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JOÃO SOUZA VITOR RODRIGUES DE SOUZA
ANÁLISE AMBIENTAL E 
SANITÁRIA
ANÁLISE AMBIENTAL E SANITÁRIA
2024
João Souza Vitor Rodrigues de Souza
DIRETOR-PRESIDENTE 
Frei Daniel Dellandrea, OFM
DIRETOR-VICE-PRESIDENTE 
Frei Alvaci Mendes da Luz, OFM
REITOR 
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM 
VICE-REITOR 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO 
Adriel de Moura Cabral 
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO 
Dilnei Giseli Lorenzi 
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD 
Franklin Portela Correia
CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE
Franklin Portela Correia
REVISÃO TÉCNICA
Francisco Anaruma Filho 
PROJETO GRÁFICO
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
CAPA
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
DIAGRAMADORES
Daniel Landucci
© 2024 Universidade São Francisco
Avenida São Francisco de Assis, 218
CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA 
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – 
ORDEM DOS FRADES MENORES
JOÃO SOUZA VITOR RODRIGUES DE SOUZA
Graduado em Engenharia Ambiental, mestre em Ciência e Engenharia e Pós-Graduado 
em Sistema de Gestão Integrado. Dentro da área técnica, atua a mais de 10 anos em 
serviços ambientais, acumulando experiência gestão de recursos hídricos, tratamento 
de água e esgoto, resíduos sólidos, hidrologia, gestão ambiental, licenciamento am-
biental, outorgas e afins. Somado a isso, possui também experiência na área acadê-
mica, tendo atuado nos últimos 04 anos como professor de cursos de graduação e de 
pós-graduação. 
FRANCISCO ANARUMA FILHO 
Possui graduação em Ecologia pela - UNESP (1988), mestrado em Ciências Biológicas 
pela UNICAMP (1994), doutorado em Parasitologia pela UNICAMP (2001); pós-douto-
rado em Planejamento Ambiental pela UNICAMP (2009) e pós-doutorado em Sanea-
mento e Ambiente pela UNICAMP (2013). Tem experiência em docência nos cursos da 
áreas da Saúde como Medicina, Farmácia, Biomedicina, Odontologia e Enfermagem 
lecionando as disciplinas de Epidemiologia, Saúde Pública, Parasitologia, Análise Am-
biental, Citologia, Histologia e Metodologia de Ensino; Tem experiência em docência 
em cursos da áreas das Engenharias Civil, Ambiental, Elétrica e no curso de Arquitetura 
e Urbanismo, lecionando as disciplinas de Educação ambiental, Ecologia geral, Ecolo-
gia de Paisagens, Ciências Ambientais e da Saúde, Geoprocessamento, Planejamento 
Ambiental, Saneamento Básico do Meio Rural e Urbano, Efluentes Gasoso, Ergonomia, 
Antropometria e Segurança do Trabalho; Poluição e Metodologia de Ensino. Atua na 
área de pesquisa de aplicação de métodos de análise espacial em dados epidemiológi-
cos, espacialização do risco de doenças ambientais e ecologia de doenças. Participa de 
projetos de pesquisa na área do Saneamento Ambiental, Saneamento Básico e Saúde 
Pública, por meio da execução de inquéritos sorológicos e de fezes; análises da conta-
minação do solo, da água e do alimento e Sensoriamento Remoto. Coordenou projetos 
de manejo e controle de animais silvestres reservatório da Febre Maculosa Brasileira. 
Foi bolsista da Fapesp, Capes e CNPq.
O AUTOR
O REVISOR TÉCNICO
SUMÁRIO
UNIDADE 01: INTRODUÇÃO AO SANEAMENTO ................................................6
1. Poluição Ambiental – Contexto e Fatores Antrópicos .........................................6
2. Caracterização do ambiente ...............................................................................10
3. Poluição Atmosférica ...........................................................................................18
4. Poluição Hídrica ..................................................................................................24
UNIDADE 02: SISTEMAS DE TRATAMENTO .......................................................34
1. Bioindicadores de contaminação hídrica ............................................................34
2. Introdução ao Tratamento de Água .....................................................................41
3. Sistema de Tratamento de Esgoto ......................................................................46
4. Gestão de Resíduos Sólidos ...............................................................................51
UNIDADE 03: VETORES E TRANSMISSORES DE DOENÇA .............................62
1. Aspectos iniciais .................................................................................................62
2. Insetos vetores de arbovírus, protozoários e helmintos: revelando os 
mensageiros microbianos da natureza ...................................................................67
3. Miíase: caracterização e processo de infecção ..................................................68
4. Questões Atuais em Segurança Alimentar com Referência à Saúde Humana ...70
UNIDADE 04: SUSTENTABILIDADE E A AGENDA AMBIENTAL .........................84
1. Legislação Ambiental aplicada a recursos hídricos .............................................85
2. Poluição do Ar e Mudanças Climáticas ..............................................................90
3. Sustentabilidade e Agenda ESG .........................................................................98
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Introdução ao Saneamento UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO SANEAMENTO
INTRODUÇÃO
O nosso ambiente enfrenta vários problemas e muitos deles parecem piorar com o tempo, 
levando-nos a uma época de verdadeira crise ambiental. Portanto, aumentar a sensibili-
zação do público para estes problemas é essencial para diminuir os seus efeitos prejudi-
ciais. A poluição aumenta dia a dia e impõe danos graves e irreversíveis ao mundo. 
A Transição dos seres humanos primitivos do paleolítico (caçadores coletores) a agri-
cultores, que propiciou o sedentarismo das comunidades de seres humanos e que pro-
vocou a necessidade de desenvolvimento de sistemas de Barreiras sanitárias (Sistema 
de tratamento de água, sistema de afastamento e tratamento de esgoto, controle de 
vetores de doenças, sistemas de drenagem pluvial para evitar inundações, sistema de 
controle de resíduos sólidos para adequação do lixo e mais recentemente o sistema de 
controle de efluentes gasosos, para controle da poluição atmosférica).
A urbanização e o desenvolvimento tecnológico colocaram em perigo a sobrevivência 
do Planeta ao degradar a qualidade dos elementos essenciais do ambiente – ar, água 
e solo – devido à libertação de resíduos perigosos de fábricas como plásticos, metais 
pesados, nitratos, queima de combustíveis fósseis, chuva ácida, derrames de petróleo 
e toxinas industriais. A urbanização e a superpopulação aumentaram a poluição sonora 
e luminosa das cidades. Os agentes poluentes estão a aumentar exponencialmente 
na sociedade moderna, perturbando o equilíbrio ecológico e colocando problemas de 
extinção para diferentes espécies de animais e aves. 
O efeito da poluição na saúde do ser humano é bem conhecido, mas é uma extrema 
necessidade compreender a ligação entre os poluentes ambientais e os impactos por 
eles produzidos sob as condições bióticas e abióticas que vivemos. Esta Unidade ana-
lisa amplamente as causas da poluição ambiental no contexto sanitário, o seu impacto 
nas formas de vida e as possíveis soluções para minimizar as consequências, visando 
essencialmente sistemas de controle e tratamento. 
1. POLUIÇÃO AMBIENTAL – CONTEXTO E FATORES 
ANTRÓPICOS
Meio ambiente consiste no entorno de qualquer sistema físico que pode interagir com 
outros sistemas semelhantes através da transferência de massa e energia (Nowacki; 
Rangel, 2019). Compreende os componentes vivos e não vivos – ora tecnicamente 
denominados, respectivamente, como biótico e abiótico. No entanto, apesar de alcançar 
um crescimento sem precedentes em todos os aspectos do desenvolvimento material, 
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mesmo depois de ser um problema antigo, a poluição ambiental continua a ser um gran-Em vez de funcionarem simplesmente como medidas de alterações natu-
rais, os táxons são utilizados para mostrar os efeitos das alterações naturais no ambien-
te ou no ecossistema. Eles são habitualmente usados para identificar e significar efeitos 
negativos ou positivos em ambientes naturais. Estes também poderiam ser utilizados 
para detectar alterações nos ecossistemas devido à ocorrência de poluição que possa 
afetar a biodiversidade nos mesmos. Nenhuma biota entre os 1,7 milhões de espécies 
atualmente documentadas na Terra, poderia indicar satisfatoriamente todo tipo de per-
turbação ou estresse em todos os ecossistemas (Mihelcic; Zimmerman, 2012). Sempre, 
espécies estabelecidas e perturbações locais em um determinado ecossistema são 
adequadas para selecionar as espécies ou grupos de espécies marcadores biológicos. 
Os ecólogos estabeleceram recentemente um conjunto abrangente de critérios para 
que as biotas sejam consideradas indicadores biológicos valiosos.
Cada entidade num sistema biológico pode funcionar como um indicador biológico para 
o seu entorno. Certamente, a força de um determinado indicador biológico funciona 
sempre como um sinal de alerta precoce para a poluição. São frequentemente utili-
zados para detectar os impactos sinérgicos e antagônicos de vários poluentes e para 
diagnosticar os impactos nocivos esperados dos poluentes na biota. 
Um critério imperativo para o indicador biológico é a resposta rápida e correta à polui-
ção, adequada ao objetivo pretendido e capacidade de detectar mudanças provocadas 
por um uso inadequado da terra, poluição e/ou alterações climáticas num determinado 
ecossistema. As respostas aos indicadores biológicos situam-se essencialmente num 
contexto fisiológico, apesar de em alguns casos serem contidas por uma natureza com-
plexa. Contudo, o crescimento, a nutrição e a reprodução são exceções, na medida em 
que estão sujeitos à observação direta; apesar de estar entre as evidências de indica-
dores biológicos mais valiosas. Por outro lado, as respostas estruturais são as mais 
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Sistemas de Tratamento
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visíveis de todas, mas a sua utilização exata é a mais problemática, uma vez que se 
situam no final de um processo iniciado pelo poluente causador. 
Para poluentes existentes em concentrações excessivamente baixas, são necessárias 
análises enfadonhas com tecnologias altamente sensíveis para identificá-los, a um cus-
to proibitivo. Uma vez identificados, devem ser associados a todos os perigos biológicos 
potenciais. Alternativamente, a faixa de sensibilidade de um indicador biológico oferece 
uma imagem das taxas de poluentes que são biologicamente significativas, não importa 
quão pequenas sejam.
Um grande benefício dos bioindicadores é a sua capacidade de exibir os efeitos bióticos 
indiretos dos poluentes, quando muitas investigações físicas ou químicas são incapazes de 
fazê-lo.
SAIBA MAIS
Assim, pode-se entender bioindicadores como sendo organismos, marcadores quími-
cos ou processos biológicos cujo ponto de mudança pode ser observado em condições 
ambientais alteradas e pode ser usado para identificar e quantificar os efeitos de po-
luentes no meio ambiente. Também pode ser definido como resposta antropogenica-
mente induzida em efeitos biomoleculares, bioquímicos e fisiológicos em um ou mais 
organismos, população, comunidade ou nível de organização biológica do ecossistema. 
Os bioindicadores podem nos informar sobre os efeitos cumulativos de diferentes po-
luentes no ecossistema e sobre, como por muito tempo, um problema pode persistir, por 
exemplo: a) abundância de grandes organismos marinhos ou escurecimento de corais 
pigmentação pode indicar que um recife foi exposto a água de má qualidade durante 
várias semanas ou meses, b) redução da fotossíntese em plantas ou corais pode indicar 
estresse devido à exposição a herbicidas.
A escolha e definição de um bioindicador deve considerar uma série de critérios técni-
cos, incluindo (Calijur; Gasparini, 2019): 
 ` Deve ter relação casual com ponto final ecológico significativo. 
 ` Deve ter dose específica capacidade de resposta a um estressor específico, ou 
seja, deve seja sensível e específico;
 ` Deve ter amplo alcance temporal e espacial distribuição;
 ` Deve estar disponível durante todo o ano e deve ter baixa variabilidade ao ruído 
no sistema; e
 ` Deve ter resultados que sejam transparentes e reproduzíveis. 
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Os bioindicadores podem ser de dois tipos (Figura 1), a) bioindicador de acumulação: 
armazena poluentes sem quaisquer alterações evidentes no seu metabolismo; b) bioin-
dicador de resposta: reage com alterações celulares ou visíveis sintomas de danos ao 
absorver até mesmo pequena quantidade de substâncias nocivas. Tipos de respostas 
observados ao usá-los podem ser: a) ecológicas mudanças: envolvendo mudanças na 
densidade populacional, espécies-chave e diversidade de espécies; b) comportamen-
tais alterações: podem ser alterações nas atividades alimentares, bactérias mobilidade 
ou fiação da teia; e c) fisiológicas alterações: pode haver acúmulo de metais pesados, 
dióxido de carbono (CO2) produção, Demanda biológica de oxigênio (DBO) e atividade 
microbiana (Calijur; Gasparini, 2019).
Figura 01. Tipos de Bioindicadores
Fonte: elaborada pelo autor.
Organismos, incluindo plantas, animais e microrganismos foram adotados no biomo-
nitoramento. A maioria dos bioensaios baseia-se na presença de ausência ou na ex-
pressão fisiológica, comportamental ou genotípica de certos (ou grupos de) indicadores 
organismos. A seguir, serão descritos cada um desses grupos comumente utilizados. 
1.1 MICRORGANISMOS 
Os microrganismos são um grupo diversificado de organismos encontrados em grandes 
quantidades, sendo relativamente fácil a sua detecção na amostra. A presença de al-
guns microrganismos é bem correlacionada com um tipo específico de poluição e serve 
como indicador padrão de poluição. Algumas bactérias produzem proteínas de estresse 
em resposta a contaminantes como cádmio e benzeno.
 A principal fonte de carga orgânica gerada pelo ser humano é o esgoto, boa parte 
constituída de fezes, microrganismos, produtos utilizados para higiene pessoal e res-
tos de alimentos. Se uma pessoa tem uma doença gastrointestinal ou é portador de 
patógeno gastrointestinal, como Salmonella typhi, o patógeno é excretado juntamente 
com a microbiota intestinal. O bacterifago também pode ser usado como matéria fecal 
indicadores de poluição de poluição viral. Dois fagos colifago somático que infectam 
cepas hospedeiras de E. coli e colifago de RNA específico que infecta E.coli e bactérias 
relacionadas podem ser usados como indicadores. 
Um Indicador bacteriano ideal para análise de água (contaminação de origem fecal) 
deverá ter as seguintes características (Cardoso; Mascarenhas, 2017):
BIOINDICADORESBIOINDICADORES
ACUMULADORES
ATIVO
RESPOSTA
PASSIVOPASSIVO
ATIVO
RESPOSTA
ACUMULADORES
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Sistemas de Tratamento
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Nas áreas de tratamento de água e produção de alimentos, a caracterização de coli-
formes termotolerantes, particularmente Escherichia coli (E. coli), constitui um aspecto 
central do controle de qualidade. Estes microrganismos servem como indicadores fun-
damentais, refletindo o nível de contaminação biológica e garantindo a segurança da 
água e dos produtos alimentares.
Os coliformes termotolerantes abrangem um subconjunto de bactérias coliformes que 
podem suportar temperaturas mais altas, especificamente a 44,5 graus Celsius. Esse 
grupo inclui a E. coli, bactéria encontrada no intestino de animais de sangue quente, 
que serve como indicador de contaminação fecal. A capacidade de suportar tempe-
raturas elevadas distingue estes coliformes, tornando-os marcadores confiáveis para 
avaliar a segurança da água e dos alimentos.
No tratamento de água, a presença de coliformes termotolerantes, especialmente E. 
coli, serve como parâmetro crítico na avaliaçãoda qualidade microbiológica da água. 
Contagens elevadas destas bactérias indicam potencial contaminação fecal, sinalizan-
do um risco de doenças transmitidas pela água. O monitoramento e a caracterização 
de coliformes termotolerantes durante os processos de tratamento de água ajudam a 
garantir que a água fornecida às comunidades esteja livre de patógenos nocivos.
Já no âmbito da produção alimentar, a caracterização dos coliformes termotolerantes é 
igualmente crucial. A contaminação durante o processamento de alimentos pode ocor-
rer em vários estágios, e a presença desses coliformes sinaliza uma potencial violação 
dos protocolos de higiene e segurança. A E. coli, em particular, é o foco principal devido 
à sua associação com doenças de origem alimentar. Medidas rigorosas de controle de 
qualidade, incluindo testes regulares e caracterização destas bactérias, são fundamen-
tais para salvaguardar a saúde do consumidor e prevenir doenças de origem alimentar.
Vários métodos, como técnicas de filtração por membrana e número mais provável 
(NMP), são empregados para detectar e caracterizar coliformes termotolerantes, in-
cluindo E. coli. Esses métodos oferecem precisão e confiabilidade na quantificação de 
concentrações bacterianas, permitindo avaliações precisas da qualidade da água e dos 
alimentos. Os avanços nas técnicas moleculares, como a reação em cadeia da polime-
rase (PCR), aumentam ainda mais a especificidade e a velocidade de detecção.
 ` A bactéria indicadora deve estar presente sempre que patógenos entéricos estiverem 
presentes;
 ` A bactéria indicadora não deve se reproduzir em água contaminada e produzir valores 
inflados;
 ` Deve sobreviver por mais tempo que o entérico patógeno mais resistente;
 ` Seu ensaio de detecção deve ser de fácil execução;
 ` Deve ser inofensivo para os seres humanos; e
 ` Seu nível na água deverá ter alguma influência direta com relação à poluição fecal.
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1.2 VEGETAIS
A presença ou ausência de certos vegetais, pode fornecer pistas importantes sobre 
a qualidade e saúde do meio, ou podem ser acumuladores de metal potencialmente 
tóxicos como produto do seu metabolismo. Por exemplo, o total de algas biomassa no 
sistema aquático serve como uma importante métrica para poluição orgânica e carga de 
nutrientes, como o nitrogênio e fósforo (Cardoso; Mascarenhas, 2017). 
As plantas estão cada vez mais sendo usadas como ferramentas altamente eficazes 
e sensíveis para reconhecer e prever tensões ambientais. O problema da poluição da 
água tornou-se agudo, na atualidade devido à industrialização e à urbanização. As 
plantas aquáticas fornecem informações úteis sobre o estado do ambiente aquático, 
uma vez que não migram de um lugar para outro e eles rapidamente alcançam equilí-
brio com seu ambiente. Alguns exemplos de grupo inferior de plantas como poluição os 
indicadores são os seguintes (Cardoso; Mascarenhas, 2017):
 ` Algas unicelulares ou microalgas: São microrganismos fotossintetizantes que desem-
penham um papel crucial nos ecossistemas aquáticos. A abundância e diversidade de 
algas podem ser indicativas da qualidade da água. A poluição excessiva por nutrientes, 
especialmente proveniente de fontes como escoamento agrícola e descargas de águas 
residuais, pode levar à proliferação destas microalgas. O florescimento de cianobactérias 
(algas verde-azuladas), podem produzir toxinas prejudiciais. A monitorização do tipo e da 
quantidade de algas numa massa de água pode ajudar a determinar a presença de polui-
ção por nutrientes e potenciais riscos para a saúde.
 ` Synechococcus leopoliensis (alga verde-azulada) e Dunaliella mostrou poluição por me-
tais pesados por acumulação, e são indicadores de poluição hídrica;
 ` Malformação celular, clorose e aumento na frequência de heterocistos foi observado em 
Anabaena cylindrica sob estresse por cádmio;
 ` Testes de toxicidade podem ser realizados em Chlorella vulgaris, Scapricornatum, Senedes-
mus subspicatus observando as condições de cultura, cultura volume e intensidade de luz. 
 ` Sementes de plantas superiores de inúmeros vegetais também podem ser utilizados para 
testes de ecotoxicidades, como exemplo a Lactuca sativa (alface), Anthemis maritima, 
Armeria maritima, Eruca sativa entre outras. 
1.3 Animais
Um aumento ou diminuição na população animal pode indicar danos ao ecossistema. 
Por exemplo, se ocorrer esgotamento de fontes alimentares importantes, as espécies 
de animais dependentes dessas fontes, também serão reduzidas em número, ou seja, 
declínio populacional. A superpopulação de certos vertebrados pode estar associada ao 
crescimento de espécies oportunistas. Além de monitorar o número de certas espécies, 
outros mecanismos de atividade animal podem ser utilizados como indicadores, como por 
exemplo o monitoramento da concentração de toxinas em seus tecidos, ou a avaliação 
da taxa deformidades impostada a uma a populações animais, após contato com um de-
terminado poluente. Alguns exemplos são dados abaixo (Cardoso; Mascarenhas, 2017):
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Sistemas de Tratamento
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Figura 02. Corais
Fonte: 123RF.
Macroinvertebrados bentônicos
Macro invertebrados bentônicos são pe-
quenos organismos que vivem no fundo de 
ecossistemas aquáticos, como riachos, rios 
e lagos. Eles incluem insetos, crustáceos, 
moluscos e outros invertebrados. Esses 
organismos são excelentes bioindicadores 
porque apresentam diferentes sensibilida-
des à poluição. Algumas espécies são alta-
mente sensíveis à poluição, enquanto outras 
são mais tolerantes. Ao estudar a composi-
ção e abundância de macroinvertebrados 
bentônicos em um corpo d’água, os cientis-
tas podem avaliar a qualidade da água. Uma 
comunidade diversificada e saudável destes 
organismos normalmente indica boa quali-
dade da água, enquanto uma predominân-
cia de espécies tolerantes à poluição pode 
sinalizar contaminação;
Peixes
São animais frequentemente utilizados 
como bioindicadores da qualidade da água 
devido à sua posição na cadeia alimentar e 
à sua sensibilidade às mudanças ambien-
tais. Certas espécies de peixes são mais 
tolerantes à poluição do que outras. Ao 
examinar a saúde e a população de peixes 
numa massa de água, os cientistas podem 
obter informações sobre o estado geral do 
ecossistema. Peixes com deformidades ou 
doenças podem ser sinais de poluição da 
água, e o declínio das populações de pei-
xes pode indicar fatores de “stress” ambien-
tais significativos. 
Um outro importante bioindicador facilmente identificado são os corais. Os recifes de 
coral são ecossistemas marinhos únicos e altamente sensíveis que também podem ser-
vir como bioindicadores da qualidade da água e da saúde ambiental. Particularmente 
os corais rochosos ou duros, são frequentemente referidos como as “florestas tropicais 
do mar” devido à sua incrível biodiversidade e ao importante papel que desempenham 
nos ecossistemas marinhos. 
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Podem ser usados como bioindicadores da qualidade da água (Cardoso; Mascarenhas, 2017):
 ` Branqueamento de corais: O branqueamento de corais é um fenômeno no qual 
os corais expelem as algas simbióticas (zooxantelas) que vivem em seus tecidos, 
fazendo com que percam suas cores vibrantes e fiquem pálidos ou brancos. Este 
evento de branqueamento está frequentemente ligado a factores de stress como 
temperaturas elevadas da água, acidificação dos oceanos, poluição e aumento 
da radiação UV. O monitoramento de eventos de branqueamento de corais pode 
fornecer informações críticas sobre a saúde geral e o estresse térmico das águas 
circundantes. O branqueamento prolongado ou severo pode ser indicativo de má 
qualidade da água e estresse ambiental. 
 ` Doença dos Corais: As doenças dos corais, causadas por vários patógenos 
e estressores ambientais, podem afetar a saúde e a vitalidade das colônias de 
corais. A presença e prevalênciade doenças dos corais pode ser um indicador 
da qualidade da água e da presença de poluentes, incluindo agentes patogêni-
cos e bactérias nocivas. A compreensão das causas e da propagação destas 
doenças pode fornecer informações sobre o estado do ambiente marinho. 
 ` Taxas de crescimento e calcificação: As taxas de crescimento e calcificação 
dos corais são influenciadas por parâmetros de qualidade da água, incluindo 
temperatura, salinidade e disponibilidade de nutrientes essenciais. Alterações 
nestas taxas podem fornecer informações sobre o estado geral das águas cir-
cundantes. O crescimento reduzido e a calcificação podem estar associados à 
poluição por nutrientes, à acidificação dos oceanos ou à sedimentação resultante 
do desenvolvimento costeiro. 
 ` Cobertura e Biodiversidade: A monitorização da abundância e diversidade de 
espécies de corais dentro de um recife pode ser um bioindicador da qualidade 
da água e da saúde geral do ecossistema marinho. Os recifes de coral sau-
dáveis suportam uma grande variedade de espécies, e a perda da cobertura 
de corais e da biodiversidade pode ser um indicativo de degradação ambiental, 
poluição e pesca excessiva. A avaliação das mudanças na composição da comu-
nidade de corais pode ajudar a identificar mudanças na qualidade da água e na 
saúde dos ecossistemas.
2. INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO DE ÁGUA
A água potável é um recurso natural escasso. Três quartos da superfície da Terra são 
cobertos por oceanos, e os 75% restantes da água estão congelados nas regiões pola-
res, 22% está presente como água subterrânea e o restante como água doce. O ciclo 
hidrológico rege a gestão dos recursos hídricos na natureza (Curi, 2012). O aumen-
to dinâmico das necessidades de água desenvolve estresse nos sistemas naturais. O 
sistema de balanço de massa dos fluxos de água é completamente agitado em dire-
ção à borda negativa. Isso requer atenção imediata para proteger os recursos hídricos 
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para necessidades futuras. O aumento da população, a rápida urbanização, a mudança 
dos estilos de vida e o aumento da demanda agrícola e industrial estão pressionando 
severamente os recursos de água doce disponíveis
A gestão multidisciplinar, holística e integrada da água, no sentido de proteger e melho-
rar a sua integridade ecológica, preservando as suas condições ambientais naturais, é 
um grande desafio enfrentado pelo mundo hoje. As mudanças climáticas estão resultan-
do em fornecimento incerto e flutuante de água, aumentando o estresse na infraestru-
tura. Nestas circunstâncias, há necessidade de esforços concertados para uma gestão 
eficiente dos preciosos recursos de água doce e mitigação dos impactos adversos das 
alterações climáticas (CALIJURI e GASPARINI,2019).
2.1 OPERAÇÕES UNITÁRIAS
Para atender às demandas de uma população crescente, é essencial que se estabeleça 
critérios claros para coleta de água de forma sustentável, conservando esse precioso 
recurso, tanto para as atuais quanto para as futuras gerações. Porém, antes que a água 
seja considerada própria para consumo humano, ela deve passar por um rigoroso pro-
cesso de tratamento de água. 
Os sistemas públicos de água potável usam diferentes métodos de tratamento de água 
para fornecer água potável para suas comunidades. Os sistemas públicos e privados 
de tratamento de água, geralmente usam uma série de etapas que incluem coagulação, 
floculação, sedimentação, filtração e desinfecção, como mostra a Figura 3 abaixo.
Figura 03. Sistema de tratamento de água
Fonte: http://www.fec.unicamp.br/~bdta/modulos/saneamento/lodo/lodo.htm. Acesso em: 24 jul. 2024. 
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O processo de coagulação é muitas vezes o primeiro passo no tratamento da água. 
Durante a coagulação, produtos químicos com carga positiva são adicionados à água. 
A carga positiva neutraliza a carga negativa da sujeira e outras partículas dissolvidas 
na água. Quando isso ocorre, as partículas se ligam aos produtos químicos para for-
mar partículas ligeiramente maiores. Produtos químicos comuns usados nesta etapa 
incluem tipos específicos de sais, alumínio ou ferro (Calijuri; Cunha, 2019).
A floculação segue a etapa de coagulação, onde ocorre a mistura suave da água para 
formar partículas maiores e mais pesadas chamadas flocos. Frequentemente, as es-
tações de tratamento de água superficiais acrescentam produtos químicos adicionais 
durante esta etapa para ajudar na formação dos flocos (Calijuri; Cunha, 2019).
A sedimentação é uma das etapas que as estações de tratamento de água usam para 
separar os sólidos da água. Durante a sedimentação, os flocos se depositam no fundo 
da água porque são mais densos que a água (Calijuri; Cunha, 2019).
Uma vez que os flocos tenham assentado no fundo do tanque de tratamento de água, o 
sobrenadante limpo é filtrado para finalizar a separação dos sólidos adicionais da água. 
Durante a filtração, a água limpa passa por filtros com tamanhos de poros diferentes e fei-
tos de materiais diversos (como areia, cascalho e carvão ativado). Esses filtros removem 
partículas e microrganismos dissolvidos, como poeira, produtos químicos, parasitas, bac-
térias e vírus. Os filtros de carvão ativado também removem os maus odores. As estações 
de tratamento de água podem usar um processo chamado ultrafiltração, além ou em vez 
da filtragem tradicional. Durante a ultrafiltração, a água passa por uma membrana filtrante 
com poros muito pequenos. Esse filtro deixa passar apenas água e outras moléculas pe-
quenas (como sais e pequenas moléculas carregadas) (Calijuri; Cunha, 2019).
Após a água ter sido filtrada, as estações de tratamento de água podem adicionar um 
ou mais desinfetantes químicos (como cloro, cloramina ou dióxido de cloro) para matar 
quaisquer parasitas, bactérias ou vírus remanescentes. Para ajudar a manter a água 
segura enquanto ela viaja para residências e empresas, as estações de tratamento de 
água garantirão que a água tenha níveis baixos de desinfetante químico ao sair da esta-
ção de tratamento. Este desinfetante restante mata os germes que estão presentes nas 
tubulações ou possíveis infiltrações entre a estação de tratamento de água e o padrão/
hidrômetro da casa do consumidor.
Além ou em vez de adicionar cloro, cloramina ou dióxido de cloro, as estações de tratamento 
de água também podem desinfetar a água usando luz ultravioleta (UV) ou ozônio a luz ul-
travioleta e o ozônio funcionam bem para desinfetar a água na estação de tratamento, mas 
esses métodos de desinfecção não continuam matando os germes à medida que a água 
passa pelas tubulações entre a estação de tratamento e sua torneira.
SAIBA MAIS
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Sistemas de Tratamento
2
A água pode ser tratada de forma diferente em diferentes comunidades, dependendo da 
qualidade da fonte de água que entra na estação de tratamento. A água que entra na es-
tação de tratamento é, na maioria das vezes, superficial ou subterrânea. A água super-
ficial geralmente requer mais tratamento e filtragem do que a água subterrânea porque 
lagos, rios e córregos contêm mais sedimentos (areia, argila, lodo e outras partículas do 
solo), microrganismos, produtos químicos e toxinas do que a água subterrânea.
Alguns suprimentos de água podem conter radionuclídeos (pequenas partículas radio-
ativas), produtos químicos específicos (como nitratos) ou toxinas (como as produzidas 
por cianobactérias). Métodos especializados para controlar ou remover esses contami-
nantes também podem fazer parte do tratamento da água.
2.2 PEGADA HÍDRICA
A pegada hídrica é um conceito que mede o volume total de água doce usada direta ou 
indiretamente para produzir bens e serviços consumidos por um indivíduo, comunidade, 
empresa ou mesmo uma nação. Abrange não apenas a água consumida durante o pro-
cesso de produção, mas também a água que é poluída como resultado dessa produção. 
O conceito foi introduzido pela primeira vez no início dos anos 2000 para chamar aaten-
ção para o uso oculto da água na nossa vida quotidiana e para realçar a importância de 
uma gestão responsável da água (Curi, 2012).
A pegada hídrica é normalmente dividida em três componentes principais (Calijuri; 
Cunha, 2019):
Pegada Hídrica Azul
Representa o volume de 
água superficial e subter-
rânea que é consumido 
durante a produção de um 
determinado produto. In-
clui a água utilizada para 
irrigação, processos indus-
triais e fins domésticos.
Pegada Hídrica Cinza
A pegada hídrica cinza é 
uma medida da quantida-
de de água doce necessá-
ria para diluir os poluentes 
gerados durante a produ-
ção de um produto para 
atender aos padrões de 
qualidade da água. Leva 
em consideração os danos 
potenciais aos ecossiste-
mas e à saúde humana 
causados pela liberação 
de poluentes.
Pegada Hídrica Verde
Este componente con-
tabiliza a água da chuva 
utilizada pelas culturas e 
pela vegetação durante 
o seu crescimento. Está 
associado à precipitação 
natural necessária para 
sustentar a vida vegetal.
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A importância de compreender e considerar as pegadas hídricas reside em diversas 
áreas principais:
 ` Gestão de Recursos: Ao calcular as pegadas hídricas, obtemos uma melhor 
compreensão dos recursos de água doce necessários para produzir os bens e 
serviços que utilizamos diariamente. Este conhecimento pode ajudar na gestão 
e conservação dos recursos hídricos de forma mais eficaz, especialmente em 
regiões que enfrentam escassez de água.
 ` Sustentabilidade: A avaliação da pegada hídrica é uma ferramenta valiosa para 
promover práticas sustentáveis de produção e consumo. Permite que consumi-
dores, empresas e decisões políticas façam escolhas mais informadas sobre os 
produtos que utilizam e produzem. Ao selecionar produtos com menor pegada 
hídrica, podemos reduzir a pressão sobre os recursos hídricos e promover o 
desenvolvimento sustentável.
 ` Mitigação da escassez de água: Muitas regiões ao redor do mundo estão en-
frentando crescente estresse e escassez de água. A monitorização das pegadas 
hídricas pode ajudar a identificar áreas e indústrias com maior utilização e polui-
ção da água, que podem então ser direcionadas para práticas de gestão da água 
mais eficientes e responsáveis.
 ` Impacto Ambiental: A avaliação da pegada hídrica leva em consideração o 
impacto ambiental do uso da água, incluindo a poluição e a degradação dos 
ecossistemas. A compreensão da pegada hídrica cinzenta destaca as potenciais 
consequências da poluição da água, tornando-a uma ferramenta valiosa para 
resolver problemas de qualidade da água.
 ` Responsabilidade Corporativa: As empresas reconhecem cada vez mais a im-
portância da sustentabilidade e da transparência da água nas suas cadeias de 
abastecimento. Calcular e reduzir a pegada hídrica dos seus produtos pode ajudar 
as empresas a demonstrar o seu compromisso com uma gestão ambiental respon-
sável e a satisfazer as exigências dos consumidores ambientalmente conscientes.
Portanto, a pegada hídrica é uma ferramenta poderosa para compreender e enfrentar 
os desafios relacionados com a água que enfrentamos num mundo cada vez mais pres-
sionado pela água. Ao contabilizar o uso oculto e indireto da água associado aos produ-
tos que consumimos, podemos fazer escolhas mais sustentáveis, reduzir o desperdício 
de água e contribuir para a conservação deste precioso recurso natural. As avaliações 
da pegada hídrica são essenciais para promover a gestão sustentável da água e alcan-
çar um futuro com maior segurança hídrica para todos.
46
Sistemas de Tratamento
2
3. SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO
Nos estudos de planejamento para implantação do tratamento de esgoto, os seguintes 
pontos devem ser claramente abordados:
 ` Estudos de impacto ambiental no corpo receptor
 ` Objetivos do tratamento; e
 ` Nível de tratamento e eficiências de remoção 
Os estudos de impacto ambiental necessários à avaliação da conformidade com os 
padrões do corpo receptor foram detalhados na Unidade 1. Os requisitos a serem al-
cançados para o efluente também são uma função da legislação que define os padrões 
de qualidade para o efluente e para o recebimento corpo, como definido pela Resolução 
CONAMA nº 357 (CONAMA, 2005).
 A remoção de poluentes durante o tratamento, a fim de alcançar uma qualidade deseja-
da ou padrão de descarga exigido está associado aos conceitos de nível de tratamento 
e eficiência do tratamento.
A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) é uma medida da quantidade de oxigênio ne-
cessária para a decomposição biológica de matéria orgânica em água. É um indicador da 
poluição orgânica e do impacto que ela pode ter nos corpos d’água. Geralmente, é expressa 
em miligramas de oxigênio por litro (mg/L) e é utilizada para avaliar a qualidade da água. Já a 
Demanda Química de Oxigênio (DQO) que estima a quantidade total de oxigênio necessário 
para oxidar quimicamente tanto a matéria orgânica quanto inorgânica em uma amostra de 
água. Ao contrário da DBO, a DQO não depende apenas da atividade biológica, sendo útil 
para avaliar tanto a poluição orgânica quanto a presença de substâncias químicas oxidáveis 
na água. Também é expressa em miligramas de oxigênio por litro (mg/L).
SAIBA MAIS
O tratamento de águas residuais é geralmente classificado de acordo com os seguintes 
níveis (Von Sperling, 2016): preliminar, primário, secundário e terciário, conforme mos-
tra o Quadro 1.
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O objetivo do tratamento preliminar é apenas a remoção de sólidos grosseiros, enquan-
to o tratamento primário visa a remoção de sólidos sedimentáveis e parte da matéria 
orgânica sólida. Mecanismos físicos de remoção de poluentes são predominantes em 
ambos os níveis. No tratamento secundário o objetivo é a remoção de matéria orgânica 
dissolvida e boa parte de nutrientes (nitrogênio e fósforo) por mecanismos predomi-
nantemente biológicos. O objetivo do tratamento terciário é a remoção de poluentes 
específicos (geralmente tóxicos ou compostos não biodegradáveis) ou a remoção com-
plementar de poluentes que não foram suficientemente removidos no tratamento secun-
dário. Tratamento terciário é raro em países em desenvolvimento (Von Sperling, 2016).
Quadro 01. Etapas do Tratamento de Esgoto
ETAPA REMOÇÃO 
Preliminar Sólidos grossos em suspensão (material maior e areia)
Primário
Sólidos sedimentáveis em suspensão
Matéria Orgânica (DBO) particulado (associado à matéria orgânica componente dos 
sólidos suspensos sedimentáveis)
Secundário
DBO particulado (associado à DBO presente no esgoto bruto, ou ainda, a parcela 
de DBO particulada sedimentável não removida nos locais eventualmente existentes 
tratamento primário)
 DBO solúvel (associado à matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos)
Terciário
Nutrientes
Organismos patogênicos
Compostos não biodegradáveis
Metais
Sólidos inorgânicos dissolvidos
Restantes sólidos suspensos
Fonte: elaborado pelo autor. 
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Sistemas de Tratamento
2
Os métodos de tratamento são compostos por operações e processos unitários, e a sua 
integração compõem os sistemas de tratamento. Os conceitos de operações unitárias 
e processos unitários são frequentemente usados de forma intercambiável, pois podem 
ocorrer simultaneamente na mesma unidade de tratamento. No geral, as seguintes de-
finições podem ser adotadas (Von Sperling, 2016):
Processos físicos 
 
Métodos de tratamento 
nos quais as forças físicas 
são predominantes (por 
exemplo, peneiramento, 
mistura, floculação, 
sedimentação, flotação, 
filtração);
Processos de unidades 
biológicas 
Métodos de tratamento 
em que a remoção de 
contaminantes ocorre por 
meio de atividade biológica 
(por exemplo: remoção de 
matéria orgânica, nitrifica-
ção, desnitrificação, etc).
Processos químicos
Métodos de tratamento 
em que a remoção 
ou a conversão dos 
contaminantes ocorre pela 
adiçãode produtos quími-
cos ou devido a reações 
químicas (por exemplo, 
precipitação, adsorção, 
desinfecção, etc);
3.1 TRATAMENTO PRELIMINAR
O tratamento preliminar destina-se principalmente à remoção de: 
I. Sólidos grosseiros 
II. Partículas de areia.
Os mecanismos básicos de remoção são de ordem física. Além do grosseiro unidades 
de remoção de sólidos, há também uma unidade de medição de fluxo. Isso geralmen-
te consiste de uma calha padronizada (por exemplo, calha Parshall), onde o nível de 
líquido medido pode estar correlacionado com o fluxo. Também podem ser adotados 
vertedouros (retangulares ou triangulares) e mecanismos de medição em tubo fechado. 
A Figura abaixo apresenta um fluxograma típico do tratamento preliminar.
Figura 04. Tratamento Preliminar
Fonte: Santos (2012, p. 14).
Grade de barras 
Remoção de sólidos grosseiros
Desarenador 
Remoção de areia
Calha Parshall 
Medição de vazio
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A remoção de sólidos grosseiros é frequentemente feita por telas ou racks, mas estáti-
ca ou telas mecânicas rotativas. Na triagem, material com dimensões maiores que os 
espaços entre as barras são removidas. Existem telas grossas, médias e finas, depen-
dendo do espaçamento entre as barras. A remoção do material retido pode ser manual 
ou mecanizada.
Os principais objetivos da remoção de sólidos grosseiros são: (i) proteção dos dispositi-
vos de transporte de águas residuais (bombas e tubulações); (ii) proteção das unidades 
de tratamento subsequentes; e (iii) proteção dos corpos receptores
A retirada da areia contida no esgoto é feita por meio de unidades especiais chamadas 
caixas de areia. O mecanismo de remoção de areia é simplesmente sedimentação: os 
grãos de areia vão para o fundo do tanque devido a sua maior dimensão e densidade, 
enquanto a matéria orgânica, que se deposita bem mais devagar, fica em suspensão e 
segue para as unidades a jusante. Existem muitos processos, desde unidades manuais 
até unidades totalmente mecanizadas, para a remoção e transporte da areia sedimen-
tada. Por fim, é utilizado uma calha Parshall para que se possa medir a vazão que está 
chegando na estação de tratamento de esgoto. 
3.2 TRATAMENTO PRIMÁRIO
Depois de passar pelas unidades de tratamento preliminar, o esgoto ainda contém re-
síduos não grosseiros sólidos suspensos, que podem ser parcialmente removidos em 
unidades de sedimentação. Uma parte significativa desses sólidos suspensos é com-
posta por matéria orgânica em suspensão. 
Desta forma, sua remoção por processos simples como a sedimentação implica na redução 
da carga de DBO direcionada ao tratamento secundário, onde sua remoção é mais cara 
(Von Sperling, 2016). Os tanques de sedimentação podem ser circulares ou retangulares. 
O esgoto flui lentamente pelos tanques de sedimentação, permitindo que os sólidos em 
suspensão com uma densidade maior do que o líquido circundante para assentar lenta-
mente no fundo. A massa de sólidos acumulados no fundo é chamada de lodo primário 
bruto. Este lodo é removido através de um único tubo em tanques de pequeno porte ou 
através de raspadores mecânicos e bombas em tanques maiores. Materiais flutuantes, 
como graxa e óleo, tendem a ter uma densidade menor do que o líquido circundante e 
sobem para a superfície dos tanques de sedimentação, normalmente com aspecto de 
espuma, onde são coletados e retirados do tanque para tratamento subsequente.
A eficiência do tratamento primário na remoção de sólidos em suspensão e, como resul-
tado, DBO, pode ser aumentada pela adição de coagulantes. Isso é chamado tratamen-
to primário avançado ou tratamento primário quimicamente aprimorado. Os coagulantes 
podem ser sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outros, auxiliados ou não por um polí-
mero. O fósforo também pode ser removido por precipitação, formando mais lodo, resul-
tante da maior quantidade de sólidos retirados do líquido (precipitação) e dos produtos 
químicos adicionados. O lodo primário pode ser digerido por métodos convencionais a 
biodigestores, mas em alguns casos também pode ser estabilizado por cal.
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Sistemas de Tratamento
2
3.3 TRATAMENTO SECUNDÁRIO
O principal objetivo do tratamento secundário é a remoção da matéria orgânica. A ma-
téria orgânica está presente nas seguintes formas: matéria orgânica dissolvida (DBO 
solúvel ou filtrada) que não é removida por operações meramente físicas, como a sedi-
mentação que ocorre em tratamento primário; e matéria orgânica em suspensão (DBO 
suspensa ou particulada), que é amplamente removido no tratamento primário ocasio-
nalmente existente, mas cuja sólidos com sedimentabilidade mais lenta (sólidos mais 
finos) permanecem na massa líquida (Von Sperling, 2016).
Os processos de tratamento secundário são concebidos de forma a acelerar os me-
canismos de decomposição microbiológica e química que ocorrem naturalmente nos 
corpos receptores. Assim, a decomposição dos poluentes orgânicos biodegradáveis é 
alcançada sob condições controladas e em intervalos de tempo menores do que nos 
ambientes naturais. A essência do tratamento secundário de esgoto doméstico é pro-
porcionar um ambiente otimizado para ocorrer, no menor espaço de tempo possível, a 
oxidação da matéria orgânica, por ação química e microbiana. 
Embora os tratamentos preliminares e primários tenham predominantemente mecanis-
mos físicos, a remoção da matéria orgânica na etapa secundária é realizada através 
de reações bioquímicas, realizadas por microrganismos. Uma grande variedade de mi-
crorganismos participa do processo: bactérias, protozoários, fungos e outros. A base de 
todo o processo biológico é o contato efetivo entre esses organismos e a matéria orgâ-
nica contida no esgoto, de forma que possa servir de alimento para os microrganismos. 
Os microrganismos convertem a matéria orgânica em dióxido de carbono, água e ma-
terial celular (crescimento e reprodução dos microrganismos). Essa decomposição bio-
lógica da matéria orgânica requer a presença do oxigênio como elemento fundamental 
componente dos processos aeróbicos, além da manutenção de outras condições am-
bientais favoráveis, como temperatura, pH, tempo de contato etc. (Von Sperling, 2016).
O tratamento secundário geralmente inclui unidades de tratamento preliminar, mas 
pode ou não incluir unidades de tratamento primário. Existe uma grande variedade de 
processos secundários de tratamento, e os mais comuns são:
 ` Lagoas de estabilização;
 ` Sistemas de disposição de terras;
 ` Reatores anaeróbios;
 ` Sistemas de lodo ativado;
 ` Reatores de biofilme aeróbios
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3.4 TRATAMENTO TERCIÁRIO
O tratamento terciário é o estágio final do processo de limpeza de águas residuárias 
após vários estágios anteriores. Esta terceira etapa do tratamento pode chegar a remo-
ver compostos inorgânicos, bactérias, vírus e parasitas. A remoção dessas substâncias 
ou organismos nocivos, torna a água tratada segura para reutilização, reciclagem ou 
mesmo liberação no meio ambiente, suscitando em menores impactos. 
O tratamento terciário adiciona um terceiro nível de tratamento mais avançado e rigo-
roso. O tratamento primário e secundário normalmente obtém águas residuárias com 
menores cargas orgânicas suficientes para serem descarregadas com segurança no 
corpo receptor ou no solo. O tratamento terciário, por outro lado, pode atingir níveis de 
purificação da água que a tornam segura para reutilização em processos intensivos em 
água ou mesmo chegar a níveis de potabilidade. 
Nem todas as estações de tratamento de águas residuais usam tratamento terciário. 
O tratamento primário e secundário costuma ser suficiente para muitos propósitos. 
Aqueles que usam tratamento terciário atingem níveis mais rigorosos de limpeza para 
atender aos padrões rigorosos que regem o reuso de água, especialmente no abasteci-
mento público. O tratamento terciário também é benéficoquando as instalações devem 
descarregar água em ecossistemas aquáticos sensíveis, como estuários, rios lentos 
ou águas próximas a recifes de corais. É mais eficaz do que o tratamento primário ou 
secundário na remoção de cores indesejadas de águas residuárias, por isso é essencial 
em aplicações industriais de celulose e papel e na fabricação de têxteis.
4. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Resíduo sólido consiste em um produto ou substância que não é mais adequado para o 
uso são classificados como produtos inservíveis. Enquanto nos ecossistemas naturais os 
resíduos – derivados de matéria orgânica morta são utilizados como alimento ou reagen-
te, os resíduos resultantes das atividades humanas são, muitas vezes, altamente resis-
tentes à decomposição natural, necessitando grandes áreas para a sua destinação final. 
De modo geral, definir e classificar os resíduos com base nos riscos relacionados ao 
meio ambiente e à saúde humana é, portanto, de suma importância para orientar uma 
gestão de resíduos adequada e eficaz. Em outras palavras, compreender a origem e as 
características relacionadas aos resíduos sólidos torna-se uma ferramenta fundamental 
Em funcionamento desde 1988, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Barueri – a 
maior da América Latina – foi projetada para atender grande parte da cidade de São Pau-
lo e todos os municípios vizinhos da região metropolitana, incluindo Cotia, Jandira, Itapevi, 
Barueri, Santana do Parnaíba, Carapicuíba, Osasco e Taboão da Serra. Também abrange 
uma parte da população de Embu das Artes e Itapecerica da Serra. A ETE Barueri utiliza o 
processo de Lodos Ativados Convencionais, que inclui duas etapas: líquida e sólida, e opera 
atualmente com uma vazão média de 13 mil litros por segundo.
SAIBA MAIS
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Sistemas de Tratamento
2
para que todas as demais etapas na cadeia de gerenciamentos de resíduos sólidos, 
incluindo tratamento e destinação final ambientalmente adequada, sejam planejadas e 
executadas de maneira assertiva. 
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, criou a 
estrutura para os programas de gerenciamento de resíduos no País (Brasil, 2010). Os 
materiais regulamentados pelo PNRS são conhecidos como “resíduos sólidos”. Assim, de 
acordo com o descrito pela PNRS, entende-se como resíduo sólido (Brasil, 2010, p. 1):
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades hu-
manas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proce-
der ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem 
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem 
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, 
ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face 
da melhor tecnologia disponível.
Paralelamente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente e a Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT) também disciplinam a respeito de resíduos sólidos, detalhan-
do regulamentos que definem quais materiais se qualificam como resíduos sólidos e 
suas subclassificações.
4.1 CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
A caracterização dos resíduos sólidos é uma etapa essencial para garantir que as eta-
pas de gerenciamento de resíduos sejam planejadas e adequadas. Assim, somente 
após compreender quais são os tipos de resíduos gerados, é que se pode avançar para 
a elaboração do gerenciamento do mesmo. 
O conhecimento das fontes e tipos de resíduos sólidos, bem como as informações 
sobre a composição e a taxa com que os resíduos são gerados e descartados é, por-
tanto, essencial para o desenho e funcionamento dos elementos funcionais associados 
à gestão de resíduos sólidos. 
Os resíduos podem ser classificados com base na fonte (atividade que gerou o resí-
duo), ou também em relação às propriedades relacionadas ao quão perigoso é. A Figura 
3 ilustra a classificação dada em relação à fonte de origem do resíduo sólido. É possível 
observar que é dado aos resíduos denominados de: comerciais e institucionais; trans-
porte de passageiros; domiciliares; e limpeza urbana. Estes são caracterizados como 
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). 
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No que se refere ao grau de risco à saúde humana e ao meio ambiente, a Norma Bra-
sileira Técnica (NBR) 10.004/2004 classifica os resíduos em duas categorias: resíduos 
perigosos e resíduos não perigosos (ABNT, 2004b). 
Resíduos perigosos, catalogados na Clas-
se I, são resíduos que foram identificados 
como potencialmente prejudiciais ao meio 
ambiente e à saúde humana e, portanto, 
precisam de formas de manuseio, trans-
porte, tratamento e disposição final ade-
quados. Inflamabilidade, corrosividade, 
toxicidade, ecotoxicidade e combustibili-
dade são as principais características dos 
resíduos perigosos (ABNT, 2010). Os tipos 
especiais de resíduos perigosos incluem: 
resíduos eletrônicos, como computadores 
em fim de vida, telefones e eletrodomésti-
cos e afins; resíduos radioativos; e resíduos de serviços de saúde, que consistem em me-
dicamentos, produtos químicos, produtos farmacêuticos, equipamentos médicos usados, 
fluidos corporais, que podem ser infecciosos, tóxicos ou radioativos ou conter bactérias e 
microrganismos nocivos; e resíduos radioativos (Figura 6). 
Os resíduos não perigosos, catalogados na Classe II, são todos os resíduos que não 
foram classificados como perigosos, isto é, não oferecem riscos à saúde humana e/ou 
apresentam características de podem colocar em risco a saúde humana e a biota. De 
acordo com a NBR 10.004, tais resíduos podem ser agrupados em duas subcategorias 
(ABNT, 2010):
Figura 05. Classificação de resíduos sólidos quanto a sua origem. Destaque para os Resíduos Sólidos 
Urbanos (RSU)
Resíduos 
Sólidos
Rurais ou Agrossilvopastoris
Construção e Demolição Fármacos vencidos
Pneus, Óleos Usados
Resíduo de tratamento de ar
Lâmpadas, Pilas, Baterias, Eletrônicos
Resíduo de Sistema de Saneamento
Varrições de áreas públicas
Animais Mortos
Rejeito de tratamento de resíduos
Feiras Livres
Portos, aeroportos, rodoviárias etc.
Sistemas de Tratamento
Especiais
Comerciais e 
Institucionais
Domiciliares
Serviços de Saúde
Transporte de 
Passageiros
Limpeza Urbana
Municipais Urbanos
Mineração
Indústrias e Agroindustriais
Fonte: elaborada pelo autor. 
Figura 06. Resíduos de Serviço de Saúde (RSS)
Fo
nt
e:
 1
23
R
F.
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Sistemas de Tratamento
2
A classificação adequada de resíduos perigosos e não perigosos é fundamental para 
garantir a segurança de seres humanos, animais e meio ambiente. Compreender os 
diferentes tipos de resíduos perigosos e não perigosos pode ajudar na tomada de de-
cisões informadas sobre a melhor forma de lidar com esses materiais. Os resíduos não 
perigosos são geralmente seguros para descarte em aterros ou outras formas de des-
carte, enquanto os resíduos perigosos requerem tratamento especial para limitar seu 
impacto potencial na saúde humana e no meio ambiente. A identificação e segregação 
adequadas de resíduos perigosos de não perigosos, ajudam a evitar a contaminação 
acidental ou a liberação no ar, água, solo ou suprimento de alimentos. Além disso, 
entender qual tipo de resíduo precisa de tratamento adicional antes do descarte pode 
reduzir os custos associados ao seu gerenciamento. Por fim, entender quando um ma-
terial é classificado como um tipo de resíduo “especial” (ou regulamentado) pode ajudar 
as instalações a cumprir os regulamentos que regem o manuseio de tais 
4.2 ETAPAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS estabelece que há necessidade de esta-
belecer um conjunto de processos para que o gerenciamento de resíduos sólidos seja 
feito de forma assertiva, possibilitando que todas as etapas, da geração à destinação 
final, sejam ambientalmente seguras (Brasil, 2010). As etapas contidas no PNRS são 
aplicáveis a todos os geradores de resíduos sólidos, compreendendoos setores público 
e privado. A seguir, conheceremos uma breve descrição de cada etapa (CURI, 2012):
Classe II-A Não internes
São aqueles que apresentam proprieda-
des como biodegradabilidade, combustibi-
lidade ou solubilidade em água. Exemplos 
de resíduos Classe II-A incluem materiais 
têxteis, restos de alimento, gessos, garra-
fas PET, lixo doméstico etc.
Classe II-B Inertes
São aqueles que, por suas características 
intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e 
que não apresentam constituintes solúveis 
em água, biodegradabilidade e combusti-
bilidade. Exemplos de resíduos Classe II-B 
incluem sucata de ferro, sucata de aço, 
areia, tijolo, isopor etc. 
 ` Coleta: a coleta adequada de resíduos sólidos é importante para a proteção da 
saúde pública, a segurança e a qualidade ambiental. É uma atividade de mão de 
obra intensiva, responsável por cerca de três quartos do custo total da gestão de 
resíduos sólidos; 
 ` Transporte: a tarefa de selecionar uma rota de coleta ideal é um problema com-
plexo, especialmente para cidades grandes e densamente povoadas. Uma rota 
ótima é aquela que resulta no uso mais eficiente de mão de obra e equipamentos. 
A seleção de tal rota requer a aplicação de análises de computador que levam em 
conta as muitas variáveis de projeto em uma rede grande e complexa. As variáveis 
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Somado ao processo de Gerenciamento de Resíduos, a PNRS também orienta, por 
meio de diretrizes e instrumentos, estratégias com intuito de amenizar a geração de 
resíduos, impactando diretamente toda a cadeia
4.4 TRATAMENTO DE RESÍDUOS
Quando se pensa a respeito do gerenciamento de resíduos sólidos, por vezes, se faz 
uma associação que o resíduo sólido é, inevitavelmente, destinado a sistemas que en-
volvem aterros sanitários ou incineração. Embora essas atividades abranjam uma parte 
importante do processo, vários elementos estão envolvidos na criação de um sistema 
de tratamento integrado de resíduos sólidos. 
Antes, entretanto, se de dispor uma forma de tratamento de resíduos, é necessário pos-
sibilitar na triagem a etapa de reciclagem. A reciclagem é o processo de conversão de 
resíduos em objetos ou materiais reutilizáveis. Ajuda a conservar os recursos naturais, 
reduzir o consumo de energia e reduzir a poluição no meio ambiente. A reciclagem pode 
incluem frequência de coleta, distância de transporte, tipo de serviço e clima. A co-
leta de lixo em áreas rurais pode apresentar um problema especial, uma vez que 
as densidades populacionais são baixas, levando a altos custos unitários. Somado 
a isso, o transporte deve ser feito por veículos devidamente preparados para as 
características de resíduos que serão transportados.
 ` Transbordo: caso o destino final do lixo não seja próximo à comunidade em 
que é gerado, uma ou mais estações de transferência (transbordo) podem ser 
necessárias. Uma estação de transbordo é uma instalação central onde o lixo de 
muitos veículos de coleta é combinado em um veículo maior, como uma unida-
de de trator-reboque. As Estações de Transbordo têm como objetivo acomodar 
um volume maior de resíduos em veículos com capacidade maior, reduzindo o 
número de viagens e de veículos necessários para transportar os resíduos até a 
destinação final. 
 ` Tratamento: uma vez coletados, os resíduos sólidos urbanos podem ser trata-
dos de forma a reduzir o volume total e o peso do material que requer disposição 
final. O tratamento altera a forma dos resíduos e facilita o manuseio. Também 
pode servir para recuperar determinados materiais, bem como energia térmi-
ca, para reciclagem ou reutilização. Formas de tratamento incluem: incineração, 
compostagem, cogeração e pirólise.
 ` Destinação final: a destinação do solo é a estratégia de gestão mais comum 
para os RSU. O lixo pode ser depositado com segurança em um aterro sanitário, 
local de descarte cuidadosamente selecionado, projetado, construído e operado 
para proteger o meio ambiente e a saúde pública. Os aterros são projetados e 
construídos com intuito de atender às características dos resíduos que estarão 
aptos a receber. Em outras palavras, isso significa que há: Aterros Sanitários 
Classe I, Aterros Sanitários Classe II-A e Aterros Sanitários Classe II-B.
https://www.britannica.com/dictionary/densities
56
Sistemas de Tratamento
2
envolver a coleta e processamento de materiais como papel, plástico, metal e vidro para 
reutilização em novos produtos.
Esgotado os meios de reciclagem de resíduos, tem-se, num segundo momento, os 
métodos de tratamento. Tais métodos são selecionados e usados com base na forma, 
composição e quantidade de resíduos. As tecnologias mais conhecidas para o tratamento 
de resíduos podem ser divididas em processos biológicos e processos físico-químicos.
A compostagem é um processo pelo qual os resíduos orgânicos são decompostos por 
microorganismos, geralmente bactérias e fungos, em formas mais simples. A degrada-
ção dos materiais contendo nitrogênio resulta na decomposição dos materiais originais 
em um produto muito mais uniforme que pode ser usado como corretivo do solo. O calor 
gerado durante o processo mata muitos organismos indesejados, como sementes de 
ervas daninhas e patógenos. As vantagens da compostagem incluem a redução do vo-
lume de resíduos, a eliminação de pragas mortas pelo calor e a geração de um material 
benéfico e comercializável (Curi, 2012)
Já o tratamento térmico de resíduos refere-se aos processos que usam calor para tratar 
resíduos. Existem, contudo, algumas técnicas de tratamento térmico de resíduos mais 
utilizadas. A incineração é um dos tratamentos de resíduos mais comuns, usado princi-
palmente como um meio de recuperar energia para eletricidade ou aquecimento (Curi, 
2012). Seu funcionamento baseia-se na oxidação térmica dos resíduos, a temperaturas 
na faixa de 800ºC. O tempo de exposição dos resíduos a essas temperaturas – também 
chamado de tempo de residência – deve ser controlado. No Brasil, a NBR 11175 (ABNT, 
1990) define os procedimentos necessários para os equipamentos destinados à inci-
neração de resíduos perigosos. A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente 
– CONAMA, nº 316 (2002) também dispõe sobre os procedimentos e critérios para o 
funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos. 
As etapas do processo incluem:
 ` Preparação do resíduo;
 ` Combustão em elevadas temperaturas;
 ` Controle dos gases através de sistemas de monitoramento, impedindo que 
saiam do sistema; 
 ` Controle do efluente, fruto da água utilizada para resfriamento do sistema; e 
 ` Manuseio e encaminhamento das cinzas para o aterro classe I.
O emprego da incineração possui algumas vantagens que incluem a rápida redução do 
volume de resíduos, redução de custos de transporte e diminuição das emissões noci-
vas de gases de efeito estufa. 
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A escolha da alternativa de tratamento a ser adotada engloba fatores como custo de 
implantação e operação, disponibilidade de aporte financeiro, quantidade e tipo de resí-
duo, necessidade de atendimento aos requisitos legais, dentre outros. Não existe uma 
única opção, nem mesmo quando já se tem algum tipo de tratamento implementado. 
Buscar novas ferramentas, processos e sistemas é fundamental para garantir redução 
de custos e menor geração de impactos decorrentes dessas atividades.
4.5 ATERROS SANITÁRIOS
Todo resíduo deve ser destinado a um ambiente adequado. Entende-se como disposição 
final ambientalmente adequada a: “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, obser-
vando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública 
e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos” (Brasil, 2010, [n. p.]).
Os aterros sanitários são, do ponto de vista econômico, a melhor forma de disposição 
final de resíduos ambientalmente adequados. Constitui-se uma estruturade engenharia 
cuidadosamente projetada, construída sobre ou sob o solo, na qual o lixo é separado 
da área ao seu redor. Assim, servem para evitar a contaminação entre os resíduos e o 
meio ambiente, principalmente as águas subterrâneas.
Dentro de um aterro, cabe ressaltar, ocorrem diversos processos físico-químicos, resul-
tando na degradação anaeróbia da fração orgânica presente. A partir desta conversão 
da matéria orgânica e sua consequente estabilização, ocorre a redução de volume, a 
produção de ácidos orgânicos e de determinados gases (CH4, CO2, NH4 etc.). Somado 
a isso, a percolação da água da chuva que se mistura com o líquido proveniente da de-
gradação orgânica gera um novo produto com grande carga orgânica e condições bem 
peculiares: é o chamado lixiviado ou chorume (Curi, 2012). 
Os lixiviados se caracterizam pela sua elevada demanda biológica e química de oxi-
gênio (DBO e DQO), bem como pela presença de ácidos orgânicos, por compostos 
nitrogenados, pela carga bacteriana, dentre outros. Dadas as suas particularidades, 
o lançamento in natura deste efluente em corpos hídricos pode acarretar em diversos 
impactos ambientais e prejuízos à saúde humana.
No Brasil, há uma série de recomendações e normativas no que tange aos aspectos 
legais de construção e operação de aterro. A Norma Técnica Brasileira – NBR 8419 
(ABNT, 1992) estabelece critérios referentes à apresentação de projetos de aterros sa-
nitários de resíduos sólidos urbanos, fixando as condições mínimas exigíveis para esse 
tipo de projeto. Dentre outros pontos, a Norma exige que o projeto apresente:
 ` Informações cadastrais referentes à empresa que está realizando a obra; 
 ` Informações sobre os resíduos a serem dispostos no aterro sanitário, em forma 
qualitativa e quantitativa;
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Sistemas de Tratamento
2
Para outros tipos de resíduos, deve-se seguir normativas específicas, a qual destaca-se 
a as normas NBR 10.157 (ABNT, 1987) e NBR 13.896 (ABNT, 1997) que estabelecem os 
critérios para projeto, construção e operação de aterros de resíduos, respectivamente, pe-
rigosos e não perigosos. Destaca-se também a NBR 15113 (ABNT, 2004), que estabelece 
os procedimentos para construção e operação de aterros de Resíduos de Construção Civil. 
CONCLUSÃO 
A poluição das águas representa um dos desafios ambientais mais urgentes da atuali-
dade, afetando não apenas a qualidade da água, mas também os ecossistemas aquá-
ticos e a vida humana. À medida que as atividades industriais, o crescimento urbano 
e a agricultura intensiva avançam, a carga de poluentes nos corpos d’água aumenta, 
exigindo uma abordagem mais eficaz para sua gestão e mitigação.
O tratamento de esgoto emerge como uma ferramenta vital para a proteção dos recur-
sos hídricos. Sistemas avançados de tratamento, como o apresentado no exemplo da 
ETE Barueri, são essenciais para processar e purificar as águas residuais antes de seu 
retorno ao meio ambiente. A eficácia desses sistemas não apenas reduz a carga de 
poluentes nos cursos d’água, mas também minimiza os riscos de doenças e promove a 
sustentabilidade dos recursos hídricos.
Simultaneamente, a gestão de resíduos sólidos desempenha um papel crucial na preven-
ção da poluição hídrica. O descarte inadequado de resíduos pode levar à contaminação dos 
corpos d’água, agravando ainda mais os problemas de poluição. Implementar práticas de 
gestão de resíduos eficazes, como a reciclagem e a compostagem, é essencial para reduzir 
a quantidade de resíduos sólidos gerados e para minimizar seu impacto ambiental.
A integração desses três aspectos – controle da contaminação hídrica, tratamento de 
esgoto e gestão de resíduos sólidos – é fundamental para alcançar um futuro susten-
tável. Políticas públicas robustas, inovação tecnológica e a conscientização e partici-
pação da comunidade são elementos-chave para enfrentar os desafios associados à 
poluição e garantir a preservação dos nossos recursos naturais.
 ` Caracterização do local destinado ao aterro sanitário, seguindo os critérios para 
seleção do local, características geológicas, geomorfológicas, climatológica, de 
água, do ar, dentre outros; 
 ` Concepção e justificativa do projeto, identificando seus objetivos e finalidades; 
 ` Descrição e especificações dos elementos do projeto necessários e obrigatórios 
em um aterro sanitário;
 ` Operação do aterro sanitário, incluindo os meios de acesso, o transporte, o con-
trole tecnológico etc.; e
 ` Definição de como se dará o uso futuro da área do aterro sanitário, após com-
pletada sua vida útil.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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perigosos - Padrões de desempenho - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.
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civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
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aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
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Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem 
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. 
CURI, D. (org.). Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012
MIHELCIC, J. R. ZIMMERMAN, J. Engenharia ambiental: fundamentos, sustentabilidade e projeto. Rio de 
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NOWACKI, C. C. B.; RANGEL, M. B. A. Química ambiental: conceitos, processos e estudo dos impactos ao 
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SANTOS, A. S. P. Tratamento de Águas Residuárias. Notas de aula – Departamento de Engenharia Sani-
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Vetores e Transmissores de Doença
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UNIDADE 3
VETORES E TRANSMISSORES DE 
DOENÇA
INTRODUÇÃO
Você sabia que as doenças transmitidas por vetores continuam a ser uma das ameaças 
mais importantes à saúde global? Após o sucesso das campanhas de erradicação dos 
vetores, a complacência e, em muitos casos, o desmantelamento das infraestruturas de 
órgão públicos de controle dos vetores levaram ao ressurgimento de muitas doenças 
transmitidas por vetores. Além disso, fatores como a resistência aos inseticidas, o 
aumento da migração humana, às alterações ambientais e a expansão do comércio 
global contribuírampara a expansão da distribuição geográfica de muitos vetores de 
doenças que antes se pensava estarem sob controle. 
O risco de epidemias emergentes ou reemergentes de doenças transmitidas por vetores é 
maior agora do que tem sido há quase meio século. Apesar de serem investidos grandes 
recursos para controlar os vetores, quer com o desenvolvimento de inseticidas quer com 
outras estratégias para o controle da população de vetores, as doenças transmitidas por 
vetores são comuns e muitas vezes mal diagnosticadas, especialmente nos países de-
senvolvidos onde se pensa que tais doenças não ocorrem (Lenzi; Faveri; Luchese, 2009). 
Esta unidade destacará vários aspectos da biologia das doenças humanas transmitidas 
por vetores, com a identificação de alguns dos principais agentes patogénicos e das 
doenças associadas que são transmitidas pelos principais vetores.
1. ASPECTOS INICIAIS 
Os artrópodes são animais invertebrados que possuem exoesqueleto quitinoso rígido 
e vários pares de apêndices, cujo número varia de acordo com a sua classe zoológica. 
Entre a Classe Insecta a ordem Díptera é de longe a mais importante no que diz respei-
to aos vetores de doenças, principalmente por causa da família Culicidae (mosquitos). 
Já na Classe Arachnida, Ordem Acari e Subordem Ixodida, os carrapatos são os segun-
dos vetores de doenças mais importantes. A maioria dos patógenos transmitidos por 
vetores são zoonoses e têm um hospedeiro reservatório vertebrado primário e um vetor 
artrópode primário que mantém o ciclo de transmissão na natureza; isso geralmente 
ocorre por transmissão horizontal, mas às vezes é facilitado pela transmissão transova-
riana ou vertical (veja mais adiante) (Baird, 2011). 
Este ciclo primário geralmente é inoperante em humanos e animais domésticos. Oca-
sionalmente, o patógeno pode ser introduzido no ambiente peridomiciliar ou urbano por 
vetores secundários ou pelo hospedeiro vertebrado, que muitas vezes estabelece um 
ciclo de transmissão secundária envolvendo outros hospedeiros vertebrados e vetores 
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artrópodes. Humanos e animais domésticos são geralmente infectados por vetores-
-ponte desses ciclos secundários e muitas vezes são hospedeiros sem saída ou inci-
dentais, não contribuindo para o ciclo de transmissão. 
Os seres humanos podem de fato desempenhar um papel anteriormente não apreciado como 
reservatório durante a transmissão de agentes patogénicos e parasitas no que é tipicamente 
referido como transmissão antropogênica (por exemplo, leishmaniose visceral causada por 
Leishmania donovani na Índia e no Sudão e Leishmania infantum chagasi no Brasil).
SAIBA MAIS
Zoonoses são doenças transmitidas de animais para humanos ou de humanos para os ani-
mais, comprovando o quanto a saúde humana e a animal estão indissoluvelmente ligadas.
Um ciclo básico de transmissão de patógenos transmitidos por vetores é mostrado na 
Figura 1. Um artrópode pode transmitir um patógeno de uma pessoa ou animal para 
outro de duas maneiras básicas.
Figura 01. Ciclos de transmissão de infecções transmitidas por vetores
Fonte: elaborada pelo autor.
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Vetores e Transmissores de Doença
3
1.1 MEIOS DE TRANSMISSÃO 
Em suma, as transmissões de doenças por vetores podem se dar por meio de dois pro-
cessos: mecânico ou biológico. A transmissão Mecânica é definida como transferência 
de um patógeno presente em aparelhos bucais contaminados ou outras partes do cor-
po. Não há multiplicação ou alteração no desenvolvimento do patógeno no inseto. Os 
exemplos incluem alguns enterovírus, bactérias e protozoários de importância humana 
e veterinária. Os insetos, como as moscas domésticas, podem ser contaminados com 
esses patógenos enquanto se alimentam de fezes e transferi-los para os alimentos. 
Parasitas como o Trypanosoma vivax (de origem africana) são transmitidos ao gado na 
América do Sul através da picada de moscas tabanídeas (Solha; Galleguillos, 2014).
A transmissão Biológica (ou horizontal) é a segunda forma mais importante de transmis-
são de doenças pelos artrópodes, pois neste caso o patógeno sofre desenvolvimento 
ou evolui no inseto vetor para completar seu ciclo de vida. Existem quatro tipos de trans-
missão biológica (Solha; Galleguillos, 2014):
 ` Propagativo: O patógeno é ingerido com um repasto sanguíneo e sofre simples 
multiplicação dentro do vetor. Exemplos são os arboviroses, que se replicam ex-
tensivamente nos tecidos do artrópode e são transmitidos a um novo hospedeiro 
na saliva quando outra refeição sanguínea é realizada. A bactéria causadora da 
peste Yersinia pestis, transmitida pela picada de pulgas infectadas, também está 
nesta categoria. 
 ` Ciclo Propagativo: O patógeno passa por um ciclo de desenvolvimento (mu-
danças de um estágio para outro) e multiplicação dentro do vetor. Exemplos clás-
sicos de transmissão ciclo propagativa incluem Plasmodium (malária), em que 
um único oocisto, formado após a gametogênese, pode dar origem a milhares de 
esporozoítos e Leishmania (leishmaniose), em que promastigotas metacíclicos 
infecciosos se desenvolvem após amastigotas teciduais mudarem para promas-
tigotas e se multiplicarem;
 ` Ciclo Desenvolvimento: O patógeno sofre alterações de desenvolvimento 
de um estágio para outro, mas não se multiplica. Com as filárias, por exem-
plo, uma única microfilária ingerida por um mosquito pode resultar em ape-
nas uma larva infectante de terceiro instar. Na maioria dos casos, entretanto, 
o número de larvas infectantes é inferior ao número de microfilárias ingeridas 
com o repasto sanguíneo;
 ` Transovariana ou Vertical: Alguns agentes de doenças virais e bacterianas são 
transmitidos do artrópode progenitor feminino através dos ovos para a prole. Se o 
patógeno infecta os óvulos em desenvolvimento, isso é denominado transmissão 
transovariana. Com algumas arboviroses, apenas a bainha ovariana e o oviduto 
são infectados; o ovo é infectado ao passar pelo oviduto e ser inseminado. Isso 
é chamado de transmissão vertical. Em ambos os casos, os estágios larvais 
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1.2 FATORES DE INFLUÊNCIA
A capacidade dos insetos de transmitir um agente depende da interação de fatores 
intrínsecos e extrínsecos complexos. O sucesso da transmissão mecânica depende do 
grau de contato que os insetos têm com os humanos e do comportamento alimentar dos 
artrópodes. Por exemplo, a mosca doméstica tem sido incriminada como vetor mecâni-
co de vários patógenos intestinais, principalmente porque esse inseto se reproduz em 
grande número, vive em contato íntimo com humanos e tem o hábito de se alimentar de 
fezes e alimentos. As moscas Tabanidae (moscas) são vetores mecânicos eficientes de 
vírus e protozoários devido à interrupção frequente da alimentação sanguínea. Certas 
moscas podem transmitir mecanicamente as bactérias que causam bouba e outras do-
enças tropicais a partir de feridas abertas (Lenzi; Luchese, 2009).
A capacidade de transmitir biologicamen-
te um patógeno varia muito entre espé-
cies de artrópodes e até mesmo entre ce-
pas geográficas ou populações isoladas 
dentro de uma espécie. Pode haver varia-
ção na suscetibilidade de infecção e sub-
sequente transmissão de um patógeno. 
Assim, por exemplo, dentro de uma única 
espécie de mosquito, é comum encontrar 
cepas geográficas que são bons e maus 
vetores. Como a competência do vetor 
(suscetibilidade à infecção, crescimento 
do patógeno e transmissão) é genetica-
mente controlada, pode-se esperar que ela mude como resultado de pressões seletivas 
sobre o patógeno ou sobre o artrópode ao longo do tempo.
Além da suscetibilidade inata à infecção, a capacidade vetorial geral é influenciada por 
outras características biológicas e comportamentais do artrópode. O grau de contato 
que a espécie tem com os humanos é influenciado pela preferência do hospedeiro para 
o repasto sanguíneo; o comportamento intrínseco dealimentação sanguínea e repouso 
do artrópode; e a densidade populacional dos hospedeiros vetores, animais e humanos. 
Longevidade, comportamento de repouso, comportamento de voo e comportamento de 
oviposição (reprodução) são fatores intrínsecos importantes que são influenciados por 
fatores ambientais extrínsecos, como temperatura, umidade, vento e chuva.
recém-eclodidos são infectados com o patógeno, que é então transmitido aos es-
tágios subsequentes de desenvolvimento do artrópode (transmissão transtadial). 
Finalmente, a transmissão venérea de certos vírus também foi documentada. Os 
mosquitos machos que são infectados e podem transferir o vírus infeccioso para 
as fêmeas do mosquito no fluido seminal durante a cópula. Estes últimos tipos 
têm alguma importância epidemiológica na infecção de humanos e animais, e na 
manutenção do patógeno na natureza.
Figura 02. Produção de alimentos
Fo
nt
e:
 1
23
R
F.
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Outros fatores extrínsecos podem influenciar a infecção de um inseto individual por um 
patógeno. Por exemplo, foi demonstrado que os mosquitos que ingerem sangue con-
tendo microfilárias e o vírus da febre do Vale do Rift têm uma taxa de infecção viral mais 
elevada porque a infecção disseminada pelo vírus é facilitada pelas microfilárias que 
escapam do intestino médio para a hemocele. Finalmente, a infecção do artrópode e a 
subsequente transmissão são influenciadas pela cepa do patógeno. Isto é especialmen-
te importante com os arboviroses, onde certas cepas ou subtipos de vírus apresentam 
maior infectividade e replicação mais rápida nos vetores. 
Quadro 01. Infecções humanas transmitidas por vetores
DOENÇA RESERVATÓRIO 
ANIMAL VETOR PRINCIPAL DISTRIBUIÇÃO 
GEOGRÁFICA
Chikungunya Primatas, huma-
nos. Mosquitos (Ae. aegypti e Ae. albopictus) África, Ásia e 
Américas
Febre de Sindbi Pássaros Mosquitos (Culex spp.)
Ásia, África, 
Austrália, Europa, 
Américas
Dengue Primatas, huma-
nos. Mosquitos (Ae.aegypti, Ae. albopictus) Em todo o mundo 
nos trópicos
Febre amarela Primatas, huma-
nos.
Mosquitos (Haemagogus e Sabethes na 
América do Sul, Ae. bromeliae na Áfri-
ca, Ae. aegypti em áreas urbanas)
África, América 
do Sul
Zicavirus Desconhecido Mosquitos (Ae. aegypti, Ae. albopictus) África, Américas
Febre do 
Vale do Rift
Gado, ovelhas, 
camelos
Mosquitos (Aedes spp; transmissão mecâni-
ca por Culex, Mansonia, Anopheles) África
Febre 
Oropouche
Preguiças, mar-
supiais, primatas, 
pássaros
Midges (Culicoides paraensis), mosquitos 
(Ae. serratus, Cx. quinquefasciatus)
América Central e 
do Sul
Peste negra ou 
bubônica Roedores Pulgas (Xenopsylla cheopis) Global
Febre maculosa 
brasileira,
Roedores Silves-
tres (capivaras), 
cães, gado, 
cavalos.
Carrapatos (Amblyomma sculptum e A. 
cajennense) Américas
Malária Primatas e hu-
manos
Mosquitos anofelinos (Anopheles gambiae, 
An. arabiensis, An. funestus, Anophe-
les spp. – África; An. querido – Brasil; An. 
dirus – Sudeste Asiático)
Global intertropical
Doença de 
Chagas
Cães, gatos, 
gambás
Percevejos triatomídeos (Rhodnius prolixus, 
Triatoma braziliensis, T. infestans , – Brasil 
e América do Sul; T. timidata, T. sanguisu-
ga – América Central e do Norte)
Américas
Leishmaniose Cães, roedores, 
marsupiais 
Flebotomíneos flebotomíneos (Phleboto-
mus spp., Lutzomyia spp.)
Ásia, África, 
Europa, Central, 
América do Sul, 
América do Norte
Fonte: elaborado pelo autor. 
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Como os artrópodes são heterotérmicos (sem capacidade de regular sua temperatura), 
a transmissão de doenças nas regiões temperadas é sazonal, geralmente ocorrendo 
apenas durante os meses mais quentes. A cessação da transmissão nessas regiões é 
geralmente determinada pela temperatura e duração do dia. Nos trópicos e subtrópicos, 
a transmissão geralmente ocorre durante todo o ano. Nestas áreas, o aumento da trans-
missão sazonal está mais frequentemente relacionado com a estação chuvosa.
Figura 03. Mosquito da Dengue
Fonte: 123RF.
2. INSETOS VETORES DE ARBOVÍRUS, PROTOZOÁRIOS E 
HELMINTOS: REVELANDO OS MENSAGEIROS MICROBIANOS 
DA NATUREZA
Na intrincada dança do mundo natural, os insetos desempenham frequentemente o 
papel de transportadores involuntários, transportando organismos microscópicos que 
podem exercer uma influência significativa sobre os ecossistemas e a saúde humana. 
Este fenómeno é particularmente pronunciado no domínio dos arbovírus, protozoários 
e helmintos – microrganismos que utilizam insetos como vetores para se propagarem 
e disseminarem.
Os arbovírus ou vírus transmitidos por artrópodes, exemplificam a capacidade da na-
tureza de explorar insetos vetores para transmissão. Mosquitos, carrapatos e fleboto-
míneos, entre outros, servem como intermediários para arbovírus, transferindo esses 
vírus entre hospedeiros durante a alimentação sanguínea. Exemplos notórios incluem 
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Vetores e Transmissores de Doença
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o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão dos vírus dengue, zika e chi-
kungunya. A intrincada relação entre os arbovírus e seus insetos vetores é uma prova 
da adaptabilidade e resiliência desses microrganismos (Solha; Galleguillos, 2014).
Os protozoários, organismos unicelulares eucariontes com diversos ciclos de vida, 
também utilizam insetos vetores para a sua disseminação. A malária, uma das princi-
pais doenças cujo agente etiológico são protozoários, depende do mosquito do gênero 
Anopheles, hospedeiro definitivo da doença e o seu vetor. O protozoário Plasmodium, 
agente causador da malária, sofre transformações complexas dentro do mosquito, des-
tacando a íntima interação entre o microrganismo e seu inseto hospedeiro. Compreen-
der esses intrincados ciclos de vida é crucial para conceber estratégias eficazes para a 
prevenção e controle de doenças.
Em contraste com o voo rápido dos mosquitos e o mundo microscópico dos protozoá-
rios, helmintos ou vermes parasitas, muitas vezes exploram insetos com hábitos mais 
arraigados. Moscas e besouros, por exemplo, podem transportar involuntariamente 
ovos ou larvas de helmintos de um ambiente para outro. Esta estratégia permite que 
os helmintos naveguem em diversos ecossistemas, expandindo o seu alcance e muitas 
vezes completando ciclos de vida complexos que envolvem múltiplos hospedeiros.
As relações entrelaçadas entre os insetos e os microrganismos que eles transportam 
representam desafios significativos para a saúde pública. A prevalência de doenças 
transmitidas por vetores sublinha a necessidade de estratégias abrangentes que inclu-
am componentes médicos e ambientais. A gestão integrada dos vetores, que inclui a 
modificação do habitat, a utilização de insecticidas e a educação comunitária, represen-
ta uma abordagem multifacetada para mitigar o impacto dos insetos vetores na saúde 
humana e animal (Solha; Galleguillos, 2014).
As alterações climáticas complicam ainda mais esta intrincada rede. Alterações na tempera-
tura, padrões de precipitação e dinâmica ecológica influenciam a distribuição e o comporta-
mento dos insetos e dos microrganismos que eles carregam. À medida que as temperaturas 
globais aumentam, a distribuição geográfica de muitos vetores expande-se, expondo poten-
cialmente novas populações a doenças transmitidas por vetores.
SAIBA MAIS
3. MIÍASE: CARACTERIZAÇÃO E PROCESSO DE INFECÇÃO
A miíase é a invasão e desenvolvimento de larvas de mosca em um animal vertebrado 
vivo. Esta invasão pode ou não estar associada à alimentação dos tecidos do “hospe-
deiro”. As moscas causadoras de miíase são representadas por uma diversidade de 
espécies. Alguns raramente estão envolvidos na miíase, enquanto para outros é o único 
modo de vida. Muitas dessas mesmas espécies de moscas também se alimentam de 
carniça. Entre as moscas, as proteínas dietéticas são necessárias para o crescimen-
to, produção de ovos e desenvolvimento. As proteínas podem ser obtidas por moscas 
adultas, por suas larvasde desafio global e uma das principais causas de opressão e mortalidade. 
A poluição pode ser definida como o acúmulo e os efeitos adversos de contaminantes 
ou outros constituintes sobre a saúde e o bem-estar humano e/ou o meio ambiente. 
Qualquer substância indesejada na forma sólida, líquida ou gasosa que causa uma 
mudança indesejável no ambiente é chamada de poluente. Os contaminantes podem 
resultar de materiais residuais produzidos a partir da atividade de organismos vivos, 
especialmente humanos. Tal mudança surge devido ao aumento da concentração da-
quela componente devido a causas naturais ou atividades humanas, nomeadamente 
a urbanização, o avanço industrial e a exploração científica, para alcançar melhores 
padrões de vida e aumento do crescimento económico. Inclusive, os poluentes podem 
provocar severa agressão à saúde humana, podendo até mesmo imitar, bloquear ou in-
terferir nos hormônios do corpo, que fazem parte do sistema endócrino. Esses produtos 
químicos estão associados a uma ampla gama de problemas de saúde e são chamados 
de disruptores endógenos
No Brasil, essa definição é redigida pela Política Nacional do Meio Ambiente (Brasil, 
1981). A referida Lei, em seu Art. 3º, item III, diz que:
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e 
econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições 
estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em 
desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (Brasil, 1981, p. 2).
Muitos contaminantes são produtos químicos, naturais ou sintéticos (feitos pelo homem). 
Os contaminantes químicos podem ocorrer no ambiente no estado sólido, líquido ou 
gasoso. Alguns contaminantes químicos comuns que chegam ao meio ambiente, com 
potencial para afetar negativamente a saúde e o bem-estar humano. Também existem 
contaminantes físicos, como partículas de poeira, calor e ruído. Existem também contami-
nantes biológicos, como micro-organismos patogênicos (Calijuri; Gasparini, 2019).
A origem da poluição pode se dar por meio de fontes pontuais ou fontes difusas. A po-
luição de fonte pontual é uma única fonte identificável de poluentes (Calijuri; Gasparini, 
2019). Por exemplo, os efluentes industriais, hospitalares e de tratamento de esgoto, 
bem como a fossa séptica, são as principais fontes pontuais de poluentes lançados nos 
corpos d’água.
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Introdução ao Saneamento
Ao contrário da poluição de fonte pontual, a poluição difusa ocorre quando substâncias 
potencialmente poluidoras são lixiviadas nas águas superficiais e subterrâneas como 
resultado das chuvas, infiltração do solo e escoamento superficial. A fonte dessa po-
luição, geralmente devido a uma atividade recente ou passada em terra, é a entrada 
generalizada de contaminantes de vários tipos. Exemplos típicos de poluição difusa 
incluem o uso de fertilizantes na agricultura e silvicultura, pesticidas de uma ampla 
gama de usos da terra, contaminantes de estradas e áreas pavimentadas e deposição 
atmosférica de contaminantes provenientes da indústria.
Figura 01. Fontes pontuais e como elas são transportadas para o meio ambiente
Indústria
Esgoto 
municipal
Galeria 
pluvial
FONTE
PONTUAL
Zona 
Portuária
Estação de 
Tratamento 
de Água
Fonte: elaborada pelo autor. 
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Análise Ambiental de Sanitária
As principais categorias de poluentes e suas vias predominantes de exposição humana 
são ilustradas no Quadro 1. Claramente, muitos dos agentes identificados no Quadro 
1 são gerados diretamente por meio de atividades humanas, como manufatura, mine-
ração ou agricultura. No entanto, a poluição também pode ser produzida a partir de 
elementos naturais, tal como vulcões em atividade sísmica. Apesar disso, é de conheci-
mento científico que as contribuições naturais são irrisórias frente a poluição antrópica 
(Calijuri; Gasparini, 2019).
FertilizantesFazendas
Agricultura
Escoamento 
urbano
FONTE
PONTUAL
Locais de 
construção 
civil
Figura 02. Fontes difusas e como elas são transportadas para o meio ambiente.
Fonte: elaborada pelo autor. 
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Introdução ao Saneamento
Muitos contaminantes são produtos químicos, naturais ou sintéticos (feitos pelo ho-
mem). Os contaminantes químicos podem ocorrer no ambiente no estado sólido, líquido 
ou gasoso. Alguns contaminantes químicos comuns que chegam ao meio ambiente, 
com potencial para afetar negativamente a saúde e o bem-estar humano. Também exis-
tem contaminantes físicos, como partículas de poeira, calor e ruído. Existem também 
contaminantes biológicos, como micro-organismos patogênicos (Baird, 2019).
2. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE
O termo ecossistema foi cunhado por Tansley, um botânico inglês em 1935 (Caliju-
ri; Gasparini, 2019). É conhecido como unidades estruturais e funcionais do ambiente 
onde os fatores bióticos e abióticos interagem entre si para formar um ecossistema 
completo. Assim podemos dizer que os ecossistemas são constituídos por dois com-
ponentes: são fatores bióticos e fatores abióticos e ambos os fatores são igualmente 
importantes para manter a estabilidade do ecossistema. 
Todos os seres vivos presentes em um ecossistema são conhecidos como componen-
tes bióticos, enquanto os componentes não vivos são conhecidos como componen-
tes abióticos, como condições físicas (temperatura, umidade, salinidade, luz solar, pH, 
etc.). A interação dos componentes bióticos e abióticos é necessária para a estabilidade 
e a ligação da cadeia do ecossistema e ambos são interdependentes um do outro para 
facilitar a sobrevivência. Por esta razão, apenas a extinção de qualquer componente 
leva a um desequilíbrio em todo o ecossistema.
Quadro 01. Contaminantes resultantes de poluição
ORIGEM / TIPO DE 
POLUIÇÃO CARACTERIZAÇÃO DO POLUENTE / CONTAMINANTE
Fontes naturais Fogo, emissões atmosféricas, atividades vulcânicas etc.
Metais Cádmio, chumbo etc.
Inorgânicos Nitrito, Nitrato etc.
Orgânicos Produtos farmacêuticos, remédios etc.
Material radioativo Polônio; Radônio; Rádio etc.
Radiação solar Radiação UV etc.
Ameaças genéticas Organismos geneticamente modificados, antibióticos resistentes a 
bactérias etc.
Patógenos Vírus, bactérias, protozoários etc.
Fonte: elaborado pelo autor. 
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Nesse tópico, iremos compreender uma descrição das estruturas e características do 
meio ambiente, pela ótica dos fatores bióticos e abióticos. 
2.1. CARACTERIZAÇÃO ABIÓTICA
A má gestão dos resíduos, o uso excessivo de recursos e o desenvolvimento descontro-
lado têm impactos negativos no meio ambiente. Esses impactos repercutem em todo o 
meio ambiente, prejudicando a qualidade do solo, da água e do ar; habitats danificados; 
e estresse para as populações de animais selvagens. Esses impactos, por sua vez, têm 
uma infinidade de efeitos diretos e indiretos sobre os seres humanos. 
Fato é que o ambiente humano está localizado na superfície da Terra e é fortemente 
dependente do continuum solo/água/atmosfera. Em última análise, esses recursos mo-
deram todas as atividades humanas, e as propriedades físicas, químicas e biológicas 
de cada componente são interativas. 
Solo
O solo é a fina camada de material que cobre grande parte da superfície da Terra. Esta 
parte frágil da pele da Terra tem frequentemente menos de um metro de espessura, 
mas é absolutamente vital para a vida humana. Tem uma textura e fragrância ricas e 
está repleta de plantas, insetos e micro-organismos.
A complexidade do solo é impulsionada por dois componentes: a arquitetura abiótica do 
solo; e a diversidade biótica, que é impulsionada e sustentada por grandes quantidades 
de energia do sol através da fotossíntese. A diversidade bacteriana no solo varia de 
2.000 a 8,3 milhões por grama de solo, dependendoou por ambos. No caso de dietas larvais, as proteínas são 
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assimiladas, armazenadas e transportadas através do estágio de pupa para posterior 
utilização pela mosca adulta em reprodução. Uma dieta larval rica em proteínas deter-
mina que haja menos necessidade de os adultos procurarem proteínas. Assim, a miíase 
é um meio de exploração de uma fonte rica em proteínas pela larva para o seu próprio 
crescimento e, em alguns casos, para reprodução do adulto.
As miíases quanto a sua origem podem ser classificadas como primárias quando a 
espécie de mosca é capaz de iniciar uma miíase e secundária quando o inseto não é 
capaz de produzir uma miíase a não ser secundariamente como a partir de uma lesão 
pré-existente no indivíduo que serão acometidos. Existem insetos que só se instalam 
em tecido exclusivamente vivo, sendo incapaz de sobreviver fora de seu hospedeiro, 
classificadas como Biontófogas, outras, classificadas como facultativas, acidentais ou 
necrobiontófagas podem desenvolver-se em material em decomposição, fezes e car-
caças de outros animais e raramente depositam seus ovos ou larvas em tecidos vivos. 
Nas miíase cutâneas, a larva, uma vez instalada na pele de seu hospedeiro, podem pro-
duzir um processo semelhante a um furúnculo, invadindo a derme ou ferimentos pré-
-existentes, causando respectivamente a miíase dérmica ou a miíase de feridas. Outro 
tipo de miíases são classificadas como cavitárias, pois suas larvas desenvolvem-se em 
cavidades naturais do corpo humano como o nariz, boca, ouvidos, olhos, vagina ou ânus.
O ciclo de vida da miíase começa com as moscas adultas depositando ovos em ou per-
to de hospedeiros adequados. As larvas eclodidas, muitas vezes equipadas com apare-
lhos bucais especializados para alimentação, infiltram-se nos tecidos vivos. A extensão 
da invasão tecidual varia dependendo da espécie e da suscetibilidade do hospedeiro. 
Em alguns casos, as larvas podem permanecer superficiais, causando miíase furuncu-
lar, enquanto em outros podem penetrar em tecidos mais profundos, levando a formas 
mais graves da doença (Baird, 2011).
Várias espécies de moscas são notórias culpadas por causar miíase. A Cochliomyia 
hominivorax, mais comumente conhecida como bicheira do Novo Mundo, é um desses 
agressores. Nativas das Américas, essas moscas depositam seus ovos em feridas 
abertas ou membranas mucosas, com as larvas resultantes alimentando-se de tecidos 
vivos. A Dermatobia hominis, ou mosca humana, é outro conhecido agente de miíase, 
utilizando mosquitos como intermediários para depositar seus ovos na pele humana. 
As larvas eclodidas penetram nos tecidos subcutâneos, causando lesões furunculares 
distintas (Baird, 2011).
A larvoterapia, também conhecida como terapia com larvas, é uma abordagem médica que 
utiliza larvas estéreis de moscas para auxiliar no processo de cicatrização de feridas. As 
larvas são aplicadas diretamente sobre a lesão, onde desempenham um papel importante 
na remoção de tecido necrótico e na promoção da limpeza da ferida. Esse método tem sido 
empregado com sucesso em casos de úlceras crônicas, feridas infectadas e lesões de difícil 
cicatrização. A larvoterapia é considerada uma alternativa eficaz e segura, contribuindo para 
a aceleração do processo de cicatrização e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
SAIBA MAIS
70
Vetores e Transmissores de Doença
3
Outros insetos também são importantes vetores de doença, destaca-se os percevejos, 
especialmente da subfamília Triatominae, são vetores do Trypanosoma cruzi, proto-
zoário causador da doença de Chagas. Amplamente distribuídos nas Américas, esses 
insetos alimentam-se de sangue e, ao picar, transmitem o parasita, resultando em uma 
infecção crônica que pode afetar órgãos vitais (Baird, 2011).
As pulgas são vetores de doenças graves como o tifo exantemático, causado pela bac-
téria Rickettsia typhi, e a peste bubônica, provocada pela bactéria Yersinia pestis. Ao se 
alimentarem do sangue de hospedeiros, as pulgas podem transmitir esses patógenos, 
desencadeando condições severas se não tratadas precocemente (Baird, 2011).
Os piolhos são pequenos insetos parasitas que infestam o couro cabeludo, corpo e 
áreas de pelos em humanos, sendo vetores da pediculose. Essa condição, embora não 
transmita patógenos diretamente, pode levar a infecções secundárias e desconforto 
significativo, sendo um problema de saúde pública, especialmente em ambientes com 
condições precárias de higiene.
Carrapatos são aracnídeos vetores de várias doenças, sendo notáveis pela transmissão 
da febre maculosa brasileira e da doença de Lyme. Ambas as enfermidades são cau-
sadas por bactérias transmitidas durante a alimentação do carrapato. A febre maculosa 
brasileira pode ser grave e fatal, enquanto a doença de Lyme é caracterizada por sin-
tomas variados, incluindo manifestações cutâneas e articulares, tendo respectivamente 
os seguintes agentes etiológicos as bactérias Rickettsia rickettsii e Borrelia burgdoferi. 
Os ácaros são responsáveis pela transmissão da sarna ou escabiose, uma infestação 
cutânea causada pelo Sarcoptes scabiei. Esses minúsculos aracnídeos escavam túneis 
na epiderme, causando intensa coceira e desconforto. Embora não transmitam patóge-
nos, a sarna é altamente contagiosa, requerendo tratamento adequado para erradica-
ção (Baird, 2011).
4. QUESTÕES ATUAIS EM SEGURANÇA ALIMENTAR COM 
REFERÊNCIA À SAÚDE HUMANA
A segurança alimentar é um problema de saúde pública cada vez mais global, uma vez 
que os seres humanos sofrem de uma infinidade de doenças transmitidas por alimen-
tos. As doenças causadas por patógenos de origem alimentar constituem um proble-
ma de saúde pública mundial. Garantir a segurança alimentar para proteger a saúde 
pública continua a ser um desafio significativo tanto nos países em desenvolvimento 
como nos desenvolvidos. Sistemas eficazes de segurança alimentar são vitais para 
manter a confiança dos consumidores no sistema alimentar e para proporcionar uma 
boa base reguladora para o comércio nacional e internacional de alimentos, que apoia 
o desenvolvimento económico. A segurança alimentar tornou-se uma preocupação in-
ternacional cada vez mais importante, uma vez que a contaminação dos alimentos cria 
um enorme fardo económico para as comunidades e para a sua saúde.
As nações em desenvolvimento estão a enfrentar mudanças rápidas no seu bem-estar e 
na sua situação social, e as tensões sobre os seus bens restritos são agravadas pela cres-
cente urbanização, pela crescente dependência de alimentos armazenados, pelo acesso 
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inadequado à água potável e a instalações 
para a produção segura de alimentos. Os 
programas de segurança alimentar estão 
progressivamente a concentrar-se numa 
metodologia do campo até à mesa como 
um método bem-sucedido para diminuir os 
riscos de origem alimentar. 
Muitos patógenos de origem alimentar 
surgiram devido a fatores relacionados 
ao estilo de vida e às mudanças políticas, 
econômicas e ecológicas. Nos países in-
dustrializados, uma em cada três pessoas 
sofre com uma doença de origem alimentar todos os anos. A globalização dos mercados 
alimentares aumentou o desafio de gerir os riscos microbianos. As tecnologias recentes, 
por exemplo, engenharia genética, irradiação de alimentos, aquecimento ôhmico e emba-
lagens modificadas, podem ser utilizadas para aumentar a produção agrícola, ampliar o 
prazo de validade ou tornar os alimentos mais seguros (Solha; Galleguillos, 2014).
4.1 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS
Microrganismos são definidos como organismos vivos microscópicos que ocorrem oni-
presentemente no meio ambiente. Embora alguns sejam inofensivos, alguns são viru-
lentos e podem causar infecções. As infecções devem-se a vários fatores, incluindo 
a violação de certas práticas básicas de higiene alimentar. Por exemplo, as doençastransmitidas por alimentos (DTA’s) são causadas por microrganismos ou toxinas trans-
mitidas através de contatos entre pessoas, animais-humanos ou entre humanos e ani-
mais e através do contato com o ambiente, como através de contatos humanos-super-
fícies ou através de equipamentos. 
Regista-se que as transmissões de infecções ocorrem direta ou indiretamente através 
de alimentos e/ou água, que, na maioria dos casos, atuam como veículos de infecção. 
A contaminação por agentes de intoxicação alimentar pode ocorrer em vários estágios 
da cadeia alimentar em produtos crus, antes da colheita, durante o abate, ou no proces-
samento ou como contaminação cruzada na cozinha pelos manipuladores de alimentos 
(Solha; Galleguillos, 2014). 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças transmitidas por 
alimentos são relatadas diariamente em todo o mundo, tanto nos países desenvolvidos 
como nos países em desenvolvimento. Outros relatórios indicaram que as doenças 
causadas por alimentos contaminados constituem um dos problemas mais extensos 
e são o principal fator de diminuição da rentabilidade monetária. A taxa de prevalên-
cia das DTA suscitou muita preocupação, uma vez que a magnitude do problema era 
anteriormente desconhecida devido à falta de dados fiáveis. Segundo a OMS, as DTA 
aumentaram e ainda mais desafiador é o ressurgimento de microrganismos resistentes 
aos medicamentos (Lenzi; Luchese, 2009).
Figura 04. Alimentos
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e:
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a) Salmonella
As infecções são geralmente rastreáveis a vários produtos alimentares derivados de car-
ne, ovos, leite e aves. Embora no passado se pense que a Salmonella estava associada 
a produtos de origem animal, os produtos frescos também têm sido fonte de grandes 
surtos, especialmente recentemente. As infecções por Salmonella podem originar-se de 
animais domésticos que contenham a bactéria; carnes e frutos do mar mal preparados; 
ou as superfícies de ovos crus, frutas ou vegetais que não foram adequadamente de-
sinfetados. Os surtos destas infecções estão associados ao consumo de carne bovina 
e foram considerados fatais, especialmente em crianças. Outros contaminantes, como 
resíduos de pesticidas ou produtos químicos ambientais, também são relatados em 
frutas e vegetais. Os exemplos incluem Bacillus, Clostridium e L. monocytogenes, que 
se diz serem introduzidos a partir do solo, bem como vírus como rotavírus e bactérias 
incluindo Shigella, Salmonella e Escherichia coli. Nos países em desenvolvimento, na 
América Latina, Ásia e África, a taxa de infecção tem sido menos documentada, mas 
estes países têm suportado o peso do problema devido à presença de uma vasta gama 
de DTA. Salmonella e Shigella são considerados os principais patógenos responsáveis 
pela maioria das doenças de origem alimentar e têm sido amplamente associados a 
diarreia, dores abdominais, náuseas e vômitos
A prevenção de doenças alimentares relacionadas à Salmonella envolve uma combina-
ção de medidas ao longo da cadeia alimentar, desde a produção até o consumo. A Sal-
monella é uma bactéria comum que pode causar infecções gastrointestinais em seres 
humanos quando ingerida através de alimentos contaminados
b) Campilobacteriose
O gênero Campylobacter inclui várias espécies, mas C. jejuni e C. coli são os principais 
responsáveis pela enterocolite humana. Campylobacter é reconhecido como uma 
das principais causas de gastroenterite aguda humana em todo o mundo. C. jeju-
ni representa 80%–90% das doenças entéricas. As espécies de Campylobacter fazem 
parte da microflora intestinal típica de animais selvagens, gado e aves. Os animais 
utilizados na produção de alimentos, incluindo aves, suínos, bovinos e ovinos, são o 
reservatório principal. Os animais de estimação da família, por exemplo, cães, gatos 
e pássaros, são reservatórios animais adicionais. Apesar de a descarga de Campylo-
bacter não estar relacionada com manifestações em aves, as doenças diarreicas são 
retratadas em mamíferos de estimação e em animais domesticados, o que contribui 
para a contaminação das águas superficiais. A ingestão de água contaminada, a inte-
ração com animais de estimação colonizados, especialmente cachorros e gatinhos, e 
o consumo de leite não pasteurizado ou de aves ou carne malcozida estão todos asso-
ciados a doenças humanas.
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As estratégias de prevenção incluem (Solha; Galleguillos, 2014):
 ` Boas Práticas de Higiene na Produção Animal: Implementar medidas de controle 
em granjas, incluindo boas práticas de criação, higiene na alimentação dos ani-
mais e controle de vetores, para reduzir a prevalência da doença nos rebanhos.
I. Boas Práticas de Produção de Alimentos:
 ` Higiene na Manipulação de Carne: Adotar boas práticas na manipulação de car-
ne, desde o abate até o processamento e embalagem, para evitar a contamina-
ção cruzada.
 ` Cozimento adequado: Cozinhar carnes, especialmente aves, completamente, 
garantindo que atinjam temperaturas internas seguras para eliminar bactérias, é 
uma prática essencial.
II. Boas Práticas de Higiene na Manipulação de Alimentos:
 ` Higiene Pessoal: Reforçar práticas de higiene pessoal entre trabalhadores na 
indústria alimentícia, destacando a importância da lavagem frequente das mãos 
e o uso de utensílios e superfícies limpas.
 ` Evitar a Contaminação Cruzada: Evitar a contaminação cruzada em cozinhas e 
locais de preparo, mantendo áreas de preparação distintas para alimentos crus e 
cozidos, além de utensílios e superfícies limpas.
III. Consumo de Produtos Lácteos Pasteurizados: Incentivar o consumo de leite e 
produtos lácteos pasteurizados, pois a pasteurização elimina bactérias causadoras 
de doenças,
IV. Controle da Qualidade da Água: garantir que a água utilizada na produção 
de alimentos e no consumo humano seja tratada adequadamente para prevenir 
a contaminação;
V. Educação e Conscientização: fornecer informações educativas ao público sobre 
os riscos associados à Campilobacteriose e as práticas seguras de manuseio e 
preparo de alimentos.
VI. Monitoramento e Regulação: estabelecer regulamentações e programas de mo-
nitoramento para garantir que os padrões de segurança alimentar sejam seguidos 
por produtores, processadores e vendedores de alimentos.
VII. Vigilância Epidemiológica: implementar sistemas de vigilância epidemioló-
gica para monitorar casos de Campilobacteriose e identificar fontes potenciais 
de contaminação.
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Vetores e Transmissores de Doença
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A prevenção eficaz da Campilobacteriose requer uma abordagem abrangente que 
abranja a produção animal, o processamento de alimentos, a higiene na manipulação 
de alimentos e a educação pública. A colaboração entre setores da indústria alimentar, 
autoridades de saúde e consumidores desempenha um papel crucial na minimização 
do risco de infecção por Campilobacteriose e na promoção da segurança alimentar.
c) Brucelose
A brucelose é outra DTA que suscitou preocupação. Ocorre em todo o mundo; no en-
tanto, na América do Norte e na Europa Ocidental, foi relatado que os incidentes dimi-
nuíram devido à vigilância rigorosa e à aplicação do sistema de análise de perigos e 
pontos críticos de controle (HACCP). No entanto, a doença continua a ser um impor-
tante problema de saúde nos Países mediterrânicos (Egito, Grécia, Itália, Marrocos e 
Tunísia), Médio Oriente (Iraque, Irão e Arábia Saudita), México, Peru e algumas regi-
ões da China e da Índia. V. parahaemolyticus está listado como outro patógeno que 
causa gastroenterite aguda. Nos países em desenvolvimento, especialmente na África, 
o microrganismo constitui um grupo de patógenos que causam diarreia persistente. 
Outros organismos que tem como principal expressão clínica a diarreia, inclui Giar-
dia lamblia, Cryptosporidium sp., e Entamoeba histolytica. Esses protozoários afetam 
principalmente crianças e pessoas com imunidade prejudicada. Ingestãode água in-
devidamente potabilizada, carne e vegetais crus e não cozidos são as principais vias 
de transmissão. Outros parasitas transmitidos através da carne crua ou mal cozida in-
cluíam Trichinella spiralis , Taenia solium e Taenia saginata (Solha; Galleguillos, 2014). 
A DTA mais recente é a gripe aviária. Segundo a OMS, o vírus, que ataca as aves, é alta-
mente patogênico. A gripe começou na Ásia, migrou para a Europa e, mais recentemente, 
migrou para a África. Foi relatado que o vírus infecta seres humanos através do contato 
com aves infectadas, vivas ou mortas. A exposição também pode ter ocorrido quando o ví-
rus foi inalado através de poeira e possivelmente através do contato com superfícies con-
taminadas. O vírus da gripe aviária foi encontrado nos tratos respiratório e gastrointestinal 
de aves infectadas e não na carne. Independentemente disso, a informação acessível 
demonstrou que vírus profundamente patogénicos, por exemplo, a estirpe H5N1, podem 
ter sido disseminados através de canais de comercialização e distribuição, uma vez que 
a baixa temperatura era propícia para vírus (Solha; Galleguillos, 2014).
A H5N1 refere-se a uma cepa específica do vírus da influenza, popularmente conhecida 
como gripe aviária ou influenza aviária. Essa cepa é altamente patogênica para as aves, 
especialmente as aves domésticas, e pode causar doenças graves e mortalidade em popu-
lações aviárias. Além disso, a H5N1 ganhou atenção significativa devido ao seu potencial 
zoonótico, ou seja, a capacidade de transmitir-se de animais para humanos, podendo resultar 
em infecções graves e até fatais em seres humanos.
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A prevenção da brucelose envolve medidas tanto no âmbito da produção animal quanto 
na manipulação e consumo de alimentos, que incluem:
I. Controle em Rebanhos:
 ` Monitoramento Veterinário: Implementar programas regulares de monitora-
mento veterinário para detectar e controlar a brucelose em rebanhos. Isso pode 
envolver testes de diagnóstico em animais suspeitos.
 ` Vacinação: Em alguns países, a vacinação de animais de criação contra a bru-
celose é uma estratégia importante para reduzir a prevalência da doença nos 
rebanhos.
II. Boas Práticas de Produção:
 ` Higiene na Ordenha: Adotar boas práticas de higiene durante o processo de or-
denha, garantindo a limpeza adequada dos equipamentos e a saúde dos animais.
 ` Separação de Animais Doentes: Isolar animais suspeitos ou diagnosticados 
com brucelose para evitar a disseminação da bactéria.
III. Inspeção e Controle de Alimentos:
 ` Inspeção Veterinária: Reforçar a inspeção veterinária em abatedouros e pro-
cessadores de alimentos para garantir que produtos de origem animal estejam 
em conformidade com normas sanitárias.
 ` Pasteurização: Incentivar o consumo de produtos lácteos pasteurizados, uma 
vez que a pasteurização elimina a bactéria causadora da brucelose.
IV. Educação e Conscientização:
 ` Informação ao Produtor: Fornecer informações educativas aos produtores so-
bre a brucelose, seus riscos e medidas preventivas.
 ` Conscientização do Consumidor: Educar o público sobre a importância de 
consumir produtos lácteos pasteurizados e os riscos associados ao consumo de 
alimentos crus ou não processados.
V. Medidas de Controle em Áreas Endêmicas:
 ` Restrição de Movimentação: Em áreas onde a brucelose é endêmica, podem 
ser implementadas medidas de restrição de movimentação de animais para evi-
tar a disseminação da doença entre rebanhos.
 ` Testes e Abate seletivo: Realizar testes regulares em animais, com abate sele-
tivo daqueles diagnosticados positivos para brucelose.
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Vetores e Transmissores de Doença
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VI. Cuidados no Trabalho Agrícola:
 ` Equipamento de Proteção: Fornecer equipamento de proteção adequado aos 
trabalhadores agrícolas que lidam com animais, especialmente durante o parto, 
quando a transmissão da bactéria é mais provável.
 ` A prevenção eficaz da brucelose exige uma abordagem abrangente que envolva 
ações em todas as etapas da produção animal, desde a criação e manejo dos 
rebanhos até a produção e consumo de alimentos. A cooperação entre produto-
res, veterinários, autoridades de saúde e consumidores desempenha um papel 
fundamental na redução do impacto da brucelose tanto na pecuária quanto na 
saúde pública.
d) Escherichia coli
A Escherichia coli (E. coli), é uma bactéria comumente encontrada no intestino huma-
no e de outros animais homeotermos. A maioria das cepas de E. coli são inofensivas, 
desempenhando papéis benéficos na digestão e na síntese de vitaminas. No entanto, 
algumas cepas podem ser patogênicas, causando doenças gastrointestinais em hu-
manos. Entre as cepas patogênicas de E. coli, destaca-se a E. coli enteropatogênica 
(EPEC), a E. coli enteroinvasiva (EIEC), a E. coli enterotoxigênica (ETEC), a E. coli pro-
dutora de toxina Shiga (STEC), conhecida também como E. coli O157:H7, e outras. A 
STEC, em particular, é associada a casos graves de doença, podendo levar à síndrome 
hemolítica e uremica (SHU) (Solha; Galleguillos, 2014).
A principal via de transmissão da E. coli patogênica para humanos está relacionada ao 
consumo de alimentos ou água contaminados. Alguns veículos alimentares estão mais 
frequentemente associados à transmissão dessa bactéria (Solha; Galleguillos, 2014).:
 ` Carnes mal cozidas: Carnes mal cozidas, especialmente carne moída, repre-
sentam um veículo comum de transmissão da E. coli patogênica. O consumo de 
carne mal cozida ou malcozida pode expor os consumidores ao risco de infecção.
 ` Vegetais Contaminados: Vegetais crus ou mal lavados, como alface, espinafre 
e tomates, podem ser veículos de transmissão, principalmente quando irrigados 
ou lavados com água contaminada.
 ` Leite não pasteurizado: O consumo de leite não pasteurizado ou produtos 
lácteos feitos a partir dele também representa uma fonte potencial de infecção 
por E. coli.
 ` Água Contaminada: Água contaminada por esgoto ou de fontes poluídas pode 
veicular a bactéria, sendo uma rota de transmissão importante, especialmente 
em áreas com falta de saneamento básico.
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A prevenção da infecção por E. coli patogênica envolve práticas seguras de manipulação 
e preparação de alimentos, bem como a promoção da higiene pessoal. A pasteurização 
do leite e a prática de cozinhar carnes completamente são medidas eficazes na redução 
do risco de infecção. O entendimento dos veículos de transmissão da E. coli patogênica 
é essencial para a implementação de estratégias eficazes de controle e prevenção. A 
vigilância constante, práticas de higiene rigorosas e regulamentações sanitárias são 
instrumentos fundamentais na mitigação dos riscos associados a essa bactéria poten-
cialmente patogênica (Lenzi; Luchese, 2009).
e) Riscos químicos
Os compostos sintéticos são uma fonte crítica de doenças de origem alimentar, apesar 
do facto de os impactos serem geralmente difíceis de associar a um alimento específi-
co. Os compostos químicos podem entram na cadeia alimentar, quer devido à sua exis-
tência no ambiente através de contaminação inesperada dos alimentos, quer devido à 
sua utilização propositada ao longo da cadeia de produção alimentar. Na maior parte, os 
poluentes industriais são contaminantes inesperados dos alimentos; portanto, mesmo 
que regulamentado, pode ser difícil de controlar (Baird, 2011). 
Os produtos químicos utilizados na agricultura são aplicados intencionalmente na terra 
ou nas culturas durante a produção, pelo que a sua utilização pode ser controlada. Al-
guns compostos químicos nocivos podem estar presentes naturalmente nos alimentos e 
na natureza. Os produtos químicos que ocorrem naturalmente são geralmente incorpo-
rados nas plantas pelos tóxicos químicos dos alimentos; por exemplo, glicoalcalóides; 
contaminantes naturais, por exemplo, micotoxinas e toxinas marinhas; e contaminantesambientais, como mercúrio, chumbo, radionuclídeos e dioxinas. A oferta alimentar é 
aumentada pela incorporação de aditivos e suplementos alimentares (vitaminas e mi-
nerais essenciais, pesticidas e resíduos de medicamentos veterinários), mas deve-se 
garantir que cada um desses usos seja seguro. 
A contaminação dos alimentos por produtos químicos pode influenciar o bem-estar após 
uma única exposição ou, mais frequentemente, após uma exposição prolongada. No 
entanto, as consequências para a saúde da exposição a compostos químicos nos ali-
mentos não são claramente compreendidas (Baird, 2011).
4.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE SEGURANÇA ALIMENTAR
Até 2006, o regime de segurança alimentar era regulamentado por legislação e regula-
mentos esparsos de diferentes órgãos governamentais, principalmente associados ao 
Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), ao Ministério da Saúde, ao Ministério do 
Desenvolvimento e ao Ministério do Meio Ambiente, que geralmente fornecem diretrizes 
de melhores práticas com as medidas sanitárias necessárias., segurança e condições 
ambientais para a produção de alimentos.
A Lei nº 11.346/2006 (Brasil, 2006) e a criação do Conselho Nacional de Segurança Ali-
mentar e Nutricional, representado pelos ministérios, com a participação da sociedade 
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Vetores e Transmissores de Doença
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civil organizada, elaboraram e aprovaram programas, ações e políticas governamentais, 
visando garantir a saúde da população brasileira e abastecimento alimentar sustentável.
O Plano Nacional de Segurança Alimentar 2016–2019 (PLASAN) previu objetivos e me-
tas que vão desde o acesso a alimentos saudáveis até à redução da obesidade, melhor 
controlo do uso de pesticidas e apoio à agricultura familiar, entre outros objetivos de 
longo prazo. O PLASAN e a sua comissão executiva (o Conselho de Segurança Alimen-
tar e Nutricional) foram extintos pelo governo. 
O controle da segurança de toda a cadeia de abastecimento alimentar é realizado por 
agências e organismos governamentais multilaterais que têm jurisdição conjunta sobre a 
produção, fabrico ou processamento, armazenamento e distribuição de alimentos. Além 
disso, existem várias agências de defesa do consumidor relacionadas com o Ministério 
da Justiça, responsáveis pelo controle da regulamentação alimentar relacionada 
com o consumidor, incluindo disposições de segurança, informação nutricional, 
rotulagem e publicidade.
A violação dessas leis expõe as empresas a responsabilidades criminais, civis e admi-
nistrativas, que podem ser graves, incluindo questões de segurança, sanitárias e de 
direito do consumidor.
De acordo com a legislação aplicável, à violação das normas de segurança alimentar 
expõe as empresas às seguintes penalidades:
 ` Ordem de desligamento cautelar com depósito dos produtos sob fiscalização;
 ` Ordem de busca e apreensão, descarte ou destruição na forma da lei; e
 ` Penalidade pecuniária, cujo valor pode depender da gravidade da infração e do 
porte da empresa.
4.3 SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR
O Sistema de Gestão da Segurança Alimentar é definido como um grupo de progra-
mas, procedimentos e medidas para prevenir DTAs, controlando ativamente os riscos e 
perigos ao longo do fluxo de alimentos. Os sistemas de segurança alimentar abordam 
questões relacionadas ao saneamento básico e às condições de operação, que incluem 
programas de higiene pessoal, seleção de fornecedores e programas de especifica-
ção de alimentos. Isto diz respeito à Comissão do Codex Alimentarius, um organismo 
internacional criado pela OMS com o objetivo de garantir a segurança do consumidor 
e práticas justas no comércio de alimentos. A Comissão do Codex Alimentarius e os 
Comitês de Higiene Alimentar envidaram esforços para esclarecer princípios de higiene 
alimentar, elucidando a lógica por trás desses princípios e fornecendo exemplos de 
como os princípios devem ser aplicados (Solha; Galleguillos, 2014).
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Os sistemas de gestão da segurança alimentar também implicam um controle de gestão 
ativo, que gere o risco de segurança alimentar e centra-se nos cinco fatores de risco 
mais comuns responsáveis pelas DTA, conforme identificados pelo órgão deliberativo. 
Os pontos incluem a compra de alimentos de fontes inseguras, a falta de cozimento 
adequado dos alimentos, a manutenção dos alimentos em temperaturas inadequadas, 
o uso de equipamentos contaminados e a prática geral de má higiene pessoal.
Vários sistemas que abordam a segurança alimentar são implementados em diferentes 
países. Esses sistemas incluem o Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) 
ou Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos, que garante serviços de qualidade 
e entrega de produtos em todo o fluxo alimentar, e a Organização Internacional de Nor-
malização (ISO), o maior desenvolvedor mundial de normas internacionais voluntárias. 
Os padrões ISO estão relacionados a diferentes campos, como segue:
ISO 9000: Padrão de Gestão da Qualidade
ISO 14000: Norma de Gestão Ambiental
ISO 22000: Norma de Gestão de Segurança Alimentar
ISO 17025: Norma de Gestão de Laboratório
A norma mais relevante para este estudo é a ISO 22000, relacionada à Norma de Ges-
tão de Segurança Alimentar. Os padrões de higiene alimentar, que estão em vigor em 
muitas instituições, incluem os regulamentos gerais de higiene e segurança alimentar 
e os padrões da Comissão do Codex Alimentarius da Organização para a Alimenta-
ção e Agricultura (FAO)/OMS. Embora o HACCP tenha sido introduzido como uma das 
melhores medidas de segurança alimentar, o sistema é visto como caro e difícil de 
implementar devido à falta de capacidade, e os processos longos, que muitas institui-
ções consideram, são tediosos e fora do seu alcance devido a dificuldades e restrições 
financeiras. Recentemente, a certificação ISO surgiu com a certificação de instituições 
que atendem aos padrões estabelecidos para gestão de diversas atividades em uma 
organização. Uma breve olhada na ISO 22000 deu uma compreensão mais clara dos 
sistemas de gestão.
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A ISO 22000, uma padronização interna-
cional também conhecida como sistema 
genérico de gestão de segurança alimen-
tar, foi projetada especificamente para ser 
usada para fins de certificação ou regis-
tro, principalmente porque um auditor cre-
denciado registrou formalmente uma ins-
tituição se ela estivesse em conformidade 
com os requisitos do sistema. O sistema 
descreve de forma abrangente um con-
junto de requisitos gerais de segurança 
alimentar que se aplicam a todas as orga-
nizações da cadeia alimentar. Neste con-
texto, a cadeia alimentar é explicada como um esboço completo envolvido da criação ao 
consumo de produtos alimentares. Isto inclui todas as etapas, desde a produção inicial 
até o consumo final, e envolve produção, processamento, distribuição, armazenamento 
e manuseio de todos os ingredientes alimentares. No entanto, uma vez que a cadeia 
alimentar também inclui as organizações que não manuseiam diretamente as matérias-
-primas utilizadas na produção de alimentos, várias categorias de organizações estão 
incluídas no fluxo alimentar:
Figura 05. Segurança alimentar
Fo
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e:
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R
F.
 ` Produtores primários: Fazendas, pesqueiros, fazendas, laticínios
 ` Processadores: peixes, carnes, aves, rações
 ` Fabricante: Pão, sopa, lanche, cereais, alimentos enlatados
 ` Fornecedores de serviços de alimentação: restaurantes, lanchonetes, hospi-
tais, companhias aéreas, navios de cruzeiro
 ` Lares de idosos, alojamentos para idosos, mercearias
 ` Outros prestadores de serviços, incluindo prestador de serviços de armazena-
mento, prestador de serviços de catering, transporte, prestador de serviços de 
saneamento, prestador de serviços de limpeza, entre outros
A ISO 22000 utiliza políticas e estruturas definidas pelo HACCP. O sistema, portanto, 
está envolvido na identificação, prevençãoe controle de perigos à segurança alimentar. 
Isto implica que a ISO lide de forma abrangente sobre como conduzir um perigo de 
segurança alimentar, identifica pontos críticos de controle (CCPs), estabelece limites 
para cada CCPs, desenvolve procedimentos para monitorar os CCPs, projeta uma ação 
corretiva para lidar com violações críticas de limites, cria manutenção de registros de 
segurança alimentar. e valida e verifica o sistema.
Os limites críticos de controle definem um conjunto de valores que separam a aceitabi-
lidade da inaceitabilidade. Esses parâmetros, segundo o CDC, se mantidos dentro dos 
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limites permitidos confirmam a segurança dos produtos alimentícios. Em outras palavras, 
os pontos críticos de controle fornecem um nível de tolerância no fluxo de alimentos. Por 
exemplo, análises de pontos de controle críticos verificaram a temperatura ideal para 
cada etapa do fluxo de alimentos e a duração necessária para qualquer etapa dos proce-
dimentos de produção de alimentos. As perguntas feitas nessas análises incluem como, 
onde, quando e quem. “Como” define a metodologia utilizada para monitorar o limite críti-
co, “onde” define o local para a realização da atividade, “quando” define o tempo ou frequ-
ência da atividade e “quem” define a responsabilidade pela realização do monitoramento.
CONCLUSÃO
Esta unidade proporcionou uma compreensão abrangente sobre os vetores e a trans-
missão de doenças, abordando a complexidade das interações entre organismos e 
seus impactos na saúde humana. Discutimos como insetos vetores, como mosquitos e 
carrapatos, são responsáveis pela disseminação de arbovírus, evidenciando a impor-
tância de estratégias eficazes de controle e prevenção para minimizar a propagação de 
doenças como dengue, zika e chikungunya. Além disso, exploramos o papel dos proto-
zoários e helmintos na transmissão de doenças parasitárias, ressaltando a necessidade 
de práticas de higiene e medidas de saúde pública para combater essas infecções.
No contexto da segurança alimentar, examinamos as implicações das doenças trans-
mitidas por alimentos e a importância da legislação para garantir práticas seguras na 
produção e manejo de alimentos. A legislação desempenha um papel crucial na pre-
venção de surtos e na proteção da saúde pública, e é essencial que as diretrizes sejam 
seguidas rigorosamente para minimizar os riscos de contaminação e garantir a qualida-
de dos alimentos consumidos. A integração de conhecimento sobre vetores, doenças 
e segurança alimentar é fundamental para promover uma abordagem holística e eficaz 
na saúde pública.
Concluímos que, para enfrentar os desafios impostos pelos vetores e garantir a segu-
rança alimentar, é necessário um esforço coordenado entre os profissionais de saúde, 
pesquisadores, legisladores e a comunidade em geral. Somente com uma abordagem 
integrada e informada é possível avançar na prevenção e controle de doenças, prote-
gendo a saúde e o bem-estar da população.
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Vetores e Transmissores de Doença
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAIRD, C. Química ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. 
BRASIL. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutri-
cional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências.
LENZI, E.; FAVERO, L. O. B.; LUCHESE, E. B. Introdução à química da água: ciência, vida e sobrevivência. 
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2009.
SOLHA, R. K. T.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Vigilância em saúde ambiental e sanitária. 1. ed. São Paulo: 
Érica, 2014.
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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UNIDADE 4
SUSTENTABILIDADE E A AGENDA 
AMBIENTAL
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, exploraremos uma abordagem abrangente sobre os desafios ambientais 
que moldam nosso mundo contemporâneo. O foco recai sobre temas críticos, incluin-
do a legislação ambiental aplicada aos recursos hídricos, a problemática da poluição 
atmosférica e as complexidades das mudanças climáticas. Ao mergulharmos nessas 
questões, entenderemos a interseção crucial entre legislações ambientais, práticas de 
sustentabilidade e os princípios ESG (Environmental, Social and Governance).
Abordaremos a importância vital dos recursos hídricos e as legislações que buscam 
preservar e gerenciar esses preciosos ativos. Exploraremos as diretrizes legais que 
moldam o uso responsável da água, considerando não apenas as necessidades ime-
diatas, mas também a sustentabilidade a longo prazo.
Analisaremos os efeitos nefastos da poluição atmosférica, destacando as regulamen-
tações que visam mitigar seus impactos prejudiciais. Examinaremos as práticas e tec-
nologias emergentes que buscam reduzir as emissões nocivas, promovendo ambientes 
mais saudáveis e equilibrados.
Investigaremos as complexidades das mudanças climáticas, explorando as iniciativas 
globais e as respostas locais para enfrentar esse desafio. Entenderemos como as legis-
lações ambientais e os princípios ESG desempenham um papel crucial na adaptação a 
um clima em constante transformação.
Analisaremos as legislações ambientais como um pilar fundamental para promover prá-
ticas sustentáveis. Discutiremos como as leis moldam o comportamento corporativo e 
incentivam a responsabilidade ambiental, proporcionando uma base legal para a busca 
da sustentabilidade. 
Por fim, iremos explorar os princípios ESG, que abrangem as dimensões Ambiental, So-
cial e de Governança. Entenderemos como as empresas e organizações podem adotar 
esses princípios para promover a sustentabilidade, gerenciar riscos e contribuir para um 
mundo mais equitativo.
Ao longo deste capítulo, convidamos você a refletir sobre as interconexões entre legis-
lações ambientais, práticas sustentáveis e a visão ESG, reconhecendo o papel vital que 
desempenham na construção de um futuro mais resiliente e equilibrado.
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1. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA A RECURSOS 
HÍDRICOS
No contexto político do Brasil da década de 1930, as necessidades e interesses coleti-
vos estavam associados aos dos setores industriais, o que supostamente beneficiaria 
todo o povo. Assim, a legislação, incluindo o código da água, deve promover o desen-
volvimento de indústrias e outros sectores estratégicos (como a geração e distribuição 
de energia) sob o controle do governo federal. O Código de Águas foi seguido por pro-
jetos de lei que estimulavam a mineração, o processamento de aço, a indústria química 
e outras atividades econômicas.
Na segunda metade do século XX, acompanhando as preocupações globais com a 
conservação ambiental, o Brasil editou sua Política Nacional do Meio Ambiente (Brasil, 
1981) e a nova Constituição Federal (Brasil, 1988) que continha um capítulo inteiro 
sobre meio ambiente. Esses dois marcos legais estabeleceram que os corpos hídricos 
seriam de domínio público (nos níveis federal, estadual e municipal) e que a regulamen-
tação hídrica seria feita principalmente pelo governo federal; outras instâncias tiveram 
papel complementar, apesar das competências comuns de proteger o meio ambiente, 
evitar a poluição das águas, promover a recuperação ambiental e a fiscalização.
Uma mudança importante introduzida pela Constituição Federal de 1988 foi a respon-
sabilidade federal de criar um sistema nacional de gestão dos recursos hídricos e de 
definir critérios para os direitos de uso e outorgas de água. Essa parte da Constituição 
Federal deu origem à Lei nº 9.433/1997, de 8 de janeiro de 1997 (Brasil, 1997), que 
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e criou o Sistema Nacional 
de Gestão de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação desta lei, o país terá 
um instrumento legal para garantir às gerações futuras a disponibilidade de recursos 
hídricos, colocandoo Brasil entre os países com legislação avançada no setor hídrico.
1.1 POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
A Lei nº 9.433/1997 é o marco regulatório para a gestão das águas no Brasil e segue 
basicamente os modelos implementados em outros países. Os fundamentos desta lei 
pressupõem que a água é um bem de domínio público e um recurso natural limitado do-
tado com valor econômico; o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano 
e dessedentação dos animais; a gestão dos recursos hídricos deve sempre prever o uso 
múltiplo da água; a bacia hidrográfica é a unidade territorial de implementação do PNRH; 
e a gestão dos recursos hídricos deve ser participativa e envolver o governo, os usuários 
e as comunidades. Outros fundamentos complementares reconhecem que a cobertura 
florestal (matas ciliares) tem um papel crítico para a conservação dos recursos hídricos 
(conforme regulamentado pelo Código Florestal (Brasil, 2012) e que os recursos hídricos 
devem ser geridos em termos de quantidade e qualidade, de forma equilibrada.
As diretrizes do PNRH propõem que os recursos hídricos sejam geridos de forma inte-
grada, sujeitos a ajustes locais/regionais considerando as diversidades físicas, bióticas, 
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diferentes partes do país. Além dis-
so, a gestão hídrica e ambiental deve ser integrada, considerando os setores usuários, 
o planejamento regional, estadual e nacional, e sua articulação com o do uso do solo. 
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
4
Finalmente, a gestão da bacia hidrográfica deve ser integrada com a gestão da zona 
costeira. O PNRH apresenta um conjunto de ferramentas que serão descritas nas pró-
ximas seções. Incluem: (i) os Planos de Recursos Hídricos (PRH); (ii) o enquadramento 
dos corpos hídricos em classes de usos predominantes; (iii) a concessão de direitos de 
uso de recursos hídricos; (iv) a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; (v) a compen-
sação aos municípios; (vi) o Sistema de Informação sobre Recursos Hídricos. Abaixo, 
veremos uma breve explicação sobre os quatro primeiros itens.
I. Planos de Recursos Hídricos: são planos diretores que visam apoiar e impul-
sionar a implementação do PNRH e a gestão dos recursos hídricos. Consistem em 
planos de longo prazo, contendo: diagnóstico do estado atual dos recursos hídri-
cos; análise de alternativas de crescimento demográfico, evolução das atividades 
econômicas e mudanças nos padrões de ocupação do solo; avaliação do equilíbrio 
entre disponibilidade e demandas futuras de recursos hídricos (em quantidade e 
qualidade), identificando potenciais conflitos; metas de aumentar o uso racional e a 
quantidade de água e melhorar a qualidade dos recursos hídricos disponíveis; pro-
gramas e projetos a serem implementados; prioridades para a outorga de direitos 
de uso de recursos hídricos; diretrizes e critérios para cobrança pelo uso de recur-
sos hídricos; propostas para a criação de áreas sujeitas a restrições de uso, a fim 
de garantir a proteção dos recursos hídricos.
II. Enquadramento: O PNRH estabelece o enquadramento dos corpos hídricos 
em classes, de acordo com os usos predominantes, com o objetivo de garantir 
uma qualidade da água compatível aos usos mais restritivos e reduzir os custos 
de controle e mitigação da poluição. Atualmente, o enquadramento é regulamen-
tado pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (CONAMA, 2005), que estabelece 
que o enquadramento do corpo hídrico deve ser baseado não necessariamente 
no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que deverá ter para atender às 
necessidades das comunidades. O PNRH estabelece ainda que a outorga de di-
reito de uso de recursos hídricos deverá respeitar a classe em que se enquadra 
o corpo hídrico. A Resolução nº 357/2005 também estabelece classes para águas 
doces, salobras e marinhas – cinco classes de águas: especiais e classes 1 a 4, 
como mostra a Figura 1.
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Análise Ambiental de Sanitária
Figura 01. Enquadramento dos corpos hídricos 
III. Concessão de direitos de uso de recursos hídricos A outorga de direito de uso de 
recursos hídricos é uma autorização que o poder público concede, em condições e 
prazos determinados, a qualquer agente público ou privado para explorar a água com 
fins econômicos. Esta outorga visa assegurar o controle da quantidade e qualidade 
dos usos da água e a efetivação dos direitos de acesso à água. Os seguintes usos 
da água necessitam de outorga pelo poder público: (1) derivação ou captação de par-
cela da água de corpo hídrico para consumo final; (2) extração de água de aquífero 
subterrâneo para consumo doméstico ou atividade económica; (3) lançamento de 
esgoto e outros resíduos, tratados ou não, em corpo hídrico, para fins de diluição, 
transporte ou disposição final; (4) produção de hidroeletricidade ; (5) e outros usos 
que possam alterar o regime, a quantidade ou a qualidade da água de um corpo hí-
drico. A outorga deverá estar condicionada às prioridades de uso definidas nos PRA 
e deverá estar em consonância com a respectiva classe de água. Além disso, deve 
considerar a preservação dos múltiplos usos da água. A concessão poderá ser sus-
pensa em consequência de algumas condições: (1) descumprimento dos termos da 
concessão; (2) ausência de uso por três anos consecutivos; (3) necessidade urgente 
de água para lidar com situações de calamidade, incluindo aquelas decorrentes de 
condições climáticas adversas; (4) a necessidade de prevenir ou reverter a grave 
degradação ambiental; (5) a necessidade de atender usos prioritários de interesse 
coletivo, para os quais não há fontes alternativas disponíveis; (6) a necessidade de 
manutenção das características de navegabilidade do corpo hídrico.
Fonte: https://sigrh.sp.gov.br/enquadramentodoscorposdagua. Acesso em: 31 jul. 2024. 
CLASSES DE ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D’ÁGUA
Uso das águas doces
Classes de enquadramento dos corpos de água segundo as categorias, em águas doces (fonte Resolução CONAMA nº 
357/2005) [adaptado de 4 e 12].
1 2 3 4
Preservação do equilíbrio natural 
das comunidades aquáticas
Após tratamento 
simplificado
Após tratamento 
convencional
Hortaliças, frutíferas, 
parques, jardins, 
campos de esporte
Culturas arbóreas, 
cerealíferas e forrageiras
Após tratamento 
conv. ou avançado
Mandatório em 
Terras Indígenas
Hortaliças 
consumidas 
Proteção das comunidades 
aquáticas
Recreação de contato 
secundário
Aquicultura
Irrigação
Harmonia paisagística
Recreação de contato 
primário
Pesca
Navegação
Abastecimento para consumo 
humano
Dessedentação de animais
ESPECIAL
Mandatório em UC 
de Proteção Integral
Após 
desinfecção
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é responsável por estabelecer os critérios 
gerais para outorga e cobrança pelos usos da água. Os comitês de bacias hidrográfi-
cas deverão estabelecer os mecanismos de cobrança pelos usos da água e sugerir os 
valores. Os órgãos de águas deverão executar os planos e funções conferidos pelos 
comitês de bacias hidrográficas, inclusive a utilização da administração dos recursos 
econômicos gerados pela cobrança do uso dos recursos hídricos. Um esquema que 
descreve como as águas deveriam ser geridas no Brasil, incluindo os papéis dos princi-
pais agentes, é apresentado na Figura 2
IV. Cobrança pelo uso de recursos hídricos: A cobrança pelo uso dos recursos hí-
dricos considera a água como um bem econômico e alerta os usuários sobre o seu 
real valor, estimula o uso racional da água e obtém recursos econômicos para finan-
ciar programas e intervenções estabelecidas nos PRHs. Esta ferramenta baseia-se 
no facto de a água ser um recurso natural limitado, com (elevado) valor económico. 
Por outro lado, o princípio do uso racional da água impõe aos usuários a neces-
sidade de contribuir para a conservação deste recurso, com base no princípio do 
poluidor-pagador. Todos os usos de água sujeitos à outorgado poder público tam-
bém estão sujeitos a cobrança. Os valores cobrados dependem de alguns critérios, 
como volume de água utilizada e, no caso de diluição de efluentes, volume descar-
tado e características físicas, químicas, biológicas e ecotoxicológicas dos efluentes.
Figura 02. Estrutura de Gestão Hídrica no Brasil
Fonte: elaborada pelo autor. 
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Os recursos econômicos obtidos com a cobrança pelo uso das águas deverão ser apli-
cados na mesma bacia hidrográfica onde foram gerados, para financiamento de ações 
indicadas nos planos de recursos hídricos e pagamento de custos de implantação e ad-
ministrativos. As ações que podem ser financiadas com esses recursos incluem gestão, 
educação ambiental, mobilização, capacitação, campanhas de estímulo ao uso racional 
da água, ações de planejamento, planos municipais de saneamento, implantação de pro-
jetos de coleta e tratamento de esgoto, recuperação de nascentes e controle de erosão.
1.2 INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS ADICIONAIS
O Brasil, apesar de sua notável disponibilidade hídrica, tem enfrentado problemas re-
gionais crescentes relacionados tanto à quantidade quanto à qualidade das águas. A 
escassez hídrica tem se acentuado principalmente na região Nordeste, mas atinge tam-
bém a região Sudeste, onde as demandas são elevadas; o problema tem sido agravado 
pelas condições climáticas, pois cada vez mais se registram episódios mais críticos e 
longos com precipitações abaixo da média, devido às alterações climáticas. Em relação 
à qualidade da água, o principal problema nacional é a poluição por cargas orgânicas, 
especialmente esgoto bruto (SNIS, 2021).
Com o objetivo de conhecer melhor as demandas por água, promover o uso legal da 
água e apoiar a implementação das ferramentas e ações propostas no PNRH, a ANA 
criou o Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH). Este cadastro 
tem como objetivo reunir as informações dos usuários de água, tanto estaduais como 
federais, e organizá-las juntamente com a respectiva outorga. A ANA também emite a 
Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica (DRDH) e o Certificado de Sustenta-
bilidade de Obras Hídricas (CERTOH), para empreendimentos hidrelétricos e reserva-
tórios ou projetos de abastecimento de água bruta.
Dessa forma, a outorga para uso de água está atrelada ao registro e fiscalização do uso 
dos recursos hídricos. A fiscalização é realizada pelo poder público, a fim de garantir o 
cumprimento das leis e normas, bem como dos prazos e condições estabelecidos na ou-
torga ou demais regulamentos relativos aos recursos hídricos. Tais atividades envolvem 
o monitoramento e controle sistemático dos usos da água, a identificação de irregularida-
des e infrações, e a determinação de ações corretivas e aplicação de penalidades.
Em relação à qualidade da água no Brasil, o sistema de monitoramento hídrico existen-
te, mantido por um conjunto de órgãos federais e estaduais, mostra que muitas porções 
de rios estão muito degradadas – cerca de 110 mil quilômetros de trechos lineares de 
rios (ANA, 2021). O Atlas Esgotos, emitido pela ANA em 2017, mostrou que o esgoto 
doméstico não tratado representa a principal fonte de poluição do país. Assim, o trata-
mento adequado do esgoto deverá levar à redução da Demanda Bioquímica de Oxigê-
nio (DBO) nos rios brasileiros, consequentemente permitindo o aumento dos níveis de 
oxigênio dissolvido. A ANA dispõe ainda de um Programa de Combate à Poluição de 
Bacias Hidrográficas (PRODES) que consiste numa estratégia inovadora, uma vez que 
não envolve financiamento de obras ou equipamentos. Em vez disso, paga pelo esgoto 
efetivamente tratado; consiste em um estímulo financeiro às empresas de saneamento: 
se as empresas investirem na construção, melhoria e operação de estações de trata-
mento de esgoto, poderão se tornar elegíveis para receber o pagamento.
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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2. POLUIÇÃO DO AR E MUDANÇAS CLIMÁTICAS 
A atmosfera terrestre é composta por diversas camadas distintas, cada uma com caracte-
rísticas físicas e composições gasosas específicas. A camada mais próxima da superfície 
da Terra é a troposfera, onde ocorrem os fenômenos meteorológicos e a maior parte da 
atividade humana. Nesta camada, a concentração de gases é maior, com predominância 
de nitrogênio e oxigênio. À medida que nos afastamos da superfície, encontramos a es-
tratosfera, onde está localizada a camada de ozônio, que absorve grande parte da radia-
ção ultravioleta do Sol. Na mesosfera, as temperaturas diminuem à medida que a altitude 
aumenta, e a exosfera marca a fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço exterior. 
Cada camada desempenha um papel importante na regulação do clima e na proteção da 
vida na Terra, apresentando variações significativas em termos de pressão, temperatura 
e composição gasosa. A Figura 3 ilustra as informações apresentadas.
A vulnerabilidade de uma bacia hidrográfica pode depender também de alguns fatores na-
turais adicionais, tais como o desflorestamento e os processos de erosão. Nesse contexto, 
a ANA também desenvolveu o Programa Produtor de Água, com foco no pagamento pelos 
serviços ambientais. Este programa visa estimular a recuperação da vegetação ciliar e a 
redução da erosão, pagando aos proprietários dos terrenos pela restauração ou manutenção 
da vegetação nas suas propriedades e, consequentemente, melhorando a qualidade e dis-
ponibilidade da água.
SAIBA MAIS
Figura 03. Camadas da Atmosfera
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atmo_camadas-io.svg. Acesso em: 20 ago. 2024. 
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No contexto da legislação brasileira, a poluição é definida como a introdução de substân-
cias ou agentes físicos no meio ambiente, em quantidades, concentrações ou caracterís-
ticas que possam causar danos à saúde humana, à fauna, à flora, aos ecossistemas, ou 
prejudicar atividades sociais e econômicas. De acordo com a Lei nº 9.605/98, que dispõe 
sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente, a poluição pode resultar em multas, interdição de atividades, embargo de 
obras, apreensão de equipamentos e até mesmo em prisão, dependendo da gravidade 
do dano ambiental causado. Além disso, diversas normas e regulamentos específicos 
abordam diferentes aspectos da poluição, como poluição do ar, da água, do solo e sono-
ra, visando à proteção e à preservação do meio ambiente e da saúde pública.
Dentro deste contexto, os poluentes do ar nas cidades são principalmente uma mistura 
de muitos poluentes diferentes, alguns visíveis, como poeira e fuligem, mas muitos in-
visíveis, como partículas muito pequenas e gases. Quanto mais componentes visíveis 
forem evidentes, mais pequenas partículas e gases podem ser esperados. A poluição 
é classificada como primária ou secundária. Os poluentes primários são substâncias 
produzidas diretamente por um processo, como as cinzas de uma erupção vulcânica ou 
o gás monóxido de carbono do escapamento de um veículo motorizado.
Com base na natureza físico-química dos poluentes atmosféricos (Figura 4), eles po-
dem ser amplamente agrupados em (1) material particulado em suspensão (MP), (2) 
poluentes gasosos e (3) odores
Figura 04. Tipos de Poluentes Atmosféricos
Material 
Particulado
Compostos 
Orgânicos 
Voláteis
Monóxido 
de Carbono
Dióxido 
de Enxofre
Dióxido de 
Nitrogênio
POLUENTES 
ATMOSFÉRICOS
Fonte: elaborada pelo autor. 
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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 ` Material Particulado: Esses poluentes são antropogênicos (feitos pelo homem) 
ou resultam de acidentes naturais. Matéria particulada (MP) é matéria micros-
cópica sólida ou líquida suspensa na atmosfera da Terra (Curi, 2012). Inclui fu-
maça de escapamento de diesel, cinzas volantes de carvão, poeiras minerais 
(por exemplo, carvão, amianto, calcário e cimento), poeira efumaça de metal 
(por exemplo, zinco, cobre, ferro, chumbo), névoas ácidas (por exemplo, ácido 
sulfúrico), fluoretos, pigmentos de tinta, névoas de pesticidas, negro de fumo e 
fumaça de óleo. Esses MP’s são responsáveis por uma variedade de problemas 
de saúde, como infecção respiratória, câncer de pulmão e distúrbios da gravidez 
(Curi, 2012). 
 ` Poluentes Gasosos: Poluentes gasosos incluem compostos de enxofre [por 
exemplo, dióxido de enxofre (SO2) e trióxido de enxofre (SO3), monóxido de car-
bono (CO), compostos de nitrogênio [por exemplo, óxido nítrico (NO), dióxido de 
nitrogênio (NO2), compostos orgânicos (por exemplo, hidrocarbonetos, aldeído), 
compostos de halogênio e derivados de halogênio (por exemplo, HF e HCI), sul-
feto de hidrogênio e mercaptanos (odores). O dióxido de carbono é o principal 
poluente do ar. É um componente natural da atmosfera, essencial para a vida 
vegetal e liberado pelo sistema respiratório humano e animal. A maior fonte de 
emissões de gases de efeito estufa é de atividades humanas (Curi, 2012).
 � Óxido de Enxofre: são produzidos principalmente por vulcões e em vários 
processos industriais. O carvão e o petróleo geralmente contêm compostos de 
enxofre e sua combustão gera dióxido de enxofre. A oxidação posterior do di-
óxido de enxofre, geralmente, na presença de um catalisador como NO2 forma 
H2 SO4 e, portanto, chuva ácida. Esse é um dos motivos de preocupação quanto 
ao impacto ambiental do uso desses combustíveis como fontes de energia.
 � Óxido de Nitrogênio: são emitidos pela combustão em alta temperatura e 
também são produzidos durante tempestades por descargas elétricas, e alguns 
são produzidos por plantas, solo e água. Este gás tóxico marrom-avermelhado 
tem um odor pungente característico. O dióxido de nitrogênio é um importante 
poluente do ar porque contribui para a formação de poluição fotoquímica, que 
afeta negativamente a saúde humana. A principal fonte de dióxido de nitrogênio 
é a queima de combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás. Em localidades 
urbanas, esse gás é produzido a partir de escapamentos de veículos automo-
tores. De outras fontes de dióxido de nitrogênio são petróleo e refino de metais, 
geração de eletricidade a partir de usinas movidas a carvão, indústrias manufa-
tureiras e processamento de alimentos (Curi, 2012)
 � Monóxido de Carbono: incluem a combustão de combustível, como gás natu-
ral ou carvão, ou da queima de madeira. Ele cria uma formação do tipo smog no 
ar que tem sido associada a muitas doenças pulmonares e tem efeitos nocivos 
em plantas e animais (Calijuri; Cunha, 2013).
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2.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A mudança climática se refere a uma mudança em grande escala e em longos períodos 
de tempo dos padrões climáticos e nas temperaturas médias do planeta. Desde mea-
dos do século XIX, os humanos contribuíram para a liberação de dióxido de carbono e 
outros gases de efeito estufa no ar. Isso faz com que as temperaturas globais aumen-
tem, resultando em mudanças de longo prazo no clima (Heinrichs; Martens, 2016),
Nos 11.000 anos anteriores à Revolução Industrial, a temperatura média em todo o 
mundo manteve-se estável em torno de 14 ° C. A Revolução Industrial começou em me-
ados de 1800, quando os humanos começaram a queimar combustíveis fósseis como 
carvão, petróleo e gás como combustível (IPCC, 2007). 
Desde então, o uso exacerbado de combustíveis fósseis e seus derivados têm corro-
borado para o aumento da temperatura na Terra. Embora o aquecimento não tenha 
sido uniforme em todo o Planeta, a tendência de aumento da temperatura média global 
mostra que mais áreas estão aquecendo do que esfriando. Dados do Painel Intergover-
namental sobre Mudanças Climáticas (em inglês: Intergovernmental Panel on Climate 
Change – IPCC) mostram que a temperatura combinada da entre o continente e o oce-
ano aumentou a uma taxa média 0,08 graus Celsius por década até 1880; a partir disso, 
houve um aumento desde para cerca de 0,18º C/ano (IPCC, 2013)
Em 2015, quase todos os países do mundo assinaram um documento prometendo re-
duzir as emissões de gases de efeito estufa. O objetivo era limitar a temperatura média 
global a 2° C acima das temperaturas pré-industriais. Se possível, os países se compro-
meteram a atingir um limite de 1,5° C. 
Desde então, o IPCC tem acompanhado a evolução do acordo, publicando relatórios 
periódicos comparativos, mostrando os cenários relacionados a intervenção humana 
sobre as mudanças climáticas. A Figura 5 ilustra esses cenários mencionados.
 � Compostos Orgânicos Voláteis: Compostos orgânicos voláteis (VOCs) são 
gases e vapores que contêm carbono, como fumaça de gasolina e solventes 
(excluindo dióxido de carbono, monóxido de carbono, metano e clorofluorcar-
bonetos). Em geral, eles são classificados como metano (CH4) ou não-metano 
VOCs (NMVOCs). O metano é um gás de efeito estufa extremamente prejudi-
cial, responsável por aumentar a poluição gasosa, ajudando na formação da 
camada de ozônio e prolongando a vida do metano na atmosfera. Os NMVOCs 
aromáticos benzeno, tolueno e xileno são suspeitos de serem cancerígenos e 
podem levar à leucemia com exposição prolongada (Curi, 2012); 
 ` Poluentes Secundários: podem ser formados por reações térmicas, químicas ou 
fotoquímicas. O melhor exemplo de um poluente atmosférico secundário é o ozô-
nio. É formado quando hidrocarbonetos (HC) e óxido de nitrogênio (NOx) se com-
binam na presença da luz solar, formando NO2 e chuva ácida, que se forma quan-
do dióxido de enxofre ou óxidos de nitrogênio reagem com a água (Curi, 2012).
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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Muito embora o Brasil não figure entre os principais vilões de emissões de gases de 
efeito estufa (GEE), os impactos das mudanças climáticas no Brasil, que abriga cerca 
de 60% da Amazônia, variam significativamente e são vastos.
Temperaturas mais altas podem alterar a gama e distribuição de espécies sensíveis à 
temperatura, o aumento da severidade da seca pode afetar significativamente os ecos-
sistemas de água doce da Amazônia e as pessoas que dependem deles, as mudanças 
nas chuvas e na temperatura podem impactar a disseminação de doenças, e o aumento 
do nível do mar e as tempestades terão impactos substanciais nas áreas de planície 
do delta do Amazonas. Juntamente com o desmatamento e a degradação ambiental, 
esses impactos ameaçam muito tanto os recursos naturais do País
A variabilidade e as mudanças climáticas também ameaçam a agricultura no Brasil. 
Caso os impactos do clima diminuam a produção agrícola, a insegurança alimentar do 
Brasil pode aumentar
Figura 05. Aquecimento global referente a 1850-1900 (°C)
Fonte: IPCC (2019, p. 56).
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Somado a isso, sob o ponto de vista organizacional, diferentes instituições também 
podem ser impactadas pelas alterações climáticas. Além dos riscos físicos mais óbvios 
(por exemplo, os impactos operacionais de eventos climáticos extremos ou escassez de 
abastecimento causados pela escassez de água), as empresas estão expostas a riscos 
de transição que surgem da resposta da sociedade às mudanças climáticas, como mu-
danças em tecnologias, mercados e regulamentação que pode aumentar os custos do 
negócio, prejudicar a viabilidade de produtos ou serviços existentes ou afetar os valores 
dos ativos. Outro risco relacionado ao clima para as empresas é o potencial passivo 
pela emissão de GEE: as preocupações recentes indicam retaliações do mercado às 
empresas que mantenham matrizes energéticas e/ou de matéria prima dependentes de 
combustíveis fósseis (Curi, 2012). 
Por outro lado, as mudanças climáticas também oferecem oportunidades de negó-
cios (Curi, 2012). Em primeiro lugar, as empresas podem ter como objetivo melhorar 
a produtividade dos seus recursos (por exemplo, aumentando a eficiência energética), 
reduzindo assim os seus custos.Em segundo lugar, as mudanças climáticas podem 
estimular a inovação, inspirando novos produtos e serviços que são menos intensivos 
em carbono ou que permitem a redução de carbono por terceiros. Em terceiro lugar, as 
empresas podem aumentar a resiliência de suas cadeias de abastecimento, por exem-
plo, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis com preços voláteis, migrando 
para energias renováveis. Juntas, essas ações podem fomentar a competitividade e 
desbloquear novas oportunidades de mercado.
2.2 CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Os impactos das mudanças climáticas em diferentes setores da sociedade estão inter-
-relacionados. A seca pode prejudicar a produção de alimentos e a saúde humana. As 
inundações podem levar à propagação de doenças e danos aos ecossistemas e infraes-
Figura 06. Emissões de GEE no Brasil
Fonte: https://plataforma.seeg.eco.br/. Acesso em: 20 ago. 2024. 
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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trutura. Problemas de saúde humana podem aumentar a mortalidade, afetar a disponibi-
lidade de alimentos e limitar a produtividade do trabalhador. Os impactos das mudanças 
climáticas são vistos em todos os aspectos do mundo em que vivemos. No entanto, são 
desiguais em todo o país e no mundo – mesmo dentro de uma única comunidade, os im-
pactos das mudanças climáticas podem diferir entre bairros ou indivíduos. Desigualdades 
socioeconômicas de longa data podem tornar os grupos carentes, que geralmente têm a 
maior exposição a riscos e menos recursos para responder, mais vulneráveis. 
A seguir, consequências dos impactos ambientais serão discutidos e apresentados. 
Recursos Hídricos
Efeitos adicionais das mudanças climáticas globais têm implicações importantes para os 
recursos hídricos incluem aumento das taxas de evaporação; maior proporção de precipi-
tação recebida como chuva; estações secas mais severas e longas; aumento da tempe-
ratura da água; diminuição da qualidade da água tanto no interior quanto no litoral.
Figura 07. Impactos das mudanças climáticas dos recursos hídricos
Variáveis 
Climáticas Recursos Desastres Impactos
 ` Chuva
 ` Temperatura
 ` Nível dos oceanos
 ` Evaporação
 ` Sistemas de recur-
sos hídricos
 ` Sistemas Costeiros
 ` Inundações 
 ` Seca
 ` Erosão
 ` Tempestades
 ` Vida
 ` Sustento
 ` Meio Ambiente
Fonte: elaborada pelo autor. 
Um efeito final e importante dos impactos sobre os recursos hídricos discutidos acima 
é o potencial para conflitos de alocação de água interestaduais e internacionais mais 
frequentes e intensos. Os mercados de água têm o potencial de prevenir ou difundir tais 
conflitos; no entanto, a atribuição de direitos sobre a água para estabelecer o mercado 
pode criar mais conflitos do que difundir (Curi, 2012)
Alimento 
É muito provável que as mudanças climáticas afetem a segurança alimentar em nível 
global, regional e local. As mudanças climáticas podem interromper a disponibilidade 
de alimentos, reduzir o acesso aos alimentos e afetar a qualidade dos alimentos. Por 
exemplo, aumentos projetados nas temperaturas, mudanças nos padrões de precipi-
tação, mudanças em eventos climáticos extremos e reduções na disponibilidade de 
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água podem resultar na redução da produtividade agrícola. Aumentos na frequência 
e gravidade de eventos climáticos extremos também podem interromper a entrega de 
alimentos, e os picos resultantes nos preços dos alimentos após eventos extremos de-
vem ser mais frequentes no futuro. O aumento das temperaturas pode contribuir para a 
deterioração e contaminação (Alpino et al., 2022).
Saúde Pública
As mudanças climáticas, juntamente com outros estressores de saúde naturais e cau-
sados pelos seres humanos, influenciam a saúde e as doenças humanas e de animais 
de várias maneiras. Algumas ameaças à saúde existentes se intensificaram e novas 
ameaças à saúde surgirão. Nem todos estão igualmente em risco. Considerações im-
portantes incluem idade, recursos econômicos e localização.
A saúde pública pode ser afetada por perturbações nos sistemas físicos, biológicos e 
ecológicos, incluindo distúrbios originados aqui e em outros lugares. Os efeitos para a 
saúde dessas interrupções incluem aumento de doenças respiratórias e cardiovascula-
res, lesões e mortes prematuras relacionadas a eventos climáticos extremos, mudanças 
na prevalência e distribuição geográfica de doenças transmitidas por alimentos, vetores 
e água e outras doenças infecciosas e ameaças à saúde mental (Abreu et al., 2020).
Economia
Os impactos econômicos das mudanças climáticas variam geograficamente e são difí-
ceis de prever com exatidão. Pesquisas alertaram que a modelagem econômica atual 
pode subestimar seriamente os efeitos das mudanças climáticas e apontam para a 
necessidade de novos modelos que forneçam uma imagem mais precisa dos possíveis 
danos (Curi, 2012)
Um estudo de modelagem de 2019 descobriu que as mudanças climáticas contribuíram 
para a desigualdade econômica global. Os países ricos em regiões mais frias sentiram 
pouco impacto econômico geral das mudanças climáticas ou possivelmente se benefi-
ciaram, enquanto os países pobres mais quentes provavelmente cresceram menos do 
que se o aquecimento global não tivesse ocorrido (UN, 2019)
Os impactos econômicos totais das mudanças climáticas são difíceis de estimar, mas 
aumentam para mudanças de temperatura mais altas. Por exemplo, estima-se que os 
danos totais sejam 90% menores se o aquecimento global for limitado a 1,5 °C em com-
paração com 3,66 °C, um nível de aquecimento escolhido para representar nenhuma 
mitigação (IPCC, 2019). Um estudo encontrou uma redução de 3,5% no Produto Interno 
Bruto (PIB) global até o final do século se o aquecimento for limitado a 3°C, excluindo 
o efeito potencial de pontos de inflexão. No cenário de alta emissão da Oxford Econo-
mics, um aumento de temperatura de 2 graus até o ano de 2050 reduziria o PIB global 
em 2,5% – 7,5%. Até o ano 2100, neste caso, a temperatura aumentaria 4 graus, o que 
poderia reduzir o PIB global em 30% no pior dos casos (IPCC, 2019)..
Fonte: elaborada pelo autor. 
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Camada de Ozônio
A camada de ozônio, localizada na estratosfera terrestre, desempenha um papel fun-
damental na proteção da vida no planeta, atuando como um filtro contra os raios ultra-
violeta (UV) prejudiciais do Sol. O ozônio (O3) é formado naturalmente pela interação 
dos raios UV com as moléculas de oxigênio (O2), resultando em um equilíbrio dinâmico 
entre a formação e a destruição do ozônio. Essa camada é essencial para a vida na 
Terra, pois a exposição excessiva aos raios UV pode causar danos à saúde humana, 
como queimaduras solares, supressão do sistema imunológico, aumento do risco de 
câncer de pele e danos oculares.
Entretanto, ao longo das últimas décadas, foi observada a existência de um “buraco” na 
camada de ozônio sobre a Antártida, uma redução significativa na concentração de ozô-
nio durante os meses de primavera austral. Esse fenômeno é causado principalmente 
pela emissão de substâncias químicas, conhecidas como clorofluorcarbonetos (CFCs), 
utilizadas em aerossóis, refrigeradores, sistemas de ar-condicionado e equipamentos 
de refrigeração. Os CFCs são liberados na atmosfera e, ao alcançarem a estratosfera, 
são decompostos pela radiação UV, liberando cloro livre, que reage com as moléculas 
de ozônio, destruindo-as (Heinrichs; Martens, 2016).
As consequências para a saúde humana decorrentes da redução da camada de ozônio 
são graves, uma vez que a exposição excessiva aos raios UV pode aumentar o risco 
de câncer de pele, causar danos oculares irreversíveis, afetar o sistema imunológico e 
contribuir para o envelhecimento precoce da pele.
Para mitigar os danos causados à camada de ozônio, foi adotado o Protocolo de Mon-
treal em 1987, um acordo internacional que visa eliminar gradualmente a produção 
e o uso de substâncias de ozônio, comoos CFCs. Como resultado desses esforços, 
tem sido observada uma tendência positiva na recuperação da camada de ozônio, in-
dicando uma reconstituição gradual das concentrações de ozônio na estratosfera. No 
entanto, estima-se que a recuperação total da camada de ozônio possa levar décadas, 
ressaltando a importância contínua de medidas de controle e monitoramento ambiental 
(Heinrichs; Martens, 2016).
3. SUSTENTABILIDADE E AGENDA ESG
O desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico relacionado à continuidade dos 
aspectos econômicos, sociais, institucionais e ambientais da sociedade humana, bem 
como do meio ambiente não humano. É característico de um processo ou estado que 
um negócio possa ser mantido em um determinado nível indefinidamente. 
A Comissão Brundtland das Nações Unidas em 1987 definiu o desenvolvimento sustentá-
vel como “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer 
a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades” (Curi, 
2012). Mas a definição de sustentabilidade pode variar dependendo da área de estudos 
ou interação ou do contexto ou situações em muitas escalas de espaço e tempo, desde 
pequenas até o equilíbrio global de produção e consumo (Heinrichs; Martens, 2016).
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A sustentabilidade do projeto é uma abordagem comum relacionada à gestão de proje-
tos, programas, instituições, organizações, pessoas e outras entidades que requerem 
produção, marketing, distribuição e entrega de produtos e serviços eficazes e eficientes 
(Heinrichs; Martens, 2016). 
Geralmente, para que os projetos sejam sustentados, certas métricas e padrões pre-
cisam ser definidos a partir da identificação do projeto por meio de estudos de viabili-
dade, formulação, desenho, avaliação, financiamento, implementação, monitoramento 
e avaliação. É quase que uma verdade absoluta admitir que causa de muitos projetos 
fracassarem se dá a falta de um plano de sustentabilidade apropriado. 
Portanto, é muito necessário para uma análise abrangente dos ambientes social, eco-
nômico, legal, cultural, educacional e político para a implementação do projeto. A filoso-
fia do projeto, missão, visão, valores, objetivos, e os objetivos devem ser totalmente ar-
ticulados e declarados no plano. O envolvimento das partes interessadas e defensores 
é de suma importância, uma vez que facilita alguns preparativos logísticos. A avaliação 
dos beneficiários, os estudos da estrutura legal e regulatória, a análise de marketing e 
concorrência, o desenvolvimento de parcerias e a análise institucional abrem espaço 
para uma implementação eficaz e eficiente (Heinrichs; Martens, 2016).
Figura 08. Parâmetros da Sustentabilidade
Fonte: elaborada pelo autor. 
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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Conforme pode ser visto na Figura 7, os parâmetros da sustentabilidade são formados a partir 
dos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Esses, por sua vez, se inter-relacionam, ge-
rando novos parâmetros que devem ser considerados no gerenciamento de projetos. 
O parâmetro suportável refere-se às variáveis socioambientais que devem ser observadas 
ao longo do gerenciamento do projeto. Alguns exemplos dessas variáveis incluem: saúde 
e segurança; regulamentos e legislações; mudanças climáticas (Heinrichs; Martens, 2016). 
O requisito viável de um projeto relaciona-se com a viabilidade de sua execução, consi-
derando os recursos econômicos e ambientais necessários. Alguns exemplos incluem a 
eficiência energética; eficiência de recursos; índices de consumos e de gestão (pegada 
ecológica, logística reversa etc.) (Heinrichs; Martens, 2016)
Por fim, o projeto equitável, refere-se a sua capacidade em promover aspectos socioe-
conômicos entre as partes interessadas. Alguns exemplos são: geração de emprego e 
renda local; treinamento e desenvolvimento; participação da comunidade em eventos 
internos e externos; etc. (Heinrichs; Martens, 2016)
Neste contexto, uma vez obedecida os parâmetros necessários e expostos na Figura 1, 
um Projeto Sustentável consiste na integração entre as variáveis sociais, econômicas e 
ambientais envolvidas, considerados os aspectos internos e externos da organização. 
Os projetos que melhoram o meio ambiente não contribuirão para o crescimento sus-
tentável, a menos que também consigam melhorar as medidas de progresso econômico 
e social. Um novo produto, processo de fabricação ou tecnologia de comunicação pode 
agregar valor à sociedade e à qualidade de vida, melhorando a higiene ou a segurança 
alimentar, contribuindo para a erradicação de doenças, reduzindo doenças ocupacio-
nais e lesões ocupacionais, proporcionando transporte ou moradia para pessoas com 
custos mais baixos, ou ampliando o acesso a serviços como a Internet e outros serviços 
de mídia de massa
3.1 POLÍTICAS AMBIENTAIS NO BRASIL
De modo geral, as leis ambientais brasileiras e as políticas associadas podem ser dividi-
das em três grandes fases. As primeiras foram elaboradas entre 1934 a 1964, marcada 
por fortes esforços de desenvolvimento baseados em ampla intervenção e investimento 
do Estado e na expansão das fronteiras agrícolas. Ele assumiu a forma de códigos 
abrangentes que regulam a produção de minérios, madeira, energia hidráulica e outros 
recursos naturais. A segunda fase vai de 1964 a 1987, novamente marcada por forte 
intervenção do Estado e rápida expansão econômica (incluindo a fronteira agrícola), 
mas também por renovadas regulamentações e políticas ambientais. A terceira fase vai 
de 1988 até o presente, marcada por fraco crescimento econômico ou mesmo estag-
nação, intervenção estatal diminuída e cada vez mais ineficaz e legislação e políticas 
ambientais ampliadas.
De acordo com a Constituição Federal brasileira, o Governo Federal e os Estados têm o 
poder de legislar de forma competitiva sobre proteção ambiental e controle da poluição, 
bem como sobre responsabilidade por danos ambientais. Adicionalmente, os Municí-
pios também têm o direito de legislar sobre questões ambientais em relação a questões 
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consideradas de interesse local, podendo complementar a legislação federal e estadual 
sempre que necessário.
Portanto, todos os níveis de governo legislam sobre questões ambientais e existe uma am-
pla legislação federal, estadual e municipal sobre o assunto. Embora haja alguma divergên-
cia, a visão majoritária da doutrina e do Judiciário é que, nas situações de conflito de nor-
mas, prevalecerá a legislação que ofereça maior proteção ao meio ambiente (Curi, 2012).
Dentre as legislações ambientais brasileiras, destacam-se:
 ` Lei 9.433/1997: Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos.
 ` Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998: Infrações penais e administrativas am-
bientais; e seu Decreto 6.514, de 22 de julho de 2007.
 ` Lei 10.650 de 16 de abril de 2003: Acesso à informação ambiental.
 ` Lei 9.795/1999: Lei da Política Nacional de Educação Ambiental.
 ` Lei 9.985/2000: Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
 ` Lei 10.650 de 16 de abril de 2003: Acesso à informação ambiental.
 ` Lei 11.445/2007: Lei da Política Nacional de Saneamento Básico (reformulada pela 
Lei 14.026/2020, que atualiza o marco legal nacional de saneamento básico).
 ` Decreto 6.040/2007: Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Povos 
e Comunidades Tradicionais.
 ` Lei 12.187/2009: Lei da Política Nacional de Mudanças Climáticas.
 ` Lei 12.305/2010: Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
 ` Lei complementar 140/2011: Clarifica e delimita as competências ambientais de 
cada esfera de governo no Brasil, com o objetivo de evitar conflitos e sobreposi-
ções, inclusive no que diz respeito ao licenciamento ambiental.
 ` Lei 12.587/2012: Lei Nacional de Política Urbana.
 ` Lei 12.651/2012: Novo Código Florestal.
 ` Decreto 7.747/2012: Política de Proteção Territorialdos métodos de medição utilizados 
(Calijuri; Gasparini, 2019).
A integração desses componentes resulta em uma incrível heterogeneidade física, quími-
ca e biológica entre os solos globalmente. A zona geológica entre a superfície terrestre e 
as águas subterrâneas consiste em material insaturado e é conhecida como zona vadosa. 
Um subconjunto da zona vadosa é o ambiente do solo próximo à superfície, que está em 
contato direto com as águas superficiais e com a atmosfera. Como os poluentes são fre-
quentemente descartados em solos superficiais, o transporte desses contaminantes tanto 
para a atmosfera quanto para as águas subterrâneas é influenciado pelas propriedades 
do solo e da zona vadosa (Calijuri; Gasparini, 2019). Além disso, como as plantas são 
cultivadas em solos superficiais, o potencial de absorção de contaminantes como metais 
pesados pelas plantas também é controlado pelas propriedades do solo.
O solo é o produto final intemperizado da ação do clima e dos organismos vivos sobre o 
material de origem do solo com uma topografia particular ao longo do tempo.
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Introdução ao Saneamento
Os cinco fatores formadores do solo (Calijuri; Gasparini, 2019):
 ` Material de origem: O risco e a base mineral a partir da qual o solo é formado 
por meio do intemperismo;
 ` Clima: Precipitação e temperatura particularmente importante no intemperismo 
do material de origem.
 ` Organismos: Plantas, animais e microorganismos adicionam matéria orgânica e 
ajudam na decomposição e ciclagem de nutrientes que fazem parte do processo 
de intemperismo.
 ` Topografia: Em particular o ângulo de inclinação e comprimento do local.
 ` Tempo: Essencial para o processo de intemperismo do solo, os solos geralmente 
se formam mais rapidamente em ambientes quentes do que em ambientes frios.
Normalmente, um solo contém 45%–50% de sólidos em uma base de volume. Desta 
fração sólida, 95% a > 99,9% é a fração mineral. Silício (47%) e oxigênio (27%) são 
os dois elementos mais abundantes encontrados na fração mineral da crosta terrestre 
argila (Lepsch, 2011). Esses dois elementos, juntamente com quantidades menores de 
outros elementos, combinam-se de várias maneiras para formar uma grande variedade 
de minerais. Estes são minerais primários que são derivados do intemperismo da rocha 
mãe. O intemperismo resulta em partículas minerais que são classificadas com base 
em três tamanhos diferentes: areia, silte e argila (Lepsch, 2011).
Água
Noventa e sete por cento da água da Terra é marinha (água salgada), enquanto ape-
nas 3% é água doce (Calijuri; Gasparini, 2019). No que diz respeito à água doce, 79% 
é armazenado em calotas polares e geleiras de montanha, 20% é armazenado em 
aquíferos ou umidade do solo e 1% é água de superfície (principalmente lagos e rios). 
Estima-se que 110.000 km³ de chuva, neve e gelo caem anualmente nas superfícies 
terrestres, e é isso que reabastece os recursos de água doce (Calijuri; Gasparini, 2019). 
Os possíveis efeitos das mudanças climáticas, combinados com o aumento contínuo da 
população humana e do desenvolvimento econômico, estão resultando em uma preocu-
pação crítica com a sustentabilidade futura dos recursos de água doce.
A água é uma molécula incomum, pois a estrutura de dois átomos de hidrogênio e 
um átomo de oxigênio fornece várias características que a tornam um solvente univer-
sal. O primeiro é o fato de que os dois átomos de hidrogênio, situados de um lado do 
átomo de oxigênio, carregam cargas positivas, enquanto o átomo de oxigênio retém 
uma carga negativa.
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A água tem propriedades térmicas únicas que permitem que ela exista em três estados 
diferentes: vapor, sólido e líquido sob condições ambientalmente relevantes. As mu-
danças em cada fase têm certa terminologia, dependendo das mudanças de estado, 
conforme descrito abaixo:
Condensação: vapor → líquido
Evaporação: líquido → vapor
Congelamento: líquido → sólido
Fusão: sólido → líquido
Sublimação: sólido → vapor
Sublimação: vapor → sólido
A evaporação é o processo de transformação da superfície de um líquido em gás. No ci-
clo da água, a água líquida (no oceano, lagos ou rios) evapora e se transforma em vapor 
d’água. O vapor de água nos rodeia, como uma parte importante do ar que respiramos. 
O processo de vaporização do ciclo da água é impulsionado pelo sol. À medida que o 
sol interage com a água líquida na superfície do oceano, a água se torna um gás invisí-
vel (vapor d’água). A vaporização também é influenciada pelo vento, pela temperatura 
e pela densidade do corpo d’água.
O vapor de água também é um importante Gás de Efeito Estufa (GEE). GEE’s, como vapor 
d’água e dióxido de carbono, isolam a Terra e mantêm o planeta aquecido o suficiente para 
manter a vida como a conhecemos - quantidades crescentes de gases de efeito estufa na 
atmosfera também contribuem para o aquecimento global (Nowacki; Rangel, 2019)
SAIBA MAIS
A condensação é o processo de transformação de um gás em líquido. No ciclo da água, 
o vapor d’água na atmosfera condensa e se torna líquido. A condensação pode ocorrer 
no alto da atmosfera ou ao nível do solo. As nuvens se formam à medida que o vapor 
de água se condensa ou se torna mais concentrado (denso). O vapor de água se con-
densa em torno de pequenas partículas chamadas núcleos de condensação de nuvens. 
Assim como a vaporização, e condensação também é influenciada pelo sol. À medida 
que o vapor de água esfria, ele atinge seu limite de saturação, ou ponto de orvalho. A 
pressão do ar também tem uma influência importante no ponto de orvalho de uma área 
(Calijuri; Gasparini, 2019).
14
1
Introdução ao Saneamento
Tal como acontece com a evaporação e a condensação, a precipitação descreve 
qualquer água líquida ou sólida que cai na Terra como resultado da condensação na 
atmosfera. A precipitação ocorre quando pequenas partículas de condensação, por 
meio de colisão e coalescência, crescem demais para serem suportadas pelo ar as-
cendente e, assim, caem na Terra. A precipitação pode ser na forma de chuva, granizo, 
neve ou granizo.
Evaporação, condensação e precipitação são partes importantes do ciclo da água. No 
entanto, eles não são os únicos. O escoamento, por exemplo, descreve uma variedade 
de maneiras pelas quais a água líquida se move pela terra. O derretimento da neve, por 
exemplo, é um tipo importante de escoamento produzido quando a neve ou as geleiras 
derretem e formam riachos ou poças. 
A transpiração é outra parte importante do ciclo da água. A transpiração é o proces-
so de liberação de vapor d’água das plantas e do solo. As plantas liberam vapor de 
água através de poros microscópicos chamados estômatos. A abertura dos estômatos 
é fortemente influenciada pela luz e, portanto, é frequentemente associada ao sol e ao 
processo de vaporização. A evapotranspiração são os componentes combinados da 
vaporização e da transpiração e às vezes é usada para avaliar o movimento da água na 
atmosfera (Calijuri; Gasparini, 2019).
Figura 03. Ciclo Hidrológico 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciclo_hidrol%C3%B3gico_da_%C3%A1gua.png. Acesso em: 23 jul. 2024. 
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A poluição dos recursos hídricos é uma preocupação ambiental crescente, influenciada 
por práticas inadequadas de gestão de resíduos e pela intensificação agrícola. Este tex-
to técnico abordará os efeitos da falta de tratamento de esgoto e do uso indiscriminado 
de fertilizantes e defensivos, focalizando as consequências na eutrofização dos corpos 
d’água e nos impactos negativos na qualidade da água (Calijuri; Gasparini, 2019):
 ` Poluição por Falta de Tratamento de Esgoto: A ausência ou insuficiência de 
sistemas de tratamento de esgoto resulta na descarga direta de efluentes con-
taminados nos corpos hídricos. Esses efluentes contêm uma variedade de po-
luentes, incluindo patógenos,e Ambiental de Terras Indígenas.
 ` Lei 13.123/2015: Lei da Política Nacional de Biodiversidade.
Essas leis, entre outras, estabelecem em nível federal um conjunto de dispositivos que 
conferem proteção legal específica a diversos aspectos do meio ambiente, elaborando 
e implementando os direitos e princípios constitucionais.
102
Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
4
Política Nacional do Meio Ambiente
O Brasil, como uma das nações mais biodiversas do mundo, abriga ecossistemas vastos 
e únicos, incluindo a floresta amazônica, a Mata Atlântica e as zonas úmidas do Pantanal. 
A Política Nacional do Ambiente reconhece a importância da salvaguarda destes ecos-
sistemas e das inúmeras espécies que albergam, reconhecendo que um meio ambiente 
saudável é essencial para as gerações atuais e futuras. Essa política abrangente vai além 
dos esforços tradicionais de conservação e abraça os princípios do desenvolvimento sus-
tentável, reconhecendo a interdependência entre a preservação ambiental e o progresso 
social e econômico. Procura equilibrar as necessidades do desenvolvimento humano com 
a gestão responsável dos recursos, garantindo que o crescimento econômico seja alcan-
çado sem comprometer a saúde a longo prazo do ambiente.
O Política Nacional do Meio Ambiente, criado por meio da Lei nº 6.938 (Brasil, 1981) 
abrange diversas questões ambientais, incluindo definição de normas, licenciamento, 
avaliação de impacto ambiental, áreas especiais de preservação, incentivo à produção 
mais limpa e zoneamento ambiental (Curi, 2012).
Dentro da PNMA, destaca-se dois elementos fundamentais: a criação do SISNAMA e 
dos instrumentos da PNMA (Brasil, 1981). O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SIS-
NAMA), é uma estrutura institucional fundamental no Brasil responsável por coordenar 
e integrar políticas, planos e ações ambientais nos níveis federal, estadual e municipal. 
Foi criado pela PNMA com o objetivo de assegurar a efetiva gestão e proteção ambien-
tal em todo o País. 
Os instrumentos apresentados na Política Nacional do Meio Ambiente do Brasil são 
ferramentas essenciais que desempenham um papel crucial na tradução dos princípios 
ambientais em ações práticas e na consecução dos objetivos da política. Esses instru-
mentos servem como meios para implementar, fazer cumprir e monitorar as políticas 
ambientais, garantindo uma gestão ambiental eficaz e o desenvolvimento sustentável.
A PNMA (Brasil, 1998) reconhece no Art. 9º como sendo seus seguintes instrumentos:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental; 
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder 
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambien-
tal, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental;
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IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA; 
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; 
 XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/
ou utilizadoras dos recursos ambientais. 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambien-
tal, seguro ambiental e outros (Brasil, 1981, p. 2).
Política Nacional de Resíduos Sólidos
A gestão de resíduos sólidos é um serviço essencial em qualquer sociedade, sendo 
uma questão desafiadora, principalmente em países em desenvolvimento. Pretende-se 
sistematizar todas as etapas da cadeia de resíduos, incluindo geração, coleta e trans-
porte, triagem, tratamento, transferência e disposição final em locais ambientalmente 
adequados. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 
2010 pela Lei 12.305 (Brasil, 2010), fornece uma série de instrumentos para uma me-
lhor gestão de resíduos no país por meio de diversos mecanismos como responsabili-
dade compartilhada, plano de resíduos sólidos, logística reversa e coleta seletiva.
Logo no Art.6º, a PNRS define princípios básicos e que norteiam toda as discussões, 
planejamentos e execuções de ações ligadas a gestão de resíduos sólidos, com desta-
que ao: (i) prevenção e precaução; poluidor-pagador e o protetor-recebedor; (iii) visão 
sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos; e (iv) visão sistêmica, na gestão dos resídu-
os sólidos (Brasil, 2010).
A PNRS, como importante instrumento legal no que se refere-se a gestão de resíduos 
no País, trouxe, no Art. 6º, os seguintes objetivos (Brasil, 2010):
I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; 
II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos 
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; 
III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de 
bens e serviços; 
IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como 
forma de minimizar impactos ambientais; 
V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos; 
VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de 
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; 
VII - gestão integrada de resíduos sólidos;
(...) (Brasil, 2010, p. 4).
104
Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
4
3.2 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecidos como Obje-
tivos Globais, foram adotados por todos os Estados-Membros das Nações Unidas em 
2015 como um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e 
garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade até 2030.
O objetivo era produzir um conjunto de objetivos universais que ajudassem a combater 
os urgentes desafios ambientais, políticos e econômicos que nosso mundo enfrenta. 
Ao contrário de seu antecessor, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os ODS 
conclamam explicitamente para que todas sociedades apliquem sua criatividade e ino-
vação para resolver os desafios do desenvolvimento sustentável.
Os ODS visam ser relevantes para todos os países - pobres, ricos e de renda mé-
dia - para promover a prosperidade enquanto protege o meio ambiente e combate às 
mudanças climáticas. Eles têm um forte foco na melhoria da equidade para atender às 
necessidades das mulheres, crianças e populações desfavorecidas. 
Os ODS são: Erradicação da Pobreza; Fome Zero; Saúde e Bem-Estar; Educação de 
Qualidade; Igualdade de Gênero; Água Potável e Saneamento; Energia Limpa e Aces-
sível; Trabalho Decente e Crescimento Econômico; Indústria, Inovação e Infraestrutu-
ra; Redução das Desigualdades; Cidades e Comunidades Sustentáveis; Consumo e 
Produção Responsáveis; Ação Contra a Mudança Global do Clima; Vida na Água; Vida 
Terrestre; Paz, Justiça e Instituições Eficazes; Parcerias e Meios de Implementação, 
como ilustrado pela Figura 9.
Figura 09. ODS 
Erradicação 
da Pobreza
Energia limpa e 
acessível
Ação conta a mudança 
global do clima
Fome Zero e agricultura 
sustentável
Trabalho decente e 
crescimento econômico
vida na água
Saúde e bem-estar
Indústria, inovação e 
infraestrutura
vida terrestre
Educação de qualidade
Redução das 
Desigualdadespaz, justiça e 
instituições eficazes
parcerias e meios de 
implementação
Igualdade de gênero
Cidades e comunidades 
sustentáveis
Água potável e 
saneamento
consumo e produção 
responsáveis
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ODS_Objectius_Desenvolupament_Sostenible_Respon.cat_SDG_Icons_
CAT_Poster_A4.jpg. Acesso em: 31 jul. 2024. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ODS_Objectius_Desenvolupament_Sostenible_Respon.cat_SDG_Icons_CAT_Poster_A4.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ODS_Objectius_Desenvolupament_Sostenible_Respon.cat_SDG_Icons_CAT_Poster_A4.jpg
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Os 17 ODS são integrados - isto é, eles reconhecem que a ação em uma área afetará 
os resultados em outras e que o desenvolvimento deve equilibrar a sustentabilidade 
social, econômica e ambiental. Além disso, se baseiam em uma lista de 169 Metas 
propostas pela Agenda 2030. 
As Metas Globais e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável buscam erra-
dicar a pobreza e a fome, realizar os direitos humanos de todos, alcançar a igualdade 
de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas e garantir a proteção 
duradoura do planeta e de seus recursos naturais. Os Objetivos Globais são integrados 
e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a eco-
nômica, a social e a ambiental.
3.3 Agenda ESG
Nos últimos anos, tem havido uma crescente ênfase global na sustentabilidade e nas 
práticas empresariais responsáveis. Investidores, empresas e a sociedade em geral 
estão reconhecendo cada vez mais a importância de considerar fatores ambientais, 
sociais e de governança (ESG) ao tomar decisões. ESG surgiu como uma estrutura 
abrangente que integra essas três dimensões críticas, promovendo práticas sustentá-
veis e éticas em vários setores.
Originário do mundo do investimento socialmente responsável, o ESG evoluiu para se 
tornar uma abordagem holística para avaliar o desempenho corporativo e o impacto 
social. Ele vai além do foco apenas nos retornos financeiros para incorporar um con-
junto mais amplo de considerações que moldam a viabilidade de longo prazo de uma 
empresa. Ao incorporar os critérios ESG, os investidores buscam alinhar suas metas 
financeiras com seus valores, promovendo mudanças positivas no mundo corporativo.
As raízes do ESG remontam ao início dos anos 1960, quando o investimento social-
mente responsável ganhou força como resposta a preocupações sociais e ambientais 
específicas. No entanto, foi no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 que o ESG 
começou a ganhar maior reconhecimento, impulsionado pelo aumento da conscienti-
zação sobre os riscos e oportunidades potenciais associados à sustentabilidade e às 
práticas empresariais responsáveis.
Fatores ESG na construção do portfólio
Os investidores estão cada vez mais preocupados com questões ESG e demonstram 
um interesse crescente em investir em empresas com características positivas. Mas 
como um investidor avalia o desempenho de uma empresa? Querer construir um por-
tfólio ESG pode ser uma decisão relativamente fácil, mas trabalhar nos detalhes da 
construção de tal portfólio pode exigir muito mais esforço. Primeiro, o investidor deve 
decidir sobre as principais qualidades que são importantes para ele. Muitas pontuações 
ESG são fornecidas como uma única métrica, mas há muitos fatores separados que 
entram na construção dessa pontuação. Uma questão específica pode ser de extrema 
importância para um investidor, mas um segundo investidor pode pensar que a mesma 
questão não é importante ou, pior ainda, ter uma visão diametralmente oposta. 
106
Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
4
Bancos de dados modernos podem conter centenas de diferentes variáveis ESG, com 
pontuações para cada uma. A proliferação de inteligência artificial (IA) amplifica o pro-
blema porque esse procedimento ainda exige que um analista forneça uma estrutura 
para o aplicativo de IA, mas o processo de IA normalmente é opaco para o investidor. 
Com muitos indicadores possíveis, o investidor deve determinar os méritos relativos de 
cada um. Alguns optam por seguir outros investidores com objetivos semelhantes de 
ESG. Essa rota tem a virtude da simplicidade e pode permitir ao investidor adiar a crítica 
a terceiros. Mas também acarreta o risco de que a carteira de outros investidores não 
reflita com precisão os objetivos declarados. 
Com centenas de empresas de ramos semelhantes socialmente responsáveis sendo 
negociados nos mercados, há uma ampla gama de opções de investimento agora dis-
poníveis para os investidores. Alguns provedores oferecem serviços personalizados 
onde o investidor pode selecionar e escolher os componentes do portfólio, mas uma op-
ção mais popular é o investidor simplesmente participar de um dos muitos produtos de 
investimento ESG disponíveis no mercado. Embora isso ofereça aos investidores uma 
execução simples e uma grande seleção, também representa o desafio de entender 
cada abordagem e as diferenças entre esses fundos. Alguns dos fundos simplesmente 
adicionaram um suplemento ESG a um processo de investimento existente, enquanto 
outros adotam uma abordagem mais orientada para resultados, projetada para oferecer 
um retorno de impacto ou sustentabilidade juntamente com um retorno financeiro.
Instrumentos legais para reporte ESG
A maneira mais fácil de avaliar uma empresa é simplesmente confiar na reputação his-
tórica da empresa ou de seu setor. Mas esse método pode subestimar os esforços que 
as empresas estão fazendo para melhorar seu desempenho e, inversamente, pode ser 
vítima de publicidade corporativa imprecisa ou enganosa.
Há também uma complicação no fato de que as considerações ASG são multidimensio-
nais. O desempenho de uma empresa pode ser medido em muitas áreas, como impac-
tos no ar, na água e na energia; efeitos de sustentabilidade de funcionários e clientes; 
práticas de contratação, treinamento e promoção de gênero e minorias. Qual a melhor 
forma de medir e pesar tudo isso? A dificuldade em coletar e analisar informações sobre 
uma ampla gama de fatores ESG levou empresas e investidores a confiar em serviços 
terceirizados para fazer a pesquisa e fornecer orientação sobre identificação, conformi-
dade e relatórios de questões ESG (Cruz, 2022).
Existem vários serviços que fornecem estruturas para relatar sustentabilidade ou de-
sempenho ESG: Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade da Global Reporting 
Initiative (GRI), SASB, Pacto Global das Nações Unidas (UNGC), Princípios Orienta-
dores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, Diretrizes da OCDE, 
Organização Internacional para Padronização (ISO) 26000 e Declaração Tripartite da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A título de exemplificação, o Global Reporting Initiative (tradução: Iniciativa Global de 
Informação) é uma organização independente, formada em 1997 pelo CERES, pelo Ins-
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tituto TELLUS e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Os Padrões 
GRI foram atualizados pela última vez em 2016. Em 2017, 63% das 100 maiores empre-
sas nos países relatores e 75% da Global Fortune 250 usaram a estrutura de relatórios 
GRI. Os Padrões são agrupados em três categorias de tópicos específicos: econômico, 
ambiental e social. Além disso, existem três Padrões universais para orientar as orga-
nizações relatoras na preparação de um relatório de sustentabilidade. Eles orientam os 
relatores no uso dos Padrões, relatando as informações contextuais relevantes de uma 
organização e relatando como seus tópicos são gerenciados (Cruz, 2022).
Os tópicos ESG e suas as amplas categorias incluem os mostrados no quadro abaixo.
Quadro 01. Indicadores ESG reportados pelo GRI
ECONÔMICOS AMBIENTAIS SOCIAIS
• Performance econômica
• Presença no mercado
• Impacto Econômico 
Indireto
• Práticas de aquisição
• Anticorrupção• Comportamento anti-
competitivo
• Materiais
• Energia
• Água e efluentes
• Biodiversidade
• Efluentes e 
Resíduos
• Conformidade 
Ambiental
• Avaliações 
ambientais de 
fornecedores
• Emprego
• Relações Trabalhistas/Administrativas
• Saúde e segurança ocupacional
• Treino e educação
• Diversidade e Igualdade de Oportunidades
• Não discriminação
• Liberdade de Associação e Negociação Coletiva
• Trabalho infantil
• Trabalho forçado ou compulsório
• Práticas de segurança
• Direitos dos Povos Indígenas
• Avaliação de Direitos Humanos
• Comunidades locais
• Avaliação Social do Fornecedor
• Políticas públicas
• Saúde e Segurança do Cliente
• Marketing e Rotulagem
• Privacidade do cliente
• Conformidade Socioeconômica
Fonte: Adaptado de Cruz (2022, p. 12).
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
4
A implicação relevante para a discussão neste capítulo é que duas organizações rela-
toras podem estar relatando com base em interpretações dramaticamente diferentes 
das Normas devido a fatores setoriais, locais ou regionais. Também é importante repetir 
que essas Normas são diretrizes para relatórios corporativos. A GRI não revisa a pre-
cisão dos relatórios da empresa ou do governo. E esta é uma deficiência crucialmente 
importante: não importa quão detalhados sejam os Padrões, as organizações relatam 
seu próprio desempenho.
Embora o GRI seja a fonte mais popular de orientação para relatórios de sustentabi-
lidade, existem várias outras organizações com metodologias de relatórios diferentes 
e concorrentes.
CONCLUSÃO 
Ao longo desta aula, discutimos a importância das leis ambientais como ferramentas 
fundamentais para proteger o meio ambiente e garantir a sustentabilidade das ativida-
des econômicas. Foram abordadas as principais legislações que regulam o uso dos 
recursos naturais, a preservação dos ecossistemas e a responsabilidade das empresas 
em relação ao impacto ambiental de suas operações. Essas normas são essenciais 
para orientar as práticas empresariais e garantir que o desenvolvimento ocorra de ma-
neira sustentável e responsável.
Além das legislações, foram exploradas diversas práticas de sustentabilidade que as 
empresas podem adotar para minimizar seu impacto ambiental. Entre essas práticas, 
destacam-se o uso eficiente de recursos, a redução de emissões de carbono, a gestão 
adequada de resíduos e a implementação de energias renováveis. A aula enfatizou que 
a adoção de práticas sustentáveis não é apenas uma obrigação legal, mas também 
uma oportunidade para as empresas se diferenciarem no mercado e atenderem às 
expectativas crescentes dos consumidores por produtos e serviços mais responsáveis.
Por fim, foram discutidos os princípios ESG (Environmental, Social, and Governance), 
que englobam critérios ambientais, sociais e de governança que as empresas devem 
seguir para garantir uma gestão responsável e sustentável. Esses princípios são cada 
vez mais utilizados por investidores e stakeholders para avaliar o desempenho e a sus-
tentabilidade das empresas. A aula destacou que o compromisso com o ESG pode tra-
zer benefícios significativos, como a atração de investimentos, a melhoria da reputação 
e o fortalecimento da resiliência empresarial em um mundo cada vez mais preocupado 
com a sustentabilidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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evolução da produção científica internacional entre 1990 e 2019. Saúde e Sociedade, [s. l.], v. 29, n. 2, 2020. 
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902020180866. Acesso em: 31 jul. 2024. 
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Sustentabilidade e a Agenda Ambiental
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Análise Ambiental de Sanitárianutrientes e produtos químicos, contribuindo para 
a degradação da qualidade da água.
 ` Controle de Resíduos do Uso de Fertilizantes e Defensivos: O uso descontro-
lado de fertilizantes e defensivos agrícolas é outra fonte significativa de poluição. 
A lixiviação de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, provenientes de fertilizantes, 
além de resíduos químicos de defensivos, atinge os corpos d’água, promovendo 
um enriquecimento excessivo.
 ` Eutrofização dos Recursos Hídricos: A acumulação desses nutrientes desen-
cadeia o fenômeno da eutrofização, caracterizado pelo aumento excessivo de 
nutrientes, principalmente nitrogenados e fosfatados, que estimulam o cresci-
mento descontrolado de organismos aquáticos, como algas. Este processo pro-
voca mudanças drásticas na composição química e biológica da água.
 ` Impactos na Qualidade da Água: A eutrofização resulta na proliferação de algas 
tóxicas, como aquelas que produzem microcistinas, prejudiciais à saúde humana e 
ecossistêmica. Além disso, a morte massiva de peixes e outros vertebrados aquá-
ticos é observada devido à redução dos níveis de oxigênio dissolvidos na água.
 ` Comprometimento do Abastecimento Público e Industrial: A presença de 
microcistinas e a deterioração geral da qualidade da água têm impactos diretos 
no abastecimento público e industrial. A presença de toxinas na água potável 
representa uma ameaça à saúde humana, enquanto a contaminação industrial 
compromete os processos produtivos.
A abordagem inadequada da poluição hídrica decorrente da falta de tratamento de es-
goto e da prática inadequada na aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas tem 
implicações profundas na qualidade dos recursos hídricos. A mitigação desses impactos 
exige a implementação de práticas sustentáveis, tecnologias de tratamento avançadas 
e regulamentações efetivas para garantir a preservação dos ecossistemas aquáticos e 
a segurança do abastecimento de água.
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1
Introdução ao Saneamento
Atmosfera
Um dos principais componentes dos sistemas físicos interdependentes da Terra é a at-
mosfera. Uma atmosfera é feita de camadas de gases que cercam um planeta ou outro 
corpo celeste. A atmosfera da Terra é composta por cerca de 78% de nitrogênio, 21% de 
oxigênio e 1% de outros gases (Calijuri; Gasparini, 2019). Esses gases são encontrados 
em camadas atmosféricas (troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera) 
definidas por características únicas como temperatura e pressão. 
A atmosfera pode ser dividida em camadas com base na sua temperatura, conforme 
mostrado na Figura 4. Essas camadas são chamadas, a partir do nível do solo, de (1) a 
troposfera, (2) a estratosfera, (3) a mesosfera, (4) a termosfera e (5) a exosfera.
A troposfera é a primeira camada logo acima da superfície da Terra e contém metade de 
toda a atmosfera da Terra. Os gases mais predominantes acima da superfície incluem 
nitrogênio (78%) e oxigênio (21%) com o restante 1% consistindo de argônio e vestígios 
de hidrogênio, ozônio e outros constituintes (Teixeira et al., 2003). A temperatura e o 
teor de vapor de água na troposfera diminuem rapidamente com a atitude. A troposfera 
começa na superfície da Terra e se estende de 8 a 14,5 km de altura (Teixeira et al., 
2003). O dióxido de enxofre e o óxido de nitrogênio são emitidos para a atmosfera e 
transportados pelo vento e pelas correntes de ar. Esses gases reagem com vapor de 
água, oxigênio e outros produtos químicos para formar sulfúrico e ácidos nítricos – re-
sultando, por vezes, no fenômeno conhecido como na chuva ácida. 
Figura 04. Camadas da atmosfera
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atmosfera.png. Acesso em: 23 jul. 2024. 
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A estratosfera é a camada imediatamente após a troposfera. O fundo da estratosfera 
fica a cerca de 10km acima do solo em latitudes médias. O topo da estratosfera ocorre 
a uma altitude de 50km. A camada de ozônio é encontrada principalmente na porção 
inferior da estratosfera de aproximadamente 20 a 30 km acima da superfície da Terra, 
embora a espessura varie sazonalmente e geograficamente. O ozônio é produzido na-
turalmente na estratosfera quando a radiação solar altamente energética atinge molé-
culas de oxigênio e faz com que os átomos de oxigênio se separem em um processo 
de fotólise. A espessura média da camada de ozônio é de cerca 3 mm de espessura. 
A camada de ozônio (ozônio estratosférico) é uma camada de moléculas de ozônio al-
tamente concentradas a uma altitude de cerca de 30 a 50 km (estratosfera). A principal 
função da camada de ozônio é absorver a radiação ultravioleta do sol, protegendo as-
sim a Terra de seus efeitos nocivos. Aeronaves a jato voam na estratosfera porque ela 
é altamente estável (Teixeira et al., 2003).
A mesosfera está diretamente acima da estratosfera e abaixo da termosfera. Estende-
-se de cerca de 50 a 85 km acima da superfície do planeta. A temperatura diminui com 
a altura em toda a mesosfera.
Por fim, a termosfera é a camada diretamente acima da mesosfera e abaixo da exos-
fera. Dentro desta camada da atmosfera, a radiação ultravioleta causa a fotoionização/
fotodissociação de moléculas criando íons na ionosfera (Teixeira et al., 2003).
2.2 CARACTERIZAÇÃO BIÓTICA
Os microrganismos no ambiente são de origem diversa e onipresentes. Os microrganis-
mos ambientais também são fundamentalmente diferentes dos isolados de microrganismos 
mantidos em laboratório ou clínicos, porque são adaptados a ambientes hostis e muitas 
vezes amplamente flutuantes. Na microbiologia ambiental, podemos categorizar os micro-
organismos como procariontes ou eucariontes, os quais afetam claramente a saúde e o 
bem-estar humano e são essenciais para a manutenção da vida, como a conhecemos.
Os solos de superfície são predominantemente ocupados por populações indígenas 
de fagos, bactérias, actinobactérias, fungos, algas e protozoários. Em geral, à medida 
que o tamanho desses organismos aumenta de bactérias para protozoários, o número 
presente diminui (Lepsch, 2011) A maior parte do da análise ambiental de microrganis-
mos concentra-se em bactérias, actinobacteria fungos, particularmente em ambientes 
de solo e água.
A atmosfera é um ambiente hostil para os microrganismos sobreviverem devido ao es-
tresse abiótico, incluindo radiação UV, temperatura, dessecação e falta de nutrientes. Isto 
é particularmente verdadeiro para células vegetativas, como bactérias. Assim, muitas das 
bactérias capazes de sobreviver a condições atmosféricas adversas são capazes de for-
mar endósporos, como Bacillus spp. (Derísio, 2012). No, os microrganismos na atmosfera 
sobrevivem melhor quando estão cercados por gotículas de água ou partículas coloidais 
que atuam como jangadas. Os microrganismos podem ser encontrados em diferentes 
áreas da atmosfera, incluindo a camada limite atmosférica e a própria troposfera
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1
Introdução ao Saneamento
O estudo dos microrganismos na água é conhecido como microbiologia aquática. A di-
versidade de comunidades microbianas dentro desses ambientes é enorme; no entan-
to, os microrganismos são conhecidos por habitar as águas superficiais incluem fagos, 
bactérias, fungos e protozoários. Com relação à poluição, muitas vezes há uma maior 
preocupação com aqueles considerados patogênicos ou que produzem toxinas que 
afetam adversamente a saúde e o bem-estar humano. Em outras situações, há uma 
maior preocupação com o transporte e destino de patógenos introduzidos em águas 
superficiais através, por exemplo, de descarte de resíduos ou contaminação de águas 
superficiais com dejetos animais.
A poluição e outros distúrbios do meio ambiente podem ter inúmeras consequências 
negativas para a saúde e o bem-estar humano. Dadas as complexidades dos sistemas 
ambientais e das interações entre os seres humanos e o meio ambiente, são neces-
sárias abordagens multidisciplinares para abordar as questões de poluição ambiental.
3. POLUIÇÃOATMOSFÉRICA
Os poluentes do ar nas cidades são principalmente uma mistura de muitos poluentes 
diferentes, alguns visíveis, como poeira e fuligem, mas muitos invisíveis, como partícu-
las muito pequenas e gases. Quanto mais componentes visíveis forem evidentes, mais 
pequenas partículas e gases podem ser esperados. A poluição é classificada como 
primária ou secundária. 
Figura 05. Tipos de Poluentes Atmosféricos
POLUENTES
ATMOSFÉRICOS
Material
Particulado
Monóxido
de Carbono
Compostos 
Orgânicos 
Voláteis
Dióxido de 
Nitrogênio
Dióxido de 
Enxofre
Fonte: elaborada pelo autor. 
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3.1 POLUENTES PRIMÁRIOS
Os poluentes primários são substâncias produzidas diretamente por um processo, como 
as cinzas de uma erupção vulcânica ou o gás monóxido de carbono do escapamento de 
um veículo motorizado.
Com base na natureza físico-química dos poluentes atmosféricos (Figura 5), eles po-
dem ser amplamente agrupados em (1) material particulado em suspensão (MP), (2) 
poluentes gasosos e (3) odores.
Material Particulado
Esses poluentes são antropogênicos (feitos pelo homem) ou resultam de acidentes 
naturais. Matéria particulada (MP) é matéria microscópica sólida ou líquida suspensa 
na atmosfera da Terra (Botkin; Keller, 2016). Inclui fumaça de escapamento de diesel, 
cinzas volantes de carvão, poeiras minerais (por exemplo, carvão, amianto, calcário e 
cimento), poeira e fumaça de metal (por exemplo, zinco, cobre, ferro, chumbo), névoas 
ácidas (por exemplo, ácido sulfúrico), fluoretos, pigmentos de tinta, névoas de pestici-
das, negro de fumo e fumaça de óleo. Esses MPs são responsáveis por uma variedade 
de problemas de saúde, como infecção respiratória, câncer de pulmão e distúrbios da 
gravidez (Calijuri; Cunha, 2013). 
Os poluentes particulados resultam da atividade humana a partir de uma variedade de 
fontes estacionárias e móveis ou são formados na atmosfera pela transformação de 
emissões gasosas. Alguns MPs são emitidos diretamente de fontes estacionárias, como 
canteiros de obras, estradas não pavimentadas ou incêndios em campos ou chaminés. 
A maioria das partículas se forma na atmosfera como resultado de reações comple-
xas de produtos químicos, como dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, poluentes 
emitidos por usinas de energia, indústrias e automóveis. Fontes móveis de MP são 
derivadas de uma variedade de atividades humanas. Esses tipos de atividades incluem 
operações agrícolas, processos industriais, combustão de madeira e combustíveis fós-
seis, atividades de construção e demolição e arrastamento de poeira rodoviária para o 
ar (Mihelcic; Zimmerman, 2012).
Óxido de Enxofre
Os óxidos de enxofre (SOx) são produzidos principalmente por vulcões e em vários 
processos industriais. O carvão e o petróleo geralmente contêm compostos de enxofre 
e sua combustão gera dióxido de enxofre. A oxidação posterior do dióxido de enxofre, 
geralmente, na presença de um catalisador como NO2 forma H2SO4 e, portanto, chuva 
ácida. Esse é um dos motivos de preocupação quanto ao impacto ambiental do uso 
desses combustíveis como fontes de energia.
20
1
Introdução ao Saneamento
Óxido de Nitrogênio
Particularmente, os óxidos de nitrogênio (NOx) são emitidos pela combustão em alta 
temperatura e também são produzidos durante tempestades por descargas elétricas, 
e alguns são produzidos por plantas, solo e água. Este gás tóxico marrom-averme-
lhado tem um odor pungente característico. O dióxido de nitrogênio é um importante 
poluente do ar porque contribui para a formação de poluição fotoquímica, que afeta 
negativamente a saúde humana. A principal fonte de dióxido de nitrogênio é a queima 
de combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás. Em localidades urbanas, esse gás 
é produzido a partir de escapamentos de veículos automotores. De outras fontes de 
dióxido de nitrogênio são petróleo e refino de metais, geração de eletricidade a partir 
de usinas movidas a carvão, indústrias manufatureiras e processamento de alimentos 
(Mihelcic; Zimmerman, 2012).
Monóxido de Carbono
As fontes de monóxido de carbono (CO) incluem a combustão de combustível, como 
gás natural ou carvão, ou da queima de madeira. Ele cria uma formação do tipo smog 
no ar que tem sido associada a muitas doenças pulmonares e tem efeitos nocivos em 
plantas e animais (Calijuri; Cunha, 2013).
Compostos Orgânicos Voláteis
Compostos orgânicos voláteis (VOCs) são gases e vapores que contêm carbono, como 
fumaça de gasolina e solventes (excluindo dióxido de carbono, monóxido de carbono, 
metano e clorofluorcarbonetos). Em geral, eles são classificados como metano (CH4) 
ou não metano VOCs (NMVOCs). O metano é um gás de efeito estufa extremamente 
prejudicial, responsável por aumentar a poluição gasosa, ajudando na formação da 
camada de ozônio e prolongando a vida do metano na atmosfera. Os NMVOCs aromá-
ticos benzeno, tolueno e xileno são suspeitos de serem cancerígenos e podem levar à 
leucemia com exposição prolongada (Botkin; Keller, 2016). 
Fluoreto
Comumente, os fluoretos estão presentes no ar na forma de fluoreto de hidrogênio 
(HF), SiF6 e F2. Os fluoretos na forma de partículas incluem Ca3 AlF6 (criolita), CaF2, 
AlF6, CaSiF, NaF e Na2 SiF6. O fluoreto de hidrogênio (HF) é o poluente atmosférico 
mais nocivo. Olarias, fábricas de alumínio, vidrarias, siderúrgicas, fábricas de cerâmica, 
fábricas de fertilizantes fosfatados e fundições de urânio são as principais fontes de 
poluentes de flúor. Existem principalmente duas formas de fluoretos, a saber, a forma 
gasosa, como o fluoreto de hidrogênio e o tetrafluoreto de silício, e a forma de partículas 
sólidas presentes no ar. Os fluoretos gasosos são absorvidos pelas plantas que estão 
próximas às indústrias, e as partículas sólidas de flúor caem no solo. Principalmente, 
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bovinos, ovinos, equinos e suínos são afetados por partículas sólidas de flúor. O flúor 
afeta principalmente a estrutura e a função dos ossos dos animais. Também induz a 
destruição dos dentes em animais de pastejo, claudicação e enrijecimento das articula-
ções ósseas (Botkin; Keller, 2011).
Compostos nitrogenados
A amônia (NH3) é um gás alcalino altamente reativo e solúvel. A maior fonte de emissão 
de NH3 é a atividade agrícola, incluindo a pecuária e a aplicação de fertilizantes à base 
de NH3. A matéria orgânica em decomposição também emite gás amônia. A amônia 
também é gerada a partir de uma variedade de fontes não agrícolas, como conversores 
catalíticos em carros a gasolina, aterros sanitários, obras de esgoto, compostagem de 
materiais orgânicos, combustão, indústria e mamíferos e aves selvagens. O excesso 
de nitrogênio traz mudanças de eutrofização e acidificação e outros efeitos prejudiciais 
(Vesilind; Morgan, 2011). 
Além disso, o nitrogênio atmosférico está associado a vários efeitos nos ecossistemas 
da Terra, incluindo a produção de chuva ácida (como ácido nítrico, HNO3) e gás de 
efeito estufa (como óxido nitroso, N2O), potencialmente causando mudanças climáti-
cas. Um dos principais impactos do escoamento de fertilizantes é a eutrofização de 
corpos d’água salgada e doce. Esse fenômeno ocorre quando o excesso de nutrientes 
no escoamento promove o crescimento desenfreado de microrganismos, resultando na 
diminuição dos níveis de oxigênio dissolvido e na consequente morte da fauna local.
Dentro deste contexto, as microcistinas, ou toxinas de algas, são substâncias tóxicas 
liberadas por alguns tipos de algas quando estão presentes em grandes quantida-
des (florescimentos) e se decompõem ou se degradam. Altos níveis de nutrientes e 
temperaturas quentes geralmente resultam em condições favoráveis para a formação 
de algas. Essas flores podem ser identificadas como tapetes flutuantes de espuma 
em decomposição, com mau cheiro e gelatinosa. Um tipo de algas, as cianobactérias 
(também conhecidas como algasverdes azuladas), ocorrem naturalmente em todos os 
ecossistemas de água doce. Quando a proliferação de algas se forma e as cianobac-
térias se degradam, muitas liberam toxinas de algas que podem ser prejudiciais à vida 
aquática e humana.
3.2 POLUENTES SECUNDÁRIOS
Os poluentes secundários podem ser formados por reações térmicas, químicas ou fo-
toquímicas. O melhor exemplo de um poluente atmosférico secundário é o ozônio. É 
formado quando hidrocarbonetos (HC) e óxido de nitrogênio (NOx) se combinam na 
presença da luz solar, formando NO2 e chuva ácida, que se forma quando dióxido de 
enxofre ou óxidos de nitrogênio reagem com a água (Braga et al., 2006).
Principalmente, ambientes aquáticos, como córregos, lagos e pântanos são afetados 
pela chuva ácida. O principal alvo em ambientes aquáticos são os peixes. À medida 
22
1
Introdução ao Saneamento
que flui através do solo, a água da chuva ácida pode lixiviar o alumínio das partículas 
de argila do solo e depois fluir para córregos e lagos. A liberação de alumínio em cor-
pos aquáticos depende da intensidade da chuva ácida de uma determinada localidade 
(Botkin; Keller, 2011). 
A natureza tem sua própria maneira de proteger a terra da chuva ácida. Muitas flores-
tas, riachos e lagos não sofrem com a chuva ácida porque o solo dessas áreas pode 
amortecer a chuva ácida neutralizando a acidez da água da chuva que flui através dele. 
Reações fotoquímicas entre óxido de nitrogênio e hidrocarbonetos reativos podem pro-
duzir ozônio (O3). Formaldeído e nitrato de peroxiacetil reagem juntos na presença de 
HCl e formaldeído (Botkin; Keller, 2011).
3.3 REGULAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS
Em 1999, a lei que rege a política ambiental foi alterada para estabelecer uma nova 
política ambiental e um sistema nacional de meio ambiente. Assim, o Conselho Nacio-
nal do Meio Ambiente (CONAMA), criado em 1981 (Brasil, 1981), atualizou sua política 
ambiental para ter um melhor controle sobre a poluição, a fim de diminuir os riscos à 
saúde, especialmente da contaminação do ar ambiente. Antes disso, havia diretrizes 
de emissão de poluição que permitiam às indústrias poluir até certo ponto sem se-
rem responsabilizadas por qualquer dano ambiental. No entanto, após a aprovação 
dessa política, foi aplicada a responsabilidade objetiva, que determinava que as in-
dústrias fossem responsáveis por toda a poluição que estivessem causando. Além dis-
so, promotores públicos autorizados podem atuar na defesa de quaisquer questões 
ambientais (Calijuri; Cunha, 2013). Mais tarde, as ONGs receberam o direito de fa-
zer o mesmo que promotores públicos de proteção ao meio ambiente. O Ministério do 
Meio Ambiente do Brasil emprega agentes para coordenar, supervisionar e controlar a 
Política Ambiental do Brasil.
Do ponto de vista de monitoramento da qualidade do ar, torna-se fundamental para a 
proteção da saúde humana e do meio ambiente. À medida que a população humana 
continua a aumentar, à medida que o desenvolvimento industrial e o uso de energia 
continuam a se expandir, e apesar dos avanços no controle da poluição, a produção 
contínua de poluição permanece inevitável. No Brasil, os monitoramentos de qualida-
de do ar seguem os padrões estabelecidos pelo IBAMA e aprovados pelo CONAMA 
(CONAMA, 1990). Tal padronização classifica a qualidade do ar em 5 categorias, como 
mostra a Tabela 1.
Tabela 01. Padrão de Qualidade do Ar
QUALIDADE ÍNDICE SIGNIFICADO
N1 – Boa 0 – 40 Sem efeitos nocivos à saúde humana
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Análise Ambiental de Sanitária
Avanços contínuos no desenvolvimento, aplicação e automação de dispositivos de mo-
nitoramento são necessários para aumentar a precisão e a relação custo-benefício dos 
programas de monitoramento. Igualmente importante é a necessidade de produzir mais 
cientistas e engenheiros que tenham o conhecimento e o treinamento necessários para 
desenvolver e operar com sucesso dispositivos de monitoramento e gerenciar progra-
mas de monitoramento. 
3.4 REGULAÇÃO E ASPECTOS LEGAIS
O controle da poluição do ar envolve a redução da carga poluente atmosférica pela 
qual a harmonia normal no estilo de vida pode ser mantida sem perturbar os ecossiste-
mas vizinhos. Quando o ar ambiente contém mais do que o limite permitido de poluen-
tes atmosféricos, conforme prescrito em ato legislativo de um estado ou país ou nas 
normas dos padrões da Organização Mundial da Saúde é conhecido como ar poluído 
(Braga et al., 2006).
A atmosfera é propensa à poluição de fontes naturais, bem como de atividades hu-
manas. Conforme descrito anteriormente, alguns fenômenos naturais, como erupções 
vulcânicas e incêndios florestais, podem ter efeitos não apenas locais e regionais, mas 
também globais de longa duração. A melhor maneira de proteger a qualidade do ar é 
evitar a emissão de poluentes, em vez de usar enormes orçamentos para projetar dis-
positivos mecânicos para remover os poluentes atmosféricos dos gases de exaustão no 
local de geração. Esses dispositivos são descritos na sequência:
Fonte: adaptada de Calijuri e Gasparini (2019, p. 48)
N2 - Moderado 41 – 80 
Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos, e pessoas com doenças 
respiratórias e cardíacas) podem apresentar sintomas como tosse seca e 
cansaço. A população, em geral, não é afetada.
N3 – Ruim 81 – 120 
Toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca, ardência 
nos olhos, nariz e garganta. Pessoas de grupos sensíveis (crianças, ido-
sos, e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas) podem apresen-
tar efeitos mais agudos.
N4 – Muito Ruim 121 – 
200 
Toda a população pode apresentar agravamento de sintomas como tosse 
seca, ardência nos olhos, nariz e garganta. Efeitos mais graves são ob-
servados em pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos, e pessoas 
com doenças respiratórias e cardíacas).
N5 - Péssimo >200
Toda a população pode apresentar sérios riscos de manifestação de 
doenças respiratórias e cardíacas. Aumento de mortes prematuras de 
pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos, e pessoas com doenças 
respiratórias e cardíacas).
24
1
Introdução ao Saneamento
Controle de Particulado
Uma variedade de dispositivos mecânicos como ciclones, lavadores, precipitadores 
eletrostáticos e filtros de mangas estão sendo usados atualmente para limpar o ar 
contaminado. Partículas, poeiras e partículas sólidas em suspensão são acumuladas 
no equipamento formando aglomerados que podem ser removidos do equipamento e 
descartados (Braga et al., 2006). A utilização de equipamentos específicos depende 
principalmente da natureza do poluente no ar ambiente. As características físicas das 
partículas ou particulados que influenciam o aglomerado são corrosividade, reativida-
de, forma, densidade e principalmente tamanho e distribuição granulométrica. Outros 
fatores incluem características do fluxo de ar (por exemplo, pressão, temperatura e 
viscosidade), taxa de fluxo, eficiência de remoção e resistência permitida ao fluxo de ar.
Tratamento Biológico
Principalmente, microorganismos aeróbios (principalmente bactérias mesófilas) são 
usados para remediação biológica do ar contaminado. Bactérias mesófilas podem ser 
alimentadas com compostos orgânicos e inorgânicos em gases residuais. Os micror-
ganismos degradam metabolicamente os contaminantes e formam dióxido de carbono, 
água e sais. 
Mesofílicos consistem em um conjunto de organismos capazes de se desenvolverem em 
temperaturas moderadas, ou seja, 20 e 45 °C, que não são muito quentes nem muito frias. 
Vários patógenos, assim como a microbiologia humana, são considerados mesófilos. Isto 
porque a temperatura normal do corpo humano é de 37 ° C. Alguns mesófilos estão envol-
vidos na produção de vinho e cerveja. Eles também são encontrados em queijo e iogurte.
SAIBA MAIS
4. POLUIÇÃO HÍDRICA
A poluição da água consiste na adição de substâncias ou formas de energia que direta 
ou alteram indiretamente a natureza do corpo de água de tal maneira que negativa-
menteafeta seus usos legítimos (Von Sperling, 2016). Esta definição é essencialmen-
te prática e, consequentemente, potencialmente controversa, pelo facto de associar a 
poluição a alterações negativas e com os usos dos corpos d’água, conceitos que são 
atribuídos pelos seres humanos. No entanto, essa visão prática é importante, principal-
mente na hora de analisar as medidas de controle para redução da poluição 
A Tabela 2 lista os principais poluentes e sua origem juntamente com os principais 
efeitos representativos ao ambiente diante da sua deposição. No Brasil, a Resolução 
Conama nº 430/2011 aborda em detalhes os principais parâmetros que caracterizam a 
qualidade de uma água residual (CONAMA, 2011). Para uso doméstico esgoto, que é 
o foco principal desta Unidade, os principais poluentes são: sólidos, matéria orgânica 
biodegradável, nutrientes e organismos patogênicos. 
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A solução para a maioria desses problemas, especialmente matéria orgânica biode-
gradável e patógenos, foi alcançada em muitas regiões desenvolvidas, que agora são 
concentrados na remoção de nutrientes e micro poluentes, juntamente com uma aten-
ção substancial à poluição causada pela drenagem de águas pluviais. Nas regiões em 
desenvolvimento, os problemas básicos de poluição ainda precisam ser resolvidos, e 
toda a variedade de poluentes precisa ser combatida (Von Sperling, 2016). No entanto, 
devido à escassez de recursos financeiros nestas regiões, é necessário definir priorida-
Tabela 02. Principais poluentes e seus efeitos no ambiente
POLUENTE POSSÍVEIS EFEITOS 
Sólidos suspenso
 ` Adsorção de poluentes
 ` Deposição de lodo
 ` Estética
Matéria orgânica 
biodegradável
 ` Consumo de oxigênio
 ` Mortandade de peixes
Nutrientes
 ` Produção excessiva de algas
 ` Aumento de toxicidade
 ` Contaminação de águas subterrâneas
Patógenos ` Doenças de transmissão hídricas
Matéria orgânica 
não biodegradável
 ` Redução da transferência de oxigênio
 ` Toxicidade
 ` Mau odor
Metais
 ` Toxicidade
 ` Inibição de atividade biológica
 ` Contaminação de águas subterrâneas
Sólidos inorgânicos
 ` Aumento da salinidade
 ` Problemas com permeabilidade do solo
Fonte: elaborada pelo autor.
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Introdução ao Saneamento
des (como foram, no passado, e continuam a ser, nas regiões desenvolvidas), e a po-
luição bruta por matéria e contaminação por patógenos provavelmente merecem maior 
atenção. Naturalmente, cada região tem suas especificidades que devem ser levadas 
em consideração ao estabelecer prioridades.
4.1 AUTODEPURAÇÃO
A introdução de matéria orgânica em um corpo d’água resulta, indiretamente, no consu-
mo de oxigênio dissolvido (OD). Isso ocorre em decorrência dos processos da estabili-
zação da matéria orgânica realizada pelas bactérias, que utilizam o oxigênio disponível 
no meio líquido para sua respiração. Como esperado, a queda da concentração de OD 
no corpo d’água tem várias implicações do ponto de vista ambiental. 
Em termos mais amplos, o processo de autodepuração está associado ao restabe-
lecimento do equilíbrio do ecossistema aquático, após as alterações induzidas pelo 
lançamento de efluentes (Calijuri; Cunha, 2013). Dentro de um ponto de vista mais es-
pecífico, a conversão de compostos orgânicos em compostos inertes, não deletérios do 
ponto de vista ecológico, é parte integrante do processo. Deve-se entender que o con-
ceito de autodepuração apresenta a mesma relatividade como o conceito de poluição
A água pode ser considerada purificada sob um ponto de vista, mesmo que não totalmen-
te purificada em termos higiênicos, apresentando, por exemplo, organismos patogênicos. 
A partir de uma abordagem pragmática, a água poderia ser considerada purificada quan-
do suas características não estão mais em conflito com seus usos pretendidos em cada 
trecho do curso d’água. Isso porque não há absoluta purificação: o ecossistema atinge um 
novo equilíbrio, mas em condições que são diferentes de antes (a montante), devido ao 
aumento das concentrações de certos compostos e subprodutos resultantes do processo 
de decomposição. Como consequência, a comunidade aquática é diferente, mesmo que 
em um novo estado de equilíbrio (Calijuri; Cunha, 2013).
Nesse sentido, a autopurificação pode ser entendida como um fenômeno de sucessão. 
Ao longo do rio, ocorre uma sequência sistemática de substituições de uma comuni-
dade por outra, até que se estabeleça uma comunidade estável, em equilíbrio com as 
condições locais.
Portanto, autopurificação é um processo que se desenvolve com o tempo, e consideran-
do a dimensão do rio como predominantemente longitudinal, em quatro etapas: zona de 
degradação, zona de decomposição ativa, zona de recuperação e zona de água limpa.
A zona começa logo após a descarga de águas residuais para a água corpo. A princi-
pal característica química é a alta concentração de matéria orgânica, ainda numa fase 
complexa, mas potencialmente decomponível. No ponto de descarga, a água é turva 
devido aos sólidos presentes no esgoto. A sedimentação dos sólidos resulta na forma-
ção de bancos de lodo. Nesta zona há desordem completa, em comparação com a zona 
estável comunidade que existia antes. A decomposição da orgânica matéria, realizada 
por microorganismos, pode ter um início lento, dependendo da adaptação dos micror-
ganismos aos resíduos. Normalmente, no caso de águas residuais predominantemente 
orgânicas, os microrganismos presentes no próprio esgoto são responsáveis pelo iní-
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cio da decomposição. Porque a decomposição ainda pode ser incipiente, o consumo 
de oxigênio para as atividades respiratórias dos microorganismos também podem ser 
baixas, permitindo oxigênio dissolvido suficiente para os peixes. Após a adaptação dos 
microrganismos, a taxa de consumo da matéria orgânica torna-se alto, implicando tam-
bém uma alta taxa de oxigênio dissolvido consumo.
Após a perturbação inicial, o ecossistema começa a se organizar na zona de decompo-
sição ativa. Os microrganismos, presentes em grande número, decompõem ativamen-
te. O impacto atinge os níveis mais altos e a qualidade da água está em seu pior estado. 
A coloração mais forte da água ainda pode ser observada, juntamente com os depósitos 
escuros de lodo no fundo. Nesta zona o OD atinge sua concentração mais baixa. De-
pendendo da magnitude da descarga, o oxigênio dissolvido pode ser completamente 
consumido pelos microrganismos. Nesta situação, condições anaeróbicas ocorrem em 
todo o volume líquido. A vida aeróbica desaparece, dando lugar a microorganismos 
predominantemente anaeróbios.
Figura 06. Esquema de relação em O2, peixes, microrganismos em cada zona de autodepuração de um 
curso d’água
Fonte: Santos et al. (2016, p. 23)
Após a fase intensa de consumo e degradação da matéria orgânica do ambiente aquá-
tico, inicia-se a etapa de recuperação. A água é mais clara e sua aparência geral é me-
lhorada. Os depósitos de lodo no fundo apresentam uma textura menos fina e mais gra-
nulada. Não há liberação de gases ou maus odores. A matéria orgânica, intensamente 
consumida nas zonas anteriores, é largamente estabilizada e transformada em 
compostos inertes. Isso implica uma menor taxa de consumo de oxigênio através da 
respiração bacteriana. Em paralelo com isso, o oxigênio atmosférico é introduzido na 
massa líquida, aumentando o nível de oxigênio dissolvido. As condições anaeróbicas 
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Introdução ao Saneamento
que eventualmente ocorridos na zona anterior não estão mais presentes, resultando em 
outra mudança na fauna e flora aquáticas.
Após a etapa anterior, a água está limpa novamente. As condições são semelhantes 
àquelas a montante da descarga, pelo menos em relação ao oxigênio dissolvido, ma-
téria orgânica e níveis de bactérias e, provavelmente, organismos patogênicos. A apa-
rência da água é semelhante à de antes da poluição ocorrer.No líquido predominam 
os completamente oxidados e formas estáveis de matéria inorgânica, embora o lodo 
no fundo possa, não necessariamente, estar estabilizado. A concentração de oxigênio 
dissolvido é perto do nível de saturação, devido ao baixo consumo por a população 
microbiana e possivelmente alta produção pelas algas.
4.2 MODELAGEM DE POLUIÇÃO
A carga pode ser definida como a massa de uma substância que passa por um deter-
minado ponto de um rio (como uma estação de monitoramento em uma saída de bacia 
hidrográfica) em um período de tempo especificado (por exemplo, diariamente, anual-
mente). Matematicamente, a carga é essencialmente o produto da descarga de água e 
a concentração de uma substância na água. A vazão é um termo que descreve a taxa 
de carregamento, ou seja, a taxa instantânea na qual a carga passa por um ponto no rio. 
A descarga de água é definida como o volume de água que passa por uma seção trans-
versal de um rio em um período de tempo especificado, enquanto o fluxo refere-se à 
taxa de descarga, a taxa instantânea na qual a água passa por um ponto:
O principal desafio de monitoramento torna-se a melhor forma de levar as amostras 
discretas para dar a estimativa mais precisa de carga. Observe que a carga total é a 
carga sobre o período de interesse (por exemplo, um ano) determinado pela soma de 
uma série de cargas unitárias (cálculos individuais de carga como o produto de con-
centração, fluxo e tempo a longos períodos de tempo menores e mais homogêneos). O 
problema central é obter boas medidas de concentração e vazão durante cada intervalo 
de tempo. Como regra geral, nos casos em que frequência de amostragem é alta em 
relação ao período de interesse (por exemplo, amostragem diária para cargas anuais) 
concentrações instantâneas de amostras simples podem ser usadas com vazão no 
momento da amostragem ou valores médios de vazão para o intervalo de tempo. Se 
for realizada amostragem menos frequente (por exemplo, semanalmente para cargas 
anuais), no entanto, é recomendado que as concentrações de amostras compostas de 
fluxo ponderado sejam usadas com estimativas de vazão total para o período de tempo 
durante o qual cada amostra é composta. Uma vez que essas escolhas serão descritas 
com mais detalhes nas páginas seguintes, pois o cálculo da carga total somando as 
cargas unitárias é uma aritmética simples.
4.3 ASPECTOS REGULATÓRIOS
A Lei nº 9.433/1997 (Brasil, 1997), define os objetivos, princípios e instrumentos da Po-
lítica Nacional de Recursos Hídricos e sobre o sistema de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos do País. A lei estabelece o arranjo institucional sob o qual as políticas de água 
do país devem ser implementadas.
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A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi proposta para alcançar (1) a susten-
tabilidade - garantir que as gerações presentes e futuras tenham uma disponibilidade ade-
quada de água com qualidade adequada; (2) gestão integrada - para garantir a integração 
entre os usos a fim de garantir o desenvolvimento contínuo; e (3) segurança - para prevenir 
e proteger contra eventos críticos, devido a causas naturais ou usos inadequados.
Bacias hidrográficas
Logo no Art. 1º, a Lei define alguns fundamentos básicos, incluindo o conceito de bacia 
hidrográfica (Brasil, 1997). De acordo com a lei, bacia hidrográfica consiste n a unidade 
territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Em linhas gerais, uma bacia hidrográfica é uma área de terra que drena todos os riachos 
e chuvas para uma saída comum, como a saída de um reservatório, a foz de uma baía 
ou qualquer ponto ao longo de um canal de riacho. As bacias hidrográficas podem ser tão 
pequenas quanto uma área ocupada ou grandes o suficiente para abranger toda a terra 
que drena a água para os rios que deságuam na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. 
A palavra “bacia hidrográfica” às vezes é usada de forma intercambiável com bacia de 
drenagem ou captação. Cumes e colinas que separam duas bacias hidrográficas são 
chamadas de divisão de drenagem. A bacia hidrográfica consiste em águas superficiais 
– lagos, riachos, reservatórios e zonas úmidas – e todas as águas subterrâneas sub-
jacentes. Bacias hidrográficas maiores contêm muitas bacias hidrográficas menores.
Instrumentos da PNRH 
As ferramentas específicas descritas na Lei para implementar a política incluem (1) re-
cursos hídricos planos; (2) classificação de corpos d’água para diferentes usos, padrões 
de qualidade de água resultantes adaptado ao objetivo de uso de cada corpo d’água, 
(3) um sistema de outorga para retirada ou uso de água; (4) tarifação da água; e (5) um 
sistema de informação de recursos hídricos (Brasil, 1997).
Os Planos de Recursos Hídricos são desenvolvidos para orientar decisões futuras e 
devem ser desenvolvidos para cada bacia hidrográfica e estado, bem como o país. O 
objetivo é coordenar esforços e estabelecer diretrizes e prioridades para alocação de 
água e tarifação da água. Cada plano deve ser aprovado pelo comitê de bacia hidrográ-
fica correspondente (Calijuri; Cunha, 2013). Os instrumentos incluem, dentre outros, a 
classificação de recursos hídricos, outorgas e a tarifação hídrica. 
A classificação dos corpos d’água por diferentes classes de uso é a base para uma 
verdadeira, integrando a quantidade e a qualidade da gestão da água. Padrões de qua-
lidade da água na água os órgãos devem ser aplicados com base no uso decidido da 
água na bacia hidrográfica. A classificação é um dispositivo de planejamento que visa 
equilibrar os padrões de qualidade da água e dos resíduos.
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Introdução ao Saneamento
O sistema de outorgas está sendo organizado para definir as regras de uso de rios e 
lagos, seja para desviar a água ou diluir poluentes. As licenças são concedidas por um 
período fixo de tempo, nunca mais de 35 anos (Calijuri; Cunha, 2013). Todas as retira-
das e usos de rios e lagos devem ter permissão - exceto aqueles em valores insignifi-
cantes, que são determinados por cada comitê de bacia hidrográfica. As licenças devem 
ser emitidas de acordo com a prioridade de usos estabelecida no plano hídrico da bacia 
hidrográfica. Permitem pode ser modificado, suspenso ou cancelado se a água não for 
usada por três anos consecutivos, ou se existem situações hidrológicas críticas. 
Por fim, a tarifação da água é o instrumento mais controverso da lei. O sistema de pre-
ços também é a etapa mais difícil de implementar. O sistema de preços reconhece o 
valor econômico da água, conforme estabelecido nos princípios da política. 
CONCLUSÃO
Na batalha contínua do mundo contra a degradação ambiental, é fundamental compre-
ender os aspectos multifacetados da poluição. Esta Unidade que exploramos ofereceu 
uma viagem abrangente e perspicaz pela intrincada rede da poluição ambiental, ofere-
cendo um recurso valioso para aqueles que estão comprometidos com a preservação 
do nosso planeta.
Dissecamos habilmente a intrincada relação entre elementos bióticos e abióticos no 
meio ambiente, elucidando como a poluição perturba esse delicado equilíbrio. Navega-
mos pelo complexo mundo da poluição atmosférica, esclarecendo as suas origens, a 
diversidade dos poluentes e os seus profundos impactos na nossa saúde e no ambien-
te. Esclarecemos sobre as consequências de longo alcance da poluição atmosférica, 
enfatizando a urgência de abordar esta questão crítica.
A poluição da água, tema de crescente preocupação, recebeu atenção também nesta 
Unidade. Caracterizamos os atributos biológicos e químicos dos ecossistemas aquáti-
cos, destacando a importância vital de manter a sua integridade. Através de descrições 
vívidas, esta Unidade sublinhou os efeitos devastadores da poluição da água na vida 
aquática, no bem-estar humano e no ecossistema em geral.
Concluindo, esta Unidade buscou se apresentar como farol de conhecimentoe um 
testemunho da nossa responsabilidade como administradores da Terra. Nos capacitou 
com o conhecimento e a motivação necessários para enfrentarmos a poluição ambien-
tal de frente. Serviu como um lembrete de que não podemos perder a batalha contra a 
poluição e inspira-nos a agir hoje para um amanhã mais limpo e saudável. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº. 003, de 28 de junho de 1990. Es-
tabelece os padrões de qualidade do ar para os seguintes poluentes: Partículas Totais em Suspensão (PTS), 
Fumaça, Partículas Inaláveis, Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido de Carbono (CO), Ozônio (O3) e Dióxido 
de Nitrogênio (NO2 ).
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº. 303, de 20 de março de 2002. 
Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº.357, de 17 de março de 2015. 
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem 
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. 
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº.430, de 15 de maio de 2011. Dis-
põe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa
DERÍSIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina de textos, 2012.
LEPSCH, I, F. 19 lições de pedologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.
MIHELCIC, J.R. ZIMMERMAN, J. Engenharia ambiental: fundamentos, sustentabilidade e projeto. Rio de 
Janeiro: LTC, 2012. 
NOWACKI, C. C. B.; RANGEL, M. B. A. Química ambiental: conceitos, processos e estudo dos impactos ao 
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Introdução ao Saneamento
SANTOS, J, M; SANTIAGO, B. E. C.; LIMA, K. C.; GONÇALVES, M. J. S. Poluição hídrica em rios tropicais: 
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Sistemas de Tratamento
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UNIDADE 2
SISTEMAS DE TRATAMENTO
INTRODUÇÃO
Apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos anos para reduzir a produção de resíduos 
sólidos e de águas residuais, incluindo a sua reciclagem e reutilização com vista à sus-
tentabilidade ambiental, muito ainda pode ser feito neste domínio em termos de investiga-
ção e desenvolvimento tecnológico. Todos os processos de tratamento propostos devem 
funcionar mantendo riscos reduzidos para o ar, a água e o solo e prevenindo riscos para 
a saúde das plantas, dos animais e dos seres humanos. Além disso, à luz do desenvol-
vimento sustentável, devem ser promovidos processos de tratamento que transformem 
diretamente resíduos sólidos e líquidos em energia, sempre que não seja possível a reuti-
lização de resíduos e águas residuais e a sua transformação em combustíveis.
Nesta unidade, abordaremos os conceitos relacionados a bioindicadores de contami-
nação hídrica e seu papel na avaliação da contaminação da água. Iremos também 
compreender os princípios e processos básicos envolvidos no tratamento de água e em 
águas residuais. Por fim, serão discutidos os conceitos envoltos de resíduos sólidos, 
elencando as principais técnicas de tratamento de resíduos sólidos e sua importância 
na gestão de resíduos
1. BIOINDICADORES DE CONTAMINAÇÃO HÍDRICA 
Por definição, poluição é a introdução num determinado ecossistema de substâncias 
ou energia susceptíveis de causar vários impactos adversos que deterioram a saúde, 
prejudicam a biota, danificam estruturas ou comodidades e/ou interferem com os usos 
autênticos do ambiente. Hoje em dia, o comportamento humano desenfreado levou a 
problemas preocupantes de poluição no ar ambiente, nos ecossistemas aquáticos e no 
solo, bem como na cadeia alimentar. Isto tornou-se um perigo para a continuação da 
existência de muitas comunidades biológicas e pode, em última análise, pôr em risco a 
sobrevivência da raça humana no planeta Terra. 
Muitas substâncias biologicamente ativas podem atuar como poluentes; porém alguns 
deles, especialmente os sintéticos, podem causar importantes impactos adversos nos 
organismos vivos em determinadas concentrações (Nowacki; Rangel, 2019). Os po-
luentes podem ser classificados pela sua composição química e estado físico ou pelas 
suas propriedades, ou seja, solubilidade, biodegradabilidade, reatividade, e/ou por se-
tores, ou seja, aéreo, aquático, terrestre, ou por fonte, ou seja, combustão de combus-
tível, indústria ou doméstico (Baird, 2011). Quase todas essas classificações são sub-
jetivas, mas as classificações mais regulares de poluentes são aquelas relacionadas 
às suas propriedades biológicas, químicas e físicas. Por outro lado, a classificação dos 
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poluentes com base nas suas funções e o potencial impacto, aos diferentes ambientes 
e aos seres vivos, estão ligados ao conhecimento tecnológico, da biologia, fisiologia, 
toxicologia e bioquímica da contemporaneidade em que foi avaliado. 
O destino de um determinado poluente é diretamente governado pela sua reatividade 
ecológica sob diversas circunstâncias. A poluição é certamente uma das característi-
cas mais vitais da degradação ecológica, uma vez que o ecossistema é o reservatório 
final da maioria dos poluentes; geralmente é resultado de hábitos insalubres, práticas 
agrícolas, descarte incorreto de resíduos e precipitação atmosférica (Calijuri; Gasparini, 
2019). Nenhum resíduo deve ser descartado em ecossistema terrestre ou aquático sem 
ter sido previamente analisado, tanto química quanto biologicamente, a fim de evitar 
o risco de prejudicar o ecossistema da sua destinação final. A maioria dos resíduos 
contém cargas extensas de patógenos, elementos potencialmente tóxicos (PTEs) e po-
luentes orgânicos persistentes emergentes (Calijur; Gasparini, 2019). 
As biotas são comumente usadas para descrever as características de uma biosfera es-
pecífica e são bem reconhecidas como indicadores biológicos frequentemente usados 
para estudar a gravidade das mudanças nos ecossistemas (Mihelcic; Zimmerman, 2012).
A terminologia “Indicadores Biológicos” é um termo de supervisão que descreve todas 
as fontes de reações bióticas e abióticas relacionadas com mudanças num determinado 
ecossistema.

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