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Deformação em rochas Apresentação As deformações em rochas podem fornecer importantes informações sobre as diversas áreas tectônicas do planeta, como, por exemplo, os cinturões orogenéticos, as áreas falhadas e as bacias do tipo rifte. Para tanto, uma série de análises, de forma uni, bi e tridimensional, devem ser realizadas. Os tipos de deformação estão relacionados à magnitude e à orientação das tensões e podem ser deduzidos por meio da análise das estruturas observadas nas rochas, em áreas tanto sob regime dúctil quanto sob regime rúptil. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender o que são deformações em rochas, bem como aprender a defini-las em diferentes dimensões e a analisar os tensores de deformação. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância da análise de deformação em rochas.• Definir deformação em uma, duas e três dimensões em rochas.• Analisar tensões e deformações em rochas.• Desafio A análise das deformações em rochas é um processo fundamental para a compreensão de uma área deformada, porém necessita do uso de técnicas de interpretação para a obtenção de informações mais coerentes com a realidade. Observe o caso a seguir: Quais as principais fontes de erro que você consideraria nessa avaliação? Infográfico Os marcadores de deformação em rochas caracterizam a deformação em tempo de atuação, natureza e direção, tornando-se fundamentais para a compreensão da história evolutiva da deformação. Os marcadores refletem o estado de deformação nos corpos rochosos, visto que o comprimento, fora, e/ou a orientação dos seus atributos geométricos são conhecidos no estado não deformado do meio. Neste Infográfico, você vai entender o que são marcadores de deformação e quais as informações que podem ser obtidas deles. Além disso, você vai saber a diferença entre marcadores ativos e passivos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/48f34496-6905-48b5-be67-ba40bff03821/53a90603-ec55-44a3-9b3d-63e131137d81.png Conteúdo do livro O exame das estruturas deformacionais em rochas permite o reconhecimento de feições correlacionadas aos eventos tectônicos, nas diversas escalas, mas, para isso, é necessário o conhecimento da geometria desses marcadores antes da ocorrência da deformação. A análise das estruturas marcadoras de deformação podem ocorrer em três dimensões distintas, fornecendo um conjunto de informações que podem revelar tanto a natureza da deformação quanto a direção dos eixos de deformação. No capítulo Deformação em rochas, da obra Geologia estrutural, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a analisar as deformações nas três dimensões e a correlacionar as deformações com os tensores de deformação. Boa leitura. GEOLOGIA ESTRUTURAL Nelize Lima dos Santos Deformação em rochas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a importância da análise de deformação em rochas. Definir deformação em rochas em uma, duas e três dimensões. Analisar tensões e deformações em rochas. Introdução A análise estrutural é a base para o entendimento da movimentação da crosta terrestre, pois, a partir do estudo das estruturas deformacionais presentes nas rochas, é possível compreender o comportamento dos esforços atuantes, responsáveis pelas deformações, durante a evolução tectônica do planeta. Neste capítulo, você vai estudar sobre como é feita a avaliação das deformações em rochas em três dimensões distintas, a partir da análise de marcadores de deformação, e vai correlacionar as deformações aos seus respectivos tensores. 1 Análise das deformações As estruturas originadas pelas deformações são importantes ferramentas que auxiliam na descrição da história evolutiva de uma região. Essas estruturas podem ser observadas em diversas escalas de análise e interpretadas por meio de uma variedade de métodos, que permitem descobrir o estado de deformação de uma rocha. As análises estruturais das rochas podem revelar os tipos e os mecanis- mos de deformação, de modo que a compreensão sobre os processos que atuaram ao longo da história do planeta seja mais abrangente. Essas análises (geométrica, cinemática e dinâmica) indicam o registro de estruturas e outras feições geológicas dos variados ciclos geotectônicos e suas inter-relações com os esforços atuantes na sua formação. Ao compreender os aspectos estruturais de uma área, podemos classificá-la como um local de interesse social e econômico, por exemplo, ao considerar que uma ampla gama de depósitos minerais e petrolíferos e, até mesmo reser- vatórios de água subterrânea, possuem armadilhas de acumulação e migração dependentes de estruturas presentes nas rochas (Figura 1). Figura 1. Estruturas para armadilhas e migração. (a) Seção esquemática indicando conjunto de falhas responsáveis pela migração de petróleo. (b) Representação esquemática de aquífero, onde o poço B (diferente do poço A) representa captação de água, pois intercepta fraturas. Fonte: Adaptada de (a) Habermann et al. (2018) e (b) Campos e Cunha (2015). A análise da deformação em rochas pode revelar a presença de zonas de cisalhamento que são importantes depósitos de ouro e indicar os movimentos ocorridos, classificando-as como rotacionais ou não rotacionais. Além disso, Deformação em rochas2 podem indicar a presença de um conjunto de falhas e fraturas em ambientes de bacias sedimentares que podem ter servido como trapas (armadilhas de acumulação) de hidrocarbonetos, indicando suas dimensões e direção de movimentação, ou falhas e fraturas, que podem estar servindo como reser- vatórios de água subterrânea. Para saber mais sobre a utilização das estruturas geológicas na migração e na armadilha de hidrocarbonetos, leia o artigo “Petróleo na margem continental brasileira: geologia, exploração, resultados e perspectivas”, de Edison José Milani et al. Se quiser saber sobre a caracterização de estruturas geológicas em subsuperfície associadas a zonas de mineralização de urânio, busque o artigo “Avanços na carac- terização das estruturas geológicas em subsuperfície da província uranífera Lagoa Real (BA) a partir de dados aerogeofísicos”, das autoras Suze Nei Pereira Guimarães e Valiya Mannathal Hamza. Ainda, para saber sobre o funcionamento de uma rocha intensamente fraturada como reservatório de água subterrânea, leia o artigo de Olivar Antonio Lima de Lima, “Estruturas geoelétrica e hidroquímica do sistema aquífero cristalino da bacia do Alto Rio Curaçá, semi-árido da Bahia”. 2 Dimensões das rochas As deformações em rochas geram uma ampla gama de estruturas e nem sem- pre é possível extrair informações diretamente dessas feições, especialmente porque, muitas vezes, a deformação não ocorre em um único evento, e sim, em eventos sucessivos. Essas deformações podem ser estudadas em uma, duas ou três dimensões e expressas de forma matemática. Os estados das deformações em rochas são analisados a partir de objetos denominados marcadores de deformação, que são capazes de indicar a na- tureza, o estado e o tempo relativo das deformações e a direção dos eixos de deformação (FOSSEN, 2012). Os marcadores podem ser estruturas formadas durante a deformação ou estruturas preexistentes que tenham modificado sua forma, comprimento e/ou orientação durante a deformação (FOSSEN, 2012). Para identificá-los, é necessário conhecer suas características antes da ocorrência dos eventos deformacionais. O processo de análise das deformações é um critério fundamental para o estabelecimento do modo de atuação dos esforços em uma determinada área, 3Deformação em rochas pois, o reconhecimento da geometria e da simetria das estruturas presentes nas rochas permite inferir sobre as tensões responsáveis pela deformação, embora ocontrário não seja possível. As estruturas deformacionais são classificadas em dúcteis (por exemplo, dobras), quando não há perda de continuidade, ou rúpteis (por exemplo, falhas), quando há perda de continuidade. Também possuem elementos geométricos lineares e/ou planares (superfícies), de onde uma série de informações básicas podem ser identificadas. Os elementos planares e lineares mais comuns são os seguintes: planares: planos de falha, planos axiais de dobra, estratificação, clivagem e xistosidade; lineares: eixos de dobras e microdobras, minerais e seixos alongados, estrias glaciais e de falha e as interseções entre duas estruturas pla- nares, como estratificação e clivagem, estratificação e junta ou duas clivagens, entre outras. A medição das orientações dos elementos geométricos das estruturas rea- lizada com o auxílio da bússola geológica é o ponto de partida para qualquer tipo de análise e qualquer imprecisão ou insuficiência na coleta e na medição desses dados no campo pode impossibilitar a correta compreensão do histórico de deformação de uma área (Figura 2). Figura 2. Elementos geométricos das estruturas. (a) Elementos geométricos de falhas. Nos planos de falhas, assim como em outras estruturas planares, são medidos a direção (dip — ds) e o mergulho (strike — ss). (b) Elementos geométricos de dobras. Nos elementos lineares, eixo da dobra, são medidos direção e mergulho. Fonte: Coe (2010, p. 296). Deformação em rochas4 Análise unidimensional As análises de deformação unidimensionais são análises simples que obser- vam as variações no comprimento de linhas ou em objetos aproximadamente lineares, que podem estirar-se ou encurtar-se (FOSSEN, 2012). Os marcadores de deformação que podem ser utilizados na análise unidi- mensional são os seguintes (Figura 3): eixo longo de um belemnite ou de algum outro tipo de fóssil ou mineral de comprimento acentuado; linhas de estratificação ou camadas falhadas ou dobradas; diques e veios boudinados. Figura 3. Marcadores estruturais unidimensionais. (a) Veio de quartzo boudinado. (b) Acamamento sedimentar (S0) dobrado. Fonte: Adaptada de (a) Santini (2011) e (b) Miyagawa e Gorayeb (2013). Análise bidimensional As análises de deformação bidimensionais são realizadas por meio de planos ou seções, como, em geral, é feito quando se descreve um afl oramento rochoso. Nesse tipo de análise, é importante se perguntar em que plano estão sendo realizadas as observações. Segundo Fossen (2012), é muito comum utilizar os dados de deformação extraídos das seções para calcular o elipsoide de deformação (feição geométrica utilizada como referência para análise das deformações em três dimensões) em três planos (elipses XY, XZ e YZ). 5Deformação em rochas A deformação, observada de forma bidimensional, considera o cisalha- mento angular que é a variação no ângulo entre duas linhas originalmente perpendiculares entre si, podendo ser puro (sem rotação) ou simples (com rotação) (FOSSEN, 2012). Para essa análise, é necessária a existência de objetos, cuja forma anterior à deformação seja conhecida, ou a presença de marcadores lineares (unidimensionais) com diversas orientações. Os marcadores que podem ser utilizados na análise bidimensional são (Figura 4): lavas almofadadas; fósseis que tendem a ser esféricos antes da deformação, como ooides e corais; conglomerados e brechas. Figura 4. Marcadores estruturais bidimensionais. (a) Oóides. (b) Lavas almofadadas. (c) Brechas de filitos (Fi) e xisto (Xi). Fonte: Adaptada de (a) Armelenti (2014), (b) Tassinari et al. (2001) e (c) Fambrini et al. (2018). Deformação em rochas6 Tridimensional As análises de deformação tridimensionais são análises completas, em que os espectros de estado possíveis de deformação ampliam-se de maneira significativa, pois a deformação tridimensional provoca variação de com- primento nas três dimensões (FOSSEN, 2012). Pode haver encurtamento ou estiramento em uma das dimensões (X, Y ou Z), a que as outras duas dimensões responderão com estiramento ou encurtamento, respectiva- mente, de forma simultânea. As formas dos elipsoides de deformação são analisadas por meio do Diagrama de Flinn, em que é possível separar os domínios nos quais as estruturas planares e lineares são produzidas, de acordo com a magnitude relativa de estiramento nos eixos principais de deformação. Para ver exemplos de aplicação do diagrama de Flinn na análise das formas dos elipsoides de deformação, leia os artigos “A análise da deformação finita em rochas metassedimentares da Região da Serra da Matriculada, município de Datas (MG), Serra do Espinhaço Meridional”, de Juni Silveira Cordeiro et al., e “Determinações da deformação finita em rochas metassedimentares da faixa ribeira na Região de Iporanga e Apiaí, SP”, de Ginaldo Ademar da Cruz Campanha e Georg Robert Sadowski. A análise tridimensional é mais complexa, por isso é comum analisar a deformação em duas dimensões, embora os dados obtidos por meio de duas ou mais seções podem ser combinados para o cálculo do elipsoide de deformação em três dimensões. O elipsoide de deformação possui três planos principais de deformação ortogonais entre si que se interceptam ao longo de três eixos principais de deformação, também ortogonais entre si. Esses eixos representam os vetores de comprimento e de orientação da deformação (Figura 5). 7Deformação em rochas Figura 5. Bloco diagrama ilustrando as relações geométricas entre as estruturas coletadas em campo. Fonte: Silva, Simões e Ruiz (2002, p. 414). Propriedades mecânicas dos marcadores de deformação De acordo com as suas propriedades mecânicas, os marcadores podem ser ativos, quando respondem às deformações de modo diferente do seu entorno, ou passivos, quando apresentam deformação similar à rocha ao seu redor. O modo como os diferentes marcadores se comportam depende dos seguintes fatores (FOSSEN, 2012): composição mineralógica; tamanho dos grãos; presença de fluidos; trama preexistente; condições de temperatura e pressão durante a deformação. Os marcadores ativos reagem mecanicamente ao campo de esforços por apresentarem um contraste de viscosidade em relação à matriz, po- dendo apresentar flambagem ou boudinagem, porém não fornecem um quadro representativo do estado geral de deformação na rocha (FOSSEN, 2012). Já os marcadores passivos, não apresentam contraste mecânico ou Deformação em rochas8 deformacional em relação ao material ao seu redor, pois se deformam de modo idêntico a este, o que implica ausência de flambagem e boudinagem (FOSSEN, 2012). Conhecer a forma dos marcadores anteriores à deformação é essencial para o reconhecimento da deformação, porém, as estruturas e as outras feições geológicas raramente apresentam formatos perfeitos. Assim, quanto mais medições em diferentes seções forem realizadas, melhores serão as possibi- lidades de minimização dos erros das análises realizadas. 3 Análise de tensões A tensão é uma resposta à força aplicada em uma determinada área. Nas rochas, podem ser provocadas pela mobilidade da litosfera e/ou pelo peso das camadas sobrejacentes, e são representadas por três vetores principais relacionados aos esforços (σ1, σ2 e σ3), que possuem magnitude e direção. No ponto onde ocorreu máxima compressão (σ1), é possível observar um encurtamento das rochas, já no ponto de mínima compressão (σ3) ocorre o estiramento das rochas. Esses vetores podem ser representados espacialmente pelo elipsoide de tensão, se analisados em três dimensões. A tensão provoca mudanças na estrutura original das rochas que, por sua vez, podem ser representadas pelo elipsoide de deformação (X, Y e Z), em que o eixo X representa a máxima deformação (máximo estiramento) e o eixo Z representa a mínima deformação (máximo encurtamento). Essas deformações são medidas comparando-se os comprimentos de seus eixos representativos antes e depois da deformação (POMEROLet al., 2013, p. 373). As tensões exercidas sobre as rochas podem ser classificadas da seguinte forma: compressivas (atuam na direção do corpo rochoso reduzindo o volume da rocha paralelamente à atuação das forças e alongando-a em direção perpendicular); distensivas (as forças atuam para fora do corpo rochoso e ocorre alon- gamento na direção paralela à atuação das forças); de cisalhamento (ocorre em razão dos movimentos paralelos e em sen- tidos opostos dos blocos de rocha, que produzem mudança na forma). 9Deformação em rochas As rochas respondem às tensões de modo elástico, plástico ou rúptil (Figura 6), em função dos fatores internos e externos (SALAMUNI, 2016). Deformação elástica: é não permanente e o material retorna à sua forma e volume originais quando a tensão cessa. Essa situação ocorre quando a rocha não ultrapassa o seu limite de elasticidade. Deformação plástica: é irreversível pois, quando a força aplicada cessa, o material continua deformado. Isso ocorre quando a força aplicada sobre a rocha supera o seu limite de elasticidade, mas fica abaixo do seu limite de plasticidade, a rocha sofre dobramentos ou arqueamentos. Deformação rúptil: ocorre quando a força supera os limites de plasti- cidade das rochas e são gerados fraturamentos e quebras. Figura 6. Gráfico de tensão vs. deformação. A variação da deformação ocorre em função da tensão suportada pelas rochas. Fonte: Salamuni (2016, p. 258). Tipos de tensão Tensão é uma propriedade física que tende a deformar o corpo, de forma permanente ou não, dependendo da sua resistência à deformação. A magnitude da tensão depende da magnitude da força aplicada e da dimensão da área afetada (PIO FIORI; WANDRESEN, 2014). Deformação em rochas10 No gráfico de tensão vs. deformação, a inclinação da reta resultante no regime elástico configura o módulo de elasticidade, que representa a resistência do material, ou seja, a deformação sofrida por unidade de força suportada e absorvida. A tensão, dessa forma, é o esforço resistente de um corpo rochoso que age para impedir ou imprimir a movimentação e limitar a deformação, caso as forças atuantes sobre o corpo ultrapassem as tensões (esforços resistentes) os corpos estarão em movimento (CHEN; HAN, 2007). O gráfico de tensão x deformação representa as tensões máximas. Em estudos mais avançados, são utilizados os círculos de Mohr para o cálculo das tensões atuantes em qualquer seção, visto que as tensões nem sempre ocorrem no sentido normal (perpendicular) ao corpo (Figura 7a). A junção das componentes normal e tangencial permite indicar as tensões que ocorrem em outras direções para manter o equilíbrio do corpo (Figura 7b). Figura 7. Representação gráfica das tensões. (a) Tensões em um sistema de referência. A grandeza σz é chamada de tensão normal e as grandezas τzy e τzx são chamadas de tensões tangenciais (cisalhantes). (b) Componentes de tensão. A tensão na seção (1–3) é expressa pelas componentes normal σ e tangencial τ. Fonte: Mascia (2006, p. 3, 5). As fórmulas utilizadas para o cálculo da variação das componentes em função da posição da seção (1–3) (Figura 7b) permite a representação gráfica conhecida como Círculo de Mohr, que é uma circunferência escrita na forma paramétrica (ou seja, em função de α), em que um ponto genérico T (σ, τ) corresponde à tensão σ (abcissa) e à tensão τ (ordenada) (Figura 8) (MASCIA, 2006). 11Deformação em rochas Figura 8. Círculo de Mohr. A tensão normal corresponde à abscissa, e a tensão cisalhante corresponde à ordenada. Fonte: Mascia (2006, p. 7). As tensões podem ser distinguidas em função da direção em que atuam. As tensões normais em uma direção são chamadas de uniaxiais; caso as tensões normais atuem em duas direções, são denominadas tensões biaxiais. No geral, o interesse do estudo das tensões está voltado para a determinação da maior e da menor tensão e dos planos em que ocorrem (MASCIA, 2006). As tensões máximas são chamadas de tensões principais e os planos onde ocorrem as tensões máximas são os planos principais de tensão. O artigo “Geologia estrutural em ambiente rúptil: fundamentos físicos, mecânica de fraturas e sistemas de falhas”, de Henrique Zerfass e Farid Chemale Jr., discute sobre os diversos tipos de tensões que podem atuar nos corpos rochosos em ambiente rúptil e sobre as estruturas correlacionadas. A análise das deformações baseia-se na geometria dos corpos após a defor- mação; porém, considera o estado inicial das estruturas e das feições geológicas antes da deformação. Essa análise, quando envolve a descrição das forças e das tensões, requer conhecimentos das propriedades físicas e mecânicas dos materiais rochosos submetidos à tensão (FIORO; WANDRESEN, 2014). Deformação em rochas12 ARMELENTI, G. Deposição, diagênese e potencial de reservatório das rochas sedimentares não- -carbonáticas da seção rifte da Bacia de Campos. 2014. Dissertação (Mestrado em Geociências) — Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. CAMPOS, J. E. G.; CUNHA, L. S. Caracterização hidrogeológica da ocorrência de aquífero termal no Distrito Federal. Geociências, v. 34, n. 2, p. 210–223, 2015. CHEN, W.;HAN, D. Plasticity for structural engineers. Baltimore: J. Ross Publishing, 2007. COE, A. L. (Ed.). Geological field techniques. Chichester: Wiley-Blackwell, 2010. FAMBRINI, G. L. et al. Proveniência e paleocorrentes de conglomerados e arenitos do Grupo Santa Bárbara (Ediacarano) no Vale do Piquiri, Sub-bacia Camaquã Oriental, RS: implicações tectônicas. Geologia USP: Série Científica, v. 18, n. 1, p. 114–183, 2018. FIORI, A. P.; WANDRESEN, R. Tensões e deformações em geologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. FOSSEN, H. Geologia estrutural. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012. HABERMANN, L. et al. Caracterização geológica da distribuição de reservatórios carbonáti- cos albianos, sudoeste da Bacia de Campos (Brasil). Geociências, v. 37, n. 2, p. 279–298, 2018. MASCIA, N. T. Teoria das tensões. Campinas: Unicamp, 2006. Material de aula do Depar- tamento de Estruturas, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Estadual de Campinas. Disponível em: http://www.fec.unicamp. br/~nilson/apostilas/Tensoes.pdf19042017. Acesso em: 12 maio 2020. MIYAGAWA, L. J. P. P.; GORAYEB, P. S. S. Basaltos almofadados da Suíte Ofiolítica Morro do Agostinho: registros de fundo oceânico na porção centro-oeste do Cinturão Araguaia. Geologia USP: Série Científica, v. 13, n. 4, p. 111–124, 2013. POMEROL, C. et al. Princípios de geologia: técnicas, modelos e teorias. 14. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SALAMUNI. E. Mapeamento e reconhecimento de estruturas tectônicas. In: NADALIN, R. J. (Ed.). Técnicas especiais de cartografia geológica. 2. edição. Curitiba: UFPR, 2016. cap. 8, p. 255–302. SANTINI, M. V. F. T. Mapeamento geológico e petrografia do ortognaisse Maricá, Maricá, Rio de Janeiro. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Geologia) — Instituto de Geociências, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. SILVA, C. H.; SIMÕES, L. S. A.; RUIZ, A. S. Caracterização estrutural dos veios auríferos da região de Cuiabá (MT). Revista Brasileira de Geociências, v. 32, n. 4, p. 407–418. 2002. TASSINARI, C. C. G. et al. Neoproterozoic oceans in the Riberia Belt (southeastern Brazil): the Pirapora do Bom Jesus ophiolitic complex. Espisodes, v. 24, n. 4, p. 245–251, 2001. 13Deformação em rochas Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leituras recomendadasCAMPANHA, G. A. C.; SADOWSKI, G. R. Determinações da deformação finita em rochas metassedimentares da faixa ribeira na Região de Iporanga e Apiaí, SP. Revista Brasileira de Geociências, v. 32, n. 1, p. 107–118, 2002. CORDEIRO, J. S. et al. A análise da deformação finita em rochas metassedimentares da Região da Serra da Matriculada, município de Datas (MG), Serra do Espinhaço Meri- dional. Geonomos, v. 16, n. 1, 2008. GUIMARÃES, S. N. P.; HAMZA, V. M. Avanços na caracterização das estruturas geológicas em subsuperfície da província uranífera Lagoa Real (BA) a partir de dados aerogeofísicos. Geociências, v. 28, n. 3, p. 273–286, 2009. LIMA, O. A. L. Estruturas geoelétrica e hidroquímica do sistema aquífero cristalino da bacia do alto rio Curaçá, semi-árido da Bahia. Revista Brasileira de Geofísica, v. 28, n. 3, p. 445–461, 2010. MILANI, E. J. et al. Petróleo na margem continental brasileira: geologia, exploração, resultados e perspectivas. Revista Brasileira de Geofísica, v. 18, n. 3, p. 351–396, 2001. SILVA, A. D. et al. Terra, universo de vida 11º ano: 2º parte: geologia. Porto: Porto, 2011. ZERFASS, H.; CHEMALE JR, F. Geologia estrutural em ambiente rúptil: fundamentos físicos, mecânica de fraturas e sistemas de falhas naturais. Terræ Didatica, v. 7, n. 2, p. 75–85, 2011. Deformação em rochas14 Dica do professor A análise de deformação é uma importante etapa para definir a natureza e a intensidade das deformações. Em duas dimensões, os dados são obtidos por meio da análise de seções geológicas e podem ser estudados a partir de uma variedade de métodos. Os métodos de análise estrutural utilizam uma série de elementos geológicos, como grãos, minerais e fósseis, que, de acordo com as suas orientações, permitem a identificação das características das deformações e, consequentemente, dos esforços atuantes. Nesta Dica do Professor, você vai conhecer os principais métodos de análises de deformação bidimensionais e as estruturas capazes de auxiliar nesse tipo de análise. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3ffe803bc573602fce795bd7128ba6d2 Exercícios 1) As diversas estruturas geradas pelas deformações nas rochas podem ser analisadas em uma, duas ou três dimensões a depender de sua forma e dos objetivos da análise. Em relação às diferentes análises de deformação, assinale a alternativa correta: A) As variações nos comprimentos de estruturas ou feições geológicas lineares devem ser analisadas do ponto de vista bidimensional. B) A análise de deformação tridimensional permite a obtenção de maior número de dados de deformação por ser mais complexa. C) As análises tridimensionais avaliam o estiramento e o encurtamento dos marcadores de deformação em duas dimensões e a rotação na terceira dimensão. D) As seções geológicas são instrumentos utilizados nas análises de deformação unidimensionais devido à necessidade de uma visão mais completa nessa dimensão. E) Na análise bidimensional, é observado estiramento ou encurtamento em duas dimensões, e esses dados são visualizados no elipsoide de deformação. 2) O estado das deformações em rochas é analisado a partir de objetos denominados de marcadores de deformação. Sobre os marcadores de deformação, é correto afirmar: A) Os marcadores de deformação permitem a identificação da direção dos eixos de deformação e da natureza da deformação. B) As estruturas formadas durante a deformação mascaram as feições pré-existentes, impossibilitando as análises das deformações. C) Os marcadores de deformação em formato linear devem ser utilizados em análises de deformação tridimensional. D) As estruturas preexistentes podem ser utilizadas como marcadores desde que mantenham a sua forma durante a deformação. Carlos Henrique Realce Carlos Henrique Realce E) Os marcadores de deformação que, antes da deformação, apresentam formato esférico são ideais para análises unidimensionais. 3) Os marcadores de deformação respondem à deformação de maneira distinta a depender de suas propriedades mecânicas. Em relação ao tema, é correto afirmar: A) Os marcadores ativos apresentam deformações similares às rochas ao entorno. B) Os marcadores passivos apresentam deformações diferentes das rochas ao entorno. C) A presença de fluidos contribui para a diferenciação no comportamento dos marcadores. D) Boudins formados nos marcadores passivos indicam composição mineral idêntica ao entorno. E) Os marcadores ativos fornecem informações completas das deformações nas rochas. 4) As modificações nas estruturas originais das rochas resultam da alteração das tensões exercidas nas rochas que, por sua vez, respondem à força aplicada em determinada área. Ao comparar os pontos nos corpos rochosos que não sofreram deformação com os que sofreram, é possível imaginar a transformação de uma esfera centrada no primeiro ponto (não deformado) em um elipsoide no segundo ponto (deformado). Essa superfície matemática representa, portanto, a variação na forma das estruturas e, consequentemente, no campo de tensão. Considerando isso, assinale a alternativa correta: A) A máxima compressão resulta no máximo estiramento, ao contrário da mínima compressão, que resulta no máximo encurtamento das rochas. B) O elipsoide de deformação é formado por dois eixos de estiramento (X e Z) e um eixo de encurtamento (Y). C) No elipsoide de deformação, a mínima deformação é representada no eixo X e a máxima deformação, no eixo Z. D) As tensões compressivas atuam em direção ao corpo, ocorrendo alongamento na direção paralela à força de compressão. E) As tensões cisalhantes ocorrem devido aos movimentos paralelos e em sentidos opostos dos blocos de rocha. Carlos Henrique Realce Carlos Henrique Realce 5) As movimentações tectônicas na litosfera e a deposição de sedimentos sobre rochas pré- existentes resultam em esforços em diferentes direções e com variadas magnitudes, que podem ser representados por vetores. As rochas respondem a esses esforços de modo elástico, plástico ou rúptil, dependendo de uma série de fatores externos e internos que influenciam nas deformações. Quanto às forças atuantes sobre um corpo rochoso, podemos afirmar que: A) o corpo rochoso permanece em repouso caso as forças atuantes sobre ele ultrapassem o esforço resistente, pois agem para impedir a movimentação e a deformação. B) quando o corpo rochoso está no estado elástico e a força atuante cessa, ocorre uma ruptura no corpo, visto que, nesses casos, a deformação é irreversível. C) se a força atuante sobre um corpo rochoso no estado plástico cessa, o corpo volta à sua forma e volume originais porque, nesses casos, a deformação é não permanente. D) caso a força sobre um corpo rochoso atue de modo que este supere seu limite de elasticidade, mas se mantendo abaixo do limite de plasticidade, ocorre a deformação rúptil. E) sendo resultado das forças atuantes sobre os corpos rochosos, as tensões ocorrem na direção perpendicular, mas também em componente tangencial ao corpo. Carlos Henrique Realce Na prática As deformações nas rochas são expostas apenas se os marcadores tiverem modicado a forma durante a deformação. O uso desses marcadores pode indicar os mecanismos envolvidos durante a deformação e, em alguns casos, fornecer dados sobre a rocha encaixante das estruturas. Os marcadores resultam dos esforços aplicados nos corpos rochosos. Portanto, imprimem das rochas o registro da ação tectônica atuante em determinada área. Veja, em Na Prática, como os marcadores podem ser utilizados na compreensão da deformação a partir das análises uni, bi e tridimensional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A estrutura do segmento oeste da Serra do Curral, Quadrilátero Ferrífero, e o controle tectônico dasacumulações compactas de alto teor em Fe Neste artigo, você verá a relação entre as tensões e a deformação em um corpo rochoso e como as estruturas resultantes controlam os depósitos de ferro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Tensão x deformação Neste vídeo, você verá como as tensões aplicadas em um corpo provocam as deformações e quais as fórmulas utilizadas para o cálculo das deformações e tensões. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Análise de deformações Veja, no capítulo "O interior da Terra", página 29, alguns conceitos básicos sobre as deformações dúcteis e rúpteis e como elas se relacionam aos esforços aplicados. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://pdfs.semanticscholar.org/859a/6cdb004cae355d9833064dd2c10371357156.pdf?_ga=2.56560811.1444697058.1589216139-2038659362.1580924699 https://www.youtube.com/embed/74ZUkUQVV8E