Prévia do material em texto
ANATOMIA DO CÉREBRO E PARTICULARIDADES DO CÓRTEX - S4P1 Discutir a anatomia do cérebro O cérebro, localizado dentro do crânio, faz parte do SNC e é uma das estruturas do encéfalo. Ele se subdivide em duas macroregiões: telencéfalo e diencéfalo . Essa subdivisão é provinda da diferença embrionária na formação do cérebro, já que, mesmo que tanto o telencéfalo quanto o diencéfalo tenha surgido do prosencéfalo, essas duas estruturas tiveram desenvolvimentos anatômicos e funcionais diferentes ao longo do tempo. Telencéfalo É a estrutura que funciona como “sede da inteligência” permite o pensamento, a fala, a capacidade de ler e escrever… Ocupa a maior parte do cérebro e é composto pelo córtex cerebral É uma estrutura par - formada pelo hemisfério esquerdo e o hemisfério direito. Esses hemisférios são divididos pela fissura longitudinal. · A fissura longitudinal é um sulco profundo que atravessa praticamente todo o comprimento do telencéfalo, desde a parte frontal (lobo frontal) até a parte posterior (lobo occipital). · É preenchida por uma prega da dura-máter chamada foice do cérebro, que ajuda a estabilizar e separar fisicamente os dois hemisférios. Os dois hemisférios possuem uma união através do corpo caloso, o qual troca fibras nervosas entre as duas regiões. · Garante que os dois hemisférios troquem informações rapidamente. · Possibilita que movimentos sejam harmônicos entre os lados do corpo. · Permite que informações processadas separadamente em cada hemisfério sejam combinadas. Além disso, o telencéfalo possui fibras mielinizadas que integram diferentes regiões: · Fibras de associação – conectam áreas corticais dentro do mesmo hemisfério. Ex.: fascículo arqueado. · Fibras comissurais – conectam os dois hemisférios. Ex: Corpo caloso (principal comissura), Comissura anterior, Comissura posterior · Fibras de projeção – ligam o córtex a estruturas subcorticais, tronco encefálico e medula espinal. ESTRUTURA EXTERNA: CÓRTEX CEREBRAL O córtex cerebral é a camada mais externa e altamente especializada de substância cinzenta (na periferia) e substância branca (no centro) que reveste o telencéfalo. Formado principalmente por: · corpos celulares dos neurônios · dendritos · células da glia Reveste a superfície de ambos os hemisférios cerebrais. É responsável pela aparência enrugada do cérebro, já que forma giros (elevações) e sulcos/fissuras (depressões). os sulcos vão separar os giros. Abaixo dele está a substância branca, formada por axônios mielinizados que conectam áreas corticais entre si e com outras regiões do SNC. Mais internamente, bem no meio, o telencéfalo conta com a presença de substância cinzenta formando o núcleo da base. Faces do telencéfalo: · face supero-lateral: a face superior e lateral que é mais convexa, parece um capacete · face medial: é plana · face inferior (basal): irregular, pois possui diversos órgãos embaixo do telencéfalo Lobos do telencéfalo: São regiões que possuem anatomia e função diferentes entre si. Cada lobo está em contato com um osso do crânio e recebe o nome do osso correspondente. O telencéfalo possui, ainda, um lobo interno chamado de lobo da ínsula. Este lobo está internamente abaixo do sulco lateral, entre o lobo frontal e o temporal. Giros do telencéfalo Giros do lobo frontal: · giro frontal superior · giro frontal médio · giro frontal inferior Giros do lobo temporal: · giro temporal superior · giro temporal médio · giro temporal inferior Giros da região central: Separados pelo sulco central · giro pré-central · giro pós-central Giros do lobo parietal: · lóbulo parietal superior · lóbulo parietal inferior · giro supramarginal · giro angular Sulcos do telencéfalo · Sulco lateral (de Sylvius): separa o lobo frontal do temporal · Sulco central (de Rolando): separa os sulcos e giros pós e pré central · Sulco intraparietal: separa os lóbulos inferior e superior do lobo parietal · Sulco parietoccipital: separa os lobos parietal e occipital O sulco parietoccipital separa duas áreas: o pré-cúneo e o cúneo Abaixo do cúneo há o sulco calcário ESTRUTURA INTERNA: VENTRÍCULOS Na estrutura interna, o telencéfalo possui cavidades ventriculares que produzem e transportam o líquor. Os ventrículos são cavidades internas do encéfalo revestidas por epêndima (epitélio simples cúbico/colunar de células ependimárias). Eles fazem parte do sistema ventricular, que está conectado ao canal central da medula espinal e ao espaço subaracnoideo, permitindo a circulação do LCS. Os ventrículos localizados no telencéfalo são os ventrículos laterais, esquerdo e direito, que ficam um em cada hemisfério cerebral. Os ventrículos laterais são divididos em cornos, que são regiões dos ventrículos. · corno anterior ou frontal (lobo frontal) · corno posterior ou occipital(lobo occipital) · corno inferior ou temporal( lobo temporal) · corpo (lobo parietal) Diencéfalo Parte central e profundamente situada do encéfalo. Funciona como um “núcleo de processamento e integração” entre o tronco encefálico e o telencéfalo. Fica envolvido pelos hemisférios cerebrais e acima do tronco encefálico, rodeando o III ventrículo. Medialmente, o III ventrículo separa as metades direita e esquerda. O diencéfalo é formado por quatro grandes partes: · Tálamo · Hipotálamo · Epitálamo · Subtálamo TÁLAMO Órgão par constituído por substância cinzenta. Unido pela aderência intertalâmica Faz o processamento, a retransmissão e a modulação das informações. Recebe as informações da medula espinal vinda do SNP e envia para a área do córtex correspondente à função do estímulo Permite que haja uma seletividade de informações, desligando a atenção para outras atividades não essenciais no momento FOCO Situado lateralmente ao terceiro ventrículo O tálamo é composto por vários núcleos organizados em grupos, onde cada grupo possui funções específicas: · Grupo Anterior: envolvido no circuito de Papez - caminho anatômico dentro do sistema límbico que integra emoções, memória e respostas comportamentais. · Grupo Medial: inclui núcleos intralaminares e centro-mediano, associados à ativação cortical através do sistema ativador reticular ascendente; · Grupo Posterior: inclui o pulvinar (atenção seletiva) e corpos geniculados medial (via auditiva) e lateral (via óptica); · Grupo Mediano: responsável por funções viscerais; · Grupo Lateral: compreende núcleos ligados à motricidade (núcleo ventral anterior e lateral) e sensibilidade (núcleo ventral póstero-lateral e medial). Os núcleos ventral anterior e lateral são envolvidos na motricidade somática e automatizada. Os núcleos ventral póstero-lateral e ventral póstero-medial são cruciais para a sensibilidade, sendo o primeiro responsável pela sensibilidade do corpo e o segundo pela sensibilidade da face e gustatação. Além disso, o tálamo é separado dos núcleos da base pela cápsula interna faixa de substância branca que atua como um divisor anatômico e funcional entre o tálamo e os núcleos da base. · desempenha um papel crucial ao isolar as funções de retransmissão e modulação do tálamo daquelas relacionadas ao controle motor dos núcleos da base. · Vital para a condução de fibras nervosas que conectam o tálamo ao córtex cerebral e outras regiões do cérebro, facilitando a comunicação entre diversas áreas cerebrais. · Sua organização e função são fundamentais para a integração e coordenação das atividades sensoriais e motoras no cérebro humano. HIPOTÁLAMO Órgão neuroendócrino essencial para a regulação do organismo, controlando indiretamente a homeostasia corporal através do sistema endócrino. Localiza-se no sistema límbico, conectado ao tálamo, tratos ascendentes e descendentes, além de se ligar diretamente à hipófise através do infundíbulo. Situa-se inferiormente ao tálamo - separados pelo sulco hipotalâmico - e superior ao tronco encefálico. · Sulco hipotalâmico: é um sulco para drenagem do líquor, levando o líquor produzido nos ventrículos laterais parao III ventrículo através do forame interventricular, e posteriormente para o aqueduto do mesencéfalo; Tem como função principal o controle da atividade visceral, regulando o SNA e glândulas endócrinas, principais responsáveis pela manutenção da homeostase. A morfologia externa do hipotálamo é composta por: · quiasma óptico: recebe fibras do nervo óptico que cruzam em parte e formam o trato óptico que se dirige ao corpo geniculado lateral; · infundíbulo ou haste que sustenta a hipófise: formação nervosa em forma de funil que se prende ao túber cinéreo e liga o hipotálamo à glândula hipófise; · corpos mamilares: participa no processo de fixação de memória de curta duração para longa duração; EPITÁLAMO E SUBTÁLAMO O epitálamo é uma estrutura do diencéfalo localizada posteriormente ao tálamo. A morfologia externa do epitálamo é dividida em formações endócrinas (glândula pineal) e formações não endócrinas (trígono das habênulas e estria medular). A glândula pineal é uma glândula endócrina, conectada ao epitálamo por meio de um pedículo e projeta-se posteriormente ao mesencéfalo Está relacionada ao ritmo circadiano pela produção de melatonina, liberada na circulação sanguínea somente na ausência de luz Atua também na função antigonadotrófica ao inibir/retardar a maturação das gônadas masculina e feminina, o que influencia a atividade de diversos hormônios - incluindo aqueles da hipófise, paratireoide, gônadas, córtex adrenal e até mesmo as ilhotas de Langerhans do pâncreas adrenal e até mesmo as ilhotas de Langerhans do pâncreas. O subtálamo é uma importante estrutura do sistema nervoso central Localizada inferiormente e posteriormente ao tálamo e superiormente ao mesencéfalo. Esta posição o coloca em uma região estratégica para a modulação de funções motoras. É composto principalmente por dois núcleos: o núcleo subtalâmico e a zona incerta. · O núcleo subtalâmico está envolvido na modulação da motricidade automatizada, contribuindo para a regulação e correção dos movimentos. · A zona incerta participa da integração dos movimentos, funcionando como uma continuação de núcleos do tronco encefálico, como o núcleo rubro, a substância negra e a formação reticular. Essas conexões do subtálamo com outras estruturas cerebrais são essenciais para a precisão dos movimentos corporais, destacando sua importância na coordenação motora. A localização do subtálamo como inferolateral ao tálamo o posiciona de forma a interagir com várias vias motoras, sublinhando seu papel na modulação e controle motor. Descrever o funcionamento do córtex sensitivo e motor O córtex sensitivo e o córtex motor são regiões do córtex que possuem funções diferentes no trabalho de processamento de informações. · Córtex sensitivo: recebe informações sensitivas e estão envolvidas na percepção, a conscientização de uma sensação; · Córtex motor: controlam a execução de movimentos voluntários E, além disso, ainda temos: · Córtex de associação: área do córtex que lida com funções integradoras mais complexas como memória, emoções, raciocínio, vontade, discernimento, traços da personalidade e inteligência. CÓRTEX SENSITIVO A área sensitiva do córtex é o conjunto de regiões do lobo parietal (principalmente) responsáveis por receber, interpretar e integrar informações sensoriais conscientes vindas de todo o corpo. As áreas sensitivas primárias recebem informações sensitivas que foram retransmitidas através de receptores periféricos das regiões inferiores do encéfalo. As áreas sensitivas mais importantes: Córtex somatossensorial primário: · Está localizado imediatamente posterior ao sulco central de cada hemisfério cerebral. · Estende-se desde o sulco lateral, ao longo da superfície lateral do lobo parietal até a fissura longitudinal e, depois, ao longo da superfície medial do lobo parietal. · O córtex somatossensorial primário recebe impulsos nervosos para tato, pressão, vibração, prurido, cócegas, temperatura (frio e calor), dor e propriocepção (posição das articulações e dos músculos) e está envolvido na percepção dessas sensações somáticas. Essa imagem mostra um homúnculo cortical — uma representação do corpo humano “desenhada” na superfície do cérebro — para explicar como o córtex somatossensorial primário (à esquerda) e o córtex motor primário (à direita). O córtex somatossensorial primário e o córtex motor primário possuem mapas ordenados do corpo humano, onde cada ponto do corpo corresponde a uma área específica do córtex — e áreas com funções mais complexas ou mais sensíveis ocupam mais espaço cortical no desenho. Córtex visual primário: · Localizado na extremidade posterior do lobo occipital · Recebe informações visuais e está envolvido na percepção visual Córtex auditivo primário: · Localizado na parte superior do lobo temporal, próximo ao sulco lateral do cérebro · Recebe informações sonoras e está envolvido na percepção auditiva Córtex gustativo: · Localizado na ínsula · Recebe impulsos relacionados ao paladar e está envolvido na percepção gustativa e na discriminação dos sabores Córtex olfatório: · Localizado na face medial do lobo temporal · Recebe impulsos relacionados ao olfato e está envolvido na percepção olfatória. CÓRTEX MOTOR A região motora do córtex é o conjunto de áreas do lobo frontal responsáveis por planejar, iniciar e controlar os movimentos voluntários do corpo. Córtex motor primário: · Está localizado no giro pré-central do lobo frontal. · Como ocorre no córtex somatossensitivo primário, existe um “mapa” de todo o corpo no córtex motor primário: cada região na área controla as contrações voluntárias de músculos ou de grupos de músculos específicos. · A estimulação elétrica de qualquer ponto no córtex motor primário provoca contração de fibras específicas dos músculos esqueléticos no lado oposto do corpo. · A área cortical dedicada aos músculos envolvidos em movimentos delicados, especializados ou complexos, é maior. Por exemplo, a região cortical dedicada aos músculos que movem os dedos das mãos é muito maior do que a região dedicada aos músculos que movem os dedos dos pés. Córtex pré-motor: · Está localizado imediatamente anterior ao córtex motor primário. · O córtex pré-motor envia impulsos para o córtex motor primário que planeja movimentos que provocam a contração simultânea ou sequencial de grupos de músculos específicos. · Essas atividades incluem digitação, escrever o próprio nome e tocar um instrumento musical. · O córtex pré-motor também serve como um banco de memória para esses movimentos coordenados Área de Broca: · Localizada no lobo frontal perto do sulco lateral. · A partir da área de Broca, impulsos nervosos passam para as regiões pré-motoras que controlam os músculos da laringe, da faringe e da boca. · Os impulsos provenientes do córtex pré-motor resultam em contrações musculares específicas e coordenadas. · Ao mesmo tempo, impulsos propagam-se da área de Broca para o córtex motor primário. A partir daí, impulsos também controlam os músculos da respiração para regular o fluxo apropriado pelas pregas vocais. · As contrações coordenadas dos músculos da fala e da respiração possibilitam que os seres verbalizem seus pensamentos. Campo visual frontal: · Está localizado parcialmente no córtex pré-motor e anterior ao mesmo e superior à área de Broca. · O campo visual frontal controla os movimentos voluntários dos olhos, por exemplo, os movimentos realizados enquanto a pessoa lê um livro. COMPREENDER AS FUNÇÕES DAS ÁREAS DE BRODMANN As áreas de Brodmann são regiões do córtex cerebral mapeadas pelo neurocientista alemão Korbinian Brodmann no início do século XX (publicação em 1909). Ele dividiu o córtex em 52 áreas numeradas com base na citoarquitetura — ou seja, na organização e no tipo de células vistas ao microscópio Descobriu que cada área tende a ter funções específicas relacionadas à percepção, movimento, linguagem, pensamento, entre outras. A numeração não segue ordem funcional, mas sim a sequênciaem que Brodmann as descreveu. Essas áreas não são fronteiras rígidas, e funções complexas envolvem várias áreas trabalhando juntas. Principais áreas de Brodmann e suas funções (humanas) Áreas motoras e pré-motoras · Área 4 – Córtex motor primário: inicia movimentos voluntários, organizado somatotopicamente (homúnculo motor). · Área 6 – Córtex pré-motor e área motora suplementar: planeja e coordena movimentos. · Área 8 – Campo ocular frontal: controla movimentos voluntários dos olhos. Áreas sensitivas · Áreas 1, 2, 3 – Córtex somatossensorial primário: recebe e processa estímulos táteis, proprioceptivos e de temperatura. · Área 5 e 7 – Córtex somatossensorial associativo (lobo parietal superior): integração de informações sensoriais para percepção espacial. Áreas visuais · Área 17 – Córtex visual primário (V1): processamento inicial da visão. · Áreas 18 e 19 – Áreas visuais secundárias e associativas: interpretação de formas, cores, movimento. Áreas auditivas · Áreas 41 e 42 – Córtex auditivo primário: percepção inicial do som. · Área 22 (porção posterior) – Área de Wernicke: compreensão da linguagem falada. Áreas relacionadas à linguagem · Área 44 e 45 (hemisfério dominante) – Área de Broca: produção da fala e gramática. Embora tradicionalmente associada apenas à produção da fala, estudos modernos mostram que a área de Broca atua como um centro de programação e sequenciamento simbólico: · Planeja e coordena os movimentos dos músculos da face, língua, laringe e respiração necessários para articular palavras. · Envia comandos para o córtex motor primário (área 4). · Monta a ordem correta de palavras e frases. · Participa da análise de estruturas sintáticas complexas. · No hemisfério dominante → prosódia linguística (pausas, entonação para sentido). · No hemisfério não dominante → prosódia emocional (tom de voz que expressa sentimentos). Conecta-se com: · Área de Wernicke (compreensão) via fascículo arqueado. · Áreas motoras suplementares para coordenação. · Córtex pré-frontal para planejamento. · Córtex auditivo para autocorreção da fala. · Área 22 (posterior) – Área de Wernicke: compreensão da linguagem. Áreas pré-frontais (funções executivas) · Áreas 9, 10, 11, 46, 47 – Córtex pré-frontal: raciocínio, tomada de decisão, memória de trabalho, planejamento. Áreas relacionadas a outras funções · Área 23, 24, 32, 33 – Córtex cingulado: regulação emocional, motivação, atenção. · Área 39 (giro angular) – integração de linguagem, matemática e cognição espacial. · Área 40 (giro supramarginal) – integração sensorial e linguagem. RELACIONAR O ISOLAMENTO SOCIAL COM OS PROBLEMAS NEUROLÓGICOS O isolamento social está diretamente relacionado a alterações no córtex cerebral, e isso não é apenas psicológico — envolve mudanças estruturais e funcionais no sistema nervoso. O isolamento social provoca uma cascata de mudanças, que podemos resumir em três níveis: a) Nível neuroquímico · Menor estímulo social → redução na liberação de dopamina e oxitocina, neurotransmissores ligados à recompensa social. · Aumento de cortisol (hormônio do estresse) → efeito tóxico crônico sobre neurônios do córtex pré-frontal e hipocampo. b) Nível sináptico · A falta de interações reduz a plasticidade sináptica (menos formação de novas conexões e fortalecimento das existentes). · “Poda” exagerada de dendritos no córtex, principalmente nas regiões associativas, como pré-frontal e temporal. c) Nível estrutural · Redução da espessura cortical detectada por ressonância magnética. · Alteração na conectividade funcional entre áreas (pré-frontal ↔ límbico, por exemplo), o que prejudica a regulação emocional. Pesquisas com neuroimagem mostram que períodos prolongados de isolamento reduzem a espessura cortical e alteram a atividade elétrica principalmente em: 1. Córtex pré-frontal (áreas 9, 10, 46) · Responsável por planejamento, julgamento, controle emocional e tomada de decisões. · Efeito do isolamento: diminuição da atividade metabólica e da conectividade sináptica → prejuízo no raciocínio, aumento da impulsividade e dificuldade de regular emoções. 2. Córtex orbitofrontal (áreas 11, 12, 47) · Ligado à interpretação de sinais sociais e empatia. · Efeito do isolamento: piora da capacidade de interpretar expressões faciais, entender nuances sociais e reagir adequadamente a interações humanas. 3. Córtex cingulado anterior (área 24) · Integra emoção, atenção e motivação. · Efeito do isolamento: queda na motivação, aumento da apatia e risco de depressão. 4. Córtex temporal superior e giro fusiforme (áreas 22, 37) · Reconhecimento de faces e processamento de linguagem social. · Efeito do isolamento: enfraquecimento da resposta a estímulos sociais, dificuldade de manter fluência comunicativa. Além disso, o isolamento social prolongado aumenta o risco ou agrava várias doenças neurológicas e psiquiátricas, porque afeta diretamente o funcionamento e a estrutura do córtex cerebral e de circuitos relacionados no sistema límbico e tronco encefálico. Depressão maior Relação com isolamento: A falta de estímulo social reduz a produção de dopamina, serotonina e oxitocina, neurotransmissores que sustentam motivação e humor. O excesso de cortisol (estresse crônico) causa retração dendrítica no córtex pré-frontal e hipocampo, dificultando regulação emocional. Alterações corticais: · Hipofunção do córtex pré-frontal dorsolateral (área 9/46). · Hiperatividade da amígdala. · Redução de volume do córtex cingulado anterior (área 24). Sintomas: tristeza persistente, anedonia, lentificação cognitiva. 2. Ansiedade generalizada e transtorno do pânico Relação com isolamento: A perda de suporte social reduz o “amortecimento” do córtex pré-frontal sobre a amígdala, aumentando reações de medo e hipervigilância. Alterações corticais: · Menor conectividade entre pré-frontal ventromedial (área 10/11) e amígdala. · Maior ativação do córtex insular (áreas 13–16), que processa sensações internas e sinais de perigo. · Sintomas: tensão constante, crises súbitas de pânico, hipersensibilidade a estímulos. 3. Declínio cognitivo e demências (ex.: Alzheimer) · Relação com isolamento: O contato social é um estímulo cognitivo de alta complexidade. Sem ele, ocorre menos ativação de redes neurais de linguagem, memória e atenção — o que acelera a degeneração em cérebros vulneráveis. Alterações corticais: · Redução da espessura no lobo temporal medial (áreas 20, 21, 38) e no hipocampo. · Menor atividade nas áreas parietais associativas (5, 7, 39, 40). · Sintomas: piora da memória, desorientação espacial, perda de vocabulário. 5. Esquizofrenia · Relação com isolamento: O isolamento não é causa direta, mas pode precipitar surtos ou piorar sintomas negativos (apatia, retraimento social), pois reduz estímulos que poderiam manter o córtex pré-frontal mais ativo. · Alterações corticais: · Hipofunção do córtex pré-frontal dorsolateral (área 46). · Alterações nas áreas temporais (22, 41, 42) que afetam processamento auditivo e linguagem. · Sintomas: delírios, alucinações, empobrecimento afetivo. 6. Transtornos de linguagem e comunicação · Relação com isolamento: A falta de interação reduz a ativação das áreas de Broca (44/45) e Wernicke (22), afetando fluência, vocabulário e compreensão em contextos complexos. · Alterações corticais: · Enfraquecimento da rede fronto-temporo-parietal de linguagem. · Sintomas: dificuldade em manter conversas, fala empobrecida. image3.png image20.png image19.png image13.png image17.png image8.png image29.png image11.png image5.png image15.png image31.png image28.png image1.png image18.png image9.png image25.png image16.png image10.png image30.png image2.png image27.png image14.png image4.png image32.png image23.png image6.png image7.png image24.png image12.png