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ANATOMIA II - SISTEMA DIGESTIVO Monogástricos / Mono Cavitários Animais Monogástricos ou Monocavitários são aqueles que possuem um estômago simples (uma única cavidade estomacal). ● Características Principais: ✔ Estômago único – Uma única cavidade para digestão química e mecânica. ✔ Digestão mais rápida – Sem processo de ruminação ou regurgitação. ✔ Dependência de alimentos mais digestíveis – Dificuldade em quebrar fibras complexas (como celulose). ✔ Diversidade alimentar – Podem ser carnívoros, onívoros ou herbívoros não-ruminantes. ● Exemplos de Animais Monogástricos: - Porcos (suínos) - Cães e gatos - Aves (galinhas, patos, perus) - Cavalos (apesar de serem herbívoros, têm um ceco desenvolvido para fermentação) - Coelhos (possuem um sistema digestivo adaptado para fibras, com ceco funcional) Poligástricos / Pluricavitários Os animais poligástricos ou pluricavitários são aqueles que possuem um estômago composto por várias câmaras, sendo o grupo mais conhecido o dos ruminantes. Eles têm um sistema digestivo especializado para a digestão de fibras vegetais (celulose), que outros animais não conseguem aproveitar eficientemente. ● Características Principais: ✔ Estômago dividido em 4 câmaras – Rúmen, retículo, omaso e abomaso. ✔ Processo de ruminação – Regurgitam o alimento para mastigar novamente (ruminação). ✔ Digestão fermentativa – Bactérias e protozoários no rúmen ajudam a quebrar a celulose. ✔ Alimentação herbívora – Baseada em capim, folhas, silagem e outros vegetais fibrosos. ● As 4 Câmaras do Estômago dos Ruminantes: 1. Rúmen (ou pança) - Maior câmara, onde ocorre a fermentação microbiana. - Transforma fibras em ácidos graxos voláteis (fonte de energia). 2. Retículo (ou barrete) - Filtra partículas maiores e ajuda na formação do bolo alimentar para regurgitação. 3. Omaso (ou folhoso) - Absorve água e minerais, além de reduzir o tamanho das partículas. 4. Abomaso (ou coagulador) - Equivalente ao estômago dos monogástricos, onde ocorre a digestão enzimática. ● Exemplos de Animais Poligástricos: - Bovinos (vacas, bois) - Ovinos (ovelhas, carneiros) - Caprinos (cabras) - Cervídeos (veados, alces) - Girafas - Búfalos Características Monogástricos Poligástricos Número de câmaras 1 (estômago simples) 4 (rúmen, retículo, omaso, abomaso) Digestão de fibras Baixa eficiência (exceto em herbívoros com ceco) Alta eficiência (fermentação no rúmen) Processo digestivo Direto (sem ruminação) Ruminação (regurgitação e remastigação) Alimentação típica Carnívoros, onívoros ou herbívoros adaptados Herbívoros (capim, folhas) Processo de ruminação Ingestão inicial ● O animal ingere rapidamente o alimento, mastigando pouco e engolindo para encher o rúmen. ● Isso é útil, pois permite que ele se alimente em locais abertos e só depois, em segurança, faça a digestão lenta. Regurgitação ● Movimentos ruminais e da musculatura esofágica levam parte do conteúdo do rúmen de volta à boca em forma de bolo alimentar. Remastigação ● O animal mastiga novamente esse bolo, agora com mais calma, triturando melhor as fibras vegetais. ● Essa etapa aumenta a superfície de contato para a ação dos microrganismos. Reinsalivação ● Durante a mastigação, há produção intensa de saliva (rica em bicarbonato e fosfato), que ajuda a tamponar o pH do rúmen e facilitar a fermentação microbiana. Redeglutição ● O bolo, agora mais triturado e misturado à saliva, retorna ao rúmen e retículo para nova fermentação. Fermentação microbiana ● Bactérias, protozoários e fungos do rúmen decompõem a celulose e hemicelulose, produzindo ácidos graxos voláteis (AGVs) → acetato, propionato e butirato. ● Esses AGVs são absorvidos pela parede ruminal e são a principal fonte de energia do ruminante. Produção de gases ● Durante a fermentação, forma-se muito gás carbônico (CO₂) e metano (CH₄). ● O animal elimina esses gases através da eructação (arroto). Movimento para o omaso ● Quando as partículas ficam suficientemente pequenas e bem fermentadas, passam do rúmen/retículo para o omaso, onde ocorre absorção de água e eletrólitos. Abomaso (estômago verdadeiro) ● Finalmente, o bolo segue para o abomaso, que funciona como o estômago de animais não-ruminantes, secretando HCl e enzimas digestivas para digerir proteínas (inclusive os próprios microrganismos, que servem como fonte de proteína). Hábito alimentar e adaptações 1. Herbívoros Dieta: Plantas (folhas, caules, raízes, frutos, sementes). ➔ Adaptações: ✔ Dentição: - Molares largos e achatados para triturar fibras. - Incisivos fortes (em roedores e coelhos) ou ausência de caninos (em ruminantes). ✔ Sistema Digestivo: - Ruminantes (poligástricos): 4 câmaras estomacais (rúmen, retículo, omaso, abomaso) + ruminação. - Não ruminantes (monogástricos): Ceco desenvolvido (fermentação bacteriana) + intestino longo (ex: cavalo, coelho). - Amilase salivar (em alguns) para digestão inicial de carboidratos. ✔ Comportamento: - Mastigação prolongada (ruminantes). - Cecotrofia (coelhos e alguns roedores comem fezes para reaproveitar nutrientes). Exemplos: Vaca (ruminante), cavalo (não ruminante), elefante, coelho. 2. Carnívoros Dieta: Carne (mamíferos, peixes, insetos, outros animais). ➔ Adaptações: ✔ Dentição: - Caninos pontiagudos para matar e rasgar. - Molares em forma de lâmina (carnassiais) para cortar carne. ✔ Sistema Digestivo: - Estômago simples e altamente ácido (digestão rápida de proteínas). - Intestino curto (carne é mais fácil de digerir que fibras). - Enzimas proteolíticas (pepsina, tripsina) para quebrar proteínas. ✔ Comportamento: - Predação ativa (leões, águias) ou estratégias de emboscada (onças). - Alguns armazenam comida (ex: leopardos levam presas para árvores). Exemplos:Leão, tubarão, águia, gato doméstico. 3. Onívoros Dieta: Mistura de plantas e animais (frutas, sementes, insetos, pequenos vertebrados). ➔ Adaptações: ✔ Dentição: - Incisivos para cortar, caninos reduzidos (mas presentes), molares para triturar. ✔ Sistema Digestivo: - Estômago simples, mas versátil (digere tanto proteínas quanto carboidratos). - Intestino de comprimento intermediário (equilíbrio entre fibras e proteínas). - Presença de amilase (para amidos) e proteases (para carne). ✔ Comportamento: - Alimentação oportunista (ex: porcos comem de tudo). - Alguns usam ferramentas (ex: chimpanzés quebram nozes com pedras). Exemplos:Porcos, corvos, ursos, ratos. 4. Insetívoros Dieta: Insetos e pequenos invertebrados. ➔ Adaptações: ✔ Dentição: - Dentes pequenos e pontiagudos (ex: musaranhos). - Alguns não têm dentes (ex: tamanduás com língua longa e pegajosa). ✔ Sistema Digestivo: - Estômago simples, mas com enzimas para quitina (presente no exoesqueleto dos insetos). - Metabolismo acelerado (insetos são pouco calóricos). ✔ Comportamento: - Caça ativa (ex: ouriços) ou escavação (ex: tatus). - Alguns usam língua protrátil (preguiças, tamanduás). Exemplos: Tamanduá, musaranho, tatu, morcego-insetívoro. 5. Detritívoros e Decompositores Dieta: Matéria orgânica em decomposição (folhas mortas, fezes, cadáveres). Adaptações: ✔ Sistema Digestivo: - Intestino longo com bactérias simbióticas (ex: minhocas). - Enzimas para decompor celulose e lignina (ex: cupins). ✔ Comportamento: - Escavação (minhocas) ou vida em colônias (cupins). - Alguns regurgitam fungos para ajudar na digestão (ex: baratas). Exemplos: Minhoca, cupim, urubu (necrófago), besouro rola-bosta. APARELHO DIGESTÓRIO GERAL Monogástricos Boca → Esôfago → Estômago→ Intestino Delgado → Intestino Grosso → Ânus Poligástricos Boca → Esôfago → Rúmen → Retículo → Omaso → Abomaso → Intestino Delgado → Intestino Grosso → Ânus Aves Boca (Bico) → Papo → Proventrículo → Moela → Intestino Delgado → Ceco → Cloaca Insetos Boca → Canal Alimentar (com regiões como Proventrículo e Cecos Gástricos) → Ânus Peixes Boca → Faringe → Esôfago → Estômago (ausente em alguns) → Intestino → Ânus/Cloaca Sistema Digestório Definição ● Conjunto de órgãos responsável por: 1. Ingestão e trituração do alimento 2. Digestão química e enzimática 3. Absorção de nutrientes 4. Eliminação de resíduos Divisão Anatômica 1. Trato gastrointestinal (TGI) principal ○ Boca / cavidade oral: mastigação, salivação, percepção gustativa ○ Faringe e esôfago: transporte do alimento para o estômago ○ Estômago: digestão mecânica e química ■ Ruminantes → rúmen, retículo, omaso, abomaso ■ Não-ruminantes → estômago simples ○ Intestino delgado: duodeno, jejuno e íleo → principal local de digestão e absorção ○ Intestino grosso: ceco, cólon e reto → absorção de água, formação de fezes 2. Órgãos acessórios / glândulas anexas ○ Glândulas salivares → saliva (lubrificação + início da digestão do amido) ○ Fígado → bile (emulsificação de gorduras, desintoxicação, metabolismo) ○ Pâncreas → suco pancreático (enzimas + bicarbonato), hormônios (insulina e glucagon) Ruminantes – Particularidades ● Rúmen: fermentação microbiana, produção de ácidos graxos voláteis ● Retículo: separação de partículas, regurgitação para ruminação ● Omaso: absorção de água e eletrólitos ● Abomaso: estômago verdadeiro, secreção enzimática ● Ruminação: ciclo de regurgitar → remastigar → reinsalivar → redeglutir Digestão e absorção – Sequência geral 1. Ingestão: captura do alimento e mastigação 2. Digestão mecânica e química no estômago 3. Digestão enzimática no intestino delgado 4. Absorção de nutrientes: ○ Carboidratos → glicose ○ Proteínas → aminoácidos ○ Lipídios → ácidos graxos e glicerol 5. Absorção de água e formação de fezes no intestino grosso 6. Excreção: eliminação de resíduos não digeridos Principais Particularidades por Grupo ● Ruminantes: fermentação pré-gástrica, ruminação ● Monogástricos herbívoros: ceco grande → fermentação pós-gástrica ● Carnívoros: estômago grande, intestino delgado longo para proteínas e gorduras ● Omnívoros (como suínos e cães domésticos): digestão mista, intestino adaptado para proteínas, carboidratos e lipídios Importância Clínica ● O sistema digestório é essencial para: ○ Nutrição e metabolismo energético ○ Equilíbrio hídrico e eletrolítico ○ Função imunológica (especialmente fígado e mucosa intestinal) ● Doenças comuns: icterícia, enterites, obstruções, pancreatites, colites, distúrbios hepáticos Glândulas Anexas Glândula Função Digestiva Particularidades Salivares Umidificação, lubrificação e início digestão de amido Contém enzimas e substâncias antimicrobianas Fígado Produção de bile, metabolismo de nutrientes, desintoxicação Armazena glicogênio, vitaminas e minerais Pâncreas Produção de suco pancreático (enzimas digestivas e bicarbonato) Também glândula endócrina: insulina e glucagon Glândulas Anexas (fígado) ● Maior glândula do corpo. ● Produz a bile, que é armazenada na vesícula biliar (em animais que possuem). ● Funções da bile: ○ Emulsificação das gorduras → quebra em gotículas menores, facilitando a ação da lipase. ○ Excreção de substâncias tóxicas, bilirrubina etc. ● O fígado também participa do metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Localização Exemplos de doenças/condições Explicação rápida Pré-hepáticas (antes de chegar ao fígado) - Leptospirose- Anemia hemolítica- Babesiose Alterações que aumentam a destruição de hemácias ou liberam pigmentos no sangue, sobrecarregando o fígado. Intra-hepática s (no fígado) - Encefalopatia hepática- Hepatite infecciosa- Cirrose- Lipidose hepática Doenças que afetam diretamente os hepatócitos ou a estrutura do fígado, prejudicando suas funções metabólicas. Pós-hepáticas (após o fígado) - Colelitíase (cálculo biliar)- Obstrução de ducto biliar- Pancreatite obstrutiva Problemas que impedem a saída da bile do fígado para o intestino, gerando estase biliar. Boca e Cavidade Oral Boca = apreensão + mastigação + insalivação + deglutição inicial. 1. Definição ● Estrutura inicial do sistema digestório, responsável pela apreensão, mastigação e início da digestão dos alimentos. 2. Anatomia ● Lábios: apreensão do alimento. ● Dentes: mastigação (diferença entre herbívoros, carnívoros e onívoros). ● Língua: movimentação do alimento, paladar, auxílio na deglutição. ● Glândulas salivares: parótida, submandibular, sublingual. ● Palato duro e mole: separa cavidade oral da nasal e auxilia na deglutição. 3. Fisiologia / Funções 1. Apreensão: captura do alimento (varia conforme a espécie). 2. Mastigação: trituração mecânica para reduzir partículas. 3. Insalivação: mistura com saliva → lubrificação e início da digestão enzimática (amilase). 4. Deglutição inicial: passagem do bolo alimentar para a faringe. 5. Paladar: detecção de sabores e estímulo reflexo da salivação/digestão. 4. Características Histológicas ● Revestimento por epitélio pavimentoso estratificado (queratinizado em regiões de maior atrito, ex.: ruminantes). ● Presença de papilas linguais (filiformes, fungiformes, caliciformes) → algumas táteis, outras gustativas. ● Glândulas salivares: túbulos secretores serosos, mucosos ou mistos. 5. Importância Clínica ● Lesões na boca podem comprometer ingestão e nutrição. ● Doenças comuns: estomatites, fraturas dentárias, abscessos, maloclusão (principalmente em herbívoros). ● Exame da cavidade oral é importante em avaliação clínica geral. Faringe e Esôfago Faringe + Esôfago = transporte eficiente do alimento da boca ao estômago, com regulação de refluxo e, em ruminantes, regurgitação para ruminação. 1. Definição ● Estruturas tubulares responsáveis por transportar o alimento da boca ao estômago, garantindo que passe para o trato digestório sem interferir nas vias respiratórias. 2. Anatomia ● Faringe: região de transição entre boca e esôfago; compartilha passagem com a laringe. ○ Divisões: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. ● Esôfago: tubo muscular, membranoso ou misto, que leva o alimento ao estômago. ○ Espécies variam em composição muscular: ■ Cães e gatos: estriado ao longo de todo o esôfago. ■ Ruminantes: estriado na porção cervical, liso na torácica. 3. Fisiologia / Funções 1. Transporte do alimento: conduz o bolo alimentar por peristaltismo. 2. Deglutição: processo reflexo coordenado com língua, faringe e músculos esofágicos. 3. Controle de refluxo: esfíncteres (cárdico) impedem retorno do conteúdo gástrico. 4. Ruminantes: fluxo bidirecional em parte do esôfago cervical → permite regurgitação para ruminação. 4. Características Histológicas ● Epitélio: pavimentoso estratificado, queratinizado ou não, dependendo do atrito. ● Musculatura: estriada ou lisa, permitindo movimentos voluntários (início) e involuntários (peristaltismo distal). ● Glândulas esofágicas: mucosas secretoras de muco para lubrificação do bolo alimentar. 5. Importância Clínica ● Obstruções esofágicas → impactação, corpos estranhos. ● Espasmos ou falhas no peristaltismo → regurgitação patológica. ● Avaliação importante em ruminantes com engasgos ou acúmulo de alimento no rúmen. Estômago Monogástrico Estômago monogástrico = armazenamento + mistura + digestão química inicial + controle da passagem para o intestino. 1. Definição ● Órgão expansível do trato digestório responsávelpor armazenamento, mistura mecânica e digestão química inicial do alimento. 2. Anatomia ● Regiões principais: 1. Cárdia: junção com esôfago, entrada do alimento. 2. Fundo (ou corpo gástrico): principal região de secreção ácida e enzimática. 3. Corpo: mistura e digestão mecânica. 4. Piloro: saída do estômago para o duodeno, contém esfíncter pilórico. ● Particularidades em suínos: presença de toro pilórico (espessamento da musculatura do piloro). 3. Fisiologia / Funções 1. Armazenamento: permite ingestão rápida e digestão gradual. 2. Mistura mecânica: contrações musculares promovem homogeneização do alimento e formação do quimo. 3. Digestão química: ○ Ácido clorídrico (HCl): baixa pH, ativa pepsina, destrói microrganismos. ○ Enzimas: pepsina (proteínas), lipase gástrica (lipídios). 4. Proteção: muco gástrico protege a mucosa da ação ácida. 5. Controle da saída: esfíncter pilórico regula passagem do quimo para o duodeno. 4. Características Histológicas ● Epitélio: simples colunar com glândulas secretoras. ● Glândulas gástricas: ○ Corpo e fundo → células principais (pepsinogênio), células parietais (HCl) ○ Piloro → células mucosas e G (gastrina) 5. Importância Clínica ● Gastrite, úlceras gástricas, dilatação gástrica → distúrbios comuns em cães, suínos e equinos. ● Inspeção histológica importante para diagnóstico de doenças secretórias e inflamatórias. Estômagos Ruminantes Estômagos ruminantes = fermentação microbiana (rúmen/retículo) → absorção de água e minerais (omaso) → digestão química no abomaso. Ruminação garante eficiência máxima da fibra. 1. Definição ● Conjunto de quatro compartimentos especializado em fermentação microbiana, digestão de fibras vegetais e aproveitamento máximo de nutrientes. 2. Anatomia / Câmaras 1. Rúmen: maior compartimento; paredes com papilas ruminais; principal local de fermentação. 2. Retículo: próximo ao coração; paredes com favo de mel; participa da seleção de partículas. 3. Omaso: menor, absorve água e sais; paredes com lâminas concêntricas. 4. Abomaso: estômago verdadeiro; secreta HCl e enzimas digestivas, similar ao estômago monogástrico. 3. Fisiologia / Funções Rúmen e Retículo: ● Fermentação microbiana de celulose e hemicelulose. ● Produção de ácidos graxos voláteis (AGVs) → fonte de energia. ● Formação de proteína microbiana (microrganismos). ● Produção de gases (CO₂ e CH₄) → eliminados por eructação. ● Regurgitação para ruminação: regurgitar → remastigar → reinsalivar → redeglutir. Omaso: ● Absorção de água, minerais e vitaminas solúveis. ● Filtra partículas maiores que ainda não foram totalmente fermentadas. Abomaso: ● Digestão química do quimo e da proteína microbiana. ● Secreção de HCl e pepsina. 4. Características Histológicas ● Rúmen e Retículo: epitélio pavimentoso estratificado queratinizado; papilas e favo de mel. ● Omaso: lamelas concêntricas, mucosa absorvente. ● Abomaso: epitélio simples colunar; glândulas gástricas secretoras de HCl e pepsina. 5. Importância Clínica ● Alterações na fermentação → acidose ruminal, timpanismo (inchaço), distúrbios nutricionais. ● Inspeção da mucosa importante em casos de ingestão de corpo estranho ou doença infecciosa. Intestino Delgado Intestino delgado = digestão final + absorção da maioria dos nutrientes (quimo misturado com bile e suco pancreático) + movimentação peristáltica. 1. Definição ● Segmento tubular do trato digestório responsável por digestão final e absorção da maior parte dos nutrientes. 2. Anatomia / Segmentos 1. Duodeno: recebe quimo do estômago; local de entrada de bile e suco pancreático. 2. Jejuno: principal local de absorção de nutrientes (aminoácidos, glicose, lipídios). 3. Íleo: absorção complementar; transporte de sais biliares e vitaminas; comunicação com intestino grosso via válvula ileocecal. 3. Fisiologia / Funções 1. Digestão química final: ○ Enzimas pancreáticas: tripsina, quimotripsina, amilase, lipase. ○ Bile: emulsificação de gorduras. ○ Enzimas intestinais: peptidases, maltase, lactase. 2. Absorção de nutrientes: ○ Carboidratos → glicose ○ Proteínas → aminoácidos ○ Lipídios → ácidos graxos e glicerol ○ Vitaminas e minerais solúveis 3. Movimento intestinal: mistura do quimo e propulsão pelo peristaltismo. 4. Características Histológicas ● Epitélio: simples colunar com microvilosidades (vilosidades intestinais) → aumenta área de absorção. ● Criptas de Lieberkühn: secreção de enzimas digestivas e renovação celular. ● Lâmina própria: contém vasos sanguíneos e linfáticos (vaso quilífero para absorção de lipídios). 5. Importância Clínica ● Alterações → má absorção, diarreia, desnutrição, enterites. ● Avaliação histológica → útil em infecções parasitárias e inflamatórias. Intestino Grosso Intestino grosso = absorção de água/sais + fermentação microbiana complementar + formação e eliminação de fezes. 1. Definição ● Segmento final do trato digestório responsável por absorção de água e eletrólitos, fermentação complementar e formação/eliminação das fezes. 2. Anatomia / Segmentos 1. Ceco: bolsa de fermentação; maior em herbívoros monogástricos. 2. Cólon: absorção de água e sais; transporte do quimo. 3. Reto: armazenamento de fezes antes da defecação. 3. Fisiologia / Funções 1. Absorção de água e eletrólitos: reduz volume do quimo e forma fezes. 2. Fermentação microbiana: produção de ácidos graxos voláteis (principalmente em herbívoros). 3. Movimentação intestinal: mistura e propulsão do material fecal por peristaltismo e segmentação. 4. Armazenamento e eliminação: reto armazena fezes temporariamente; defecação controlada por esfíncter anal. 4. Características Histológicas ● Epitélio: simples colunar com células absortivas e caliciformes (muco). ● Musculatura: camada circular e longitudinal → movimentos peristálticos e segmentares. ● Lâmina própria: rica em vasos e tecido linfoide (GALT). 5. Importância Clínica ● Alterações → constipação, diarreia, colite, impactações cecais (em equinos). ● Importante em herbívoros monogástricos como fermentadores pós-gástricos (cavalo, coelho). Pâncreas Pâncreas = secreção de enzimas digestivas + neutralização do quimo ácido (exócrina) + controle glicêmico (endócrina). 1. Definição ● Glândula mista: exócrina (digestiva) e endócrina (hormonal), essencial para digestão e regulação metabólica. 2. Anatomia ● Localizado próximo ao duodeno, em posição retroperitoneal. ● Partes principais: cabeça, corpo e cauda. ● Ductos pancreáticos desembocam no duodeno (ducto pancreático principal e acessório). 3. Fisiologia / Funções Exócrina (digestiva): ● Secreção de enzimas pancreáticas: ○ Amilase → digestão de carboidratos ○ Lipase → digestão de lipídios ○ Tripsina e quimotripsina → digestão de proteínas ○ Nucleases → digestão de ácidos nucleicos ● Secreção de bicarbonato → neutraliza o quimo ácido do estômago. Endócrina (metabólica): ● Ilhotas de Langerhans → produção de hormônios: ○ Insulina: diminui glicemia ○ Glucagon: aumenta glicemia ○ Somatostatina e polipeptídeo pancreático → regulação hormonal local 4. Características Histológicas ● Acinos pancreáticos: secreção exócrina de enzimas. ● Ilhotas de Langerhans: secreção endócrina de hormônios. ● Ductos: transporte de suco pancreático até o duodeno. 5. Importância Clínica ● Alterações exócrinas → má digestão, esteatorreia (fezes gordurosas), má absorção. ● Alterações endócrinas → diabetes mellitus, hipoglicemia. ● Pancreatite → inflamação comum em cães, gatos e suínos. Fígado Fígado = produção de bile + metabolismo de nutrientes + desintoxicação + armazenamento + função imunológica. 1. Definição ● Maior glândula do corpo, acessória ao sistema digestório, responsável por digestão, metabolismo, desintoxicaçãoe função imunológica. 2. Anatomia ● Lobos principais: direito, esquerdo, quadrado e caudado. ● Vascularização: ○ Artéria hepática: sangue oxigenado. ○ Veia porta: sangue rico em nutrientes do intestino. ● Drenagem venosa: veias hepáticas → veia cava caudal. ● Ductos biliares: bile produzida pelos hepatócitos → ducto hepático → ducto cístico → vesícula biliar (quando presente) → duodeno. 3. Fisiologia / Funções 1. Produção de bile: emulsificação de gorduras, excreção de bilirrubina e toxinas. 2. Metabolismo de nutrientes: ○ Carboidratos: glicogênese, glicogenólise, gliconeogênese ○ Lipídios: síntese e degradação de ácidos graxos, colesterol e lipoproteínas ○ Proteínas: síntese de albumina, fatores de coagulação, conversão de aminoácidos 3. Desintoxicação: metaboliza drogas, toxinas e hormônios; converte amônia em ureia (ciclo da ureia) 4. Armazenamento: glicogênio, vitaminas (A, D, B12) e minerais (ferro, cobre) 5. Função imunológica: células de Kupffer fagocitam bactérias e partículas do sangue portal 4. Características Histológicas ● Hepatócitos organizados em lóbulos hepáticos. ● Sinusoides hepáticos: capilares entre hepatócitos → permitem troca de substâncias. ● Vesículas biliares: drenam bile formada pelos hepatócitos. 5. Importância Clínica ● Alterações → icterícia, encefalopatia hepática, distúrbios metabólicos. ● Doenças comuns: hepatites, cirrose, colelitíase, lipidoses hepáticas. Aparelho / Órgão Função Principal Particularidades Veterinárias Secreções / Observações Boca / Cavidade Oral Apreensão, mastigação e início da digestão Dentes adaptados à dieta: herbívoros (molares para fibras), carnívoros (caninos e carniceiros) Saliva: lubrificação, amilase, muco, ação antimicrobiana Faringe / Esôfago Transporte do alimento até o estômago Ruminantes: fluxo bidirecional para ruminação Muco secretado nos ductos para lubrificação Estômago Monogástrico Armazenamento, mistura e digestão química inicial Suínos: toro pilórico HCl, pepsina, lipase gástrica, muco Estômagos Ruminantes Fermentação, absorção e digestão química Rúmen: fermentação microbiana; Retículo: favo de mel; Omaso: absorção de água; Abomaso: digestão química Rúmen/retículo: muco; Abomaso: HCl e pepsina Intestino Delgado Digestão final e absorção de nutrientes Duodeno: recebe bile e suco pancreático; Jejuno: absorção máxima; Íleo: transporte e absorção complementar Enzimas pancreáticas, bile, suco intestinal Intestino Grosso Absorção de água e eletrólitos, fermentação complementar, formação de fezes Herbívoros monogástricos: grande ceco e cólon para fermentação pós-gástrica Muco intestinal; fermentação microbiana produz AGVs Fígado Produção de bile, metabolismo, desintoxicação, armazenamento e imunidade Armazena glicogênio, vitaminas e minerais; células de Kupffer fagocitam partículas Bile, metabolismo de toxinas e nutrientes Pâncreas Digestão de carboidratos, proteínas e lipídios + regulação glicêmica Exócrino: enzimas digestivas e bicarbonato; Endócrino: insulina e glucagon Suco pancreático (amilase, lipase, tripsina, quimotripsina) Glândulas Salivares Lubrificação, digestão inicial, proteção oral Ruminantes: saliva rica em bicarbonato para tamponamento do rúmen Saliva (serosa, mucosa ou mista), amilase, muco, substâncias antimicrobianas Definição Divisão Anatômica Ruminantes – Particularidades Digestão e absorção – Sequência geral Principais Particularidades por Grupo Importância Clínica Boca = apreensão + mastigação + insalivação + deglutição inicial. 1. Definição 2. Anatomia 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia / Câmaras 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia / Segmentos 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia / Segmentos 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica 1. Definição 2. Anatomia 3. Fisiologia / Funções 4. Características Histológicas 5. Importância Clínica