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CULTURA ORGANIZACIONAL E EDUCAÇÃO Pablo Bes Revisão técnica: Marcia Paul Waquil Graduada em Serviço Social Mestre em Educação Doutora em Educação Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 B554c Bes, Pablo. Cultural organizacional e educação / Pablo Bes ; [revisão técnica: Marcia Paul Waquil] . – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 113 p. : il.; 22,5 cm ISBN 978-85-9502-274-4 1. Administração. 2. Pedagogia. I. Título. CDU 658.014:37 Cultura Organizacional e Educacao_LIVRO.indb 2 23/11/2017 16:36:17 Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Mapear os aspectos que envolvem o aprender na contemporaneidade. Identifi car o conceito de organização que aprende. Apropriar-se de ferramentas e técnicas utilizadas nas organizações que aprendem. Introdução O cenário mundial contemporâneo tem apresentado reconfigurações muito importantes nos formatos como as pessoas e, principalmente, as organiza- ções mundiais lidam com o conhecimento, a sua produção/promoção e a sua utilização no interior de suas práticas cotidianas. Percebemos que o conhecimento técnico antes buscado no ambiente externo das empresas, normalmente associado à educação formal recebida nas escolas e universi- dades, hoje também se desenvolve dentro das organizações que se intitulam sobre o conceito da learning organization ou das organizações que aprendem. Neste capítulo, vamos tematizar, num primeiro momento, sobre as condi- ções de possibilidade que fazem com que essas ideias possam surgir dentro das organizações, bem como explorar o conceito e aprender técnicas utiliza- das para trabalhar dentro desse enfoque de ação no ambiente organizacional. Sobre o aprender na contemporaneidade Vivemos numa era em que, a partir da globalização e de seus efeitos no mundo do trabalho, o conhecimento formal e o preparo intelectual expresso na qualifi cação curricular dos indivíduos adquire um valor extraordinário, Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 49 23/11/2017 15:52:27 possibilitando a ascensão às melhores vagas no mercado de trabalho e, con- sequentemente, aos melhores salários. Esse ciclo acaba favorecendo aqueles que, cientes disso, procuram investir em sua formação em detrimento daqueles que, por ignorância, descaso ou falta de oportunidades, não fazem o mesmo. Mas como chegamos até este momento? Quais as questões que ocorrem e interferem nessa nova organização das práticas do mercado de trabalho? A primeira questão que podemos apontar, conforme mencionamos ante- riormente, é uma das características que se apresenta incluída neste grande pacote da globalização, que é a valorização do conhecimento como um recurso dentro das empresas, o que faz com que o capital intelectual seja extremamente valorizado. Sobre esta questão, Quinn (1992, p. 241) comenta: Com raras exceções, o poder econômico e produtivo de uma moderna cor- poração está mais na capacidade de serviços intelectual do que nos ativos tangíveis – terra, planta, equipamentos. Está no valor do desenvolvimento do conhecimento baseado nos intangíveis, como know-how de tecnologia, desenhos de produtos, marketing, compreensão das necessidades dos clien- tes, criatividade pessoal e inovação. [...] provavelmente três quartos do valor agregado a um produto derivam do conhecimento previamente embutido nele. Como podemos perceber na citação do autor, o intelecto se apresenta, hoje, supervalorizado dentro das organizações. O aumento da competitividade e a possibilidade de concorrência internacional entre as corporações, promovida pelas junções de blocos econômicos e pela quebra de algumas barreiras alfande- gárias entre as nações, faz com que o conhecimento se torne um ativo precioso e que possa representar o tão esperado diferencial competitivo enunciado pelo marketing e perseguido pelas empresas. Dessa forma, é lógico percebermos que esses recursos intangíveis que compõem o conhecimento intelectual são encontrados nas pessoas, ou seja, nos colaboradores que fazem parte das organizações. Logo, aumentar o capital intelectual, sobretudo na questão humana, significa também selecionar as melhores mentes e aqueles que procuraram investir no aperfeiçoamento de seu conhecimento e suas características intelectuais. Paralelo a essas mudanças no ambiente corporativo empresarial, também apontamos que o próprio conceito de aprender passa a ser visto de outras formas, uma vez que a internet faz com que as informações e o acesso ao co- nhecimento possam ter um caráter de busca mais prática, facilitada e autônoma. Por meio de processos heutagógicos, as pessoas hoje podem aprender sobre os mais diversos conteúdos, dos mais simples aos mais complexos on-line e, ainda mais interessante, sem interferência ou restrições da distância de onde esses Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem50 Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 50 23/11/2017 15:52:28 conhecimentos foram gerados. Para reforçar as ideias que viemos construindo sobre as novas possibilidades que surgem na sociedade da aprendizagem em que vivemos hoje, Assmann (2000, p. 10) comenta que: [...] as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte (e até instituinte) das nossas formas de ver e organizar o mundo. Aliás, as técnicas criadas pelos homens sempre passaram a ser parte das suas visões de mundo. Isto não é novo. O que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas. Para entendermos um pouco melhor o conceito de capital intelectual para as organizações, que evidencia e enfatiza a potência do conceito de aprender nos tempos atuais, observe a Figura 1 a seguir. Figura 1. Componentes do capital intelectual. Fonte: Adaptada de Brooking (1996). 51Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 51 23/11/2017 15:52:29 Com base no esquema anterior, fica ainda mais evidente a importância dos investimentos sobre o desenvolvimento do intelecto e do aprender no interior das organizações, uma vez que tanto os ativos humanos quanto os ativos de propriedade intelectual se baseiam na lógica da busca e do exercício do conhecimento adquirido por seus membros. Os processos heutagógicos se diferenciam dos processos pedagógicos e andragó- gicos pelo fato de o indivíduo buscar o conhecimento, o que se chama de apren- dizagem autodeterminada. É um modelo que incentiva a autonomia e a gestão do próprio aprendizado. A organização que aprende As teorias que cercam a chamada organização que aprende vêm principal- mente das áreas da ciência da Administração de Empresas e do comportamento organizacional, no chamado learning organization, e propõem a ideia de que as organizações devem, para alavancar seus resultados, utilizar processos de aprendizagem coletivos em suas dinâmicas cotidianas. É evidente que esse conceito vai além do simples somatório das aprendizagens individuais, devendo ser visto de forma sistêmica. O professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e pesqui- sador Peter Senge é o responsável por criar o conceito da organização que aprende e difundi-lo no início dos anos 90, inspirando inúmeras corporações empresariais e governamentais na aplicação de suas técnicas conhecidas como disciplinas. Peter Senge (2002, p.167), em sua clássica obra A quinta disciplina, comenta que “as organizações só aprendem por meio de indivíduos que aprendem. A aprendizagem individual não garante a aprendizagem orga- nizacional. Entretanto, sem ela, a aprendizagem organizacional não ocorre”. É necessário que as organizações consigam, para compor seus quadros funcionais, pessoas que estejam aptas e interessadas em aprender e ter cres- cimento individual,para que possam programar suas ações corporativas em busca da aprendizagem organizacional. Organizações que aprendem podem ser definidas, de acordo com Garvin (1993), como aquelas capazes de adquirir, criar e produzir novos insights, Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem52 Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 52 23/11/2017 15:52:29 transferir conhecimentos e modificar o comportamento de seus membros. Para que uma organização possa de fato trabalhar em cima da busca e do in- cremento do conhecimento de seus colaboradores, é preciso que invista nessa busca, o que pode ser feito por meio do enfoque nas cinco disciplinas propostas por Senge (2002). Acompanhe na Figura 2 a seguir quais são as disciplinas. Figura 2. Construindo uma organização que aprende. Fonte: Adaptada de Senge (2002). Vamos agora conhecer sobre o que trata cada uma dessas disciplinas, para que possamos perceber como atuam na busca do desenvolvimento dessa estrutura da organização que aprende. Domínio pessoal Quando consideramos a palavra domínio aqui colocada, devemos pensar nesta como um nível a mais de conhecimento que torne a pessoa profi - ciente em algo. Pessoas que desenvolvem seu domínio pessoal costumam “concretizar os resultados mais importantes para elas” e, ainda, “fazem isso comprometendo-se com seu próprio aprendizado ao longo da vida” (SENGE, 2002, p. 41). O domínio pessoal levaà preocupação com coisas que de fato acrescentam e agregam valor a sua vida, as suas mais altas aspirações pessoais e profi ssionais. Ou seja, colaboradores que têm um elevado índice de domínio pessoal, no sentido empregado pelo autor, estão mais dispostas para a aprendizagem, pois a encaram de forma naturali- zada com seu jeito de ser e agir, o que faz com que possam agregar para a empresa em que atuam de forma signifi cativa no estabelecimento de aprendizagens em todas as áreas. 53Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 53 23/11/2017 15:52:29 Modelos mentais Os modelos mentais referem-se à maneira como as pessoas pensam, analisam o mundo e tomam suas decisões baseadas em princípios, valores e paradigmas que carregam. Senge (2002, p. 201) defi ne modelos mentais como “imagens internas profundamente arraigadas sobre o funcionamento do mundo, imagens que nos limitam a formas bem conhecidas de pensar e agir”. Podemos dizer que todas as ações que realizamos cotidianamente partem de uma matriz de inteligibilidade que nos aponta caminhos possíveis de agir. Essa matriz é constituída por meio das nossas vivências nas mais variadas áreas em que participamos, nos inúmeros campos em que desenvolvemos nossos papéis sociais. Essa rede de pensamentos e ideias que atua como modelo também é infl uenciada pelas aprendizagens que recebemos de nossas culturas familiar, étnica, religiosa, etc. Aprendizagem em equipe Podemos afi rmar que a habilidade em aprender no interior de equipes hete- rogêneas é uma das grandes áreas a serem desenvolvidas pelas organizações que aprendem, uma vez que quebra o paradigma tradicional do aprender sozinho e do conhecimento individual e propõe a construção coletiva de alternativas e soluções para os inúmeros problemas encontrados diariamente. Logo, “aprendizagem em equipe é o processo de alinhamento e desenvol- vimento da capacidade da equipe de criar os resultados que seus membros realmente desejam” (SENGE, 2002, p.263). Essa aprendizagem em equipe envolverá o domínio pessoal de cada um, que comentamos anteriormente, aliado aos seus modelos mentais, na busca por atender à visão comparti- lhada por todos. Porém, se faz necessário balizar, alinhar e nortear a forma como essas equipes irão focar sua energia na direção correta ao alcance dos objetivos organizacionais. Visão compartilhada Buscar uma visão de futuro para a organização que seja compartilhada por todos que ali desenvolvem suas atividades laborais tem sido o motivo inspira- dor do planejamento estratégico de muitas empresas. Porém, conseguir atingir esse patamar não é nada fácil, uma vez que, segundo Senge (2002, p. 233), uma visão compartilhada não é uma ideia. Nem que essa ideia seja tão importante quanto a liberdade. Ao contrário, é uma força no coração das Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem54 Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 54 23/11/2017 15:52:29 pessoas, uma força de impressionante poder. Pode ser inspirada por uma ideia, mas quando evolui – quando é estimulante o suficiente para obter apoio de mais de uma pessoa – deixa de ser uma abstração. Torna-se palpável. As pessoas começam a vê-la como se existisse. Poucas forças, se é que existe alguma, nas questões humanas são tão poderosas quanto uma visão compartilhada. A citação do autor traduz a importância e reforça as possibilidades de empoderamento e sucesso que as organizações podem vir a atingir por meio do desenvolvimento de uma visão que seja internalizada no coração e na alma de seus colaboradores, transformando-se em força que catalisa os processos. Pensamento sistêmico Esta é a disciplina que reúne e condensa todas as demais e traduz o conheci- mento de que todos na organização são importantes e interdependentes para o sucesso desta. Signifi ca a busca por desenvolver em todos os colaboradores a ideia de que fazem parte importante de uma engrenagem maior que movimenta a organização, e que, sem seus esforços, esta pode vir a ter seu funcionamento difi cultado. Senge (2002, p. 155) comenta: Um dos maiores benefícios proporcionados pelo pensamento sistêmico é a possibilidade de se distinguir mudanças de alta alavancagem e mudanças de baixa alavancagem em situações bastante complexas. Na verdade, a arte do pensamento complexo está em ver através da complexidade, enxergando as estruturas subjacentes que geram a mudança. Pensamento sistêmico não significa ignorar a complexidade. Ao contrário, significa organizá-la em uma história coerente que lance uma luz sobre as causas dos problemas e sobre a forma que eles podem ser solucionados de maneira duradoura. Como podemos perceber, aprender a pensar de forma sistêmica exige esforço em razão da sua complexidade, porém, é diretamente proporcional à alavancagem de resultados e valor que as organizações precisam buscar neste cenário competitivo e dinâmico que vivemos na atualidade. Essas são, resumidamente, as cinco disciplinas propostas por Peter Senge e que têm sido implementadas em organizações que aprendem do mundo todo desde o início dos anos 1990. Estas garantem credibilidade e podem ser consideradasferramentas eficazes para as organizações, e não “mais um modismo” da ciência da Administração, conforme eram os comentários no seu surgimento. 55Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 55 23/11/2017 15:52:29 Modelos mentais Uma aproximação que pode ser feita com o conceito de modelos mentais de Peter Senge é o conceito de paradigma de Thomas Kuhn, que estabelece, da mesma forma, a ideia de que as pessoas agem sob o efeito de paradigmas, que são uma rede de ideias que compõem nossos modos de analisar a vida e o mundo e nos fazem pensar e agir a partir deles. Ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Vamos agora percorrer algumas ferramentas e técnicas utilizadas pelas or- ganizações que aprendem. Começaremos analisando um pouco mais a ideia de modelos mentais, proposta por Peter Senge, evoluindo-a para as teorias esposadas e em uso de Chris Argyris e sobre a importância da refl exão na ação proposta por Donald Schon. Conforme comentamos anteriormente, os modelos mentais são compostos por aquele emaranhado de ideias e conceitos que todos nós temos e que nos fazem pensar e agir no cotidiano. Logo, podemos facilmente perceber que existe um complicador aqui, pois muitas dessas ideias são individuais, o que nos distingue e noscaracteriza como seres únicos e diferentes entre si. Então, a grande questão posta para as organizações é a de que precisam mexer nesses modelos individuais de seus colaboradores, desconstruindo algumas ideias e desenvolvendo outras, novas e comuns, de acordo com o que é esperado pela organização. Uma das formas de fazer com que os modelos mentais dos colaboradores sejam analisados em busca de uma uniformidade que leve à visão compar- tilhada pela empresa é por meio da identificação das teorias esposadas por eles em relação as suas teorias em uso, conceito criado pelo professor de Comportamento Organizacional da Harvard University, Chris Argyris (in memoriam). Aqui, cabe uma explicação: todos nós temos algumas teorias esposadas, que são aquelas que dizemos e expomos às outras pessoas. Ao Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem56 Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 56 23/11/2017 15:52:30 agir, utilizamos de outras práticas que, algumas vezes, até mesmo contradizem estas, que são as teorias em uso. Todavia, um dos paradoxos do comportamento humano é que o programa mestre de cada um raramente é aquilo que imagina o próprio usuário. Peça a alguém, numa entrevista ou formulário, para expressar as regras que pau- tam suas ações, e a resposta será o que denomino teoria de ação “esposada” (espoused theory of action) [...]. Quando observarmos o comportamento das pessoas e tentamos desenvolver regras que os tornariam compreensíveis, descobrimos teorias de ação muitos diferentes, o que chamo as “teorias em uso (theory-in-use) do indivíduo (ARGYRIS, 2000, p. 8). Um exemplo para que entendamos como isso funciona: uma pessoa pode afirmar que todos os funcionários são dignos de sua confiança (teoria esposada). Em contrapartida, pode agir de forma extremamente centralizadora e fisca- lizadora (teoria em uso), o que evidencia o contrário do que está declarando. Para que se consiga sucesso no manuseio dos modelos mentais de seus colaboradores, sobretudo dos gestores das organizações, faz-se necessário que sejam realizados exercícios em que estes possam perceber como pensam que agiriam em determinadas situações e confrontar com aquilo que efetivamente fazem ou fizeram em situações reais ou simuladas no interior das empresas. Esse processo faz com que possamos exercitar a reflexão na ação proposta por Schon (2007, p. 33), que comenta: A reflexão-na-ação tem uma função crítica, questionando a estrutura do ato de conhecer-na-ação. Pensamos criticamente sobre o pensamento que nos levou a essa situação difícil ou a essa oportunidade e podemos, nesse processo, reestruturar as estratégias de ação, as compreensões dos fenômenos ou as formas de conceber os problemas. A citação do autor alerta que a reflexão realizada sobre as ações execu- tadas deve também mapear os pensamentos e conhecimentos utilizados e/ou adquiridos com tais atos, para que se construam novas formas de agir e pensar sobre a situação com maior eficiência. Essa reflexão sobre a ação alia-se à busca pelo estabelecimento de um modelo mental da organização que pode converter-se em sua própria cultura organizacional (Figura 3). 57Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 57 23/11/2017 15:52:30 Figura 3. Desenvolvendo um modelo mental organizacional. Resumindo o que vimos até o momento, podemos perceber, pela imagem anterior, que uma das maneiras de a organização que aprende buscar o desenvolvimento de um modelo mental que seja compartilhado por todos na organização e que se afine com seus valores e princípios norteadores é propondo práticas que façam com que seus colaboradores olhem para dentro de si mesmos, reconhecendo as formas como pensam e agem e, por meio desse processo de autoconhecimento e reflexão sobre suas ações, passem a incorporar novas maneiras de pensar e agir, aliadas entre si e aos objetivos organizacionais. Estabelecendo esse modelo padrão e compartilhado, os colaboradores estão prontos para que os processos de aprendizagem em equipe possam ser postos em prática de forma eficiente, eficaz e efetiva. O pensamento sistêmico apresenta, segundo Senge (2002), como principal resultado prático a alavancagem, ou seja, a identificação de ações e mudanças nas estruturas que podem trazer melhorias significativas e duradouras para as organizações. Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem58 Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 58 23/11/2017 15:52:31 Para complementar esse conteúdo, leia o seguinte artigo: Capital intelectual: verdades e mitos – o conhecimento se materializa em novas tecnologias, sistemas e serviços, os ativos intangíveis, que agregam valor às organizações (ANTUNES; MARTINS, 2002). https://goo.gl/giKVxf 1. Analise as afirmativas sobre o aprender na contemporaneidade e marque a alternativa correta. a) Aprender, atualmente, se realiza dentro do universo das escolas e universidades. b) A sociedade atual não reconhece nem valoriza o aprender, e sim o trabalho. c) Aprender, atualmente, é essencial para se inserir no mercado de trabalho e ocupar as melhores vagas. d) O aprender, hoje, se constitui basicamente naquilo que se adquire via internet. e) Aprender é caminhar na direção contrária ao que baliza o capital intelectual das empresas. 2. Analise as afirmativas que se referem ao conceito de capital intelectual e marque a alternativa correta. a) O capital intelectual se refere somente ao intelecto dos colaboradores que trabalham na organização. b) O capital intelectual traduz a forma como a organização lida com seus ativos de mercado, humanos, de propriedade intelectual e estrutural. c) Por capital intelectual entendemos o valor que têm as ideias patenteadas e os processos criados pela organização. d) O capital intelectual refere-se aos conhecimentos que são desenvolvidos e compartilhados pelos diretores da organização. e) A ideia de capital intelectual não é muito forte na atualidade, pois todos podem facilmente desenvolver seu intelecto via internet. 3. “Uma visão compartilhada não é uma ideia. Nem que essa ideia seja tão importante quanto a liberdade. Ao contrário, é uma força no coração das pessoas, uma força de impressionante poder” (SENGE, 59Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 59 23/11/2017 15:52:35 2002, p.233). A partir da citação, analise as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta. a) Ao estabelecer que a visão compartilhada não é uma ideia, o autor pretende desqualificá-la, pois, não sendo ideia, não pode ser pensada nem tem força alguma. b) Ao impor a sua visão de mundo para os colaboradores, as organizações acabam por exercer uma força que pode prejudicar o coração dos trabalhadores. c) Uma visão compartilhada tem uma porção de poder, pois vem daqueles que são poderosos na organização e, por isso, não é questionada. d) Uma visão compartilhada vai além de uma ideia, pois é algo maior e que tem força e poder, podendo levar a organização a atingir seus objetivos por meio de todos. e) Quanto maior for o número de funcionários da organização, maior será o poder da visão compartilhada. 4. Analise as afirmativas que se referem às cinco disciplinas propostas por Peter Senge para as organizações que aprendem e marque a alternativa correta. a) O pensamento sistêmico é uma dessas disciplinas e propõe que cada departamento da organização conheça muito bem seus afazeres e seja superespecializado somente em suas funções. b) Ao se referir aos modelos mentais, o autor aponta que a forma de pensar de algumas mentes privilegiadas deve ser utilizada como modelo dentro das organizações. c) A visão compartilhada é aquela que consta no planejamento estratégico da empresa, criado pelos seus mais altos executivos. d) O domínio pessoal refere-se aosmais variados graus de dominação que os cargos e hierarquias da organização vão estabelecendo. e) A aprendizagem em equipe faz com que as organizações precisem criar modelos que quebrem o individualismo e as formas tradicionais que os empregados estão acostumados a utilizar cotidianamente. 5. “Todavia, um dos paradoxos do comportamento humano é que o programa mestre de cada um raramente é aquilo que imagina o próprio usuário. Peça a alguém, numa entrevista ou formulário, para expressar as regras que pautam suas ações, e a resposta será o que denomino teoria de ação ‘esposada’ (espoused theory of action)” (ARGYRIS, 2000, p.8). Com base na citação, analise e marque a alternativa correta. a) O autor afirma que aquilo que compõe o programa mestre ou modelo mental de cada um de nós normalmente é complexo e não traduz exatamente o que imaginamos que seja. b) As teorias esposadas são aquelas com as quais “casamos” Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem60 Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 60 23/11/2017 15:52:35 ANTUNES, M. T. P.; MARTINS, E. Capital intelectual: verdades e mitos. Revista contabili- dade e finanças, São Paulo, v. 13, n. 29, p. 41-54, ago. 2002. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2017. ARGYRIS, C. Ensinando pessoas inteligentes a aprender. Mettodo, Porto Alegre, 2000. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2017. ASSMANN, H. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Ciência da informação, Brasília, DF, v. 29, n. 2, p. 7-15, 2000. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2017. BROOKING, A. Intellectual Capital: core asset for the Third Millennium Enterprise. Boston: Thomson Publishing, 1996. GARVIN, D. A. Building a learning organization. Harvard Business Review, Boston, v. 74, n. 4, p. 78-91, July/Aug. 1993. QUINN, J. B. Intelligent Enterprise. New York: The Free Press, 1992. SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2007. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. Rio de Janeiro: Best Seller, 2002. e, por isso, utilizamos ao agir cotidianamente. c) As teorias esposadas não podem ser expressas por meio das regras em que consideramos pautar nossas ações. d) O comportamento humano é simples e baseado no mesmo padrão de pensamento e imaginação. e) As teorias esposadas também são conhecidas como teorias em uso quando são colocadas em prática. 61Elementos, ferramentas e técnicas das organizações que aprendem Cap_4_Cultura_Organizacional_Educacao.indd 61 23/11/2017 15:52:39 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: