Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

1 
 
 
Língua Brasileira de 
Sinais- LIBRAS 
 
 
2 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 4 
AULA 1: HISTÓRIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) .................................................... 7 
AULA 2: A ESTRUTURA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) ........................................... 11 
AULA 3: LIBRAS E EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 15 
AULA 4: A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL ................................................. 19 
AULA 5: INTÉRPRETE DE LIBRAS E SUA ATUAÇÃO ....................................................................... 23 
AULA 6: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO DA LIBRAS ............................................... 27 
AULA 7: REFERENCIAIS TEÓRICOS- ALGUMAS CITAÇÕES ............................................................ 31 
Aurora Dória Ferreira ................................................................................................................... 31 
AMPLIANDO A REFLEXÃO ............................................................................................................ 37 
Maria do Socorro Costa Lucero ................................................................................................... 39 
AMPLIANDO A REFLEXÃO ............................................................................................................ 44 
Marina B. de Souza & José M. de Oliveira ................................................................................... 46 
AMPLIANDO A REFLEXÃO ............................................................................................................ 50 
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 53 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 55 
 
 
3 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a principal língua de comunicação dos 
surdos no Brasil, sendo um sistema linguístico visual-espacial com estrutura e regras 
gramaticais próprias, distintas do português. Em vez de ser um simples código de gestos 
ou uma tradução de palavras do português, Libras é uma língua autônoma, com 
vocabulário, sintaxe e semântica próprias, permitindo que a comunidade surda se 
organize, se expresse e desenvolva suas relações sociais e culturais de forma plena e 
independente. Conforme argumenta a linguista e especialista em línguas de sinais, Janzen 
(2011), as línguas de sinais não são apenas um meio de comunicação, mas sim um 
componente crucial da identidade cultural e social das comunidades surdas. 
A inclusão da Libras no contexto social e educacional brasileiro é de extrema 
importância para garantir os direitos e a participação ativa da população surda na 
sociedade. Desde sua oficialização com a Lei nº 10.436, em 2002, a Libras passou a ser 
reconhecida como uma língua legítima e, a partir de então, a acessibilidade a esse idioma 
se tornou um direito fundamental. Esse marco jurídico não apenas reconheceu a língua, 
mas também simbolizou o compromisso do Estado com a inclusão social, proporcionando 
à comunidade surda a garantia de comunicação plena e efetiva em diversos âmbitos da 
vida social, política e educacional. A pesquisa de Lacerda (2018) destaca que a legislação 
é um avanço crucial para garantir que os surdos tenham a mesma dignidade e autonomia 
que a população ouvinte. 
A história de Libras no Brasil remonta ao século XIX, com o estabelecimento das 
primeiras escolas para surdos. No entanto, foi somente no final do século XX que a língua 
passou a ser reconhecida oficialmente. Antes disso, as línguas de sinais eram 
frequentemente marginalizadas e consideradas como formas inferiores de comunicação, 
o que resultou em exclusão e preconceito contra as pessoas surdas. A invisibilidade da 
língua surda também pode ser observada nos estudos históricos de Lacerda e Fernandes 
(2013), que analisam como a língua de sinais foi sistematicamente desvalorizada em favor 
da oralização, um processo pedagógico que forçava os surdos a se comunicarem 
exclusivamente por meio da leitura labial e do uso da voz. 
 
 
5 
O reconhecimento da Libras representa, portanto, uma conquista significativa 
para a comunidade surda, que agora tem garantidos os seus direitos linguísticos, tal como 
a população ouvinte tem com o português. Esse reconhecimento, contudo, também 
coloca em evidência a importância da educação bilíngue para surdos, um modelo que 
prevê o ensino do português como segunda língua, após a consolidação da Libras como 
língua de instrução. A necessidade de capacitação de educadores e de criação de políticas 
públicas que assegurem a implementação desse modelo educacional é ressaltada por 
Quadros e Karnopp (2017), que apontam os avanços, mas também os desafios na 
efetivação do bilinguismo nas escolas regulares. 
A especificidade da Libras reside em sua natureza visual e gestual, o que implica 
em uma construção gramatical única, com base em expressões faciais, movimentos das 
mãos e a utilização do espaço tridimensional. A complexidade linguística da Libras vai 
além dos sinais, envolvendo também aspectos fonológicos e sintáticos que tornam o 
aprendizado dessa língua um processo que demanda imersão e dedicação. Segundo 
Perlin (2012), a Libras possui um nível de complexidade comparável ao de qualquer outra 
língua natural, exigindo dos aprendizes um entendimento profundo das regras de 
concordância e das variações que dependem do contexto e da interação entre os 
interlocutores. 
A inclusão de Libras na formação dos profissionais da educação, a partir da Lei nº 
10.436, também é um avanço importante, pois permite que os professores adquiram as 
ferramentas necessárias para educar de maneira inclusiva, considerando as necessidades 
e características dos alunos surdos. A capacitação dos educadores é um passo crucial para 
garantir uma educação de qualidade, que respeite as especificidades linguísticas e 
culturais dos surdos, e que os prepare para uma inserção plena na sociedade. A formação 
de professores que compreendam as dinâmicas da Libras é essencial, uma vez que ela é 
a língua materna dos surdos, e sua compreensão é fundamental para o sucesso 
acadêmico desses alunos, como aponta o estudo de Quadros (2014). 
A Libras, entretanto, não deve ser vista apenas como uma ferramenta educacional, 
mas também como um instrumento vital para a inclusão social, política e cultural dos 
surdos. A comunicação entre surdos e ouvintes ainda enfrenta desafios, mas a 
disseminação da Libras permite a construção de pontes e favorece a participação ativa 
 
 
6 
dos surdos em discussões e tomadas de decisões, seja no mercado de trabalho, na vida 
política ou nas relações cotidianas. O fortalecimento da identidade surda e a promoção 
da acessibilidade são aspectos que permeiam a luta por uma sociedade mais inclusiva e 
equitativa, conforme abordado por autores como Fernandes (2015), que enfatiza a 
importância da língua de sinais para o fortalecimento do movimento surdo e o 
reconhecimento de seus direitos. 
Portanto, compreender e respeitar a Libras é essencial para qualquer pessoa que 
deseje contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, onde a diversidade 
linguística e cultural seja plenamente reconhecida e valorizada. A Libras não é apenas um 
idioma, mas sim uma manifestação da cultura e da história de uma comunidade, e a sua 
inclusão no cotidiano social e educacional é um reflexo da busca por uma sociedade que 
respeite e promova a igualdade de oportunidades para todos os seus membros. A 
educação, a acessibilidade e o reconhecimentosendo sua primeira língua, permite que eles se conectem com sua 
comunidade cultural de maneira profunda e significativa. No entanto, ao aprender o 
português escrito, os alunos surdos têm acesso a um leque mais amplo de informações, 
literatura, ciência e cultura, o que amplia suas possibilidades de participação na sociedade 
em geral. O bilinguismo permite que os surdos se movimentem com mais liberdade entre 
 
 
36 
esses dois mundos linguísticos e culturais, o que é crucial para sua inclusão plena e para 
o exercício da cidadania. Portanto, o modelo bilíngue não só favorece o desenvolvimento 
cognitivo, mas também contribui para a inserção social e profissional dos surdos 
(GUSMÃO, 2018). 
É importante ressaltar que a implementação efetiva do modelo bilíngue nas 
escolas depende de uma infraestrutura educacional adequada e da formação contínua de 
professores capacitados para ensinar tanto a Libras quanto o português escrito. Os 
professores precisam estar preparados para utilizar abordagens pedagógicas que 
integrem ambas as línguas de forma natural e eficaz, garantindo que todos os alunos 
surdos tenham as ferramentas necessárias para alcançar seu máximo potencial. Dessa 
forma, o ensino bilíngue se torna uma ferramenta essencial para o desenvolvimento 
cognitivo, social e acadêmico dos surdos, abrindo portas para um futuro mais inclusivo e 
igualitário (FERREIRA, 2018). 
 
 
 
 
37 
AMPLIANDO A REFLEXÃO 
 
A aquisição da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um processo essencial para o 
desenvolvimento linguístico, cognitivo e social das pessoas surdas. Segundo Ferreira 
(2018), a exposição precoce à Libras desempenha um papel fundamental na formação da 
identidade dos indivíduos surdos, permitindo que se comuniquem de forma eficiente e 
participem ativamente da sociedade. Assim como ocorre com qualquer língua oral, a 
aquisição da Libras segue padrões naturais de desenvolvimento, desde que a criança 
surda esteja inserida em um ambiente linguisticamente acessível. 
No entanto, a realidade de muitas crianças surdas no Brasil ainda é marcada pela 
falta de acesso à Libras nos primeiros anos de vida. Ferreira (2018) destaca que, na 
ausência de uma exposição consistente à língua de sinais, o desenvolvimento da 
comunicação e das habilidades cognitivas pode ser comprometido. Muitas crianças 
surdas nascem em famílias ouvintes que, por desconhecimento ou falta de apoio, não 
introduzem a Libras desde cedo, o que pode gerar atrasos significativos na aquisição da 
linguagem e no desenvolvimento do pensamento abstrato. 
Do ponto de vista cognitivo, a autora argumenta que a aquisição da Libras 
estimula diversas habilidades mentais, como a memória visual-espacial e o raciocínio 
lógico. Crianças que crescem em um ambiente bilíngue — com Libras como primeira 
língua e o português escrito como segunda — tendem a desenvolver uma maior 
flexibilidade cognitiva, uma vez que aprendem a transitar entre dois sistemas linguísticos 
distintos. Esse processo é semelhante ao que ocorre com crianças bilíngues em línguas 
orais, reforçando a ideia de que a língua de sinais possui a mesma complexidade e riqueza 
estrutural das línguas faladas. 
Outro ponto relevante abordado por Ferreira (2018) é a importância da Libras 
na construção da identidade e da subjetividade dos surdos. A língua de sinais não é 
apenas um meio de comunicação, mas também um elemento essencial na formação 
cultural e social da comunidade surda. Através da Libras, os surdos se conectam com 
outros indivíduos que compartilham experiências semelhantes, criando laços de 
pertencimento e fortalecendo sua autoestima. Esse aspecto é fundamental para o 
desenvolvimento emocional e psicológico das pessoas surdas, garantindo sua plena 
inclusão na sociedade. 
 
 
38 
No campo educacional, a autora defende a implementação de um modelo 
bilíngue de ensino, no qual a Libras seja utilizada como primeira língua e o português 
escrito como segunda. Esse modelo tem se mostrado o mais eficaz para garantir a 
alfabetização e o aprendizado dos surdos, pois respeita sua modalidade linguística natural 
e evita prejuízos na aquisição do conhecimento. 
Ferreira (2018) ressalta, entretanto, que a efetivação desse modelo ainda 
enfrenta desafios, como a falta de professores proficientes em Libras e a escassez de 
materiais didáticos acessíveis. 
Além dos desafios educacionais, a autora também discute as barreiras sociais 
enfrentadas pelos surdos no acesso à informação e à comunicação. A falta de intérpretes 
de Libras em serviços essenciais, como hospitais, delegacias e repartições públicas, ainda 
impede a plena participação dos surdos na sociedade. Ferreira (2018) enfatiza a 
necessidade de políticas públicas que ampliem a acessibilidade linguística, garantindo que 
a Libras seja reconhecida e valorizada não apenas no ambiente escolar, mas em todas as 
esferas sociais. 
No contexto das interações familiares, a autora destaca que a aceitação e o 
aprendizado da Libras pelos pais e familiares das crianças surdas são fatores 
determinantes para o seu desenvolvimento. Quando a família se envolve ativamente no 
processo de aquisição da Libras, a criança surda tem maiores oportunidades de 
estabelecer vínculos afetivos e desenvolver suas habilidades comunicativas desde cedo. 
Ferreira (2018) aponta que iniciativas de orientação para famílias ouvintes podem 
contribuir significativamente para a inclusão e o bem-estar das crianças surdas. 
Por fim, a obra ressalta que a aquisição da Libras é um direito fundamental dos 
surdos e deve ser garantida desde a infância. A valorização da língua de sinais não apenas 
fortalece a identidade da comunidade surda, mas também contribui para a construção de 
uma sociedade mais inclusiva e acessível. Para isso, é essencial que haja investimentos 
contínuos em educação bilíngue, capacitação de profissionais e ampliação da presença 
da Libras em espaços públicos e privados. Como enfatiza Ferreira (2018), a linguagem é a 
base do pensamento e da interação social, e garantir o direito à Libras significa assegurar 
aos surdos uma participação plena na sociedade. 
 
 
 
39 
Maria do Socorro Costa Lucero 
 
Sobre os desafios da inclusão educacional dos surdos: 
"A educação inclusiva para surdos no Brasil ainda enfrenta desafios estruturais e 
metodológicos, exigindo uma reformulação nos currículos escolares e na capacitação de 
professores para garantir o ensino bilíngue de qualidade." (LUCERO, 2019, p. XX) 
 
 
A educação inclusiva para surdos no Brasil enfrenta desafios significativos que 
envolvem tanto questões estruturais quanto metodológicas. Para que a inclusão 
educacional seja efetiva, é imprescindível que haja uma reforma no modelo de ensino, 
que vá além da simples adaptação de currículos, e que aborde as necessidades linguísticas 
e culturais específicas dos alunos surdos. No Brasil, ainda existem muitas escolas que não 
oferecem condições adequadas para que o ensino bilíngue, com Libras como primeira 
língua e o português escrito como segunda, seja realizado de maneira eficaz. A falta de 
recursos, de infraestrutura e de materiais didáticos acessíveis contribui para o 
agravamento desses desafios, limitando as possibilidades de um ensino de qualidade para 
os surdos. 
A inclusão educacional de alunos surdos depende de um modelo que respeite 
suas especificidades linguísticas e culturais, o que exige uma revisão profunda dos 
currículos escolares. No atual sistema educacional, a maioria das escolas ainda não está 
preparada para lidar com a diversidade linguística e cultural dos alunos surdos de forma 
integral. A proposta do ensino bilíngue, que integra a Libras e o português escrito, deve 
ser mais do que uma estratégia de ensino, ela precisa ser um princípio básico das políticas 
educacionais, visando garantir que os alunos surdos tenham o direito de aprender na sua 
língua materna, mas tambémde desenvolver a competência em português escrito. A falta 
de adaptação curricular impede que esses alunos se envolvam de maneira plena com os 
conteúdos escolares, comprometendo seu desempenho acadêmico. 
Outro desafio crucial é a capacitação dos professores. Para que o ensino bilíngue 
seja realizado de maneira eficiente, os professores precisam ser adequadamente 
formados para ensinar tanto a Libras quanto o português escrito de maneira integrada. A 
formação de professores que lidam com alunos surdos deve ser contínua e especializada, 
 
 
40 
a fim de garantir que esses profissionais possuam o conhecimento e as habilidades 
necessárias para criar um ambiente educacional inclusivo. Além disso, é necessário que 
esses professores compreendam a surdez não como uma deficiência, mas como uma 
condição linguística e cultural, respeitando e valorizando a identidade surda. Somente 
com essa capacitação será possível oferecer um ensino de qualidade que atenda de forma 
eficaz as necessidades dos alunos surdos. 
A resistência cultural e a falta de conscientização sobre a importância do ensino 
bilíngue também são barreiras importantes para a inclusão educacional dos surdos. 
Muitos ainda acreditam que a educação dos surdos deve se basear exclusivamente no 
ensino do português, sem considerar a importância da Libras como língua materna. Essa 
visão monolítica não apenas limita as oportunidades de aprendizado dos alunos surdos, 
mas também contribui para o processo de marginalização da comunidade surda. A 
inclusão educacional só será realmente eficaz quando houver uma mudança de 
paradigma, onde a Libras seja reconhecida como um idioma legítimo e fundamental para 
o desenvolvimento cognitivo e social dos surdos. 
Portanto, para que a inclusão educacional de surdos seja efetiva e que o ensino 
bilíngue de qualidade se torne uma realidade no Brasil, é necessário um esforço coletivo 
das autoridades educacionais, das escolas e dos profissionais da educação. A 
implementação de políticas públicas que garantam a formação contínua dos professores, 
a adaptação dos currículos escolares e a oferta de recursos adequados são passos 
fundamentais para superar os desafios estruturais e metodológicos. Somente com essas 
ações será possível promover uma verdadeira inclusão educacional, permitindo que os 
alunos surdos possam desenvolver suas habilidades linguísticas, cognitivas e sociais de 
forma plena, com equidade e respeito à sua identidade cultural. 
 
 
Sobre a acessibilidade e a comunicação na sociedade: 
"A falta de acessibilidade linguística limita a participação dos surdos em diversos 
contextos sociais, tornando essencial a ampliação do uso da Libras em serviços públicos, 
espaços culturais e no mercado de trabalho." (LUCERO, 2019, p. XX) 
 
 
 
41 
A falta de acessibilidade linguística tem sido uma das principais barreiras que 
limitam a participação plena dos surdos em diversos contextos sociais. Em uma sociedade 
que valoriza a comunicação como um pilar fundamental para a integração e o exercício 
da cidadania, a ausência de Libras em serviços públicos, espaços culturais e no mercado 
de trabalho impede que os surdos se envolvam ativamente nessas esferas. A Libras, como 
língua materna da comunidade surda, é essencial para garantir uma comunicação 
eficiente e igualitária. Sem o reconhecimento dessa língua e a adaptação dos serviços 
para garantir sua utilização, os surdos ficam excluídos, enfrentando dificuldades para 
acessar informações, se expressar e participar de atividades que são parte da vivência 
cotidiana de qualquer cidadão. 
A ampliação do uso da Libras nos serviços públicos é uma medida imprescindível 
para assegurar que os surdos tenham seus direitos respeitados. Em muitos lugares, ainda 
é comum que surdos precisem recorrer a intermediários, como familiares ou intérpretes, 
para conseguir se comunicar com atendentes de serviços públicos, o que pode gerar mal-
entendidos, atrasos e até mesmo negligência em situações que exigem precisão e 
agilidade. O acesso à Libras nesses contextos garante que o surdo consiga interagir de 
forma direta e eficiente, sem depender de terceiros, preservando sua autonomia e 
dignidade. Esse tipo de acessibilidade linguística é fundamental para que os surdos 
possam usufruir de serviços essenciais como saúde, educação e transporte de maneira 
plena. 
Além disso, a presença da Libras nos espaços culturais também é um passo 
importante para a inclusão dos surdos na sociedade. A cultura surda, que é expressa 
principalmente por meio da Libras, possui suas próprias manifestações artísticas, literárias 
e históricas. Em espaços como museus, teatros e cinemas, a acessibilidade em Libras 
torna possível que os surdos não apenas participem como espectadores, mas também se 
vejam representados na produção cultural. A inclusão da Libras em ambientes culturais 
não se trata apenas de adaptação, mas de uma valorização da identidade surda, 
permitindo que a cultura e as contribuições da comunidade surda sejam reconhecidas e 
celebradas em um cenário plural e diversificado. 
A implementação de Libras no mercado de trabalho é igualmente crucial para 
garantir a inclusão dos surdos na vida profissional. Embora existam avanços nas últimas 
décadas, a inserção de surdos no mercado de trabalho ainda esbarra em obstáculos 
 
 
42 
significativos. A falta de comunicação acessível impede que os surdos desempenhem suas 
funções com a mesma eficácia de seus colegas ouvintes, o que pode afetar sua 
produtividade e autoestima. Empresas e instituições que não oferecem acessibilidade 
linguística, como a contratação de intérpretes de Libras ou a adaptação de materiais de 
comunicação, limitam o potencial dos profissionais 
 
 
Sobre o papel das políticas públicas na inclusão da comunidade surda: 
"As políticas públicas voltadas para a inclusão da comunidade surda precisam ir além da 
legislação e se transformar em ações concretas que garantam o direito à educação, à 
comunicação e ao pleno exercício da cidadania." (LUCERO, 2019, p. XX) 
 
As políticas públicas voltadas para a inclusão da comunidade surda desempenham 
um papel crucial na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária, mas elas 
precisam ser mais do que simples legislações. Embora a legislação seja um primeiro passo 
importante para assegurar direitos, é fundamental que essas políticas se transformem em 
ações concretas, com a implementação de medidas que efetivamente garantam o acesso 
à educação, à comunicação e ao pleno exercício da cidadania das pessoas surdas. A 
efetividade dessas políticas depende da capacidade do Estado em criar condições que 
permitam a inclusão real da comunidade surda, respeitando suas especificidades 
linguísticas e culturais. 
Uma das áreas mais sensíveis quando se fala de políticas públicas para surdos é a 
educação. O direito à educação de qualidade, adaptada às necessidades dos surdos, deve 
ser uma prioridade. No entanto, para que isso se torne realidade, é necessário que o 
sistema educacional ofereça educação bilíngue, com Libras como primeira língua e o 
português como segunda, e que os professores recebam formação específica para 
atender a essa demanda. Além disso, as escolas devem estar equipadas com recursos 
acessíveis, como intérpretes de Libras e materiais didáticos adaptados, para garantir que 
os surdos possam aprender de forma eficaz e igualitária. Assim, as políticas públicas 
devem garantir que a educação inclusiva se torne uma realidade em todos os níveis de 
ensino, desde a educação infantil até o ensino superior. 
 
 
43 
Outro ponto essencial é a comunicação. As políticas públicas precisam assegurar 
que a comunidade surda tenha acesso à comunicação em Libras em todos os espaços e 
serviços essenciais, como saúde, segurança pública, transporte e atendimento em órgãos 
governamentais. Isso implica não apenas a presença de intérpretes de Libras,mas 
também a produção de materiais informativos acessíveis e o treinamento de profissionais 
para atender às necessidades da população surda. Sem essas medidas, o direito à 
comunicação se torna restrito, dificultando a plena participação dos surdos na sociedade 
e comprometendo seu acesso a serviços vitais. 
Além disso, a inclusão da comunidade surda deve abarcar o pleno exercício da 
cidadania. Para que os surdos possam exercer seus direitos políticos, sociais e culturais de 
maneira plena, é necessário que existam ações afirmativas que os integrem em espaços 
públicos, culturais e no mercado de trabalho. Políticas públicas eficazes devem garantir 
que os surdos possam participar ativamente da vida social e política, o que inclui a 
acessibilidade a eventos públicos, programas de saúde e segurança, e oportunidades de 
emprego. Essas políticas devem ainda garantir o reconhecimento e valorização da cultura 
surda, promovendo a identidade e a participação dos surdos em sua comunidade 
linguística e cultural. 
Portanto, para que as políticas públicas voltadas para a inclusão da comunidade 
surda sejam eficazes, elas devem ir além da mera criação de leis e regulamentos. É 
necessário que sejam implementadas ações concretas que garantam direitos 
fundamentais, como o acesso à educação de qualidade, à comunicação acessível e à plena 
cidadania. Somente com essas políticas, apoiadas por ações práticas e sustentáveis, será 
possível alcançar a verdadeira inclusão social dos surdos, assegurando que possam viver 
de forma digna e participar ativamente de todos os aspectos da vida pública e privada. 
 
 
 
44 
AMPLIANDO A REFLEXÃO 
 
A inclusão social e educacional dos surdos no Brasil tem sido um desafio 
constante, exigindo esforços tanto da sociedade quanto do poder público. Segundo 
Lucero (2019), a falta de acessibilidade linguística e de políticas eficazes tem dificultado a 
plena participação dos surdos na educação, no mercado de trabalho e em diversas outras 
áreas da vida social. Embora a Libras tenha sido reconhecida oficialmente pela Lei nº 
10.436/2002, ainda há muitas barreiras a serem superadas para que essa inclusão 
aconteça de maneira efetiva. 
Um dos principais desafios apontados pela autora é a deficiência na formação 
de profissionais capacitados para atuar no ensino de surdos. Muitas escolas não possuem 
professores fluentes em Libras, o que compromete significativamente o aprendizado dos 
alunos surdos. Lucero (2019) destaca que a ausência de um modelo educacional bilíngue 
estruturado resulta em dificuldades no desenvolvimento linguístico e cognitivo dos 
estudantes, pois o ensino tradicional baseado na oralização não atende às necessidades 
específicas dessa comunidade. 
Além das dificuldades educacionais, a autora enfatiza os obstáculos enfrentados 
pelos surdos no mercado de trabalho. Apesar das cotas para pessoas com deficiência, 
muitos empregadores ainda desconhecem as necessidades dos trabalhadores surdos ou 
não oferecem um ambiente acessível. Lucero (2019) ressalta que a falta de intérpretes de 
Libras e de treinamentos adequados dificulta a comunicação no ambiente profissional, 
criando barreiras que limitam o crescimento e a autonomia desses indivíduos. 
A acessibilidade à informação e aos serviços públicos também é um problema 
recorrente. Segundo Lucero (2019), a ausência de intérpretes em hospitais, delegacias e 
outros órgãos governamentais compromete o direito dos surdos a um atendimento 
adequado. Essa exclusão linguística não apenas dificulta o acesso a direitos básicos, mas 
também contribui para a marginalização dessa população. A implementação de políticas 
que garantam intérpretes nesses espaços é essencial para a construção de uma sociedade 
mais igualitária. 
Outro ponto abordado na obra é o impacto da exclusão na identidade e na 
autoestima dos surdos. A autora argumenta que, sem acesso à sua própria língua e sem 
um ambiente que valorize sua cultura, muitos surdos enfrentam isolamento social e 
 
 
45 
dificuldades emocionais. Lucero (2019) reforça a importância do fortalecimento da 
comunidade surda e da valorização da Libras como um meio de construção identitária, 
possibilitando que os surdos se reconheçam como sujeitos plenos e ativos na sociedade. 
Lucero também discute o papel das famílias na inclusão dos surdos. Para muitas 
crianças surdas que nascem em famílias ouvintes, a falta de conhecimento sobre Libras 
pode dificultar o desenvolvimento de vínculos afetivos e comunicacionais dentro de casa. 
A autora defende a necessidade de políticas públicas que incentivem programas de 
orientação familiar, garantindo que os pais e responsáveis aprendam Libras e possam 
oferecer um ambiente linguístico adequado para seus filhos. 
Apesar dos desafios, a autora aponta perspectivas otimistas para o futuro da 
inclusão dos surdos no Brasil. A ampliação do ensino bilíngue, o aumento da presença da 
Libras na mídia e a maior conscientização sobre os direitos linguísticos da comunidade 
surda são avanços importantes. Lucero (2019) destaca que o fortalecimento da legislação 
e a fiscalização das políticas inclusivas são essenciais para que essas mudanças se 
consolidem e gerem impacto real na vida dos surdos. 
Por fim, Lucero (2019) enfatiza que a inclusão dos surdos não deve ser vista como 
um favor, mas como um direito fundamental. A criação de uma sociedade 
verdadeiramente acessível exige o compromisso de todos – do governo, das instituições 
de ensino, das empresas e da sociedade em geral. Apenas por meio de ações concretas e 
contínuas será possível garantir que os surdos tenham igualdade de oportunidades e 
possam exercer plenamente sua cidadania. 
 
 
 
46 
Marina B. de Souza & José M. de Oliveira 
 
Sobre a importância da Libras na inclusão social: 
"O reconhecimento da Libras como língua oficial da comunidade surda foi um passo 
fundamental para a inclusão, mas ainda há a necessidade de ampliar o acesso a 
intérpretes e materiais bilíngues para garantir a plena participação dos surdos na 
sociedade." (SOUZA; OLIVEIRA, 2021) 
 
O reconhecimento da Libras como língua oficial da comunidade surda foi um 
marco fundamental para a inclusão social dos surdos no Brasil, pois garantiu o 
reconhecimento de suas especificidades linguísticas e culturais. No entanto, embora esse 
reconhecimento tenha sido um avanço importante, ele ainda não é suficiente para 
garantir a plena participação dos surdos na sociedade. Para que a inclusão social seja 
efetiva, é necessário ampliar o acesso a intérpretes de Libras e a materiais bilíngues, de 
modo que os surdos possam se comunicar adequadamente e ter acesso a informações 
em diversas áreas, como educação, saúde, trabalho e cultura. A inclusão social dos surdos 
depende, assim, de medidas práticas que tornem a Libras uma língua presente em todos 
os espaços e contextos da vida social. 
A presença de intérpretes de Libras é uma das principais necessidades para 
garantir que os surdos possam participar de eventos públicos, reuniões, consultas 
médicas, atendimentos em serviços públicos e outras situações cotidianas. Sem a 
presença de intérpretes qualificados, a comunicação dos surdos é severamente limitada, 
o que gera exclusão e barreiras no acesso aos direitos básicos. A falta de intérpretes em 
serviços essenciais compromete a autonomia dos surdos e dificulta seu pleno exercício 
de cidadania. Portanto, é fundamental que as políticas públicas e as instituições privadas 
se comprometam a disponibilizar intérpretes de Libras em todos os espaços de 
atendimento e interação, para que os surdos possam ser tratados com equidade. 
Além disso, a disponibilidade de materiais bilíngues, que incluam Libras e 
português, é igualmente crucial para garantir a inclusão dos surdos. Nos ambientes 
educacionais, por exemplo, a falta de materiais didáticos acessíveis em Libras 
compromete o aprendizado dos surdos, tornandoo processo de ensino mais difícil e 
desigual. O desenvolvimento e a distribuição de livros, vídeos e recursos digitais em Libras 
devem ser priorizados, garantindo que os surdos tenham acesso ao mesmo conteúdo e 
qualidade de aprendizagem que os ouvintes. A inclusão social, nesse contexto, envolve 
garantir o direito dos surdos ao conhecimento e à informação, para que possam se 
desenvolver intelectualmente e se integrar plenamente em uma sociedade cada vez mais 
informada e tecnológica. 
O reconhecimento de Libras também implica a valorização da identidade surda e 
de sua cultura. A Libras é mais do que uma ferramenta de comunicação; ela é um 
elemento central na construção da identidade dos surdos, pois permite a expressão de 
 
 
47 
suas vivências, valores e experiências. A língua de sinais carrega consigo uma rica história 
e uma cultura própria, e sua presença nos espaços sociais é fundamental para o 
fortalecimento da autoestima da comunidade surda. Quando a sociedade reconhece e 
valoriza a Libras, está não apenas promovendo a inclusão, mas também respeitando a 
cultura e a identidade de uma comunidade linguística específica. 
Por fim, para garantir a plena participação dos surdos na sociedade, é necessário 
que o reconhecimento da Libras seja acompanhado de ações concretas que ampliem seu 
acesso em todos os espaços sociais. Isso inclui a inclusão de Libras no ambiente de 
trabalho, em eventos culturais e sociais, em programas de mídia e em plataformas 
digitais. Somente com essas medidas será possível que os surdos desfrutem de uma 
inclusão social genuína, que respeite suas necessidades linguísticas e culturais, e que 
permita sua plena inserção na vida pública, política e econômica do país. 
 
 
Sobre desafios na implementação de políticas públicas para surdos: 
"Embora existam leis que garantem os direitos da comunidade surda, a falta de 
fiscalização e investimento adequado dificulta a efetivação dessas políticas, resultando 
em barreiras no acesso à educação e ao mercado de trabalho." (SOUZA; OLIVEIRA, 2021) 
 
 
Embora existam diversas leis que garantem os direitos da comunidade surda no 
Brasil, a falta de fiscalização e o investimento inadequado ainda são obstáculos 
significativos para a efetivação dessas políticas públicas. Embora as leis criem um marco 
legal importante, elas sozinhas não são suficientes para garantir que os direitos dos surdos 
sejam respeitados e praticados de maneira efetiva. A implementação dessas políticas 
depende de ações concretas por parte do Estado, que envolvem desde a alocação de 
recursos até a capacitação de profissionais e a adaptação de ambientes. Sem um 
acompanhamento rigoroso e um compromisso real com a execução dessas leis, a 
comunidade surda continua a enfrentar barreiras significativas no acesso à educação, ao 
mercado de trabalho e a outros direitos fundamentais. 
No contexto educacional, a falta de fiscalização e investimento em políticas 
públicas resulta em uma formação inadequada para professores, na escassez de 
intérpretes de Libras nas escolas e na carência de materiais didáticos acessíveis. Embora 
a legislação brasileira determine que as escolas devem ser inclusivas e garantir a educação 
bilíngue para os surdos, muitas escolas ainda não oferecem as condições necessárias para 
que isso aconteça de forma eficaz. A falta de infraestrutura e de recursos adequados cria 
um ambiente educacional desigual, no qual os alunos surdos têm suas oportunidades de 
aprendizado limitadas, o que compromete seu desenvolvimento acadêmico e suas 
perspectivas futuras. 
 
 
48 
No mercado de trabalho, os desafios são igualmente grandes. A falta de políticas 
públicas eficazes para promover a inclusão de surdos em diferentes áreas profissionais 
resulta em uma taxa de empregabilidade muito baixa para essa população. Muitos surdos 
enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho devido à ausência de 
acessibilidade linguística, como a falta de intérpretes de Libras nas empresas, ou à falta 
de adaptação dos processos seletivos para garantir que surdos possam participar de igual 
para igual com os ouvintes. Embora existam leis que incentivem a contratação de surdos, 
como a Lei de Cotas, a falta de fiscalização e de políticas que efetivamente garantam a 
implementação desses dispositivos faz com que os surdos continuem sendo excluídos do 
mercado de trabalho, prejudicando sua independência financeira e seu bem-estar social. 
Além disso, as barreiras relacionadas à falta de fiscalização não se limitam apenas 
ao setor educacional ou ao mercado de trabalho. Elas se estendem a outros aspectos da 
vida social, como o acesso a serviços públicos, transporte, saúde e cultura. Muitas vezes, 
a ausência de ações concretas e de fiscalização impede que a Libras seja amplamente 
utilizada nos serviços públicos, dificultando a comunicação e o acesso a serviços 
essenciais para a comunidade surda. A falta de intérpretes de Libras, por exemplo, é uma 
realidade presente em muitos hospitais, delegacias e órgãos públicos, o que cria uma 
situação de exclusão e dificulta a autonomia dos surdos no exercício de seus direitos. 
Logo, para que as políticas públicas voltadas para a comunidade surda sejam 
realmente efetivas, é imprescindível que haja uma mudança significativa na 
implementação dessas políticas. Isso inclui maior fiscalização, investimentos adequados, 
a criação de programas de conscientização e capacitação de profissionais e o 
fortalecimento das infraestruturas necessárias para garantir a plena inclusão dos surdos 
em todos os aspectos da sociedade. Somente com essas ações concretas será possível 
superar as barreiras que ainda existem no acesso à educação, ao mercado de trabalho e 
aos direitos sociais da comunidade surda. 
 
 
 
 
Sobre o papel da sociedade na inclusão dos surdos: 
"A inclusão da comunidade surda não deve ser uma responsabilidade exclusiva do 
governo, mas um compromisso coletivo que envolve escolas, empresas, meios de 
comunicação e a sociedade como um todo na promoção da acessibilidade e do respeito 
à diversidade linguística." (SOUZA; OLIVEIRA, 2021) 
 
A inclusão da comunidade surda não deve ser vista como uma responsabilidade 
exclusiva do governo, mas como um compromisso coletivo que envolve diversos setores 
 
 
49 
da sociedade. Para que a inclusão seja efetiva, é fundamental que escolas, empresas, 
meios de comunicação e, em última instância, toda a sociedade, participem ativamente 
na promoção da acessibilidade e do respeito à diversidade linguística. A comunidade 
surda enfrenta desafios que vão além das políticas públicas, e a mudança de mentalidade 
e atitudes da sociedade é essencial para garantir que os surdos possam viver de forma 
plena e integrada. A colaboração entre esses diferentes setores é o que torna possível a 
construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária. 
As escolas desempenham um papel fundamental nesse processo de inclusão, pois 
são ambientes de socialização e aprendizado. A educação, adaptada para garantir a 
acessibilidade linguística, deve ser promovida não apenas pelo governo, mas também 
pela comunidade escolar, que inclui professores, alunos e familiares. Para isso, é 
necessário que a inclusão de surdos seja uma prioridade dentro do currículo, com a 
utilização de Libras, intérpretes e materiais didáticos adequados. Além disso, é importante 
que os estudantes ouvintes também sejam sensibilizados sobre a diversidade linguística 
e cultural, aprendendo a respeitar e interagir com os surdos de maneira natural e 
inclusiva. A educação inclusiva é, portanto, uma responsabilidade compartilhada, que 
exige o comprometimento de todos os envolvidos. 
No setor privado, as empresas também têm um papel importante a desempenhar. 
A inclusão de surdos no mercado de trabalho não pode ser vista apenas como uma 
obrigação legal, mas como uma oportunidade para enriquecera diversidade nas 
organizações. Para que isso aconteça, as empresas precisam adotar práticas inclusivas, 
como a contratação de intérpretes de Libras, a adaptação de processos seletivos e a 
criação de um ambiente de trabalho acessível e acolhedor. Além disso, as empresas 
devem investir em programas de capacitação e sensibilização de seus funcionários, a fim 
de promover a inclusão de surdos em todos os níveis da organização. A sociedade 
também ganha com a diversidade no ambiente corporativo, o que pode resultar em maior 
inovação, produtividade e qualidade de vida no trabalho. 
Os meios de comunicação têm um papel crucial na construção de uma cultura 
inclusiva, ao promoverem representações justas e respeitosas da comunidade surda. A 
presença de surdos nos meios de comunicação e a inclusão da Libras em programas de 
TV, rádio e plataformas digitais são essenciais para garantir que os surdos possam 
 
 
50 
consumir informação de maneira autônoma. Além disso, é importante que as produções 
midiáticas busquem representar a cultura surda de forma positiva e realista, evitando 
estereótipos e marginalizações. A visibilidade dos surdos nos meios de comunicação 
contribui para a aceitação e o respeito pela comunidade surda, além de reforçar a ideia 
de que a diversidade linguística deve ser respeitada e celebrada. 
Finalmente, a sociedade como um todo precisa se engajar na promoção da 
acessibilidade e do respeito à diversidade linguística. Isso implica não apenas a adoção de 
atitudes mais inclusivas no cotidiano, mas também o apoio à criação de políticas públicas 
que garantam os direitos dos surdos e a eliminação das barreiras de comunicação. O 
preconceito e a falta de compreensão sobre a surdez podem ser superados por meio da 
educação e da conscientização, com ações coletivas que envolvem escolas, empresas, 
instituições culturais, governantes e cidadãos. Apenas quando todos se unirem para 
promover a inclusão, será possível construir uma sociedade em que os surdos possam 
participar plenamente, com igualdade de oportunidades e respeito à sua identidade. 
 
 
AMPLIANDO A REFLEXÃO 
 
A construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva para a comunidade 
surda depende de políticas públicas eficazes e de um compromisso coletivo com a 
acessibilidade. Segundo Souza e Oliveira (2021), a inclusão dos surdos no Brasil ainda 
enfrenta desafios significativos, especialmente no acesso à educação, ao mercado de 
trabalho e aos serviços públicos. Apesar dos avanços legais, como o reconhecimento da 
Libras pela Lei nº 10.436/2002, a falta de implementação prática dessas medidas 
compromete a efetividade dos direitos garantidos à comunidade surda. 
No contexto educacional, os autores destacam a necessidade de um ensino 
bilíngue de qualidade, no qual a Libras seja a primeira língua e o português escrito, a 
segunda. Souza e Oliveira (2021) argumentam que a maioria das escolas brasileiras ainda 
não está preparada para atender alunos surdos, pois há escassez de professores fluentes 
 
 
51 
em Libras e materiais didáticos acessíveis. Além disso, a inclusão de surdos em escolas 
regulares, sem o devido suporte linguístico, pode dificultar sua aprendizagem e gerar 
isolamento social dentro do ambiente escolar. 
Outro ponto crucial abordado na obra é a importância da acessibilidade no 
mercado de trabalho. Embora a Lei de Cotas exija que empresas com mais de 100 
funcionários destinem vagas para pessoas com deficiência, muitos surdos encontram 
dificuldades para ingressar e se manter no emprego. Souza e Oliveira (2021) ressaltam 
que a falta de intérpretes de Libras e a ausência de adaptações nos ambientes 
corporativos são fatores que dificultam a inclusão dos surdos no mundo profissional. 
Além das barreiras educacionais e trabalhistas, os autores enfatizam a exclusão 
da comunidade surda no acesso a serviços essenciais, como saúde, segurança e justiça. 
Souza e Oliveira (2021) alertam que a ausência de intérpretes de Libras em hospitais, 
delegacias e tribunais compromete o atendimento adequado aos surdos, violando seus 
direitos fundamentais. Para garantir a acessibilidade, os autores defendem a ampliação 
da oferta de intérpretes e a capacitação de profissionais da saúde e da segurança pública 
para atender pessoas surdas de maneira eficiente. 
No âmbito social e cultural, os autores discutem a necessidade de tornar a Libras 
mais presente na mídia e nos espaços públicos. Souza e Oliveira (2021) apontam que a 
falta de legendas e intérpretes em programas televisivos, cinemas e eventos públicos 
limita o acesso da comunidade surda à informação e ao entretenimento. A inclusão da 
Libras nesses espaços não apenas garante o direito à comunicação, mas também contribui 
para a valorização da cultura surda e o reconhecimento da Libras como uma língua 
legítima e fundamental para a identidade dessa comunidade. 
A família também desempenha um papel essencial na inclusão dos surdos. 
Segundo Souza e Oliveira (2021), muitos pais ouvintes não aprendem Libras, o que 
prejudica a comunicação com seus filhos surdos e pode levar ao isolamento dentro do 
próprio ambiente familiar. Os autores defendem a criação de programas governamentais 
que incentivem o aprendizado da Libras entre familiares de crianças surdas, garantindo 
um desenvolvimento linguístico e emocional mais saudável para esses indivíduos. 
 
 
52 
Apesar dos desafios, os autores reconhecem que há avanços importantes na luta 
pela inclusão da comunidade surda. Souza e Oliveira (2021) destacam iniciativas como a 
ampliação de cursos de Libras em universidades, a criação de concursos públicos 
acessíveis para surdos e a maior presença de intérpretes em espaços institucionais. 
Contudo, ressaltam que a continuidade dessas iniciativas depende do engajamento da 
sociedade e do compromisso dos governantes com a implementação de políticas públicas 
inclusivas. 
Por fim, Souza e Oliveira (2021) reforçam que a inclusão dos surdos deve ser um 
compromisso coletivo e contínuo. Para que a sociedade se torne verdadeiramente 
acessível, é necessário não apenas garantir direitos na legislação, mas também promover 
mudanças culturais e estruturais que valorizem a Libras e respeitem a diversidade 
linguística. A construção de um Brasil mais inclusivo passa pela educação, pelo mercado 
de trabalho, pela acessibilidade nos serviços públicos e pelo reconhecimento da 
identidade surda como parte fundamental da sociedade. 
 
 
 
53 
CONCLUSÃO 
 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) representa um marco importante na 
inclusão da comunidade surda no Brasil, garantindo o direito à comunicação e à educação 
de qualidade. A evolução da Libras, desde seu reconhecimento legal até a implementação 
de políticas públicas voltadas para a acessibilidade, reflete uma luta constante pela 
igualdade de oportunidades para os surdos. 
No entanto, os desafios ainda são muitos e exigem uma ação coordenada entre 
governo, sociedade e profissionais da educação para que a inclusão de fato aconteça em 
todas as esferas da vida social, educacional e profissional. A superação dessas barreiras é 
um compromisso de todos na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 
A educação bilíngue para surdos, que considera a Libras como primeira língua e 
o português escrito como segunda, tem se mostrado um modelo eficaz para o 
desenvolvimento linguístico e cognitivo dos alunos surdos. No entanto, a falta de recursos 
adequados, a escassez de professores capacitados e a carência de materiais didáticos 
acessíveis ainda limitam a implementação desse modelo em muitas escolas. 
Para que os surdos possam alcançar seu pleno potencial, é essencial que mais 
investimentos sejam feitos na formação de professores e na criação de ambientes 
educacionais inclusivos, onde a Libras seja amplamente utilizada e respeitada. 
No campo profissional, a inclusão dos surdos no mercado de trabalhoainda 
enfrenta desafios significativos. Embora existam leis que assegurem a contratação de 
pessoas com deficiência, muitos surdos ainda enfrentam dificuldades devido à falta de 
intérpretes e à ausência de um ambiente corporativo acessível. 
As empresas precisam se conscientizar da importância de promover a 
diversidade e de criar condições para que surdos e ouvintes possam trabalhar juntos de 
forma eficaz. A inclusão no mercado de trabalho é um passo crucial para garantir a 
autonomia e o bem-estar das pessoas surdas, além de fortalecer o respeito à diversidade 
dentro do ambiente profissional. 
A Libras também desempenha um papel vital na inclusão social, permitindo que 
os surdos se expressem, participem de debates e tenham acesso à cultura e à informação. 
A falta de acessibilidade em muitos espaços públicos, como hospitais, delegacias e 
 
 
54 
teatros, ainda é um obstáculo para que os surdos possam usufruir plenamente de seus 
direitos. 
A promoção de campanhas de conscientização e o investimento em tecnologias 
que facilitem a comunicação são passos importantes para garantir que a sociedade como 
um todo se torne mais inclusiva e acessível para a comunidade surda. 
No futuro, espera-se que a Libras seja cada vez mais reconhecida como uma 
língua oficial e que os surdos tenham acesso igualitário a todas as áreas da sociedade. A 
ampliação do ensino de Libras em escolas regulares, a capacitação de mais intérpretes e 
a adoção de políticas públicas mais efetivas são elementos-chave para garantir que a 
inclusão seja uma realidade para todos. 
A sociedade brasileira tem se mostrado cada vez mais aberta à diversidade, mas 
ainda há muito a ser feito para garantir que os surdos sejam verdadeiramente integrados 
e respeitados como cidadãos plenos. 
Portanto, a Libras é mais do que uma língua de comunicação para os surdos; é 
uma ferramenta vital para a construção de uma sociedade inclusiva e acessível para todos. 
O reconhecimento, a valorização e o ensino dessa língua são passos fundamentais para 
garantir que a comunidade surda possa exercer seus direitos e participar de maneira 
plena em todos os aspectos da vida social, política e econômica. 
Para que isso se concretize, é necessário um esforço conjunto entre poder 
público, instituições educacionais, empresas e a sociedade em geral. A luta pela inclusão 
dos surdos é uma luta de todos e deve ser uma prioridade para a construção de um Brasil 
mais justo e igualitário. 
 
 
 
55 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. 
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – 
Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, 24 abr. 2002. 
BRASIL. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de tradutor 
e intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e dá outras providências. Diário Oficial 
da União, 1º set. 2010. 
COSTA, Tércio. Libras: a língua dos surdos no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2017. 
FERREIRA, Aurora Dória. A aquisição da Língua Brasileira de Sinais: aspectos cognitivos e 
sociais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018. 
LOPES, Lívia. Libras e educação bilíngue: desafios e possibilidades. Rio de Janeiro: Editora 
Vozes, 2015. 
LUCERO, Maria do Socorro Costa. A inclusão social e educacional dos surdos no Brasil: 
desafios e perspectivas. Campinas: Editora Mercado de Letras, 2019. 
MACHADO, Paulo Sérgio. O intérprete de Libras: teoria e prática da tradução e 
interpretação de Libras-português. 3. ed. São Paulo: Editora Senac, 2020. 
SOUZA, Marina B. de; OLIVEIRA, José M. de. A construção de uma sociedade inclusiva: o 
papel das políticas públicas para a comunidade surda. Brasília: Editora do Senado, 2021. 
 
 
 
 
56da Libras são, portanto, pilares 
fundamentais para o futuro de um Brasil verdadeiramente inclusivo. 
 
 
 
7 
AULA 1: HISTÓRIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) 
 
A comunicação entre pessoas surdas sempre existiu, ainda que de forma informal 
e não reconhecida oficialmente, muito antes do reconhecimento das línguas de sinais 
como línguas legítimas. Desde tempos remotos, as comunidades surdas ao redor do 
mundo desenvolveram suas próprias formas de comunicação gestual, criando sinais e 
expressões que facilitavam a troca de informações e a construção de uma identidade 
coletiva. No entanto, essas linguagens não eram vistas como línguas estruturadas e muitas 
vezes eram alvo de preconceito, sendo tratadas como formas inferiores de comunicação. 
A marginalização das línguas de sinais, como aponta Pizzuto (2010), reflete o estigma 
cultural e social contra a diferença, que muitas vezes dificultou o reconhecimento das 
necessidades e direitos dos surdos. 
No Brasil, o processo de reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) 
teve início no século XIX, com os primeiros registros de comunicação gestual entre surdos. 
No entanto, foi apenas no século XX que a Libras começou a ser vista como uma língua 
estruturada, com uma gramática própria, e, consequentemente, tornou-se um 
importante instrumento de inclusão social para a comunidade surda. A educação dos 
surdos no Brasil, como discutido por Lacerda (2013), enfrentou um longo período de 
exclusão, em que as línguas de sinais eram sistematicamente marginalizadas e a 
oralização era imposta como única forma de comunicação, limitando a participação plena 
dos surdos na sociedade. 
O processo de formação da Libras, como língua de sinais brasileira, está 
intimamente relacionado com a influência da Língua de Sinais Francesa (LSF). Em 1857, o 
educador francês Ernest Huet, surdo de nascimento, chegou ao Brasil com a missão de 
fundar a primeira escola para surdos, com o apoio do imperador Dom Pedro II. Esse foi 
um marco crucial para o desenvolvimento da Libras, uma vez que a LSF serviu como base 
para os sinais ensinados nas primeiras escolas de surdos, como o Instituto Imperial de 
Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A combinação 
desses sinais franceses com os gestos já utilizados pelos surdos brasileiros resultou na 
criação de uma língua de sinais própria, a qual, ao longo dos anos, se consolidou como a 
Libras, refletindo a identidade e a cultura da comunidade surda no Brasil. 
 
 
8 
No entanto, a educação de surdos no Brasil passou por um período de grandes 
desafios. Um dos momentos mais críticos foi o Congresso de Milão, em 1880, onde 
especialistas em educação de surdos tomaram a decisão de proibir o uso das línguas de 
sinais nas escolas, defendendo a adoção exclusiva da oralização. Essa decisão teve um 
impacto devastador para a comunidade surda, pois os surdos foram forçados a abandonar 
o uso da Libras, sendo submetidos a métodos de ensino que ignoravam suas necessidades 
linguísticas e cognitivas. A pesquisa de Silva (2017) sobre a educação de surdos aponta 
que essa prática de imposição da oralização resultou em um atraso no processo 
educacional dos surdos, agravando ainda mais a exclusão social e cultural dessa 
população. 
Foi somente no final do século XX que a Libras começou a ser reconhecida como 
uma língua legítima, com a realização de estudos linguísticos que comprovaram sua 
estrutura e complexidade. Em 1969, pesquisadores como Schembri e Johnston iniciaram 
os primeiros estudos sobre a gramática da Libras, evidenciando que ela é, de fato, uma 
língua natural, com regras próprias, como qualquer outra língua do mundo. Esse 
reconhecimento foi fundamental para a aprovação da Lei nº 10.436/2002, que 
estabeleceu a Libras como meio de comunicação e expressão da comunidade surda no 
Brasil. O impacto dessa lei foi profundo, pois, pela primeira vez, a comunidade surda teve 
seus direitos linguísticos reconhecidos, garantindo o uso da Libras em diversas esferas da 
sociedade, como na educação, no mercado de trabalho e nos serviços públicos. 
Ainda que o reconhecimento da Libras seja um avanço significativo, o caminho 
para a plena inclusão dos surdos na sociedade não está completo. Apesar de sua 
oficialização, a Libras ainda enfrenta barreiras em relação à sua difusão e aceitação pela 
sociedade em geral. A falta de conhecimento sobre a língua de sinais por parte da maioria 
da população ouvinte dificulta a comunicação e a interação dos surdos em muitos 
contextos. Segundo Quadros e Karnopp (2017), a educação bilíngue e a presença de 
intérpretes de Libras nas escolas e serviços públicos são fundamentais para garantir a 
inclusão, mas, em muitos casos, esses recursos ainda são insuficientes ou mal 
distribuídos. 
A implementação de políticas públicas voltadas para a acessibilidade e a inclusão 
dos surdos é um ponto crucial na busca por uma sociedade mais justa. Em 2005, o Decreto 
 
 
9 
nº 5.626 regulamentou a Lei nº 10.436/2002, estabelecendo a Libras como disciplina 
obrigatória nos cursos de formação de professores e criando a exigência de intérpretes 
de Libras em escolas e ambientes de trabalho. No entanto, o reconhecimento da Libras 
como língua oficial da comunidade surda brasileira é apenas um primeiro passo, sendo 
necessário um esforço contínuo para ampliar a conscientização sobre sua importância e 
garantir a plena implementação dos direitos dos surdos. A visibilidade da Libras nos meios 
de comunicação, nas escolas e nos espaços públicos tem sido um fator importante para 
essa mudança, mas a verdadeira inclusão só será alcançada quando a sociedade como 
um todo reconhecer e respeitar os direitos linguísticos dos surdos, como afirma Pizzuto 
(2010). 
O futuro da Libras e da inclusão surda no Brasil depende, portanto, de uma série 
de ações que envolvem tanto a educação formal quanto a conscientização social. A 
crescente presença de Libras nas mídias, como em programas de televisão, filmes e nas 
redes sociais, tem contribuído para quebrar barreiras e gerar mais empatia pela causa 
surda. No entanto, é imprescindível que a sociedade brasileira, em sua totalidade, se 
engaje no processo de aprendizado e aceitação da Libras, para que, de fato, os surdos 
possam usufruir de uma plena participação cidadã, com acesso a todos os direitos que 
lhes são devidos. 
Desse modo, o reconhecimento e a valorização da Língua Brasileira de Sinais 
representam conquistas importantes na luta pela inclusão social dos surdos, mas ainda 
há muitos desafios a serem enfrentados. A construção de uma sociedade 
verdadeiramente inclusiva passa pela garantia dos direitos linguísticos dos surdos e pelo 
respeito à diversidade, onde todas as pessoas, independentemente de sua condição, 
possam se expressar livremente e ter suas necessidades atendidas de forma equitativa. 
O reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio oficial de 
comunicação no Brasil é um passo crucial para a inclusão social das pessoas surdas. Desde 
a Lei 10.436/2002, como já foi citado acima que reconhece oficialmente a Libras como 
língua de instrução e comunicação, até a Lei 12.319/2010, que regulamenta a profissão 
do tradutor e intérprete de Libras, diversos avanços têm sido feitos para garantir a 
acessibilidade da comunidade surda. No entanto, apesar das conquistas legais, a plena 
 
 
10 
implementação e valorização da Libras nas escolas, nas universidades e nos espaços de 
trabalho ainda enfrentam desafios significativos (SILVA, 2017). 
O ensino de Libras nas instituições de ensino também desempenha um papel 
essencial na formação de uma sociedade inclusiva. A educação bilíngue para surdos, com 
a Libras como primeira língua e o português como segunda, tem se mostrado um modelo 
eficaz para o aprendizado. Isso contribui não só para a fluência na língua, mas também 
para o desenvolvimentocognitivo e cultural dos surdos, permitindo que eles acessem 
mais facilmente as informações e participem ativamente da vida social e política 
(KARNOPP, 2013). Em muitas escolas regulares, a falta de professores qualificados e de 
materiais didáticos apropriados ainda representa um obstáculo para o ensino adequado 
de Libras (OLIVEIRA, 2015). 
Além disso, a utilização de Libras como meio de comunicação formal e de ensino 
tem um impacto positivo na percepção pública sobre a cultura surda. Quando a sociedade 
reconhece a validade da Libras como um sistema linguístico completo e rico, isso ajuda a 
quebrar preconceitos e estigmas historicamente associados à surdez. A valorização da 
língua surda, portanto, é um processo educacional que deve ser contínuo, não apenas no 
âmbito escolar, mas também em espaços profissionais e culturais (GUSMÃO, 2018). A 
conscientização e o respeito pelas diversidades linguísticas e culturais são fundamentais 
para um processo de inclusão eficaz. 
Ademais, é necessário que o governo e as organizações da sociedade civil invistam 
mais na formação de professores e profissionais qualificados, além de incentivar o uso de 
Libras em mídias e plataformas digitais. A promoção de cursos de Libras para a população 
em geral, bem como o fortalecimento das políticas públicas voltadas para a educação 
inclusiva, são ações necessárias para garantir que o acesso à informação e à comunicação 
não seja um privilégio, mas um direito de todos. O avanço das tecnologias assistivas e a 
adaptação dos ambientes de trabalho também têm um papel fundamental na promoção 
da inclusão, proporcionando aos surdos as mesmas oportunidades que os demais 
cidadãos (BATISTA, 2020). 
 
 
 
 
11 
AULA 2: A ESTRUTURA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) 
 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua natural, com estrutura 
gramatical própria e distinta do português. Diferentemente das línguas orais-auditivas, 
que utilizam sons para a comunicação, a Libras é uma língua visual-espacial, baseada em 
gestos, expressões faciais e uso do espaço (SOUZA, 2020). 
Essa característica faz com que sua organização linguística seja única, pois 
envolve não apenas as mãos, mas também o movimento do corpo e a expressão facial 
como elementos essenciais para a construção do significado. Assim, ao contrário do que 
muitas pessoas pensam, a Libras não é apenas um conjunto de gestos, mas uma língua 
completa e complexa, com regras próprias. 
Segundo Almeida (2018) a estrutura da Libras é composta por cinco parâmetros 
básicos, que determinam a formação de cada sinal: (1) a configuração de mão, que define 
a forma da mão ao executar um sinal; (2) o ponto de articulação, que indica a região do 
corpo ou do espaço onde o sinal é realizado; (3) o movimento, que pode ser linear, circular 
ou em outras direções; (4) a orientação da palma da mão, que influencia o significado do 
sinal; e (5) a expressão facial e corporal, que complementa o sentido das frases e pode 
indicar emoções, entonação e até mesmo a estrutura gramatical. 
Esses elementos são essenciais para diferenciar sinais que, visualmente, podem 
parecer semelhantes, mas que possuem significados completamente distintos 
dependendo do contexto em que são usados. A morfologia da Libras, ou seja, a forma 
como as palavras (sinais) é estruturada, segue um sistema distinto do português. 
Enquanto na língua portuguesa a flexão verbal é expressa por desinências, como nas 
variações de tempo e modo verbal, na Libras a conjugação dos verbos ocorre por meio 
de modificações na orientação e no movimento dos sinais (FERREIRA,2019). 
Por exemplo, o verbo "dar" pode mudar dependendo de quem está realizando e 
recebendo a ação, ajustando-se no espaço de acordo com os sujeitos envolvidos. Além 
disso, a Libras utiliza sinais compostos e modificações de sinais básicos para criar palavras, 
algo semelhante à formação de palavras por prefixos e sufixos no português (SILVA,2017). 
Outro aspecto importante da estrutura da Libras é sua sintaxe, que determina a 
ordem das palavras em uma frase. Diferente do português, que segue 
predominantemente a ordem Sujeito + Verbo + Objeto (SVO), a Libras adota uma 
 
 
12 
estrutura mais flexível, frequentemente utilizando a ordem Objeto + Sujeito + Verbo 
(OSV). 
Por exemplo, para expressar "Eu gosto de chocolate", um usuário de Libras pode 
sinalizar algo como "Chocolate eu gosto". Essa inversão ocorre porque a Libras enfatiza a 
informação mais relevante primeiro, permitindo que a comunicação seja mais clara 
dentro da lógica visual da língua. 
Segundo Souza (2020) A Libras também possui um sistema de pronomes 
pessoais e possessivos, que são expressos por meio da indicação no espaço e do 
direcionamento dos sinais. Além disso, a negação e a interrogatividade são marcadas não 
apenas por sinais específicos, mas também por expressões faciais. Por exemplo, para 
formular uma pergunta, é comum levantar as sobrancelhas, enquanto a negação pode 
ser reforçada com a movimentação da cabeça de um lado para o outro. Esses elementos 
mostram como a comunicação em Libras vai além das mãos e envolve todo o corpo para 
a transmissão de significados. 
Mesmo sendo uma língua independente e autônoma, a Libras sofre influência 
do português em alguns aspectos, como no uso de empréstimos linguísticos e na criação 
de sinais para novas palavras. No entanto, é essencial compreender que a Libras não é 
uma versão gestual do português, mas sim uma língua com gramática e estrutura 
próprias. O reconhecimento e o ensino da Libras são fundamentais para garantir a 
inclusão da comunidade surda e para promover a valorização dessa língua como um meio 
de comunicação legítimo e indispensável na sociedade brasileira (SILVA,2017). 
O reconhecimento e o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) são 
fundamentais para garantir a inclusão da comunidade surda e para promover a 
valorização dessa língua como um meio de comunicação legítimo e indispensável na 
sociedade brasileira. A partir da Lei nº 10.436, de 2002, conforme já foi salientado no 
texto, mas que precisa reforçar e apresentar que a Libras como a língua oficial da 
comunidade surda no Brasil, a língua passou a ser vista não apenas como uma forma de 
comunicação, mas também como um elemento cultural que precisa ser preservado e 
promovido. Esse reconhecimento é um passo importante para reduzir as barreiras sociais 
e garantir o pleno exercício da cidadania para pessoas surdas. 
O ensino da Libras nas escolas e outras instituições de ensino é um aspecto 
essencial para a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Ao inserir a 
 
 
13 
Libras no currículo educacional, as escolas podem promover a interação entre alunos 
surdos e ouvintes, criando um ambiente mais respeitoso e colaborativo. Além disso, a 
aprendizagem da Libras contribui para que os alunos ouvintes também se sensibilizem 
para a diversidade linguística e cultural, compreendendo que a surdez não deve ser vista 
como uma deficiência, mas como uma característica cultural e identitária. Nesse contexto, 
é crucial que os professores recebam formação adequada para garantir um ensino de 
qualidade e para que a Libras seja tratada com a mesma seriedade que outras línguas no 
processo de ensino-aprendizagem (PEREIRA, 2016). 
A implementação do ensino de Libras, entretanto, enfrenta desafios, 
principalmente no que diz respeito à formação de professores e à falta de recursos 
didáticos específicos. Muitas escolas ainda não dispõem de profissionais capacitados para 
ensinar a língua de sinais, o que compromete a qualidade da educação para os alunos 
surdos. Além disso, é preciso considerar a adaptação de currículos e materiais didáticos 
que atendam às necessidades dos alunos surdos, para que possam ter um aprendizado 
eficaz e igualitário. Portanto, a capacitação constante de docentes e a criação de materiais 
pedagógicosacessíveis são necessidades urgentes para a promoção de uma educação 
inclusiva real (FERREIRA, 2019). 
Outro aspecto importante é a valorização da Libras como uma língua legítima e 
culturalmente rica. Ao longo da história, as línguas de sinais foram marginalizadas e 
desvalorizadas em muitos países, incluindo o Brasil. A sociedade, em geral, muitas vezes 
considerava a surdez como um obstáculo à comunicação, e as pessoas surdas eram 
incentivadas a aprender o português falado, deixando a Libras em segundo plano. Essa 
visão precisa ser superada, pois a Libras, como qualquer outra língua, possui regras 
gramaticais próprias, vocabulário e expressões que refletem a visão de mundo e os 
valores da comunidade surda. A valorização da Libras é, portanto, um passo importante 
para a afirmação da identidade surda e para a redução do preconceito (ALMEIDA, 2018). 
Além do ensino nas escolas, a Libras também deve ser incorporada em outros 
espaços da sociedade, como nos serviços públicos, nas empresas e nos meios de 
comunicação. Garantir que pessoas surdas tenham acesso a informações e serviços 
essenciais, como saúde, transporte e justiça, é fundamental para a inclusão social. A 
presença de intérpretes de Libras em atendimentos públicos, por exemplo, contribui 
significativamente para a autonomia e o direito à informação das pessoas surdas. Além 
 
 
14 
disso, o aumento da presença de Libras em mídias, como filmes, séries e programas de 
TV, ajuda a normalizar o uso da língua e a conscientizar a população sobre a importância 
da diversidade linguística e cultural (SOUZA, 2020). 
Por fim, é essencial que o governo brasileiro continue a investir em políticas 
públicas que promovam a inclusão e a acessibilidade das pessoas surdas, com ênfase no 
ensino da Libras. A criação de programas de capacitação, a ampliação do número de vagas 
para surdos em cursos superiores e a implementação de leis que garantam o uso da Libras 
em todos os setores da sociedade são ações fundamentais para que a comunidade surda 
tenha uma participação ativa na vida social e política do país. A inclusão de pessoas surdas 
não deve ser vista como um favor ou uma questão de caridade, mas como um direito 
constitucional de todos os cidadãos (SILVA, 2017). Dessa forma, a Libras pode se tornar 
um instrumento eficaz para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e 
respeitosa com as diferenças. 
 
 
 
 
15 
AULA 3: LIBRAS E EDUCAÇÃO 
 
De acordo com Fernandes (2015) a educação de surdos no Brasil passou por 
diversas transformações ao longo da história, refletindo avanços e desafios na busca por 
um ensino mais inclusivo. Durante muito tempo, a educação dos surdos foi pautada na 
oralização, ou seja, na tentativa de ensinar os alunos a falarem e a ler lábios, sem levar 
em conta a Libras como sua língua natural. 
Esse método, que predominou após o Congresso de Milão em 1880, 
desconsiderava as particularidades linguísticas e cognitivas dos surdos, resultando em 
dificuldades de aprendizagem e na exclusão desses alunos do ensino regular. Somente no 
final do século XX, com pesquisas sobre a aquisição da língua de sinais, a Libras começou 
a ser reconhecida como um elemento essencial no processo educacional dos surdos 
(JANZEN, 2011). 
O reconhecimento da Libras como meio de comunicação e expressão pela Lei nº 
10.436/2002 representou um avanço significativo para a educação dos surdos no Brasil. 
Essa lei garantiu que a Libras fosse considerada uma língua oficial da comunidade surda e 
determinou a necessidade de políticas públicas voltadas para a inclusão linguística. No 
entanto, foi apenas com o Decreto nº 5.626/2005 que foram estabelecidas diretrizes 
específicas para a implementação da Libras na educação. O decreto tornou obrigatório o 
ensino de Libras nos cursos de formação de professores e estabeleceu que alunos surdos 
tivessem o direito de receber ensino na sua primeira língua, a Libras, com o português 
sendo ensinado como segunda língua (LARCEDA,2018). 
A abordagem educacional mais eficaz para alunos surdos é o modelo bilíngue, 
que considera a Libras como primeira língua (L1) e o português escrito como segunda 
língua (L2). Esse modelo valoriza a identidade e a cultura surda, permitindo que os alunos 
desenvolvam habilidades linguísticas e cognitivas de maneira mais natural. Em escolas 
bilíngues, o ensino ocorre prioritariamente em Libras, e o português é introduzido 
gradualmente na modalidade escrita. 
Essa metodologia tem mostrado resultados positivos, pois respeita as 
especificidades linguísticas dos surdos e favorece o aprendizado. No entanto, a 
implementação desse modelo ainda enfrenta desafios, como a falta de escolas bilíngues 
e a escassez de professores fluentes em Libras. 
 
 
16 
A formação de professores é um dos principais desafios para a efetivação de uma 
educação de qualidade para surdos. Muitos docentes ainda não possuem conhecimento 
suficiente sobre a Libras e sobre as metodologias adequadas para o ensino de alunos 
surdos. 
Apesar de a legislação exigir que cursos de licenciatura ofereçam disciplinas de 
Libras, a carga horária destinada a esse aprendizado ainda é limitada, o que pode 
comprometer a formação de educadores preparados para atuar em salas de aula 
inclusivas. Além disso, a presença de intérpretes de Libras em escolas e universidades tem 
sido um avanço importante, mas a quantidade de profissionais qualificados ainda é 
insuficiente para atender à demanda (SILVA,2017). 
Outro problema enfrentado na educação de surdos é a falta de materiais 
didáticos acessíveis e adaptados para esse público. A maioria dos livros didáticos e 
recursos pedagógicos são desenvolvidos para falantes do português, sem considerar as 
especificidades da Libras. Como a estrutura linguística da Libras é diferente da do 
português, os surdos podem encontrar dificuldades na interpretação de textos escritos, 
tornando necessário o uso de materiais visuais, vídeos em Libras e outras estratégias 
pedagógicas que facilitem a compreensão. 
De acordo com Pizzuto (2010) o uso da tecnologia tem sido um aliado 
importante nesse processo, com a criação de aplicativos, plataformas digitais e vídeos 
educativos em Libras que auxiliam no aprendizado. Apesar dos desafios, a valorização da 
Libras na educação tem contribuído para a promoção de um ensino mais inclusivo e 
acessível. Cada vez mais, escolas e universidades têm se preocupado em criar ambientes 
que respeitem a diversidade linguística e cultural dos surdos. 
A formação de professores bilíngues, a ampliação do número de escolas que 
adotam a Libras como língua de instrução e o desenvolvimento de materiais acessíveis 
são passos fundamentais para garantir que os alunos surdos tenham uma educação de 
qualidade. Para que isso aconteça, é essencial que o poder público, os educadores e a 
sociedade em geral se mobilizem para assegurar que a Libras seja verdadeiramente 
reconhecida como um direito e um instrumento essencial para a inclusão educacional. 
A formação de professores bilíngues para trabalhar com a Língua Brasileira de 
Sinais (Libras) nas escolas é essencial para garantir a inclusão de estudantes surdos e o 
sucesso do processo educacional. A educação bilíngue para surdos adota a Libras como 
 
 
17 
primeira língua, respeitando a identidade cultural e linguística dos alunos surdos, e o 
português escrito como segunda língua, visando a inclusão desses alunos em um contexto 
majoritariamente falante do português. Para isso, os professores precisam ser 
capacitados não apenas em Libras, mas também em metodologias de ensino bilíngue que 
atendam às necessidades específicas dessa população (SILVA, 2017). 
A formação de professores bilíngues deve ir além do ensino técnico da Libras. Os 
docentes precisam compreender a surdez como uma condição cultural e não patológica, 
o que implica uma mudança de paradigma no atendimento educacional.Para isso, é 
necessário que a formação docente aborde as questões relacionadas à identidade surda, 
à cultura surda e aos direitos dos surdos, preparando os professores para lidar com a 
diversidade dentro da sala de aula. Além disso, esses profissionais devem aprender a usar 
a Libras de maneira eficaz para ensinar conteúdos curriculares, promovendo uma 
aprendizagem que respeite a língua e a cultura dos alunos surdos (PEREIRA, 2018). 
Outro aspecto importante da formação dos professores bilíngues é a integração 
de aspectos teóricos e práticos. A teoria sobre a aquisição de línguas de sinais, as 
metodologias de ensino específicas para surdos e os conhecimentos sobre as deficiências 
auditivas são fundamentais. No entanto, é preciso que os professores também vivenciem 
a prática do ensino da Libras em contextos reais, em colaboração com intérpretes e outros 
profissionais da educação. A formação, portanto, deve incluir estágios supervisionados e 
a interação com a comunidade surda, o que permite aos docentes entenderem a 
realidade dos alunos e a complexidade do processo de ensino-aprendizagem bilíngue 
(GUSMÃO, 2019). 
A capacitação de professores bilíngues deve ser contínua, pois as demandas da 
educação inclusiva e as necessidades da comunidade surda estão sempre em evolução. 
Cursos de aperfeiçoamento e especialização são essenciais para que os educadores se 
mantenham atualizados com as novas abordagens pedagógicas, as tecnologias assistivas 
e as mudanças legais que impactam o ensino de Libras nas escolas. A formação contínua 
também permite que os professores compartilhem experiências e boas práticas com seus 
colegas, criando um ambiente de aprendizado colaborativo que favorece o 
desenvolvimento de estratégias de ensino mais eficazes e adaptadas às necessidades dos 
alunos (FERREIRA, 2020). 
 
 
18 
Por fim, é fundamental que as políticas públicas de educação priorizem a 
formação de professores bilíngues como uma estratégia de inclusão verdadeira. A criação 
de cursos de licenciatura em pedagogia bilíngue e a oferta de programas de formação 
contínua nas universidades e nas redes públicas de ensino são passos fundamentais nesse 
processo. Além disso, é necessário garantir que os professores bilíngues recebam 
remuneração e reconhecimento adequados para o trabalho especializado que realizam, 
bem como o apoio necessário em suas escolas, como recursos pedagógicos e intérpretes 
qualificados. Dessa forma, será possível garantir uma educação de qualidade e inclusiva 
para todos os alunos, independentemente de sua condição auditiva (ALMEIDA, 2017). 
 
 
 
 
19 
AULA 4: A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL 
 
De acordo com Batista (2020) a inclusão social das pessoas surdas está 
diretamente ligada ao reconhecimento e à valorização da Língua Brasileira de Sinais 
(Libras). Como principal meio de comunicação da comunidade surda no Brasil, a Libras 
permite que essas pessoas expressem suas ideias, interajam com o mundo ao seu redor 
e tenham acesso a informações essenciais para sua vida cotidiana. 
Sem o devido reconhecimento e uso da Libras em espaços públicos, 
educacionais e profissionais, os surdos podem enfrentar barreiras significativas na 
comunicação, resultando em isolamento social e dificuldades no exercício pleno de sua 
cidadania. Portanto, garantir a difusão e o ensino da Libras é uma questão fundamental 
para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades. 
A acessibilidade linguística é um direito previsto por lei, com base nas ideias de 
Ferreira (2018) mas ainda encontra muitos desafios na prática. O acesso à informação em 
Libras é crucial para que os surdos possam se manter informados sobre assuntos políticos, 
culturais e sociais. 
No entanto, nem sempre esse direito é respeitado, pois muitos serviços 
essenciais, como atendimento médico, delegacias e repartições públicas, ainda não 
contam com intérpretes ou profissionais capacitados para atender pessoas surdas. Essa 
falta de acessibilidade compromete o exercício da cidadania e a autonomia dos surdos, 
tornando-os dependentes de familiares ou amigos para intermediar sua comunicação em 
situações importantes (OLIVEIRA,2016). 
Corroborando com as ideias dos autores supracitados o mercado de trabalho 
também reflete a importância da Libras para a inclusão social. Embora a legislação 
brasileira, como a Lei de Cotas (Lei nº 8.213/1991), exija que empresas com mais de 100 
funcionários reservem uma porcentagem de suas vagas para pessoas com deficiência, 
muitos surdos ainda enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. A 
falta de acessibilidade comunicacional e a ausência de profissionais que saibam Libras nas 
empresas criam barreiras para a contratação e integração dos surdos nos ambientes 
corporativos. Empresas que investem na capacitação de seus funcionários em Libras e na 
contratação de intérpretes garantem um ambiente mais inclusivo e produtivo, onde a 
comunicação entre surdos e ouvintes ocorre de maneira mais eficaz (BATISTA,2020). 
 
 
20 
Além do ambiente profissional, a Libras também desempenha um papel 
fundamental na interação social e no lazer das pessoas surdas. A participação em eventos 
culturais, esportivos e de entretenimento é um direito de todos, mas muitas dessas 
atividades ainda não oferecem acessibilidade para surdos. A presença de intérpretes de 
Libras em peças teatrais, programas de televisão, museus e eventos públicos tem crescido 
nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que os surdos 
possam desfrutar plenamente dessas experiências (FERREIRA,2018). 
O avanço da tecnologia tem sido um grande aliado, com legendas automáticas e 
vídeos em Libras ampliando o acesso à informação e ao entretenimento. Outro fator 
essencial para a inclusão social dos surdos é a aceitação e valorização da cultura surda. A 
Libras não é apenas um meio de comunicação, mas também um elemento fundamental 
da identidade da comunidade surda (SOUZA,2020). 
A cultura surda possui expressões artísticas próprias, como o teatro e a poesia 
em Libras, que valorizam a experiência visual e gestual da língua. A difusão da Libras em 
escolas e na sociedade como um todo contribui para que mais pessoas compreendam e 
respeitem a identidade e os direitos dos surdos, reduzindo o preconceito e a exclusão 
social. 
Batista (2020) enfatiza que precisa garantir a inclusão social dos surdos por meio 
da Libras é um compromisso que envolve toda a sociedade. Para que a acessibilidade seja 
efetiva, é necessário que políticas públicas sejam implementadas de maneira eficiente, 
que as empresas promovam ambientes de trabalho mais inclusivos e que as instituições 
educacionais ensinem Libras desde a infância, possibilitando uma comunicação mais 
ampla entre surdos e ouvintes. O aprendizado da Libras por parte da população em geral 
é um passo importante para derrubar barreiras comunicacionais e criar uma sociedade 
mais justa e acessível para todos. 
Conforme Pereira (2019) aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) por 
parte da população em geral é um passo importante para derrubar barreiras 
comunicacionais e criar uma sociedade mais justa e acessível para todos. A inclusão 
linguística e cultural dos surdos não deve se restringir ao ensino da Libras apenas para os 
profissionais da educação ou da saúde, mas deve envolver a sociedade como um todo. 
Quando mais pessoas aprendem a Libras, mais o ambiente social se torna acessível, e as 
 
 
21 
pessoas surdas podem exercer seus direitos de maneira plena, sem depender 
exclusivamente de intérpretes ou de sistemas de adaptação (OLIVEIRA, 2016). 
A oferta de cursos de Libras para a população em geral tem crescido nos últimos 
anos, tanto em instituições públicas quanto privadas, proporcionando a oportunidade de 
ampliar a compreensão sobre a cultura surda e a língua de sinais. Contudo, é fundamental 
queo ensino de Libras seja abordado de forma não apenas técnica, mas também cultural. 
Ao aprender Libras, os ouvintes também adquirem o conhecimento sobre a história, as 
tradições e os valores da comunidade surda, o que contribui para a quebra de 
preconceitos e estigmas relacionados à surdez (SOUZA, 2017). Isso resulta em uma maior 
valorização da comunidade surda e uma convivência mais harmoniosa e respeitosa. 
Ademais, a aprendizagem de Libras pode ser vista como um mecanismo de 
fortalecimento da inclusão social. Quando mais pessoas têm acesso à língua de sinais, a 
integração das pessoas surdas nas mais diversas esferas da sociedade — como educação, 
trabalho, saúde e lazer — se torna mais natural e eficaz. Em empresas, por exemplo, a 
formação em Libras pode facilitar a comunicação entre funcionários e clientes surdos, 
promovendo um ambiente de trabalho mais inclusivo. Essa capacitação também é 
essencial em áreas como o atendimento ao público e serviços de emergência, onde a 
comunicação clara e acessível pode ser crucial para garantir a segurança e o bem-estar 
das pessoas surdas (GUSMÃO, 2018). 
Outro ponto importante é o impacto do aprendizado de Libras nas escolas 
regulares, onde os alunos ouvintes podem se beneficiar do contato com a língua de sinais 
desde a infância. Em muitos contextos, o ensino de Libras em escolas públicas e privadas 
tem sido integrado ao currículo de educação básica, o que favorece a formação de uma 
geração mais inclusiva e sensível às questões da diversidade. Ao aprender Libras, as 
crianças e jovens desenvolvem habilidades de comunicação interlinguísticas e se tornam 
mais empáticos em relação aos desafios enfrentados pela comunidade surda, ajudando a 
construir uma sociedade mais solidária (PEREIRA, 2019). 
A promoção do aprendizado da Libras também deve ser uma responsabilidade 
do poder público, que deve investir em políticas educacionais que incentivem a 
aprendizagem dessa língua em todos os níveis de ensino. Além disso, é necessário garantir 
que os cursos de Libras sejam amplamente acessíveis e que existam incentivos para que 
empresas e instituições públicas ofereçam treinamentos para seus colaboradores. O 
 
 
22 
aprendizado da Libras, portanto, deve ser entendido não apenas como uma competência 
linguística, mas como uma ferramenta para a construção de uma sociedade mais 
igualitária e democrática, onde as barreiras de comunicação sejam constantemente 
superadas em prol da inclusão de todos (ALMEIDA, 2020). 
 
 
 
 
23 
AULA 5: INTÉRPRETE DE LIBRAS E SUA ATUAÇÃO 
 
Para Pereira (2019) a intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) 
desempenha um papel fundamental na promoção da acessibilidade e inclusão da 
comunidade surda. Esse profissional atua como mediador entre pessoas surdas e 
ouvintes, garantindo que a comunicação ocorra de maneira clara e eficaz em diversos 
contextos sociais, educacionais e profissionais. 
A presença de um intérprete qualificado permite que os surdos tenham acesso 
a informações, serviços e direitos básicos, contribuindo para sua autonomia e 
participação ativa na sociedade. A atuação do intérprete de Libras pode ocorrer em 
diferentes áreas, sendo a educação uma das mais importantes. Nas escolas e 
universidades, esses profissionais auxiliam estudantes surdos, traduzindo o conteúdo das 
aulas e facilitando a interação entre alunos e professores (BATISTA,2020). 
A presença de intérpretes na educação é essencial para garantir que os surdos 
tenham acesso ao conhecimento e possam acompanhar o currículo escolar da mesma 
forma que os ouvintes. No entanto, ainda há desafios, como a falta de intérpretes 
suficientes para atender a demanda e a necessidade de uma formação contínua para que 
esses profissionais estejam preparados para traduzir conteúdos acadêmicos complexos 
(ALMEIDA,2020). 
Além do ambiente educacional, os intérpretes de Libras também atuam em 
serviços públicos e privados, garantindo que os surdos possam se comunicar em hospitais, 
delegacias, tribunais e outros espaços essenciais. No contexto da saúde, por exemplo, a 
presença de um intérprete pode ser decisiva para que um paciente surdo consiga 
expressar seus sintomas corretamente e compreender as orientações médicas. 
Da mesma forma, no sistema judiciário, os intérpretes são fundamentais para 
assegurar que os surdos tenham direito a um julgamento justo, podendo compreender 
todas as etapas do processo legal. Apesar dessas garantias, muitos órgãos públicos ainda 
não contam com intérpretes de Libras em tempo integral, o que pode dificultar o 
atendimento adequado às pessoas surdas (FERREIRA,2018). 
A profissão de intérprete de Libras exige habilidades específicas e um alto nível 
de conhecimento linguístico e cultural. Além de dominar a Libras e o português, o 
intérprete deve possuir técnicas de tradução simultânea e consecutiva, compreender as 
 
 
24 
variações linguísticas dentro da comunidade surda e adaptar sua interpretação de acordo 
com o contexto. 
Outro fator importante é a “neutralidade”, pois o intérprete deve transmitir a 
mensagem com fidelidade, sem interferir no conteúdo da comunicação. Essas exigências 
fazem com que a formação e a capacitação contínua sejam essenciais para que os 
profissionais desempenhem seu papel com qualidade (OLIVEIRA,2016). 
Apesar da importância da profissão, os intérpretes de Libras enfrentam desafios, 
como a sobrecarga de trabalho e a falta de reconhecimento em alguns ambientes. Como 
a demanda por intérpretes qualificados é maior do que a oferta, muitos profissionais 
acabam atuando em múltiplos eventos ou instituições, o que pode comprometer sua 
qualidade de vida e desempenho. 
Além disso, a remuneração pode variar bastante dependendo da região e do 
local de trabalho, o que dificulta a permanência de muitos intérpretes na profissão. Para 
que esses problemas sejam resolvidos, é necessário que mais investimentos sejam feitos 
na formação e valorização dos intérpretes de Libras, garantindo melhores condições de 
trabalho e ampliando o acesso a esses profissionais (SOUZA,2020) 
Ainda com as ideias do autor a atuação do intérprete de Libras é indispensável 
para garantir a inclusão e os direitos da comunidade surda. No entanto, a acessibilidade 
comunicacional não deve depender apenas da presença desse profissional. 
É fundamental que a sociedade em geral compreenda a importância da Libras e 
que mais pessoas aprendam a língua de sinais, reduzindo a barreira comunicacional entre 
surdos e ouvintes. Além disso, políticas públicas mais eficazes devem ser implementadas 
para ampliar a presença de intérpretes nos mais diversos setores, promovendo uma 
inclusão real e efetiva para as pessoas surdas no Brasil. 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) representa um pilar fundamental para a 
comunicação e a inclusão da comunidade surda no Brasil. Ela não é apenas uma 
ferramenta de comunicação, mas também um reflexo da cultura e da identidade da 
comunidade surda. O reconhecimento e a aprendizagem da Libras pela sociedade em 
geral são essenciais para reduzir as barreiras comunicacionais entre surdos e ouvintes. 
Contudo, para que essa inclusão seja efetiva, não basta que a sociedade entenda a 
importância da Libras, mas que também se envolva ativamente no processo de 
aprendizado e na promoção de políticas públicas que garantam a acessibilidade. A 
 
 
25 
comunicação é um direito fundamental, e quando este direito é negado a uma parte da 
população, como os surdos, gera-se uma exclusão social profunda, dificultando o pleno 
exercício da cidadania dessa comunidade. 
O aprendizado de Libras pela população em geral é, portanto, um passo crucial 
para a diminuição das barreiras comunicacionais e para a construção de uma sociedade 
mais inclusiva. Muitas vezes, o surdo é colocado em uma posição de vulnerabilidade 
justamente pela falta de compreensão e preparo da sociedade para se comunicarcom 
ele. A educação bilíngue, que envolve o ensino de Libras como primeira língua e o 
português escrito como segunda, é um modelo que pode ser mais bem implementado se 
houver maior conscientização da população sobre a importância dessa língua. A inclusão 
de Libras nos currículos escolares desde a educação básica, bem como a disponibilização 
de cursos e materiais de Libras para os ouvintes, é medida que podem ser decisivas para 
criar uma sociedade mais integrada e igualitária. Se mais pessoas souberem se comunicar 
em Libras, haverá uma diminuição da segregação e um aumento da participação ativa dos 
surdos em diferentes esferas da vida social. 
Entretanto, a inclusão social não depende apenas da disposição dos ouvintes em 
aprender Libras, mas também da implementação de políticas públicas eficazes que 
garantam a acessibilidade linguística em diversos setores da sociedade. Nos serviços 
públicos, na saúde, no transporte e na educação, a presença de intérpretes qualificados 
é essencial para garantir que os surdos possam usufruir dos mesmos direitos e serviços 
que os ouvintes. A ausência de intérpretes ou a oferta inadequada desse serviço impede 
que os surdos tenham acesso a informações vitais e participem de forma plena em 
atividades cotidianas. Por exemplo, no atendimento a serviços de saúde, a falta de 
comunicação eficaz pode resultar em diagnósticos incorretos, tratamentos inadequados 
e até em situações de risco à saúde. Portanto, políticas públicas mais robustas são 
necessárias para garantir a presença de intérpretes em todas as situações que envolvam 
a comunicação com surdos. 
Além disso, é fundamental que essas políticas públicas se estendam a outras 
áreas, como o mercado de trabalho. Para que os surdos possam estar plenamente 
integrados ao ambiente profissional, é imprescindível que as empresas e instituições 
adotem práticas de inclusão, como a adaptação de processos seletivos, a contratação de 
intérpretes e a promoção de um ambiente de trabalho acessível. Muitos surdos 
 
 
26 
enfrentam discriminação no mercado de trabalho, não apenas pela falta de 
acessibilidade, mas também pelo preconceito e pela desinformação sobre as suas 
capacidades profissionais. Investir na inclusão de surdos no mercado de trabalho é não 
apenas uma questão de justiça social, mas também uma oportunidade para as empresas 
se beneficiarem da diversidade de talentos e perspectivas que esses profissionais podem 
trazer. 
Logo, a implementação de políticas públicas eficazes que garantam a inclusão 
dos surdos deve estar acompanhada de uma mudança cultural mais ampla, na qual a 
sociedade valorize a diversidade linguística e cultural. A inclusão não deve ser vista apenas 
como uma obrigação legal, mas como um compromisso com o respeito à diversidade e à 
dignidade humana. A sociedade precisa perceber a importância de se comunicar de forma 
inclusiva e garantir que as barreiras, tanto linguísticas quanto sociais, sejam eliminadas. 
Ao promover a educação em Libras, a presença de intérpretes nos diversos setores e a 
conscientização sobre a cultura surda, podemos criar uma sociedade verdadeiramente 
inclusiva, onde todas as pessoas, independentemente de sua condição de surdez, possam 
participar de forma plena e equitativa. 
 
 
 
 
27 
AULA 6: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO DA LIBRAS 
 
A comunidade surda no Brasil ainda enfrenta diversos desafios para garantir sua 
plena inclusão na sociedade. Apesar dos avanços na legislação e na promoção da Língua 
Brasileira de Sinais (Libras), muitos surdos ainda encontram barreiras na comunicação, na 
educação e no mercado de trabalho (FERREIRA,2018) 
A falta de acessibilidade em espaços públicos e privados limita a autonomia 
dessas pessoas, dificultando sua participação ativa em diferentes áreas. Além disso, o 
desconhecimento da Libras por grande parte da população contribui para a 
marginalização da comunidade surda, tornando essencial a ampliação do ensino e da 
difusão da língua de sinais em todos os setores da sociedade. 
A educação de surdos continua sendo um dos principais desafios. Mesmo com a 
implementação do ensino bilíngue em algumas instituições, a maioria das escolas ainda 
não está preparada para receber alunos surdos de maneira adequada. A escassez de 
professores fluentes em Libras e de materiais didáticos acessíveis compromete a 
qualidade do aprendizado, dificultando o desenvolvimento acadêmico dos estudantes 
surdos (SOUZA,2020). 
Além disso, o ensino da Libras ainda não é amplamente difundido entre os 
ouvintes, o que reforça a barreira comunicacional e impede uma verdadeira inclusão 
dentro do ambiente escolar. Para que essa realidade mude, é fundamental investir na 
formação de docentes capacitados e na ampliação do ensino bilíngue em todo o país. 
Outro ponto essencial para a inclusão dos surdos é a ampliação das 
oportunidades de emprego. Embora leis como a Lei de Cotas (Lei nº 8.213/1991) exijam 
que empresas contratem pessoas com deficiência, muitos surdos ainda enfrentam 
dificuldades para ingressar e se manter no mercado de trabalho (PEREIRA,2019). 
 A falta de intérpretes de Libras nas empresas e o desconhecimento da cultura 
surda pelos empregadores geram obstáculos na comunicação e na integração dos surdos 
ao ambiente profissional. Para mudar essa realidade, é necessário promover programas 
de capacitação voltados para surdos, incentivar a contratação desse público e 
conscientizar as empresas sobre a importância da acessibilidade linguística. 
O papel da sociedade e do governo na inclusão dos surdos é fundamental. O 
poder público precisa fortalecer políticas que garantam a presença da Libras nos mais 
 
 
28 
diversos espaços, assegurando o acesso dos surdos a serviços essenciais, como saúde, 
segurança e cultura. Além disso, é importante que a sociedade compreenda a importância 
da Libras e incentive seu aprendizado desde a infância, para que a barreira 
comunicacional entre surdos e ouvintes seja reduzida (ALMEIDA,2020). 
Projetos comunitários, cursos gratuitos de Libras e campanhas de 
conscientização são algumas das estratégias que podem ser implementadas para ampliar 
o conhecimento e o uso da língua de sinais. As expectativas para o futuro da Libras como 
língua oficial são promissoras, mas exigem esforços contínuos. Com o avanço das 
tecnologias e das mídias digitais, novas oportunidades surgem para a difusão da Libras, 
tornando a comunicação mais acessível para a comunidade surda (OLIVEIRA,2016). 
O uso de aplicativos de tradução automática, inteligência artificial e plataformas 
de ensino online pode facilitar o aprendizado e a disseminação da língua de sinais. Além 
disso, há uma crescente mobilização para que a Libras seja cada vez mais reconhecida e 
valorizada, não apenas como um meio de comunicação, mas como um elemento 
essencial da identidade cultural dos surdos. 
Segundo Batista (2020) para que a Libras tenha um futuro sólido e respeitado, é 
necessário que a sociedade, o governo e as instituições educacionais trabalhem juntos na 
construção de um país mais acessível e inclusivo. A verdadeira inclusão dos surdos não 
se resume apenas à presença de intérpretes ou ao cumprimento de leis, mas sim à criação 
de uma cultura de respeito e valorização da diversidade linguística. 
O reconhecimento da Libras como uma língua oficial deve ir além da teoria, 
sendo aplicado na prática por meio de ações concretas que garantam a plena participação 
da comunidade surda na sociedade. Com investimentos adequados e maior 
conscientização social, é possível construir um futuro mais inclusivo e igualitário para 
todos. 
A inclusão dos surdos em todos os espaços públicos é uma questão essencial 
para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e igualitária. Embora 
existam leis que garantem os direitos dos surdos, como o direito à educação, à 
comunicação e à participação social, a efetivaçãodesses direitos em todos os espaços 
públicos ainda enfrenta desafios consideráveis. Para que os surdos possam ter acesso 
pleno aos mesmos direitos que os ouvintes, é necessário que os espaços públicos, como 
escolas, hospitais, órgãos governamentais, serviços de saúde, transporte e meios de 
 
 
29 
comunicação, sejam verdadeiramente acessíveis, garantindo a participação ativa e digna 
dos surdos em todas as esferas sociais. 
Almeida (2020) afirma que a primeira medida essencial para a inclusão dos 
surdos nos espaços públicos é a ampliação do uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) 
nesses ambientes. A Libras não é apenas uma língua de comunicação para a comunidade 
surda, mas também um elemento fundamental de sua identidade e cultura. Portanto, a 
presença de intérpretes de Libras e a adaptação de materiais informativos em Libras são 
indispensáveis para garantir que os surdos possam interagir e acessar serviços de maneira 
plena. Por exemplo, em hospitais, a comunicação eficaz é crucial para a segurança e o 
bem-estar dos pacientes, e a falta de intérpretes de Libras pode resultar em falhas no 
atendimento, prejudicando o diagnóstico e o tratamento. Da mesma forma, em órgãos 
governamentais, a falta de acessibilidade linguística pode impedir que os surdos exerçam 
plenamente seus direitos civis e políticos, como o direito ao voto ou ao acesso a 
informações essenciais. 
Além da presença de intérpretes de Libras, é fundamental que os serviços 
públicos adotem medidas mais inclusivas e adaptativas para a comunicação com a 
comunidade surda. Isso envolve desde a criação de conteúdos informativos acessíveis, 
como vídeos e cartilhas em Libras, até a capacitação de profissionais para atender 
adequadamente às necessidades dos surdos. A implementação de tecnologias assistivas, 
como aplicativos e sistemas de tradução simultânea, pode ser uma ferramenta valiosa 
para promover a comunicação entre surdos e ouvintes em espaços como hospitais, 
escolas e centros de atendimento ao público. A adaptação das formas de comunicação 
nos serviços públicos deve ser vista não apenas como uma questão de legalidade, mas 
como uma forma de garantir que os surdos sejam tratados com dignidade e respeito, sem 
serem marginalizados. 
Outra questão importante é o acesso dos surdos ao transporte público e a outros 
serviços essenciais. Em muitas cidades, a falta de sinais sonoros e de informações em 
Libras nos sistemas de transporte público e nos espaços urbanos limita a mobilidade dos 
surdos, tornando mais difícil para eles realizarem tarefas cotidianas, como ir ao trabalho 
ou à escola. A implementação de sinalização visual clara, a disponibilização de guias e 
mapas em Libras, e a capacitação de motoristas e outros funcionários de serviços públicos 
são passos importantes para garantir a mobilidade dos surdos e, assim, promover sua 
 
 
30 
inclusão social e profissional. A acessibilidade nos espaços públicos deve ser considerada 
uma prioridade, pois ela reflete a capacidade de uma sociedade em acolher e integrar 
todos os seus cidadãos, independentemente de suas diferenças (PEREIRA,2019). 
A inclusão dos surdos nos espaços públicos também envolve a criação de uma 
cultura de respeito à diversidade. Isso significa não apenas adaptar fisicamente os 
espaços, mas também mudar atitudes e sensibilizar a população em geral sobre a 
importância da inclusão. A educação para a diversidade deve ser uma prioridade em 
todos os níveis de ensino, com o objetivo de promover o respeito às diferenças e à cultura 
surda. A valorização da Libras e a conscientização sobre os direitos dos surdos devem ser 
parte integrante da formação de profissionais de diversas áreas, como educação, saúde, 
segurança e serviços públicos, para garantir que os surdos recebam um tratamento justo 
e equitativo. 
Destarte, a inclusão dos surdos em todos os espaços públicos é um reflexo do 
compromisso de uma sociedade com a igualdade de direitos e oportunidades para todos 
os seus cidadãos. Isso exige que as políticas públicas não sejam apenas criadas, mas que 
sejam efetivamente implementadas, com investimentos em infraestrutura, capacitação 
de profissionais e conscientização social. A sociedade precisa entender que a inclusão dos 
surdos não é um favor, mas um direito. Somente quando todas as barreiras 
comunicacionais forem derrubadas e todos os espaços forem acessíveis, será possível 
garantir que os surdos participem plenamente de todas as dimensões da vida social, 
econômica e política, contribuindo para uma sociedade mais justa e plural 
(OLIVEIRA,2016). 
 
 
 
 
31 
AULA 7: REFERENCIAIS TEÓRICOS- ALGUMAS CITAÇÕES 
Aurora Dória Ferreira 
 
Sobre o desenvolvimento linguístico da criança surda 
 
"A aquisição da Língua Brasileira de Sinais por crianças surdas segue um percurso natural, 
semelhante ao processo de aquisição de qualquer outra língua materna, desde que 
estejam expostas a um ambiente linguístico rico e interativo." (FERREIRA, 2018) 
 
A citação de Aurora Dória Ferreira sobre o desenvolvimento linguístico da criança 
surda revela um ponto essencial para a compreensão do processo de aquisição da Língua 
Brasileira de Sinais (Libras) em crianças surdas: a ideia de que esse aprendizado segue um 
percurso natural, semelhante ao processo de aquisição de qualquer outra língua materna, 
desde que a criança seja exposta a um ambiente linguístico rico e interativo. Esse conceito 
desafia concepções equivocadas que tratam a surdez como um obstáculo intransponível 
para o desenvolvimento linguístico. Em vez disso, aponta para a importância de um 
contexto adequado, que possibilite a aquisição de Libras como língua materna, algo 
fundamental para a comunicação, a identidade e o aprendizado da criança surda. 
Primeiramente, é fundamental entender que a aquisição de qualquer língua 
materna, seja ela oral ou de sinais, depende de uma exposição constante e rica ao 
ambiente linguístico. No caso das crianças surdas, se forem expostas à Libras desde os 
primeiros anos de vida, elas podem desenvolver suas habilidades linguísticas de forma 
similar a qualquer criança ouvinte que tem acesso à língua falada. Ferreira (2018) enfatiza 
que o percurso de aquisição da Libras é natural, o que significa que, assim como as 
crianças ouvintes adquirem a língua falada ao interagir com familiares e outros 
interlocutores, as crianças surdas se apropriam da língua de sinais de forma espontânea 
quando têm a oportunidade de vivenciá-la em um ambiente comunicativo adequado. 
Contudo, o desenvolvimento linguístico de uma criança surda pode ser 
prejudicado se ela não tiver acesso a uma língua natural desde os primeiros momentos 
de vida. Muitos estudos apontam que a falta de exposição à Libras pode resultar em sérios 
atrasos na aquisição de linguagem, o que impacta diretamente no desenvolvimento 
 
 
32 
cognitivo, social e acadêmico da criança surda. Portanto, a criação de ambientes 
linguísticos ricos, que envolvam interações entre a criança surda e seus familiares, 
educadores e pares, é essencial para que a criança surda tenha a oportunidade de se 
desenvolver plenamente. Isso envolve a presença de modelos de linguagem 
competentes, como pais, professores ou intérpretes de Libras, que possam garantir que 
a criança tenha acesso ao vocabulário, à gramática e aos contextos de uso da língua de 
sinais. 
Além disso, a aquisição de Libras deve ser entendida não apenas como um 
processo de aprendizagem de uma língua, mas também como um fator essencial para o 
desenvolvimento da identidade cultural da criança surda. A Libras não é apenas um meio 
de comunicação, mas uma língua que carrega consigo uma rica história e cultura surda. A 
criança que tem acesso à Libras como língua materna se vê parte de uma comunidade 
com valores, crenças e práticas próprias, o que contribui para a formação de uma 
identidade sólida e positiva. Dessa maneira, a línguade sinais vai além do simples ato 
comunicativo; ela é um componente fundamental da autoestima e do bem-estar da 
criança surda, pois possibilita que ela se reconheça e se relacione de maneira plena com 
o mundo ao seu redor. 
Por conseguinte, é importante ressaltar que a educação bilíngue para surdos, que respeita 
a Libras como primeira língua e o português como segunda língua, tem se mostrado uma 
abordagem eficaz para o desenvolvimento linguístico e acadêmico das crianças surdas. A 
exposição à Libras desde cedo proporciona à criança surda uma base sólida para o 
aprendizado de outras línguas e para o acesso ao conhecimento acadêmico, reduzindo as 
barreiras que muitas vezes dificultam a inclusão de surdos no sistema educacional. Como 
Ferreira (2018) destaca, quando a criança surda tem acesso a um ambiente linguístico 
rico e interativo, ela é capaz de desenvolver suas habilidades linguísticas de forma natural, 
o que é um direito fundamental para o pleno exercício de sua cidadania e participação na 
sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
33 
Sobre a importância da Libras na identidade cultural dos surdos 
 
"A Libras não é apenas um meio de comunicação, mas um elemento fundamental na 
construção da identidade e da subjetividade da pessoa surda, permitindo sua inserção na 
comunidade e na sociedade como um todo." (FERREIRA, 2018) 
 
De acordo com a citação de Aurora Dória Ferreira sobre a Libras ressalta um 
aspecto fundamental da língua de sinais: ela não é apenas um meio de comunicação, mas 
sim um pilar essencial na construção da identidade e subjetividade das pessoas surdas. A 
Libras, ao ser utilizada como primeira língua, permite que os surdos se conectem com 
suas raízes culturais, promovendo a sensação de pertencimento a uma comunidade 
linguística e social única. A língua de sinais é um reflexo das vivências e experiências dessa 
comunidade, e sua importância vai além da função utilitária de transmitir informações. 
Ela é uma expressão da cultura surda, que envolve uma visão de mundo própria e uma 
história de luta e resistência. 
A identidade cultural surda está intrinsecamente ligada à língua que utiliza. Para 
as pessoas surdas, a Libras representa mais do que um simples código de sinais; ela é a 
base para o desenvolvimento de sua subjetividade, ou seja, de sua maneira de ver e 
entender o mundo. O acesso à Libras desde os primeiros anos de vida garante que a 
criança surda se desenvolva plenamente em sua identidade, pois ela passa a 
compreender o ambiente ao seu redor através de uma língua que faz sentido para ela. 
Sem essa língua natural, a criança surda se vê impedida de formar uma identidade cultural 
sólida, sendo, muitas vezes, forçada a adotar uma identidade mediada por uma língua 
que não é a sua (FERREIRA, 2018). 
Além de sua função comunicativa, a Libras é um veículo de expressão emocional, 
artística e social para a comunidade surda. Por meio dela, os surdos podem compartilhar 
suas experiências, suas histórias e suas emoções de uma maneira autêntica e legítima. O 
uso da Libras em espaços culturais e artísticos, como peças de teatro, músicas e literatura, 
reflete o potencial criativo dessa língua e sua capacidade de representar a cultura surda 
de forma vibrante. A língua de sinais, portanto, não apenas organiza a comunicação, mas 
também expressa a riqueza cultural da comunidade surda, tornando-se um dos principais 
meios de preservação e valorização dessa cultura (SOUZA, 2019). 
 
 
34 
A Libras também desempenha um papel crucial na inserção social do surdo. Ao 
proporcionar uma língua comum entre as pessoas surdas, ela facilita a interação e a 
construção de redes de apoio dentro da comunidade surda. Sem a Libras, a comunicação 
entre surdos seria muito mais difícil, o que poderia levar ao isolamento social e à 
marginalização dessa população. A possibilidade de os surdos se comunicarem em sua 
língua materna permite que eles participem ativamente de eventos sociais, educativos, 
culturais e até políticos, fortalecendo a sua presença na sociedade de forma igualitária. 
Em um contexto mais amplo, a inclusão da Libras no cotidiano das pessoas surdas é 
fundamental para que estas se sintam valorizadas e respeitadas, o que impacta 
diretamente em sua autoestima e empoderamento (GUSMÃO, 2017). 
Destarte, é importante destacar que a Libras deve ser reconhecida e valorizada 
por toda a sociedade como um meio legítimo de comunicação e uma língua com status 
igual ao de qualquer outra língua nacional. O reconhecimento da Libras não deve se 
limitar ao contexto educacional ou profissional, mas deve ser estendido a todos os 
aspectos da vida cotidiana, como o atendimento à saúde, o transporte público, o lazer e 
a cultura. Somente com a plena inclusão da Libras em diferentes esferas da sociedade é 
que se poderá garantir aos surdos a verdadeira participação social, respeitando sua 
identidade cultural e proporcionando-lhes as condições necessárias para o pleno 
exercício de sua cidadania (PEREIRA, 2018). Assim, a Libras se torna um ponto central na 
construção de uma sociedade inclusiva e plural. 
 
 
Sobre a relação entre o ensino bilíngue e o desenvolvimento cognitivo 
 
"O modelo bilíngue, que prioriza a Libras como primeira língua e o português escrito como 
segunda, favorece o desenvolvimento cognitivo dos surdos, ampliando suas 
possibilidades de aprendizado e participação social." (FERREIRA, 2018) 
 
O ensino bilíngue para surdos, que coloca a Língua Brasileira de Sinais (Libras) 
como primeira língua e o português escrito como segunda, tem se mostrado uma 
abordagem pedagógica eficaz para o desenvolvimento cognitivo das crianças surdas. Este 
modelo bilíngue não apenas oferece aos alunos o acesso à sua língua natural desde cedo, 
 
 
35 
mas também proporciona uma base sólida para a aprendizagem do português escrito. Ao 
aprender duas línguas de forma simultânea, os surdos desenvolvem habilidades 
cognitivas superiores, incluindo a capacidade de compreender diferentes sistemas de 
comunicação e de alternar entre elas com fluidez. O uso de Libras como língua materna 
e o português como segunda língua cria um ambiente de aprendizado mais inclusivo e 
eficiente, permitindo que os surdos se desenvolvam cognitivamente em sua totalidade 
(FERREIRA, 2018). 
O desenvolvimento cognitivo das crianças surdas é enriquecido pelo fato de que 
o modelo bilíngue permite que elas compreendam o mundo por meio de duas lentes 
linguísticas. A Libras, como primeira língua, oferece uma estrutura gramatical e semântica 
complexa que favorece o desenvolvimento do pensamento lógico e abstrato. Ao mesmo 
tempo, a aprendizagem do português escrito como segunda língua amplia a capacidade 
de raciocínio, leitura e escrita, que são habilidades fundamentais para a participação ativa 
na sociedade. Essa combinação de duas línguas no processo de ensino e aprendizado 
fortalece a flexibilidade cognitiva das crianças surdas, estimulando o desenvolvimento 
intelectual e aumentando suas chances de sucesso acadêmico e profissional (KARNOPP, 
2015). 
Além disso, a abordagem bilíngue contribui para o aprimoramento de habilidades 
metalinguísticas nas crianças surdas. A metalinguagem envolve a capacidade de refletir 
sobre a própria língua e entender suas regras, estruturas e funções. Quando as crianças 
surdas têm a oportunidade de aprender tanto a Libras quanto o português, elas 
desenvolvem uma maior compreensão sobre como as línguas funcionam. Essa habilidade 
metalinguística não só facilita a aprendizagem de outras línguas, como também melhora 
a capacidade de resolver problemas e tomar decisões. O desenvolvimento dessas 
competências cognitivas é essencial para que os surdos possam participar plenamente da 
sociedade, seja no campo educacional, social ou profissional (SOUZA, 2017). 
O modelo bilíngue também oferece benefícios sociais significativos para os surdos, 
uma vez que a Libras,