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As abordagens pedagógicas renovadoras


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Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
AS ABORDAGENS PEDAGÓGICAS RENOVADORAS NA 
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A AUTONOMIA: algumas reflexões 
 
 
FERNANDES, Anoel 
Rede pública estadual 
LETPEF - UNESP, Rio Claro 
Mestrando em Educação, História, Política e Sociedade - Puc-SP. 
 
 
 
RESUMO 
O propósito desse estudo é realizar um 
levantamento bibliográfico sobre como 
os autores da Educação Física Escolar 
adeptos das abordagens 
Desenvolvimentista, Construtivista, 
Saúde Renovada, Sistêmica, Crítico-
Superadora, Crítico-Emancipatória e a 
baseada nos PCNs tratam do tema da 
aquisição da autonomia durante a fase 
de escolarização básica, utilizando 
como recurso metodológico a revisão 
bibliográfica das obras mais 
importantes desses autores. Após a 
revisão proponho algumas reflexões em 
torno da aquisição da autonomia, sendo 
que os resultados nos apontam que 
independente da abordagem pedagógica 
aderida pelo professor, as vivencias 
autônomas devem estar presentes nas 
aulas. 
 
Palavras-chave: Educação Física; 
abordagens pedagógicas; autonomia. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Educação Física Escolar vem 
numa constante busca de romper com 
os modelos tradicionais que permearam 
esta área de estudo até meados dos anos 
de 1980. Darido (2003) destaca que é 
nesse momento que a Educação Física 
passa por um período de valorização 
dos conhecimentos produzidos pela 
ciência. 
A partir desse enfoque dado à 
Educação Física, enquanto ciência com 
corpo próprio de conhecimento, começam 
a surgir algumas abordagens pedagógicas 
da Educação Física Escolar. Conforme 
Darido (2003) todas essas abordagens tem 
algumas divergências, mas possuem um 
ponto em comum, todas estão em oposição 
à vertente tecnicista, esportivista e 
biologicista até então predominantes na 
Educação Física Escolar. 
Dentro dessas abordagens há vários 
discursos tentando justificar a importância 
da Educação Física na escola, outros se 
apoiando em áreas diversas como a 
Antropologia, a Psicologia, a Sociologia e 
também a Biologia. Embora com 
embasamentos teóricos diferentes, todas as 
abordagens apresentam significativas 
contribuições para a Educação Física 
Escolar. 
 Outro ponto comum entre algumas 
abordagens é a referida busca pela 
autonomia dos alunos nas aulas de 
Educação Física, autonomia esta que não 
deve ficar somente nas aulas, mas sim 
formar o indivíduo que vai usufruir no seu 
tempo livre dos conteúdos aprendidos nas 
aulas de Educação Física para toda a vida. 
 Essas abordagens pedagógicas 
possuem visões um tanto quanto diferentes 
com relação à aquisição da autonomia, 
sendo que esse trabalho não se aterá a 
3 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
discutir quais dessas abordagens devem 
ser consideradas como ideais, e sim, 
considerar as vivências autônomas nas 
aulas como uma possibilidade de uma 
formação para a autonomia. 
 
 
OBJETIVO 
 
 O objetivo desse estudo é 
realizar um levantamento bibliográfico 
sobre como os autores da Educação 
Física Escolar adeptos das abordagens 
Desenvolvimentista, Construtivista, 
Saúde Renovada, Sistêmica, Crítico-
Superadora, Crítico-Emancipatória e a 
baseada nos PCNs tratam do tema da 
aquisição da autonomia durante e após a 
fase de escolarização básica, sendo que 
a escolha dessas abordagens se deu por 
serem as mais propositivas em seus 
textos a tratarem a questão da formação 
para a autonomia, e posteriormente 
propor algumas reflexões sobre 
Educação Física na escola e autonomia 
 
 
METODOLOGIA 
 
 Conforme Marconi e Lakatos 
(2003), fez-se uso da técnica de 
pesquisa bibliográfica, utilizando as 
fontes bibliográficas do tipo de 
publicações, encontradas em livros, 
artigos, publicações avulsas, etc. Mais 
especificamente, como critério de 
escolha utilizou-se as obras de bases 
dos autores e, por conseguinte, seus 
trabalhos de desdobramentos das 
propostas. 
 
 
A AUTONOMIA E AS 
ABORDAGENS PEDAGÓGICAS 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
 
A Educação Física Escolar tem, 
atualmente, baseado suas perspectivas e 
propostas nas abordagens que surgiram 
visando uma mudança de concepção da 
área. Segundo Darido (2003), na busca de 
romper com os moldes tradicionais, 
surgem várias abordagens, algumas com 
enfoque mais Psicológico (Psicomotricista, 
Desenvolvimentista, Construtivista e Jogos 
Cooperativos), outras com enfoque mais 
sociológico e político (Crítico – 
superadora, Crítico – emancipatória, 
Cultural, Sistêmica, e baseada nos PCNs), 
e também biológico , como a da Saúde 
Renovada . 
Todos os autores que se 
desdobraram na difícil tarefa de apresentar 
novas propostas para a Educação Física 
Escolar desde meados dos anos 1980, estão 
sugerindo várias transformações de ordem 
didático-pedagógica. Porém, apesar de um 
número relevante de propostas, ainda é 
nítido a dificuldade de encontrar meios 
para que os discursos acadêmicos cheguem 
até a escola, e assim consigam atingir o 
centro da discussão que é o ensino e a 
formação do aluno. 
Na Educação Física Escolar, 
embora com enfoques bem diferenciados, 
cada um buscando a sua definição de 
acordo com a abordagem que defende, 
vários autores tem ressaltado a importância 
da busca pela autonomia durante e após os 
anos de escolarização nas diversas 
manifestações corporais. 
Sendo assim, explicitarei como 
alguns autores tratam do tema autonomia 
nas abordagens da Educação Física Escolar 
que são adeptos, destacando somente as 
abordagens que mais se propuseram a 
mencionar em seus textos a busca pela 
aquisição da autonomia. 
 
Abordagem Desenvolvimentista 
 Tani et al. (1988) classificam que 
todo comportamento humano pertence a 
um dos três domínios: domínio cognitivo, 
domínio afetivo-social e domínio motor, 
4 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
sendo que a maioria dos 
comportamentos existe a participação 
dos três domínios. Ao mencionar o 
posicionamento dessa abordagem na 
Educação Física Escolar, o autor nos 
afirma que: 
se a Educação Física pretende 
atender as reais necessidades 
e expectativas da criança, ela 
necessita, antes de mais nada, 
compreender as suas 
características em termos de 
crescimento, desenvolvimento 
e aprendizagem, visto que a 
não observância destas 
características conduz 
frequentemente ao 
estabelecimento de objetivos, 
métodos e conteúdos de 
ensino inapropriados(TANI et 
al, 1988, p.135). 
 Manoel (1994) sugere que para 
evitar os problemas de ordem motora, o 
patrimônio cultural da humanidade 
manifestado pelo esporte e a dança e 
outras habilidades, deve ser adaptado ao 
nível de desenvolvimento do aluno, 
sendo que o conhecimento da seqüência 
de desenvolvimento motor fornece 
subsídios essenciais para uma educação 
que vise à formação de um ser com 
autonomia e capacidade integrativa na 
sociedade. 
Tani (2005) ressalta que uma 
importante função da Educação Física 
Escolar é a transmissão aos alunos de 
conhecimentos relacionados à prática de 
atividade física quanto à sua função 
biológica, enfatizando que a 
possibilidade de praticar atividade física 
autonomamente facilita a adoção de um 
estilo de vida saudável. 
 
Abordagem da Saúde Renovada 
Guedes (1997) e Nahas (1992) 
dão enfoque da importância a uma 
Educação Física Escolar voltada para a 
saúde, relacionam a importância dos 
conhecimentos práticos e teóricos de 
atividade física, aptidão física e saúde, para 
o aluno entender os benefícios advindos da 
prática motora e utilizá-los por toda vida. 
Os defensores dessa abordagem 
enfatizam que no final de sua escolarização 
básica, os alunos deverão ser capazes de 
auto-avaliar todos os componentes da 
aptidão física relacionada à saúde, 
conhecer os testes que dão subsídios para 
verificarem sua condição física,interpretar 
os resultados e saber como usar estes testes 
no planejamento de um programa pessoal, 
tendo dessa forma autonomia para 
avaliação e preparação de seus próprios 
treinos. 
 
Abordagem Construtivista 
Freire (1989) afirma que a 
Educação Física na escola deve privilegiar 
o conhecimento que a criança já possui 
através do resgate da cultura infantil, 
valorizando as experiências dos alunos e 
sua cultura. O aluno constrói o seu 
conhecimento a partir da interação com o 
meio e através da resolução de problemas, 
onde o jogo tem papel privilegiado como 
conteúdo e estratégia de ensino. 
Freire e Scaglia (2003) entendem 
que é impossível estender a autonomia 
para todos os aspectos da conduta humana, 
admitindo que o fato de alguém ser 
inteligente em determinado contexto não 
garante que o mesmo aconteça em outros, 
mesmo assim acreditam que valha a pena 
investir na formação da autonomia, ainda 
que seja em um único contexto, é preciso 
que a educação das pessoas seja 
diversificada o suficiente para que elas 
possam ter entre si comportamentos 
autônomos, de modo que cheguem a uma 
idade madura com uma atitude geral de 
autonomia. 
Estes autores destacam, ainda, a 
relação entre autonomia e tomada de 
consciência e a necessidade de que essas 
atitudes possam se estender a outros 
contextos, pois a tarefa da educação não se 
5 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
extingue no plano restrito da escola. 
Para isso, os professores têm de 
dominar conhecimentos de metodologia 
que permitirão a passagem de um 
contexto a outro. “A ponte entre a 
escola e outros ambientes, assim como 
entre os vários ambientes escolares, só 
pode ser feita por meio da tomada de 
consciência” (FREIRE e SCAGLIA, 
2003, p.117). 
Ao discutir sobre a forma de 
ensinar e como o conhecimento deve ser 
apropriado pelo aluno, Freire (2005, 
p.5) “propõe uma forma de educar que 
produza conhecimentos que se 
incorporem à vida do aluno, abrindo-lhe 
possibilidade de ser livre, de decidir, de 
integrar aos jovens, recursos que os 
levem à condição madura de cidadãos 
autônomos”. 
 
Abordagem Sistêmica 
Conforme Betti (1991, p, 139) 
“o processo ensino-aprendizagem em 
Educação Física foi concebido como 
um modelo de polaridades composto de 
variáveis pedagógico-didáticas e sócio-
psicológicas, que formam um contínuo 
definido por dois pólos”. 
Ao analisar o modelo de 
polaridades e suas variáveis, pode-se 
observar um pólo com influências dos 
antigos métodos da Educação Física 
(Método Francês 1930-1950; Método 
Desportivo Generalizado 1950 e 
Método Esportivo 1970-1986), dando 
ênfase ao conteúdo formal, estilo de 
ensino baseado no comando, a 
finalidade é o resultado, a competição, a 
resolução de conflitos se dá por meio de 
controle externo, as regras são rígidas e 
a vitória é o objetivo central. 
Obviamente esse discurso da 
Educação Física Escolar já deveria ter 
sido superado, pois não apresenta uma 
proposta com os objetivos educacionais 
que estamos buscando, contudo 
devemos nos perguntar: “Será que essa 
prática pedagógica ainda não está de 
alguma forma presente na Educação Física 
atual? Será que essa relação de ensino-
aprendizagem desenvolve a autonomia dos 
alunos?”. 
Para responder essas questões 
recorrerei ao próprio Betti (1991), que 
propõe para a Educação Física Escolar 
uma relação de ensino-aprendizagem no 
pólo contrário desses métodos, onde as 
variáveis pedagógico-didáticas e sócio-
psicológicas visam um modelo de 
personalidade que desenha um homem 
crítico, criativo e consciente, e os 
instrumentos disponíveis no processo 
ensino-aprendizagem para acionar tais 
propostas é a polarização em torno da 
ludicidade, controlo interno, não-
formalidade, cooperação, flexibilidade de 
regras, solução de problemas e 
honestidade. 
Betti (1992) nos coloca que entre os 
objetivos da Educação Física na Educação 
Básica encontra-se “a formação do cidadão 
autônomo que vai usufruir partilhar, 
produzir, reproduzir e transformar as 
formas culturais de atividade física (o jogo, 
o esporte, a ginástica, a dança...)” (p.285). 
 
Abordagem Crítico - Superadora 
A abordagem crítico-superadora 
desenvolvida por um Coletivo de autores 
enfatiza que: 
os temas da cultura corporal (o 
jogo, o esporte, a ginástica e a 
dança), devem compor um 
programa de Educação Física, 
com os grandes problemas sócio-
políticos atuais como: ecologia, 
papéis sexuais, saúde pública, 
relações sociais do trabalho, 
preconceito urbano, distribuição 
de renda, dívida externa e outros 
(SOARES et al.. 1992, p.102). 
Resende e Soares (1997) 
concordam com os elementos que devem 
compor a Educação Física e ressaltam que 
6 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
cabe à escola socializar os indivíduos 
com o patrimônio científico e cultural 
produzido historicamente pela 
humanidade, de modo que os homens 
possam adquirir autonomia necessária 
para sua interação na sociedade. 
Ao enfatizarem as funções 
específicas da escola destacam que a 
escola norteada pelos pressupostos de 
uma educação crítico-superadora: 
deve selecionar os conteúdos 
clássicos necessários à 
formação do cidadão 
autônomo, crítico e 
participativo, para que este 
possa participar, intervir e 
comprometer-se com os 
rumos da sociedade possível, 
diante do momento histórico 
(RESENDE e SOARES, 
1997, p.29). 
Quando os autores apresentam 
os objetivos gerais da Educação Física 
na Educação Básica, colocam que o 
ensino da Educação Física na 
perspectiva da cultura corporal tem 
como objetivo geral possibilitar aos 
alunos a vivência sistematizada dos 
conhecimentos da cultura corporal, 
balizado por uma postura crítica, no 
sentido da aquisição da autonomia. 
 
Abordagem Critico - Emancipatória 
A abordagem Crítico - 
Emancipatória enfatiza que o ensino 
nesta concepção deve: 
ser um ensino de libertação de 
falsas ilusões, de falsos 
interesses, e desejos que são 
construídos nos alunos a partir 
de conhecimentos colocados à 
disposição pelo contexto 
sociocultural onde vivem 
visão esta originária de um 
mundo regido pelo consumo, 
pelo melhor, mais bonito e 
correto. Assim o ensino deve 
confrontar-se pela libertação 
destas falsas visões de mundo, 
libertar-se da coerção imposta 
por parte do professor e do 
conteúdo que se ensina. Essa 
libertação no sistema escolar deve 
ser pelo esclarecimento e pelo 
desenvolvimento de 
competências como a auto-
reflexão, que possibilita uma 
libertação livre da coerção 
(KUNZ, 1994, p.115-116). 
Kunz (1994) nos esclarece que o 
conteúdo principal do trabalho pedagógico 
da Educação Física Escolar é o Movimento 
Humano, devendo enquanto estratégia 
didática passar pelas categorias de 
trabalho, interação e linguagem. 
Quanto aos objetivos primordiais 
de ensino propõem o desenvolvimento de 
competências como a competência 
comunicativa, a competência social, e a 
competência objetiva. Na competência 
social desenvolve-se pela tematização das 
relações socioculturais do contexto em que 
vive, dos problemas e contradições dessas 
relações, os diferentes papéis que os 
indivíduos assumem numa sociedade, no 
esporte e como esses se estabelecem para 
atender diferentes expectativas sociais. 
Para a competência objetiva vale que o 
aluno precisa receber conhecimentos e 
informações, precisa treinar destrezas 
técnicas racionais e eficientes, precisa 
aprender certas estratégias para o agir 
prático de forma competente. Na 
competência comunicativa destaca que a 
linguagem verbal é apenas uma das formas 
de comunicação do ser humano, sendo que 
as crianças comunicam-se muito pelo seu 
se - movimentar, pela linguagem do 
movimento. 
Quando ressalta os conteúdos da 
Educação Física Escolar (KUNZ, 1994, 
p.101)afirma que “não se elimina o 
interesse do movimento que é específico 
do Esporte, da Aprendizagem motora, da 
Dança, ou das atividades lúdicas enquanto 
conteúdo específico da área, porém coloca-
se o estabelecimento dos objetivos para 
desenvolver a competência de autonomia”. 
7 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
Toda essa mudança proposta por 
Kunz está extremamente ligada à busca 
do cidadão autônomo, autonomia esta 
que deve ser enfatizada durante as aulas 
de Educação Física, através de situações 
de ensino onde as aulas não sejam uma 
mera reprodução do esporte de 
rendimento, e sim vivências que visem 
a problematização ao invés de um 
interesse técnico que visa 
exclusivamente o rendimento. 
 
Abordagens baseadas nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais 
Nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL, 1997) no seu 
Documento de Introdução, o sentido da 
Autonomia se dá como: 
uma opção metodológica que 
considera a atuação do aluno 
na construção dos seus 
próprios conhecimentos 
valoriza suas experiências, 
seus conhecimentos prévios e 
a interação professor-aluno e 
aluno-aluno, buscando 
essencialmente a passagem 
progressiva de situações em 
que o aluno é dirigido por 
outrem a situações dirigidas 
pelo próprio aluno , 
salientando que a autonomia 
não é um estado psicológico 
geral que, uma vez atingido, 
esteja garantido para qualquer 
situação, podendo uma pessoa 
ter autonomia em 
determinados campos e outros 
não, sendo necessário então 
que a escola busque sua 
extensão aos diferentes 
campos de atuação. 
(BRASIL,1997,p.94 – 95). 
No documento, (BRASIL, 1998) 
destinado ao ensino de 5ª a 8ª séries, 
propõe-se uma visão da Cultura 
Corporal de Movimento baseada nas 
três dimensões dos conteúdos: 
conceituais, procedimentais e 
atitudinais. Essa classificação de 
conteúdos corresponde às seguintes 
questões: dimensão conceitual (o que se 
deve saber); dimensão procedimental (o 
que se deve saber fazer) e dimensão 
atitudinal (como se deve ser). 
 Os conteúdos estão organizados 
em três blocos articulados, sendo assim 
divididos: um bloco com os Esportes, 
Jogos, lutas e ginásticas; outro com 
Atividades rítmicas e expressivas; e outro 
com os Conhecimentos sobre o corpo. 
Ao propor a busca pela Autonomia 
a proposta dos PCNs (BRASIL,1998), 
pauta-se na ampliação do olhar da escola 
sobre o objeto de ensino e aprendizagem 
da cultura corporal de movimento. Essa 
ampliação significa a possibilidade de 
construção pelo aluno, de seu próprio 
discurso conceitual, atitudinal e 
procedimental. Em vez da reprodução ou 
memorização de conhecimentos, a sua 
recriação pelo sujeito por meio da 
construção da autonomia para aprender. 
Quanto aos objetivos da Educação 
Física o documento, destaca que os alunos 
deverão conhecer os limites e 
possibilidades do próprio corpo de forma a 
poder controlar algumas de suas posturas e 
atividades corporais com autonomia e a 
valorizá-las como recurso para melhoria de 
sua aptidão física. 
A prática da Educação Física na 
escola poderá favorecer a autonomia dos 
alunos para monitorar as próprias 
atividades, regulando o esforço, traçando 
metas, conhecendo as potencialidades e 
limitações e sabendo distinguir situações 
de trabalho corporal que podem ser 
prejudiciais (BRASIL, 1997). 
 
Educação Física e Autonomia: algumas 
reflexões 
Todos os autores e documentos 
mencionados tentam explicar a sua linha 
de pensar e propor a Educação Física na 
escola, como também explicam a referida 
busca pela autonomia nas diversas 
manifestações corporais. 
8 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
Embora cada um dos autores 
citados parta de pressupostos teóricos 
diferentes, discutam e enfatizem a busca 
pela autonomia de acordo com suas 
proposições um tanto quanto diferentes, 
vale refletir se as intenções da conquista 
da autonomia não estão ficando restritas 
às argumentações teóricas, pois nos 
parece claro, que embora tenha uma 
base teórica reformulada a Educação 
Física na escola ainda sofre algumas 
influências da escola tradicional. 
Resende (1995) ao mencionar a 
questão das influências nas novas 
tendências da Educação Física na escola 
afirma que: 
existe um grupo com 
intenções renovadoras 
relacionado ao movimento de 
críticas às tendências 
pedagógicas manifestadas no 
ensino da Educação Física 
Escolar, mas cabe ressaltar 
que essas tendências, 
fundamentalmente inspiradas 
na aptidão física e no desporto 
de alto rendimento, ainda são 
predominantes no contexto da 
prática profissional em 
questão (RESENDE,1995,p. 
72). 
 
 Embora já tenha passado mais 
de uma década dessa afirmação, não 
devemos despreza-la, pois essa prática 
pedagógica ainda está presente nos 
meios educacionais atualmente. 
Crum (1993), afirma que há 
duas ideologias na Educação Física 
estruturadas a fim de ganhar respeito e 
reconhecimento no mundo da educação, 
uma ideologia biologicista centrada na 
formação do corpo e outra a ideologia 
pedagogicista, que leva facilmente as 
aulas de educação Física com caráter de 
recreio supervisionado ou de 
entretenimento. 
Certamente essas duas 
ideologias reconhecidas por Crum 
(1993) não facilitarão a aquisição da 
autonomia, pois com formação atlética (via 
biologicista) e recreio supervisionado (via 
pedagogicista), não levará o aluno a um 
conhecimento real dos conteúdos de 
Educação Física, o que certamente 
dificultará que o aluno se torne praticante 
ou apreciador crítico das diferentes 
manifestações corporais. 
Entendendo que o objetivo da 
Educação Física na escola é inserir os 
alunos nas diversas manifestações da 
cultura corporal de movimento, formando 
o aluno que vai ter autonomia para usufruir 
o seu tempo de lazer em benefício da sua 
qualidade de vida, ser crítico quanto ao 
consumismo, dentre outros aspectos, temos 
claro que vale a pena investir na aquisição 
da autonomia durante os anos escolares. 
Isso nos leva a alguns 
questionamentos como: O que torna o 
aluno autônomo? Que situações didáticas e 
metodológicas podem auxiliar na aquisição 
da autonomia? Será que somente o acesso 
a diferentes práticas corporais torna o 
aluno autônomo? 
Todo o trato com o termo 
“aquisição da autonomia” se dá em torno 
do aluno que vai através de um processo de 
ensino e aprendizagem apropriar–se de um 
novo conhecimento que ainda não tinha, 
ou seja, a passagem de um estágio de 
observação ou reprodução para um estágio 
de produção e criatividade. 
Ao destacar sobre a passagem da 
heteronomia para a autonomia, Piaget 
(1975) afirma que: 
um indivíduo estará, por exemplo, 
no estágio da autonomia no que se 
refere á prática de determinado 
grupo de regras, permanecendo a 
consciência dessas regras ainda 
mais eivada de heteronomia, de 
mesma forma que a prática de 
outras regras mais refinadas: 
portanto, não poderíamos falar de 
estágios globais caracterizados pela 
autonomia ou pela heteronomia, 
mas apenas de fases de heteronomia 
9 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
e de autonomia, definindo um 
processo que se repete a 
propósito de cada novo conjunto 
de regras ou de cada novo plano 
de consciência ou de reflexão 
(PIAGET,1975,p. 75). 
Boaventura (2007) nos esclarece 
que muitas vezes o professor reforça a 
heteronomia dos alunos, quando ele 
(professor) centra demasiadamente as 
decisões e menciona que o professor 
deve estar atento mediante atitudes 
autoritárias, procurando sempre educar 
visando às decisões e atitudes 
democráticas, dando ênfase à 
participação de todos, contribuindo 
assim para o desenvolvimento do 
cidadão pleno e autônomo. 
 Freire (1996, p. 94), sabiamente 
nos diz que “o essencial nas relações 
entre educador e educando, entre 
autoridade e liberdade, entrepais e 
filhos, é a reinvenção do ser humano no 
aprendizado de sua autonomia”. 
Percebe–se, portanto o papel do 
professor como mediador do 
conhecimento, em oferecer situações 
durante as aulas que venham estimular 
os alunos no processo de aquisição da 
autonomia, nas diferentes manifestações 
corporais que tenham sido trabalhadas 
nas suas aulas, no entanto, as relações 
de ensino e aprendizagem e as vivências 
autônomas oferecidas pelo professor 
podem ser de grande validade na 
conquista desta. 
Darido et al. (2005) ao 
mencionar algumas situações que 
podem favorecer a autonomia nos 
coloca que: 
a autonomia dos alunos pode 
ser estimulada quando o 
professor lhes oferece 
possibilidades de escolherem 
os times, definirem os 
agrupamentos, distribuí-los 
pelo espaço, participarem da 
construção e adequação de 
materiais, da elaboração e 
modificação de regras, enfim 
quando estimula o aluno a 
participar das discussões e 
reflexões em aula (DARIDO et 
al.2005,p. 40-41). 
Torna-se relevante, portanto refletir 
sobre a relação professor-aluno, pois as 
situações didático-pedagógicas utilizadas 
pelo professor, podem colocar o aluno 
como participante ativo ou mero 
coadjuvante nas aulas. As relações e 
situações pedagógicas proporcionadas em 
aula serão determinantes no tipo de alunos 
que iremos formar, ou seja, se o professor 
for o centralizador do saber e os alunos 
meros repetidores de movimentos, 
dificilmente esses alunos serão autônomos 
nas manifestações corporais aprendidas na 
escola. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Se a Educação Física tem suas 
funções na escola, parece que fica claro 
que uma das principais é tornar o aluno 
autônomo nas diversas manifestações 
corporais. Para que isso ocorra, as aulas 
não podem ser repetições mecânicas de 
movimentos, nem o professor como o 
centralizador do conhecimento, onde os 
alunos são reprodutores de seus 
ensinamentos. Nessas situações não há 
espaço para criação, não há situações-
problemas, não há discordância, não existe 
o diálogo como forma de mediar conflitos, 
enfim só existem situações padrões a 
serem reproduzidas. 
Logicamente esse modelo de aula, 
não é o que favorecerá a conquista da 
autonomia para o individuo poder usufruir 
os conteúdos aprendidos nas aulas de 
Educação Física, por isso, as aulas devem 
promover vivências coletivas que 
estimulem o desenvolvimento autônomo 
dos alunos nas diversas manifestações 
corporais. 
10 
 
 
 Revista LOGOS, n. 16, 2008. 
 
La Tayle (apud. PIAGET, 1992, 
p.62), afirma que “para favorecer a 
conquista da autonomia, a escola 
precisa respeitar e aproveitar as relações 
de cooperação que espontaneamente 
nascem das relações entre crianças”. 
Essas relações de cooperação, 
dificilmente terão lugar num ambiente 
de coerção e de transferência de 
conhecimento, no que Freire (2005) 
afirmou ser uma educação “bancária”, 
onde o educador deposita e transfere os 
conhecimentos e valores para os 
educandos. 
Ao posicionar-se sobre a relação 
professor-aluno e autonomia Freire 
(1996) destaca que a autonomia vai se 
constituindo de várias decisões que vão 
sendo tomadas, sendo que uma 
pedagogia para a autonomia deve estar 
centrada em experiências estimuladoras 
da decisão, e em experiências 
respeitosas de liberdade. 
As vivencias autônomas 
proporcionadas pelo professor, através 
de uma relação professor-aluno onde o 
aluno possa ser o centro do processo 
ensino-aprendizagem, que estimule o 
aluno a refletir sobre suas ações, que 
não aponte modelos prontos para serem 
reproduzidos, e sim, situações 
problemas a serem resolvidas, podem 
auxiliar os alunos no processo de 
aquisição da autonomia. 
Parece-nos claro que as 
vivências autônomas realizadas nas 
aulas, talvez não mostrem os resultados 
imediatos, e não tenha como mensurar 
esses resultados por não 
acompanharmos a vida das pessoas 
depois do período de escolarização, mas 
também nos parece bem claro que só se 
conquista autonomia se a oportunidade 
de exercê-la for estimulada, cabendo 
dessa forma ao professor proporcionar 
situações facilitadoras para a aquisição 
da autonomia durante o período de 
escolarização. 
As abordagens pedagógicas da 
Educação Física escolar possuem 
divergências na forma de abordar a questão 
da conquista da autonomia, no entanto, 
independente da abordagem que o 
professor seja adepto, as vivencias 
autônomas proporcionadas durante as aulas 
tornam-se de grande validade para a 
formação do aluno, sendo este o grande 
desafio da Educação Física Escolar: 
promover vivencias autônomas visando a 
formação de indivíduos autônomos. 
 
 
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