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Semiologia Respiratória
Importante lembrar que o exame físico do tórax tem suas limitações, principalmente quando comparado ao raio-X. O fato de não encontrarmos nada de anormal no exame físico não significa que não haja lesões nos pulmões.
Semiotécnica
Para examinar os pulmões, são usadas quatro técnicas: inspeção, palpação, percussão e ausculta. O paciente pode estar sentado ou deitado, mas o ideal é que o tórax esteja totalmente exposto. Lembre-se: nem sempre as condições perfeitas serão possíveis, mas o importante é realizar o exame.
1. Inspeção: O Exame Visual do Tórax
A inspeção é o primeiro passo para avaliar a saúde dos pulmões e do tórax, usando apenas a visão. Ela é dividida em duas partes principais: inspeção estática e inspeção dinâmica. Para que seja eficaz, o ideal é que o tórax do paciente esteja completamente exposto, permitindo uma análise completa das estruturas.
Inspeção Estática
Esta etapa foca na avaliação do tórax em repouso. O profissional observa:
· Pele e Estruturas Superficiais: Busca sinais como lesões (por exemplo, herpes zoster) e anormalidades em ossos e músculos.
· Forma do Tórax: Avalia o formato geral do tórax. A forma está relacionada aos biotipos humanos, que são classificados pelo ângulo de Charpy. Essa classificação divide as pessoas em:
· Normolíneo: Corpo com proporções equilibradas.
· Brevilíneo: Corpo mais baixo e largo.
· Longilíneo: Corpo mais alto e magro.
· Abaulamentos e Depressões: Procura por saliências ou afundamentos na parede torácica. Abaulamentos na fúrcula esternal podem ser um sinal de aneurisma da aorta torácica ou tumores no mediastino. Já uma depressão em um dos lados do tórax (hemitórax) pode indicar atelectasia, que é o colapso de uma parte do pulmão.
Qual a diferença de aneurisma e tumor?
Aneurisma é uma dilatação anormal e localizada de uma artéria ou veia, ou de uma parte do coração. Em termos simples, é como um "balão" que se forma na parede de um vaso sanguíneo, que se torna fraca e não consegue mais suportar a pressão do sangue, é formada por uma “massa” mais amolecida e é pulsátil ao toque.
Tumor é uma massa anormal de tecido (pétrea) que se forma quando as células se dividem e crescem de forma descontrolada. Os tumores podem ser benignos (não cancerosos) ou malignos (cancerosos).
Inspeção Dinâmica
Esta etapa avalia a respiração em movimento, observando sua qualidade e padrão. Os aspectos analisados são:
Tipo Respiratório: Identifica como o paciente respira, se usa mais o tórax (respiração costal) ou o abdômen (respiração toracoabdominal).
Ritmo da Respiração: Avalia a regularidade do padrão respiratório. Além do ritmo normal, existem ritmos anormais que podem indicar doenças:
· Kussmaul: Respiração profunda e rápida, comum em pacientes com acidose metabólica grave.
· Biot: Respiração irregular e superficial, com pausas prolongadas (apneia), frequentemente associada a danos neurológicos.
· Cheyne-Stokes: O ciclo respiratório aumenta e depois diminui de profundidade até uma breve apneia, comum em casos de insuficiência cardíaca ou lesões cerebrais.
Amplitude: Refere-se à profundidade da respiração, que pode ser superficial ou profunda. Ambas podem ser fisiológicas ou patológicas.
Frequência Respiratória: É o número de respirações por minuto (rpm), que varia com a idade. Por exemplo, um recém-nascido respira muito mais rápido (40-45 rpm) do que um adulto (16-20 rpm).
Tiragem: Indica o uso de músculos acessórios da respiração (como os músculos do pescoço) para ajudar a puxar o ar, sinalizando dificuldade para respirar. A tiragem pode ser localizada (em uma área específica), unilateral (em um hemitórax) ou bilateral, o que ajuda a indicar a localização e a gravidade da obstrução.
2. Palpação: A Avaliação Tátil do Tórax
A palpação é um exame realizado com as mãos, que complementa a inspeção visual, fornecendo informações táteis essenciais sobre a condição da parede torácica e dos pulmões. Ela se concentra em três pontos-chave:
Estrutura da Parede Torácica
Nesta etapa, o examinador apalpa a superfície do tórax para identificar qualquer anormalidade nas estruturas que o compõem, avaliando:
· Pele e Tecido Subcutâneo: Busca por inchaços, sensibilidade, massas ou edema (acúmulo de líquido).
· Músculos e Ossos: Avalia a integridade muscular e óssea, procurando por crepitações (sensação de "areia" sob a pele, que pode indicar ar no tecido) ou deformidades nas costelas e no esterno.
· Linfonodos: Palpa as cadeias de gânglios linfáticos, como os das axilas e clavículas, buscando por aumento de tamanho, que pode ser um sinal de infecção ou doença sistêmica.
Expansibilidade do Tórax
A palpação também é usada para medir a capacidade do tórax de se expandir de forma simétrica durante a respiração. Para isso, o médico posiciona as mãos na parede torácica do paciente (tanto na frente quanto nas costas) e pede para que ele respire profundamente. A expansão de ambos os lados deve ser igual, pois uma assimetria pode indicar que um dos pulmões não está se enchendo de ar corretamente.
Frêmito Toracovocal (FTV)
O FTV é uma das avaliações mais importantes da palpação. Ele é a vibração que o médico sente na parede torácica quando o paciente fala. Essa vibração é transmitida do trato vocal, através dos brônquios, até a parede do tórax. Para avaliá-lo, o paciente é instruído a repetir palavras que produzam bastante vibração, como "trinta e três".
· Aumento do FTV: Se a vibração for mais intensa do que o normal, isso indica que há uma densidade aumentada no tecido pulmonar. Isso ocorre em condições de consolidação pulmonar, onde as vias aéreas estão preenchidas por material sólido ou líquido, como em: Pneumonia (Os alvéolos estão cheios de pus e líquido), tumor pulmonar (A massa do tumor aumenta a densidade do tecido) e infarto pulmonar (Morte de tecido pulmonar, que se torna denso).
· Diminuição ou Ausência do FTV: Uma vibração fraca ou ausente sugere que há algo bloqueando a transmissão do som entre o pulmão e a parede torácica. As causas mais comuns incluem: Derrame pleural (Líquido acumulado na pleura atua como uma barreira), espessamento pleural (A pleura se torna mais grossa, dificultando a passagem do som) e pneumotórax (Ar na cavidade pleural separa o pulmão da parede torácica).
É importante lembrar que o FTV pode ser naturalmente mais fraco em certos grupos de pessoas, como mulheres, pessoas com uma parede torácica mais espessa ou muito musculosas, e pacientes debilitados. Essa variação natural deve ser levada em conta para um diagnóstico preciso.
3. Percussão: A Avaliação Sonora do Tórax
A percussão é um método em que se bate levemente na parede torácica para produzir sons que revelam a densidade do tecido subjacente. A técnica mais comum é a dígitodigital, onde se posiciona um dedo sobre o tórax do paciente e bate sobre ele com o dedo da outra mão.
É crucial que os movimentos sejam simétricos, ou seja, que a percussão seja feita de forma comparativa em ambos os lados do tórax. O som produzido pode ser classificado em:
· Timpanismo: Um som oco e ressonante, semelhante ao de um tambor. Indica uma área com excesso de ar, como em um pneumotórax.
· Macicez: Um som abafado e sem ressonância. Indica uma área com densidade aumentada, como em derrames pleurais ou pneumonias.
4. Ausculta: A Escuta dos Sons Pulmonares
A ausculta é considerada o método mais importante para o diagnóstico de doenças pulmonares e cardíacas. Ela é realizada com um estetoscópio, com o paciente sentado ou deitado e o tórax exposto. O paciente é instruído a respirar de forma mais profunda com os lábios entreabertos, permitindo que o examinador ouça claramente os sons. A ausculta também deve ser feita de forma simétrica, comparando os sons de um lado e outro do tórax. A ausculta pode identificar dois tipos principais de sons respiratórios:
Respiração Brônquica ou Traqueal
Este é o som normal da passagem do ar pela laringe e traqueia. É um ruído soproso e rude. Na inspiração, o som é mais fraco, e na expiração, ele se torna mais forte e prolongado. Este som é ouvido normalmentesobre a fúrcula esternal e na parte anterior do pescoço.
Murmúrio Vesicular (MV)
O murmúrio vesicular é o som mais importante da ausculta, pois é o som ouvido na maior parte dos pulmões. Ele é produzido pela turbulência do ar ao se chocar contra as pequenas ramificações dos brônquios e ao passar para os alvéolos. Na inspiração, o som do MV é mais intenso e agudo. Já na expiração, o som é mais suave e curto.
O murmúrio vesicular é mais facilmente audível nas regiões superiores do tórax e nas axilas. Sua intensidade pode variar dependendo de fatores físicos do paciente, como a espessura da parede torácica.
A diminuição do murmúrio vesicular é um sinal importante de que há algo limitando a entrada de ar nos pulmões. As principais causas incluem: Derrame pleural, pneumotórax, obstrução de vias aéreas superiores, dor torácica e tecido sólido na cavidade pleural. 
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