alimentação saudável e prazerosa, sendo usados para temperar e cozinhar ali- mentos e criar preparações culinárias. Eles devem ser utilizados em pequenas quantidades porque o excesso pode levar a desequilíbrios na alimentação, como, por exemplo, o consumo ele- vado de sódio. Mas, por outro lado, os ingredientes culinários processados junto às ervas e condimentos trazem vida, sabor e diversidade às prepara- ções culinárias, aguçam os sentidos sensoriais e memórias gustativas. Há quase 100 anos, o sociólogo Gilberto Freyre, em seu Manifesto regionalista, defendia o valor das tradições culinárias familiares e destacava as receitas de bolos, doces, guisados e assados como referência simbólica da cultura popular. Os ingredientes culinários fazem parte das receitas culinárias que marcam a construção da identidade de um povo. Alimentos processados Ao longo da história, o ser humano descobriu que alimentos in natura ou minimamente processados duram mais tempo quando recebem sal, açúcar, vi- nagre ou óleo; com isso, evoluímos para a produção de alimentos processados. Esses alimentos compõem o tercei- ro grupo da classificação Nova e são produtos manufaturados derivados de alimentos in natura ou minimamente processados que passaram por processos de adição de sal, açúcar, óleo ou vinagre e que foram cozidos, secos, fermentados ou preservados por métodos como salga, salmoura, cura e defumação, podendo ser acondicionados em latas ou vidros. Aditivos que prolongam a duração do produto, que protegem as propriedades A L I M E N T O 122 A originais e impedem a proliferação de microorganismos, podem ser usados em alimentos minimamente processados, ingredientes culinários processados e alimentos processados. O processa- mento de alimentos nestes casos visa aumentar sua durabilidade e torná-los mais agradáveis, modificando ou apri- morando suas qualidades sensoriais. Os padrões alimentares tradicionais, em diferentes partes do mundo, contêm os alimentos processados que são utiliza- dos como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições. É possível dizer que a chamada “comida de verdade” é feita a partir da combina- ção de alimentos in natura, minimamen- te processados, ingredientes culinários e alimentos processados. Alimentos ultraprocessados O quarto grupo difere dos demais por ser composto exclusivamente por criações industriais. São produtos ali- mentícios que contêm pouco ou ne- nhum alimento inteiro. Nos alimentos ultraprocessados, não há mais a ma- triz alimentar. Na sua produção, são empregadas modernas e sofisticadas tecnologias para obter uma formula- ção industrial barata para a indústria e hiperpalatável para o consumidor. Tais formulações utilizam ingredientes extraídos de alimentos in natura, como uma variedade de açúcares (tais como frutose, xarope de milho rico em fru- tose, açúcar invertido, maltodextrina e dextrose), óleos modificados (óleos hidrogenados ou interesterificados) e proteína (como proteínas hidrolisadas, isolado de proteína de soja, glúten, caseí na e “carne separada mecanica- mente”). Como parte do processamento, os alimentos ultraprocessados recebem vários aditivos químicos que não so- mente garantem a segurança sanitária dos produtos finais, mas, principal- mente, por meio de aditivos sensoriais (tais como intensificadores de sabor e cor, emulsionantes, sais emulsionantes, edulcorantes, espessantes e agentes antiespumantes, de volume, de car- bonatação, de formação de espuma, de gelificação e de glazeamento) lhes conferem cor, sabor, aroma e textura que naturalmente não teriam. Exem- plos de alimentos ultraprocessados são preparações prontas para o consumo, macarrão instantâneo, refrigerante, mistura para bolos, achocolatado, sopa em pó, caldo industrializado em cubo ou em pó, biscoito recheado, sorvete, salgadinho em pacote, bebidas lácteas e iogurtes adoçados e aromatizados, sal- sichas, carnes temperadas e empanadas, dentre outros. Para arrematar o processo de pro- dução do alimento mercadoria, há um forte investimento em publicidade e lobby junto ao poder público. É cada vez mais intensa a influência da publi- cidade de alimentos ultraprocessados na formação dos hábitos alimentares.A publicidade evoca afeto, carinho e cuidado, elementos que historicamente fazem parte da cultura alimentar e estão na base da influência do alimento na formação da identidade. Para gerações mais novas, as memórias gustativas podem não estar mais relacionadas a determinadas receitas, aromas, sabores, pessoas e lugares, mas sim por marcas de alimentos ultraprocessados que fo- ram desenvolvidas em laboratórios e empresas de publicidade. Há sólida evidência científica de que os alimentos ultraprocessados afetam negativamente a qualidade da alimen- A L I M E N T O 123 A tação, a saúde, a cultura, a vida social e o ambiente. A denominação alimentos ultraprocessados não é uma simples substituição de termos, como “ junk food” ou “alimento porcaria”, “dieta ocidental” ou alimentos ricos em sódio, açúcar e gorduras. Deste ponto de vista, a classi- ficação Nova, ao considerar a extensão e propósito do processamento de alimen- tos, busca os nexos entre saúde, nutrição e sistema alimentar. Há uma intrínseca relação entre a produção de alimentos ultraprocessados e o modelo do agronegócio [ver Agro negócio] que se volta para os mercados internacionais de commodities agrope- cuárias para produção de insumos ou ingredientes alimentares – como o óleo e a proteína da soja ou o açúcar da cana –, utilizados pelos impérios corporativos das indústrias transnacionais de alimentos (Monteiro e Cannon, 2012) [ver imPérioS AlimentAreS]. O aumento da produção, oferta e consumo de alimentos ultra- processados está articulado à revolução verde [ver revolução verde] que, a partir da década de 1950, impôs um mode- lo de produção de alimentos baseado em monoculturas especializadas, com modificação genética de sementes, uso disseminado de fertilizantes químicos e agrotóxicos que tem levado à poluição de cursos d’água, lençóis freáticos e solos, com consequências ecológicas e sanitárias muito nefastas, além do empobrecimento da biodiversidade, da gestão insuficiente de seus resíduos am- bientais, em especial das embalagens e da produção de injustiça social, pois afasta as famílias do campo e concentra renda. Alimento ultraprocessado tem sido um conceito mais e mais explorado em pesquisas científicas e nos meios de comunicação e aplicado em políticas públicas, a exemplo de relatórios de agências das Nações Unidas (Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2015; Organización Paname- ricana de la Salud, 2015) e em Guias Alimentares publicados por países da América Latina (Brasil e Uruguai). O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde em 2014, recomenda que a base da alimentação deva ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados, preparações culinárias e que sejam evitados alimentos ultrapro- cessados. Destaca que uma alimentação saudável deriva de um sistema alimentar voltado à produção de comida de verda- de, adotando um princípio que “alimen- tação saudável necessariamente deriva de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável” (Brasil, 2014, p. 23). Desta forma, precisa ser considerado o conjunto de tecnolo- gias aplicadas em toda cadeia alimen- tar, envolvendo processos que vão da produção, transporte, abastecimento, comercialização e consumo. Mesmo alimentos in natura podem trazer riscos à saúde e ao meio ambiente quando são produzidos a partir de sementes transgênicas e com uso de agrotóxicos [ver AgrotóxicoS]. Neste sentido, as re- comendações do Guia Alimentar para a População Brasileira se aproximam dos princípios da agroecologia [ver AgroecologiA], que nos direcionam para um modelo agroalimentar que garante, de forma articulada, a produção de ali- mentos agroecológicos com soberania e segurança alimentar e nutricional [ver SoberAniA e SegurAnçA AlimentAr e nu tricionAl], justiça social e distribuição de renda, promoção da saúde pública e sustentabilidade ambiental. A L I M E N T O