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Devolutiva trabalho de conclusão fabiana

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REPRESENTAÇÃO DA CULTURA AFRO-AMERICANA NA 
LITERATURA INGLESA 
 
 
Correção feita em: 09/07/2025 
Nota atribuída: 8.0 (Oito) 
Fabiana Rodrigues de Souza Costa 
 
 
 
• INTRODUÇÃO 
 
 
A literatura sempre foi um instrumento poderoso de expressão 
cultural, histórica e identitária. No contexto da cultura afro-americana, a 
escrita se consolidou como uma das principais ferramentas de resistência, 
denúncia e afirmação identitária diante da marginalização histórica vivida 
por essa população. A literatura afro-americana escrita em inglês, 
especialmente nos Estados Unidos, desempenha papel central na 
construção de uma memória coletiva e na denúncia de injustiças sociais, 
racismo estrutural, segregação e exclusão. 
Este trabalho propõe uma análise da representação da cultura afro-
americana na literatura em língua inglesa, destacando autores, obras e 
temas que permeiam esse universo literário. Desde os primeiros registros 
de ex-escravizados, passando pelo Harlem Renaissance, até os escritores 
contemporâneos, observa-se um movimento literário que busca não 
apenas visibilidade, mas também o reconhecimento da complexidade, 
diversidade e profundidade da experiência negra. 
 
 
Raízes históricas da literatura afro-americana 
A literatura afro-americana teve início com os relatos de vida dos 
escravizados. Escritos como Narrative of the Life of Frederick Douglass 
(1845), de Frederick Douglass, e Incidents in the Life of a Slave Girl 
(1861), de Harriet Jacobs, são considerados marcos inaugurais dessa 
tradição literária. Esses textos misturam autobiografia e denúncia, e 
representaram os primeiros passos para inserir vozes negras na literatura 
em língua inglesa. A temática predominante nesses textos é a escravidão, 
a opressão racial e a luta pela liberdade. Com o fim da escravidão, a 
literatura negra passou a abordar temas como a segregação racial, a 
busca por educação e a marginalização urbana. Autores como Booker T. 
Washington e W.E.B. Du Bois debateram, em seus escritos, estratégias 
diferentes para o avanço social e político da população negra, 
influenciando tanto a teoria quanto a ficção afro-americana 
 
Harlem Renaissance: valorização cultural e resistência estética 
O movimento literário e artístico conhecido como Harlem 
Renaissance, ocorrido principalmente na década de 1920, representou 
uma explosão cultural da intelectualidade negra. Autores como Langston 
Hughes, Zora Neale Hurston, Claude McKay e Countee Cullen buscaram 
retratar, de forma mais rica e autêntica, a cultura negra americana, 
valorizando a oralidade, a musicalidade e o cotidiano dos afro-americanos. 
Langston Hughes, por exemplo, deu voz ao povo negro ao empregar o 
jazz e o blues como elementos estruturantes de sua poesia. Já Zora Neale 
Hurston, com obras como Their Eyes Were Watching God, explorou o 
universo feminino negro, abordando questões de gênero, identidade e 
espiritualidade. 
A Harlem Renaissance marcou uma mudança significativa: a 
literatura afro-americana deixou de ser exclusivamente voltada à denúncia 
social e passou a explorar também elementos culturais, filosóficos, 
afetivos e espirituais. 
Escritores contemporâneos: novas vozes, antigas lutas 
A partir da segunda metade do século XX, especialmente com os 
movimentos pelos direitos civis, novos autores afro-americanos emergiram 
com força, como James Baldwin, Maya Angelou, Toni Morrison, Alice 
Walker e, mais recentemente, Ta-Nehisi Coates e Colson Whitehead. 
Toni Morrison, vencedora do Nobel de Literatura, é uma das figuras 
mais influentes dessa fase. Em obras como Beloved e The Bluest Eye, ela 
retrata os traumas da escravidão, os efeitos do racismo internalizado e a 
busca por identidade. Sua escrita é marcada por uma linguagem poética e 
densa, que convida o leitor a refletir sobre a condição humana a partir da 
vivência negra. Alice Walker, com The Color Purple, destaca o machismo 
e a violência de gênero sofrida pelas mulheres negras. Já James Baldwin 
abordou, com profunda sensibilidade, os dilemas raciais, religiosos e 
sexuais dos afro-americanos. Esses escritores contemporâneos 
ampliaram o alcance da literatura afro-americana, inserindo-a de forma 
definitiva no cânone literário global, sem perder o compromisso com a 
memória histórica e a crítica social. 
 
Representações e temáticas centrais 
Ao longo da história da literatura afro-americana, alguns temas são 
recorrentes: A busca por identidade e pertencimento;A resistência ao 
racismo e à opressão social; A valorização da cultura afrodescendente 
(tradições, religiosidade, ancestralidade); A denúncia da violência 
institucional e simbólica; O empoderamento feminino negro; A 
reconstrução da memória histórica a partir da perspectiva dos oprimidos. 
Essas representações contribuem para combater estereótipos raciais, 
desafiar estruturas de poder e afirmar uma visão mais plural da sociedade. 
A literatura, nesse sentido, atua não apenas como arte, mas também 
como instrumento político e educativo. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
A literatura afro-americana escrita em inglês é uma das expressões culturais 
mais ricas e politicamente relevantes da história moderna. Por meio dela, foi 
possível dar voz a populações silenciadas, documentar experiências de 
opressão e resistência e construir um imaginário coletivo que desafia as 
narrativas dominantes. Desde os relatos de escravizados até as produções 
contemporâneas premiadas mundialmente, essa literatura se renova e resiste, 
mantendo sua essência crítica, estética e afirmativa. A cultura afro-americana, ao 
ser representada com autenticidade e profundidade, revela a universalidade da 
experiência humana e a urgência de uma sociedade mais justa, diversa e plural. 
 
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BALDWIN, James. The Fire Next Time. New York: Vintage, 1993. 
 
DOUGLASS, Frederick. Narrative of the Life of Frederick Douglass. Boston: 
Anti-Slavery Office, 1845. 
 
HURSTON, Zora Neale. Their Eyes Were Watching God. New York: Harper 
Perennial, 2006. 
 
JACOBS, Harriet. Incidents in the Life of a Slave Girl. Boston: Thayer & 
Eldridge, 1861. 
 
MORRISON, Toni. Beloved. New York: Vintage, 2004. 
 
MORRISON, Toni. The Bluest Eye. New York: Vintage, 2007. 
 
WALKER, Alice. The Color Purple. New York: Harcourt, 1982. 
 
COATES, Ta-Nehisi. Between the World and Me. New York: Spiegel & Grau, 
2015. 
 
WHITEHEAD, Colson. The Underground Railroad. New York: Doubleday, 
2016.

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